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International Congress of Critical Applied Linguistics
Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015
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RELAÇÕES ENTRE FAZERES E SABERES: GÊNEROS MIDIÁTICOS
PRESENTES NA INTERNET E CONTEXTO ESCOLAR
Francisco Carlos NOGUEIRA
franciscocarlosnogueira@gmail.com
Rede Estadual de Mato Grosso na Educação Básica
Orientadora: Profa. Dra. Kátia Morosov Alonso
Coorientador: Prof. Dr. Cristiano Maciel
RESUMO
Este trabalho é o resultado de uma pesquisa de Mestrado em Educação da UFMT – Cuiabá, do
grupo de pesquisa (LêTece): Laboratório de estudos sobre Tecnologias da Informação e
Comunicação na Educação. O trabalho teve como tema as relações que os jovens do Ensino
Médio das escolas públicas de Barra do Garças - MT estabelecem com os gêneros midiáticos
presentes na internet. Gêneros textuais ampliaram-se no contexto digital. As tecnologias
informação e da comunicação (TIC) ganharam a velocidade do toque na tela nos ambientes
digitais. No contexto atual das tecnologias digitais, a internet está cada dia mais se tornando um
meio de comunicação que permite a interação dos sujeitos na práxis educativa em escala global.
Nesse sentido, os gêneros midiáticos ganharam os espaços não lineares e céleres da internet. A
internet se configura como um espaço imbricado de sons, imagens, movimentos, luzes, mapas
etc. Gêneros midiáticos, como por exemplo: o e-mail, o blog, o chat estão inseridos na internet.
Há um entendimento que esses jovens nasceram no mundo digital, mas será que esses alunos da
escola pública estão de fato imersos nesse mundo digital? Como esses alunos e os professores
deles estão lidando com os gêneros postos na internet? O objetivo desta pesquisa foi identificar
quais gêneros midiáticos esses jovens do Ensino Médio utilizam com mais frequência e como
isto se relaciona com os conteúdos escolares. Esta pesquisa configurou-se e ancorou numa
abordagem qualitativa e tomou o caminho de investigação exploratório-descritiva de
identificação desses gêneros presentes na Internet e como os professores de Língua Portuguesa e
Língua Estrangeira desses alunos lidam com os conteúdos trazidos para a sala de aula. Esta
pesquisa foi fundamentada em Marcuschi, Bakhtin, Lévy, Santaella, Chartier, Kenski, Toschi,
Paulo Freire, Denzin, Minayo, dentre outros. Os resultados encontrados demonstraram que esses
alunos de fato estão imersos no ciberespaço, mas se constatou que eles precisam da ajuda do
professor a fim de mediar esse processo de interação nos ambientes digitais on-line.
Palavras-Chave: TIC; Internet; Gêneros Midiáticos.
1. PARA INÍCIO DO DISCURSO
A comunicação ocorre por meio da escolha de um determinado gênero do
discurso. Essa escolha é um querer-dizer do locutor. Os gêneros do discurso ajudam a
organização da comunicação entre os locutores. Quanto mais gêneros os interlocutores
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dominarem, quanto mais gêneros forem usados com desembaraço, aumenta a chance da
efetivação do processo de comunicação.
É de acordo com nosso domínio dos gêneros que usamos com
desembaraço, que descobrimos mais depressa e melhor nossa
individualidade neles (quando isso nos é possível e útil), que
refletimos, com maior agilidade, a situação irreproduzível da
comunicação verbal, que realizamos, com o máximo de perfeição, o
intuito discursivo que livremente concebemos. (BAKHTIN:1997, p.
304)
A sociedade do século XXI é ditada pelo acender e o apagar das luzes, pelo
virtual representado nas telas dos computadores, de conexões hipertextuais, pelas
características da sociedade tecidas nos ambientes digitais on-line; trata-se de uma
sociedade assinalada por transformações intensas num novo contexto em que os gêneros
do discurso assumem a configuração dos gêneros midiáticos. Esses gêneros ganharam
os espaços não lineares e céleres da internet.
Os gêneros midiáticos são elementos constituintes do universo informático e
informacional nos dias atuais. Trata-se de um fenômeno sociocultural presente na
internet. Esses gêneros contribuem para organizar e de certo modo estabilizar as
situações comunicativas no dia-a-dia. Embora, a característica de permanência em
muitos elementos, esses gêneros são dinâmicos e surgem em função das necessidades e
atividades postas no contexto cibernético, no cenário das revoluções tecnológicas. A
linguagem característica, agora, é a linguagem hipertextual. A interação social está na
amplitude das redes de conhecimento, das redes digitais. A leitura nesse momento é
imersiva.
Tudo indica que se deve buscar e entender a respeito dessa dinâmica de
mobilização e expansão; é necessário ampliar as possibilidades de emprego de gêneros
midiáticos emergentes postos no ciberespaço. Vale ressaltar que a apropriação e a
utilização das tecnologias atuais e dos seus recursos são significativas na medida em
que estejam a serviço do processo pedagógico. Dessa forma, conseguir-se-ão resultados
mais promissores nos espaços da sala de aula.
