Post on 10-Feb-2019
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica
Estudo da atratividade dos ambientes de comunidades virtuais: Análise Comparativa LinkedIn e Orkut
Lawrence Chung Koo
São Paulo
2006
1
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica
Lawrence Chung Koo
Estudo da atratividade dos ambientes de comunidades virtuais: Análise Comparativa LinkedIn e Orkut
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo como requisito parcial para obtenção
do título de Mestre em Comunicação e Semiótica
Área de Concentração: Sistemas semióticos em ambientes midiáticos
Orientador: Prof. Dr. Rogério da Costa
São Paulo 2006
2
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica
Lawrence Chung Koo
Estudo da atratividade dos ambientes de comunidades virtuais: Análise Comparativa LinkedIn e Orkut
Banca Examinadora
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
São Paulo 2006
3
Agradecimentos
Agradeço: aos professores do Programa de Pós-Graduação de Comunicação e Semiótica pelo novo horizonte que se abriu a mim, pelos conhecimentos que adquiri por meio deles e, em especial, ao meu orientador Prof. Dr. Rogério da Costa pela perspectiva acadêmica transformadora a mim transmitida, assim como ao Dr. Sérgio Bairon, Dr. José Aidar, Dr. EugênioTrivinho, Dr. Oscar Cesarotto e à coordenadora do programa Dra. Ana Claudia Mei Oliveira.
À Profa. Dra. Clotilde Perez que foi a grande incentivadora para que eu continuasse a trabalhar nesta dissertação nos momentos de desânimo, à Profa. Dra. Sônia Allegretti pelos importantes conselhos sobre como fazer os recortes necessários da minha pesquisa, à Magnífica Reitora Profa. Dra. Maura Pardini Bicudo Véras pela sua amizade, pelas recomendações, pela troca de idéias sobre o trabalho e pelo compartilhamento da visão de futuro tanto da PUC-SP como da minha carreira acadêmica, à Vice-Reitora Acadêmica Profa. Dra. Bader Burihan Sawaia pelo seu incentivo para que eu buscasse a excelência acadêmica, ao Vice-Reitor Comunitário Prof. Dr. João Décio Passos pela sua orientação do ponto de vista humanístico, à Profa. Dieli Palma pelo companheirismo e encorajamento, além do grande auxílio na revisão desta dissertação, aos colegas de trabalho que, com suas sugestões, sempre contribuíram para melhoria da minha pesquisa, Prof. Victor Emmanuel, Luiz Brigatti, Prof. Dr. Ítalo Vega, Prof. Wladimir Esposito, Profa. Sônia Igliori, Profa. Neusa Bastos, Profa. Vera Bastazin, Prof. Sérgio Bicudo.
Também quero agradecer aos membros do GT de Administração Escolar, que me ajudaram a entender o que é disciplina na pesquisa quando é necessário compartilhar o tempo das reuniões, reuniões (e mais reuniões), documentação dos processos e a dissertação: Profa. Celina Nasser, Profa. Dra. Anna Cintra, José Nagamine, Fábio Mariano, Ângela Renna, novamente, Profa. Dra. Dieli Palma, Elizângela Lubianco e a Magna Brandt, que me ensinou muito sobre o que é a administração escolar de uma Universidade.
Aos professores e companheiros do curso MBIS, Greg Ivanoff, Fábio Câmara, Geraldo Cohen, Carmen Rittner e ao coordenador do curso Prof. Dr. Alexandre Campos, meu outro grande incentivador para que eu trilhasse este caminho da academia.
Em especial, eu quero agradecer a minha família, a May, esposa querida e companheira, meus filhos Priscilla, Jonathan, Jennifer e Raquel, minha nora Suzi, esta família que com o seu carinho me fortalece a cada dia para que eu prossiga e cresça em todas as áreas da minha vida.
Por fim, eu quero agradecer a Deus, Nosso Senhor Jesus, pelo dom da vida e o renovar da esperança a cada manhã.
4
Ficha Catalográfica
KOO, Lawrence Chung
Estudo da atratividade dos ambientes de comunidades virtuais: Análise Comparativa LinkedIn e Orkut. São Paulo, 2006. 115p.
Dissertação de Mestrado – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Programa de Comunicação e Semiótica.
1. Análise Qualitativa. 2. Análise Semiótica. 3. Comunidade Virtual. 4. Orkut. 5. LinkedIn.
5
RESUMO
A realidade do mundo digital está intimamente relacionada ao nosso cotidiano
fazendo com que a permeabilidade da cibercultura torne o nosso viver impregnado de
traços digitais. Esse fato aplica-se também aos nossos relacionamentos que se dão
cada vez mais por meio de conexões hipermidiáticas.
Constata-se, por um lado, que uma grande quantidade de comunidades virtuais nasce
nos meios de comunicação internet, por outro, que grande parte dessas comunidades
perde atratividade prematuramente. Queremos ampliar o conhecimento sobre esse
tema, entender como e por que se dá o fenômeno da perda da atratividade e
conseqüente falência das comunidades virtuais.
Os fatores relevantes a serem considerados nessa pesquisa são os predominantemente
ligados às áreas das comunidades virtuais, cibercultura e comunicação imagética.
A análise qualitativa semiótica realizada neste trabalho tem por finalidade demonstrar
que a atratividade e a comunicabilidade dos sítios de relacionamento por meio da
internet são fatores decisivos para potencializar a formação de redes virtuais e
possibilitar a fidelização dos seus usuários.
A metodologia utilizada está baseada na Teoria Geral dos Signos de Charles Peirce.
Foram selecionados os sítios Orkut e LinkedIn como objetos da nossa pesquisa.
Palavras-chave: Análise Qualitativa, Análise Semiótica, Comunidade Virtual, Rede Social, Orkut, LinkedIn
6
ABSTRACT
The reality of digital world is closely related to our daily life in such a way that the
cyber culture footsteps are marked digitally in all the aspects of our life.
These facts can also be applied to our relationships, transforming physical contact into
virtual hypermidiatic connections.
A large quantity of virtual community is added to cyber space each day, however,
significant part of them lose their attractiveness soon after they are launched to the
market. We would like to understand the reasons why the failure of these sites happen,
and list the main factors which have to be considered in the design phase.
The semiotic qualitative analysis performed in this research work has the objective to
demonstrate how the attractiveness and communicability of the relationship site such
as Orkut and LinkedIn is one of the key factors to drive the successful construction of
virtual networks and create loyalty to the users.
The methodology that we will apply to this research work is based in the General
Theory of Signs from Charles Peirce. We chose the Orkut and LinkedIn relationship
sites as study objects.
Keywords: Virtual Communities, Social Network, Qualitative Analysis, Semiotic Analysis, Orkut, LinkedIn
7
SUMÁRIO
RESUMO .................................................................................................................................................6 ABSTRACT .............................................................................................................................................7 SUMÁRIO................................................................................................................................................8 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................13 CAPÍTULO I – O UNIVERSO DIGITAL.............................................................................................16
1.1. Convergência Digital ...............................................................................................................16 1.2. O que significa Convergência Digital......................................................................................19 1.3. Convergência Digital e o Mundo Hipermidiático....................................................................21 1.4. Áreas de prospecção tecnológica relacionada com a Convergência Digital ............................22 1.4.1. Gerência de Conteúdo...........................................................................................................24 1.4.2. Cinema, Fotografia ...............................................................................................................26 1.4.3. Computação Gráfica e Animação Gráfica ............................................................................27 1.4.3.1. Introdução ao conceito de jogos ........................................................................................28 1.4.4. Blog ou Weblog....................................................................................................................29 1.4.5. Banda Larga..........................................................................................................................31 1.4.6. Mundo sem fio - Wireless.....................................................................................................33 1.4.6.1. Tecnologia Wi-Fi...............................................................................................................34 1.4.6.2. WiMax...............................................................................................................................36 1.4.6.3. SMS e MMS ......................................................................................................................37 1.4.6.4. Bluetooth ...........................................................................................................................38 1.4.7. TV Digital – HDTV (High Defintion TV – TV de alta definição) ........................................39 1.4.8. Outros artefatos: iPod, pen drives, câmeras digitais, Xbox, PS3... .......................................39 1.5. Infra-estrutura da Rede Mundial de Internet............................................................................41 1.6. Constatações resultantes da evolução do Universo Digital .....................................................41
CAPÍTULO II – AS COMUNIDADES VIRTUAIS e AS REDES SOCIAIS .......................................43 2.1. Considerações iniciais .............................................................................................................43 2.2. Os efeitos sociais do mundo digital .........................................................................................44 2.3. Uma análise sobre o efeito da consolidação da Cibercultura...................................................46 2.4. Um Exemplo de Comunidade Virtual Sem Fio - Celular ........................................................47 2.5. O conceito de Comunidade Virtual: ........................................................................................48 2.5.1. Formação e Evolução ...........................................................................................................51 2.5.2. Aplicação..............................................................................................................................53 2.5.3. Quem está interessado na CV? .............................................................................................54 2.5.4. Exemplo de porque é tão importante para marketing ...........................................................54 2.5.5. Estrutura Social das Comunidades Virtuais..........................................................................55 2.6. Redes Sociais Digitais .............................................................................................................56 2.6.1. Laços Interpessoais...............................................................................................................57 2.7. Modelo Analítico das Comunidades Virtuais ..........................................................................58 2.7.1. O que não é comunidade virtual ...........................................................................................61 2.8. Funcionamento de Comunidades Virtuais ...............................................................................61 2.9. Conclusão ................................................................................................................................63
CAPÍTULO III – ANÁLISE COMPARATIVA DAS COMUNIDADES ORKUT E LINKEDIN.......64 3.1. Teoria Geral dos Signos...........................................................................................................64 3.1.1. Conceitos fundamentais da Teoria Geral dos Signos............................................................65 3.1.2. Critérios de seleção...............................................................................................................67 3.2. Introdução à análise do Orkut..................................................................................................68 3.3. A análise detalhada do Orkut...................................................................................................74 3.3.1. Signos qualitativos-icônicos .................................................................................................74 3.3.2. Ponto de vista singular-indicativo.........................................................................................80 3.3.3. Perspectiva convencional-simbólica.....................................................................................81 3.4. Introdução à análise do LinkedIn.............................................................................................83 3.5. A análise detalhada do LinkedIn .............................................................................................88 3.5.1.Signos estéticos-qualitativos..................................................................................................88 3.5.2. Ponto de vista singular-indicativo.........................................................................................95 3.5.3. Perspectiva convencional-simbólica.....................................................................................96
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................98 Sugestão para pesquisas futuras....................................................................................................101
8
BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................................102 ANEXO 1 .............................................................................................................................................108 ANEXO 2 .............................................................................................................................................113 ANEXO 3 .............................................................................................................................................114
9
Lista das Tabelas Tabela 1 - Usuários de Banda Larga no Mundo ...................................................... 33 Tabela 2 - Tabela comparativa em entre os três padrões Wi-Fi ...............................35
10
Lista das Figuras Fig 1. Exemplo da imagem do filme Senhor dos Anéis.............................................28 Fig 2. Homepage do YouTube...................................................................................31 Fig 3. Sítio diggs.com ..............................................................................................59 Fig 4. Os + lidos – Folha de São Paulo......................................................................61 Fig 5. Os três principais conceitos da Smiótica .........................................................65 Fig 6. Quantidade de usuários brasileiros no sítio LinkedIn......................................68 Fig 7. Exemplo de uma página Home do Orkut ........................................................69 Fig 8. A rede de amigos do Lawrence .......................................................................70 Fig 9. Detalhando o relacionamento dos amigos do Lawrence .................................71 Fig 10. Perfil Profissional do Lawrence ....................................................................72 Fig 11. Album de família do Lawrence .....................................................................73 Fig 12. Home Page – Lawrence no LinkedIn ………………………………………83 Fig 13. Perfil do Usuário – Lawrence no LinkedIn ...................................................84 Fig 14. Um sumário da rede do Lawrence no site LinkedIn .....................................85 Fig 15. Recomendações Profissionais – Depoimentos ..............................................86 Fig 16. A rede de relacionamento profissional do Lawrence ....................................87 Fig 17. Símbolos do sítio LinkedIn ..........................................................................90 Fig 18. Símbolos do sítio LinkedIn (cont.) ...............................................................91 Fig 19. Networking no sítio LinkedIn ......................................................................93 Fig 20. Indústrias relevantes para rede pessoal..........................................................94
11
Lista de Abreviaturas CMC – Comunidade Mediada por Computadores ( Computer-mediated community).
