Post on 03-Oct-2021
FÁBRICA DE MÚSICA Nãoconsigoafirmaromomentoemquearquite-turaemúsicaseentrelaçaramcomaminhavida.Des-deosseteanosdeidade,convivocomamúsicainten-samente,aprendendo,escutando,criando.Aprendiaartedetocarpiano,cantaremcoro,entenderateoriamusical,lerpartiturasemeapaixonarpelocontrabai-xo,pelaOrquestraepelamúsicaerudita.Aarquiteturaeuvivenciava,admiravaetentavatraduzi-laemrabis-coseperspectivas.Jánaadolescênciativeumaatra-çãoparticularpelaconstrução,eapartideentãode-cididedicar-meaoestudoprofissionaldaArquitetura. Dos quinze aos vinte anos de idade, participeidoProjetoOrquestra-Escola,umprojetovinculadoàOrquestraSinfônicadeFlorianópolis,queuneoensi-nodeinstrumentosmusicaisàpráticaemconjuntodeorquestraparaestudantes,jovenseadultos.Foiapar-tirdessaexperiência,aprendendoatocarcontrabaixoeparticipandodedinâmicasemgrupo,quevivencieiocenário(tristeedesestimulante)damúsicaeruditadeFlorianópolis,bemcomoasuadisparidadeemre-laçãoaoutrascidadesdoBrasiledaAméricaLatina. Minhapaixãopelamúsicaearealidadedeminhacidademeincentivaramadiscutirepensararelaçãoentremúsicaearquiteturaparaproporumnovocom-plexoqueatendaàmúsicaeruditaemFlorianópolis.
1 MOTIVAÇÃO
AoanalisarocenáriomusicaldeFlorianópolisper-cebeu-seanecessidadedeprojetarumcomplexodemúsicanaáreacentraldacidade,ondenãoháacon-templaçãodeumteatrodemédioougrandeporte.NocentrodacidadetambémháaFundaçãoFranklinCas-caes,quepossuiprojetosculturaisadministradosemescolaseedifíciospúblicos,comoexemploEscolaLivredeMúsicanaEscolaSilveiradeSouza.Nessesentido,oterrenoescolhidoestásituadonoaltodaRuaFelipeSchmidt,naantigafábricadebordadosHoepcke,umcomplexoarquitetônicotombado,porémabandonadopormaisde10anos,nototalde10.000m²deárea.AfábricasituadanoaltodaRuaFelipeSchmidtaté
1979,chegouaatenderoutrospaísesjáem1928,commaisde20grandesmáquinas, tornando-seumadasmaistradicionaisempresasdoestado.Oterreno,apósgrande disputa de posses devido ao falecimento deCarlHoepcke,apropriedadefoiconcedidaaumasdasfilhasdoempresário.Emrazãodagrandeimportâncianahistóriadodesenvolvimentodacidade,operíme-trodocomplexoindustrialsetornoupatrimôniohistó-ricotombadocomrestriçõesdeuso. Infelizmentehádezanosprolonga-seuma situaçãodeabandonodegrandeparte doperímetro, por causa dediscussõesjurídicasentreosproprietárioseaprefeitura.Oterrenotemgrandevalordemercado,éumdos
únicos terrenos que não possui verticalização, todoseu entorno sofreu modificações e um crescimentourbanodescontrolado.JuntoaoParquedaLuz,repre-sentaumbolsãodearnodesenvolvimentodeFloria-nópolis.Sãocincoedificaçõestombadas,comdiferen-çasarquitetônicasquetornamoquarteirãoaindamaisespecial,representandoadinâmicadocrescimentodafábricaedacidade.
Localização:NoaltodaRuaFelipeSchimdt,próximoaoparquedaluz.NomesmobairroestásituadooTAC,oTeatrodaUBRO,aEscolaLivredeMúsicaeaSedeAdministrativadaFundaçãoCatarinenseFranklinCascaes.