Portanto, nesta sociedade em constantes, intensas e aceleradas transformações
‘obriga’ os profissionais ligados a educação a reaprender a ensinar, o que os forçam
necessariamente aprender a aprender, em muitas vezes a ‘desaprender’ para aprender de
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outro jeito, de outra forma, aprender a estar no mundo virtual. Implica em aperfeiçoar o
que se faz no ambiente da sala de aula, em aprender em ambientes virtuais, acessar
páginas na internet e inteirar-se a respeito dessa dinâmica peculiar da internet. Enfim,
não há dúvidas de que seja preciso ampliar as possibilidades de acesso e emprego dos
gêneros midiáticos inerentes a esse novo contexto comunicacional das redes de
conhecimentos.
1.1 GÊNEROS MIDIÁTICOS: ESCRITA E INTERATIVIDADE NO CIBERESPAÇO
O ciberespaço pode ser chamado de internet, “rede” etc. O ciberespaço é o
ambiente virtual, é o meio de comunicação de interconexões entre computadores. Além
de toda infraestrutura materializada na comunicação digital, o ciberespaço é um
contexto comunicativo, informático, colaborativo e interativo entre usuários numa vasta
rede de informações. O ciberespaço é o espaço virtualizado e atualizado da cibercultura.
A cibercultura caracteriza-se pelo conjunto de tecnologias, de práticas, de costumes, de
maneiras de expressar o pensamento, de opinar, de expressar sentimentos, de manipular
informações, de se relacionar, de divulgar o pensamento científico etc.
Nesse sentido, o ciberespaço caracteriza-se como um espaço-discursivo, e
nesse espaço se ampliam as possibilidades de interação e incita o aparecimento de
vários gêneros discursivos experimentados coletivamente. Para Lévy (1999, p. 9) “o
crescimento do ciberespaço resulta de um movimento internacional de jovens ávidos
para experimentar, coletivamente, formas de comunicação diferentes daquelas que as
mídias clássicas nos propõem”. Com o advento da tecnologia, novas formas de
interação têm sido usadas pelo homem e, assim, estamos rodeados de gêneros digitais,
como chat, e-mail, blog, fórum, lista de discussão e outros.
Aprendemos com Bakhtin (1997, p. 304) que é preciso dominar bem os
gêneros. Isso significa que seja preciso conhecer e familiarizar-se com os diversos
gêneros textuais que circulam em nossa sociedade. Precisa-se saber produzir vários
gêneros textuais, é necessário ampliar o entendimento e uso dos gêneros textuais.
Bakhtin diz que quanto melhor dominamos os gêneros tanto mais livremente os
empregamos. Ele defende que a diversidade dos gêneros do discurso é muito grande. A
diversidade desses gêneros explica-se pelo fato de que eles são diferentes em função da
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situação, da posição social e das relações pessoais de reciprocidade entre os
participantes da comunicação. E, comunicar-se nos dias atuais supõe conectar-se com os
ambientes digitais e on-line.
O sucesso da internet e dos gêneros midiáticos, ou, hipertextuais, ou, digitais,
ou, eletrônicos, ou, virtuais deve-se ao fato de reunir num só meio várias formas de
expressão, tais como, texto, som, imagem, movimento. Os gêneros emergentes na
perspectiva estudada nesta pesquisa não é necessariamente o inédito, no sentido de ser a
primeira locução.
O próprio locutor como tal é, em certo grau, um respondente, pois não
é o primeiro locutor, que rompe pela primeira vez o eterno silêncio de
um mundo mudo, e pressupõe não só a existência do sistema da língua
que utiliza, mas também a existência dos enunciados anteriores —
emanantes dele mesmo ou do outro — aos quais seu próprio
enunciado está vinculado por algum tipo de relação (fundamenta-se
neles, polemiza com eles), pura e simplesmente ele já os supõe
conhecidos do ouvinte. Cada enunciado é um elo da cadeia muito
complexa de outros enunciados. (BAKHTIN, 1997, p. 291)
Os gêneros midiáticos configuram-se por ocasião desse momento sócio-
histórico-cultural. Esses gêneros são mediados pelas aceleradas tecnologias que
avançam numa velocidade que antes só poderia ser previsto por meio de filmes de
ficção científica.
O que se pode destacar é que os textos midiáticos, enquanto gêneros,
são formas de representar práticas socioculturais dentro de outras
práticas socioculturais institucionalizadas que envolvem participantes
(produtores e receptores), mediados pelo texto, a partir de contratos
tácitos que vinculam as duas pontas do processo de comunicação
(produtores e receptores), numa incessante tarefa de produção de
sentido a partir do querer dizer do produtor e do que é interpretado
pelo receptor. (PINHEIRO, 2002, p. 287)
Dessa forma, resultam novas exigências, novas formas de relacionamento. Os
gêneros refletem estruturas de autoridades e relações de poder, além de serem formas
sociais de organizações e expressões típicas da vida cultural. Embora, haja uma
integração de imagens, som, movimento; todos os gêneros presentes na internet são
eventos textuais fundamentalmente baseados na escrita.