EPC – Electronic Product Catalog
IEEE – Institute of Electrical and Electronics Engineers
GSM - Groupe Spécial Mobile e Global System for Móbile Communication
MBIS – Master Business for Information System
MMS - Multimedia Messaging Service
MP3 / MP4 – MPEG Áudio Level 3 / 4
PDA – Personal Digital Assistant
PEP – Participatory Electronic Product Catalog
SMS – Short Message Service
USB – Universal Serial Bus
VoIP – Voz sobre IP
WCDMA – Wideband Code Division Multiple Access
Wi-Fi – Wireless Fidelity
WiMax – Worldwide Interoperability for Microwave Access
WMAN - Wireless Metropolitan Area Network
12
INTRODUÇÃO
“Se você não mudar a direção, terminará exatamente onde partiu”.
Antigo provérbio chinês.
É surpreendente o crescimento do número de comunidades virtuais no mundo. Por
exemplo, somente no sítio do Orkut, de janeiro de 2004 a junho de 2005, formaram-se
116 comunidades com mais de 100.000 usuários.
As comunidades virtuais configuram-se como uma excelente ferramenta de relações
humanas na pós-modernidade. A Sociedade Pós-moderna, construída em rede,
transformou-se em uma sociedade líquida, (BAUMAN, 2003), permeando as
diferentes instâncias sociais e espaciais.
Essas comunidades utilizam extensivamente tecnologias digitais e hipermediáticas.
Além disso, também se verifica que um grande número de comunidades virtuais perde
o seu glamour em curto prazo de tempo. Na maioria dos casos, essas comunidades
alcançam uma estabilidade por volta de quatro meses após o seu surgimento,
KUSHINIR (2004). Notamos que as comunidades virtuais surgem em grande número,
visto que as facilidades tecnológicas atuais são bastante amigáveis para se iniciar uma
comunidade dessa natureza. Esse crescimento, por um lado, amplia e inclui cada vez
mais pessoas, mas, por outro, acaba abrigando iniciativas completamente caóticas e
desorganizadas e sem atratividade, o que explica em parte o desaparecimento precoce
de muitas delas.
Muitas pessoas lançaram-se nesse tipo de empreendimento sem o preparo necessário.
Por essa razão, torna-se útil a pesquisa sobre esse tema, o que possibilitará ampliar o
conhecimento sobre esse assunto e dar aos moderadores das comunidades virtuais
subsídios para mudanças nos rumos da administração dos sítios.
Essas comunidades manifestam-se de diversos formatos e utilizam-se de variadas
técnicas de formação. Elas vão desde uma simples lista de e-mail, a qual, por sinal,
consiste em um dos mais eficientes instrumentos quando a comunidade é restrita e
13
pequena, até a comunidade Orkut que é um agrupamento de milhares de comunidades
específicas que agregam membros que compartilham certas particularidades, tais
como, os apreciadores de um determinado tipo de vinho, ou os fãs de um jogador de
futebol.
A partir de 2003, assistimos a uma nova modalidade de comunidade virtual baseada
em blogs que funcionam como um diário pessoal. São abertas a grupos de pessoas
interessadas em notícias, fotos ou comentários em geral e têm tomado espaço
considerável, tanto nas preferências da geração mais jovem, como na dos profissionais
da área de comunicação. Essa modalidade está sendo usada principalmente por
jornalistas, políticos, empresários e executivos como meio de comunicação nos
assuntos de interesse pessoal ou das instituições que representam (Exame de 1º de
fevereiro de 2006).
A grande diferença é que esse tipo de comunidade depende muito mais do iniciador
do blog, que geralmente é a pessoa que fornece as informações e fotos,
compartilhando-os com as pessoas que visitam o sítio e fazendo-as membros
participantes passivos. Como esse tipo de sítio permite a facilidade de registrar o sítio
do amigo apontando-o por meio de um endereço eletrônico, passamos, dessa forma, a
ter uma rede virtual. Existem outras formas de conexão entre os internautas além das
que citamos. Agora, com a popularização do uso de telefones celulares, cada
aparelhos é um artefato tecnológico capaz de conectar o seu possuidor ao mundo
virtual, fazendo-o parte da comunidade virtual sem fio.
As comunidades virtuais tiveram o seu impulso inicial com popularização dos BBS –
Bulletin Board System nos anos 80, que foi o precursor do sistema atual de navegação
na internet. Para operar esse sistema, os responsáveis pelo BBS tinham que ter bons
conhecimentos de tecnologia de rede e de software, por isso a maioria dos gestores
dos BBS tinha o perfil técnico. Esse perfil permaneceu o mais comum entre os
iniciadores de comunidades virtuais. Normalmente, eles ou elas não têm formação em
comunicação, como conseqüência, percebe-se um desempenho fraco nesse aspecto
nos seus empreendimentos, pois esses sítios têm deficiências por não usarem os
princípios baseados nas teorias e práticas da área de comunicação como fator crítico
14
de sucesso. Esse desconhecimento pode tornar boas idéias em empreendimentos
fracos no mundo virtual em função da falta de atratividade do seu desenho externo.
Portanto, a pesquisa sobre a atratividade possibilitará ampliar o conhecimento sobre o
tema de como construir uma comunidade com maior probabilidade de sucesso.
Queremos, portanto, ampliar o conhecimento sobre o tema das comunidades virtuais e
do mundo digital, entender como e por que se dá o fenômeno da falência prematura
das comunidades devido a desenho deficiente dos seus sítios. Para tanto,
pesquisaremos o tema por meio das comunidades virtuais que tiveram sucesso, Orkut
e LinkedIn. Estudaremos principalmente a atratividade dos sítios utilizando uma
análise comparativa por meio de um roteiro baseado na Teoria Geral dos Signos de
Charles S. Peirce. Finalmente, queremos concluir com resultados que possam ser
aplicados na construção de novas comunidades virtuais.
15
CAPÍTULO I – O UNIVERSO DIGITAL
“Toda idéia brilhante de hoje já foi uma idéia impraticável no passado!”
Bill Gates1
Considerações Iniciais
Na prática, percebemos que grande parte das previsões na área tecnológica é passível
de erro, como em todas as outras áreas, mas o grande mérito dos que têm sucesso,
apesar dos prognósticos errados, é reconhecer a realidade e que está na hora de tomar
outro rumo, e fazê-lo rapidamente.
Este capítulo tem como tema a mudança do mundo analógico para o mundo digital.
Desde o início da década de 90 até 2006, ou seja, no espaço menor que uma geração,
nós estamos vivenciando a migração do papel, filme, fita magnética, cheques e disco
de vinil entre outros meios que trabalhávamos, para um mundo dominado pelos bits
de forma absolutamente rápida. Verificamos que essa migração se dá em ritmo
exponencial. Constatamos também que não somente a transição se dá em diferentes
áreas do conhecimento e do mundo dos negócios de forma independente, mas que
esse fenômeno também acontece por meio de uma conjugação das áreas tecnológicas
que, originalmente, pareciam não se relacionarem. No entanto essas constatações
convergem para se tornar um novo campo de conhecimento essencialmente
interdisciplinar. Por exemplo, a TV e a internet são “atores” que atuam cada vez mais
juntos nesse novo palco digital.
Este capítulo traz em si um conjunto de conceitos que passaremos a descrever.
1.1. Convergência Digital
Para entendermos o alcance da Convergência Digital e o que ela significa no nosso
cotidiano e para compreendermos como esse conceito já está inserido na cultura,
apresentaremos alguns exemplos. Tendo sido dado um passo decisivo e, no nosso
julgamento, irreversível, a convergência das tecnologias digitais e os efeitos gerados
já é uma realidade, senão vejamos:
1 DUALIBI, R., Dualibi das citações, Mandarim, 2000, p. 128.
16
No primeiro dia de aula do curso MBIS, turma 2005 da PUC/SP, foi feita uma
pesquisa junto aos alunos presentes sobre qual o fato ou o artefato (tecnológico ou não)
que melhor caracterizaria a última década. A grande maioria dos alunos aclamou o
aparelho de telefone celular como o artefato que mais afetou a dinâmica das suas
vidas.
No segundo semestre de 2004, a indústria de aparelhos celulares anunciou que foram
vendidos mais aparelhos celulares com recurso de fotografia digital do que as vendas
de câmeras fotográficas digitais pela indústria fotográfica.
Em entrevista concedida por BRADDLEY (2006), Vice-presidente executivo da HP,
encontramos:
“Hoje a conectividade é tão importante do que a mobilidade em
produtos tecnológicos. Uso tecnologia exatamente do jeito que a
promovo: estou sempre conectado aos meus amigos e meus negócios,
numa escala global.”
No último censo do IBGE (2006), comprovou-se que 72,4% dos lares são dotados de
telefone (fixo ou celular). Esse dado é marcante, pois somente 70,4% dos lares
possuem esgoto. É interessante lembrar que, em 1997, em alguns lugares (por
exemplo, Alphaville, SP), uma linha telefônica fixa custava no mercado por volta de
US$ 10.000,00 e, agora, instala-se as linhas por custo zero.
A empresa Kodak entrou em declínio a partir da metade da década de 90. As vendas
de filmes fotográficos caíram vertiginosamente e o serviço de revelação de filmes
tradicionais perdeu o seu lugar para as impressoras de jato de tinta que permitem a
impressão das fotos sem necessidade de recorrer a profissionais da área de fotografia.
Do ponto de vista comportamental, o olhar descuidado na hora de clicar passa a ser
perfeitamente admissível do ponto de vista econômico, uma vez que passa a ser
possível descartar fotografias de má qualidade com uma simples exclusão na memória
de uma câmera digital.
17
NEGROPONTE (2006), do MIT, fez a proposta de One Laptop per Child. Ele quer
popularizar o uso do computador para todas as crianças do mundo, com a fabricação
de notebooks com o preço de 100 dólares. O Brasil é um dos países que deu suporte a
esse programa e receberá as primeiras unidades no início de 2007.
Outro Exemplo:
Escravos do Blackberry: Uma das inovações mais transformadoras do comportamento
da sociedade atual é o advento do "smartphone", telefone inteligente que é um misto
de telefone celular, computador de mão, instrumento de acesso a internet e e-mail
(muitas vezes instantâneo e síncrono). De acordo com a matéria de Juliana Nogueira,
na revista EXAME, Escravos do Blackberry, 11 de outubro de 2006, esse tipo de
aparelho tornou-se uma estrela de consumo entre os executivos, pois, pela sua
portabilidade e conectividade, ele permite que o usuário ligue-se à rede mundial
praticamente a qualquer momento, sendo que alguns desses usuários levam-nos para
cama. Esse tipo de acessibilidade instantâneo da informação gera a ansiedade de
perder algo importante que causa uma dependência semelhante ao vício de drogas,
razão pela qual esse aparelho passou a ser conhecido como "crackberry", uma alusão
à droga crack. O mais interessante é que o desenvolvimento não está restrito apenas a
isso e a mesma empresa que criou o Blackberrry está lançando um sucessor que
dispõe também de câmera fotográfica e tocador de MP3, fazendo com que esse
aparelho não seja apenas um instrumento de trabalho como também uma opção de
lazer.
Os cheques estão perdendo terreno em relação ao cartão de crédito. O número total de
cheques trocados no Brasil caiu 35% nos últimos 8 anos, enquanto o uso de cartão de
crédito cresceu mais de 150% desde 2000. Em 2006, 20% dos pagamentos feitos pelas
famílias brasileiras serão com cartão enquanto 13% serão feitos com cheques.