TERRENO PROPOSTO
PARQUE DA LUZ
ESCOLA LIVRE DE MÚSICA
UBRO
PRAÇA XV DE NOVEMBRO
FUNDAÇÃO FRANKILIN CASCAES
N
4 O TERRENO: CONTEXTO, HISTÓRIA E CARACTERÍSTICAS
COMPLEXO DE MÚSICA
PÚBLICO
INTERNO
APOIO
SALA DE CONCERTOPRAÇAMUSEU RESTAURANTE/CAFÉ LOJAS
SALAS DE AULASALA DE ENSAIOSALA DE GRAVAÇÃOLUTHIERIA
BANHEIROSCAMARINSADMINISTRATIVOCOZINHA
3 ARQUITETURA E MÚSICA: SUAS RELAÇÕES Abuscaporrelacionarasduasartes,MúsicaeArquite-
tura,nãoéumdesejorecente.Hádiversosregistrosnahistó-riadepesquisadores,teóricos,arquitetoseartistasqueabor-damas diversas analogias entre as duas áreas. Dentre elas,amaisantigaéarelaçãomatemáticadePitágoras,propulsordediversosestudosfísicosematemáticosatuais.Emsuateo-ria, ele interpreta intervalos sonorosharmônicosempropor-ções aritméticas que são encontradas em diversas obras ar-quitetônicas consideradas belas e harmônicas, por exemplo. Outras relações sãomais sensitivas, abordam amúsica
comoelemento criativoparaoarquiteto,ouentãooespaçocomo inspiração para omúsico. E ainda relações físicas, nasquais o espaço reproduzo som, interferindoouqualificandosua reprodução a partir da absorção ou reverberação sono-ra.Sãoinúmerasasafinidadesentreosdoiscampos,asmaisabordadas nos estudos de arquitetura são os termos equi-valentes – como ritmo, proporção, intervalo, harmonia, es-cala –, dando azo a um leque de interpretações dos concei-tos aplicados tanto na arquitetura quanto na teoriamusical. “Música e arquitetura florescem no mesmo caule – ma-
temática sublimada. Em lugar das sistemáticas pautas e in-tervalos do músico, o arquiteto possui um sistema mo-dular como arcabouço do seu desenho. O meu pai, umpregadoreprofessordemúsica,meensinouaver–aescutar–umasinfoniacomoumedifíciodesons.”FrankLloydWright
ARQUITETURAespaço harmônico
relações matemáticasO ambiente é sentido
Como instrumento musicalInspiração
A Forma no espaço
MÚSICAHARMONIA | RITMO | PROPORÇÃOPITÁGORAS: frequência e escalaInspiração para criaçãoAcústica: reverberação e absorção do SOMCriatividade Racional ou irracionalA Forma no tempo
Sentirarquiteturanãoéapenasvê-la,évivenciá-la.Devemosentrar na construção e sentir como as cores, texturas foramusadas,veraconcepçãodoespaçoecomoesteinfluencianos-soandardentrodaedificação,ouvirossonsproduzidos,comoreverberam,comofluem.Sentireouviraarquiteturacomosesenteeouveumamúsica,aintensidadedaobraserápropor-cionalaossentimentosqueafloram.Assim,opróprioarquitetodeveusufruirdossentidosparaproduzirumaverdadeirasinfo-nia:desons,coresesentimentos. Asigrejassãoexemplodopoderqueaarquiteturatem
de estimular sensações. Sensações provocadas tanto pelasproporçõesmatemáticasna relaçãodas alturas e espessurasdascolunascomaalturadohomem,quantonosmateriaisedetalhesusadosemseu interiorque,claro,variamconformeaépocaeosconceitos.Esãoasigrejasgrandesexemplosdearquiteturaacústicaexatamentepeladiversidadedeintençõesdasconstruçõesparaestimulardiversossentidos.
SALA DE CONCERTO E COMPLEXO DE MÚSICA PARA FLORIANÓPOLIS
FORMA
ACÚSTICA
NECESSIDADES
SALA DE CONCERTO
BILHETERIASALA DE ESPERACAMARIMSALA DE CONCENTRAÇÃODEPÓSITOGUARDA PIANO SALA DE APOIO AO SOMESTACIONAMENTOBANHEIROS
2 PROBLEMATIZAÇÃO: O CENÁRIO MUSICAL NenhumaorquestrasinfônicadoMunicípiodeFlorianópolisedoEstado
deSantaCatarinapossui,emsuahistória,umasedefixaparaensaioseapre-sentações.Atualmente,existemnomunicípioquatroteatros,administradospelaFundaçãoCatarinensedeCultura(FCC)oupelaFundaçãoFranklinCasca-esdeFlorianópolis,TeatroGovernadorPedroIvo,TeatroAdemirRosa(TAR),TeatrodaUbroeTeatroÀlvarodeCarvalho(TAC),queatendemaosprogra-maseprojetosculturaisdacidadeedoestado. Apartirdeumaanálisefeitasobreosteatrosdacidade,épossívelcons-
tatarquenenhumdessesteatros,ououtrosedifíciosemFlorianópolis,foramconstruídosparaocenárioerudito,muitoemboraoTeatroPedroIvotenhasidosedepordoisanosdaOrquestraSinfônicadeSantaCatarinademodoimprovisado,semestruturaadequadaparaaatividade.Nãohá,portanto,umcomplexoqueatendaoconjuntodasatividadesdeumaorquestra,quecon-tenhasalasdeensaio,salasparaarmazenarerepararinstrumentos,salasdegravação,entreoutrosespaços. Naatualidade,asorquestraseprojetossociaisdeculturasãoremane-
jadosconformeoprogramaéadministradopelaFundaçãoFrankilinCascaes,edependendodoanodeapoiosãosediadosemEscolasPúblicasdomunicí-pio.Comoexemplo,aOrquestraSinfônicadeFlorianópolis(OSF),fundadaem1944,nãopossuiumasedefixaatéhoje.Noiníciodesuasatividades,osen-saioseramsediadosnasdependênciasdoClubedoLira,nocentrodacidade,eposteriormentenasimediaçõesdaUFSC.VagoupelasresidênciasdeseusregentesepelassalascedidaspelaFundaçãoFranklinCascaes.