Só que nesse espaço a escrita tem outra configuração:
O fluxo sequencial do texto na tela, a continuidade que lhe é dada, o
fato de que suas fronteiras não são mais tão radicalmente visíveis,
como no livro que encerra, no interior de sua encadernação ou de sua
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capa, o texto que ele carrega, a possibilidade para o leitor de
embaralhar, de entrecruzar, de reunir textos que são inscritos na
mesma memória eletrônica: todos esses traços indicam que a
revolução do livro eletrônico é uma revolução nas estruturas do
suporte material do escrito assim como nas maneiras de ler.
(CHARTIER, 1999, p. 12)
Marcuschi (2010, p. 33) estabelece alguns parâmetros para enquadrar os
gêneros: número de interlocutores; tempo de espera e de envio de mensagens ou sinais;
quantidade de texto permitido; limites impostos à revisão; grau de automatização das
operações; método de armazenamento, mecanismo de busca, gerenciamento dos textos;
riqueza e variedade dos sinais (texto, som, imagem).
Os gêneros em ambientes virtuais estão em processo constante de interação,
estabelecendo um caráter inovador no contexto das relações entre fala e escrita; com
possibilidade de inserção de imagens, fotos, músicas, vozes, movimentos. É possível
inserir ícones indicadores de emoções com marcas de polidez ou indicação de posturas,
além da rapidez da interação num ambiente cheio de descontração e informalidade.
Os gêneros no ambiente virtual identificam-se pela sua relação temporal
síncrona ou assíncrona; de duração indefinida, rápida ou limitada; pela extensão do
texto, longa ou curta; pelo formato textual com turnos encadeados, texto corrido,
sequências soltas, estrutura fixa; em relação ao número de participantes: dois, múltiplos
ou grupo fechado; quanto a relação dos participantes: conhecidos, anônimos ou
hierarquizados; em relação a trocas de falantes pode ser alternada ou inexistente; quanto
a função pode ser interpessoal, lúdica, institucional, educacional; quanto ao tema pode
ser livre, combinado ou inexistente; quanto ao estilo pode ser monitorado, informal ou
fragmentário; em relação ao canal pode ocorrer somente com texto escrito ou, com oral
e escrito, ou, com texto e imagem ou, ainda, por paralinguagem; quanto a recuperação
de mensagem pode ocorrer por gravação ou serem voláteis.
No ciberespaço imagem, palavra, movimento mantêm uma relação cada vez
mais próxima, cada vez mais integrada. As tecnologias atuais facilitam a criação de
novas imagens, novos layouts, assim como sem dificuldades divulgam essas criações
numa audiência cada vez mais ampla. Uma simbiose de gêneros circula nessa grande
rede.
Identificam-se, nos ambientes em rede, gêneros diversos que podem ser
classificados em burocráticos: formulários, perfil, cadastro; ou relacionados ao
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cotidiano como o chat, o fórum, o blog; aqueles considerados escolares de divulgação
científica tais como, verbetes, relatórios, instrução, apresentação, relato histórico,
artigos científicos, dissertação de mestrado, tese de doutorado; ainda, encontram-se
gêneros jornalísticos: notícia, reportagem, artigo de opinião; Artístico-literários:
poemas, letra de canção, paródia; plásticas e gráficas: pintura, artes digitais; outras
linguagens: música.
Portanto, no ambiente virtual há inovações tecnológicas e novas formas de
integração com os textos; gêneros midiáticos fazem parte dessa enorme cadeia
labiríntica, caótica, complexa de conexões que se perdem e encontram em ramificações
medidas numa nova tecnologia de computação na nuvem. Caminha-se, então, para essa
tecnologia que está sendo pensada para o processo de automação das informações, de
integração de nuvens de provedores, além disso, essas nuvens têm que ser tecnicamente
seguras, abertas e eficientes. Assim, o pensamento flui na velocidade do pensamento
tecido no processo de colaboração na grande rede. A linguagem das mídias, em
específico a linguagem dos ambientes digitais, repleta de imagens, movimentos e sons,
atraem todas as gerações, principalmente as mais jovens. Nesse contexto, surgem novos
modos de comunicar-se socialmente, novas linguagens, novas interfaces, gêneros
midiáticos se convergem nas conexões híbridas, hipertextuais e não lineares das
infovias da informação e da comunicação. Assim, selecionamos alguns gêneros
midiáticos como incidências na virtualização do ciberespaço para algumas
considerações.
1.1.1. O E-MAIL COMO UM GÊNERO DISCURSIVO: VANTAGENS E
DESVANTAGENS
O e-mail é um gênero emergente que transmutou da carta pessoal, do bilhete,
do correio. Segundo Marcuschi (2010, p. 50), “Os e-mails efetivamente estão
constituindo um novo gênero tendo em vista suas peculiaridades formais e discursivas”.
