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Rastros - Revista do Núcleo de Estudos de Comunicação
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Jacques Mick*
O jornalismo por vir1
Resumo
Este artigo propõe que a crise do discurso
jornalístico agravada pela convergência digital
receba respostas teóricas que desloquem cate-
gorias-chave para a interpretação do jornalismo
do marco cartesiano no qual foram constituídas.
A partir da idéia de que o jornalismo é um
pensar, não um fazer, sugere que conceitos
como verdade, leitura, acontecimento, tempo
e poder sejam ressignificados. A hipótese e de
que maior complexidade teórica contribuirá
para romper os limites impostos à reflexão
sobre a área pela história, predominantemente
empírica, da constituição desse campo.
Palavras-chave:
Teoria do jornalismo
Discurso jornalístico
Jornalismo
Poder
* - Jornalista, Doutor em Sociologia Política (UFSC), professor do curso de Comunicação Social da Associação Educacional Luterana Bom Jesus/Ielusc1 - Versão preliminar deste texto foi apresentada como aula inaugural comemorativa dos dez anos do Curso de Jornalismo do Bom Jesus/Ielusc, em Joinville (SC), em 12 de fevereiro de 2008.
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É consenso há quase vinte anos que o discurso
jornalístico está em crise. Não há segredos quanto
aos fundamentos dessa crise, ao menos no que tange
às preocupações recorrentes dos intelectuais e dos
conglomerados de mídia. A convergência digital está
transformando os suportes em que circula a informação,
ao mesmo tempo em que estende a cidadãos que não
são jornalistas profissionais a possibilidade de publicar
e dar ampla visibilidade a conteúdos – notícias, artigos,
filmes, fotografias, para destacar apenas as formas
mais próximas do Jornalismo. O novo ambiente foge
ao controle dos monopólios e, se ainda não representa
exatamente uma democratização, dada a concentração
do uso de computadores na parcela mais alta da pirâ-
mide social, é de esperar-se que a universalização do
acesso ocorra com maior rapidez do que aconteceu, por
exemplo, com a televisão, que no Brasil só chegou a
um número de domicílios superior ao do rádio 50 anos
depois das primeiras transmissões.
O número de leitores de jornais tem caído em
todo o ocidente e, nos países mais ricos, a concentra-
ção de propriedade tem reduzido o número de títulos
de diários. Nos Estados Unidos, os diários locais em
que os jornalistas começavam suas carreiras antes de
migrarem para títulos robustos como The New York
Times ou The Washington Post já não existem mais
(MEYER, 2007). Em contrapartida, em parte pela força
econômica dos grupos de mídia, tem crescido o número
de títulos de revistas. E as experiências de convergência
digital hoje asseguram a um leitor brasileiro o acesso
instantâneo às versões eletrônicas dos diários euro-
peus ou americanos, permitindo uma leitura própria
(ou seja, não dependente do olhar da imprensa do
Brasil) de acontecimentos tão distintos quanto o rombo
na Société Générale, o caso Maddie ou o casamento
entre Sarkozy e Carla Bruni. Não há dados suficientes
para se afirmar que a erosão de leitores de impressos
foi compensada pelo surgimento de novos leitores em
meio eletrônico – mas é uma possibilidade a conside-
rar. Metade dos franceses nascidos antes de 1940 lê
jornal regularmente. Dos nascidos entre 1940 e 1960,
somente 30% lêem jornal diariamente. E o índice é de
apenas 20% para os mais jovens. A convergência digital
parece deslocar os leitores de jornal para suportes de
difícil comercialização, de escasso controle e de forte
competitividade (SPITZ, 2004).
O diagnóstico alcança relativo consenso porque a
investigação sobre a relocalização das mídias tradicio-
nais é, sobretudo, um tema de interesse das empresas,
as quais ainda ocupam lugar relevante em nosso campo
de conhecimento. Tal abordagem não necessariamente
contempla inquietações da sociedade civil e só corres-
ponde a parte das possibilidades e limites com que se
depara cotidianamente cada profissional. É um caso
de agendamento do debate acadêmico de acordo com
prioridades empresariais, notadamente dos grupos de
mídia, tais como a preservação de sua lucratividade. O
resultado desse foco se manifesta em textos como “Os
jornais podem desaparecer?”, de Philip Meyer, que se
autodesigna a imodesta missão de “salvar o jornalismo
na era da informação”. No momento em que vemos
sinais de fragmentação de uma “sociedade de discurso”
estruturada sob a força dos conglomerados de mídia,
não creio que a atitude intelectual mais adequada seja
a do lamento. Como notou Umberto Eco, a interpre-
tação radical conduz a leituras alternativas às adesões
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integradas ou às explosões apocalípticas.