Vinculado àOrquestra Sinfônica, o projetoOrquestra-Escola teve suasede,porseisanos,noForteSantaBárbara, juntoàsedeadministrativada
FundaçãoFranklinCascaes:umambienteimprovisado,sempreparoacús-ticoepequenoparaonúmerodeintegrantesdoprojeto.Nosfinaisdesemana,o forteaindadavapalcoaaulasdedançadesalão, fotografiaeaulasdepercussãojaponesa(Taiko).Hádoisanos,todasasatividadesculturaisforamrealojadasemescolasdeensinopúblicodaáreacentraldacidadeedosuldailha. OProjetocontemplavaaulasindividuais,aulasemgrupoepráticas
emconjuntodeorquestra,dividindoosturnoscomosensaiosdaOrques-traSinfônicadeFlorianópolis.Em2014,oprojetoperdeuoprogramadeincentivodaFundação,dandolugaraoprojetoEscolaLivredeMúsica,naEscolaBásicaSilveiradeSouza,semvínculocomaOSF.Atéomêsdeju-nho,aOrquestraSinfônicadeFlorianópoliseaOrquestraFilarmônicadeSantaCatarina(fundadaem2012)nãotiveramregistrodeatividades.AOrquestraSinfônicadoEstadoencerrousuasatividadesem2012. Nessecenáriocatarinense,emqueosprogramasdeincentivosão
sazonais,nãoexistirumcomplexoqueatendacomosedefixaàsorques-traseaosprojetosmusicaisfazcomqueaspropostasculturaistornem-se cada vez mais vulneráveis. Não faltam músicos, profissionais, nempúblico,massimestruturae incentivo.Atualmente,osprofissionaisdaOrquestraSinfônicadeFlorianópolis,comquemeutenhomaiscontato,nãosededicamexclusivamenteaessaatividadeporfaltaderegularida-deesegurança,jáquenãorecebemsaláriomensal,esimremuneraçõesisoladas(cachês)conformeosprojetoseapresentaçõessãoaceitospelosórgãosdeincentivoàcultura,sendoobrigadosaexerceroutrasatividadesparaseusustentoedesuasfamílias.
Diante desse quadro, faz-se necessário o desenvolvimento deumasedeadequadaparaacontinuidadedasorquestraspúblicasedeseustrabalhos,nointuitodepromoveravalorizaçãodamúsicaeruditaemSantaCatarina,acujahistóriadevemosadmiração.Umespaçoquepermitaocrescimentodeprojetosculturais,mantendovivasasorquestrasdomunicípioedoestado;quecontemplenãoapenasosmúsicos,mastodaacomunidadeenvolvida:composito-res,produtores,instrumentistaseadmiradoresdamúsica.Paratanto,épropostooestudosobreasrelaçõesentreArqui-
teturaeMúsica,atravésdeconceitosdateoriamusicalocidental,mais especificamente de teóricos, como Pitágoras, e arquitetos,comoLeCorbusier, semolvidaraobservaçãodeoutros comple-xosesalasdeconcertosquesãoreferênciasnomundoenoBrasil,comoaSalaSãoPauloeaCasadeMúsicadeViena.Emlinhasge-rais,entende-sequeéaarquiteturaquereproduzosom,elatemopoderdetransformaramúsica,absorvendoereverberandoasondassonorasconformeorevestimento,aproporçãoeaformadoespaço.
