Post on 30-Jun-2015
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SER PROFESSORSer Avaliado - Auto-avaliação
Trindade, V. M. (2007). Práticas de Formação: Métodos e Técnicas de Observação, Orientação e Avaliação (em Supervisão). Lisboa: Universidade Aberta. p. 131-140
Em países de grande tradição investigativa em Educação – Estados Unidos da América e
Canadá – a avaliação do desempenho dos professores é parte integrante do sistema há,
aproximadamente, meio século. Ela não tem sido, contudo, sempre encarada do mesmo
modo; tem sofrido uma evolução acentuada que vai desde:
1. O “perfil do professor conhecedor” (domínio dos conteúdos científicos a
ensinar),
2. “professor ideal” (características e personalidade do bom professor),
3. “professor interacionista” (aquele que consegue fomentar as interacções
professor-alunos e aluno-aluno),
4. professor “gestor da sala de aula”
5. “professor eficaz” (aquele que possui comportamentos específicos, tais
como: a habilidade de fazer perguntas, a capacidade de manter a motivação dos
alunos e a gestão do tempo).
A partir dos anos 90, do século passado, o reconhecimento e difusão dos trabalhos
de Schön (1983, 1987) e dos seus colaboradores, sobre o “profissional reflexivo”,
modificaram ligeiramente esta situação, pois mostraram a importância da reflexão
sobre as práticas realizadas, como factor fundamental para o desenvolvimento
profissional. Quase em simultâneo, um outro investigador, Zeichener (1983), publicava
um artigo reforçando o papel da reflexão sobre as práticas pedagógicas para a
formação de professores. De facto, estes investigadores trouxeram para o centro do
debate a praxiologia, a “teoria das práticas”, como factor essencial para o
desempenho profissional.
Assim, não poderia considerar-se como bom profissional aquele que não fosse capaz
de reflectir sobre as práticas que executava; daí a reflexividade ter-se constituído
como parâmetro do referente de avaliação de desempenho.
Deste modo, a noção de referente evoluiu, passando a englobar não só os aspectos do
“trabalho de sala de aula”, mas também todo aquele outro que o antecede e aquele
outro que é sua “consequência”.
Deste modo definiram-se dimensões que, embora variando ligeiramente de país para
país, mantêm em comum aspectos nucleares à profissão de professor, tal como é
modernamente entendida, englobando uma dimensão profissional, social e ética, ou
seja:
• a dimensão de desenvolvimento do ensino e da aprendizagem;
• a dimensão de participação na escola e de relação com a comunidade
• a dimensão de desenvolvimento profissional ao longo da vida.
Na verdade falar do desempenho dos professores, não pode limitar-se a verificar se os
profissionais da educação fornecem uma instrução adequada aos alunos, ou à qualidade
das práticas de ensino e à institucionalização de procedimentos de responsabilização
(prestação de contas) perante a comunidade educativa.
É preciso ir mais além, na medida em que é necessário fundamentar esses procedimentos
em algo mais abrangente e sustentável. Estamos a falar da auto-avaliação do professor
e num prisma futuro numa dimensão da Avaliação de desempenho dos professores, não
nos podemos esquecer no entanto que “a avaliação de professores, por si só, só
excepcionalmente melhora a qualidade de ensino ou aumenta as aprendizagens
dos alunos” (Peterson, 2000; p. 127).
No processo de auto-avaliação o professor deverá ir mais além, ser capaz de verificar se
enquanto professor :
• Domina os conteúdos a ensinar,
• Se o consegue demonstrar em várias situações pedagógicas – na aula (numa aula
expositiva e numa aula por inquérito), num teste utilizado para a avaliação
dos seus alunos, num trabalho de projecto, etc.,... – e não apenas numa
daquelas situações.
Nunca nos parece demais recordar que existem muitas espécies de “bons” professores.
Considerar apenas uma delas, é cometer uma falta de rigor e uma injustiça para com
as outras.
1. Promover aprendizagens significativas, no âmbito do projecto da escola, e da turma.
2. 2. Utilizar de forma integrada, saberes próprios da sua especialidade.