No Brasil, o fenômeno não se dá exatamente
desta maneira, em função da série de transformações
estruturais na sociedade, a partir da redemocratização
e, notadamente, após a estabilização da economia,
depois de 1994. Começo por destacar a expansão
do alcance da educação. Em 2006, o Brasil tinha 9,5
milhões de habitantes com ensino superior completo,
conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicí-
lios (Ibge, 2008). É o maior número absoluto de toda
a história, e também o maior número relativo: 6%.
Desde 2001, esse volume cresceu quase 50% e o ritmo
está se acelerando. Em 2006, já havia 5,5 milhões de
brasileiros matriculados no ensino superior, mais 378
mil em mestrado ou doutorado. Ou seja: nos próximos
dez anos, a população com ensino superior irá mais
que dobrar.
Podem avizinhar-se, com isso, inéditas e impor-
tantes mudanças políticas, econômicas, sociais – e,
claro, no jornalismo. Não há qualquer aspecto nega-
tivo nessa evolução: mesmo uma universidade ruim
incrementa o capital cultural e, se desejar, um bom
aluno construirá um percurso marcante, apesar das
adversidades.
Que impactos esse incremento de massa crítica
na população pode trazer para nós, jornalistas? O que
desejarão esses leitores, telespectadores, ouvintes
daqui a uma década?
É certo que, num país de 20 a 30 milhões de
cidadãos educados, faltará informação de qualidade.
Em 2007, a tiragem total média dos diários brasileiros
chegou perto de 8 milhões de exemplares. Os veículos
de tiragem auditada pelo Instituto Verificador de Circu-
lação (IVC), os maiores do país, imprimiram 11% a mais
do que no ano anterior. Foi o quarto ano consecutivo
de crescimento. A maior parte da expansão deveu-se
ao lançamento de diários populares e de jornais em
municípios de porte médio. O Estado de Santa Catarina,
por exemplo, tem 48 diários e 171 jornais com outra
periodicidade, a maior parte deles muito aquém, em
qualidade, das exigências de leitores de maior nível
cultural. Neste país que aos poucos abandona a histó-
rica ignorância a que foi condenada a maior parte da
população, durante algum tempo ainda haverá espaço
para ampliar o número de exemplares em circulação.
Na Noruega, em 2006, eram vendidos 601 jornais por
grupo de mil habitantes. Na França, eram 155 exempla-
res por mil. Em ambos os países, a média havia caído
significativamente em relação às décadas anteriores.
No Brasil, com o crescimento de 2006, chegamos aos
53 diários por mil habitantes – um terço dos franceses,
menos de um décimo dos noruegueses.2
É também possível que o país pule a etapa im-
pressa do desenvolvimento das mídias. A televisão che-
ga a 96% dos domicílios brasileiros. São 102 milhões os
brasileiros com telefone celular. São quase 40 milhões
aqueles que têm acesso à internet (Ibge, 2008). Por
esses três canais (televisão, celular, internet) devem
ocorrer as principais transformações do jornalismo de
amanhã. Em 2005, quatro blogs não vinculados aos
grupos de mídia já estavam entre os 50 sites de informa-
ção com maior volume de acessos nos Estados Unidos.
Programas feitos exclusivamente para a internet, de
forma artesanal, conquistam nesse espaço audiência
semelhante a produtos do mainstream. Os critérios da
indústria cultural para dizer aos consumidores de mídia
2- Os dados são da Associação Mundial de Jornais, compilados pela Associação Nacional de Jornais e disponíveis em <http://www.anj.org.br>. Referem-se à população urbana, exclusivamente.
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o que é bom e o que é mau ao que parece não nos
servem mais, na era paradoxal da personalização de
massa (ANDERSON, 2006).
Ninguém pode saber como será o jornalismo do
futuro; esse sentimento de imprevisibilidade amplia as
condições para o surgimento de novos paradigmas.
Não se pode esperar do mercado uma interpretação
inteligente para essa crise. A práxis nele dominante é
a repetição – imposição compreensível, considerando a
dinâmica da indústria cultural. Em nenhuma disciplina
que conquistou autoridade intelectual a reverência às
práticas correntes do mercado, às verdades colhidas
pela experiência profissional, é tão evidente quanto em
algumas escolas de jornalismo e em parte da bibliografia
que dá apoio à formação dos profissionais. É curioso
que, neste momento da crise, algumas empresas se vol-
tem às universidades para pedir auxílio: não mais ditam
como deve ser, mas perguntam como pode ser.