Oterrenoescolhidoseencontraemespeculaçãoimobiliária.Todaaregiãoestáemconstantecrescimentovertical,queatendemaosetortantoresidencial,demédioealtopadrão,quantocomercialede serviços.Próximoao terrenoencontram-se:Hotéis, serviçoscomorestaurante,clínicasdesaúdeparticularesepúblicas,centrocomercialHavan,Senac,casasnoturnas,estacionamentos,imobili-áriaeterrenosemconstrução.Partedasedificaçõesedo terrenodaFábricasãoconsideradas
patrimôniohistóricoP-2pelodecretonº270/86,inclusosnocon-junto X: RitaMaria.Grandeparte da área se enquadra no PlanodiretorvigentecomoÁreaMistaComercial,epartedoterrenoaleivigenteclassificacomoAPC-1,ÁreadePatrimônioCultural.Próximoaoterrenoencontra-seamaioráreaverdedeusopúbli-
codacidade:oParquedaLuz,juntoàcabeceiradaPonte.Aregiãopossuiumfluxoconstantedeveículosepedestres,porémdemenorintensidadequeodocentrodacidadeedoiníciodasruasFelipeSchmidteConselheiroMafra.Devidoaomovimentodecasasno-turnas,essefluxotambémocorreànoite.Oterrenoencontra-seentreduasimportantesruasparalelasda
cidade:RuaFelipeSchmidteRuaConselheiroMafra,quenessare-giãotrabalhamcomobinários.Amaioriadasruasnesselocaltraba-lhamcomsentidoúnico,comduasvias.Nosistemaviárioháumnó,encontroderuascomaAv.RioBran-
co,umaviadegrandeimportânciadentrodocentrodacidadeporseuporte,fluxoeusos,quepossuiosdoissentidosdefluxoequatrovias.MesmocomaimponênciadaAv.RioBrancoedaimportânciadasdemaisruas,nessaregiãonãoháengarrafamentos.Apesardointensofluxo,ossentidosúnicosdasruaspromovemafluidezdotrânsitodeveículosdolocal.Hágrandequantidadedefaixasdepedestresnosentroncamen-
tosesinaleiravoltadasaeles.Noentanto,otransportepúbliconaregiãonãoocorrecomfrequência,eháapenasumalinhadisponí-vel-CircularCentro.Umdosfatoresdeescolhadoterrenonaáreacentralfoiapossi-
bilidadededesenvolveroacessoprioritáriodopedestreaoprojeto,oqueocorrepelafacilidadedelocomoçãoechegadadopedestreaocentrodacidade.Paraqueissoocorra,propõem-senovaslinhasehoráriosdeônibusaessaregião,possibilitandoachegadadope-destretambémpelaR.FelipeSchmidtdeônibus.AtualmenteoterrenoestácedidoàPrefeituradeFlorianópolis,
ondeatédezembroestavasediadaaSecretariaMunicipaldeDe-senvolvimentoUrbano (SMDU), em um dos galpões internos. Asedificações tombadas pelo PatrimônioHistórico estão abandona-dasemsuamaioria,comexceçãodoedifício4,ondeencontrava-seumestacionamento.Juntoàprefeitura,estáemtrâmiteumprojetodaempresaMag-
noMartins,paraodesenvolvimentodeduastorresresidenciaiseumatorrecomercialnoterrenoemfoco.O terreno foi escolhido pela sua importância na história da ci-
dade,porsuavalorizada localização,porpossuirumdosmaioresconjuntostombadosdeFlorianópoliseporpermitirquepossaseconstruirumaextensãodacidadeparadentrodoterreno.Defácilacessoparapedestreseautomóveis,oterrenoéumrespiroàver-ticalizaçãodacidade,esuasedificaçõessãoimponentes,devendoservalorizadas.Acredita-sequemesmosendoapropriedadepri-vada,oprojetoFábricadeMúsicaéviáveltantoaopoderpúblicoquantoaoprivado.
1871: FundaçãodaCarlHoepcke& cia: atacadista eimportados,fretedeveleirosdemercadoriadaEuro-pa,queintensificouomercadolocal.1884:oterrenojáerautilizadoparadepósitodemer-cadoriasdaempresaelojaeem1885CarlassumeoconsuladodaAlemanha.1897: Primeiro navio a Vapor do estado implantadopelafundaçãoCarlHoepcke:oVaporMax.1903:FábricadaemSãoFrancisco:MuseudoMar.1907:CarlcriaportonapraiaRitaMaria.1913:FundaçãodaFábricadeRendaseBordadosHo-epcke.1924:FaleceCarlHoepcke.1928:AFábricapossuimaisde20máquinaseseucre-cimentofezafábricamudardesedenodecorrerdosanos.1986:DecretoNº270/86:TombamentodoPatrimônioHistóricoConjuntoX:RitaMaria.
