Post on 06-Mar-2018
Sónia Pedro Sebastião
Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas CAPP – Comunicação e Media
ssebastiao@iscsp.utl.pt
Teoria da Cultura
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Cultura
O conceito de ‘cultura’ – tema central do debate antropológico no início do século XX.
• A evolução do conceito de cultura e as suas diferentes dimensões
utilização de diferentes metodologias e matrizes conceptuais de análise;
ao estudo separado de diferentes elementos culturais.
• Em termos operativos: cultura é o desenvolvimento espiritual, intelectual e estético de uma sociedade ou povo. O homem é o agente, simultaneamente, o sujeito e o objecto da Cultura.
• A cultura é um fenómeno dinâmico que acompanha a evolução do homem em
sociedade
2Sónia M. Pedro Sebastião Bibliografia: Sebastião, S. (2010) Cultura Contemporânea (…)
Correntes e classificações da cultura
• Épocas do devir humano: primitiva, clássica, medieval, moderna e pós-moderna;
• Manifestações e representações (assim como ligação ao poder instituído): dominante e latente;
• Intelectualidade: alta e baixa;
• Corporiedade: material e imaterial.
• Estruturas culturais podem ser agrupadas em dois grupos:
– As estruturas latentes, associadas ao imaginário e ao inconsciente, conteúdos significativos e simbólicos que configuram personagens, tramas e enredos, construções e criações artísticas, encenações e rituais mítico-simbólicos;
– As estruturas dominantes associadas à ciência, à técnica, ao modernismo e ao positivismo.
• Fim da cultura: adaptar e dominar o meio em que vive e sobrevive em busca da perfeição.
3Sónia M. Pedro Sebastião
• Civilização – vitória sobre a barbárie
• Oswald Spengler [1948] refere que a cultura é a origem, a Primavera fecunda da civilização. Esta é o Outono, a repetição, o mecanismo vazio, a esclerose. Por isso, o estado de civilização é a morte em vida, conduzindo à decadência do Ocidente.
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Cultura e Civilização
Civilização Romana
Cultura celta (lígure,
gaulesa, ibérica)
Cultura oriental
Cultura grega
Cultura nórdica
• Simmel civilização enquanto “tragédia da cultura”
(apud Bauman, 1995, p. 191)
• Contradição existente entre a cultura como produto criativo do espírito humano e a
cultura objectivada pela experiência e que não pode ser assimilada por todos.
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Cultura e Civilização
Estudos Culturais
• Estudos Culturais ganharam consistência e foram primeiramente organizados no Centro de Estudos de Birmingham nos anos (19)60.
• Stuart Hall e os dois paradigmas dos Estudos Culturais:
– Culturalista de Raymond Williams e E. P. Thompson - cultura é entendida como um sistema de sentido, corporificado em qualquer prática social;
– Estruturalista de Claude Lévi-Strauss e Louis Althusser - descentra a experiência, mostrando que ela é um efeito de estruturas sociais que não podem ser reduzidas a ‘materiais’ da experiência, criticando, por conseguinte, o humanismo e o experimentalismo do primeiro paradigma.
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BIBLIOGRAFIA: HALL, Stuart (1980) – “Cultural Studies: two paradigms” in: Media, Culture and Society, nº 2, pp. 57-72.
Estudos culturais pós-modernos
• O estudo do pós-modernismo concentra-se na problematização do eu, das experiências de vida e teoria social, nas dimensões do género, da classe e da raça.
• Estudos culturais pós-modernos:– Representações mediáticas e mediatizadas da infância, da condição feminina, da juventude, do amor, do
casamento, da família e do individualismo
– realização sexual do indivíduo em relacionamentos biunívocos: produto da subjectividade humana ou das imagens mediáticas?
– Influência e representação dos valores da pós-modernidade pelos diferentes suportes mediáticos;
– Especialização dos suportes mediáticos – fim do generalismo?
– Contributo das representações virtuais para o nihilismo e esvaziamento moral da sociedade pós-moderna, conducente à destruição.
– Fim do herói moral?
