Post on 02-Mar-2016
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Bons ventos para a matrizenergética brasileira
Página 36
Ano 2 ‐ Edição 2 ‐ Março 2011
A ENGENHARIA
MINEIRA E
O PNLT
Pág. 32
AS ENCHENTES URBANAS
E O PLANEJAMENTO
MUNICIPAL
Pág.12
ENERGIA EM MINAS Um panorama da energia
em Minas
Pág. 22
Projeto inovador Cengefer’’ Pág. 41Leia Mais
IMPRESSO ESPECIAL999 122 55 307- DR/MGSOC. MINEIRA DE ENGENHEIROS
DEVOLUÇÃO GARANTIDA
CORREIOS
CORREIOSIMPRESSO FECHADO PODE SER ABERTO PELOS ECT
3
Em inúmeras reuniões, vários encontros, contato
pessoal, surge sempre como tema e preocupação principal,
a importância da engenharia e seu ensino. O Brasil está acos-
tumado, na maioria das vezes, às soluções precipitadas,
cobra-se um planejamento adequado e a necessária colabo-
ração de quem é capaz de proporcionar o alinhamento das
ideias e ações prioritárias. Sente-se o dilema de como en-
frentar o desenvolvimento nacional sem a in-
dispensável qualificação dos profissionais
requisitados, face ao abandono cercando sua
formação.
Coloca-se em foco o ensino da en-
genharia, vítima de um processo de deterio-
ração por vários fatores conjugados, entre
eles, o desequilíbrio de uma formação inicial
das mentes infantis, no ensino primário, em
que os professores no mais das vezes, mal
pagos e mal preparados se debatem com a
falta de normas e orientações pedagógicas a
preparar uma base suficiente ao avanço no
terreno do conhecimento em crescente mul-
tidão de crianças. Desta forma, vinda dos cur-
sos secundários com as mesmas distorções, as
universidades recebem uma juventude desconectada, sem os
alicerces próprios à construção do saber aplicável ao pro-
cesso desenvolvimentista. Arriscam aí a sua estabilidade e
conceito, obrigando as empresas a se transformarem em cen-
tros de adequação e preparo dos neos-engenheiros que
preencherão o plantel de colaboradores. Infelizmente, no
Brasil, pela ineficiência do poder público, a educação brasi-
leira abandonou muitas vezes a missão pelo negócio e o
lucro suplantou o aluno como objetivo final.
Outrossim, profissionais altamente qualificados se
afastam dos seus postos de anos de luta, seja em órgãos pú-
blicos ou nas empresas privadas, onde não se proporcionam
oportunidades ou atrativos de transferir sua experiência aos
que estão chegando, muitas vezes inabilitados a uma sequên-
cia lógica de sucessão na linha de frente das expansões e in-
vestimentos a que o Brasil não pode se furtar. Ressalto ainda,
o perigo de nos sujeitarmos às tecnologias impostas por paí-
ses que seriamente cuidam de formar seus jovens e amparar
decisivamente a carreira daqueles que contribuíram para sua
liderança na comunidade das nações.
Na busca voraz de atender às oportunidades de trabalho, ca-
minha-se para uma formação profissional quase, diríamos, "a
toque de caixa", encurtando os cursos e matérias para mais
rapidamente abastecer o mercado. Desdobra-se a engenha-
ria em novas denominações buscando a figura do tecnólogo,
ignorando muitas vezes a necessidade de uma base sólida em
disciplinas aparentemente deslocadas destas titulações, mas
de importância crucial a uma visão holística que todo enge-
nheiro deve ter da amplidão que o seu saber proporciona à
mente inquiridora.
De qualquer forma, o avanço exponencial da tec-
nologia não nos permite ficarmos presos aos padrões do pas-
sado, exige inovação e criatividade para alcançarmos
métodos de aprendizado mais eficazes aos
tempos de hoje. A engenharia é movimento e
renovação permanente, lançados a partir de
conceitos e predicados fundamentais que não
se podem ignorar.
Inúmeros são os desafios que se apresen-
tam à sociedade brasileira, ou melhor, são sem-
pre os mesmos desafios, mas com novas
roupagens, e vez ou outra, açulados na execu-
ção por eventos a satisfazerem nossas vaidades
de nos equipararmos aos melhores do
mundo.
Eis que agora, o sediar uma Copa e uma
Olimpíada provoca um rebuliço financeiro e
especulativo em torno de obras que já deve-
riam existir, e se, necessário, alguns ajustes para receber este
tipo de evento. Hoje tudo gira em torno destes projetos que
não se sabe se ficarão prontos, se serão objetos de acaba-
mentos apressados, o importante é que somos o país da
Copa de 2014 para orgulho nacional e fama de um futebol
que anda perdendo o seu antigo fulgor.
Mas seja como for, se preparamos o Brasil para o
futuro ou para a Copa, uma verdade se impõe: a necessidade
de engenheiros e mão de obra auxiliar especializada para re-
solver os inúmeros problemas das obras e de uma carência
quase absoluta de infraestrutura. Somos um país que forma
cerca de 30 mil engenheiros por ano, enquanto necessitaría-
mos de 65 mil, mesmo assim permanecendo atrás de uma
Coréia com 80 mil formandos e que não tem nossa extensão
territorial, para não falar da China, que ultrapassa os 300 mil.
Necessitamos com urgência rever nossas escolas,
desde o primário, recebendo a prioridade nesta terra tão
necessitada de conhecimento aplicado, onde falar de ciên-
cia e tecnologia e de pesquisa e inovação, é como pregar
no deserto, tão tímidas são nossas reações à solução de-
sejada para ancorar o desenvolvimento industrial, a explo-
são de patentes, a exploração nativa de nossas riquezas e
sua transformação em solo pátrio, tudo aquilo que o bem
estar da sociedade pede e espera. A presença do enge-
nheiro em todas as áreas e atividades é ponto de partida
obrigatório. É hora de fortalecer e renovar o ensino da
engenharia brasileira.
Editorial | Palavra do Presidente
Márcio Damazio Trindade
Presidente da SME
HORA DA ENGENHARIA
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PRESIDENTE Márcio Damazio Trindade
VICE - PRESIDENTES
Ailton Ricaldoni Lobo
Carlos Eduardo Orsini Nunes de Lima
Décio Vaz de Mello Silveira
Délcio Antônio Duarte
José Ciro Mota
DIRETORES
Alexandre Rocha Resende
Enil Almeida Bréscia
Ildeu Olyntho de Freitas
José Henrique Diniz
José Nelson de Almeida Machado
Márcio Moreira
Nelson Fonseca Leite
Reynaldo Arthur Ramos Ferreira
Sérgio Menin Teixeira de Souza
Wilson Pereira de Almeida
CONSELHO DELIBERATIVO
Felix Ricardo Gonçalves Moutinho
Fernando Henrique Shüffner Neto
Guy Maria Villela Pascoal
Ivan Ribeiro de Oliveira
João Bosco Silva
João Ricardo Barusso Lafraia
José Luiz Gattás Hallak
Marcos Villela Sant'Anna
Marcus Rocha Duarte
Olavo Machado Júnior
Paulo Safady Simão
Ricardo Vinhas Corrêa da Silva
Shelley de Souza Carneiro
Tárcio Primo Belém Barbosa
Teodomiro Diniz Camargos
CONSELHO FISCAL
Ítalo Aurélio Gaetani
José Carlos Lisboa de Oliveira
Marcos de Vasconcelos Bastos
Werner Cançado Rohlfs
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RJP/MG 9.268
Tiragem 6 mil exemplares
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PublicaçãoSME - Sociedade Mineira de Engenheiros
Av. Álvares Cabral, 1600 3ºandar
Santo Agostinho BH/MG - CEP:30170-001
Tel. (31) 3292-3962
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Minas e
Energia
Educação e
inovação
para todos
Enchentes e
Planejamento
Urbano
8
12
Reportagem
da capa
52
Centro de
referência e excelência
em Engenharia
Ferroviária - Cengefer’’
A Engenharia
Mineira e o
PNLT
Í N D I C E
A inovação
vai inovar
no Brasil?
16
Revitalização
do Instituto
de Pesquisa
41
36
22
32
Chuveiro
o vilão da
energia
46
Engenheiro
do ano
50
6
ART | A Responsabilidade Civil do Engenheiro
ART-0086Por Patrícia Fernandes
LEMBRE-SE!
Ao preencher o campo
“entidade de classe” na ART,
escolha a SME através do có-
digo 0086. Assim, você ajuda
a SME a representar a enge-
nharia e oferecer os melhores
cursos, serviços, convênios e
produtos para você.
De acordo com a Lei Federal 6496 de
07 de dezembro de 1977, todo contrato para
prestação de serviços por engenheiro, agrô-
nomo, geógrafo e meteorologista, seja ele pro-
fissional autônomo ou com vínculo
empregatício, está sujeito à Anotação de Res-
ponsabilidade Técnica - ART.
O documento deve ser preenchido e as-
sinado pelo profissional e pelo seu contratante,
para registro no Conselho Regional de Engenha-
ria, Agronomia - CREA da região onde os servi-
ços serão executados.
Além de ser uma necessidade legal, o
profissional, ao registrar os projetos de sua au-
toria no CREA ao longo da carreira, forma um
acervo técnico de propriedade legal, reconhecido
pelas empresas na análise de seu currículo.
Parte da taxa recolhida para o registro
da ART é destinada à entidade de classe escolhida
por opção do profissional, para aplicação em pro-
jetos de valorização da profissão e do profissio-
nal e de outras atividades associadas às suas
atividades. O formulário para preenchimento dos
dados está disponível no site do CREA-MG, mas
o registro pode ser feito pela internet.
O discurso da inovação está em todos os lugares: nos go-
vernos estaduais recém-empossados, em vários ministérios
do governo federal, na Confederação Nacional das Indús-
trias (CNI) e nas federações estaduais. Mas por que esse
discurso, ou melhor, as práticas inovadoras, não mobilizam
os profissionais da educação e suas instituições?
Países desenvolvidos que já deram um salto educacional, têm
incentivado a criatividade e incrementado a capacidade de
inovar de seus estudantes e professores. Isso acontece por-
que tais nações já perceberam que estamos em uma socie-
dade do conhecimento, na qual a informação é matéria-prima
abundante que precisa ser transformada pela criatividade e
pelo espírito inovador em serviços e produtos.
No último Programa Internacional de Avaliação de Aluno
(PISA) – que mede a capacidade de leitura e o aprendizado
de estudantes de 15 anos de idade, sobre matemática e
ciências de 65 países – o Brasil ocupou a vergonhosa 53º
posição.
Numa tentativa de melhorar a educação no país, o Governo
Federal encaminhou para aprovação do Congresso o Plano
Nacional de Educação para os próximos 10 anos. Este plano
pretende fixar o investimento na área em 7% do PIB, dois
pontos percentuais acima do praticado atualmente.
O aumento é necessário. Sem educação não há mão de
obra qualificada, sem qualificação não há melhores salários.
Ou seja, sem educação e qualificação continuaremos com
sérios problemas de distribuição de renda no país.
O problema vai além, e é cíclico. Sem educação e qualifica-
ção estamos, ainda, fadados a inovar cada vez menos, mo-
8
Educação e inovação para todosPor Ronaldo Gusmão
EDUCAÇÃO | Qualificação
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vimento que reduz a competitividade
nacional. Como consequência, os salá-
rios diminuem e cresce a má distribui-
ção da renda. Voltamos, portanto, ao
início da questão.
A pesquisa de Inovação Tecnológica
(Pintec), realizada pelo IBGE (Insti-
tuto Brasileiro de Geografia e Esta-
tística) e divulgada recentemente,
mostrou que das 106,8 mil empresas
pesquisadas, 41,3 mil implementaram
um produto e/ou processo novo
entre 2006 e 2008. O percentual de empresas que
investem vem caindo ao longo das quatro edições: de
1988 a 2000, 10,29%; de 2001 a 2003, 5,8%; de 2003
a 2005, 5,5%, e de 2005 a 2008, 4,2%.
A falta de mão de obra qualificada para inovação é, cer-
tamente, um dos motivos da queda. Dos 73,265 mil pro-
fissionais que integravam o quadro das empresas que
participaram da pesquisa, apenas 10,292 mil eram pós-
graduados e 35,051 mil graduados.
As empresas de TI que vangloriam altos investimentos no
desenvolvimento de tecnologia de ponta, seguem na mesma
linha. Das 2,514 mil corporações que participaram da pes-
quisa, apenas 328 destinaram recursos a P&D, área que em-
prega somente 3,367 mil profissionais de um universo de
201 mil pessoas. Quando o assunto é qualificação, o pro-
blema fica mais evidente: menos de 10% dos empregados
que implementaram inovação, possuem pós-graduação.
Em contrapartida, a produção científica nacional,
medida pelo número de publicações científicas e
elaborada pela SCImago Jorunal & Country Rank,
cresceu nos últimos anos. O Brasil já é o 14º no
ranking mundial.
A posição é bastante positiva quando analisada isolada-
mente.Porém, é insuficiente quando pensamos que atual-
mente somos a oitava economia do mundo.
O mesmo acontece com a quantidade de patentes regis-
tradas no país. De acordo com o Instituto Nacional de
Propriedade Intelectual (Inpi), o número de patentes bra-
sileiras cresceu 75% entre 2005 e 2009, saltando de 9,643
mil para 16,878 mil. Entretanto, quando confrontados com
outros países, os dados perdem o brilho. No mesmo pe-
ríodo, a China requereu 300 mil patentes, enquanto os Es-
tados Unidos chegaram próximos de 480 mil. Embora os
números sejam positivos, os asiáticos não estão satisfeitos.
Até 2015, a China tem como objetivo requerer 1 milhão
de patentes ao ano.
Se a indústria brasileira já sofre com a ameaça dos pro-
dutos chineses, imagine como será no futuro. Imaginou?
Ótimo, agora, aja. Faça hoje, o necessário para evitar os
males de amanhã.
É necessário investir hoje, em qualificação de mão de obra,
principalmente no que diz respeito à gestão da inovação.
O brasileiro é um povo criativo, possui garra. Falta, porém,
conhecimento para transformar as ideias em projetos que
tragam resultados concretos. Educação e inovação para
todos, dos estudantes aos professores, dos empresários aos
políticos.
Ronaldo Gusmão é
presidente do Ietec e
coordenador-geral da
Conferência
Latino-Americana
sobre Sustentabilidade
(Ecolatina)
Lean
dro
Bifan
o
Escola estadual Osório de Moraes, em Minas Gerais: exemplo de qualidade de
ensino para o Brasil, que ainda está longe dos melhores do mundo
site
revi
sta
exam
e
Criado em abril de 2000, o
Instituto Horizontes é uma organiza-
ção da Sociedade Civil de Interesse
Público (Oscip), sem fins lucrativos,
formada por voluntários, entre profis-
sionais liberais, empresários, intelec-
tuais e pessoas de diversos segmentos
da sociedade, que têm procurado ofe-
recer sua contribuição ao desenvolvi-
mento planejado e sustentável da
metrópole.
Sempre que nos perguntam
o que o Instituto “faz de concreto”,
costumo responder que a principal
função do IH tem sido a de ‘articula-
dor da consciência coletiva’, bus-
cando motivar, provocar e induzir
pessoas, entidades, empresas e auto-
ridades a se movimentarem, a agirem
em favor da melhoria das condições
de vida em nossa cidade e nas que a
cercam.
Isto não significa que o Insti-
tuto tenha uma atitude passiva, de dis-
tanciamento dos problemas. Ao
contrário, a história de pouco mais de
dez anos da entidade mostra que ela
teve – e continua tendo – iniciativas
relevantes para a área metropolitana
de Belo Horizonte, sempre em parce-
rias produtivas.
Nosso trabalho começou,
por exemplo, com a elaboração de um
Diagnóstico da Grande BH, docu-
mento que é ainda hoje, possivel-
mente, o mais completo acervo de
dados sobre a região e que tem ser-
vido de base a outros estudos e pro-
jetos. Depois, o IH desenvolveu, por
demanda do governo estadual, um
alentado Plano de Ações Imediatas
(PAI) para o Vetor Norte, que orien-
tou decisões já implementadas ou em
implementação, relacionadas com o
crescimento daquela região, a partir
da construção da Cidade Administra-
tiva e da Linha Verde.