5 desenvolvimento do projetoConformeoexposto,apropostadoprojetoéatenderàne-
cessidadehistóricadasorquestrasdoestadoedeFlorianópo-lisnoqueserefereàestruturafísicadeapoio,daqualdevemfazerparte:saladeconcerto,saladeensaio,saladegravação,saladeapoioadministrativo,manutençãoereparodeinstru-mentos,espaçoparaacervodeinstrumentosepartituras.Nos-sa proposta pretende, ainda, vincular o complexo a projetosculturaisdeensinomusicalparacrianças,jovenseadultosdacomunidade,comoaquelesqueaFundaçãoFranklinCascaeshojeoferece.Nocentrodoterreno,objetiva-seprojetarasaladecon-
certo, que será de grande escala, junto à qual deverá existirumapraça,deformaaenalteceraintegraçãoentreonovoeohistóricopreservadoeabri-loparaacidade.Nãoteremosape-nasumaentradaparaocomplexo,apropostaépotencializarasaberturasexistentesentreasedificaçõeshistóricasparare-vitalizarsuaimportânciaedardinâmicaaoespaço.Ocomplexoseráumasinfonia,asentradasdiscretasesilenciosasentreahistóriapreservadadolugardarãoo“start”,ocaminhoparaointeriordo terrenoconsistiránumadinâmica,amúsicaapre-sentaráumacrescenteparachegaraoseuápice:ointeriordasaladeconcerto.Osedifícioshistóricosserãorevitalizadosparaatenderà
necessidadedassalasdeapoio,queterãodiversostamanhosefunções.Oobjetivodocomplexoéserapropriadopelacidade.Sendoassim,serápriorizadaachegadadepedestresetrans-portespúblicos, e anecessidadedeestacionamentosdeverásersupridaemsubsolo.
OComplexodeMúsicadeveatenderadoistiposdeusu-ários distintos: os músicos e estudantes que participam dasorquestraseprojetos,quedesfrutamdosaparelhos internos;eopúblico, quedesfrutadas apresentações, lojas e espaçosinterativos.Aintençãonãoésegregar,pelocontrário,tenta-sedesenvolveressasatividadesemparalelo,deformaqueopú-blicotambémpossaassistiraosprojetosefrequentarambien-tesinternos.Devidoàsdimensõesdosgalpõeshistóricos,per-cebeu-seanecessidadededesenvolveraSaladeConcertosemumnovo edifício, para atender commaior potencialidade àsdemandasacústicaseàmaiorquantidadedepúblico.
Assim,osedifícioshistóricosseriampalcodesalasdeaula,salasdeensaiosegravação,luthieriaeadministraçãodospro-jetosecomplexo,comarevitalizaçãodaarquiteturaereformadenovosambientescommateriaisacústicos.Etambématen-deriamaopúblico,sendoneleslocadosmuseu,lojademúsica,revistariaepadaria.Apraçacentraldoterrenoseriaoencontrodostempos,aconversaentreocontemporâneoeohistórico.Adinâmicaentresinfoniaseescalas.
ASaladeConcertodemandaumplanodenecessidadesmaioreumestudomaisapuradoqueosdemaisaparelhosdocomplexo. Sua forma deve ser desenvolvida a partir de trêsprincipaiscaracterísticas:Acústica,ProporçãoeMateriais.
Com o desenvolvimento dos estudos de caso e leituras,optou-seemdesenvolverumasalaRetangular,conhecidapelonometécnico“ShoeBox”.Essaformapropiciaaacentuaçãodosom,esuaspropriedadessãomaisvantajosasparaseprojetarumasalacomoobjetivodeconcertoerecitais.Nãoobstante,deve-seteratençãonastrêsmedidasutilizadas:largura,alturaecomprimento,quenãopodemseriguaisouapresentarpro-porçãoracionalentresi,paranãogerarsituaçõessonorasne-gativas,comooeco.
SISTEMAACÚSTICO“SHOEBOX”OU“CAIXADESAPATO”
Umasala“ShoeBox”éconhecidapelasproporçõesretan-gulares, recebendo adjetivos como: sala longa, alta e estrei-ta.Dentreosestudosfeitos,asmelhoressalasdeconcertodomundoapresentamessaforma:SalaSãoPaulo,SalaDouradadeMusikvereinemViena,ShynphonyHallemBostoneConcer-tgebouwemAmsterdam.
Arelaçãoentreastrêsmedidasdasalaéimportante:elasdevemserpróximasaumaproporçãoharmônica,masnãopo-demchegar a sermúltiplas entre si, nempossuir fatores emcomum.Dessemodo,essasalaapresentaumsommaisclaro,distinto, principalmente em relação à propagação das notasagudas, segundos os estudos de T. Yokota apresentados porFauro,2011.
Existemoutrasduasformastambémcomunsaosprojetosarquitetônicosde teatrose salasdeapresentação: formaemlequeeformaelíptica.Cadaformapossuicaracterísticasacús-ticasquevariam,eassim,aescolhadaformabásicasetornafundamentaldopontodevistaacústico.Desseestudoreapre-sentadodeT.Yokota,temosfigurasimportantesparaentenderaescolhadaformadasaladoprojetoserretangular.