É um sinal de que novos critérios de legitimação
e novas formas de reflexão podem surgir. Os meda-
lhões de hoje pensam com a cabeça de ontem: alguns
têm saudade de um tempo em que as redações eram
formadas por punhados de amadores, ignorantes tanto
em relação àquilo sobre o que escreviam quanto em
relação aos interesses empresariais ou políticos a que
serviam, ingenuamente. (Notemos, de passagem, que
o jornalismo pode ser das mais fáceis profissões. O
trabalho de um repórter de TV pode restringir-se, sem
esforço, a pentear um release, colher uma sonora, gerar
uma notícia confortável para a fonte e o veículo, deixar
para o cinegrafista o trabalho de cobri-la com imagens e,
ao final do mês, merecer o salário. Já entendemos que
essa práxis não bastará para o jornalismo do futuro).
A era dos repórteres que se sentiam poderosos porque
escreviam para uma multidão igualmente ignorante já
chegou ao fim.
Contra a tradição de empirismo que limita nos-
so entendimento sobre o jornalismo de hoje e nossas
especulações sobre o de amanhã, proponho um fu-
turo com teoria – e como teoria. Quero propor aqui
algumas idéias para uma interpretação do jornalismo
a partir de fundamentos não-cartesianos. São desloca-
mentos teóricos, movendo conceitos que me parecem
fundamentais para este campo do conhecimento, do
território em que hoje estão confinados: alguns, nos
estertores do positivismo; outros, no âmbito do senso
comum. Faço-o porque, mais importante que dominar
as técnicas do jornalismo do passado, é mobilizar inte-
ligências e formular linguagens para os cidadãos que
virão. Se há um sentido oculto na frase óbvia de que
“a realidade profissional é muito diferente daquilo que
se discute na universidade” é o de que a universidade
tem o dever de propor uma formação transcendente
em relação aos horizontes necessariamente limitados
da habilitação profissional.
Como condição para tal reflexão, noto a impor-
tância de libertar o entendimento do jornalismo dos
constrangimentos impostos pela fragmentação discipli-
nar. Aqui parafraseio Morin: a ação coletiva dos homens
é o objeto da sociologia, assim como suas patologias o
são da psicologia, enquanto os hábitos e ritos o são da
antropologia e as idéias, da filosofia; a biologia analisa
a anatomia do cérebro; a neurologia, suas conexões
e sinapses. A fragmentação das disciplinas, coerente
com o projeto cartesiano, cria rupturas artificiais no
Todo, separa o indivisível. Eis outro “problema” para
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aqueles que vislumbram ou desejam a constituição de
um campo em torno de objeto tal qual a comunicação:
só um pensamento sem fronteiras pode nos aproximar
do que é radicalmente “humano” – para contestar a
própria idéia de humano e permitir outras interpreta-
ções sobre fenômenos de fortes implicações sociais e
políticas como o jornalismo. De modo eclético, erudito,
sem concessões – não estamos acostumados a pensar
desse modo, mas é preciso.
Começo pelos fundamentos para essa interpre-
tação. O ponto de partida é o reconhecimento, embora
problemático, de que o jornalismo é uma forma social
de conhecimento, resultante de um conjunto de carac-
terísticas de determinadas etapas do desenvolvimento
econômico e de determinadas culturas. Como fenômeno
histórico, o jornalismo corresponde a certo espaço-
tempo – ou seja, não será necessariamente eterno,
como certamente desejam os proprietários de jornais e
revistas. A reinvenção das notícias – com a proliferação
de vívidos relatos produzidos por testemunhas de acon-
tecimentos em blogs ou comentários ou a publicação
de fotos de catástrofes que acabam de se dar diante
das câmeras digitais – pode ser vista como um sinal
de emergências de novas formas de compartilhamento
de informação independentes (ou menos dependentes)
do mainstream.
Lembro de uma idéia cara a Michel Foucault,
manifestada na aula inaugural no Collège de France,
em 2 de dezembro de 1970:
Por mais que o discurso seja aparentemente bem pouca coisa, as interdições que o atingem revelam logo, rapida-mente, sua ligação com o desejo e o poder. Nisto não há nada de espantoso, visto que o discurso – como a psicanálise nos mostrou – não é simplesmente aquilo que manifesta (ou oculta) o desejo; é, também, aquilo que é o objeto do desejo; e visto que – isto a história não cessa de nos
ensinar – o discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de dominação, mas aquilo por que, pelo que se luta, o poder do qual nos queremos apoderar (FOUCAULT, 2003, p. 10).