Mas, falta ainda um aproveitamento no espaço escolar de modo efetivo tanto por parte
dos professores quando dos alunos.
A utilização do correio eletrônico tornou-se um costume e uma necessidade
também nos ambientes escolares. Em outras instituições sociais essa prática é algo
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rotineiro. Para Pescador (2009, p. 2), o emprego do e-mail faz parte do dia a dia das
pessoas de um modo geral.
O hábito de ler e enviar mensagens de e-mail foi incorporado à rotina
de muitas pessoas pelo mundo afora nos últimos anos. Isso só foi
possível graças à expansão do acesso à internet e à grande rede
mundial de computadores (WWW ou Web) e às inúmeras ferramentas
de comunicação síncronas e assíncronas que esse meio oferece.
O e-mail é uma ferramenta que possibilita enviar e receber mensagens, textos,
figuras e outros arquivos através da internet. É um modo assíncrono de comunicação, ou
seja, independe da presença simultânea do remetente e do destinatário da mensagem. O
e-mail tem como característica essencial o envio e o recebimento de mensagens curtas e
objetivas
O e-mail é uma ferramenta para alguns pesquisadores e para outros é
considerado um gênero que facilita a colaboração, discussão de tópicos de trabalho e
aprendizagem em grupos grandes, viabilizando a criação de comunidades discursivas,
superando limitações de tempo e de espaço. Nesse sentido o e-mail pode ser um
instrumento viabilizado para o processo de ensino e aprendizagem.
Para Castells (2003, p. 99), “O e-mail representa mais de 85% do uso da
internet, e a maior parte desse volume relaciona-se a objetivos de trabalho, a tarefas
específicas e a manutenção de contato com a família e os amigos em tempo real”.
O emprego do e-mail vem, segundo Franco (1996, p. 48), “provocando um
verdadeiro renascimento do hábito de escrever cartas e exercitar a escrita. Isso joga por
terra a falsa ideia que há alguma contradição entre escrita e informática”. De acordo
com esse autor a informática é uma tecnologia da inteligência complementar à escrita,
não a substitui. O domínio dos mecanismos de leitura e escrita compreensivas é uma
condição indispensável do ciberespaço.
Ressaltam-se algumas vantagens do e-mail sobre outros meios de interação
humana. O e-mail é assíncrono. Quando se comunica por e-mail não se necessita marcar
com antecedência para que a pessoa esteja no lugar de recepção. O tempo transcorrido
entre a emissão e a recepção da mensagem é praticamente instantâneo. O e-mail não
requer um espaço e tempo concreto para realizar a comunicação, o que acontece em
outras atividades comunicativas frequentemente. A comunicação pode ser entre
indivíduos ou entre grupos.
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Segundo Paiva (2010, p. 87), as vantagens estão relacionadas à velocidade na
transmissão; ao baixo custo; uma mesma mensagem pode ser enviada para milhares de
pessoas no mundo inteiro; a mensagem pode ser arquivada, impressa, copiada; pode
circular livremente; pode ser lida na Web, ou baixadas através de um software; arquivos
em formatos diversos podem ser anexados, tais como, texto, apresentação de slides,
tabelas, gráficos; ainda, imagens de desenhos e fotos, além de poder ser anexados som e
vídeos; facilita a colaboração, discussão e a criação de comunidades discursivas; o
usuário é facilmente contatado. Dentre as desvantagens destacam-se o caráter de
dependência dos provedores de acesso; expectativa de feedback imediato; o e-mail pode
ir em endereço errado, pode ser copiada, alterada; há excesso de mensagens
irrelevantes; arquivos anexados podem bloquear a transmissão de outras mensagens ou,
ainda, conter vírus; há uma certa invasão de privacidade.
Pesquisas já perceberam características de informalidade, de inobservância de
algumas regras ortográficas, de objetividade. O e-mail pode ser visto como um gênero
eletrônico com características típicas do memorando, bilhete, carta. Assim, o e-mail
tornou-se um meio de comunicação cada vez mais poderoso com o potencial de tornar-
se o principal meio de comunicação para a maioria das pessoas.
O correio eletrônico pode ser um excelente gênero para o emprego nas aulas de
um modo geral, mas, principalmente nas aulas de língua portuguesa e língua
estrangeira. O e-mail pode ser utilizado para a construção de textos com
acompanhamento dos professores e dos alunos; pode tornar-se um canal de
comunicação entre alunos e professores, de forma individualizada ou em grupo; pode
ser utilizado para marcar reuniões, esclarecer dúvidas, trocar mensagens. E, também, os
textos podem ser impressos ou arquivados, constituindo-se num portfólio dos alunos.
Esse ambiente pode ser usado ainda para criar um grupo de discussão.