Nas ilustraçõesdafigura1,oscírculosescuros indicamaposiçãodafonteeosclarosaposiçãodoreceptor. Cadase-quênciapossuiumtempoderecepção,quevaiaumentando.Analisandoasimagens,asconclusõesdeFaurosãoclaras,po-demosperceberqueapropagaçãodasfrentesdeondaédis-tintanastrêsformasdesala.Nasalaretangularonúmerodefrentesdeondaaumentaconformeotempoavança,enquantoquenasdemaissalasháumatendênciaàconcentraçãoeaode-senvolvimentodefrentesdeondas“defeituosas”,comoafirmaT.Yokota.
Comos estudos acústicos, têm-se as seguintes diretrizespara a sala de concerto: forma “Shoe Box”, devido àmelhorpropagação sonora em todo o ambiente, não havendo tantadisparidadenaposiçãodoespectadorquantonasdemaisfor-mas; dimensões próximas à proporção 1:2, conforme asme-lhoressalasdeconcerto(ex:SalaSãoPaulomedidaspróximasa24:48),mascommedidasnãomúltiplasentresi;paredesnãoparalelasentresi,compequenavariaçãoangularnosmateriaisderevestimentoparaevitarecos.Distânciamáximade40men-treoespectadoreopalco.
Emvisitaao laboratóriodeVibraçõeseAcústicadaUFSC(LVA),pôde-seteracessoamateriaisdealtodesempenhoacús-ticodisponíveisnomercadonacionaleinternacional.Houveoentendimentodanecessidadedousodemateriaisparaobtertrêssituaçõesdistintasnasala:difusão,absorçãoedissipaçãosonora.Etambémusodeesquadrias,fechamentosevidrosqueimpeçamadissipaçãodosomexternoparaointeriordasaladeconcerto,dassalasdeaula,saladegravação,saladeensaiosedemaisambientesquenecessitamdessacaracterísticaacústica.
Figura1:apresentaosresultadosdesimulaçãodapropagaçãosonora.Fonte:FAURO,2011.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA | ARQUITETURA E URBANISMO TCC2 2014/2 ALINE CRISTINA PIRES
ORIENTADOR RODRIGO BASTOS
6 O PROJETO
PAV. INFERIOR E SITUAÇÃOESC: 1:500
PAV TÉRREO ESC: 1:500
PAV 1 ESC: 1:500
PAV 2 ESC: 1:500
MEZANINO ESC: 1:500
LAJE TÉCNICA ESC: 1:500
ESTACIONAMENTO subsolo88 VAGAS 3782M² Estrutura em concreto armado, laje nervurada,pilaresdeconcreto,pisoemconcretopolido,10%dasvagasdestinadasparaportadoresdenecessidadeses-peciaiseidosos.Acessoparacisternaecasadebombas.
1 SECRETÁRIA E ADMINISTRAÇÃO 388,85M²+388,85M² Objetivo: atender aos projetos culturais da pre-feitura, Fundação Catarinense de Cultura e FundaçãoFranklinCascaes.Térreopossuiacessoaopúblico.Pav.Superiorapenasacessorestrito,destinadoaacervo. Estruturajáexistente,mantêm-seosrevestimen-tos internos, são adicionadas estruturas em“drywall”paradivisãodosespaços.Adicionam-setrêsbanheiros.Estruturaexternaempinturabranca.2 MUSEU 178,59M²+335,05M² Objetivo:contarahistóriadeCarlHoepckeetodooconjuntohistóricoRitaMaria,espaçoondeatualmen-teestãoasantigasmáquinasda fábrica,queserãoalimantidaseapresentadasparaapopulação.Oespaçotambémpoderáreceberexposiçõestemporárias. Estruturajáexistente,opisoseráemconcretopo-lidoerevestimentosemcoresbrancas.Portasejanelasmantêm-seasoriginais.