Mais recentemente, o Insti-
tuto fez estudo similar para o Vetor Sul,
o Plano de Ações Estratégicas, em par-
ceria com o empresariado daquela re-
gião, que deu origem a uma série de
iniciativas para ordenar o crescimento
sustentável da área, minimizando os
efeitos indesejáveis, envolvendo o pró-
prio empresariado, o Ministério Público,
autoridades estaduais e municipais.
Articulador daconsciência coletivaArticulador daconsciência coletiva
PLANEJAMENTO URBANO | Integração
10
Por Teodomiro Diniz Camargo - Instituto Horizontes
Vale lembrar, também, que
partiu do Instituto, em parceria
com a Fiemg, a iniciativa de elabo-
rar o estudo de requalificação do
Anel Rodoviário de Belo Hori-
zonte, para transformá-lo em Ave-
nida Metropolitana, projeto que
está prestes a ser implantado.
Neste momento, o Insti-
tuto está mergulhado na realização
do Plano de Ações Estratégicas
para o Vetor Noroeste, em busca
de um diagnóstico atualizado e de
definição de soluções consensuais
para os problemas daquela região,
que é, possivelmente a mais sofrida
de toda a RMBH.
Em todos esses projetos,
o Instituto tem contado com a
parceria de entidades, empresas e
órgãos públicos, não apenas para o
financiamento dos trabalhos, mas
principalmente para garantir que
seus estudos e suas conclusões
não sejam resultado apenas da
competência técnica de especialis-
tas – sempre desejável – mas agre-
gue também a sensibilidade do
cidadão comum, que é, ao cabo e
ao fim, o destinatário final de toda
ação voltada para a melhoria das
condições de vida em nossa ci-
dade.
Vale registrar que tem
sido grande a participação de pro-
fissionais da Engenharia em nosso
Instituto, o que torna ainda mais
pertinente nossa aproximação
com a Sociedade Mineira de Enge-
nheiros, neste momento em que
comemora mais um aniversário e
inicia uma nova etapa de sua vida.
Afinal a SME e o IH têm responsa-
bilidades comuns nisso que tenho
chamado de “articulação da cons-
ciência coletiva”, em busca de
novos e melhores tempos.
Teodomiro Diniz Camargo é engenheiro
e presidente do Conselho Deliberativo
do IH - Instituto Horizontes e da SME
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12
As recentes inundações e
deslizamentos de encostas ocorridas
na região serrana do estado do Rio de
Janeiro e no sul de Minas retomam
uma velha discussão acerca de negli-
gências da administração pública no
sentido de sua prevenção, principal-
mente no que se refere a perdas de
vidas humanas.
A gestão da drenagem ur-
bana compõe com os serviços de
abastecimento de água, esgotamento
sanitário e lixo o conjunto definido
pela Lei 11.445/07 (Lei nacional de di-
retrizes do saneamento básico) desig-
nado por saneamento básico. O mu-
nicípio é o titular e, portanto o
responsável final pelo saneamento,
mesmo que alguns destes serviços
sejam concedidos a prestadores de
serviço especializados (caso típico
dos serviços de água e esgoto).
Na própria evolução histó-
rica da gestão desses serviços, o
abastecimento de água em nosso país
sempre foi prioridade absoluta, resul-
tando na situação de um serviço pra-
ticamente universalizado. Pode-se
questionar, em alguns casos, a quali-
dade do atendimento como intermi-
tências, qualidade da água distribuída
e perdas excessivas, mas o fato é que,
com raras exceções o indicador de
cobertura é de praticamente 100%.
Já não se pode dizer o
mesmo dos serviços de esgota-
mento sanitário, em que ocorrem ra-
zoáveis níveis de cobertura de redes
coletoras, mas um constrangedor
percentual de volumes tratados. Em
Minas Gerais o índice de tratamento
está por volta de 30%, concentrado
METRÓPOLES | Planejamento Urbano
AS ENCHENTES URBANAS E Opor José Nelson de Almeida Machado
13
em grandes cidades, o que resulta
em uma infinidade de municípios
sem qualquer tratamento, gerando
graves danos aos recursos hídricos.
A prestação dos serviços de
resíduos sólidos urbanos apresenta
uma situação parecida com a de esgo-
tos. Os índices de população atendida
com a coleta atingem percentuais ele-
vados, mas a destinação final, entendida
como reciclagem ou encaminhar a um
aterro sanitário são insignificantes.
Estes três serviços de sa-
neamento impactam diretamente o
dia a dia das pessoas sendo, por isto,
mais exigidos das administrações
municipais. Além disto, dispõem de
cobertura financeira própria, ainda
que nem sempre em nível adequado
de sustentabilidade. Água e esgoto
são remunerados com base em me-
dições e tarifas e o lixo é taxado
junto com o pagamento do IPTU.
O quarto componente, a
drenagem apresenta uma maior com-
plexidade, constituindo uma das prin-
cipais fontes de vulnerabilidade urbana
e tem preocupado especialistas devido
à sua gestão inadequada, o que traz
como consequências o comprometi-
mento das fontes de abastecimento
pela contaminação dos mananciais su-
perficiais e subterrâneos; erosão e pro-
dução de sólidos; inundações urbanas,
contaminação, danos materiais e prin-
cipalmente vítimas. A drenagem ur-
bana não dispõe de fonte específica de
taxação o que inviabiliza a vários mu-
nicípios constituírem equipes técnicas
especializadas em sua gestão. Esta si-
tuação é agravada pelo fato de que as
enchentes não ocorrem todos os
PLANEJAMENTO MUNICIPAL
14
anos, o que leva ao esquecimento nos
intervalos de bonança e, convencer os
gestores públicos a priorizarem tais
serviços, torna-se frequentemente ta-
refa impossível.
A correta gestão das águas
urbanas está intrinsecamente ligada ao
uso correto do solo, que deveria se
pautar pelos planos diretores (estes
nem sempre estão disponíveis). Porém,
o que se constata na maioria das cida-
des é a proliferação de assentamentos
informais, desobedientes aos planos di-
retores; a alta densidade de ocupação
no espaço; a ocupação de áreas de
risco; e a urbanização sem infraestru-
tura sustentável, resultando em im-
pacto sobre a própria população. Essa
prática continuada leva, entre outras
consequências, ao desaparecimento
dos rios urbanos, pois a pressão e ex-
ploração do espaço fazem com que os
rios sejam cobertos ou desapareçam
(SILVÉRIO, 2008).
Inundações em Belo Horizonte
De forma geral, as inundações em
áreas urbanas podem ser resolvidas
por meio de soluções estruturais e
não estruturais. Ambas alternativas se
aplicam, isoladamente ou combinadas.
Uma solução não estrutural que pode
ser adotada para a bacia seria o con-
trole da ocupação urbana principal-
mente nas áreas próximas às
nascentes e planícies de inundações
dos cursos de água. Esse controle
pode ser feito através de mudanças
nas leis de uso e ocupação do solo
dos municípios integrantes da bacia,
por exemplo.
Devem ser providenciadas
revisões nas legislações municipais
(planos diretores, parcelamento do
solo, etc.) com o intuito de garantir a
manutenção de taxas mínimas de per-
meabilidade do solo e até mesmo a
implantação de dispositivos de com-
pensação, como por exemplo: micro-
reservatórios de detenção, trincheiras
de infiltração, pavimentos permeáveis,
entre outras técnicas alternativas.
Um outro ponto é a prepa-
ração da população para o convívio
com as enchentes com o objetivo de
prevenir mortes em decorrência das
inundações. É baseado num sistema de
detecção de chuvas, comunicação em
tempo hábil e a disponibilização de
núcleos capacitados para remover a
população das áreas afetadas.
Entre os fatores responsá-
veis pela crise neste componente é a
pouca disponibilidade financeira das
prefeituras para dar continuidade à
construção de um sistema de canali-
zações, em geral muito caro, além dos
custos inerentes à sua manutenção.
Somada a esta dificuldade tem sido
também a escassez de programas de
financiamento de obras públicas aos
METRÓPOLES | Planejamento Urbano
15
municípios por parte da União - recai
sobre as administrações municipais o
fardo mais pesado do ônus financeiro
dos custos de implantação e manuten-
ção dos sistemas de prevenção e con-
trole de inundações. O que agrava
ainda mais esta situação é o fato de os
municípios não disporem de meios de
tributação pela prestação destes ser-
viços. Assim, as prefeituras acabam
executando obras improvisadas sem
seguir um planejamento consistente.
Com a aprovação da Lei de
nº 11.445/07 foi significativamente
mudado o paradigma da participação
do governo federal nas obras de sa-
neamento. Limitação de recursos
sempre existiu, mas a disponibilidade
de um planejamento favorece a obten-
ção de recursos. Esta lei determina em
seu artigo de nº 19 a obrigatoriedade
da elaboração do Plano Municipal de
Saneamento, sendo assegurada ampla
divulgação das propostas e dos estu-
dos que as fundamentam, inclusive
com a realização de audiências ou
consultas públicas. A própria condu-
ção das etapas do plano, com as ade-
quadas audiências e consultas públicas
ensejará uma participação motivada
da sociedade de forma a reverter o
atual quadro de desinformação e de-
sinteresse. O quadro a seguir mostra
a mudança de paradigma sobre a dre-
nagem urbana.
A Prefeitura de Belo Hori-
zonte constitui um bom exemplo de
equacionamento dos problemas de
drenagem urbana. Apesar de haver o
registro de várias ocorrências de inun-
dações, existe um planejamento con-
sistente de longo prazo e um sistema
de alerta com a participação das comu-
nidades localizadas em áreas de risco.
O desenvolvimento de um
plano de drenagem incluindo sistemas
de monitoramento e alerta, constitui
um importante fator de salubridade e
de segurança das cidades. Pode, em
muitos casos não conseguir impedir as
perdas materiais, mas com certeza pre-
vine a perda de vidas como o ocorrido
no Rio de Janeiro.
José Nelson de Almeida Machado é engenheiro sani-
tarista e ambiental – Diretor da SME e consultor de
saneamento e gestão de recursos hídricos. Associado
fundador e diretor geral da Agência Executiva de
apoio à Gestão de Bacias Hidrográficas Peixe Vivo –
AGB Peixe Vivo. Membro do CBH Velhas. É consultor
na área de desenvolvimento de eficiência operacional
e sustentabilidade financeira e ambiental em siste-
mas de saneamento, gestão de recursos hídricos e
de resíduos industriais. Ex-presidente do Conselho Mu-
nicipal de Limpeza Urbana e membro do COMUSA-
Conselho Municipal de Saneamento de Belo Hori-
zonte e do CERH – Conselho Estadual de Recursos
Hídricos. Convidado pela UNESCO para participar
do Global City Water Futures Summit, em 2009 em
Delft – Holanda pelo “reconhecimento como lide-
rança no gerenciamento de águas urbanas em Belo
Horizonte. Contato: jnam@uai.com.br
16
“Conhecer é fabricar,” reafirma Piaget. (1)
Engenharia é inovação. Podemos somar ao movimento
atual de persuasão de inovação interagindo na construção.
O processo evolutivo do saber humano e do conheci-
mento para a ação é construído por Konrad Lorenz (2)
com a seguinte fundação: o que pensamos é quase sem-
pre errado, porém o que aprendemos a fazer, é quase
sempre certo.
Primeiramente formamos uma ideia, depois a confronta-
mos com a experiência e com os dados que percebemos
na nossa visão da realidade, de outros que possam cola-
borar, e concluímos se podemos avançar para as ações.
Essas comparações sucessivas entre as percepções inter-
nas e as realidades do mundo exterior é um método de
conhecimento denominado de pattern matching (mode-
lagem que vai se fazendo) por Karl Popper e Donald
Campbell. Essa cognição é encontrada em uma forma
A INOVAÇÃO VAI INOVAR NO BRASIL?
ARTIGO | Inovação
Por Jorge Raggi
1717
bem mais simples nos níveis mais inferiores dos
processos vitais ao estudar a evolução da vida.
No pensamento consciente são suposições se-
guidas de confirmações ou não. O que pensamos
ser certo e se demonstra errado pode em ou-
tras provas exigir o abandono ou criar novos
pensamentos – é a formação de hipóteses e ve-
rificações – o teste da realidade.
A hipótese é um andaime na construção do co-
nhecimento que poderá ser demolida no avanço
das ações. Quem lança uma hipótese deve agra-
decer àqueles que lhe mostram a insuficiência,
pois toda verificação consiste em provar que ela
resiste às tentativas de refutação. Cada hipótese
permite incorporar dados que podem gerar ou-
tras mais adaptáveis à realidade. A maioria de
nós, no estado consciente, ama suas hipóteses.
Um exercício doloroso, mas que nos mantém jo-
vens e saudáveis, é dedicar-se todos os dias,
como se fosse uma ginástica matinal, a se desfa-
zer de uma hipótese querida, de hábitos de pen-
samentos.
Uma hipótese obtida empiricamente de obser-
vações, de intuições, de deduções, pode se tornar
uma inovação com as experimentações e mode-
lagens que vão se adaptando à realidade. Uma das
representações do processo de inovação é Ca-
pital + Trabalho + Riscos, que se traduz em um
sistema com auto-regulação e instala um círculo
virtuoso.
Não há aplicação de capital e trabalho sem ris-
cos. “A coragem é mais necessária do que a
sorte: aquela faz nascer esta,” disse Napoleão Bo-
naparte(3). Mas como inovar no Brasil com le-
gislação trabalhista paternal e ultrapassada; um
meio ambiente onde as partes da sociedade não
se entendem; uma infraestrutura desanimante;
tributos elevados; juros altos; baixos níveis de
compreensão na escolaridade; a cultura ibérica
de leis – normas – regulamentos – portarias –
sem decisões para não comprometer os funcio-
nários (que sentem desprotegidos em suas
ações) e os órgãos públicos que não interagem.
Como inovar no Brasil com uma “selva burocrá-
tica e jurídica formada por 183 mil normas le-
gais”. Este número citado pelo deputado federal
Cândido Vaccarezza(4) é ainda reforçado quando
ele diz que “a Câmara não pode ser obstáculo às
18
reformas tributárias, previdenciárias, políticas e trabalhis-
tas”. Se ele usa a expressão “ a Câmara não pode ser obs-
táculo” posso traduzir que ainda é um obstáculo, ao invés
de ser a solução. E se, como é de nossa cultura ibérica,
as reformas que vierem piorarem aumentando a comple-
xidade e a interação de leis, normas, portarias, e as pro-
telações nas decisões?
Uma das respostas pode estar com Eliezer Batista:
“contribuir para a melhoria de nossa autoestima e mos-
trar que, unidos, temos condições de modernizar e tor-
nar o Brasil melhor e mais justo”(5). Estas palavras que
lembram as atribuídas a Tiradentes e outros notáveis,
pode, de modo inovador se transformar em realidades.
Uma proposta que possa impactar e fazer com que a
base da população sinta melhorias reais, desenvolvendo
a capacidade de confiar em si próprio, fazendo nascer,
crescer, e produzir cada vez mais.
Uma proposta aqui apresentada para alavancar a au-
toestima brasileira seria um conjunto de planos – pro-
jetos – PPP’s (Parcerias Públicas Privadas) visando,
efetivamente, mudar as condições de transportes –
urbanos, rodoviários, aeroviários e portuários. Poderia
transformar nossa BelÍndia em um país com mais res-
peito com grande parte da população, que com seu
trabalho faz o Brasil crescer. Grande parte da popula-
ção urbana viaja quatro horas por dia, toma quatro lo-
tações, trabalha mais de oito horas, vivendo em altos
níveis de estresses para construir, limpar nossas cida-
des, constituindo uma escravidão moderna que parece
não ter fim.
Seria uma inovação de grande impacto na qualidade de
vida e na autoestima de todos nós brasileiros tornar o
transporte ágil, confortável, para criar novas condições
de trabalho.
Criar um espírito de corpo inovador em grande parte da
população, acabando com estas senzalas distantes , mas
muito mais reais que as antigas na época da escravidão.
Acabando com vários brasis dentro de um Brasil, como
foi a tomada do alto do Complexo do Alemão, RJ, no dia
28 de novembro de 2010 e fincada a bandeira brasileira
como se lá não fosse território do país. Ao invés de uma
luta insana de tentar tornamos todos iguais – o que não
é humano – dar mais oportunidades a todos.