Ainda, pelo correio eletrônico circulam vários gêneros como ofício,
memorando, receitas culinárias, propaganda, abaixo-assinado, carta-corrente (informes
sobre vírus, amor e amizade, piadas, correntes-teste, corrente anticorrente, trotes,
crianças doentes) etc.
As cartas-correntes, por exemplo, estruturam-se em relação a um problema
apresentado, ou seja, a uma situação que tem que ser resolvida, gira em torno de um
tema (criança morrendo de câncer, vírus que está sendo espalhado pela rede), o
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problema tem que ser proposto por alguém que tenha autoridade, mas na maioria das
vezes apresenta-se anônimo, um poder quase místico, mostrando-se confiável. As frases
são apresentadas no imperativo, instigando o leitor a executar a ação. Há sempre um
incentivo proposto pela corrente a fim de que o leitor faça a ação esperada. Embora,
exista uma infinidade de gêneros que circulam pelo e-mail, mas ele é sem dúvidas um
gênero textual digital do ciberespaço.
1.1.2. O CHAT: PRODUÇÃO DE MODO ‘SÍNCRONO’
O chat é um tipo de comunicação interpessoal cuja principal característica é a
“produção de modo síncrono”, conforme Marcuschi (2010, p. 55), isto é, os
participantes da comunicação conectam-se em um mesmo momento para participar
ativamente do discurso. O chat exige a presença ativa dos usuários. Por outro lado, não
é sempre que ocorre a sincronia, pois não é sempre que o usuário dá as resposta de
modo imediato; muitas vezes o interlocutor vai dar a resposta muito mais tarde.
Todos os chats podem ser operados com recursos hipertextuais de escrita, som,
imagem. Os gêneros hipertextuais instauram-se como uma possibilidade
comunicacional plural, dinâmica e muito mais envolvente.
O chat possibilita a interação em tempo real, até mesmo como ponto de
encontro entre os usuários. A utilização do chat oferece mais uma possibilidade
interativa entre professor e alunos nos ambientes virtuais de ensino e aprendizagem.
Esses estudantes interagem numa simbiose dentre o texto escrito, som, imagem,
movimento.
Para Araújo (2010, p. 134):
O chat é um gênero de natureza híbrida, pois funde oralidade e escrita
em um mesmo suporte, a tela do computador, e em um mesmo evento
sociointeracional. (...) O chat absorve outras formas semióticas como
som e imagem, trazendo uma nova formatação ao texto escrito, que
por sua vez, é permeado de oralidade.
O modelo de comunicação próprio do chat é um sistema híbrido da
comunicação oral, escrita, auditiva e visual. Dessa forma, o chat participa de
características da linguagem oral e da linguagem escrita, gerando, assim, um tipo de
comunicação com uma série de códigos próprios. Os chats são, portanto, na sua maioria
produções escritas no formato de diálogo; além de serem produções curtas, as
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contribuições são expressas em poucas linhas, ou mesmo em poucas palavras e muitas
vezes são produções abreviadas.
A característica do chat, segundo Franco (2010, p. 55), “vem da sua utilização
para a comunicação em grupo onde várias pessoas se encontram virtualmente para
conversar. O diálogo pode tomar qualquer direção, dependendo do grupo, mas a maior
parte das vezes as pessoas conversam amenidades”. Por isso o chat associa-se na
maioria das vezes ao lúdico e ao lazer. O chat possui características de alta
interatividade, pois o usuário pode comunicar-se empregando recursos textuais como a
palavra, a imagem, a voz, o movimento etc.
O chat, por exemplo, é uma situação comunicativa complexa que dá
origem a muitos gêneros de bate-papo virtual. Tais gêneros são
sustentáculos verbais de práticas de linguagem cotidianas (chat aberto,
reservado), como também podem estar a serviço de interesses
pedagógicos (chat educacional) e jornalísticos (chat com convidado).
(ARAÚJO, 2010, p. 118)
Embora, muitos estudantes passem horas seguidas em conversas casuais e
fragmentadas. Para Araújo (2010, p. 118), “O chat pode ser empregado para interesses
pedagógicos”. Para Moran (1997, p.10), “O chat tem um grande potencial democrático,
por ser aberto, multidimensional. Nessas trocas, realizam-se encontros virtuais, criam-se
amizades, relacionamentos inesperados que começam virtualmente e muitas vezes
levam a contatos presenciais”. Assim como o chat, o blog, também, pode ser
aproveitado pedagogicamente no espaço da sala de aula de modo interativo.
1.1.3. O BLOG: ESPAÇO INTERATIVO
O blog possui características determinantes de um gênero textual. Ele surgiu a
partir de duas palavras Web (rede de computadores) e log (uma espécie de diário de
bordo dos navegadores), daí surgiu a expressão Weblog e, depois, abreviou-se para
blog. A facilidade de utilização dos blogs deve-se ao fato de não ser necessário domínio
de linguagem de computador. Ele pode ser atualizado, frequentemente, na forma de um
diário; há espaço para comentários dos visitantes; ajuda a desenvolver a capacidade
criadora ou de autoria; comportam fotos, imagens, músicas, vídeos. Além de serem
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redigidos para que os conteúdos, informações, fotos, vídeos, gifs animadas sejam
compartilhadas abertamente.