Reitero: o discurso é o poder que se deseja.
É, assim, impróprio referir-se à mídia ou à im-
prensa como um braço do poder, porque ela, como
discurso, constitui o próprio poder. Evidentemente, o
discurso não se limita às formas midiáticas – mas encon-
tra nelas manifestação expressiva, às vezes dominante,
às vezes marginal. Interpretar o jornalismo como parte
desse discurso idêntico ao poder implicaria refletir sobre
seus três constrangimentos externos cruciais apontados
por Foucault: a interdição (ou a palavra proibida), a
separação (ou rejeição), a vontade de verdade – desafio
que foge ao alcance deste artigo. Foco na vontade de
verdade em função de paralelos explícitos e assimetrias
instigantes com a crítica da verdade em Morin.
Os jornalistas são os últimos herdeiros daquela
vontade de saber da ciência, cuja origem Foucault situa
entre os séculos XVI e XVII, que
desenhava planos de objetos possíveis, observáveis, men-suráveis, classificáveis; uma vontade de saber que impunha ao sujeito cognoscente (e de certa forma antes de qualquer experiência) certa posição, certo olhar e certa função (ver, em vez de ler, verificar, em vez de comentar); uma vontade de saber que prescrevia (e de um modo mais geral do que qualquer instrumento determinado) o nível técnico do qual deveriam investir-se os conhecimentos para serem verificá-veis e úteis (FOUCAULT, 2003, p. 16).
Tal território nos é familiar: os planos de objetos
a conhecer correspondem aos critérios de noticiabilida-
de; as funções e posições do sujeito cognoscente são
análogas às normativas do trabalho de reportagem; o
caráter técnico, material, instrumental configura até o
prisma ético de nossa profissão. O discurso jornalístico
é autorizado pelo discurso da verdade. “Ora, essa von-
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tade de verdade, como os outros sistemas de exclusão,
apóia-se sobre um suporte institucional (...). Mas ela
é também reconduzida, mais profundamente, sem
dúvida, pelo modo como o saber é aplicado em uma
sociedade, como é valorizado, distribuído, repartido e
de certo modo atribuído” (FOUCAULT, 2003, p. 17).
Cria-se uma espiral: o jornalismo crê legitimar sua ver-
dade no momento em que faz circular o conhecimento
que representa – esse peculiar saber onipotente sobre
singularidades que nos cercam. A heroicização dos
jornalistas – linimento para baixos salários e condições
inadequadas de trabalho – é tradução de uma obsessão
narcísica com a verdade, construída coletivamente na
formação dos profissionais. Peter Parker e Clark Kent
são, sob este ponto de vista, representações irônicas de
uma neurose coletiva: é heróico o desafio de defender
a verdade, quer mobilizemos diáfanas teias de aranha
ou invulneráveis músculos de aço.
Ainda nos julgamos dotados da onipotência da
linguagem, incapazes de ver nela a fragilidade das figu-
ras, metáforas, metonímias, antropomorfismos. Aceitar
a hipótese de uma ruptura profunda entre Real e Lin-
guagem não é fácil. Morin, por exemplo, compreende as
particularidades da linguagem, mas propõe uma ruptura
apenas parcial com a idéia de que a verdade reside na
correspondência entre fato e relato. “(...) a linguagem é
uma simplificação complexificadora que permite utilizar
uma parte da hipercomplexidade cerebral, construir/
desconstruir uma nova complexidade discursiva e assim
dialogar com a complexidade do real” (MORIN, 1999,
p. 135). É uma posição ambígua, de difícil deglutição,
mas cujo ponto de partida é bem claro: a rejeição da
vontade de verdade. “Deve-se distinguir a idéia de
verdade do sentimento da verdade. A idéia de verdade
corresponde a uma resolução de alternativa verdadeiro/
falso sem que necessariamente sejamos envolvidos ou
afetados” (MORIN, 1999, p. 145). Há aqui um paralelo
evidente com Foucault: “Se nos situamos no nível de
uma proposição, no interior de um discurso, a separação
entre o verdadeiro e o falso não é nem arbitrária, nem
modificável, nem institucional, nem violenta” (FOU-
CAULT, 2003, p. 14).
A vontade de verdade transmuta esse sentido
para a esfera do desejo e do poder. Morin (1999, p.
145-146) nota que
o sentimento de verdade traz a dimensão afetiva/existencial para a idéia de verdade e pode tanto se apropriar da idéia de verdade quanto lhe obedecer. (...) O sentimento de verdade suscita uma dupla posse existencial: apropriação da verdade (‘eu tenho a verdade’) e possessão pela verdade (‘pertenço à verdade’); as duas posses ligam-se num ciclo que as alimenta: ‘Pertenço à verdade que detenho’; assim, enquanto se torna uma entidade transcendente que adora-mos, a verdade torna-se nosso bem pessoal, incorporado em nossa identidade.