Um processo inovador visando melhoria de autoestima de
grande parte da população pode ter efeitos multiplicadores
desenvolvendo pessoas mais saudáveis, mais criativas, no am-
biente de trabalho de todos nós. A proposta da moderniza-
ção dos transportes pode ter o sucesso que obtivemos como
o que criamos para sair do círculo destrutivo da inflação, com
muita vontade política, vários erros, vindo a acertar com o
Plano Real. Pode balizar Planos Inovadores de Transportes.
Talvez nos transportes está um fio condutor de impactos em
inovações no Brasil. O atual sistema de transportes, enges-
sado, tem muitos beneficiários. Inová-lo vai significar muitas
lutas. Mas se atuarmos em uma frente que pode criar um es-
pírito de corpo no desenvolvimento e na qualidade de vida
geraria uma cultura capaz de alterar o que temos de ibérico
– ao invés da ação com riscos, fazemos leis, normas e porta-
rias, que vão depender de regulamentações, aceitações, e prá-
ticas que nunca serão transformadas em ações.
ARTIGO | Inovação
As bases históricas da inovação podem ensinar muito o
como fazer. Maquiavel, cap. VI, escreveu em “O Príncipe” :
“Deve-se ter em conta que não há nada mais difícil de
ser realizado, nem de sucesso mais duvidoso, nem de
maior perigo e manejo, do que o estabelecimento de
grandes inovações, pois o legislador tem por inimigos a
todos aqueles que viviam bem no regime anterior, e só
encontra tímidos defensores entre os favorecidos com o
novo. Timidez é produto, em parte, do medo dos adver-
sários favorecidos pelas antigas leis e, pela natural incre-
dulidade dos homens que não estão convencidos de que
uma coisa nova seja boa até que a experiência o prove.
Isto faz com que os adversários de inovações formem
um partido para combatê-las na ocasião propícia e, os
que as defendem o fazem francamente, de forma que uns
e outros representam um perigo para o novo regime.”
“Para se tratar a questão a fundo, é preciso ver se os
inovadores o são por iniciativa própria ou se tem que
os apóie, isto é, se, para realizar sua empresa precisam
apelar para a persuasão ou se podem empregar a
força, pois no primeiro dos casos, sempre fracassam
sem conseguir nada.” A força citada por Maquiavel era
militar. Hoje se traduz, além desta, por poder finan-
ceiro, político, da imprensa, da internet, e a mais im-
portante, grande mobilização da sociedade para inovar.
A inovação vai inovar no Brasil? – A resposta dependerá
se substituirmos a cultura ibérica – de leis, normas, re-
gulamentos, portarias, que significa também falta de co-
ragem – por ações. Uma inovação desta pode gerar
outras inovações de vulto.
Jorge Raggi, engenheiro geólogo, diretor da Geoconomica Minas
(www.geoconomica.com.br) com atuação na área mineral, industrial e
ambiental. Foi professor de engenharia de produção na Escola de
Minas de Ouro Preto, (UFOP), e na Universidade Federal de Minas Ge-
rais,(UFMG). Representou o Brasil no seminário de Proteção Ambiental,
na cidade de Yalta, Ucrânia, convidado pela ONU. Possui várias publica-
ções na área de engenharia de produção e ambiental. Autor do livro
“Perícias Ambientais: Solução de Controvérsias e Estudos de Casos”, da
Qualitymark, RJ, e do livro “Talento & Oportunidades”, da E-Papers, RJ.
REFERÊNCIAS
(1) – Jean Piaget em seu livro “Sabedoria e Ilusões da Filosofia”, Ed. Abril,
SP, 1975, pág. 308, citando o filósofo francês Jacques Maritan.
(2) – K. Lorenz em “Oito Pecados Mortais do Homem Civilizado”, Ed.
Brasiliense, SP, 1988, pág. 86-91.
(3) – Maquiavel em “O Príncipe” – Anotado por Napoleão Bonaparte,
Ed. Rio, 1979, pág. 35.
(4) – Revista Veja, 08/12/2010, “Entrevista”, Ed. Abril, SP, pág. 24.
(5) – Eliezer Batista em comunicação pessoal, 05/03/2009
20
Novas ideias, ação e produtividade são palavras cha-
ves quando se trata de inovação. Em meio um cená-
rio competitivo, inovar é questão de sobrevivência.
É ter capacidade de promover avanços, competir e
se manter, de forma sustentável, no mercado.
Embora esse discurso pareça primário e monótono,
muitos confundem inovação com ideia, com o dis-
cursivo. Apenas ter ideias não é inovar, para isto se
faz necessário conhecimento (ação e produtivi-
dade).
“...A verdadeira sabedoria das nações é a experiência”
(Napoleão Bonaparte). Brilhante!! Experiência é ter
conhecimento, agir, analisar e ter resultado e isso é ser
sábio.
Inovar é nada mais nada menos que novidade e reno-
vação, ou seja, mudança. Sendo esta significando sair de
um estado de conforto, traduz um fator inibidor da ino-
vação. Apresenta custos, riscos, capacidade de absorção
de novas ideias e disponibilidade de recursos humanos.
É fator inibidor em um perfil de sociedade que vive
Inovação
ARTIGO | Inovação
21
sobre normas e regras conflitantes, criadas e modifica-
das a uma velocidade que o medo de inovar aumenta
exponencialmente.
A (regra da) lei é que garante o funcionamento do sis-
tema de inovação em países com tal característica,
sendo que no Brasil há 18 mil normas legais e a cada
dia útil são editadas 46 normas tributárias (IBPT) o sis-
tema não funciona, ele é amedrontado pela vulnerabili-
dade da interpretação de tantas leis. E essa é a grande
armadilha que protege a incompetência na ação. Logo,
com esta “camisa de força” não há confiança, sem con-
fiança não há aposta, sem aposta não há inovação.
Somos ruins em inovação, ruins pois nos entregamos a
neurose da mudança e da condenação. Medo brasileiro de
assumir responsabilidades, responder por um ato, agir.
Mantemos em nossos discursos exemplares e primorosos
a ideia de inovar, mas como dito a ideia, apenas a ideia. Tra-
duzindo, agimos não como falamos, somente falamos.
E aquela grande dúvida: “Então como inovar? Como
inovar sem enforcar-se em meio tantas normas, regras
e tributações?”
Se conseguíssemos passar por reformas tributárias, pre-
videnciárias, trabalhistas, ambientais e lutar contras os
juros elevados, conseguiríamos alterar o que temos de
ibérico –“entraríamos em um modelo mais livre de tan-
tas leis e normas e com mais ações que daria início ao
processo que é inovar”. - Sendo assim, bem-vindo a era
da inovação!
Como exemplo, falar de inovação é falar do sistema de
transporte brasileiro ou melhor, falar de ausência e ne-
cessidade de inovação. Assunto que é de conhecimento,
porém faz parte apenas de um discernimento ilustre sendo
sua ação contraditória ou inexistente.
Um sistema falho e paralisado onde trabalhadores se
tornaram escravos do mesmo, permanecendo sob seu
domínio durante horas do dia e onde a economia sofre
perdas devidas sua infraestrutura. Alterações que ape-
nas mascaram as lacunas daqueles que são prejudicados
e esgotados pelo seu uso (direto ou indireto). Nada de
inovação! Inovar é modificar e ter resultado dentro de
um contexto onde os personagens do sistema sintam
os impactos positivos dessa renovação.
O potencial inovador está naqueles que enxergarem e
alcançarem além de seus passos, assim como observar
ao seu redor as coisas sem preconceitos, sem limita-
ções e sem formulários. Como disse Steven Jobs, cria-
tivo e inovador do século 21, “É maravilhoso ter uma
mente aprendiz ... Uma mente aprendiz vê as coisas
como são.”
Como motivação, revelo que agir não é ideia atual. “Ho-
mens de ação” já se mostraram eficientes a muitos. A
história nos conta que “Napoleão aceitou o desafio de
conquistar a Itália em condições desfavoráveis, embora
ninguém,somente ele, acreditasse em sua estratégia. No
entanto, ele conseguiu transformar homens corrompi-
dos e abomináveis em um exército com espírito de
corpo, que enfrentava qualquer revés.”
Este ar tigo foi elaborado por Vanessa Werneck Bartoli Pires
(nessaawerneck@hotmail.com), graduando em Engenharia de
Agronegócios da UFF – Universidade Federal Fluminense, a
partir do texto de Jorge Raggi.
Alimento é indispensável à vida. Energia é indispensável
ao desenvolvimento. Trabalhamos para um desenvolvi-
mento viável, sustentável com avanço social. Energia é
insumo básico e sua falta teria efeitos catastróficos.
Qual a contribuição da energia em Minas Gerais?
Minas tem participação entre 9,5% e 10% no Produto
Interno Bruto (PIB) brasileiro, utilizando entre
14% e 15% da energia do país, em economia energia-
intensiva.
Os energéticos representam 7,5% do Pib brasileiro e 9,5%
do mineiro.
A Matriz mineira hoje é composta da seguinte forma:
petróleo e gás, 32%; lenha, 26%, cana, 13%, biodiesel, 1%,
carvão mineral, 14%; energia hidráulica, 14%, 54% são
energias renováveis.
A energia importada passou de 20% do total em 1985,
para 51% em 2009. Minas utiliza 14% do diesel do país em
sua extensa malha rodoviária, interligando diversos estados.
22
Minas | Cenário da energia
MINAS E ENERGIA Um Panorama da energia em Minas
Por João Camilo Penna e Paulo Sérgio Ribeiro
23
O governo federal
age através da Aneel,
agência reguladora do setor elé-
trico, e da EPE, empresa de planejamento
do setor, e de modo direto através da Eletrobrás
e de suas subsidiárias. A expansão do setor de ge-
ração e transmissão por concessionárias públicas e
privadas, se dá através de leilões pela menor tarifa,
e existe cuidados especiais com o meio ambiente.
O 23º BEEMG 2008 (Balanço Energético do Es-
tado de Minas Gerais), importante documento
editado pela Secretaria de Desenvolvimento, in-
forma sobre a evolução da quantidade de uso dos
diversos energéticos, notando- se que eles têm
uso específico, gasolina, etanol e diesel para
transporte, carvão para metalurgia, eletricidade
para iluminação e motores, entre outros.
O setor industrial consome 62,5% da energia no Es-
tado em siderúrgicas, cimenteiras, mineradoras, em
um conjunto eletro-intensivo.
Nos próximos anos, haverá diversificação da ma-
triz. Na oferta, haverá maior utilização de bagaço
de cana, carvão vegetal, resíduos sólidos urbanos,
gás natural, energia eólica, do que no consumo
com produção menos energia intensiva. A de-
manda de energia crescerá de 10% a 15% mais
que o PIB, caso a economia ainda permaneça com
o uso de energia intensiva.
A produção de energia em Minas atende a me-
tade do consumo. A busca de energia fora e in-
dústrias energia-intensivas têm sido viáveis. A
crescente produção de álcool, carvão vegetal e
biodiesel cria empregos no campo, um avanço so-
cial. Elevação de preços, onerados por transporte
ou transmissão, criam oportunidades sustentáveis
e competitivas para a produção local de energia
e recomendam indústrias menos energia-inten-
sivas ao fabricar produtos finais. Empresários
terão mais resultados ao diversificar e verticalizar
sua produção para produtos finais, estes são
anunciantes e Minas terá a simpatia da mídia.
Em Abril 2010, o Ciemg-Fiemg lançou o programa
Minas Sustentável, ousado e moderno, que abre ca-
minho para um trabalho nacional a ser liderado pela
nova CNI (Confederação Nacional da Indústria).
23
24
COMPETIÇÃO DERIVA DE
COMPETÊNCIA
Bons empresários conduzem a
produção para ser competitiva e
sustentável, o que resultará da pro-
dutividade da empresa, qualidade
do produto e custos até o compra-
dor, onerados pelo “Custo Brasil”,
que parte dos governos.
O Brasil compete com ricos e com
países grandes e pobres, como a China,
aqui e em terceiros mercados.
O nosso governo coleta impostos
altos, adota juros altos no combate à
inflação, que resulta em abusos fiscais,
atrai dólares, valoriza o real, empresas
perdem competitividade, a China faz o
contrário e ganha o jogo. É premente
que o governo brasileiro adote políti-
cas competitivas e mude a ênfase de
política monetária para fiscal, reduzindo
despesas e tributos. Para enfrentar as
estratégias da China, o melhor é adap-
tar-se a elas e mudar as regras do jogo,
cabendo inclusive forte esforço de
barreiras não-tarifárias. No grande co-
mércio Brasil-China, esta importa
matérias- primas e exporta manufa-
turados, não compra estes do Brasil,-
como os Estados Unidos o fazem. A
China investe aqui para produzir
matériasprimas e ou para comprar
empresas existentes. Cuidado com o
contrabando, que entra por várias for-
mas e portas e atenção ao problema
de empresas estatais chinesas compra-
rem terras no Brasil.
No governo, e em empresas mineiras,
há base forte, vontade, modernidade
e capacidade para competir. Há um
importante parque industrial, avanço
no agronegócio e em serviços e
grande presença exportadora. Em
Belo Horizonte estão ótimas escolas
de gestão, Fundação Dom Cabral,
(sexta no mundo, Financial Times,
2010) e INDG Falconi, com centenas
de clientes aqui e no exterior).
CONSERVAÇÃO
Conservar, o mesmo benefício para
menor uso de energia, custa menos
que a energia equivalente. Em exem-
plo, o Inmetro etiquetou consumos
específicos e eletroeletrônicos,
orientando o comprador. Vamos
conservar energia?
A Cemig criou a “eficiência”, para re-
duzir custos com energia. A revista
Economia e Energia e o Instituto Na-
cional de Eficiência Energética reali-
zam trabalhos correlatos e a Fiemg
(Federação das Indústrias de Minas
Gerais) publicou em 2009, um notá-
vel estudo sobre conservação.
De avaliações da EPE, há um poten-
cial de conservação de energia de
10% e espera-se financiamentos a
juros menores e incentivos tributá-
rios para que se alcance esta eficiên-
cia a curto prazo.
O governo mineiro em 2010, em
conjunto com a Cemig, iniciou pro-
grama de doação para entidades so-
ciais de geladeiras, chuveiros e
lâmpadas de maior eficiência.
ENERGÉTICOS
PETRÓLEO
Energia suja. Minas usa 9,5% do pe-
tróleo e gás e 13% do diesel no
país. É competitiva e necessária a
ampliação da Refinaria Gabriel Pas-
sos, com produção estabilizada em
24 mil m3/dia, desde 1990. 0 go-
verno mineiro trabalha para que a
Petrobrás aumente seus investi-
mentos no Estado. Estradas com
melhores traçados e pisos, e cida-
des com melhores malhas reduzi-
rão o consumo de combustíveis.
A Petrobrás com o “Economizar”,
reduziu o consumo em 14% no es-
tado do Rio. Estuda-se o mesmo
projeto entre o governo mineiro, a
Confederação Nacional de Trans-
portes e o Conpet.
Minas | Cenário da energia
25
GÁS - Energia clara
O gás natural responde por 2,5% da
energia primária do Estado e por
9,6% no país. A Gasmig passa de 407
km de gasodutos para 1049 km, de 2
milhões m3/dia para 9 milhões
m3/dia, atende a Região Metropoli-
tana de BH, (terminou em 200 o
ramal Jacutinga - Poços de Caldas),
ao Sul de Minas e atenderá logo ao
Vale do Aço e a Governador Valadares.
É previsto que em 2025 o gás deverá
responder por mais de 10% da
oferta de eletricidade no Estado.
Hoje estão atendidos 270 clientes
industriais, além de fornecimento às
usinas de Ibirité e Juiz de Fora. A
Gasmig prepara-se para fornecer gás
a consumo residencial, elaborando
projeto piloto para o bairro Cidade
Nova, em Belo Horizonte.
O atendimento ao Triângulo será
construído pela Cemig, ligando o
Triângulo ao gasoduto Bolívia – Brasil.
Foi iniciado em 2010, o programa de
pesquisa de gás na bacia sedimentar
do rio São Francisco, em Minas, nas
proximidades do rio Indaiá, pelo
consórcio Codemig-Orteng-Delp.
A Cemig, Petrobras, Shell, e outras
também conduzem pesquisas ali.
BIO MASSA - Energia verde e limpa
LENHA
De lenha e derivados, em 2009,
Minas utilizou 36% do consumo
total do país, com 26% da demanda
energética, em queda do consumo
estadual.