O blog é um ambiente para compartilhar informações que o usuário considera
interessantes, postar comentários sobre assuntos específicos e diversos, ou criar links
para sites da internet que se considere importante para ampliar as informações colocadas
no blog. “O blog é um diário pessoal. Uma tribuna diária. Um espaço interativo. Um
local para discussões políticas. Um canal com as últimas notícias. Um conjunto de links,
ideias, mensagens disponibilizadas para o mundo”.
Ele pode ser usado para organizar e divulgar ideias ou usar esse espaço para
controlar discussões. Com esse gênero existe a possibilidade de estabelecer conexão
com pessoas que leem o seu blog e ouvir as opiniões delas.
O blog, que seria, segundo Marcuschi (2005, p. 31), um gênero emergente,
preexistente dos diários pessoais, abriga tanto escritas sobre si, ou seja, declarações de
cunho pessoal, que formariam o gênero “diário pessoal”, quanto piadas, músicas e
outros gêneros que demonstram o gosto pessoal do “dono” do blog.
Esse gênero emergente é um espaço em que palavras, imagens, indicação de
links organiza-se num grande suporte de linguagem para existir e, consequentemente,
neste contexto, a linguagem passa a exercer papel fundamental, pois ela será o meio em
que os visitantes serão conquistados, podendo vir, a partir da relação que construírem, a
formar redes sociais.
Trata-se de um espaço de comunicação que tem uma estrutura determinada,
rígida, que o transformaria em mais um gênero do discurso digital. Espaço para
expressar ideias variadas, ou seja, é possível encontrar diferentes gêneros nos Blogs,
porque o usuário pode publicar e dar ênfase em determinados gêneros conforme a sua
preferência e o seu querer-dizer.
Entende-se que os Blogs são potencialidades de mecanismo de informação e
comunicação; carregam características claras de rede social, como a solidariedade, a
participação, a intenção de pertencer a um grupo e até mesmo a incluir outras pessoas
nas comunidades já existentes.
A discussão acerca da estrutura linguística do Blog encontra-se acirrada.
Marcuschi (2010, p. 71), por exemplo, caracteriza o Blog como gênero digital. O blog
destaca-se como um dos gêneros do discurso digital. Ele possui contextos e aplicações
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diversos; e abrange diversas áreas da educação, do jornalismo, da psicologia, da
informática, da pedagogia etc.”; de outro lado, a quem não o considere um gênero
específico, mas, sim, um espaço de comunicação no qual, num plano mais pragmático,
funcionaria como um sistema menos complexo e mais rápido para que publicações
sejam disponibilizadas na rede mundial de computadores, facilitando, assim, a produção
de páginas por pessoas sem muito conhecimento técnico sobre o funcionamento desta
mídia.
O Blog, para a maioria dos pesquisadores, é considerado um gênero; mas
existem pessoas que discordam, por exemplo, para Pereira (2007, p. 522), “O blog não
pode ser considerado um gênero virtual emergente, pois ele comunica as ideias de seus
autores para públicos diversos, de modos diversos, utilizando-se de diversos gêneros”.
Disso tudo, pode-se afirmar que o Blog pode e deve ser utilizado como um
espaço virtual de ensino e aprendizagem. Nesse espaço coletivo, o conhecimento ocorre
no processo de conectividade, de visibilidade, de interatividade, e, também, na
construção colaborativa entre os atores da práxis pedagógica, transformando as Redes
de Conhecimentos em Redes de Aprendizagem.
1.1.4. WIKI: ESCRITA COLETIVA NO CIBERESPAÇO
A participação de comunidades de escrita coletiva, o leitor torna-se também
sujeito daquilo que lê, na medida em que lhe é permitido participar do processo de
criação do grupo. Ao ler, torna-se crítico e expõe sua reflexão em sua própria escrita
que ganha outros leitores. Assim, essa participação colaborativa nos ambientes on-line
pode ocorrer pelo Wiki.
Um Wiki é um aplicativo que fica hospedado em um servidor web, e
que pode ser acessado com qualquer navegador, diferenciando-se de
outros aplicativos Web porque permite que os usuários leiam,
incluam e editem conteúdos sem a necessidade de se fazer uma
revisão antes de publicá-los. (MACIEL, 2009, p. 76)
Os diálogos on-line, em tempo real ou não; a possibilidade de participar de
espaços virtuais, em diferentes contextos; vem estabelecendo novos modos de ver o
mundo: um mundo hipertextual, um mundo não linear, um mundo numa imensa rede.
Aos poucos, começamos a compreender também que a internet favorece a socialização,
a troca e o trabalho conjunto, em redes colaborativas como é, por exemplo, a Wikipédia.
