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LEANDRO ANDREOLA LEANDRO ELIAS COELHO
SUPRIMENTO DE MATERIAIS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso Superior de Tecnologia em Manutenção de Aeronaves, da Universidade Tuiuti do Paraná – Faculdade de Ciências Aeronáuticas, como requisito parcial para a obtenção do título de Tecnólogo Superior.
Orientador: Aizael Espírito Santo Ramirez
Curitiba PR 2009
SUMÁRIO
RESUMO.....................................................................................................................3 ABSTRACT .................................................................................................................3 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................4 2. RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................................................5 3. CONCLUSÃO........................................................................................................13 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................15 5. ANEXOS ...............................................................................................................16
RESUMO O artigo apresenta um estudo de caso sobre uma empresa do setor de transporte aéreo, que realiza além dos serviços de transporte de pessoas e cargas, também a manutenção das aeronaves de sua frota. O trabalho é coordenado com a composição da descrição das atividades do setor de suprimento, desde a entrada das peças, registros até a destinação. Complementou-se a descrição com a exposição da localização e forma de atuação do setor de suprimento, como elo de segurança de voo, no processo de manutenção da empresa. PALAVRAS-CHAVE: Suprimento, materiais, aeronaves, manutenção.
ABSTRACT The article presents a study case on one company in the sector of air transport, which also performs the service of transporting people and cargo, including the maintenance of aircraft in its fleet. The work is coordinated with the composition of the description of the activities of the sector of supply, since the entry of parts, records to the destination. Adding to the explanatory description of the location and form of activity in the sector of supply and link the flight safety, in the maintenance of the company. KEY-WORDS: Supply, parts, maintenance and aircraft.
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1. INTRODUÇÃO
O presente artigo parte da experiência empírica dos acadêmicos
proponentes, que, como profissionais de manutenção de aeronaves, estando
diretamente relacionados ao departamento de suprimentos de uma empresa de táxi
aéreo e manutenção, questionaram qual o real valor conferido a este fundamental
elo na manutenção de aeronaves, o setor suprimento. Os procedimentos
metodológicos escolhidos foram limitados a forma de estudo de caso do
departamento de suprimento da empresa, onde foram verificadas as condições em
que se procedem aos processos envolvidos, determinando a este setor a
importância - na cadeia logística - que inicialmente lhe fora conferida apenas por
experiência empírica.
A fundamentação teórica utilizada para realização do trabalho foi à
regulamentação aeronáutica que trata da homologação da empresas de transporte
aéreo e manutenção de aeronaves, bem como o manual de procedimento de
inspeção da empresa tomada como base de estudo.
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2. RESULTADOS E DISCUSSÃO
2.1 SUPRIMENTOS DE MATERIAIS
Organização do setor de suprimento
O setor de suprimentos da Helisul Táxi Aéreo possui, conforme determina a
regulamentação aeronáutica, local adequado para o arquivamento e organização de
todos os materiais utilizados em aeronaves, pela empresa. O suprimento possui
prateleiras de aço, dispostas lateralmente para guardar as peças, identificadas por
números arábicos e letras ocidentais, o que facilita na busca de um componente.
Todo material armazenado ou estocado no suprimento, deve ter um local
especifico e apropriado p/ cada componente. As peças que aguardam uma revisão
ou reparo são colocados e guardados em um local isolado, somente para materiais
nessa situação. Isso evita que possam ser misturados a materiais em condições de
uso. Existem materiais que não podem receber incidência de luz, e necessitam estar
em estoque, como instrumentos e borrachas, os quais são colocados em outra sala
especifica e escura, a qual se chama “câmera escura”. Os materiais novos e
disponíveis para uso, são guardados em outro local, também devidamente fechado e
controlado pelo sistema, e com um aparelho que controla temperatura e umidades,
para que não afete os componentes, ou perca suas calibrações, ou ainda possa
causar danos em circuitos elétricos.
Alem destas salas, o suprimento também possui um local para recebimento
e despacho de material, no caso entrada e saída, como serão descrito a seguir.
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Identificação de Material
Os materiais controlados pelo suprimento da Helisul são todos identificados,
de forma que os eles que possuem números de serie são chamados de rotativos e
serão identificados individualmente através da Ficha de Identificação de
Componente (FIC) - Anexo.
Existem três tipos de FIC, todas com códigos de cores:
1 – Amarela: item disponível para vôo;
2 – Verde: item reparável;
3 – Vermelha: item condenado.