(BALTAZAR, 2006).
Matéria veiculada pelo caderno especial FUTURECOM 2006 do jornal Estado de São
Paulo, publicada no dia 2 de outubro de 2006 afirma que:
“Segundo Anatel, Brasil tem quase 94,9 milhões de celulares, a base
de telefone fixo conta com 39,9 milhões de linhas. O número de
18
telefone fixo deve continuar estável por volta de 39 milhões e o de
telefone celular chegará até 100 milhões até final do ano”.
Matéria veiculada pela Folhaonline – Informática, publicada em 21/04/2006 mostra
que:
“ Mobile Banking - No Brasil, há cerca de 90 milhões de telefones
celulares em funcionamento, contra 32 milhões de computadores. Isso
significa que, em alguns anos, o mobile banking pode ultrapassar com
folga o internet banking no número de usuários e também de
transações realizadas. Em parceria já estabelecida com as principais
operadoras do país, o Banco do Brasil, por exemplo, espera ter 3
milhões de usuários do mobile banking até o início de 2007.”
Esses fatos descritos nos parágrafos anteriores mostram-nos que não somente o
mundo está migrando para ser mais digital, mas também opera de uma forma
convergente. A realidade da convergência digital já está inserida no nosso cotidiano,
alterando profundamente nossas ações e encurtando a expectativa do tempo de
resposta para tudo o que pedimos ou requisitamos, fato este que a maioria de nós já
considera parte da nossa cultura.
1.2. O que significa Convergência Digital
O conceito de convergência digital pode ser entendido a partir de três perspectivas:
primeira, a convergência das redes de comunicação; segunda, a convergência dos
aparelhos de registro de imagem e transmissão de dados e voz e, finalmente, a
convergência nos serviços fornecidos pelas operadoras de telecomunicação.
A convergência das redes de comunicação de telefonia com a rede de transmissão de
rádio / TV e o meio de comunicação via internet de alta velocidade, que possibilita
também a telefonia (com fio ou sem fio) por meio da rede internet (voz sobre IP –
VoIP), revolucionou o mundo da comunicação ao mesmo tempo em que criou um
problema de legislação e um certo caos no controle pelas autoridades públicas da área
de telecomunicações. Devemos lembrar que as mídias tradicionais, tal como rádio e
19
TV aberta ou via cabo, são reguladas pela legislação local e elas são razoavelmente
claras sobre responsabilidade dos conteúdos divulgados, pois a disseminação das
informações é responsabilidade das operadoras de rádio e TV.
Quando a veiculação dos conteúdos passa a ser convergente, isto é, qualquer pessoa
pode montar um servidor de conteúdo e disponibilizá-lo para ser usado globalmente, a
responsabilidade do conteúdo ultrapassa os limites das nações soberanas e passa-se a
ter dificuldades em aplicar leis locais para isso. Um dos exemplos típicos foi o
episódio da Polícia Federal tentando uma forma de forçar a Google, empresa
americana, a revelar os nomes dos usuários do sítio que promovem racismo e outras
formas de infração ferindo a legislação brasileira (e eventualmente de muitas outras
nações). A alegação de não cumprimento da ordem da Polícia Federal brasileira é que
a Google tem a sua base de dados dos nomes dos usuários localizada nos USA e essa
base de dados tem o seu sigilo garantido pela legislação americana, portanto não pode
ser quebrada pela legislação brasileira.
Queremos mostrar por meio desse episódio que a convergência digital não é apenas
um assunto tecnológico: ela rompe algumas fronteiras culturais e flui através de
limites das nações pela universalidade da internet. Essa forma de convergência trouxe
uma nova forma de atuação das empresas de alta tecnologia, porque a junção de
tecnologias traz consigo a necessidade de inovação, principalmente nos modelos de
negócios que deverão ser totalmente diferentes e inovadores. Além disso, as
empresas de tecnologia estão lançando aparelhos com funções múltiplas, como por
exemplo, o “smartphone” – um aparelho celular dotado de câmera fotográfica,
reprodutor de músicas no formato MP3, além das funções de PDA – Agenda Digital
Pessoal e funções de TV móvel, que estão disponíveis para novas aplicações e novos
mercados.
O crescimento da quantidade de linhas telefônicas, tanto as fixas como as de celular,
deve desacelerar a partir de 2007, porque logo estaremos nos aproximando da
proporção de uma linha por habitante, devendo o desenvolvimento da área de
telefonia tomar um rumo diferente. A estratégia será voltada para a distribuição de
conteúdo e não mais para o crescimento de terminais de telefonia. Neste momento,
podemos assistir a uma acomodação dos vários segmentos, tais como empresas de TV
20
paga, empresas provedoras de serviços de internet, empresas de telefonia fixa e móvel,
disputando todas, o mesmo mercado e fornecendo o serviço agregado a partir de
conexões de internet rápida.
A motivação de se estudar assuntos, tais como, banda larga, hipermídia, cultura
cibernética e acesso móvel passam a ter um enfoque diferente, pois a intersecção das
várias áreas de conhecimento é extremamente grande com essa nova perspectiva. A
interdisciplinaridade desse novo campo mostra-nos que não podemos apenas enfocar
uma delas para se poder chegar a perspectivas futuras, com discernimento
razoavelmente correto, portanto é necessário olhar-se essa área em conjunto. Esse é o
nosso desafio ao estudarmos a Convergência Digital.
Pelo exposto acima, constatamos que a convergência digital uniu os sistemas de
comunicação de TV, telefonia de voz e de dados, integrou os aparelhos de telefone,
computador, TV e aparelhos de som, modificou o modelo de negócio das empresas de
telecomunicação, empresas de mídia, de entretenimento e informática. Essa mudança
aconteceu rapidamente, imperceptível sob certa ótica (os usuários “tradicionais”
continuam usando as tecnologias separadamente, portanto para eles não houve
mudança), porém radicalmente sob outra perspectiva (para a geração videogame e
iPod) é até violenta e truculenta no mundo dos negócios com disputas judiciais e
políticas.
1.3. Convergência Digital e o Mundo Hipermidiático
A introdução da tecnologia de hipermídia e da internet afetou de modo irreversível as
formas de comunicação. Para ilustrar essa afirmação, podemos citar alguns fatos
relevantes na segunda metade do século XX e no início do século XXI.
No primeiro semestre de 2007, está prevista a inauguração da TV Digital no Brasil,
fato que certamente gerará um salto de qualidade na recepção das imagens nas nossas
telas de televisor. Porém, muito mais importante do que isso, é o ingresso do país no
mundo da interatividade por meio da TV, pois os novos sistemas de TV Digital
permitem a interatividade entre o operador de TV e o seu público. Ao mesmo tempo é
21
possível a transmissão de programas para aparelhos celulares que hoje estão somente
disponíveis para TV. Embora esse assunto ainda encontre pela frente um caminho
relativamente longo para solidificar os questionamentos do modelo tecnológico a ser
adotado, japonês, europeu ou americano, sabe-se que, do ponto de vista da tecnologia,
todos eles atendem aos requisitos acima descritos. Neste momento, alguns devem
apresentar mais qualidade do que outros em certas funcionalidades. Essas diferenças,
a longo prazo, diminuirão e tornarão todos os padrões equivalentes.
Os softwares de edição de áudio e vídeo digitais já estão disponíveis na internet para
baixar arquivos, muitos deles fornecidos gratuitamente, permitindo, assim, aos jovens
do ensino fundamental realizar obras de áudio visual com micro-computadores
domésticos e celulares e ocupando um espaço que, na década passada, era privilégio
de profissionais da área de multimídia.
1.4. Áreas de prospecção tecnológica relacionada com a Convergência Digital
Do ponto de vista tecnológico, a convergência digital abriga dois grupos de pesquisa:
o do conteúdo digital e o da comunicação / difusão digital.
Os pesquisadores que atuam na área de pesquisa de conteúdo digital estão focados na
criação (ou transformação) e no armazenamento de informações no formato digital. O
objetivo dessa área de pesquisa é estudar as formas de registro da realidade,
representar idéias em formatos diferentes daqueles que já conhecemos
tradicionalmente, tais como textos impressos, manuscritos, quadros de pintura, filmes
e, em geral, todo tipo de impressos em papel. O enfoque é transformar, quando
possível, todo o registro em meios digitais.
O registro digital também é conhecido como Hipermédia, que tecnicamente pode ser
definido como um hipertexto de multimédia. Em outras palavras, são blocos de
informação que não são restritos a texto e podem conter som, gráficos, vídeo,
animação ou outras médias, existindo a possibilidade de ligação por links (um
endereço da internet indicando uma nova informação associada a este registro).
Usaremos os termos registro digital e hipermédia com sentido semelhante.
22
Essa área de pesquisa está associada aos seguintes tipos de tecnologias e processos de
gestão:
- Gerência de Conteúdo (Content Management);
- Cinema, Fotografia Digital;
- Computação Gráfica, animação;
- Weblog / Blog / YouTube.
A concepção que está sustentando a pesquisa nessa área é o entendimento que o
processo da criação de registro hipermediático, do seu desenvolvimento e da
apresentação do conteúdo dos registros hipermediáticos não requer, necessariamente,
conhecimento tecnológico. A razão da pesquisa nessa área é aumentar a facilidade de
se criar, de gerir e manter o resultado do trabalho em formato digital sem a
necessidade de ter profundo conhecimento tecnológico. Ao fazê-lo, tem-se o benefício
do armazenamento quando está em meio digital, a manutenção do resultado, a forma
de apresentar o trabalho e a possibilidade da comunicação do resultado alcançado ser
potencializada. Um dos exemplos típicos é o trabalho de se atualizar um curso que foi
impresso em lâminas de transparência, comparado à facilidade de corrigir ou atualizar
os mesmos dados numa apresentação de Powerpoint ou Freelance (softwares de
apresentação). Lembramos que esse grupo de pesquisadores não está enfocando a
comunicação instantânea dos trabalhos em formato digital. Essa necessidade será
atendida pelo grupo de pesquisa difusão e transmissão hipermediática.
O grupo de pesquisadores que atuam na área de transmissão e difusão dos conteúdos
hipermediáticos focaliza a comunicabilidade instantânea, em tempo real, dos registros
digitais. A ênfase da pesquisa é estudar os meios de divulgação, transmissão e difusão
dos resultados dos registros hipermidiático na rede mundial com grande desempenho,
acessibilidade universal (quando possível), e fácil, com conectividade permanente e
custo baixo.
Esse grupo de pesquisadores estuda as seguintes tecnologias:
- Telecomunicação, Banda Larga
- Mobilidade (WiFi, Bluetooth..)
- MMS (Multimedia Message Service)
- HDTV – Digital TV entre outros
23
Embora os dois grupos de pesquisadores tenham ênfases diferentes, eles trabalham de
modo complementar.
A seguir, detalharemos as pesquisas voltadas para o registro hipermediático no
Universo Digital.
1.4.1. Gerência de Conteúdo
A gerência de conteúdo trata da administração dos registros digitais provenientes de
diversas fontes. Essa área é ligada à Tecnologia de Informação e teve grande avanço
quando houve a necessidade de arquivar informações fiscais, jurídicas, médicas etc.
Como os documentos dessa natureza têm de ser preservados durante períodos que
variam de 5 a 30 anos, e o volume acumulado, em certos casos, exige a construção de
prédios somente para atender a essa finalidade, técnicas novas e legislações mais
modernas deram impulso para esse segmento tecnológico. Originalmente, as soluções
aplicadas para essa área eram, sobretudo, baseadas na microfilmagem, que, ao longo
do tempo, mostrou-se não adequada. Atualmente, as soluções são fundamentadas na
digitalização.