3 PADARIA/CONFEITARIA 335,03M² Objetivo:espaçoparausopúblico,trazerdiferen-tesusuáriosparaocomplexo. Estruturaexistente. Internodisponívelparaalte-ração do locatário. Revestimento externo em pinturabranca.4 LOJA DE INSTRUMENTOS MUSICAIS 118,71M² Objetivo: atendimento aos músicos usuários docomplexoepopulação,acessopúblico. Estrutura já existente. Por não ter informaçõessobreosrevestimentosexistentes,épropostopisoemconcretopolidoeparedesempinturaacrílicabranca.Esquadriasemmadeira,tambémexistentes.Novapin-turaexternaemcorbranca.5 entrada coberta pela r. felipe schim-dt
6 ESTACIONAMENTO 84 VAGAS 3782M² Objetivo:entradaesaídadeveículos,cargaedes-carga,áreademanutenção,apoioedepósitos-dema-teriais, temporáriode lixo. Saídapara infraestrutura -leituradeluzeágua,depósitofinaldolixo.Ocomplexonãopossuicentraldegás. Estrutura em concreto armado, laje nervurada,pilaresdeconcreto,pisodeconcretopolido,10%dasvagasdestinadasparaportadoresdenecessidadeses-peciaiseidosos,possuivagasparamotos.Fechamentosemportasmetálicas com revestimentoem lâminademadeira -portadoestacionamentoeacessosdospe-destres.
7 depósito temporário de lixo
8 SALAS DE AULA 641,48M² Objetivo:estruturaparaprojetosmusicaisdasfundaçõesmunicipaiseestaduaisdecultura,comsa-lasdeensaioparapráticaemconjunto,aulasindivi-duaiseconjuntas,eestudos. Paredes em drywall revestidas commateriaisacústicos,portasacústicascomvedação,eadiçãodejanelasinternasparaproteçãoacústica.Pisoepare-desmantidasoriginais.Pinturaexternaembranco.Saladepráticadeconjunto:55,00M²Salasdeaula:2salasde42,33M²;4salasde18M²Salasdeestudoindivisual:4salasde5,31M²9 SALA DE ENSAIO 321,30M² Objetivo: atender à necessidade das orques-trasmunicipais e do estado pela falta de sede fixaparaensaios.Asalaéequipadacomcopa,banheiros,guardasetabladodocoro. Locadoemestruturaexistente,promovea re-formaeaadiçãodenovasparedes“drywal”comre-vestimentosemforroacústicoelãdePET.Incluem-senuvensacústicasemateriaisquedeemcaracterísti-casacústicasadequadas.10 SALA DE GRAVAÇÃO E SALA DE SOM 367,97M² Objetivo:suporteparaatividadesdeproduçãomusicalparaasorquestrasegruposmusicais. Locadoemestrutura jáexistente,écompostopeloconjuntodeduas salasacopladaseequipadascomsonorizaçãoemateriaisdeisolamentoacústico.Revestimentosemmadeiraeforroacústico.11 LUTHIERIA 122,88M² Objetivo: promover os ajustes e reparos dosinstrumentosmusicaisutilizadosdentrodocomple-xo.12 RECEPÇÃO E BANHEIROS Objetivo:tercontroledosusosedarapoioàssalasdobloco04. Estrutura já existente, patrimôniohis-tóricorevitalizado,mantendoaestruturadotelhadoaparente.13 REVISTARIA 165,34M² Função:promoveradiversidadedepúblicoaocomplexo. Locadoemestruturaexistente,éumadasúnicasatividadescomaberturaparaaáreaexternaàquadra.14 RAMPA DE ACESSO AO EDIFÍCIO, PRAÇA COBERTA EM CONCRETO POLI-DO
15 BAR E CAFÉ 95,15M² Função:promoverpúblicoaocomplexoemdi-ferentesperíodosdodiaedarsuporteanteseapósconcertos.Possui banheiros próprios e cozinha com55,42m².Aberturaparaospilotesdonovoedifício,ondeseestendeepromoveousodapraçacoberta.16 BISTRÔ 231,44M² Função:comamesmaintençãodobarecafé,obistrôpromoveaintensificaçãodousonoturnodocomplexo.Possuibanheirosprópriosecozinhacom135,64m²,possui o acesso restritoporelevadordecargae serviço, atravésdopavimento inferior, combanheirodeserviço.
17 BILHETERIA 848,13M² Função: andar que antecede asala,localdecompradeingressos,es-peraeadmiraçãodocomplexovistodoalto.Possuibanheirosfemininosemasculinos,ebanheirofamiliaraten-dendoàacessibilidadeparaPNE.Re-vestidocommateriaisacústicosparaevitar que ruídos vindos do exteriorecoem para o interior do edifício.Nessepavimentoexisteapossibilida-de de fechamento das rampas.Masse prevê que todo o complexo terávigia e sistema de segurança. Juntoàbilheteriaencontra-seasaladaad-ministraçãodaSaladeConcertocom85,36m².
18 CAMARIM Função: local de concentraçãoparaosmúsicos Equipado comcopa, vestiários,saladeconcentraçãoedepósito,hallde espera, e salas 4 individuais de13m²/cadacombanheirospróprios.