É um discurso religioso, claro, e tal pertenci-
mento cria em nós, jornalistas, discípulos/profetas da
verdade no tormentoso mundo contemporâneo, um
sentimento de comunhão profissional – um corporati-
vismo, um auto-engano, uma identidade com o divino
que inventamos.
“Toda evidência, toda certeza, toda posse pos-
suída de verdade é religiosa no sentido primordial do
termo: religa o ser humano à essência do real e estabe-
lece, mais do que uma comunicação, uma comunhão”
(MORIN, 1999, p. 147). Questão de fé, note-se, longe
do exercício racional em que se assenta o projeto da
verdade. E que não raro legitima seus próprios equí-
vocos:
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(...) esse mesmo desejo infinito [de conhecimento] e impe-rativo [de verdade] pode também enganar o conhecimento teleguiando-o rumo às aspirações metafísicas secreta e inconscientemente inscritas no começo da investigação. Muitas buscas da verdade terminam na resposta desejada previamente: ‘Tu não me procurarias se já não me tivesses encontrado’. A verdadeira busca, com mais freqüência, en-contra outra coisa que a buscada (MORIN, 1999, p. 152).
Produzimos cotidianamente o antídoto contra o
ceticismo, incensado valor do nosso campo, porque “o
sentimento de verdade é inseparável do sentimento de
certeza (...). A necessidade de verdade deveria, certo,
primar em relação à de certeza e correr o risco de
contradizê-la, mas, com mais freqüência, a necessidade
de certeza submerge e cega a necessidade de verdade”
(MORIN, 1999, p. 146). Em outra direção, Foucault
rejeita a possibilidade de imaginar o mundo como uma
face legível que teríamos de decifrar apenas: “Deve-se
conceber o discurso como uma violência que fazemos
às coisas, como uma prática que lhes impomos em
todo o caso; e é nessa prática que os acontecimentos
do discurso encontram o princípio da sua regularidade”
(FOUCAULT, 2003, p. 53).
Isso nos remete à reflexão sobre o acontecimen-
to, crucial para a contraposição às leituras esquemáticas
sobre os critérios de noticiabilidade. Contra analistas
que racionalizam as opções em torno de categorias
mais ou menos estritas, perseguindo a ilusão cartesiana
fundadora do jornalismo, pode-se reconhecer, a partir
de Foucault, a arbitrariedade das escolhas jornalísticas,
consolidadas a partir dos princípios de regularidade.
Certamente o acontecimento não é nem substância nem acidente, nem qualidade, nem processo; o acontecimento não é da ordem dos corpos. Entretanto, ele não é imaterial; é sempre no âmbito da materialidade que ele se efetiva, que é efeito; ele possui seu lugar e consiste na relação, coexistência, dispersão, recorte, acumulação, seleção de elementos materiais; não é o ato nem a propriedade de
um corpo; produz-se como efeito de e em uma dispersão material (FOUCAULT, 2003, p. 57-58).
Nada mais distante da noção de fato jornalístico –
ela própria tão artificial que não resiste ao cotejamento
do conceito com as páginas de internet, jornais, revis-
tas, programas de rádio ou TV. A fluidez do conceito
de acontecimento, ressaltada sob outras premissas
por Adriano Rodrigues, experimenta as implicações do
“materialismo do incorporal” (FOUCAULT, 2003, p. 58):
o reconhecimento do lugar do acaso, do descontínuo e
da materialidade na raiz do pensamento. Tal percepção
nos remeterá a outra noção do tempo. O acontecimento
é discurso descontínuo, cuja interpretação escapa da
ordem da sucessão ou simultaneidade e da ordem
da consciência do sujeito. “É preciso elaborar – fora
das filosofias do sujeito e do tempo – uma teoria das
sistematicidades descontínuas. (...) É preciso aceitar
introduzir a casualidade como categoria na produção
dos acontecimentos” (FOUCAULT, 2003, p. 59). A ca-
sualidade subverte a causalidade a que habitualmente
recorremos para defender conceitos arbitrários como
proximidade, relevância, identificação social ou humana,
grandeza (LAGE, 2001).