Para entendermos melhor a importância dessa tecnologia e sua gestão, devemos
compreender como acumulamos informações e como podemos categorizá-las. O
primeiro tipo de informação são as armazenadas nos meios eletrônicos e digitais nos
formatos codificados, registrados nos bancos de dados. Exemplo disso são os nossos
dados da conta corrente bancária. A plataforma Currículo Lattes do CNPq também é
uma amostra desse conceito. No entanto, a maioria dos conhecimentos que
adquirimos e produzimos ao longo das nossas vidas está no formato não codificável,
por exemplo, um quadro, um desenho arquitetônico, ilustrações, fotografias, filmes,
manuscritos, uma experiência que tivemos ao participarmos como conferencista no
exterior, assim por diante.
A maioria desse tipo de informação está registrada em um pedaço de rascunho, um
certificado, uma anotação ou um vídeo.
24
Como podemos ver, esse conjunto de informação está guardado parcialmente nas
nossas mentes e, parcialmente em meios analógicos. Portanto, consideramos todos os
dados impressos, os anotados manualmente, as fotografias ou mesmo uma trilha
sonora gravada na fita cassete como meio analógico. Uma das tentativas de se
resolver esse tipo de questão foi o uso de técnicas de microfilmagem para diminuir o
volume dos arquivos físicos, prontuários médicos, pastas dos processos jurídicos e
legais, entre outros. Essa técnica melhorou a gestão dos documentos, mas há um
problema a resolver, pois os filmes têm tempo de validade química. Em outras
palavras, depois de um número de anos, o filme perde a qualidade e, finalmente, perde
o seu conteúdo. Pode-se tirar cópia depois de certo tempo, mas a qualidade da cópia já
tem um diferencial menor quando comparada à original, ou seja, um dia esses dados
se perdem se continuarmos aplicando o mesmo método.
Além dessa dificuldade, existem outras, como a de classificação, pois, em geral, os
microfilmes são gravados em seqüência. Como eles são acessados ou recuperados em
sequencialmente, portanto temos que saber a cronologia dos fatos para chegar a um
resultado de pesquisa com rapidez, senão teremos de pesquisar todos os microfilmes
até chegar ao item desejado.
A digitalização foi a melhor solução encontrada até o momento. Essa técnica tem
como finalidade transformar os dados analógicos, fotografia, livros dos museus,
pinturas, em artefatos digitais que são armazenados e recuperados por meio de um
processo definido e automatizado. Por exemplo, a gestão de arquivo morto de
documentos fiscais de uma instituição pública cujo conteúdo necessita ser preservado
para fins de auditoria fiscal. Essa solução é uma das áreas da gerência do conteúdo.
Podemos listar as seguintes funcionalidades da solução:
1 – transformar os arquivos em papel em dados digitais por meio de escaneamento
(“scanning”);
2 – criar um índice para possibilitar o acesso ao resultado da digitalização;
3 – prover uma interface amigável, com mecanismos simples, para os usuários
acessarem os dados tornando-os disponíveis para consulta dentro de critérios de
segurança e de privacidade.
25
O grande desafio atual ainda se refere ao primeiro item, pois esse trabalho tem de ser
feito manualmente. Em certos casos, a indexação também pode ser difícil por
depender muito da especificidade da área de conhecimento e por requerer um
especialista para tornar a organização adequada para futura pesquisa.
Com os avanços e a inovação dessa tecnologia, torna-se possível digitalizar as
bibliotecas, os museus, os arquivos de jornalismo, as gravações de aulas ministradas a
distância etc.
Essa área está sendo objeto de grandes investimentos. Por exemplo, a Google
(empresa considerada como a mais inovadora na área de tecnologia nos últimos 5
anos) tem procurado todas as grandes universidades do mundo para propor a
digitalização e a organização dos seus acervos de pesquisa, tornando-os acessíveis por
meio dos seus mecanismos de busca. (vide scholar.google.com).
1.4.2. Cinema, Fotografia
As tecnologias de fotografia (imagem estática), e de cinema (imagem em movimento)
estão em ebulição pelo desenvolvimento de captação de imagem por meio digital. É
importante destacar que a definição das imagens captadas pelas câmeras digitais ainda
não está no nível de qualidade das câmeras analógicas cujo filme funciona por meio
do contraste dos grãos químicos depositados em uma película, pois quanto menor o
tamanho do grão, melhor é a qualidade da fotografia. A técnica utilizada na fotografia
digital é uma simulação do grão físico. Por exemplo, toma-se um minúsculo quadrado
para servir como unidade básica e forma-se com ele a imagem de uma pessoa. Quanto
menor for o quadrado, melhor será a definição da imagem gerada. Temos, portanto, a
correspondência do grão físico com o quadrado do mundo digital que chamaremos de
ponto. Quando nós queremos medir a qualidade de um aparelho fotográfico, tomamos
por base a medida, número de pontos (quadrados) por polegada. 2
2 Exemplificando: em 2003, o padrão do mercado para máquinas fotográficas digitais era VGA - 0,3 Megapixels (megapixel é uma medida de um milhão de pontos por polegada. Ela vem do Inglês milhões de “picture elements”, picture – pix e element – el = pixel). Atualmente, 2006, os novos equipamentos populares já saem da fábrica com a definição padrão de 5 megapixels.
26
A indústria prevê que, em menos de dois anos, os aparelhos digitais populares já
estarão com qualidade de impressão próxima dos analógicos e com preços muito
accessíveis, o que tem provocado a expansão do uso.
Vide no ANEXO 2 a tabela de correspondência entre os termos mais conhecidos da
resolução de telas de computador e a quantidade de pontos por polegada.
O ciclo de processamento dos resultados de filmagem também foi alterado. Não é
mais necessário “mandar filme para revelar”, pois pode-se realizar com preço
acessível todo o ciclo de processamento da imagem da fotografia em casa. Além desse
fato, a miniaturização das máquinas fotográficas torna a portabilidade das câmeras
viável para que os jovens, por exemplo, possam ter o seu aparelho à mão, a qualquer
instante. Esses fatores mudaram os hábitos de relacionamento com os membros desse
segmento social. Trocam-se imagens do cotidiano via internet, ou criam-se os
fotoblogs (sítios de imagens das fotos particulares) para serem conhecidos e para
conhecerem os outros.
1.4.3. Computação Gráfica e Animação Gráfica
Os primeiros desenhos animados, como Peter Pan e Branca de Neve dos estúdios da
Disney (EUA), foram criados e desenvolvidos com técnicas de ilustradores de
animação, produzindo os movimentos dos personagens quadro a quadro. O resultado
do trabalho certamente tem emocionado gerações, porém os cenários criados exigiram
dos criadores um esforço “sobrenatural”.
27
Personagem criada por meio da Computação Gráfica
Personagem Real
Fig 1. Exemplo da imagem do filme Senhor dos Anéis (recortada do site do filme)
O desenvolvimento dos softwares de autoria, de computação gráfica e de edição
tornou as antigas técnicas de ilustração obsoletas. Embora os conceitos aprendidos
sejam totalmente válidos, as tecnologias recentes têm facilitando grandemente a tarefa
de criação dos filmes que agregam imagens dos atores reais com imagens criadas
graficamente. Esse desenvolvimento permite às pessoas, com um treinamento
relativamente pequeno, trabalharem com esse segmento de conhecimento. Um dos
exemplos do trabalho com esta característica está reproduzido na figura 1.
Uma das áreas pertencentes à Computação Gráfica é a de jogos, cujo desenvolvimento
não está limitado ao de jogos de videogame, que por si já representa uma fatia
relativamente grande do mercado. Podemos verificar que quase todos os artefatos
digitais portáteis são dotados de algum tipo de jogo para passatempo.
1.4.3.1. Introdução ao conceito de jogos
Os antecedentes
Tradicionalmente, os jogos tiveram o seu papel na área de lazer, divididos em jogos
de habilidade, jogos de estratégia e jogos de probabilidade (conhecidos como jogos de
azar). Ao se analisarem os componentes dos jogos como aspectos de desafio, regras e
interatividade, chegou-se à conclusão de que eles podem ser usados como ferramentas
de estímulos à aprendizagem, à simulação de uma situação real, em que os usuários
28
podem operar um equipamento ou praticar uma atividade no mundo virtual antes de
vivenciá-la na situação real. Como exemplo, podemos citar o simulador de vôo.
Jogo Computacional
A popularização dos jogos de computador nas últimas duas décadas foi um marco da
sociedade de fim do século XX e início do século XXI. A geração que nasceu nesse
intervalo é conhecida como a geração do videogame, cuja característica é sua
habilidade no manuseio do mouse e do console (entenda-se controle remoto). Essa
habilidade vai além da habilidade física, da rapidez de apertar teclas de funções, pois
as capacidades de sincronismo entre uma visão imagética dos objetos em movimento
na tela, a antevisão dos próximos passos e a coordenação motora para tomada de
decisão e ação têm um efeito acelerador no perfil dessa geração.
Essa configuração de comportamento permitiu que o treinamento assistido por
computador fosse viável na atualidade, do ponto de vista cultural e social, tanto pela
facilidade de programação dos jogos e dos módulos de treinamento, quanto pelo
parque de computadores disponíveis que já está ao alcance da maioria da população.
1.4.4. Blog ou Weblog
O universo digital é permeado de “novos” conceitos e formas de nomear ações.
Exemplo disso é o weblog ou simplesmente blog.
Blog é uma página da internet cujas atualizações (chamadas posts) são organizadas
cronologicamente (como um histórico ou diário). Esses posts podem ou não pertencer
ao mesmo gênero de escrita, podem ou não se referir ao mesmo assunto ou à mesma
pessoa. A maioria dos blogs são miscelâneas, nas quais os usuários, conhecidos como
blogueiros, escrevem com total liberdade.
29
O blog conta com algumas ferramentas para classificar informações técnicas a
respeito dele próprio. Todas elas são disponibilizadas na internet por servidores e/ou
usuários comuns. As ferramentas abrangem o registro de informações relativas a um
site ou domínio da Internet quanto ao número de acessos ao sítio, às páginas visitadas,
ao tempo gasto, à origem da navegação para este sítio e para qual página o visitante
irá, e uma série de outras informações sobre a navegação. Pela facilidade com que
esse tipo de registro pode ser feito, somado à rapidez com que as informações podem
ser publicadas, o blog tornou-se uma das formas de comunicação mais utilizadas pelos
jornalistas e por pessoas públicas para interagir com a população através da internet.
A grande aceitação dessa forma de registrar informações de forma imagética, além do
texto, inspirou o desenvolvimento de weblog especializado para vídeo. A iniciativa
mais bem sucedida foi sem dúvida nenhuma o YouTube.
Esse sítio tem como objetivo receber os vídeos dos usuários armazená-los e
disponibilizá-los para os amigos ou futuros amigos. Por meio do YouTube, você pode
pesquisar e ver vídeos feitos por pessoas diferentes, com cada uma delas mostrando
algo de sua vida sem ter a necessidade de escrever mas fazê-lo como um
documentário no formato de vídeo. A quantidade de acesso foi tão grande a ponto da
Google decidir comprar o YouTube por 1,6 bilhões de dólares, em 10 de outubro de
2006.
Reproduzimos abaixo a tela principal do sítio YouTube que comunica, no formato
hipermediático, o seu conteúdo.
30
F
E
A
h
1
A
t
t
t
1
t
Voltado para vídeos
Acessar e fazer download de vídeos
ig 2. Homepage do YouTube
ssas são as áreas tecnológicas que compõem o registro hipermediático.
seguir, apresentaremos as pesquisas voltadas para a difusão e a transmissão
ipermediática do mundo digital.
.4.5. Banda Larga
viabilidade da mídia eletrônica só é possível com o suporte da infraestrutura de
elecomunicação, pois esse tipo de comunicação depende da velocidade de
ransmissão de dados. Nos final dos anos 80, a internet era baseada na tecnologia de
elecomunicação de telefonia discada com velocidade de transmissão da ordem de
.200 kps. Essa velocidade permite a transmissão de dados de textos simples e o
empo de transmissão fica proibitivo quando há imagens nos objetos transmitidos.