3. Organizar o ensino e promover as aprendizagens no quadro dos paradigmas epistemológicos da sua área de conhecimentos e de opções pedagógicas e didácticas fundamentadas, recorrendo à actividade experimental sempre que a mesma se revele pertinente.
4. Utilizar correctamente a língua portuguesa, nas suas diversas vertentes.
5. Utilizar linguagens diversas e suportes variados, adequados, em função de diferentes situações.
Práticas Pedagógicas exigidas aos professores na dimensão do desenvolvimento do ensino e da aprendizagem
6. Promover a aprendizagem dos processos do trabalho intelectual, bem como de formas de o organizar e comunicar.
7. Promover o envolvimento dos alunos nos processos de aprendizagem e da gestão do currículo.
8. Desenvolver estratégias pedagógicas, mobilizando valores e saberes dos percursos pessoais, culturais e sociais dos alunos.
9. Assegurar a execução de actividades educativas de apoio aos alunos e cooperar na detecção e acompanhamento de jovens com necessidades educativas especiais.
10. Incentivar a construção participada de regras de convivência democrática e gerir situações problemáticas e conflitos de natureza diversa.
11. Utilizar a avaliação nas suas diferentes modalidades e áreas de aplicação, como elemento regulador e promotor da qualidade de ensino, da aprendizagem e da sua própria formação.
CARACTERÍSTICAS DO PROFESSOR
PARÂMETROS
COMO REALIZA O ENSINO
1. Planificação das aulas; 2. Organização das actividades lectivas; 3. Qualidade (clareza e legibilidade) dos materiais
utilizados; 4. Respeito pelos momentos da lição (motivação e
apresentação, direcção, ritmo e síntese). 5. Interpretação clara dos materiais; 6. Integração da teoria na prática; 7. Cuidado com o ambiente da sala de aula
(espaços-luz-disposição das carteiras-...); 8. Utilização de vários métodos e técnicas de ensino; 9. Flexibilidade na leccionação (ser capaz de adaptar
as aulas às necessidades dos alunos).
Parâmetros para a verificação do desempenho.
CARACTERÍSTICAS DO PROFESSOR
PARÂMETROS
COMO REALIZA AS INTERACÇÕES:
PROFESSOR-ALUNO, ALUNO-PROFESSOR ALUNO-ALUNO
Ser capaz de:
1. Motivar a turma, o grupo ou os indivíduos. 2. Equilibrar as interacções entre professor-
aluno e aluno-professor. 3. Equilibrar as perguntas abertas com as perguntas
fechadas. 4. Fornecer “feedback” atempado e adequado aos
seus alunos. 5. Conseguir o envolvimento dos alunos no
processo de aprendizagem. 6. Considerar as diferenças dos alunos (origens,
experiências, problemas, ideias prévias, ...) nas suas acções de ensino.
7. Promover a aprendizagem cooperativa.
Perfil Geral de Desempenho dos Professores, orientado para a concretização de competências.
O Professor deverá demonstrar que:
1. Possui conhecimento pedagógico do conteúdo a ensinar
2. Elabora planificações apropriadas para os alunos e consistentes com o currículo
3. Implica os alunos na aprendizagem e promove um conhecimento profundo do conteúdo
4. Faz avaliação formativa com os seus alunos, lhes dá feedback e utiliza os
resultados dessa avaliação para planificar as lições seguintes
5. Cria um clima de aula positivo, organizado e propiciador da aprendizagem do aluno
7. Atende à diversidade dos seus alunos, incluindo as diferenças culturais e as
necessidades específicas de cada um.
8. Está empenhado na aprendizagem ao longo da vida, que procura reflectir na sua
prática pessoal e procura crescer profissionalmente
9. Interage profissionalmente, de forma positiva, com os pais, os colegas e os restantes
membros da comunidade educativa
10. Contribui para melhorar a escola, enquanto organização
Trindade, V. M. (2007). Práticas de Formação: Métodos e Técnicas de Observação, Orientação e Avaliação (em Supervisão). Lisboa: Universidade Aberta. p. 131-140