Convictos da concretude do fato, orientamos nos-
so trabalho pelo signo da urgência, valor fundamental
para a modernidade, da qual o jornalismo é produto:
(...) nesse início de modernidade o tempo passava gradual-mente a ser espacializado, imaginado como seqüência linear de passado, presente, futuro. Oferecendo uma leitura diária, o jornal estaria não só reforçando essa noção moderna de tempo, como também possibilitando àquela comunidade de leitores a imaginação de si mesma como uma coletividade coesa, caminhando em bloco ao longo de uma estrada que a levaria ao futuro (GUIMARÃES SOARES, 2003, p. 72).
Guimarães Soares critica essa subordinação ao
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tempo, a partir de Anderson (2008). A novidade, o
urgente, é constitutivo de uma parte do jornalismo –
aquela que é respondida pela forma vibrante da notícia,
cada vez mais contemplada pelo rádio, pela TV, pela
internet. Com a universalização da urgência, tudo é su-
bordinado a esse imperativo, inclusive a crítica. Se todo
discurso é formado por uma matriz e seus comentários,
o jornalismo progressivamente se converte na multi-
plicação dos comentários, sob uma base relativamente
escassa de temas. Assim, a notícia de um jogo de fute-
bol, um relato de dois minutos sobre uma partida de 90,
comenta-se em mesas redondas, colunas, programas de
entrevistas, jornadas esportivas estendidas horas depois
do espetáculo – imensa tagarelice de função reiterati-
va: falamos tanto para reforçar a importância do que
dissemos há pouco. Ainda que nada tenhamos a dizer,
mesmo o vazio do falatório reitera nossa autoridade.
Para driblar a trivialidade habitualmente associada ao
futebol, volto à política e seu classicismo: as crises que
afetam os governos, sempre terminais, são longamente
observadas em mesas redondas, colunas, programas
de entrevistas, freqüentemente com precisão inferior
à adotada para a análise dos esquemas táticos. Res-
sentido, desinformado, inculto, o jornalismo apressado
justifica suas falhas sob o paradigma da urgência.
Sob outro ângulo, o problema manifesta-se como
simulacro da urgência: a adoção da forma da emergên-
cia para a notícia da irrelevância. É a espetacularização,
é certo, mas também a vulgarização da forma.
Guimarães Soares criticou tal apreço à urgência,
tomando como objeto o imperativo de atualização tec-
nológica nas redações – comportamento certamente
não exclusivo de jornalistas:
se a tecnologia vem sendo reverenciada por escolas e reda-ções como a bela rainha a cujo cetro novos e velhos jorna-listas têm que se submeter, sustento que tanto a indústria de tecnologia quanto o campo jornalístico (incluindo seus leitores) vêm sendo obedientes, assim como vários outros campos da cultura moderna, ao imperativo da urgência (GUIMARÃES SOARES, 2003, p. 69).
A relação com as novas tecnologias, experimen-
tada como drama no contexto da convergência digital,
é manifestação de uma mesma inserção no projeto da
modernidade, trabalho
em função da urgência da informação, da tensão narrativa intrínseca à esperança de realização da promessa moderna [de progresso, de desenvolvimento, de justiça social]. Jor-nalistas, tecnólogos, alunos, professores e leitores vêm pres-tando um louvor diário, religioso, delirante à própria deusa urgência, ao stress tomado como prova de responsabilidade social (GUIMARÃES SOARES, 2003, p. 75).
O autor nota que certos discursos contrários a
tal subordinação evocam a nostalgia de outro tempo,
mítico, pré-moderno, cristalizado no presente – o tempo
do Narrador enterrado por Benjamin. Não é a única
oposição possível, evidentemente.
Quero deixar anotadas algumas idéias que me
parecem relevantes para o debate desse tema, já que
não será possível desenvolvê-las aqui. A primeira é o
conceito de “tempo próprio” – a percepção recente
de que grupos sociais distintos têm experiências par-
ticulares do tempo, incomparáveis, e que, portanto, o
próprio conceito de tempo não pode mais ter um sentido
único, limitador. O tempo próprio é a negação do ritmo
industrial, da pasteurização da vida sob o tique-taque
da indústria (ELIAS, 1998). A segunda, articulada com a
anterior, é contestação da linearidade do tempo, desde
Bergson, a partir da constatação de que as percepções
de espaço e tempo variam conforme o ponto de vista
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do sujeito. Se na idéia anterior a ênfase era de natureza
sociológica, agora a dimensão é individual – o olhar
se volta para o observador. A terceira é a evaporação
do presente, idéia de Mallarmé analisada por Blanchot
no ensaio O livro por vir. Obcecados pelo presente, os
jornalistas se impõem uma angústia insolúvel: esfor-
çam-se por capturar o inexistente. Como Sísifo, a cada
dia empurram rochas montanha acima, para tornar a
carregá-las no dia seguinte, obedientes a uma tortura
que lhes parece auto-imposta: é o sacrifício, ainda que
inconsciente, diante do inevitável.