Em 2008, Minas plantou 137mil hec-
tares e o Brasil, 152 mil. Com 1,160
milhão de hectares de plantações em
Minas, 23% do país em 2020, estará
consumindo carvão destas florestas.
Hoje, 38 milhões de MDC de car-
vão produzem gusa de valor. Uma
tonelada de gusa vegetal evita emis-
são de três de carbono. Além da co-
geração de energia elétrica usando
resíduos dos setores siderúrgico,
agrícola, moveleiro, celulose, entre
outros, há possibilidade de construir
pequenas centrais térmicas a partir
das florestas plantadas, evitando o
grande consumo de carvão de mata
nativa que ainda representa 42% do
carvão consumido no Estado. Minas
busca carvão em Tocantins, Goiás e
Bahia.
A Acesita vai usar carvão vegetal.
Usinas utiliza gases para produzir
energia.
ÁLCOOL ( ETANOL)
Notável a inovação, o carro a álcool
foi o primeiro veículo no mundo mo-
vido por combustível não derivado de
petróleo. Reduz em 75% a emissão de
CO2 ao substituir a gasolina.
O Programa partiu da antiga compe-
tência brasileira na cana e nas usinas
de açúcar, docemente descrita em
Cultura e Opulência do Brasil, Antonil
- (Itatiaia,BH).O presidente Figueiredo,
em 1979 decidiu: “ Metas audaciosas para
o Pró-Álcool!” Foram fixadas em 170 mil
barris/dia de álcool, equivalente a produ-
ção de petróleo na época. Passou-se da
mistura para a operação do carro a ál-
cool hidratado, novas bombas, novo sis-
tema de tancagem e distribuição, busca
de confiança no carro a álcool. A com-
petição com a gasolina acontece com
o petróleo em torno de US$ 50/barril.
Além de crescente produtividade nos
canaviais e nas usinas, o MIC lançou um
programa de eficiência dos combustí-
veis, o “Escolha Certo – Gaste Menos”.
Os carros rodam à gasolina com 20-
25% de álcool, e o flex com álcool ou
gasolina, com menor eficiência pois foi
projetado para combustíveis alternati-
vos. O carro a álcool hidratado, com
maior eficiência, voltará.
26
O carro elétrico usa baterias
muito caras para mais autonomia e
só será competitivo para pequenas
distâncias, como pátio de fábricas,
por exemplo.
A cana de açúcar gera 16,5% da ener-
gia no Brasil, supera a hidroelétrica ao
produzir com sinergia álcool e ba-
gaço para energia, competitiva, distri-
buída, produzida na seca, renovável,
rápida implantação, pouco vulnerável
a crises. A energia elétrica da queima
do bagaço superará Itaipu e crescerá,
na medida em que crescem a produ-
ção de açúcar e álcool para o mer-
cado interno e exportação. Logo
atingirá 15% desta energia no Brasil.
Destacam-se a Embrapa e laborató-
rios, como na Copersucar. A Única
reúne produtores e realiza estudos, li-
derada por Marcos Jank.
A produção do álcool, 30 bilhões
de litros em 2010, ocupa 8% da
área plantada no país, em terras de-
gradadas ou liberadas por confina-
mento e 2,2% do potencial para
lavouras. Sua fatia no PIB nacional
e sua produtividade crescerão.
Minas utiliza 10% da gasolina-álcool do
Brasil, produz 8% do álcool, crescentes,
alterna com o Paraná a segunda pro-
dução, e em 2002 com 8% da produ-
ção paulista, passou em 2009 a 14%.
Quarenta e três usinas em 2009 pro-
duziram 2,3 bilhões de litros. A previ-
são é de mais 20 usinas em Minas até
2013, o que representa mais 4 bilhões
de litros, investimentos de US$ 3,5
bilhões e 50 mil empregos, a maior
parte no Triângulo Mineiro. Até 2015
as 55 usinas de álcool em Minas pode-
rão gerar mais de 2 mil mw.
A Secretaria de Desenvolvimento es-
timula destilarias e identifica com a Se-
cretaria da Agricultura, áreas próprias
para cana. Na safra 2008, foram pro-
cessadas no Estado 44 milhões de to-
neladas de cana, produzindo 2,1 bilhões
de litros de etanol, para consumo mi-
neiro de 1,1 bilhão de litros. O BDMG
é importante financiador do programa,
junto com o BNDES.
O Álcool anidro será energético
brasileiro exportável, quase sem li-
mites para mistura antipoluição.
Protocolo para “Fim da Queima” até
2014 foi assinado entre o Governo
e o Sindicato de açúcar e álcool de
Minas, presidido Dr. Luis Custodio
Martins líder nacional atuante.
A exemplo do programa Minas -
PCHs, Pequenas Centrais Elétricas, do
governo estadual, é estratégica a cria-
ção de um programa Minas Co-gera-
ção, em acordos de acionistas entre a
Cemig e ou a Petrobras com os pro-
dutores de açúcar e álcool. A Cemig
mantém permanente contato com os
usineiros, inclusive para solução do
acesso das usinas ao sistema elétrico.
BIODIESEL
Com tecnologia em evolução, o bio-
diesel exige subsídios. Pode ser adi-
cionado ao diesel de petróleo em
qualquer proporção.
O consumo brasileiro de diesel é de
40 bilhões ao ano, sendo 10 bilhões im-
portados. O diesel gera 17% da energia
do Brasil. Minas usa 13% do diesel do
país. Seu custo em 2009 varia de
R$ 0,90/l no Norte a R$ 1,42/l, no Sul.
Produzido de soja, amendoim, ma-
mona, dendê, pinhão manso, e sebo
- é renovável, biodegradável, neutro
em emissões. Sua viabilidade cres-
cerá com resultados de pesquisas
para variedades agrícolas com maior
produtividade. Sua produção par-
tindo de óleo de fritura e de sebo
animal merece atenção.
Em mistura compulsória, hoje a 3%,
a meta é atingir 5% até 2012, cor-
respondendo a 0,85% da energia do
país. A Petrobras produz 290 mi-
lhões/ano, inclusive em Montes Cla-
ros. A BR e a mineira ALE são
distribuidores. A Malásia produz
120 vezes mais que o Brasil.
Minas | Cenário da energia
27
ENERGIA SOLAR / TÉRMICA
Energia limpa
Cerca de 2,5 mil edifícios em BH pos-
suem aquecedores solares para água,
reduzindo a ponta de carga dos chu-
veiros elétricos, vilões da história. BH
é a capital brasileira neste campo.
Impõe-se um amplo programa para os
projetos públicos de casas populares.
ENERGIA HIDROELÉTRICA
Energia azul
A capacidade hidroelétrica do país
supera 80 mil mw. As térmicas che-
gam a 26 mil mw, inclusive a bagaço
perto de 7 mil mw, e eólicas 700 mw.
Por dificuldades ambientais, térmicas e
eólicas têm deslocado hidroelétricas
de menor custo.
A hidrelétrica gera energia firme e se-
cundária, as térmicas entram na seca.
O artigo 23 da Constituição fixa com-
petências comuns entre os federados,
entre elas o meio ambiente, e ordena
Lei para cooperação entre as partes.
Em 21 anos sem esta Lei houve re-
tardo de aprovações para hidrelétri-
cas levando às térmicas. Em 2009, a
Câmara aprovou projeto a respeito,
aguarda-se o Senado.
CARVÃO MINERAL
Energia suja
Minas participa com 35% do car-
vão metalúrgico no Brasil e 10%
do energético, totalizando 13,2%
da energia em Minas. Gases dos
alto-fornos têm potencial para
gerar 8% da demanda total de
energia no Estado, o setor con-
some 70% dele, 30% perdidos.
Impõe-se realizar acordos entre
os atores envolvidos para anular
este desperdício.
A competitividade das siderúrgicas
no Vale do Aço e na faixa Belo Ho-
rizonte – Rio, desmente que só
usinas litorâneas seriam competi-
tivas. É de 470 mw o potencial de
instalação de usinas geradoras no
topo dos fornos.
MINAS GERAIS
A capacidade total no Estado e em
suas fronteiras, enviando energia
para fora, é de 18.960 mw, dos quais
cerca de 200mw térmicos, auto-
produtores e Pchs. A capacidade da
Cemig é próxima a 7 mil mw, acres-
cida por energia comprada. cons-
troem-se PCHs, até 30mw,- que em
Minas totalizam 1 mil mw,- e após
leilões, projetos hidroelétricos,
térmicas e eólicas.
A EPE realizou leilão em junho do
ano passado de 13 usinas para 4,7
mil mw, no Norte e uma em Santa
Catarina, o Sudeste quase todo
utilizado.
A Secretaria de Desenvolvimento
avaliou o potencial de 4 mil mw em
usinas médias e 3,7 mil mw em
PCHs, que será reduzido por ra-
zões econômicas e ambientais.
PCHs subsidiadas e financiáveis
pelo BNDES, geram energia mais
cara do que centrais médias, mas
competem com térmicas e eólicas.
O governo lançou o programa
Minas PCHs, com potencial acu-
mulado em mil mw, para trabalho
conjunto com a Cemig, com R$ 2
bilhões em investimentos priva-
dos. Está em operação a usina Ca-
choeirão, no rio Manhuaçu, com
27 mw e Pipoca com 20 mw em
conclusão.
28
Minas tem grande participação na in-
dústria eletroeletrônica do país. A
Abinee-MG, presidida por Ailton
Ricaldoni Lobo, reúne empresas de
eletroeletrônicos da Grande BH,
de Santa Rita do Sapucaí-Itajubá e
de outras regiões. Nansen Araújo,
Stefan Salej, Robson Andrade e
Olavo Machado, sucessivos presi-
dentes da Fiemg, são do setor.
EÓLICA
Energia limpa das ventanias
A Cemig-D operou a primeira
usina eólica no país, em Morro
do Camelinho, Diamantina, em
1994. Nos últimos 10 anos, a
energia eólica usada no mundo
cresceu a cerca de 30% ao ano. A
Cemig publicou em 2010 o
“Mapa Eólico de Minas Gerais,
Schubert,” - um potencial de 90
mil gwh/ano, a mil metros de al-
tura das hélices, de mais produ-
ção na seca. O programa será
objeto também de empresários
privados. A unidade eólica terá 3
mw, na atual tecnologia.
A Secretaria de Desenvolvimento
coordena a fabricação destes con-
juntos no Estado. Esta energia
ainda relativamente cara, recebe
subsídios do Proinfa, Programa de
Incentivo às Fontes Alternativas de
Energia Elétrica
CONCESSIONÁRIAS
EM MINAS
A Companhia Energética de
Minas Gerais, controlada pelo Es-
tado de Minas, têm ações nas Bol-
sas de São Paulo, Nova York e
Madri, 23% das ações são do
setor público, 35% do privado in-
terno e 42% do externo. Con-
quistou o índice “Dow Jones
sustentability.” A diretoria profis-
sional exerce gestão corporativa
e coordena equipe de alta quali-
dade e os interesses das partes.
A Cemig atende a 774 municípios,
com 10,8 milhões de consumido-
res. A capacidade é de 6,560
mw, valor equivalente a R$18
bilhões. Seu Plano Diretor visa
reduzir o problema de débito
do Estado de Minas, resultante
de conta de resultados a com-
pensar. Busca aumento do lucro
com participações e compras
de empresas do ramo, retendo
65% dos dividendos devidos ao
Estado.
Visa ser uma das duas maiores em-
presas de energia do Brasil. Com
12% na geração do país em 1980,
hoje 7%, e comprando 16% da
energia de Itaipu, a Cemig disputa
leilões e constrói usinas. Busca
mais produtividade e menores ta-
rifas, hoje agravadas por alta tribu-
tação, dispersão, consumidores
pequenos e tarifas sociais. O nú-
mero de empregados está há anos
em torno de 10,5 mil.
É a maior comerciante de energia
bruta do país, com 25% do mer-
cado. A Força e Luz Cataguazes-
Leopoldina atende 66 municípios
em Minas, e atua no Nordeste. Em
linha com Cataguases, a empresa
tem atividade cultural. Em linha
com a tradição técnica, desenvol-
veu capacidade em PCHs. Seus 105
anos são exemplo da concessioná-
ria privada que exerce bem os ser-
viços públicos.
O Departamento de energia de
Poços de Caldas é concessionário
municipal. A Bragantina atende a
10 municípios e a Luz e Força de
Mococa atende a três.
Na área privada, empresários
constroem PCHs e o Programa de
aquecimento de água por calor
solar é o mais avançado no Brasil.
Minas | Cenário da energia
29
PREÇOS DA ENERGIA
Os custos do mw/h para hidrelétri-
cas, são da ordem de R$70 para
grandes centrais, R$ 130 para PCH
(Pequena Central Hidrelétrica);
R$140 corresponde ao bagaço;
R$150 são as eólicas; R$160 térmi-
cas a gás; R$ 450 a óleo, R$700 a
diesel, R$200 e a nuclear, R$180.
Resultam de investimentos, câmbio,
juros e impostos, e acrescente-se cus-
tos de longa transmissão, distribuição
em áreas de baixa densidade e encar-
gos. O governo, com o Proinfa, incen-
tiva PCHs e eólicas. As empresas da
União trabalham com remuneração
baixa, o BNDES não financia o setor
publico. Leilões atraem empresários
e concessionárias. O BNDES financia
80% a 30% ao ano, juros baixos. E
surge uma nova Eletrobrás na coor-
denação e busca de sinergia entre
subsidiarias.
Regulamentado o Art. 23 da Consti-
tuição, - projeto de lei aprovado na
Câmara em 2009, aguarda o Senado,
- que trará ordem e racionalidade ao
licenciamento ambiental ao definir
quem faz o que - com política econô-
mica sadia e juros menores, as hidre-
létricas serão mais presentes e fortes.
Fontes de menor custo unitário estão
sendo esgotadas. Há grande potencial
de usinas na Amazônia, longínquas, que
geram muito na chuva, pouco na seca.
Serão reguladas por térmicas ou eóli-
cas. As térmicas, de menor investi-
mento, têm custos operacionais altos.
A produção de energia elétrica com-
petitiva pela queima do bagaço,
cresce à medida que crescem o con-
sumo interno de açúcar, a produção
de álcool pelo aumento da frota e
o mercado externo para álcool ani-
dro e açúcar. Logo atingirá 15% da
energia elétrica no pais, crescente,
prevendo-se produção de 10 mil
mw sazonais, antes de 2020.
Para “importar” menos energia, o
governo de Minas estimulará no
Estado a conservação, construção de
usinas medias e Pchs, produção de
álcool, carvão vegetal, biodiesel,
eólica e aquecimento solar.
A tributação de energia atinge 36%
do total de ICMS em Minas. De fácil
operação, e blindada contra sonega-
ção, esta carga afasta investidores,
onera consumidores. Na residência
o tributo sobre energia elétrica pesa
40%, há subsídios para 2,4 milhões
de pequenos consumidores em 6,6
milhões. Em 2010, o governo mi-
neiro reduziu, a partir de 1 de ja-
neiro deste ano, o ICMS sobre
álcool, de 25 para 22%, e aumentou
o da gasolina para 27%.
O governo de Minas com o choque
de gestão obteve mais eficácia e efi-
ciência na máquina pública, apli-
cando medidas eficazes como a
redução do ICMS para o álcool.
Estudaremos para conhecer melhor
este fascinante mundo em que nas-
cemos e trabalharemos para tornar
melhor este estranho mundo em
que vivemos. Com alegria e energia,
vamos em frente!
Paulo Sérgio Ribeiro, Secretário
Adjunto de desenvolvimento de
Minas Gerais e do Conselho de
Administração da Cemig.
João Camilo Penna, do
Conselho de Administração
da Cemig e do Conselho
Consultivo da Eletrobrás.
O livro “História da Evolução da
Engenharia” do mineiro Geraldo Dirceu
Oliveira, conta a história da construção
das grandes pirâmides egípcias ao le-
gado dos sumerianos, passando pelas
civilizações grega a romana, até che-
gar à Idade Média e à Contemporâ-
nea. Em relação à engenharia brasileira, o
escritor destaca a construção da Estrada Real e das cidades
do Ciclo do Ouro, especialmente em Minas Gerais. O autor tam-
bém fala do importante papel desempenhado pela Escola de
Minas de Ouro Preto. Dirceu Oliveira é engenheiro civil, inte-
grante do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais e
coordenador da Comissão Técnica de Transportes da SME.