31
A inovação tecnológica na área de comunicação tornou a comunicação internet mais
inclusiva com a popularização da BANDA LARGA, que, em última análise, é o
aumento significativo da velocidade de transmissão de dados através de tecnologias
novas, tais como, fibras óticas ou mudança na banda de freqüência de transmissão
sem fio, que aumentam significativamente a velocidade. A outra variável que se
somou a essa inovação tecnológica é a proliferação dos fornecedores de serviços de
banda larga e a competitividade do mercado que acomodou os preços a um nível que
permite à classe média instalar esse serviço nos seus lares, privilégio somente
disponível anteriormente para as grandes corporações.
Neste momento, no Brasil, já temos um contingente de usuários que passou a ter um
papel relevante no cenário mundial. Esse grupo, que cresce com grande velocidade,
pertence à elite dos internautas. Em 1999, eram apenas 5 milhões de pessoas. Abaixo,
constata-se a quantidade de usuários em dezembro de 2005 (vide tabela 1). Estima-se
que, em 2010, esses números chegarão a 500 milhões de usuários.
A conseqüência da popularização da utilização de banda larga é a viabilização de
muitas outras aplicações que dependiam da rapidez no fluxo de dados que trafegam na
rede. Vamos citar alguma delas.
VoIP – Voz sobre IP (Internet Protocol)
Esse tipo de aplicação é baseado na conversão do som (voz) que originalmente é
caracterizado por meio de uma freqüência analógica para um padrão digital. No
formato digital, essa representação pode ser transmitida como se fosse um arquivo de
dado. Portanto, pode-se utilizar o meio de comunicação web para essa finalidade,
desde que a velocidade seja suficiente para que não haja interrupção entre os sons,
sendo que, quanto maior a velocidade de transmissão, em tese, maior será a qualidade
dos sons recebidos. A conexão por banda larga já existe em computadores pessoais,
com apenas uma ligação do microfone e do fone de ouvido ou da caixa de som ao
micro e, com um programa de software o computador se torna em um telefone que
pode se conectar a outro telefone (ou outro computador) para completar a ligação. Um
dos pontos interessantes nesse tipo de ligação é que a tarifa é muito pequena, e,
dependendo do tipo de ligação, gratuita.
32
As 15 nações com mais usuários de Banda Larga (dez/2005)
País Usuários (em milhões Porcentagem
Estados Unidos 46,9 21,6
China 35,9 16,5
Japão 26,4 12,2
Coréia do Sul 13,1 6,04
França 9,6 4,42
Alemanha 9,5 4,40
Reino Unido 8,9 4,35
Canadá 6,7 4,09
Itália 6,6 3,05
Espanha 4,6 2,12
Holanda 4,4 2,00
Taiwan 4,3 1,97
Brasil 4,3 1,97
Austrália 2,6 1,21
Bélgica 2,1 0,97
TOP 15 185,2 85,25
No mundo 217,2 100 3Fonte: Computer Industry Almanac
Acessado em 4/11/2006 http://www.c-i-a.com/pr1105.htm
Tabela 1. Usuários de Banda Larga no Mundo
1.4.6. Mundo sem fio - Wireless
Já mencionamos anteriormente a grande aceitação do telefone celular que, neste
momento, mostra-nos a tendência de total substituição dos telefones fixos. Esse fato
se dá não somente por causa da praticidade de aquisição do aparelho e de seu custo,
mas, principalmente, por causa da portabilidade que ele proporciona.
3 Computer Industry Almanac Inc. publica relatórios de pesquisa de mercado para PC, Internet e indústria wireless. A Companhia foi fundada em 1986.
33
O custo total de uma infra-estrutura de rede celular pode ser menor do que o da
telefonia fixa, porém a maior vantagem na migração da telefonia fixa para a telefonia
celular está na mudança cultural dos usuários. A conectividade proporcionada está
muito além da comunicação via voz, pois permite também o acesso à internet, ao e-
mail, às notícias e à realização das transações bancárias em qualquer lugar onde haja
sinal de celular. Essa praticidade talvez seja a grande atratividade que a tecnologia
sem fio fornece-nos. Serão descritas a seguir algumas das tecnologias disponíveis no
mundo sem fio.
1.4.6.1. Tecnologia Wi-Fi
A tecnologia Wi-Fi (Wireless Fidelity – “fidelidade sem fios”) é o nome comercial
usado para designar padrões desenvolvidos pelo comitê do IEEE (Institute of
Electrical and Electronics Engineers). O comitê designado para esse estudo tinha o
número de 802.11, por isso quando nos referimos à tecnologia Wi-Fi, geralmente
vemos o número 802.11 associado a ela.
Os principais padrões desenvolvidos a partir desse grupo são: 802.11b, 802.11a e
802.11g, que juntos integram a arquitetura 802.11x.
É bastante claro o posicionamento dessa tecnologia. Ela se coloca como a facilidade
para a instalação de rede local sem fio, voltada para ambientes internos, seja
empresarial, seja doméstico, substituindo a rede local cabeada com fio, com a grande
vantagem de ser de fácil instalação.
A rede sem fio requer preocupação adicional com a segurança, pois todos os que estão
no raio de alcance da rede podem ter a possibilidade de acessá-la expondo, dessa
forma, a sua integridade, caso a implantação dos procedimentos de segurança não seja
bem feita.
34
Padrão Velocidade Máxima Faixa de Freqüência
802.11b 11 Mbps 2,4 GHz
802.11a 54 Mbps 5,0 GHZ
802.11g 54 Mbps 2,4 GHz
Tabela 2 - Tabela comparativa entre os três padrões Wi-Fi
A conectividade disponibilizada pela WiFi resultou na modalidade de computação
móvel centrada em certas localidades públicas, tais como, bares, aeroportos, terminais
rodoviários, livrarias, shopping centers, restaurantes, dentre outros. Nesses pontos de
acesso, pode-se conectar à rede internet por meio de um notebook ou PDA (que
possua o dispositivo de hardware Wi-Fi), em alguns locais gratuitamente (nesse caso
o usuário apenas tem de abrir o browser para estar automaticamente conectado). Outra
possibilidade é uma assinatura ou pagamento por uso para desfrutar dessa facilidade
(nesse caso, o usuário, ao comprar o acesso, ganha uma senha que deverá ser
fornecida no momento da conexão). Esses locais são chamados de Hotspots. Essa
facilidade passou a ser meio de atração para o cliente.
Por exemplo, em setembro de 2006, São Paulo já possuia cerca de 600 pontos de
acesso e podia ser considerada cidade WiFi, (ARIMA, 2006).
Pela popularização dessa forma de conexão, praticamente todos os notebooks novos
vendidos no mercado já tem WiFi embutido. Para os donos dos computadores
pessoais móveis antigos, a adição desse dispositivo é bastante simples e é
relativamente barata.
A tecnologia WiFi também trouxe a facilidade de se instalar uma rede local doméstica
sem ter que quebrar paredes, passar fios para ligar dois ou mais computadores em rede,
compartilhando um único modem de acesso de banda larga. Esse tipo de tecnologia
permite que a automatização da habitação possa acontecer rapidamente. Esse tema
está dentro do conceito da automatização de vários recursos de uma casa interligada e
integrada tecnologicamente. Há uma palavra criada para essa disciplina, domótica,
que não está diretamente associada à tecnologia sem fio, mas a utiliza de forma
extensiva:
35
Domótica é uma tecnologia recente que permite a gestão de todos os
recursos habitacionais. O termo “Domótica” resulta da junção da palavra
“Domus” (casa) com “Telemática” (eletrônica+informática). São estes
dois últimos elementos que, quando utilizados em conjunto, rentabilizam o
sistema, simplificando a vida diária das pessoas satisfazendo as suas
necessidades de comunicação, de conforto e segurança. Quando a
domótica surgiu (com o primeiros edifícios, nos anos 80) pretendia-se
controlar a iluminação, condições climáticas, a segurança e a interligação
entre os 3 elementos, atualmente a comunicação passou a desempenhar o
papel principal. 4
1.4.6.2. WiMax
O WiMax é o nome comercial do padrão IEEE 802.16, também conhecido como
WMAN (Wireless Metropolitan Area Network). Ele tem como principal característica
a taxa de transferência de até 75 Mbps (contra 54 Mbps do 802.11g). Além disso, o
raio de alcance é de quase 50 km em área livre e de 8 a 10 km em área de alta
densidade populacional. Essa última característica é a grande diferenciação entre o
WiFi e o WiMax, pois o WiFi tem alcance máximo de 100 m, por isso serve apenas
para uso interno em edifícios, enquanto o protocolo WiMax possibilita ao usuário
estar conectado em movimento dentro da cidade acessando continuamente a rede.
Na verdade, essa tecnologia não veio para substituir a de WiFi, mas para
complementa-la, uma vez que o padrão WiMax pode ser o grande concorrente das
empresas de telefonia celular, já que permite ao usuário conectar o seu equipamento
(por exemplo um notebook) na rede WiMax e acoplar um telefone VoIP para
conversar em substituição ao celular. Verificamos que, nesse caso, o WiMax tem o
mesmo papel do provedor de Banda Larga Móvel.
4 Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Acessado no dia 14/11/2006
36
WiMesh
O WiMesh é um novo padrão de transmissão definido pelo IEEE que ainda está em
processo de validação final. Ele tem como objetivo ser uma tecnologia de
telecomunicação, mas também tem a característica de tecnologia de rede local. Essa
característica coloca-o como sendo uma solução intermediária entre os padrões WiFi e
WiMax. Ele não é excludente com relação aos dois anteriores, mas, provavelmente,
ele deve operar mais com o WiFi para ambientes corporativos.
O WiMesh funciona na velocidade de comunicação 54 Mbps e alcança até 400 metros
de distância.
1.4.6.3. SMS e MMS
O MMS (Multimedia Messaging Service - serviço de mensagens de texto com áudio e
imagem) é um dos serviços de mensagens móveis semelhante ao serviço de
mensagens curtas (SMS - Short Message Service) que também é conhecido como
“torpedo”, nome dado pelas operadoras de telefonia celular para associar a idéia da
rapidez com que a mensagem chega ao destino. O MMS permite ao usuário do celular
adicionar às suas mensagens som, imagens e outros conteúdos elaborados,
transformando-as em mensagens visuais e sonoras personalizadas bem mais atrativas.
Mas a tecnologia MMS oferece algo mais do que a simples ampliação do conteúdo
das mensagens. Com ela, não só é possível enviar mensagens multimídia de telefone
para telefone, como também de telefone para e-mail e vice-versa. Esse recurso
aumenta consideravelmente as possibilidades da comunicação móvel, tanto para o uso
privado como para o profissional.
Ainda que o MMS englobe uma ampla gama de conteúdos, ele é uma extensão lógica
do SMS, o que facilita a sua adoção pela geração atual de usuários de celulares. Uma
outra vantagem dessa tecnologia é que a mensagem é uma apresentação multimídia
37
em uma única entrada e não um arquivo de texto com anexos, o que a torna mais
simples e amigável.
O MMS é um padrão aberto do setor e as suas mensagens podem ser enviadas por
meio de protocolos e redes existentes. O MMS é independente da portadora, o que
significa que não está limitado às redes GSM ou WCDMA.
1.4.6.4. Bluetooth
O Bluetooth foi concebido em 1998 por um consórcio de cinco empresas: Ericsson,
IBM, Intel, Nokia e Toshiba, com o propósito de eliminar cabos para conectar
aparelhos. Esse tipo de tecnologia é baseada num chip com rádio-transmissor pequeno
e de baixa voltagem em um dispositivo eletrônico tradicional. O seu ponto
interessante é a utilização da banda de rádio ISM (Industrial, Scientific and Medical
Band) entre 2,4 A 2,48 GHz. Como ela não é licenciada, isto é, ela está disponível
para uso sem nenhuma taxa, esse aspecto barateia consideravelmente o custo do seu
uso. O objetivo é ligar vários aparelhos entre si em um pequeno raio. Anteriormente,
esse tipo de solução utilizava a tecnologia infravermelha para conectar teclados e
mouse aos computadores, porém ela tinha a inconveniência de necessitar que se
colocassem os dois aparelhos frente a frente sem obstáculo no meio, além de se poder
conectar apenas um aparelho por porta infravermelha. O consórcio teve o mérito de
estabelecer uma padronização fazendo com que celulares de várias marcas possam se
conectar a fones de ouvido de outros fabricantes, ou a aparelhos PDA (computador de
mão) ou teclados desde que utilizem a padronização. Outra característica é que,
através de Bluetooth, podem-se ligar até 8 aparelhos simultaneamente.