Tais idéias anunciam mais um tema-chave para
outro pensar sobre o jornalismo, capaz de responder às
perguntas que ainda não foram formuladas: é o tema
da nossa relação com o leitor.
Temos algo a aprender com Marcel Proust tam-
bém sobre o jornalismo. Proust não tem fama como
epistemólogo, mas poucas obras esmiuçaram as condi-
ções do conhecimento tão detalhadamente quanto Em
Busca do Tempo Perdido. No sexto volume, o narrador
enfim é bem sucedido em suas tentativas de publicar
um artigo no Figaro. E esse pequeno acontecimento
deflagra uma torrente de reflexões e reminiscências
sobre o jornal e a relação entre autor e leitor:
Depois, considerei o pão espiritual que é um jornal, ainda quente e úmido da prensa recente, sob o nevoeiro da manhã em que o distribuem, desde o alvorecer, às criadas que o levam a seus patrões com o café com leite, pão miraculoso, multiplicável, ao mesmo tempo um e dez mil, e que perma-nece o mesmo para cada um, penetrando, inumerável e de uma só vez, em todas as casas (PROUST, 1995, p. 142).
E então: “Para apreciar exatamente o fenômeno
que se produz neste momento nas outras casas, tenho
de ler este artigo não como autor, mas como um dos
outros leitores do jornal”. Proust antecipa em cinco
décadas o anúncio da morte do autor por Barthes3:
(...) no momento em que leio, o que eu vejo em cada palavra me parece estar no papel, e não posso crer que cada pessoa, abrindo os olhos, não veja diretamente as imagens que eu vejo, acreditando que o pensamento do autor é diretamente percebido pelo leitor, quando a verdade é que se trata de um outro pensamento fabricado em seu espírito, com a mesma candura de quem imagina que é a própria palavra que pronunciamos que caminha tal e qual ao longo dos fios telefônicos; no momento mesmo em que eu quero ser um leitor, meu espírito repete, como autor, a experiência dos que lerão meu artigo (PROUST, 1995, p. 143).
Para o narrador de Proust, o jornalismo é uma
“Vênus coletiva, da qual só possuímos um membro
mutilado se nos ativermos ao pensamento do autor,
porque ele só se realiza completamente no espírito dos
leitores, e aí se consuma” (PROUST, 1995, p. 143). O
narrador goza o júbilo da escrita, ao tempo que lamenta
a inescapável incompletude do pensamento – o dom e
o chicote de Truman Capote. O reconhecimento da im-
possibilidade da relação entre a representação e a “coisa
em si” ganha então muitas formas no romance:
Nosso erro está em acreditar que as coisas se apresentam habitualmente tais quais são na realidade, os nomes tais como são escritos, as pessoas tais como a fotografia e psi-cologia delas fornecem uma noção imóvel. Em verdade, não é absolutamente isto que de ordinário percebemos. Vemos, ouvimos, concebemos o mundo inteiramente às avessas. Repetimos o nome tal qual o ouvimos, até que a experiência haja retificado nosso erro, o que nem sempre acontece. (...) Só temos do universo visões informes, fragmentárias, que completamos com associações de idéias arbitrárias, criadoras de sugestões perigosas (PROUST, 1995, p. 147).
Reconhecer a autonomia do leitor implicaria nu-
merosas mudanças na nossa prosa e na nossa práxis.
Sabemos que os jornais segregam os leitores em blo-
cos – de um lado, o das autoridades; de outro, o dos
leitores comuns. Confiamos na fidelidade do leitor: “(...)
lêem-se os jornais como se ama, com uma venda nos
olhos. Ouvem-se as doces expressões do redator-chefe
como as de uma amante. Pode ser derrotado e feliz
3- Barthes reconhece essa inspiração, citando Proust no artigo.
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quem se julga, não vencido, mas vencedor” (PROUST,
1992, p. 54).
Sabemos que as escolhas lingüísticas nas reda-
ções geralmente se dão pela média: raramente nos
aventuramos a explorar a vontade de experimentar
dos leitores: limpamos os textos de colinas e curvas,
transformando-os em auto-estradas que cortam uma
paisagem desértica. “O hábito de pensar nos impede,
não raro, de sentir o real, imuniza-nos contra ele,
torna-o, também ele, pensamento. Não há idéia que
não traga em si uma refutação possível, nem palavra
sem a sua contrária” (PROUST, 1995, p. 172).