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A Sociedade Mineira de Engenhei-
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31
SME VISITA ESCOLA DE ENGENHARIA
Frases
O mundo é um lugar peri-goso de se viver, não porcausa daqueles que fazem omal, mas sim por causa da-queles que observam e dei-xam o mal acontecer.
Albert Einstein
"Inventar é imaginar oque ninguém pensou; éacreditar no que ninguémjurou; é arriscar o queninguém ousou; é realizaro que ninguém tentou. In-ventar é transcender. "
Santos Dumont
Acompanhado de seus vice-
presidentes, Ailton Ricaldoni Lobo e
Délcio Antônio Duarte, o Presidente
da SME (Sociedade Mineira de Enge-
nheiros), Márcio Damazio Trindade, vi-
sitou as novas instalações da Escola de
Engenharia da UFMG, e foram recebi-
dos pelo diretor Benjamim R. de Me-
nezes e o vice-diretor, professor e
doutor Alessandro F. Moreira.
Que tipo de profissional que
o mercado busca? A resposta vem do
diretor da Escola de Engenharia, Ben-
jamim R. de Menezes. “Temos que su-
prir este mercado com profissionais
bem formados, preparados e com um
viés empreendedorista”.
Um dos temas abordados na
reunião foi a mudança do ensino da
engenharia, já dentro das novas orien-
tações do MEC, sugerindo uma base
igual para todos os cursos, seguindo-
se o aprendizado mais específico nas
áreas escolhidas pelos alunos. Este
tema informou o Presidente, é objeto
das considerações possíveis dentro da
Comissão de Ensino da SME, com a
colaboração dos professores, interes-
sados e especialistas no assunto.
Trindade informou ainda, ter
lançado um programa de aproximação
mais intensa com a comunidade aca-
dêmica e estudantil, visando levar às
universidades a palavra experiente de
engenheiros de sucesso, além de pales-
tras técnicas que introduzam o avanço
tecnológico.
Outra questão abordada foi a
educação básica da população brasi-
leira. “Recebemos uma juventude des-
preparada, sem os alicerces
necessários à construção de um saber
aplicável ao processo de desenvolvi-
mento acadêmico. Deparamo-nos com
alunos que saem do ensino médio com
uma formação muito precária e,
quando alcançam a Universidade, têm
séries dificuldades prejudicando o seu
rendimento acadêmico. E muitas das
vezes somos obrigados a nos transfor-
mar em centros de adequação e pre-
paro dos neos-engenheiros”, explica o
diretor Menezes.
Ainda segundo o diretor da
Escola de Engenharia, a solução para
este problema é nivelar a educação no
ensino fundamental e médio.
Ao término da visita, formali-
zou-se, dentre as comemorações dos
100 anos que completa a Escola de En-
genharia, a SME agregará às mesmas
seu 20º Prêmio Ciência, Tecnologia e
Inovação, ao qual podem concorrer
universitários de todas as áreas de En-
genharia e Arquitetura de Universida-
des Mineiras.
Por Alessandra Sardinha
32
A Sociedade Mineira de Engenheiros
(SME), como programação prioritária de
trabalhos da sua comissão técnica de trans-
portes, vem desenvolvendo e atualizando
estudos sobre logística e transportes desde
setembro de 2007, quando elaborou e en-
tregou ao Ministério dos Transportes, o
documento "A Engenharia Mineira e o
Plano Nacional de Logística e Transportes
(PNLT)." O documento é uma contri-
buição da SME à implementação do
PNLT, um plano federativo e de estado,
associado ao processo de desenvolvi-
mento socioeconômico do país, que traz
abordagem multimodal, constituindo-se,
portanto em processo de planejamento
permanente, participativo, integrado e
institucional, ferramenta eficiente e eficaz
para a programação e implementação
das obras do Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC1 e PAC2).
Mais recentemente, em abril e julho
de 2010, a Sociedade Mineira de En-
genheiros - SME, por convocação da
Secretaria de Política Nacional de
Transportes/SPNT do Ministério dos
Transportes, e por delegação e cre-
denciamento das instituições partici-
pantes, representando o setor
público (Secretaria de Estado de
Transportes e Obras Públicas –
Setop) e setor privado (Federação
das Industrias do Estado de Minas
Gerais – Fiemg, representada pelo
sindicato da indústria da construção
pesada do Estado de Minas Gerais –
Sicepot – MG) recebeu a incumbên-
cia de elaborar “proposta integrada
do Estado de Minas Gerais, contendo
as demandas prioritárias de logística
e transportes para o período de 2010
a 2014, por modo de transporte”.
Estas demandas são consideradas como
de relevância para o aprimoramento de
nossa infraestrutura em logística e trans-
porte de forma a atender o crescente de-
senvolvimento sócio-econômico do
Estado de Minas Gerais, e na proposta
estão identificadas em 9 blocos de pro-
jetos, sendo 30 referentes ao modo ro-
doviário, 14 ao modo ferroviário, 24 ao
modo hidroviário, lacustre e portuário, 02
ao modo aeroportuário e 01 referente
ao desenvolvimento da intermodalidade,
todos considerados como contribuição
para o êxito de um processo de planeja-
mento permanente, participativo, inte-
grado e interinstitucional, cuja perenidade
demandará uma forte reorganização e
uma gestão eficiente e eficaz, que seja
capaz de envolver todas as esferas de go-
verno, bem como as várias instituições,
órgãos públicos e privados afins e corre-
A Engenharia Mineira e Por José Antônio Silva Coutinho
33
latos ao setor dos transportes.
Estas demandas prioritárias de proje-
tos para os diferentes modos de
transportes e igualmente, ações insti-
tucionais em políticas públicas, que
tem pertinência com os objetivos e
natureza do PNLT e nele devem ser
incluídos, pois, como o PNLT “buscam
assegurar a plena trafegabilidade e ca-
pacidade do sistema de transportes,
propondo estabelecer melhores con-
dições para as rodovias e para os aces-
sos terrestres e marítimos aos portos
nacionais, agregando a priorizando os
sistemas hidroviários e ferroviários
nos principais eixos de desenvolvi-
mento e terminais de integração do
país, para dotá-lo de uma cadeia logís-
tica de transporte eficiente. Neste
contexto se inserem ações institucio-
nais relevantes, de caráter regulamen-
tar e normativo, que irão garantir uma
melhor adequação e produtividade da
infraestrutura dos sistemas.” (Marcelo
Perrupato – Secretário de Política Na-
cional de Transportes/MT – Revista
Ferroviária/PNLT/out 2006).
Considerações e destaques
O interesse comum no processo de
desenvolvimento estratégico susten-
tado, contribuindo para a melhoria e
o desenvolvimento constante das con-
dições sócio-econômicas do Estado
de Minas Gerais, justifica a apresenta-
ção de proposta única, integrando as
prioridades definidas nas demandas
apresentadas pelo setor público e pelo
setor privado, para os diferentes
modos de transporte.
A unicidade destes propósitos e prin-
cípios, leva em consideração a atuali-
zação de pressupostos e paradigmas
apresentados nos documentos “Plano
Estratégico de Logística e Transportes
– PELT/MG” (Governo/Setop/Seplag)
e a “A Engenharia Mineira e o PNLT”
(Setor Privado – SME), resultando na
proposta de destaques de estudos,
projetos, obras e ações estratégicas e
institucionais para os superiores inte-
resses do Estado de Minas Gerais.
A proposta ressalta a importância do
conceito de logística integrada preco-
nizado no Plano Nacional de Logística
e Transportes – PNLT, assim como a
ênfase do plano às conexões multi-
modais e ao uso dos modos de trans-
portes de melhor desempenho
energético, caso especial do incentivo
às ferrovias e hidrovias.
A proposta igualmente sustenta a
importância fundamental das ações
de caráter institucional, nos casos
da perenização do processo de pla-
nejamento estratégico, do estabele-
cimento criterioso dos marcos
regulatórios e, ainda, da consolida-
ção da plena atuação das agências
reguladoras.
A proposta leva em consideração, tam-
bém, que o Plano Nacional de Logística
e Transportes – PNLT, ao considerar os
corredores de transportes como parte
das cadeias logísticas que, por sua vez,
refletem as cadeias produtivas – poderá
o PNLT
34
dar o necessário suporte à indução da
localização, em território mineiro, de ele-
mentos chaves associados à esta concep-
ção: centros, instalações de ensilagem, de
transbordo, de comercialização e, sobre-
tudo, de beneficiamento de grãos.
A perspectiva das cadeias logísticas
transcenderá, portanto, a própria pers-
pectiva da multimodalidade. Dos 70
projetos, destacaríamos como mais im-
portantes para serem priorizados em
sua execução no PAC:
AEROPORTUÁRIOS
O aumento da capacidade do Aero-
porto Internacional Tancredo Neves, na
região metropolitana de Belo Horizonte
(Confins) e a conclusão do aeroporto
regional da zona da mata (Goianá).
RODOVIÁRIOS
• Projeto e construção do arco viá-
rio de contorno norte (rodoanel) da
região metropolitana de Belo Hori-
zonte (ligação da BR 381 Sul / Fernão
Dias, e a BR 381 Norte para Gover-
nador Valadares);
• Conclusão da construção do por-
tal sul de Belo Horizonte (BR
356/BR040/Nova Lima/ MG30);
• Projeto e construção do arco viá-
rio sul (via das indústrias) da região
metropolitana de Belo Horizonte;
• Conclusão da obra de duplicação
da BR 050 entre as divisas GO/MG/SP;
• Conclusão da obra de melhoria da
capacidade de tráfego e duplicação da
BR 040 do trevo para Ouro Preto/BR
356 até Juiz de Fora/MG 452;
• Projeto e construção da obra de
adequação e duplicação da BR 381 –
norte de Belo Horizonte a Governa-
dor Valadares;
• Conclusão da obra de adequa-
ção e duplicação da BR 040 entre Belo
Horizonte/Sete Lagoas/Curvelo.
HIDROVIÁRIOS / LACUSTRES
e PORTUÁRIOS:
• Construção de eclusas nas barra-
gens de Água Vermelha, Marimbondo e
Porto Colombia, no Rio Grande para
aumento de sua navegabilidade;
• Implantação de transporte lacustre
na Bacia da Barragem de Furnas;
• Construção de 03 (três) portos e
reformas de 06 (seis) portos no Rio
São Francisco para ampliar seu poten-
cial de transporte hidroviário;
• Melhorias no transporte hidroviá-
rio do Rio São Francisco entre Pira-
pora, Juazeiro (BA) e Petrolina (PE).
FERROVIÁRIOS
• Implementação do Prosefer – pro-
grama de segurança ferroviária, com a
eliminação de passagens de nível e de
invasões nas faixas de domínio da malha
ferroviária do Estado de Minas Gerais;
• Construção da obra de retificação
e duplicação do trecho ferroviário
entre a estação do Horto Florestal e
de General Carneiro, antigo projeto da
travessia ferroviária da região metro-
politana de Belo Horizonte;
• Construção da ligação ferroviá ria
entre Governador Valadares / Teófilo
Otoni / Itaobim / Turmalina / Grão
Mogol/Salinas/Rio Pardo de Minas/Pai
Pedro, pólos de celulose e mineração,
para o desenvolvimento das regiões
norte e nordeste de Minas Gerais;
• Construção da ligação ferroviária
entre Pirapora/Unai/Planalto Central,
promovendo a integração da malha
ferroviária de Minas Gerais com a
ferrovia norte/sul e importantes
regiões produtoras do centro-oeste
e norte/nordeste do Brasil;
• Conclusão da ferrovia do aço na
região metropolitana de Belo Hori-
zonte do km 0, em BH/Caetano Fur-
quim, até o pátio de andaime no km
29, no município de Itabirito, trecho
ferroviário, em que toda a infraestru-
tura está pronta;
• Conclusão de viaduto ferroviá-
rio eliminando a passagem de nível
no cruzamento com a MG 040 na ci-
dade de Sarzedo;
35
• Construção de viadutos, trinchei-
ras e passarelas em ramal ferroviário
no centro da cidade de juiz de fora
para eliminar-se conflitos de mobili-
dade urbana;
• Construção do contorno ferroviá-
rio de Santos Dumont;
• Conclusão das obras do metrô de
Belo Horizonte com a modernização
da linha 01 existente e ampliação da
frota atual; conclusão linha Barreiro-
Calafate e dos projetos e construções
das linhas 02 (Calafate/Hospitais) e 03
(Pampulha/Savassi);
• Implantação do transporte ferro-
viário de passageiros com o emprego
de veículos leves sobre trilhos – VLTS,
como alternativa viável técnica e eco-
nomicamente, para os projetos de mo-
bilidade em transporte de massa, na
região metropolitana “expandida’’ de
Belo Horizonte, aproveitando-se 835
km de malha ferroviária existente, com
o adequado compartilhamento dos
trens de carga, influenciando social e
economicamente 129 municípios, 81 a
mais do que os 48 da RMBH e seu
colar;
• Implantação em Minas Gerais de
um “Centro de Referência e Excelência
em Engenharia Ferroviária – Cengefer”
constituindo-se em rede inovadora de
instituições, especializado em projetos
de pesquisa e de desenvolvimento tec-
nológico para a indústria ferroviária em
sua cadeia produtiva e na formação de
novas gerações de técnicos e enge-
nheiros para o setor;
Por questões de política orçamentária
e de prioridades estratégicas, o go-
verno federal redefiniu a programação
de obras de infraestrutura de trans-
portes em PAC_1 e PAC_2 imple-
mentando e concluindo aquelas que se
iniciaram com recursos do PAC_1,
como, por exemplo, dentre outras, a
conclusão da duplicação da BR 262
entre Betim e Nova Serrana, da BR 040
entre Belo Horizonte e Sete Lagoas, e
o novo viaduto sobre a BR 040, em
Congonhas, antigo Viaduto Vila Rica.
As demais obras consideradas como
demandas prioritárias para o Estado de
Minas Gerais, conforme proposta inte-
grada enviada pela SME ao MT/PNLT,
deverão ser objeto de ações estratégi-
cas para a conquista de sua completa
inclusão no PAC_2, sem o que dificil-
mente serão executadas, com exceção
da “Travessia Ferroviária de Belo Hori-
zonte”, que será executada por conta
da ferrovia centro atlântica - FCA/Vale
conforme acertos viabilizados com o
Governo Federal e Rede Ferroviária
Federal S.A., devendo ser iniciada nos
próximos dias.
José Antônio Silva Coutinho é engenheiro
CoordenadorAdjunto daComissão
Técnica deTransportes
da SME
Blog
desi
gn |
(31)
330
9 10
36
36
Com a crise econô-
mica que assola a Europa e tam-
bém os Estados Unidos desde
2008, assistimos a consolidação de
uma reviravolta na estrutura mun-
dial com a escalada do poderio
econômico do Brasil e da China.
A economia do Brasil está se in-
ternacionalizando, fato decor-
rente de o País ocupar o primeiro
lugar na produção de vários insu-
mos agrícolas. O Brasil se conso-
lidará como celeiro do mundo
expandindo 40% a sua produção
agrícola nos próximos dez anos.
Com o objetivo de tornar reali-
dade essas perspectivas econômi-
cas, o Brasil como todas as outras
nações com alto índice de desen-
volvimento, vai precisar de muita
energia.
Quando comecei os meus traba-
lhos na Gerência de Desenvolvi-
mento Tecnológicos da Cemig,
utilizando outras fontes renováveis,
a saber: eólica, solar, biomassa, e
outras, para compor a matriz elé-
trica brasileira, esse esforço era
visto como pesquisa científica. No
Brasil não se permitia falar em
outra fonte renovável, como solu-
ção energética para o País, que não
fossem as grandes usinas hidrelétri-
cas, que transformaram o Brasil
entre os países industrializados, em
um dos mais dependentes da hi-
droeletricidade, com 96,8% da
energia produzida por cerca de
600 barragens. O Brasil se colocou
como o maior produtor de hidroe-
letricidade da América Latina, se-
guido pela Argentina com 101
Bons ventos para a matriz
Por Ailton Ricaldoni Lobo
EÓLICA | Energia limpa
37
barragens, Venezuela com 72 e
Chile com 87. Brasil e Paraguai jun-
tos tem a maior usina hidroelétrica
do mundo, com uma capacidade
total de 12.600 megawatts. O con-
sumo de energia per capta no Bra-
sil quadruplicou desde 1970, de
491 kilowatt para 2.242 kwa atual-
mente.