Portanto, o Bluetooth permite que se crie uma mini-rede de dispositivos chamada de
piconet, que funciona como uma espécie de rede pessoal. Em breve, iremos assistir ao
lançamento de câmeras fotográficas digitais, scanners, fax e impressoras com a
tecnologia bluetooth que podem ser conectados diretamente a qualquer computador
dinamicamente sem ter a necessidade de se instalarem cabos, drivers ou outros
softwares para realizar uma simples operação de impressão de documento word (hoje
é problema para muitos quando estão fora do seu escritório ou casa). (MILLER,
2001).
38
1.4.7. TV Digital – HDTV (High Defintion TV – TV de alta definição)
Por que queremos lembrar da TV Digital? A alta definição para assistir um programa
humorístico ou uma partida de futebol vai alterar substancialmente a nossa vida?
Talvez nesse aspecto não, mas a tecnologia de HDTV vai nos trazer também a
capacidade de interagirmos com o transmissor do programa. Dessa forma, poderemos
ter sempre a possibilidade de emitir a nossa opinião sobre a qualidade dos programas,
poderemos fazer compras via telas de TV, tornando possível que a platéia de TV
passe a ter um papel ativo, fazendo valer a sua manifestação.
O processo de implantação da TV Digital no Brasil, ora em curso, remete-nos para
uma questão crucial que independe da tecnologia e está relacionada ao modelo de
funcionamento da TV Digital. A padronização escolhida (que neste momento parece
ser o padrão japonês) pode conduzir a um mercado centrado em empresas de mídia,
TV ou pode abrir esse segmento para as empresas de telecomunicação e outros
fornecedores de serviços de banda larga. Esse assunto é de suma importância e refere-
se à forma como a sociedade vai poder utilizar de maneira mais abrangente esse canal
de comunicação, o tipo de conteúdo disponível e uma maior integração com outras
formas de interatividade digital, tais como, acessar uma rede de voz por meio da TV
da sala. Cremos que a rapidez no desenvolvimento da convergência digital depende da
regulamentação a ser encaminhada em futuro próximo. Sem nenhuma dúvida, o poder
comunicacional vigente na mídia atual tem grande influência nas decisões já tomadas
e nas que estão sendo tomadas.
1.4.8. Outros artefatos: iPod, pen drives, câmeras digitais, Xbox, PS3...
Uma das inovações silenciosas dos microcomputadores foi a porta USB (Universal
Serial Bus), um adaptador universal de periféricos cujo padrão de conectividade foi
homologado para que qualquer fornecedor possa utilizar esse barramento (bus)5 como
porta de acesso ao computador.
5 Barramento (Bus) é um conjunto de linhas de comunicação com o computador, normalmente em potência de 2, (4, 8, 16, 32, 64..).
39
Por meio dele, podem ser conectados quaisquer artefatos digitais que gravam, editam
ou simplesmente transportam arquivos no formato digital. Essa forma de comunicação
entre o mundo de computadores que inicialmente foi concebido para uso profissional,
comercial ou para atividades de pesquisa, passou a integrar o mundo do
entretenimento rapidamente pela facilidade com que o computador passa a fazer parte
do conjunto ferramenta / brinquedo, trazendo junto com ele toda a geração conhecida
como a geração “videogame”.
O segmento dos produtos musicais, tais como, tocadores de músicas digitais MP3 e
MP4 (com vídeo), têm suporte nos adeptos jovens de uma forma geral. O domínio
inquestionável da empresa Sony até então com os seus produtos da linha Walkman
agora tem um adversário respeitável a Apple, com o seu produto iPod, que é um
pequeno aparelho portátil dotado de um meio de armazenamento (Hard Disk ou Flash
Memory), um mecanismo de sintonia, capaz de reproduzir músicas e vídeos gravados
digitalmente. Esse aparelho acompanha um conjunto de softwares chamado iTunes,
que, uma vez instalados nos computadores, pode ser utilizado para gerenciamento dos
conteúdos dos iPod’s além da possibilidade de usá-los para acessar novos
lançamentos de músicas e vídeos disponíveis na Internet. Além de tudo isso, ele pode
ser utilizado apenas para transportar os trabalhos escolares como um Hard Disk
portátil.
Assistimos agora ao lançamento do Walkman Vídeo como uma tentativa de
minimizar os avanços da Apple, assim como os movimentos da Microsoft, tentando
entrar pesadamente nesse mercado por meio de artefatos de jogos eletrônicos Xbox.
Parece-nos difícil de juntar tudo isso? Não, os jogos eletrônicos, o mundo de músicas
com novos formatos de gravação digital, filmes, TV digital, todos eles começam a
convergir para o mesmo mundo, com padrões eletrônicos convergentes, interfaces
humanas com a mesma intuição de navegação. Em outras palavras, quando um
usuário aprender a usar um desses aparelhos, provavelmente, saberá utilizar outros
porque a mesma seqüência de comandos aplica-se a outros artefatos eletrônicos. Uma
prova desse fato é a constatação de que, quando o aparelho de DVD de uma
residência está piscando (por não ter sido programado), existe uma grande
probabilidade de que não more nessa casa um adolescente (ou mesmo uma criança),
40
porque a geração jovem já conhece essa lógica de programação por meio dos seus
videogames.
Concluindo este grupo de pesquisa, constatamos que as facilidades descobertas e
disponibilizadas na atualidade trouxeram não somente a mudança tecnológica, como
também a transformação comportamental, a cultural e a social.
1.5. Infra-estrutura da Rede Mundial de Internet
Segundo SHIMIZU (2006), em termos mundiais, a cada segundo, seis novos usuários
integram-se à rede Internet. De 4,4 milhões de usuários em 1991, saltou para 1, 086
bilhões em 2006, o que corresponde a 16,7 % da população mundial. O total de sites é
de 80 milhões, o trânsito total é estimado acima de 1.000 gigabits por segundo e a
capacidade instalada é quatro vezes maior. Esses dados indicam-nos que o
crescimento do uso de internet nos próximos cinco anos continuará com uma
tendência de evolução acelerada. Uma das medidas numéricas da digitalização do
mundo é exatamente a sua utilização, o fluxo dos bits pela rede mundial nos dá essa
métrica e, mais importante, a infra-estrutura já estabelecida permite esse crescimento.
1.6. Constatações resultantes da evolução do Universo Digital
A constatação da pesquisa realizada sobre o universo digital mostra-nos que a mídia
digital já é uma realidade incontestável, que cresce com vigor, que a cultura digital
está modificando significativamente o comportamento da nossa sociedade e que ela se
dá de uma forma sutil e diferenciada entre povos.
Essa modificação, contudo, não acontece de forma igual e uniforme para todos os
segmentos da sociedade. Por exemplo, apesar da popularização do uso dos
microcomputadores, muitos ainda estão no segmento dos excluídos do mundo digital.
Há um esforço do Governo em minimizar essa situação, mas esse segmento continua
sendo uma parte significativa da população.
41
O outro segmento é o da geração “videogame”, o qual aderiu de forma total a essa
revolução digital. Essa geração tem a sua vida associada ao mundo hipermediático,
das fotos, MMS, blog, conectividade total. Em resumo, podemos redefini-la como a
geração da Convergência Digital.
O terceiro segmento pode ser caracterizado por pessoas com “letramento digital”.
Esse grupo de pessoas usa a tecnologia digital como uma ferramenta melhor e mais
rápida, contudo não modifica o seu comportamento com relação ao mundo digital.
Exemplifiquemos: pessoas que usam o conjunto “computador + impressora” como
uma máquina de escrever mais interessante, que armazenam os dados do texto e
facilita a correção, porém nada mais além desses recursos.
Podemos afirmar que a revolução advinda da Convergência Digital alterou
significativamente a geração “videogame”, tornando-a na geração da “Convergência”.
Este grupo é o grande usuário dos sites de internet, embora o telefone celular seja o
principal artefato tecnológico que os acompanha, no entanto a sua base (porto)
continua sendo o seu microcomputador, local em que os membros dessa geração
lançam a sua âncora de fotos, as suas músicas preferidas etc. Eles gastam grande parte
do seu tempo surfando na rede para buscar informações, ouvir as suas músicas ou
transferi-las por meio do computador para seu iPod. Esse grupo de pessoas necessita
estar conectado dia e noite com o mundo digital, pois a mobilidade para eles é
imprescindível.
Diferentemente do segmento “Convergentes Digitais”, há o contingente dos “letrados
digitais”. Esse grupo é composto por pessoas que usam os aparelhos digitais como
ferramentas úteis quando não há outra opção. Eles consideram a tecnologia como “um
mal necessário”. Esse grupo de usuários também já descobriu a importância da
internet, como fonte de informações, biblioteca virtual. Usa o e-mail extensivamente
como cartas eletrônicas. Os participantes desse grupo consideram a tecnologia como
um acelerador das suas vidas, porém sem a alteração das suas estruturas de
pensamento e ação. A mobilidade para esse segmento não é essencial e a conexão
com a internet não precisa ser contínua.
42
CAPÍTULO II – AS COMUNIDADES VIRTUAIS e AS REDES SOCIAIS
“Civilização sábia não escolhe entre o PC e o ábaco, fica com os dois” Dagomir Marquezi, jornalista e escritor
2.1. Considerações iniciais No capítulo anterior, nós descrevemos o panorama da mudança da tecnologia
analógica para a tecnologia digital. Também concluímos que o processo da migração
da tecnologia contribuiu para a mudança comportamental da sociedade. Essa
transformação está acontecendo tanto no mundo real, refletindo-se inclusive na
arquitetura das casas para acomodar novos utensílios e facilidades, como também no
plano imaginário e simbólico com a mudança da representação dos valores vigentes.
Neste capítulo, o nosso estudo enfocará as comunidades virtuais, que estão ligadas
fortemente ao desenvolvimento do mundo digital. Por fim, essas mudanças tornam
importante o estudo das ferramentas de relacionamento as quais serão enfocandas no
capítulo três, pois elas têm as suas bases teóricas referenciadas no mundo simbólico e
lidam com a dimensão imaginária dos usuários.
Como as comunidades são formadas por meio de tecnologias presentes no universo
digital? O que elas representam nos dias de hoje? Essas questões serão discutidas
nesse capítulo além de ser conceituada a Comunidade Virtual (CV) e de ser traçado o
percurso das Comunidades Virtuais. Serão também apresentados exemplos de
comunidades virtuais. Esta exposição tem como objetivo apresentar as características
das comunidades virtuais, o que contribuirá para a nossa análise comparativa entre os
sítios de relacionamento Orkut e LinkedIn. Portanto utilizaremos os resultados desses
estudos para auxiliar as análises que faremos no Capítulo 3.
43
2.2. Os efeitos sociais do mundo digital
A mudança ocorrida no mundo digital teve efeitos bastante claros para a presente
época (outubro/2006). Segundo DRUCKER (1993), o mundo já vive há um bom
tempo a era da Sociedade de Informação, na qual um dos valores mais importantes a
ser considerado é o Capital Intelectual, ou ainda, o Capital do Conhecimento. Essa
constatação mostra-nos que o principal capital da nossa sociedade tem uma fluidez e
uma capacidade de migração muito elevadas.