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A Wikipédia é uma enciclopédia mundial em que qualquer pessoa pode não só
ler seu conteúdo como alterá-lo, alterando, adicionando outros documentos, ajustando e
corrigindo seus verbetes. A fiscalização dos conteúdos realiza-se pelos próprios
usuários, que podem atualizá-la com as últimas informações ou deletar informações
equivocadas ou mentirosas que tenham sido incluídas por desinformados ou por alguma
pessoa má intencionada.
Para Bohadana (2007, p. 11), “Nas wikis a regra geral é não existir controle
central, pois se espera que as sucessivas contribuições dos internautas sobre o texto
constituam com o tempo um consenso, um texto profundo e refinado a respeito do tema
proposto”. O wiki é um modelo de organização e gestão colaborativa de documentos.
Esse modelo organiza e mantem a qualidade do conteúdo porque são produzidos por
pessoas com interesses comuns. O Wiki permite que os documentos, sejam editados
coletivamente através da utilização de um navegador web e oferecem possibilidades
educativas no espaço da sala de aula.
Segundo Bohn (2009, p. 183), “Wikis oferecem um ambiente colaborativo onde
os professores devem aproveitar especialmente no ensino da escrita”. Nesse sentido, os
Wikis podem ser aproveitados por professores e alunos para o processo de criação de
textos nos ambientes on-line.
O fato é que, hoje, os alunos estão mais sintonizados com as tecnologias
digitais, todavia, eles carecem de ajuda no processo de interação, quanto no processo de
seleção da informação relevante. Eles precisam além da mediação do próprio código,
mas também da mediação do professor quanto ao uso das tecnologias atuais, quanto ao
acesso à internet, quanto ao identificação e ao emprego dos gêneros midiáticos digitais
dispostos na internet etc.
2. FAZERES E SABERES NA PRÁXIS PEDAGÓGICA: GÊNEROS
MIDIÁTICOS
Os sujeitos da práxis pedagógica estão no ritmo das conexões não lineares do
ciberespaço. Os jovens nasceram nesse contexto informático. Eles certamente têm
menos dificuldades do que seus professores. Talvez, falte para nós profissionais da
educação, aproveitar o potencial de interesses desses jovens e instigá-los à pesquisa,
estimulá-los na busca constante de conhecimentos que possam ajudá-los a resolver os
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seus problemas, a ajudá-los a buscar um conhecimento sistematizado, organizado, e
fazer, dessa forma, uma ponte o saber cotidiano desses jovens e aproximá-los de um
conhecimento científico.
De fato, são os adolescentes que estão no processo de descobrir sua
identidade, de fazer experiências com ela, de descobrir quem
realmente são ou gostariam de ser, oferecendo assim um fascinante
campo de pesquisa para a compreensão da construção e da
experimentação da identidade. (CASTELLS, 2003, p. 99)
No contexto das redes de conhecimento, pode-se aprender de várias maneiras,
em diferentes espaços. No ciberespaço há um ‘oceano’ de informações, múltiplas
fontes, visões diferentes de mundo, culturas variadas; há inovações tecnológicas e novas
formas de integração com os textos, gêneros midiáticos fazem parte desse novo
contexto. Esses gêneros digitais disponibilizados na internet permitem uma maior
integração entre os vários signos verbais, sons, imagens e formas em movimento numa
dinâmica lúdica.
No ciberespaço a construção do conhecimento ocorre de modo hipertextual,
por simulação. De acordo com Lévy (1996, p. 121), “O conhecimento por simulação é
sem dúvida um dos novos gêneros de saber que a ecologia cognitiva informatizada
transporta”. Esses jovens estão imersos no ciberespaço, construindo sua identidade,
experimentando novas formas de conhecer e se relacionar nesse emaranhado de
informações. Nessas infovias é possível observar um novo leitor: um leitor imersivo.
Para Santaella (2007, p. 37), “O leitor imersivo é aquele que começa e emergir nos
novos espaços incorpóreos da virtualidade. (...) O leitor imersivo navega no ciberespaço
entre nós e nexos construindo roteiros não lineares, não sequenciais”.
Esse espaço virtual de ambientes constituídos de gêneros midiáticos on-line é
segundo a estudiosa que segue um lugar possível de aprendizagens, um espaço de
pesquisas dentre outras finalidades. Trata-se de:
Uma imensa e complexa rede de meios de comunicação, instalada em
quase todos os países do mundo, interliga pessoas e organizações
permanentemente. Um único e principal fenômeno tecnológico, a
internet, possibilita a comunicação entre pessoas para os mais
diferenciados fins: fazer negócios, trocar informações e experiências,
aprender juntas, desenvolver pesquisas e projetos, namorar, jogar,
conversar, enfim, viver novas vidas, que podem ser partilhadas em
pequenos grupos ou comunidades, virtuais. (KENSKI, 2007, p. 33)
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Nossos alunos, sem dúvidas, passam grande parte do tempo deles navegando
na internet e precisam da ajuda dos seus professores a fim de auxiliá-los a administrar
melhor o tempo deles com atividades orientadas; é preciso ajudar esses alunos a refletir
a respeito desse novo contexto de informações e produtos muitas vezes prontos para
serem consumidos, nesse espaço em que as pessoas podem manifestar o que pensam, o
que sentem. Enfim, novos horizontes podem abrir-se nesse contexto atual.