O grande desenvolvimento da hi-
droeletricidade no Brasil foi entre
1975, quando a capacidade insta-
lada era apenas de 18.500 mega-
watts, e 1985, quando passou para
54.000 megawatts. A partir de
então a construção de barragens
tornou-se mais difícil devido à crise
econômica e ao endividamento,
assim como ao crescimento das
críticas às barragens devido aos im-
pactos sociais e ambientais.
Hoje, estamos assistindo o resul-
tado do esforço concentrado de
algumas pessoas que acreditaram
que os ventos iriam ocupar o seu
lugar na matriz elétrica mundial.
A energia do vento (eólica) pode
garantir 10% das necessidades
mundiais de eletricidade até o
ano 2020, criar 1,7 milhão de
novos empregos e reduzir a emis-
são global de dióxido de carbono
na atmosfera em mais de 10 bi-
lhões de toneladas. Estes são os
principais dados de um novo re-
latório internacional elaborado
pelo Greenpeace, pela Associação
Européia de Energia Eólica
(EWEA) e pelo Fórum pela Ener-
gia e Desenvolvimento e lançado
em Bruxelas (Bélgica) durante um
seminário sobre fontes de ener-
gias renováveis.
energética brasileira
38
O relatório "Wind Force 10: A
Blueprint to Achieve 10% of the
World’s Electricity from Wind
Power by 2020" mostra que um
total de 1,2 milhão de megawatts
(mw) de energia eólica pode ser
instalado ao redor do mundo até
2020, produzindo, mas que o total
de energia necessária para alimen-
tar toda a Europa hoje.
Nos últimos dez anos, a força do
vento foi a fonte de energia de
maior crescimento no mundo, com
uma média de 30% de crescimento
ao ano. Apesar de suprir cerca de
10% das necessidades de eletrici-
dade da Dinamarca, por exemplo, a
contribuição da energia eólica em
todo o mundo permanece abaixo
de seu potencial, com uma média
de 0,15%.
Com custo cada vez menor, e
bem mais barato que a hidráulica,
desempenho cada vez maior,
comparável a hidráulica, prazos
de instalação menores, modulari-
dade e menos impacto ambiental,
esse tipo de energia se tornou a
bola da vez.
Temos que considerar esta opção
com muita ênfase, haja vista, que
o Brasil hoje possui conheci-
mento tecnológico para produzir
todos os componentes dos gera-
dores, possui também um parque
industrial capaz de produzir tais
componentes e uma demanda in-
terna enorme, pois, o mapea-
mento dos potenciais de vento
indica que em Minas Gerais, por
exemplo, só existem 40 giwatts
de potencial instalável.
A contribuição para a autonomia
energética e para o balanço comer-
cial internacional é significante. Ao
invés de o governo pensar em en-
terrar bilhões de dólares na finali-
zação da usina nuclear de Angra II
e na construção de Angra III, deve-
ria tomar uma atitude mais estra-
tégica, e investir até dez vezes
menos em fontes de energias re-
nováveis e de baixo impacto sobre
o meio ambiente, como a eólica,
obtendo melhores resultados para
a matriz energética brasileira.
Num mundo em que estamos as-
sistindo o crescimento vertiginoso
das fontes renováveis, em especial
a eólica, o Brasil terá de se livrar
de seus principais nós e aproveitar
que os ventos estão favoráveis.
Disso dependem da nossa política
energética, a formação de mão de
obra qualificada, investimentos em
pesquisa e desenvolvimento com
forte participação da indústria, fi-
nanciamentos de longo prazo e a
manutenção do crescimento eco-
nômico.
Ailton Ricaldoni Lobo , Presidente eleito da SME
para o mandato Abril / 2011 - 2014
EÓLICA | Energia limpa
A sólida formação em enge-
nharia de telecomunicações e mate-
mática de Djalma Bastos de Morais
obtida em instituições do Sul e Su-
deste naturalmente encaminharam o
jovem militar, natural de Maceió (AL),
para a chefia do serviço de rádio do
Exército na Zona da Mata mineira. Daí
para cargos de superintendência na
Telemig, uma das maiores empresas
estaduais de telefonia do País na dé-
cada de 80, e para a Telebrás, então
controlada pelo governo federal,
foram superadas etapas em um pro-
cesso constante até o Ministério das
Telecomunicações em 1994.
Em 1995, no entanto, sua car-
reira viria a sofrer uma guinada radical
com a nomeação para vice-presidente
da Petrobrás Distribuidora. Desde
então, passou a desempenhar um papel
de protagonista no setor energético
brasileiro, função que mantém há 11
anos como diretor-presidente da
Companhia Energética de Minas Ge-
rais. Com isso, o engenheiro Djalma
Bastos de Morais não é apenas o pre-
sidente da maior companhia integrada
de energia elétrica do País como tam-
bém é a personalidade a ocupar por
mais tempo, o cargo mais alto da dire-
toria da Cemig desde sua fundação, há
quase seis décadas, em 1952.
Com Djalma Morais na presidência da
Empresa, a Cemig tem conhecido um
crescimento como nunca havia acon-
tecido antes. Nos seus primeiros qua-
tro anos de gestão (1998/2001), a
Cemig empreendeu o seu maior vo-
lume de obras para implantação de hi-
drelétricas no País. Em quatro anos
foram iniciadas ou concluídas as obras
das hidrelétricas de Porto Estrela, Funil,
Aimorés, Irapé, Queimado, Pai Joaquim,
Capim Branco I e II e a térmica do Bar-
reiro. A Companhia iniciou ainda um
processo que lhe permitiu, em pouco
tempo, entrar para o exclusivo grupo
das empresas que são líderes mundiais
em sustentabilidade econômica, am-
biental e social.
A partir de 2002, a Cemig
avançou ainda mais e, em quatro anos,
o seu valor de mercado praticamente
triplicou. Estrategicamente, com muita
segurança e habilidade a Cemig partiu
para o desafio de ser uma empresa glo-
bal, passando a ter negócios em 19 es-
tados brasileiros e no Distrito Federal,
mas sem nunca deixar as raízes de
Minas. Dessa forma, a Cemig expandiu
os seus negócios com participação na
Light, do Rio de Janeiro, aquisição do
controle da Terna e de parte da TBE,
que atuam na operação de linhas trans-
missão no Norte, Nordeste, Sul e Su-
deste do Brasil, de parques de geração
eólica no Ceará e da implantação e
operação de uma linha de transmissão
no Chile. Ao mesmo tempo, a Compa-
nhia atingiu o índice de 100% de con-
sumidores urbanos ligados e está
terminando as obras para a universali-
zação da eletrificação rural. Tudo isso
só foi possível graças à habilidade e
visão do presidente Djalma Bastos de
Morais à frente da Cemig.
39
Djalma Bastos de Morais,
Blog
desi
gn |
(31)
330
9 10
36
4141
Projeto inédito e pioneiro no Brasil,
de criação de um Centro de Referên-
cia e Excelência em Engenharia Fer-
roviária (Cengefer), centrado em
pesquisas e no resgate dos avanços
tecnológicos voltados para o sistema
de transportes ferroviários de cargas
e passageiros, agregado ao polo in-
dustrial ferroviário em sua cadeia
produtiva, incluindo-se a inserção das
escolas técnicas e de engenharia na
formação de novas gerações de téc-
nicos e engenheiros ferroviários, faz
parte das políticas públicas de
transporte e logística. Essas políticas
públicas contribuem para reordenar
a matriz de transporte do país,
ainda predominantemente apoiada
no modo rodoviário e consta como
destaque na “proposta integrada de
Minas Gerais”, elaborada pela comis-
são técnica de transportes da Socie-
dade Mineira de Engenheiros (SME),
para o Plano Nacional de Logística e
Transportes (PNLT).
O Centro de Referência e Excelência
em Engenharia Ferroviária (Cengefer)
é fator fundamental para o sucesso
do plano de revitalização das ferro-
vias e sua criação e implantação em
Minas Gerais se justifica pelas seguin-
tes premissas: O Governo Federal
implementa o plano de revitalização
das ferrovias, desenvolvendo projetos
que objetivam a integração e adequa-
ção operacional das ferrovias e a am-
pliação de sua capacidade nos corre-
dores de transporte. O Estado de
Minas Gerais tem localização estra-
tégica em relação a outros grandes
centros de produção e de consumo,
e por dispor dos maiores segmentos
da malha ferroviária do país em ope-
ração, ocupa posição privilegiada nas
cadeias logísticas visando à integra-
ção modal e operacional nos corre-
dores de transporte destinados aos
mercados internos e às exportações.
Também as ferrovias em Minas Ge-
rais têm especial significado no novo
paradigma da logística em infraestru-
tura de transportes, constituindo-se
Projeto inovador‘’Centro de Referência e Excelência em Engenharia Ferroviária – Cengefer’’
FERROVIA | Cengefer
FERROVIA | Cengefer
42
na alternativa viável e necessária para
a eficácia do processo de desenvolvi-
mento econômico e social sustentado,
com competitividade e consequente
redução do chamado “custo Brasil.’’.
O Estado de Minas vem atuando como
indutor e articulador de ações de im-
plementação, visando reordenar e dar
nova dinâmica ao “desenvolvimento
do transporte ferroviário no Estado’’,
tendo criado para isto, o programa
Trens de Minas.”
É importante lembrar que o êxito na
realização dos projetos de revitaliza-
ção do transporte ferroviário, estará
assegurado na medida que seja desen-
volvida a cadeia produtiva ferroviária,
fundada em pesquisa, conhecimento
tecnológico e formação adequada de
técnicos para o setor ferroviário.
Há que se considerar também que a
grande maioria dos países do mundo
que possuem uma razoável infraestru-
tura de transportes tem como su-
porte de seu desenvolvimento um
instituto ou centro de pesquisas fer-
roviárias, pois o desenvolvimento do
transporte ferroviário compreende o
conhecimento da engenharia ferroviá-
ria, bem como o domínio e atualização
permanente da tecnologia do setor
que depende, dentre outros fatores,
da realização de pesquisas específicas
e da sua interação prática com a revi-
talização organizada do parque indus-
trial ferroviário.
O incompatível estágio de desenvolvi-
mento do setor ferroviário brasileiro,
que vem afetando a sua já menor par-
ticipação na matriz de transportes, de-
corre da inexistência no Brasil, de um
Centro desta natureza.
A modelagem para a estruturação
deste Centro de Referência e Exce-
lência em Engenharia Ferroviária
será o resultado de proposta de par-
cerias alternativas de financiamento
e modelo de gestão autosustentável.
Silogismos estruturantes
A busca da riqueza nacional e da jus-
tiça social se alicerça em várias
ações. Impõe-se que todas elas pri-
vilegiem a componente evolução do
conhecimento e da tecnologia.
Uma maneira eficaz para mudar o
quadro de subdesenvolvimento con-
siste no investimento contínuo, or-
denado e crescente de recursos e de
esforços em Ciência e tecnologia,
sempre buscando a integração, a for-
mação de redes e ampla mobilização
para gerar conhecimentos e tecno-
logias nacionais de vanguarda. Nesse
contexto é que se insere o projeto
Cegenfer.
A ideia de implantar este projeto
vem ao encontro do anseio de se
criar um novo paradigma, contextua-
lizando suas ações dentro de um en-
foque de ciência e tecnologia
aplicada aos produtos, processos e
serviços. Os institutos de pesquisa
do país elaboram seus trabalhos téc-
nicos que nem sempre chegam ao
conhecimento geral, pela falta da
praticidade de suas teorias e, na
maioria dos casos, tem maior ênfase
o ‘Paper’ elaborado sobre o assunto
do que a aplicação prática em bene-
fício da sociedade como um todo.
Os fabricantes de novos equipamen-
tos não têm, na maioria das vezes,
campos de provas reais para o teste
de seus novos produtos, senão ape-
nas esporádicos espaços abertos em
algumas empresas que usufruem os
eventuais benefícios para a melhoria
apenas de sua instituição, não se
preocupando com o restante do sis-
tema nacional.
Cengefer = inovação
“ Brasil carece de umacultura que privilegie ainovação como fator
determinante da com-petitividade de suaeconomia e de suas
empresas – carta deminas pela inovação –
hora de inovar.”
Olavo Machado Presidente da FIEMG
43
Pela falta de sinergia entre estas enti-
dades, deixa-se de obter respostas
mais elaboradas que possam agregar
renovadas inteligências na solução de
problemas na área do conhecimento
da engenharia nacional. Isto se deve a
forma de trabalho quase totalmente
estanque dessas instituições, que nor-
malmente cumprem com suas missões
e atribuições através de uma sistemá-
tica de trabalho que não potencializa
nem integra seus diversos componen-
tes, gerando assim, um resultado efi-
ciente, porém, não eficaz.
A busca da referência pela exce-
lência em Engenharia Ferroviária
A busca da excelência ou da van-
guarda em algum campo de atuação,
seja na administração pública, seja no
mundo empresarial ou em qualquer
outro setor da atividade humana, de-
pende de muito esforço e de muita
determinação, sobretudo, de desafios
inteligentes ou de situações por si só
instigantes, do desejo de estrutura-
ção de parcerias estratégicas, da for-
matação de rede onde cada
componente procure alcançar a ex-
celência na sua restrita área de ação.
Manter-se na vanguarda é desafio tão
empolgante quanto o de atingí-la.
Sabe-se que o desenvolvimento da
ciência e da tecnologia, para o qual a
criatividade e a inovação têm de
estar necessariamente presentes, se
apóia em três premissas básicas. A
primeira delas deve-se à existência
do cérebro humano e ao incentivo a
sua utilização, perseguindo os limites
de sua potencialidade. A segunda é lo-
calizada na mobilização das pessoas e
instituições em torno de bandeiras,
de metas geradoras de algum benefí-
cio estratégico ou social; e a terceira
refere-se ao esforço nacional, canali-
zando recursos adequados para a
área científica e tecnológica.
O projeto de um Centro de Refe-
rência e Excelência em Engenharia
Ferroviária se preocupa com os
procedimentos para introduzir a in-
teligência nacional no processo pro-
dutivo. Isso representa agregar um
insumo que reverterá em divisas
para o país e em sustentação para a
entidade.
Mobilização nacional, incentivos ou
grandes empenhos de lideranças
são essenciais para o alcance de re-
sultados de alto significado, tais
como: assumir a liderança nacional
na área de engenharia ferroviária.
Pensar em desenvolvimento tecnoló-
gico não implica somente as grandes
realizações dos países já desenvolvidos.
O Brasil pode pensar tanto em pro-
jetos estruturais, de grande alcance,
como em inúmeros temas do dia a
dia que precisam, constantemente
de evolução tecnológica. Nesse ca-
minho, o país encontrará fácil ma-
neira de agregar a inteligência na-
cional aos seus produtos, processos
e serviços.
Deve-se sempre considerar que as
tecnologias do presente caminham
para a obsolescência e que muitas
daquelas que serão as preferidas
nos próximos 20 anos não se en-
contram no mercado, por isso so-
bram chances para quem se lança na
luta da conquista tecnológica.
O Brasil tem condições objetivas
de alcançar um patamar mais alto
de desenvolvimento se estimular os
seus especialistas, técnicos, cientis-
tas e empresários, enfim, mobilizar
suas inteligências para promover a
superação dos modernos desafios
da tecnologia e o uso criativo de
conhecimentos.
O uso do nome Centro de Exce-
lência constitui uma decisão de
marketing, visando conferir sta-
tus a uma ampla rede estruturada
a partir de competências, de em-
presas, de órgãos e de universida-
des que se complementam na
realização de objetivos comuns.
Essa concepção de rede de excelência
funciona em harmonia e sinergica-
mente e, por isso, produz riqueza e
oportunidades como se fora uma
44
única estrutura – daí o conceito de
Centro.
Este é sempre virtual, pois se as-
senta numa rede de competências
e recursos. A rede tem suas regras
e seus objetivos como um todo,
mas também tem os objetivos de
seus componentes. As interligações
do sistema são sólidas, sustentadas
e imprescindíveis.
O Centro de Referência
e Excelência em Engenha-
ria Ferroviária resulta de
uma bem articulada rede
de parcerias estratégicas.
São ligações permanentes
e sustentadas.