A FIC amarela de item disponível para vôo, identifica um rotativo que está
apto para ser aplicado em uma aeronave. Possui campos que indicam algumas
características da peça, como nomenclatura, números de serie e partes, serviço
executados, procedência de fábrica ou revisão. Deve estar junto de documentos
como Segvoo1 ou Forms2, com a assinatura do chefe de manutenção e identificação.
A FIC verde de item reparável identifica um rotativo removido de uma
aeronave e que, aparentemente, pode ser reparado ou revisado, e que também
necessita de documentos. Isso porque ao ser encaminhada a revisão necessita-se
que os originais acompanhem a peça, para que a empresa que fará o reparo se
responsabilize em atualizar o documento e retornar a empresa. Assim como a FIC
amarela, a verde também possui campos de nomenclatura, códigos e seriais, mas
com uma diferença, esta possui um quadro de motivo de remoção, o que indica o
1 Documento característico de aeronavegabilidade da autoridade aeronáutica no Brasil, emitido por fabricante ou oficina homologada, que identifica peça ou componente aeronáutico. 2 Documento característico de aeronavegabilidade da autoridade aeronáutica no exterior – especificamente nos Estados Unidos, emitido por fabricante ou oficina homologada, que identifica peça ou componente aeronáutico.
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porquê da retirada deste componente, como exemplo, se possui alguma falha,
vencimento calendárico ou horário de manutenção, ou mesmo uma simples
pesquisa de pane.
A FIC vermelha indica item condenado. Identifica um rotativo removido de
uma aeronave e que não é possível de ser reparado ou revisado, ou seja, não pode
mais ser utilizada em uma aeronave. Assim como as outras FIC, devem ser
preenchidas corretamente com nomes, números, fabricantes e o motivo da
condenação. Essas partes condenadas são doadas a cursos de formação de
mecânicos ou destruídas para que não sejam mais utilizadas.
Nos estoques de suprimentos da Helisul, todos os rotativos deverão estar
identificados por uma das FIC descritas acima. Haverá sempre a segregação dos
rotativos disponíveis, reparáveis e condenados, de modo a não haver confusão ou
mistura entre eles.
Recebimento de Materiais
Conforme determina a regulamentação, existe na empresa local reservado
para esse tipo de trabalho, o de recebimentos de materiais. O processo inicia-se
com a entrada do material no estoque, o material que chega até a empresa é
recebido pelo chefe do suprimento, aberto na presença de outro mecânico e
conferido de acordo com nota fiscal ou a invoice3. Essa parte do processo é
3 Documento emitido pelo exportador, em formulário próprio, de preferência em inglês ou no idioma do país importador, observada a legislação do país. Esse documento representa a operação comercial em si e sua finalidade é formalizar a transferência da propriedade da mercadoria para o comprador, devendo, por isso, mencionar as principais características da venda: dados do exportador e importador, descrição da mercadoria, preço, condições de venda, forma de pagamento, etc.
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realizada com muita atenção e agilidade para que a empresa transportadora seja
dispensada.
Na sequência da conferência, passa-se a segunda parte do processo, que é
a conferencia de Certificados (Forms) e Fichas de Matriculas (Log Cards4), onde a
atenção é focada nos códigos e números das partes ou componentes recebidos.
Quando finalizada a parte de conferência inicial, se verifica se está correto e de
acordo com a regulamentação, ou seja, se pode oferecer rastreabilidade5 ao
componente aeronáutico e por conseqüência, a aeronave que irá receber essa peça.
Documentos de rastreabilidade6
No recebimento de peças novas, de origem estrangeira, o inspetor deverá
constatar se as seguintes documentações (conforme origem do produto) se
encontram em dia:
• FORM 8130 – 3 da FAA;
• FORM ONE da EASA/JAA;
•CANADA TC 24 – 0078.
As peças novas, de origem nacional, devem possuir a seguinte
documentação:
•Certificado de Conformidade do Fabricante;
• Evidência através de Nota Fiscal (INVOICE ORDER); ou
4 Documento emitido pelo fabricante. 5 Conforme a Norma ISO 8402, rastreabilidade é a capacidade de traçar o histórico, a aplicação ou a localização de um tem por meio de informações previamente registradas. 6 Conforme Resolução ANAC 36/08, de 22/07/08, ficou extinto o setor do COTAC, sendo que os processos de importação/exportação de peças e componentes aeronáuticos ficam então restritos ao controle da Receita Federal.
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• Formulário SEGVÔO 003.
As peças usadas de origem estrangeira, revisadas, reparadas ou
inspecionadas, devem possuir obrigatoriamente as seguintes documentações,
conforme sua origem:
• FORM 8130 – 3;
• FORM ONE;
• Laudos de Revisão Geral;
• Documentos de Rastreabilidade (Peças com vida Limite de Motores);
• Situação de DA;
• Etiquetas Amarelas.