Do mesmo modo que as teorias da cognição
iluminaram recentemente as interpretações sobre o
modo como a memória se apropria dos diversos níveis
de leitura de uma página impressa e da estrutura interna
da notícia, outra percepção do jogo entre autor e leitor
pode nos conduzir a opiniões mais iluminadas sobre o
texto jornalístico. Como Barthes, podemos pensar a
teoria musical como metáfora do texto – harmonia e me-
lodia, ritmo, altura, intensidade, tonalidade compõem a
frase, o parágrafo, a matéria. Assim como a partitura é
uma representação gráfica imperfeita da música, o texto
é representação gráfica imperfeita da idéia.
O escritor não diz ‘meu leitor’ senão pelo hábito contraído na linguagem insincera dos prefácios e dedicatórias. Na realidade, todo leitor é, quando lê, o leitor de si mesmo. A obra não passa de uma espécie de instrumento óptico oferecido ao leitor a fim de lhe ser possível discernir o que, sem ela, não teria certamente visto em si mesmo. O reco-nhecimento, por seu foro íntimo, do que diz o livro, é a prova da verdade deste, e vice-versa, ao menos até certo ponto, a diferença entre os dois textos devendo ser freqüentemente imputada não a quem escreveu, mas a quem leu (PROUST, 1992, p. 184).
Tais mudanças de perspectiva podem conduzir
nosso olhar com maior profundidade para territórios já
amplamente explorados – como o das condições de pro-
dução. Poderemos observar, tanto quanto as estruturas
que impedem as transformações, aquelas que apontam
para a possibilidade de mudanças. Não apenas o incre-
mento na educação, mas outras políticas de promoção
da igualdade estão transformando os critérios para
julgar a qualidade do jornalismo e da mídia4. A mídia é,
de algum modo, permeável à mobilidade social, reflete
algumas das mudanças que nos cercam.
* * *
O jornalismo não é um fazer; o jornalismo é um
pensar.
A hegemonia da formação técnica na área, que
subordina a educação às prioridades do mundo do tra-
balho, domestica os espíritos, abastarda a universidade.
Tal opção contribuiu para nos trazer a este ponto de
crise. O caráter normativo da maior parte da formação
coisifica a profissão: a amaldiçoa a repetir o passado
no futuro. Orgulhamos-nos hoje de dominar e mobilizar
cotidianamente linguagens criadas há 60 anos – e não
conseguimos entender por que tantos leitores não vêm
nessas formas o melhor modo de comunicar uma idéia
ou uma informação. Convertemos a linguagem, fluida
por natureza, num bloco compacto – concretismo sem
crítica. Ogulhamos-nos de dominar formas que geram
tédio. Orgulhamos-nos do mantra de Voltaire: “Sê isen-
to”. Estamos certos de que encontramos na técnica do
jornalismo nossa realização particular do divino como
saber, como conhecimento. A vontade de verdade é
um impulso narcísico.
É ainda para nós um desafio “questionar nossa
4- Em 2002, o Jornal Nacional passou a ter, pela primeira vez em 33 anos, um apresentador negro. Não é resultado direto de políticas de compensação pela histórica exclusão social dessa população desde a escravidão: não há cotas para apresentadores ou comentaristas.
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vontade de verdade; restituir ao discurso seu caráter
de acontecimento; suspender, enfim, a soberania do
significante” (FOUCAULT, 2003, p. 51). Despidos da
onipotência da verdade, conscientes da fluidez da
linguagem, teremos outras bases intelectuais para
ressignificar nossa idéia de acontecimento, nossa rela-
ção com o tempo e com o leitor, nossa percepção do
texto. Não preciso notar o quanto tal escolha rejeita a
mitologia profissional (de objetividade, isenção, impar-
cialidade), assentada na normatividade da formação.
Que o jornalismo por vir exista como imaginação, antes
de tudo – como toda idéia visionária –, tenha ou não o
nome de “jornalismo”.
Espero, com essas reflexões erráticas, contribuir
para deslocar o pensamento sobre o futuro de nossa
profissão das cadeias impostas pela fragmentação
disciplinar, pelas prioridades das empresas, por nossas
neuroses coletivas ou por nosso narcisismo. Gostaria de
não ter incorrido igualmente no erro primário apontado
pelo narrador de Em Busca do Tempo Perdido: “Boa
parte daquilo em que acreditamos (e assim acontece
até nas conclusões extremas) com igual teimosia e boa-
fé resulta de um primeiro engano sobre as premissas”
(PROUST, 1995, p. 217).
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