Vamos considerar as diversas formas de representação do conhecimento, que podem
estar no formato de uma tese, em um modelo matemático ou codificado em um
algoritmo. Na maioria das vezes, esse conhecimento está nas mentes das pessoas e,
quando esse conhecimento não está explicitado em livros ou em outra forma de
armazenamento, nós recorremos às pessoas que possuem os conhecimentos que
buscamos. Fazemos isso por meio dos diretórios de localização de pessoas (pode ser
uma agenda pessoal, a lista telefônica ou Google / Yahoo). Não somente as teses
acadêmicas já estão sendo digitalizadas, como vemos também que os diretórios já
estão, em muitos casos, armazenados nos meios digitais, portanto podem ser
alcançados através de rede digital. Esse catálogo de pessoas já pode ser considerado
uma rede social, voltado para uma área de conhecimento.
Mais recentemente WELLMAN (2000) relata-nos que, quando uma pessoa necessita
de alguma ajuda, ela pode comprá-la, fazer a troca por ela, roubá-la, recebê-la do
governo ou obtê-la através da sua “Comunidade de rede pessoal”. Essa rede pessoal é
tanto mais poderosa quanto maior for a participação dos seus membros nas
comunidades. Hoje, essas redes são ainda mais potencializadas por meio das
participações dos seus membros nas conexões via Internet. Ainda, segundo esse artigo,
é possível notar que, ao participar de uma comunidade virtual dentro do Universo
Digital via Internet, qualquer pessoa pode desfrutar de um Capital que outrora levaria
muitos anos para construir. No nosso julgamento, o modelo de conexão permanece
similar ao do passado, a rede pessoal continua funcionando no mesmo formato, porém
44
a velocidade de construção da rede e os encontros entre as pessoas participantes da
rede pessoal são muito mais freqüentes, dada a facilidade de contato via internet.
Uma das questões estudadas por BUCHANAN (2002) acerca do conceito de Pequeno
Mundo (small world), são as coincidências cotidianas das pessoas conhecidas que se
encontram ao acaso nos lugares públicos. Essas coincidências demonstram que nós
vivemos em pequenos círculos de relacionamento (clusters), conectados por ligações
não muito fortes com outros Pequenos Mundos. Essa mesma lógica é aplicável ao
mundo virtual com o diferencial de que a velocidade com que nós podemos nos
encontrar uns com os outros é muitas vezes maior, em um intervalo de tempo muito
menor, comparado ao que seria necessário nos moldes presenciais.
A outra questão para se estudar o mundo digital é devido ao fato de que o mundo
digital modificou a dimensão antropológica com a introdução da cultura digital.
SANTOS (2002) mostra-nos que o crescimento de relacionamento entre pessoas é
indexado principalmente pelo desempenho do uso intensivo da rede mundial,
crescimento este que é acelerado pela multiplicação das quantidades de terminais
telefônicos, principalmente os celulares. Essa mudança é potencializada pela
globalização: diferentes povos, ao se depararem com a globalização, não adotaram os
valores e costumes impostos pelas grandes potências, mas adaptaram a sua cultura de
uma forma sutil. APANDURAI (2005) apresenta nesse contexto a relevância de dois
fatos: a media e a migração os quais atuam em conjunto, de forma interconectada,
como fatores constitutivos para a subjetividade moderna, afetando principalmente a
imaginação das pessoas.
A categoria Imaginação foi atingida de uma forma profunda nas sociedades do mundo
inteiro. A tecnologia em si não a tocou diretamente, porém, por meio da sua atuação
indireta, houve um efeito profundo na modificação da dimensão cultural advinda da
capacidade imaginativa que o novo meio de comunicação trouxe aos usuários pelas
novas medias. Entendemos que a mudança tecnológica não foi a única responsável
pela mudança cultural. A mobilidade dos migrantes e imigrantes também modificou
sua cultura natal e, com o seu retorno a sua localidade original, eles se tornaram
agentes de transformação nos meios onde viviam, levando uma nova forma de pensar
e agir.
45
Queremos ressaltar que, em seu artigo, ADAMIC (2002), realizou um estudo com
Nexus Club, uma espécie de comunidade de estudantes da Universidade de Stanford.
Essa comunidade é constituída virtualmente por meio de um sítio de relacionamento.
A regra de funcionamento é que todos os membros façam parte do diretório dos
alunos da universidade. A forma de participação é através dos convites feitos pelos
membros que já estão inscritos. Essa premissa faz com que o escopo seja limitado em
termos de perfil geral dos participantes, pois todos têm alguma semelhança (são
estudantes de uma instituição de ensino superior). Evidentemente existem outros
atributos comuns entre os membros, mas entende-se que o ambiente pesquisado é
controlado.
Listando algumas das conclusões do seu trabalho destacamos:
Os alunos da área de letras clássicas Inglês relacionam-se com aquelas que
compartilham de hábitos e de perfis semelhantes e também se consideram
responsáveis e não “modernas”.
Esse estudo aponta que existe um padrão de relacionamento em grande escala com
diferentes variáveis. A riqueza dessa informação pode ser usada para criar um modelo
dinâmico de como espalhar idéias por meio de uma rede e como localizar uma pessoa
através dos seus contactos.
Um dos resultados práticos da pesquisa foi a construção do sítio de relacionamento
ORKUT que se tornou em um dos maiores do mundo (senão o maior) em quantidade
de associados.
2.3. Uma análise sobre o efeito da consolidação da Cibercultura
No momento em que assistimos ao surgimento das tecnologias e das práticas
viabilizando o mundo cibernético, podemos testemunhar simultaneamente mudanças
no comportamento da sociedade como um todo. Diferentemente da modernidade que
possuía um projeto político e social, a pós-modernidade não possui esse projeto. As
tecnologias surgem sem ideologias (pelo menos no seu início) como motor autônomo
46
e sem finalidade (TRIVINHO, 2001). A própria convergência digital trouxe-nos
transformações culturais que passam a ser inseparáveis da própria cultura digital. Não
podemos separar a nossa cultura da cibercultura. Embora ela tenha eclodido sem
propósito, está implicada em tudo que é mais importante na sociedade atual, seja no
campo da medicina, de engenharia civil, da administração, de segurança pública, e
seja nas organizações criminosas e porque não citar, seja nos grupos terroristas.
Temos, portanto, uma questão: a existência da nova ordem do mundo virtual já é
reconhecida, mas será que ela vai tornar a nossa sociedade melhor? Essa indagação
ainda está longe de se ter uma resposta. A nossa pesquisa tampouco tem a finalidade
de enveredar por esse campo de discussão, porém queremos pontuar a necessidade de
investigar essa dimensão do problema.
Porém, podemos constatar que a consolidação das medias digitais, ao longo dos
últimos anos, a rapidez de transmissão dos dados, a acessibilidade aos meios de
comunicação digital pela internet, o barateamento da utilização da rede mundial, tudo
isso redundou em um efeito não reconhecido anteriormente, mencionado por
VIRILIO (1998). Esse tema foi estudado e desenvolvido exaustivamente por
TRIVINHO (2001), o efeito glocal, que diferentemente da maioria dos pesquisadores
que enfocam os efeitos da globalização, esquecem que os efeitos não são apenas o de
globalização, nem o da adaptação do global para local, mas a junção das duas
situações. A possibilidade de se encontrar em um campo próprio, com acessibilidade
global, cria um bunker local, tornando dessa forma o indivíduo um ser mais isolado
do que um ser social.
A direção percebida para minimizar esse efeito, no nosso entender, é a de
comunicabilidade, e a de socialização via rede, com o suporte das capacidades
comunicacionais disponíveis do mundo digital.
2.4. Um Exemplo de Comunidade Virtual Sem Fio - Celular
RHEINGOLD (2002) descreve o episódio do dia 20 de janeiro de 2001, em que o
Presidente das Filipinas, Joseph Estrada, foi o primeiro chefe de Estado a perder o seu
mandato pela utilização de mensagens de celular. Mais de um milhão de pessoas
47
foram convocadas para uma manifestação, vestidas de preto, em Epifanio de los
Santas Avenue, conhecido como “Edsa,”. A simples mensagem em inglês “Go
2EDSA, Wear blck” trouxe para a área, em uma hora, essa multidão e, nos quatro dias
seguintes, ela esteve concentrada na praça. Estrada caiu.
A mobilização do coletivo é um problema sociológico, mas, inegavelmente, vemos
que a participação da tecnologia também é crucial. A formação dessa comunidade, ou
melhor, uma multidão com um propósito, foi realizada virtualmente, mas resultou em
uma ação presencial. Nesse caso em especial, a convocação não precisou de todos os
recursos de convergência digital, foi usada apenas uma mensagem em texto, a
portadora foi SMS (Short Message Service), transmitida por meio das operadoras de
telefonia celular, porém o resultado foi muito poderoso.
Já foram feitos muitos estudos sobre comunidades especialmente no campo da
Sociologia, sob vários títulos diferentes, tais como Análise de Redes ou Análise
Estruturada, que serão descritos posteriormente. O grande impulso na pesquisa dessa
área foi dado por RHEINGOLD (1993), na época em que houve a popularização da
Internet e da telecomunicação. Foi nesse momento que o termo Comunidade Virtual
foi consolidado. Uma lista de distribuição de e-mail pode ter centenas de membros e
a comunicação que acontece pode ser meramente informacional (perguntas e
respostas são feitas), mas os membros permanecem relativamente desconhecidos e o
índice de rotatividade pode ser muito alto. Assim mesmo, o termo comunidade pode
ser aplicado, ou seja, o conceito de comunidade virtual pode ser bastante amplo. A
seguir, nós tentaremos considerar esses aspectos.
2.5. O conceito de Comunidade Virtual:
Para RHEINGOLD (1993), P:4
A Comunidade Virtual é a agregação social que emerge da internet,
quando há pessoas suficientes para conduzir uma discussão pública num
período de tempo longo, com sentimento humano adequado para formar
uma rede de relacionamento no ciberespaço.
48
Já na perspectiva de GUPTA, S. e KIM, H, (2004), P:2679
Comunidades Virtuais são lugares no mundo internet onde as pessoas
podem achar pessoas que têm interesse similar e conversar
eletronicamente com estes.
Na Wikipedia (2006),
Comunidade Virtual é um grupo de pessoas comunicando e
interagindo uns com outros por meio de tecnologia de informação,
tipicamente a internet, em vez da interação pessoal. São também
conhecidos como Comunidades Online ou Comunidades mediadas
pelo computador.6
No nosso entender, ao apresentar e analisar o conjunto de conceitos acima concluímos
que a comunidade virtual é constituída de pessoas agregadas em redor de um grupo de
temas, assuntos ou características, cujo vínculo é estabelecido não presencialmente.
Devido às facilidades proporcionadas pela internet e à comunicabilidade digital, ela
tem sido a principal forma pela qual os relacionamentos são criados, cultivados e
mantidos.
Passaremos a usar a sigla CV para representar o termo Comunidade Virtual.
Verifica-se que é difícil definir a CV precisamente por causa da interdisciplinalidade
do assunto e optamos por analisar a CV sob perspectivas diferentes: da
multidisciplinaridade, da sociologia, tecnológica, de negócio, da economia e do
comércio eletrônico.
Podemos olhar a as comunidades virtuais sobre diferentes perspectivas, por exemplo,
do ponto de vista da multidisciplinaridade PREECE (2000) mostra que a CV é
6 A Wikipedia é uma enciclopédia online que tem a característica de ser totalmente “aberta”, isto é
qualquer pessoa pode contribuir com novas informações por meio de adição a um tema já existente ou
iniciar um novo tema, desta forma também podemos entender que a própria Wikipedia também é uma
espécie de comunidade virtual.
49
constituída por pessoas com propósitos compartilhados, com políticas e com sistemas
computacionais. Sob a perspectiva da sociologia, a CV tem a sua definição baseada
nas suas características físicas ou nos seus pontos fortes e no tipo de relacionamento.