Quanto mais informação estiver disponível e mais os indivíduos
puderem considerar os argumentos e as reivindicações dos outros,
tanto mais poderão gradualmente modificar seus pontos de vista
originais. Os horizontes de compreensão podem se alargar neste
esforço comum para que todos tenham oportunidade de se manifestar.
(THOMPSON, 2008, p. 221)
O ciberespaço permite o acesso a uma infinidade de informações. E, quanto
mais informações os alunos tiverem acesso amplia as possibilidades para encontrar
solução para os seus problemas e angústias.
A internet não somente uma tecnologia. Trata-se de um meio de comunicação,
estruturado numa grande rede. A internet é para esses jovens um elemento
imprescindível que vem alterando dia a dia a vida deles. A internet é um potencial
importante para esses jovens se comunicarem seus valores, expressarem suas angústias,
divulgarem suas descobertas, e partilharem suas esperanças.
A internet é mais que um mero instrumento útil a ser usado porque
está lá. Ela ajusta às características básicas do tipo de movimento
social que está surgindo na Era da informação. E como encontraram
nela seu meio apropriado de organização, esses movimentos abriram e
desenvolveram novas avenidas de troca social, que, por sua vez,
aumentaram o papel da internet como uma mídia privilegiada.
(CASTELLS, 2003, p. 115)
Embora, para esses sujeitos em específico o e-mail está sendo utilizado, mas
esse uso não é constante. Os e-mails são criados por esses estudantes, porque em
muitos casos há uma exigência própria do ciberespaço para ter acesso aos sites de
relacionamento, entretenimento, jogos etc. Esses jovens sem dúvidas estão sintonizados
com as possibilidades de comunicação instantânea, de forma síncrona e assíncrona em
ambientes virtuais.
A leitura que se faz até o momento é que a internet é para esses jovens um
espaço de entretenimento, de relacionamento, de fuga, de consumo em potencial de
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produtos e ideias, de busca de algo para dar resposta às atividades propostas em sala de
aula.
3. PARA NÃO FINALIZAR O DISCURSO
O espaço da sala de aula na medida em que se abrir para o envolvimento com
as linguagens digitais, com os gêneros emergentes da internet e com os seus códigos
ventilará possibilidades diferentes de expressão. Terá a possibilidade de transformar as
Redes de conhecimentos em Redes de Aprendizagem no contexto escolar.
Os gêneros midiáticos surgem, assim, em função da expansão tecnológica que
avança de um modo acelerado nestes últimos anos, alterando os hábitos de nossa
sociedade. Percebe-se um rápido desenvolvimento da informática. Se o profissional da
educação pretende promover uma adaptação da escola ao mundo tecnológico digital,
são necessárias atualizações constantes dos conhecimentos. Nesse sentido, precisa-se
refletir e teorizar sobre a prática, torná-la significativa.
A existência dos diversos gêneros implica numa tomada de posição por
educadores preocupados em compreender a realidade; uma postura no sentido de
estabelecer uma leitura com um posicionamento crítico frente a essa nova configuração
social. Textos diversos circulam nas mídias e estão carregados de ideologias que são
capazes de moldar o comportamento das pessoas.
O potencial dos gêneros midiáticos é incontestável. O emprego dos gêneros de
um modo geral e principalmente os digitais amplia o campo de comunicação e interação
entre as pessoas, abrem-se novos horizontes.
O trabalho com gêneros midiáticos digitais pode ser um fator de sensibilização
e motivação na melhoria do aprendizado. A utilização de gêneros midiáticos faz com
que os alunos sintam-se motivados a produzir seus próprios materiais didáticos.
A ampliação dos gêneros midiáticos, na mesma proporção, alarga a capacidade
de compreender, empreender e transformar, tanto no plano individual, como também no
plano do coletivo.
Os alunos buscam na internet respostas para as suas atividades escolares, para
as suas angústias pessoais; também buscam entretenimento, relacionamento,
visibilidade, atualização das informações, satisfação pessoal. Professores, sem dúvidas,
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são importantes a fim de ajudar esses alunos a encontrar as respostas para os anseios
deles, mediando saberes construídos na experiência para a construção de conhecimentos
científicos tecidos nas redes de conhecimento.
Nesse sentido, o uso de diferentes gêneros textuais em sala de aula pode
contribuir para uma prática pedagógica capaz de preparar leitores conscientes da
realidade. Nesse patamar de considerações, tudo indica que cabe à escola e no caso em
específico professores da área de linguagens a tarefa de auxiliar essas pessoas a
selecionar e interpretar as informações disponibilizadas no universo dos gêneros
midiáticos.
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