Busca-se, como condição
para o sucesso, a otimiza-
ção dos recursos existen-
tes.
A utilização de técnicas
inovadoras e métodos
científicos avançados, por profis-
sionais de elevada capacitação,
gera resultados situados no limiar
ou além da fronteira do conheci-
mento em determinada área indus-
trial ou tecnológica.
Por meio de trabalho interativo de
recursos humanos e tecnológicos,
com o envolvimento de entidades
governamentais, de instituições de
pesquisa, de empresas e de univer-
sidades nacionais e internacionais,
busca-se a valorização, o desenvol-
vimento e a disseminação de com-
petências, ingredientes
imprescindíveis para a superação
do subdesenvolvimento.
Há para os projetos do Centro, a
definição de uma ou de várias uni-
versidades-âncoras. Essas institui-
ções completam ou suprem as
pesquisas necessárias, promovem
cursos de graduação e pós-gradua-
ção de interesse da rede ou gera-
dores de renda para o conjunto,
estabelecem a disseminação dos
conhecimentos gerados (que não
sejam objeto de acordo de sigilo)
e coordenam outras instituições
acadêmicas que possam se integrar
ao projeto. Vale considerar que a
ampliação das atividades tecnoló-
gicas de um núcleo requer a agre-
gação de recursos humanos e
físicos, possível campo de atuação
das universidades-âncora, as quais
podem propiciar que a desejada
expansão de recursos se processe
nos seus domínios.
Com a participação de
empresas privadas ou
estatais há ligação
para o desenvolvi-
mento de produtos,
processos, equipa-
mentos e softwares.
Qualquer entidade ou
empresa nacional
compõe um perfeito
laboratório capaz de
viabilizar a utilização
de tecnologias aplicá-
veis ao seu negócio,
valorizando rapida-
mente seus produtos,
processos e serviços,
validando-os para o trânsito inter-
nacional.
Por vezes, muitas são as entida-
des, organizações e empresas cui-
dando de um assunto importante.
Mas, poucas vezes, ocorre a siner-
gia nas ações, a otimização dos re-
cursos e a inovação na gestão. Por
isso, poucos são os grandes resul-
tados.
FERROVIA | Cengefer
45
Estruturação de um projeto de
busca da referência pela excelência
em Engenharia Ferroviária
De maneira geral, os projetos de for-
matação de centros de excelência se-
guem o roteiro da realização de um
diagnóstico do objeto de estudo, da de-
finição de uma visão de trabalho a ser
adotada e dos projetos para atingir os
objetivos propostos. Cada projeto tem
estruturação própria, em função das di-
ferentes configurações possíveis, a par-
tir de realidades distintas.
Por outro lado, é fundamental que haja
um grupo líder para conduzir o pro-
jeto, com acesso à alta administração
da entidade ou do órgão da adminis-
tração pública responsável. O projeto
busca elevar parte da entidade ou or-
ganização ao nível da excelência, colo-
cando sua tecnologia específica na
vanguarda mundial, ou elevá-las, como
um todo, à excelência.
É importante buscar a aplicação dos
conceitos de gestão pela qualidade
total ao segmento em questão, e que
se procure trabalhar segundo critérios
da administração estratégica. A criação
de um centro de excelência resulta de
um esforço de estabelecimento paula-
tino de parcerias, as quais, pouco a
pouco, enriquecem o projeto:
Conceito - Conjunto de recursos fí-
sicos, humanos, tecnológicos, integra-
dos numa rede por área temática, que
objetiva a manutenção da supremacia
no campo escolhido, a valorização con-
tínua e sustentada do desenvolvimento
dos elos da rede e a transformação da
tecnologia e do conhecimento em pro-
dutos, processos ou serviços.
Forma - Sólida união através de uma
rede de alto desempenho, percebida
como um conjunto uno, caracterizando
assim, para efeito de marketing, um
centro de excelência. Assenta-se sobre
parcerias estratégicas entre indústrias,
instituições, universidades, governos Fe-
deral, Estadual e Municipal.
Missão - Busca de resultados situados
no limiar ou além da fronteira do co-
nhecimento existente em determinada
área industrial, tecnológica, de gestão
ou do conhecimento, pela utilização de
técnicas inovadoras e métodos cientí-
ficos avançados, reunindo para tanto
profissionais de elevada qualificação.
Visão - Ser reconhecido como um
conjunto unificado de recursos com
desempenho no patamar da excelên-
cia, situando-se sempre na vanguarda
tecnológica ou do conhecimento.
Não se constrói um centro de exce-
lência de um dia para o outro. Durante
anos constrói-se degrau a degrau, a es-
cala do sucesso. A entidade (ou o con-
junto delas) é o laboratório principal
de teste das inovações.
Em resumo, a busca da referência pela
excelência em Engenharia Ferroviária
se sustenta na ideia:
• Empresas, organismos e associa-
ções constituem laboratórios que pos-
sam viabilizar o desenvolvimento de
conhecimentos, tecnologias e inova-
ções aplicáveis ao seu campo de atua-
ção, valorizando seus produtos,
processos e serviços. Cada entidade
pode se unir a universidades, de forma
a compartilhar tecnologias e processos
inovadores.
• É preciso criar, no país, núcleos de
desenvolvimento de tecnologias e de
conhecimentos avançados, formando-
se massa crítica, trabalhando em várias
frentes, fazendo surgir outras inova-
ções e novos produtos, processos e
serviços.
• Tecnologias, conhecimentos e mo-
delos de gestão evoluem a cada ins-
tante.
• A aplicação constante em inovação
e tecnologia, tanto nas entidades
quanto nas universidades, gera um ex-
cepcional mercado de trabalho.
José Antônio Silva Coutinho é
engenheiro e Coordenador
Adjunto da ComissãoTécnica de Transportes da SME
O estudante do curso de Engenharia Mecânica
da UFMG, João Bosco Barbosa Filho, vencedor do 19º
prêmio SME de Ciência e Tecnologia, apresentou o pro-
jeto “Chuveiro otimizado: Uma nova concepção de banho
acerca do uso racional da energia elétrica”. A solenidade
foi realizada no Usiminas em dezembro de 2010.
O Brasil tem experimentado nos últimos anos
um considerável crescimento que o tem qualificado como
um País emergente. A consequência disso é o elevado
consumo de energia e, por conseguinte, o aumento do
risco do “apagão” que tem se tornado um grande desafio
para as autoridades brasileiras. Nas palavras do estudante,
“o apagão ocorre porque existe um horário de maior
consumo de energia, no qual vários aparelhos são ligados
ao mesmo tempo”. Estima-se que o uso do chuveiro, o
vilão da energia, corresponda a 26% desse consumo de
energia elétrica. De acordo o vencedor do prêmio, João
Bosco Barbosa Filho, nos últimos anos, poucas medidas
têm sido feitas em relação ao problema, sendo a mais co-
nhecida o horário de verão, com uma economia de 5%.
“Este aumento no consumo de energia elétrica faz com
que aumente a necessidade de termoelétricas, hidrelétri-
cas e usinas nucleares, e isto muitas vezes significa poluir
e desmatar de forma irracional”, explica Filho. Diante
disso, ele pensou em criar uma solução para amenizar o
consumo de energia elétrica e apresentou um sistema
que, instalado no chuveiro, acarreta um menor consumo
de energia elétrica (supondo que se mantenha o mesmo
tempo de banho). O uso da vazão intermitente, quase que
imperceptível ao usuário permitiu aumentar a tempera-
tura da água na saída do chuveiro com uma menor po-
tência. “Esse é o chuveiro ideal para o nosso País”, afirma
o estudante do curso de Engenharia.
Chuveiro o vilão da energia
46
Por Alessandra Sardinha
CIÊNCIA E TECNOLOGIA | Prêmio
47
Vencedores do prêmio
O grupo de estudantes Lucas Machado Viana, Igor José
Moreira Marques e Augusto Matheus dos Santos
Alonso do curso de Engenharia de Controle e Auto-
mação da Universidade Federal de Ouro Preto
(UFOP), autores do projeto “Desenvolvimento de sen-
sor orgânico para monitoramento e análise de dose
de radiação em soluções de MEH-PPV/Alq3, para fu-
turas aplicações médico-hospitalar” ficou com o 2º
lugar. Foi desenvolvido um
dispositivo que provou ser
uma alternativa viável para
aumentar a segurança dos
tratamentos envolvendo ra-
diação, além do baixo custo
de produção e manutenção.
A leitura dos dados forne-
cidos pelo protótipo é rá-
pida e intuitiva devido à
escala de cor no display.
Evidenciando assim um mé-
todo inovador e revolucio-
nário para ser utilizado em ambientes médicos
hospitalares.
já o 3º colocado, Fernando Venâncio Amaral, estudante
do curso de Engenharia Elétrica do CEFET-MG, apre-
sentou o projeto “Estimulador elétrico digital para ex-
tração de veneno em aranhas e escorpiões na
Fundação Ezequiel Dias (FUNED)”. O soro anti-peço-
nhento é produzido a partir do próprio veneno do
animal. A extração do veneno é realizada através da
aplicação de estímulo elétrico aplicado na glândula
produtora de veneno do animal. Esse procedimento é
empregado na FUNED, mas sem a capacidade de se
controlar os níveis e tempos de exposição do animal
ao choque. Isso provoca, muitas vezes, a morte pre-
matura ou perda da capacidade de produção de ve-
neno. Diante disso Amaral cria um sistema capaz con-
trolar de forma adequada os níveis de tensão,
corrente, frequência e duração da aplicação do estí-
mulo elétrico, prolongando-se a vida útil dos animais
em cativeiro. E ainda, este estímulo elétrico poderá
ser ajustado de acordo com cada espécie, evitando sua
fadiga ou morte prematura e intensificando a disponi-
bilidade de veneno para a produção de soros anti-pe-
çonhentos na FUNED.
O projeto
“Monitoramento do
desgaste dos refra-
tários dos cadinhos
dos altos-fornos”,
4º lugar, elaborado
por Leandro Dijon
de Oliveira Cam-
pos, estudante do
curso de Engenha-
ria Metalúrgica da
Universidade Fede-
ral de Minas Gerais (UFMG), cita as empresas side-
rúrgicas que trabalham com Altos-Fornos,
termopares instalados ao longo do corpo desses rea-
tores com a finalidade de se medirem as temperatu-
ras em regiões diferentes, para se avaliar a
distribuição interna da carga, o fluxo gasoso, o des-
gaste da parede refratária que reveste o interior des-
tes equipamentos, dentre outras utilidades. O
problema identificado foi a utilização inadequada dos
dados coletados pelos termopares na região do ca-
dinho, e a solução encontrada foi a criação de um
software capaz de ler as temperaturas medidas pelos
termopares e traduzi-las em espessura da parede e
desgaste do refratário.
Vencedores do Prêmio 1º ao 5º lugar
48
A P O I A D O R E S D O E V E N TO
Em 5º lugar, Bruna Monteiro Ferreira, aluna do
curso de Engenharia Civil da UFOP, com o projeto “Estudo
de caracterização da escória de ferro silício manganês para
a aplicação em lastro ferroviário”. De acordo com a estu-
dante o Brasil é o um dos maiores produtores de ferroligas
de manganês do mundo. A escória de ferro silício manganês
é um resíduo da produção industrial siderúrgica. Em síntese
o material, escória de ferro silício manganês em estudo se
enquadrou nos seguintes requisitos de: análise granulomé-
trica, abrasão Los Angeles, índice de tenacidade TRETON,
massa específica aparente, absorção de água, porosidade
aparente, teor de materiais macios e friáveis, forma do ma-
terial e teor de material pulverulento, teor de argila em
torrões, resistência a intempéries, carga pontual e com-
pressão axial. Todos estes índices têm como referência os
padrões estabelecidos pela ABNT e AREMA. No que diz
respeito aos estudos de classificação ambiental, mineraló-
gico e elétrico, o material, escória de ferro, silício, manganês
também se enquadrou em todos os requisitos estabeleci-
dos por norma. Dessa forma, pode-se afirmar que o mate-
rial está apto, ou seja, pode ser usado como lastro
ferroviário, dando uma alternativa técnica.
CIÊNCIA E TECNOLOGIA | Prêmio
O estudante do curso de Engenharia Mecânica/UFMG, João Bosco Barbosa Filho, vencedor do 19º prêmio SME de Ciência e
Tecnologia, apresentou o projeto “Chuveiro Otimizado: Uma nova concepção de banho acerca do uso racional da energia elétrica”
Abertura doevento como presidente
da SME, Márcio Trindade
A Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) criou
há 19 anos o Prêmio de Ciência e Tecnologia para incen-
tivar e valorizar a produção de trabalhos técnico-científi-
cos desenvolvidos por estudantes de graduação nas áreas
de engenharia, arquitetura e agronomia de Minas Gerais.
De acordo com o presidente da SME, Márcio Da-
mazio Trindade, os trabalhos inscritos são analisados por
um comitê de profissionais especializados e os autores
dos cinco melhores trabalhos recebem uma premiação
em dinheiro, no total de R$20 mil. Além disso, os traba-
lhos bem classificados recebem menções honrosas e a ins-
tituição de ensino com maior número de proposições,
uma premiação especial.
Anualmente, os universitários de Minas Gerais
têm a oportunidade de se inscreverem no Prêmio de
Ciência e Tecnologia, além de concorrer, o universitário
poderá ter o seu trabalho conhecido dentro da área aca-
dêmica e de grandes empresas.
49
O desequilíbrio tem sido a marca comum do cresci-
mento das metrópoles brasileiras nas últimas décadas,
sendo o principal responsável pelos grandes problemas
por elas enfrentados hoje, como os bolsões de pobreza,
a baixa mobilidade e ainda, a crescente violência, resul-
tado muitas vezes dos desníveis regionais internos.
Esses problemas gerados pelo modo de crescimento cria-
ram verdadeiras armadilhas, que estão aí a desafiar a cria-
tividade dos gestores e a enfrentar a geralmente crônica
escassez de recursos dos cofres municipais, submetidos à
vontade e aos caprichos do poder federal, que arrecada a
maior (bem maior) fatia do bolo tributário.
Rio de Janeiro e São Paulo são os dois principais exem-
plos, mas a capital mineira também não foge à regra, em
muitos casos, as situações não tenham ainda atingido a
magnitude e a gravidade que ostentam nas duas maiores
metrópoles brasileiras. Episódios recentes como a vio-
lência no Aglomerado da Serra ou o caos provocado
por uma simples ameaça de greve dos rodoviários, por
exemplo, não podem ser vistos isoladamente, mas ana-
lisados nesse contexto mais amplo, pois podem ser en-
quadrados na cesta que acumula as conseqüências
indesejáveis do crescimento desordenado.
Se, em muitos casos, os gestores públicos se sentem de
mãos atadas diante da escassez de recursos, a conclu-
são que se deve chegar é de que não há nada a ser
feito? Naturalmente que não. Se a responsabilidade do
gestor público é, indubitavelmente, maior do que a de
outros atores, os segmentos organizados da sociedade
devem participar ativamente desse processo, sob pena
de serem punidos pela passividade.
É essa a linha de raciocínio que tem levado o Instituto Ho-
rizontes a tomar a iniciativa de debater e oferecer suges-
tões para alguns dos principais entraves ao bem estar da
nossa metrópole, quase todos fruto do desequilíbrio do
crescimento. Foi assim com o Vetor Norte, objeto de um
Plano de Ações Imediatas que gerou e tem gerado subsí-
dios a diversas decisões para ordenamento do desenvol-
vimento daquela região, possivelmente, no momento
atual, a mais dinâmica da RMBH(Região Metropolitana de
Belo Horizonte); e foi assim com o Vetor Sul, para o qual
o instituto produziu um Plano de Ações Estratégicas que
tem balizado entendimentos e deliberações envolvendo
o empresariado, a comunidade, o Ministério Público e au-
toridades estaduais e municipais.
É este o princípio que move também o Instituto Hori-
zontes (IH) a promover os estudos para elaboração do
Plano de Ações Estratégicas para o Vetor Noroeste,
tendo como foco principalmente os municípios de Ribei-
rão das Neves, Esmeraldas, Pedro Leopoldo e, parcial-
mente, Contagem. Essa região é um bom exemplo de
desequilíbrio, pois é cercada por dois corredores de eco-
nomia altamente dinâmica – o eixo da BR 040, em dire-
ção a Sete Lagoas, e o do Vetor Norte – mas não tem se
beneficiado dessa dinâmica e continua a ostentar os pio-
res índices sociais e econômicos da RMBH.