CORTE AAESC: 1:250
CORTE BBESC: 1:250
CORTE CCESC: 1:250
cobertura metálica
laje steel deck
rampas em concreto
fachama em painél perfu-rado metálico
jardim suspenso
forro móvel
janela acústica com bri-ses móveis
parede dupla com forro acústico de madei-ra, lã de pet, placa cimentícea e estrutura metálica com pintura entumecente
estrutura mista: pilares em concreto
salas de ensaio individual
RUAFELIPESCHIMDT
RUACA
RLHOEP
CKE
RUACONSELHEIROMAFRA
BICICLETÁRIO
VISTA A
vista A
vista B - Entrada salas de ensaio
vista C - entrada r. conselheiro mafra
vista D - jardim suspenso
vista E - praça central
vista F - rampa de acesso
vista H - acesso bilheteria
vista I - bilheteria
vista J - foyer
vista K - sala de concerto
N
EDIFÍCIO PRINCIPAL: ESTRUTURA MISTA ESTACIONAMENTOS (SUBSOLO E PAV. INFERIOR): Estrutura em concreto armado: pilares em concreto armado, laje nervurada, piso em concreto alisado. EDIFÍCIO PRINCIPAL: Estrutura mista: pilares em concreto, lajesemsteeldeckcomacabamentosacústi-cos, paredes em drywall com acabamento em forroacústico. Escadas enclausuradas em estrutura de concreto. Rampas em concreto apoiadas em parede estrutu-ral. Cobertura metálica: vigas autoportantes e telhas duplas com camada interna em polies-tireno.
COBERTURA ESC: 1:500
NVISTA B
VISTA C
VISTA E
VISTA F
VISTA G
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VISTA J
VISTA K
Hádiversosprogramasfederaisdeisençãofiscalqueincentivamodesen-volvimentodeprojetosculturaiseartísticospeloosetorprivado,comoéocasodaLeiRouanetdoMinistériodaCultura.ApropostadeumCentrodeMúsicaparaFlorianópolisédevantagema
todaasociedadedaGrandeFlorianópolis,queatenderiaaosprojetosmu-sicaisdaFundaçãoFranklinCascaeseFundaçãoCatarinensedeCultura,esediariaasOrquestraspúblicasdoEstadosedoMunicípio.Sendo locadoemumterrenocomumacentralidadeurbanaimportante,passíveldeserabertoà cidadeepermitirqueessa seaproprie. Tornando-see transfor-mando-seconformeasinfoniadacidadeeseumovimento,valorizandooconjuntohistóricoebuscandonovasleiturasdacidadeedasuadinâmica.
N
VISTA D
VISTA H
VISTA I
19 SALA DE CONCERTO680 LUGARES 95,15M² Função:destinadoparaconcertos,reci-taiseapresentaçõesmusicais. Equipado com forro acústico móvel,paredes em forro acústico, poltronas comrevestimento semelhante à densidade docorpohumano,degrausparacoroepisoemcarpete.Fundoemjanelamóvel,comapossi-bilidadedeseteracidadecomofundoepal-codoconcertooutotalfechamento-apartirdospainéismóveis.Janelaemvidroduplode10mmnãoparalelosparaevitarressonância.Asalapossuicincosaídasdeemergênciacomportas de vedação acústica.Há lugaresdis-poníveisparacadeirantes.Asapresentaçõespodemsergravadas,amplificadasefilmadasapartirdasaladesomacimadomezanino.20 FOYER 400,20M² Função:lugardeesperadoespectadorparainíciodoconcertoouparaaguardarosintervalos. Salaqueantecedeasaladeconcertos,equipada com “Bombonière”, banheiros eáreadeestar,possuipédireitoalto,etodoorevestimentoadequadoparanãopromoverruídoseecos.
21 MEZANINO 179,26M² + 115M² DE PÚBLICO Acesso ao segundo nível da sala deconcerto, com banheiros, elevadores e115m²deespecatodores.22 LAJE TÉCNICA Função:áreadestinadapara locaçãodecasasdemáguina,caixasd’água (siste-macomumesistemadereaproveitamentodaáguadachuva),condionadoresdear,edemaisaparelhostécnicos. 23 CABINE DE SOM 38,50m² Senecessárioagravaçãoesonoriza-çãodasaladeconcerto,ocontroledoes-petáculoéfeitonacabinedesom,ondees-taráintaladoamesadesomcentral.
24 FORRO MÓVEL Sistema mecânino por cabos quepermiteomovimentodaalturadosforrosacústicosnasaladeconcerto.Aalturapodevariarde7a20metros,eassimpoderaten-dercommaiorqualidadediversostiposdeconcertos.
vista noturna - r. felipe schimdt
vista G - rua. conselheiro mafra