– Comportamentos de risco: influência da comunicação mediática.
Bauman enfatiza a necessidade do homem pós-moderno substituir a trindade valorativa da modernidade: liberdade, igualdade, fraternidade; pela trindade pós-moderna: contingência, diversidade e tolerância.
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Cultura Latente e Simbólica
• ImaginárioA imaginação, numa forma afectiva primária, precede a percepção, afirmando-se com o
acto de percepção.
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Stephane Lupasco
• a imaginação como um «pote de cultura»
Gilbert Durand
• síntese entre as pulsões subjectivas e as influências sociais
Jean-Paul Sartre
• consciência da imagem
• materialismo existencialista: sem um estímulo exterior não existe imaginação.
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Mito e Imaginário
• O imaginário é regulado e enriquecido por intermédio do mito.
• O mito tem por função equilibrar o racional e, por isso, Gilbert Durand refere que a sociedade se equilibra sobre 2 mitos:
– Um mito ascendente que se esgota na investigação científica, no racional;
– Mito descendente: uma corrente mitológica que se alimenta da essência do id, do inconsciente social, ou seja, o nível fundador (ver figura n.º 1).
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O que é o mito?
Yvette Centeno
• representação ideal do mundo oferecido à imaginação do homem que o deseja;
• “o mito é o nada que é tudo” (Pessoa: Ulisses)
Paul Veyne
• o mito é uma relação de factos verdadeiros aos quais se juntaram lendas que se foram multiplicando com o passar do tempo
• a génese do mito está nas tradições históricas e é no maravilhoso das lendas que se traduz a emoção da alma nacional.
Mircea Elíade, Carl Jung e Joseph Campbell
• como histórias fantásticas
• como crenças verdadeiras
• mito: recordação colectiva, ficção, histórias alteradas, alegoria
Súmula: o mito pode ser entendido como uma metáfora personificada por um herói (ou vários) que encetam uma jornada na realização de uma demanda.
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• O mito e a sua teoria como um traço constitutivo da cultura dos povos e só poderão ser entendidos se forem considerados como parte integrante de um todo: a cultura de um povo.
• Claude Lévi-Strauss [1981]: não é possível interpretar o mito em si e por si, como objecto isolado, pois o mito só adquire sentido quando inserido no grupo das suas vivências e transformações.
• O mito é “uma tradição sagrada, revelação primordial, modelo exemplar” [Elíade, 1989:9], que fornece matrizes de comportamento humano, conferindo significado e valor à existência.
Mito e cultura
Sónia M. Pedro Sebastião
Função do mito
• Tanto os tempos de crise e ruína, como os tempos de ressurgimento e construção, proporcionam a concepção de mitos e utopias cujos objectivos visam:
– a mobilização
– a orientação do inconsciente colectivo.
Estes objectivos pretendem, por conseguinte, sustentar psico-socialmente a resistência moral e a fidelidade a valores que as incertezas desses momentos históricos exigem.
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Mitos Universais
• Matriz original de todas as coisas
• Vida e morte; dia e noite; fertilidade e infertilidade; amor e ódio; paz e guerra;
• A mulher e as sociedades: de deusa a meretriz.
Deusa Mãe
• Eros e Thanatos (amor oriental)
• Ágape (amor ocidental)
• Leituras: Denis de Rougemont - O Amor e o Ocidente; Iª Carta de São Paulo aos Coríntios Capítulo 13
Culto do Amor
• Rei sacerdote e legislador: o Grande Monarca (o Desejado).
• Ligado à utopia de uma realidade melhor.
• Os textos herméticos descrevem modelos míticos da criação do Homem, da Queda e do Apocalipse; e os modelos de sociedade perfeitas (Idade de Ouro e Paraíso Perdido).
Hermes e o Grande Monarca
• Símbolo esotérico por excelência
• Vestígios da Demanda do Graal em várias tradições, nomeadamente: no paganismo e no celtismo, no cristianismo, na cultura indo-oriental e siríaca, na doutrina cátara, alquímica e hermética
A Demanda e o Graal
Sónia M. Pedro Sebastião