O estudo coordenado pelo IH irá articular a visão técnica
dos especialistas - nas áreas ambiental, socioeconômica, de
mobilidade e de ocupação e uso do solo – com o sentimento
do próprio cidadão, seja por meio de suas organizações, seja
por sua própria iniciativa. Dessa conjunção, nossa expectativa
é de que surjam diretrizes consensuais, capazes de serem
assimiladas pelos gestores e transformadas em soluções.
O desequilíbrio das MetrópolesPor Hudson Navarro - Diretor geral do Instituto Horizontes
50
A Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) homena-
geia o sócio fundador e presidente da MRV Engenha-
ria, Rubens Menin, com o título “Engenheiro do Ano
2010.” Menin dedicou toda sua vida profissional à
construção civil, mais especificamente à MRV, conse-
guiu fazer da empresa, líder no segmento econômico
no Brasil. “Receber este prêmio da mais importante
entidade do setor no Estado é muito gratificante,
pois representa o reconhecimento dos meus colegas
de profissão ao meu trabalho e ao meu amor pela
engenharia”, diz.
A homenagem é concedida pela SME desde 1985, para
aqueles que se destacam em sua área de atuação e que con-
tribuem para a sociedade com suas ideias e atividades, apon-
tando novos rumos para o desenvolvimento do país.
A paixão pela engenharia sempre esteve presente na vida
de Menin, seu avô e pais foram engenheiros, assim como os
irmãos. Ele foi criado respirando engenharia e sempre
soube qual caminho trilharia. “Desde muito jovem sempre
soube que queria ser engenheiro”, diz. Já na faculdade de
engenharia da UFMG, Rubens começou a fazer estágio na
Rubens Menin recebe título de Engenheiro do Ano
ENGENHEIRO DO ANO | Homenagem
51
Vega Engenharia e foi ali que se en-
cantou pela construção popular e
passou a cultivar a ideia da criação de
uma empresa que construísse para o
público de baixa renda.
Em 1977, junto com os primos Mário
e Homero, construiu a primeira casa,
na Rua dos Maçaricos, na Vila Clóris, e
o negócio deu tão certo que não pa-
raram mais. Com a venda desta casa
construíram mais três e depois outras
dez, foi aí em outubro de 1979, que
nasceu a MRV Engenharia.
Logo depois da criação da empresa, veio
a crise de 1982 e o primeiro grande de-
safio. Quinze das dezesseis empresas
que construíam para a baixa renda na
capital mineira desistiram de construir
para este público. Contrariando a ten-
dência, a MRV tomou uma decisão co-
rajosa e que se mostrou acertada.
Segundo Menin, a crise
foi determinante para o
desencadeamento de
dois dos fatores que
hoje são o DNA da
empresa, o controle de
custos e o planeja-
mento financeiro.
No início da estabilização econômica
em 1994, a empresa decidiu que era
chegada a hora de começar a sua ex-
pansão geográfica. Foi quando inicia-
ram os negócios da MRV no Triângulo
Mineiro e, logo depois, em Ribeirão
Preto, Americana e Campinas, no inte-
rior de São Paulo. Daí para frente, a
MRV não parou mais e hoje está pre-
sente em 90 cidades, de 15 Estados e
também no Distrito Federal.
Um dos passos determinantes para o
forte crescimento da MRV foi a deci-
são de seu presidente de abrir o ca-
pital da empresa. Em julho de 2007, a
companhia passou a fazer parte do
Novo Mercado - mais elevado nível
de Governança Corporativa da Bo-
vespa - ofertando 45,9 milhões de
ações ordinárias ao mercado, equiva-
lentes a R$ 1,2 bilhão, passando a ser
uma empresa com ações cotadas em
bolsa.
Em 2009, Rubens foi convidado
pessoalmente pela então Ministra
Dilma Rousseff para participar da
elaboração do programa habitacio-
nal do governo “Minha Casa, Minha
Vida.”Os impactos provocados pelo
“Minha Casa, Minha Vida” foram de-
terminantes para os bons resulta-
dos financeiros da MRV, já que a
empresa era a mais preparada para
atender a forte demanda por pro-
dutos que se enquadram ao perfil
eleito pelo governo.
Em 2010, Rubens Menin condu-
ziu a MRV para mais um ano de re-
cordes. As vendas contratadas
totalizaram R$ 3,75 bilhões com
crescimento de 33% ante o resul-
tado de 2009. Os lançamentos che-
garam a R$ 4,6 bilhões, número
histórico de 46.975 unidades resi-
denciais. Em 2011, Rubens espera
conduzir a MRV para voos ainda
mais altos. A empresa já apresentou
seu guidance de vendas contratadas
que deverá fechar o ano entre
R$ 4,3 e R$ 4,7 bilhões.
Presidente da SME, Márcio Trindade e
Rubens Rubens Menin “Engenheiro do Ano”
A P O I A D O R E S D O E V E N T O
52
GESTÃO EMPRESARIAL | IP
Objetivo
A proposição apresentada neste
documento visa criar meios para
que a interação entre os sistemas
geradores, difusores e absorvedo-
res de tecnologia e serviços téc-
nico-científicos se torne mais
efetiva e produtiva.
Justificativa
As dificuldades de interação entre
os sistemas geradores e absorve-
dores de tecnologia e de serviços
técnicos são históricas e muito
pouco tem sido feito, de forma
efetiva, par sanar os problemas
existentes.
Os modelos de financiamento à
pesquisa no Brasil, apesar de es-
forços louváveis, nem sempre
têm sido traduzidos em termos
de melhoria do sistema produtivo
do País. Os principais pontos de
entrave decorrem do fato de que
as necessidades e oportunidades
de inovação estão no mercado,
enquanto as potencialidades de
invenções estão mais concentra-
das nas instituições de ensino e
pesquisa. A falta de conexão
entre os centros geradores de
tecnologia e o mercado decorre,
sobretudo, porque as pessoas en-
volvidas nos dois ambientes não
têm oportunidades de atuarem
conjuntamente.
Enfoques da sugestão
Organização :
Em diversos países da Europa,
foram criados os chamados Cen-
tros de Tecnologia. Na França, por
exemplo, os Centres Techniques
Industriels apóiam 19 setores in-
dustriais. Na Bélgica, os Centres
dÉxpertises em Wallonie e na Ale-
manha (Federação de Associações
de Pesquisa Industrial) atuam de
forma semelhante. As principais
características são: entidades de
utilidade pública, envolvidas con-
tratualmente com o conjunto de
empresas de setores pré-selecio-
nados.
REVITALIZAÇÃODO INSTITUTODE PESQUISA
Por Márcio Damázio Trindade
Contrariamente às entidades de
pesquisa que selecionam seus
clientes e suas tecnologias, têm,
para com os empresários, uma
responsabilidade permanente.
Na França, há uma cotização ob-
rigatória das empresas, definida
por decreto ou regulamento, que
garante um compromisso mútuo
entre a instituição de pesquisa e
a empresa. O Estatuto do Cen-
tro o obriga a trabalhar em
temas que respondam às neces-
sidades comuns das empresas e
de seus ramos profissionais. As
modalidades globais de financia-
mento variam conforme os Cen-
tros; todos, entretanto, dispõem
de um financiamento mutuali-
zado, proveniente do(s)
setor(es) do(s) qual(ais) de-
pemde(m).
Os recursos provêm, em
proporções variadas, de :
• Cotizações obrigatórias, pagas
anualmente;
• Recursos próprios, provenien-
tes de trabalhos realizados;
• Subvenções e contribuições
provenientes de órgãos públicos
regionais, nacionais e CEE.
Para sugerir um modelo organiza-
cional para o Instituto de Pes-
quisa, foram consideradas as ex-
periências internacionais de su-
cesso, buscando-se aliar as
vantagens da participação do Es-
tado, como definidor de políticas
públicas e agente de fomento,
com as da participação privada,
como comprador de serviços/de-
senvolvedor de produtos e inves-
tidor. Foi agregado também um
novo vetor - a universidade. É um
importante parceiro por ser for-
madora de profissionais de nível
superior e de pesquisadores,
além de executoras de pesquisa.
• Modelo: fundamenta-se, basica-
mente, em três modalidades de
interação.
53
54
a) Instituto de Pesquisa / Empresa :
a interação entre o IP e a Empresa
tem por objetivo melhorar as po-
tencialidades de criação de inven-
tos e de novos serviços
técnico-científicos que estejam in-
timamente relacionados com a ne-
cessidade da indústria ou do
empresário empreendedor. As ob-
rigações das partes serão fixadas
em contratos. As equipes, monta-
das por projeto, poderão contar
com profissionais das próprias em-
presas interessadas nos resultados.
b) Instituto de Pesquisa / Universi-
dade: o pesquisador universitário
passará a integrar temporaria-
mente a equipe de um dado pro-
jeto de pesquisa, na modalidade de
Pesquisador Associado.
c) Instituto de Pesquisa / Empresa
Agência de Fomento: projetos
conjuntos poderão ser apresenta-
dos às agências de fomento para
buscar o financiamento das ações
previstas. Nesses casos, o IP
apresentará contrapartidas não-fi-
nanceiras (equipe técnica, equipa-
mentos, laboratórios, etc.) e a
empresa apresentará contrapartida
financeira, podendo também incluir
profissionais de seu próprio qua-
dro de funcionários.
• Regime jurídico: Nos países já
citados, são utilizadas formas jurí-
dicas variadas. No entanto, todos
são dirigidos por um Conselho de
Administração, que delega poder a
uma Diretoria.
O Conselho de Administração ga-
rante aos empresários e profissio-
nais o controle da gestão e das
atividades de seu centro.
Considerando que o Instituto de
Pesquisa como instituição pública,
regime atual, não possui autonomia
de gestão, eficiência administrativa
e condições para manutenção ou
recomposição do quadro de pes-
soal e para contratação de tercei-
ros, devem ser criadas condições
para resolver essas questões e
também para que o setor produ-
tivo, seu principal cliente, participe
diretamente na definição de suas li-
nhas prioritárias de atuação. É tam-
bém preciso que haja um
verdadeiro comprometimento do
IP na excussão dos programas de
desenvolvimento tecnológico defi-
nidos. Sob esses aspectos, o mo-
delo europeu é adequado, podendo
servir como base.
Considerando ainda que o Instituto
de Pesquisa possua uma grande in-
fraestrutura, composta por bens
públicos, que deverá continuar in-
tegrando os ativos da instituição, a
forma jurídica adequada para con-
ciliar os dois aspectos seria a
OSCIP – Organização da Sociedade
Civil de Interesse Público.
• Seleção das áreas de atuação:
adotado o modelo proposta, a
seleção as áreas de atuação prio-
ritárias será feita pela Instituição,
considerando os interesses dos
parceiros privados, mas com base
nos programas de políticas públi-
cas adotados no Estado e que
são refletidos no PMDI. Com pe-
riodicidade a ser definida, as li-
nhas de ação serão revistas e
alteradas, se necessário, segundo
critérios a serem acordados
entre as partes. A partir dessa
definição, poderá ser elaborado o
Plano Diretor e composta a car-
teira de projetos e serviços.
GESTÃO EMPRESARIAL | IP
55
• Constituição da(s) equipe(s) /
formação e treinamento de pes-
soal; plano de carreira: por possuir
um conjunto de pesquisadores e
técnicos que são servidores públi-
cos e portanto sujeitos à legisla-
ção própria, a flexibilização
necessária para permitir ascensão
profissional, tanto técnica como
financeira, poderá ser obtida atra-
vés do patrocínio das empresas
parceiras aos membros das equi-
pes dos projetos de desenvolvi-
mento. Como dito anteriormente,
essas equipes poderão ser com-
plementadas com pessoal proce-
dente das universidades ou das
próprias empresas.
• Inserção no mercado / intera-
ção com clientes públicos e pri-
vados: o elevado grau de
interação pretendido com o
setor privado será assegurado
pela participação do setor pri-
vado na manutenção da institui-
ção e na definição as linhas de
trabalho.
56
Na verdade, um currículo de engenharia nada
mais é do que aquilo que denominávamos de “grade
curricular”, na qual são estruturadas as disciplinas que
o aluno de engenharia deve estudar durante seus
cinco anos de graduação. É fundamen-
tal entender que o currículo
deve apresentar conota-
ção diferente, daquela
de ser somente uma
série de disciplinas
com pré-requisi-
tos. É preciso que
o conceito de cur-
rículo vá muito além
desse, que pratica-
mente todo profissional
tem em mente. Assim mais do
que o espaço nas instituições de en-
sino, é ele que traz à tona as questões para a forma-
ção do aluno, para a integração com o mercado de
trabalho, como também da própria escola com o mer-
cado de trabalho. Desse modo, defendo que um cur-
rículo estruturado sem a participação e colaboração
dos agentes externos aos muros escolares, como as
empresas, portanto gerido somente na escola, não vai
de maneira alguma atender aos anseios da sociedade
atual, que grita por engenheiros que, além das técni-
cas, apresentem competências generalistas,
humanistas e gerenciais. É isso que o
mundo pede e principalmente o
Brasil, no século XXI.
Considero pertinente o
entendimento de Pi-
nheiro (1998, p.81) , ao
afirmar que a elaboração
do currículo define aspec-
tos voltados diretamente
para a prática pedagógica, mar-
cando o espaço e o papel exercido
pelos diferentes elementos envolvidos no
processo educativo, levando em conta o aproveita-
mento do tempo escolar, a articulação entre as diver-
sas áreas do conhecimento, os conteúdos e
programas, a definição de normas e padrões de com-
portamento, a escolha de técnicas, de procedimentos
PROFISSÃO | Mercado
Afinal, o que é
um currículo de Engenharia?
Por Adriana Maria Tonini
57
didáticos e de avaliação, assim como as intenções re-
lativas aos aspectos valorativos e morais projetados
pela escola. É exatamente este o currículo para o
qual as escolas de engenharia devem se voltar, para
(re) elaborar, (re) pensar e (re) estruturar seus
objetivos.
Neste contexto, para mudar as metodologias de ensino
e formas de implementação de currículos, é preciso
que, na formação do engenheiro, se considere que seus
formadores são sujeitos capazes de transpor a condi-
ção que permeia a grande maioria dos mestres – prin-
cipalmente aqueles das áreas tecnológicas –, que é a de
“formador daltônico”, ou seja, aquele que considera,
“idênticos” seus alunos, com saberes e necessidades
semelhantes. Assim, para esse “formador daltônico”, di-
ferenciar o currículo e a relação pedagógica que se es-
tabelece em sala de aula é quase impossível, na medida
em que ele está enraizado no currículo formal, na preo-
cupação com cumprimento dos tempos e conteúdos
pré-estabelecidos no compartilhamento e na seleção
das disciplinas. É função do professor, entender que seu
papel como educador, se caracteriza na construção do
currículo em sala de aula e não somente na reprodução
de modelos prontos.
Entendendo, pois, que o currículo fornece a direção a
seguir para o pleno exercício profissional no âmbito da
engenharia, unindo, num contexto único, a ciência e a
tecnologia.
Para atender à tão falada modernização da Engenharia
e ao mercado de trabalho, que a cada dia solicita mais
e mais engenheiros, acredito que o currículo seja a
peça-chave. A sociedade atual requer que os cursos de
Engenharia considerem, na formação profissional, o
acesso permanente ao saber científico-tecnológico.
Para dar conta do alto grau de complexidade que en-
volve todo o processo formativo, é necessário que o
currículo incorpore, de forma crítica e consequente, as
propostas de flexibilização apontadas pelas novas Di-
retrizes Curriculares Nacionais (CNE/CES/MEC
11/2002). Pela flexibilização, o currículo formal deixa
de ter preponderância sobre um currículo estruturado
por meio de um projeto pedagógico do curso (PPC)
bem delineado e constantemente reavaliado, cujo ob-
jetivo principal é orientar a vida acadêmica do futuro
engenheiro, levando em conta a diversidade do público
a que se destina, seja na academia, seja no mundo do
trabalho.
Adriana Maria Tonini é engenheira civil pela UFMG; mestre em Tecno-
logia Modelos Matemáticos e Computacionais pelo CEFET/MG e dou-
tora em Educação – Ensino de Engenharia pela UFMG. Professora da
UFOP. E-mail: atonini@cead.ufop.br
58
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