Requisição de Materiais
A empresa possui um formulário (Anexo 4), próprio para que a equipe da
oficina de manutenção realize a requisição de materiais, quando se faça necessário
substituir ou repuser peças e componentes em aeronaves.
O formulário é um bloco carbonado com 3 vias, as quais serão preenchidas
pelo mecânico responsável pela execução do serviço. A primeira é encaminha ao
suprimento para a verificação da existência da peça em estoque ou da necessidade
de se adquirir o componente com fornecedores.
A segunda via acompanha a ordem de serviço para cobrança e a terceira
via do formulário permanece no bloco para controle.
Registro de Entrada
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Depois de realizada a conferência e o recebimento do material é necessário
fazer o registro de entrada do material, realizando a conferencia de documentos e
componentes, destinando cada um com a devida documentação, que facilita o
cadastro das peças. É preenchida uma etiqueta uma amarela que significa
“Disponível para uso” ou mesmo para voo.
Esse procedimento identifica um componente ou parte está apto para ser
instalado na aeronave. Essa etiqueta possui campos no qual se devem preencher
corretamente a sua descrição, os seus códigos da parte, se o componente é novo ou
está sendo recebido após revisão ou um reparo. Nessa ficha é também anotada a
identificação dos seus documentos, o número da Invoice ou Form, tudo na presença
do chefe de manutenção, a fim de que ele assine a etiqueta e esteja ciente de que
este componente esta disponível pra uso, assim como ele mesmo avaliou.
Após isso é realizado então o cadastro no sistema de controle de
suprimentos, onde se registra a nomenclatura, números e séries do componente.
Fica caracterizada a quantidade exata do modelo de componente que se possui em
estoque e disponível ao uso das aeronaves. Nesse sistema também são identificas
as prateleiras e estantes onde o material será guardado.
Após essa parte do processo, os documentos que seguem com a peça e/ou
componente são encaminhados aos respectivos setores; a nota fiscal e a fatura é
encaminhada ao setor de faturamento e os Forms e Logs encaminham ao Controle
Técnico de Manutenção (CTM). Todos estão acompanhados de protocolo,
identificados com seu destino e com anotação sobre o componente, se o mesmo
ficará em estoque, ou mesmo se será instalado em alguma aeronave de acordo com
a necessidade.
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O CTM devolve ao suprimento uma cópia dos documentos, a qual é
arquivada com a etiqueta no suprimentos, junto à peça. Isso finaliza o processo de
recebimento de componentes e/o partes, bem como óleos lubrificantes e outros
materiais que tenham por destino a utilização em aeronaves homologadas para
manutenção na oficina ou que sejam operadas no táxi aéreo.
Registro de Saída
A saída de um componente ou peça do suprimento é realizada a fim de que
se possa ter controle da quantidade em estoque ou da necessidade de aquisição do
mesmo. A saída ocorre após solicitação da oficina em Curitiba ou de uma das
bases, Rio de Janeiro, Foz do Iguaçu e Florianópolis, ou ainda por solicitação de
cliente externo para aplicação em outras oficinas7.
De conhecimento da solicitação, encaminha-se ao chefe de manutenção para
ele realizar análise se realmente o componente é necessário. Com essa aprovação
realiza-se a busca pelo sistema de controle, e de posse da peça e das cópias dos
documentos é feito comunicado ao CTM, a fim de que possam encaminhar os
documentos ao respectivo destino.
É feito então o registro de requisição em formulário padrão do suprimento.
Nenhum componente, peça ou material pode sair do suprimento sem que haja o
preenchimento desse formulário, onde constará o nome do requisitante, o número
da ordem de serviço, prefixo da aeronave onde será instalado o componente, o setor
que realizou a solicitação, e demais os dados da peça, que já existem no sistema,
além de observações que se fizerem necessárias.
7 Por ser homologada como empresa de transporte aéreo, a Helisul pode realizar a comercialização de peças e partes aeronáuticas.
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Finaliza-se com a assinatura do inspetor de manutenção e do Supervisor
técnico de Suprimentos, e é efetivado o deregistro8 no sistema, definindo o local
para qual irá à peça, a fim de que se possa fazer o despacho do material,
Encaminha-se a peça com as cópias de documentos e a etiqueta amarela, a
qual o mecânico deve preencher e encaminhar para ao CTM. Se o componente
necessitar de transporte aéreo ou terrestre, é de responsabilidade do suprimento
fazer a embalagem adequada e segura, a fim de que não haja riscos de
comprometer a integridade da peça. Para transporte externo faz-se necessário que a
peça seja encaminhada de uma nota fiscal da HELISUL. Após esse processo, faz-se
contato com a transportadora e encaminha-se o material rapidamente.
2.2 SUPRIMENTOS E A EMPRESA
Em uma empresa de transporte aéreo e/ou de manutenção de aeronaves,
todos os assuntos relacionados a materiais, peças, componentes e demais
suprimentos são de responsabilicade do Supervisor de Suprimentos. É ele que
coordena as compras, revisões, reparos e descarte de material aeronáutico, sob a
orientação do Gerente de Manutenção.
Nesta empresa tomada como base de estudo, a qual possui mais duas
bases de atuação de manutenção, cada base possui um estoque próprio, os
chamados “estoques remotos”, cujo controle direto e responsabilidade do Chefe de
Base. O controle geral dos estoques é responsabilidade do Supervisor de
Suprimentos, que poderá solicitar informações sobre os estoques remotos
diretamente aos Chefes de Base quando necessário. O Supervisor de Suprimentos
é também o responsável pelo estoque principal. Os estoques remotos visam atender
8 Finalização e retirada da peça/componente do controle do sistema.
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às aeronaves operando em cada uma das bases da empresa. Todo estoque remoto
será composto de material rotativo e material consumível, adequados às
necessidades das aeronave operadas na respectiva base.
A organizaço dos estoques remotos é padronizada como é na matriz,
havendo estantes com prateleiras, todas identificadas, onde os materiais rotativos e
consumíveis estarão devidamente classificados e identificados com a Ficha de
Identificação de Componente. Os documentos de aeronavegabilidade (SEGVOO
003, Form 8130-3 etc.) serão arquivados separados dos componentes, constando
na Ficha de Identificação do Componente a localização do documento de modo a
permitir que se encontre rapidamente o mesmo.
3. CONCLUSÃO.
Esse trabalho teve início com a percepção inicial da relativa importância que
o setor de suprimento possui dentro da empresa de transporte aéreo. Com a leitura
da regulamentação e do manual de procedimentos de inspeção (MPI), verificou-se
que é obrigatório que a empresa possua local apropriado, devidamente organizado e
padronizado, para o tratamento logístico de partes e peças aeronáuticas.
Verificou-se, porém que o regulamento não trata sobre os profissionais que
devem trabalhar nesse setor. Compreendeu-se, a partir da experiência na empresa
e das pesquisas, que necessariamente o funcionário deve ser conhecedor das
peças, partes, regulamentos, enfim, de todo processo que envolve a manutenção de
aeronaves. A empresa que possui como base de estudo possui no setor de
suprimento um funcionário com formação de mecânico de manutenção de
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aeronaves, o que proporciona uma visão gerencial e técnica de todos os processos
que envolvem a transição das peças.
Essa condição anotada como lacuna na regulamentação, já foi corrigida na
empresa tomada como base no estudo de caso. Outras empresas foram
pesquisadas, de forma extra-oficial, para estabelecer comparativo de eficiência, e
verificou-se principalmente que o conhecimento dos processos influencia no
tratamento das peças.
Uma empresa de manutenção de aeronaves ou de transporte de pessoas
e/ou cargas, muito além da regulamentação, necessita ter um setor de suprimento
organizado, pois esse fator tem influência direta no objetivo final da empresa, o
lucro. Isso porque, a movimentação de peças e partes de aeronaves determina sua
operacionalidade e, por consequência, sua rentabilidade.
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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS http://www.unibanco.com.br/vste//_exc/ser/tca/cam/glo/index.asp. Consulta realizada em 25 de abril de 2009. HELISUL Táxi Aéreo. Manual de Procedimentos de Inspeção (MPI). Rev. 9. 2008, Curitiba. NBR ISO 8402/1994. Gestão da qualidade e garantia da qualidade - Terminologia. Disponível em http://www.indg.com.br/info/glossario/glossario.asp?n#1,0,0,0. Consulta realizada em 25 de abril de 2009. Regulamento Brasileiro de Homologação Aeronáutica –RBHA Nº 145. Disponível em http://www.anac.gov.br. Consulta realizada em 26 de fev. de 2009. UNIVERSIDADE Tuiuti do Paraná. Normas técnicas: elaboração e apresentação de trabalho acadêmico –científico. 2.ed. Curitiba: UTP, 2006.
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5. ANEXOS Ilustração 1 - Ficha Verde: Peça/componente para reparo.
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Ilustração 2 - Ficha amarela: componente/peça disponível para uso.
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Ilustração 3 - Ficha vermelha: componente/peça condenado, não serve para uso aeronáutico.
Ilustração 4 - Ficha de Requisição de materiais.
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