ETZIONI (1999) vê que a CV tem os laços de relacionamento fundamentados na sua
identidade histórica compartilhada e na sua cultura. Na perspectiva da tecnologia, os
tecnólogos referem-se à CV baseando-se no software que a suporta, tais como
Servidor de Listas, Newsgroup, Bulletin Board etc. Esses softwares servem como
meio de comunicação entre os membros da comunidade e ajudam os gestores da
comunidade a criar limites de atuação dos membros e a impedir o acesso de estranhos
(LAZAR, 1999). Para esse grupo de pessoas, a CV também é conhecida como CMC –
Comunidade Mediada por Computadores ( Computer-mediated community). HAGEL
(1997), por sua vez, toma a ótica de negócio e vê a CV como um grupo de pessoas,
unido por uma oportunidade para compartilhar pensamentos semelhantes, tendo o
mesmo interesse. Ainda, sob a visão econômica, BALASUBRAMANIAN (2001)
define Comunidade Virtual como qualquer entidade: (1) que possui um agregado de
pessoas, (2) que é utilitarista-maximizante racional, (3) que não interage
presencialmente, (4) em um processo de troca social e (5) com objetivos
compartilhados. O mundo comercial vê a CV em termos de Comércio Eletrônico, que
utiliza qualquer meio de comunicação eletrônica, por exemplo, BBS (Bulletin Board
System), chat etc., como base para considerar os usuários como membros de uma CV,
sendo essa uma visão muito ampla. Para essa abordagem, o ponto importante é o que
atrai as pessoas ao sítio, de forma a ser possível a elas a compras de bens e serviços
(PREECE, 2000).
A grande diversidade de definições sobre CV e a amplitude das visões sobre as suas
características remete-nos para a questão da perspectiva em que o pesquisador se
apoiou para definir a comunidade virtual. O estabelecimento da finalidade foi o fator
decisivo para essa definição e, por meio dela, nós visualizamos o racional da
descrição. Por exemplo, a CV, sob ótica de comércio eletrônico, tem a finalidade de
atrair pessoas para compra, um objetivo temporal, de curta duração, podendo haver
um apelo emotivo, para trazer o candidato a CV. Essa forma de analisar as definições
faz-nos concluir que as comunidades virtuais são uma forma de organização ou
estruturação da sociedade visando a um fim.
50
Essa conclusão conduz-nos à questão de como se deve iniciar uma comunidade virtual,
como fomentar a sua evolução e, finalmente, qual é a sua aplicabilidade.
2.5.1. Formação e Evolução
A questão principal é como achar os candidatos para essa comunidade e trazê-los para
formar o grupo?
Motivação para associar-se à CV
Qual é a razão para se associar a uma CV? Regularmente, recebemos convites para
nos associar ao clube esportivo, à associação de classe, à confraria etc. Como nós nos
tornarmos membros de uma comunidade real e presencial? Geralmente é por meio de
convites das pessoas que conhecemos pessoalmente.
No mundo virtual, recebemos uma quantidade muito maior de e-mails, e de convites
para participarmos de grupos, associações e comunidades virtuais. Em grande parte
dos casos, nós descartamos o tal convite, mesmo tendo o conhecimento de que ele não
exige que paguemos taxas de inscrição para associarmos, mas sabemos que eles
custam-nos o nosso tempo para administrarmos uma quantidade enorme de e-mails na
nossa caixa de entrada, carregada de propaganda.
Quando nós decidimos participar? Primeiramente, quando visualizamos que podemos
receber informações úteis que adicionam valores às nossas vidas, ou quando podemos
aumentar o nosso círculo de amizade positivamente, que nos conecta a outros que
formam a nossa rede pessoal. Geralmente, há um (ou mais) objetivo que nos motiva,
financeiro, ideológico, acadêmico, apoio sentimental ou outros.
Portanto, um dos pré-requisitos é que a mensagem possa ser comunicada para o
candidato chamando a atenção dele. Um estudo foi feito pelo GOLDHABER (1997)
sob o tema Economia da Atenção. Um dos fatores que queremos ressaltar é que, para
51
a mensagem atingir o público alvo, a atratividade das primeiras páginas acessadas tem
de alcançar emocionalmente a pessoa que as vê pela primeira vez, estimulando-a a
continuar lendo até que a mensagem principal seja comunicada à mente do candidato.
Entender a atratividade das páginas é ponto chave para a construção das comunidades
virtuais.
Incrementar a participação dos membros
O incremento do número de usuários de uma comunidade e o aumento da
interatividade dos membros dependem do conhecimento do comportamento do grupo.
GRANOVETTER (1978) formulou a teoria da Limiar das Decisões que descreve o
processo decisório de um grupo de pessoas. Esse grupo pode ser uma turma de alunos
na sala de aula, uma multidão em um comício político ou um grupo virtual diante de
um fato que exige participação. A idéia central da teoria é que as nossas decisões
dependem das decisões do grupo, por exemplo, a partir de quantas pessoas que saem
da sala de aula enquanto um professor está dando uma aula (sem interesse), eu passo a
me sentir confortável para sair também sem sentir que estou fazendo uma ação
socialmente errada. Talvez eu não me sinta confortável de ser o primeiro, nem o
segundo, mas a partir de 15% dos alunos terem saído, eu tomo a minha decisão de sair
da sala sem sentimento de culpa. Isso demonstra que a minha decisão não é uma
decisão independente, ela é influenciada pelo grupo, pela multidão. Isso, quando
aplicado à CV, significa que a grande atividade dos membros de uma comunidade
provavelmente vai estimular a mais atividade.
Entender os fatores de confiança que os membros depositam em outros membros na
CV
O primeiro fator é a forma de associação que pode ser por meio de convite ou
totalmente livre sem nenhuma restrição ou a partir de um pré-requisito (por exemplo,
só os arquitetos com Pós Doc).
O segundo fator de confiança depende da existência ou não do modelador da
comunidade que atua de forma centralizada.
52
Essas características da comunidade virtual podem aumentar o grau de confiança;
porém, o aumento de confiança por meio da política de seleção ou tutela de um
modelador pode não ser o melhor caminho, pois carrega consigo a restrição na
associação de novos membros limitando, dessa forma, a taxa de crescimento.
2.5.2. Aplicação
Do ponto de vista prático, qual é a aplicabilidade do resultado da pesquisa?
Certamente, a resposta é que o estudo sobre a comunidade virtual pode atuar para
diminuir a desigualdade social e o conhecimento pode ser aplicado na minimização da
exclusão digital, pois, para participar da CV, não é necessário possuir um computador
de última geração. Por meio de quaisquer artefatos eletrônicos digitais, por exemplo,
telefones celulares, a população de renda mais baixa já pode ser membro de uma CV.
Por sua vez, a participação desse grupo na comunidade poderá estimulá-lo a usar
esporadicamente uma Lan House (pode-se considerá-la um lugar de inclusão digital)
para uma troca de informação mais longa.
Poderíamos sugerir estudos para aplicar os conceitos de CV em segmentos da
sociedade tais como Saúde, Educação e Indústrias de Turismo. Pode-se também
aumentar a confiança e a segurança nas transações de e-commerce e m-commerce
(comércio eletrônico móvel) quando entendermos melhor os mecanismos e
comportamentos de CV. Outra aplicação que podemos citar é o desenvolvimento de
produtos, marketing e gestão de canais.
Essa classificação é importante, pois, para cada uma das áreas, evolução e formação,
dinâmica ou aplicação é possível identificar grupos de interesse que investem para
conhecer cada uma das questões colocadas para atingir às conclusões esperadas.
Existem meta-comunidades, ou seja, comunidades que estudam comunidades, como,
por exemplo, no programa de pós-graduação em Comunicação e Semiótica da PUC-
SP, na Associação Brasileira de Pesquisadores em Cibercultura, entre outros.
53
2.5.3. Quem está interessado na CV?
Quais são as pessoas ou instituições que estariam interessadas na CV? Em primeiro
lugar, sociólogos e antropólogos, pois a realidade tecnológica fez com que a conexão /
relacionamento entre os membros de uma sociedade se tornasse cada vez mais virtual
e o ciclo de contacto fosse mais rápido, mudou a intensidade e a forma de contato e a
dinâmica da sociedade como um todo foi sendo alterada pelo fortalecimento das CV.
É o momento de se reavaliarem as aplicações das bases teóricas. A organização das
ONG’s passou a utilizar grupos virtuais, algumas delas com alcance global
exatamente pela facilidade da rede ser virtual e o processo de recrutamento e ação
utilizaram os princípios da CV. Vários projetos da área da saúde têm trabalhado com
os conceitos de comunidade virtual porque entendem que a saúde pública é uma
questão da disseminação da informação e das ações preventivas exercidas por meio
dos grupos de apoio.
Igualmente o mundo dos negócios e do marketing é extremamente sensível a
comunidades formadas. Aquilo que chamamos de boca a boca pode ser traduzido
agora em “ chat a chat”, conversas online, na promoção de produto, quando se
consegue alcançar um membro do grupo que representa o seu público alvo, tem-se o
objetivo de negócio alcançado com mais facilidade. Sabemos que a Internet foi
inicialmente concebida para uso militar, mas, no momento seguinte, ela foi adotada
pelos pesquisadores que formam o seu círculo de interação acadêmico. Podemos
concluir com a percepção de que as comunidades virtuais farão parte da vida da
maioria das pessoas da sociedade global.
2.5.4. Exemplo de porque é tão importante para marketing
O conceito do CV aplicado no Comércio Eletrônico. SCHUBERT (2000) realça o
papel fundamental do catálogo eletrônico que deve ser confeccionado a partir da
consulta à Comunidade Virtual. O mundo do Comércio Eletrônico tem a sua atuação
baseada no Catálogo Eletrônico de Produtos (EPC – Electronic Product Catalog).
Caso o seu conteúdo passe a ser avaliado pelo conhecimento comunitário, então
teremos um novo catálogo, o Catálogo Eletrônico Participativo de Produtos (PEP –
54
Participatory Electronic Product Catalog). Nesse caso, vemos que o mundo do
negócio e o do marketing querem aplicar os resultados das interações dos membros da
CV para comercializar melhor os seus produtos.
2.5.5. Estrutura Social das Comunidades Virtuais
Essa abordagem para estudar a CV foi inicialmente adotada por WELLMAN (1988)
como forma de pensá-la e de analisá-la por meio da metodologia de Análise
Estruturada aplicando-a ao estudo da CV. Ele aplicava essa metodologia de uma
forma diferente daquele que os cientistas sociais a utilizavam. A abordagem que os
cientistas sociais adotavam com relação à técnica estruturada e estatística geralmente
considerava os indivíduos analisados como um autômato dentro de uma classe. Por
exemplo, as pessoas com o mesmo sexo, pertencentes a mesma classe social, com
educação semelhante, residência assemelhada etc. tinham o mesmo tipo de
comportamento.
Segundo WELLMAN (1988), a ênfase da análise estruturada está no relacionamento
entre os indivíduos, e é utilizada sob o ângulo do conhecimento de estrutura social e
suas conseqüências. Ela é feita com base em arranjos ordenados das relações e
interações entre os membros de um sistema social. Estudam-se as estruturas dos
relacionamentos, descrevem-se os seus padrões (geralmente utilizando um conjunto
de ferramentas derivado da teoria dos grafos da matemática) e procuram-se os efeitos
dos comportamentos padrão de cada um dos indivíduos membros dessa estrutura
social. Diferentemente da outra abordagem, que estuda os indivíduos isoladamente, a
análise das relações permite estabelecer categorias sociais (em vez de pressupor a
existência de certas classes) entre os atores sociais analisados. Em outras palavras, a
generalização das características dos comportamentos entre as pessoas é que define a
CV.
Resta responder a uma pergunta: a análise estruturada não é apenas outro nome dado à
“Análise de Rede” (Network Analysis)?
55
Realmente, podem existir dúvidas em relação às duas técnicas, mas, segundo
WELLMAN (1988), a análise de redes é uma ferramenta intelectual fundamental para
o estudo da estrutura social, ou seja, a estrutura social pode ser representada com uma
rede – um conjunto de nós, membros de um sistema social – e um conjunto de laços
descrevendo as suas interconexões.
Esses estudos foram realizados inicialmente nas pesquisas de comunidades
interpessoais para desafiar a doutrina de que a sociedade contemporânea está
organizada por causa do capitalismo, da industrialização e da urbanização. O sucesso
na utilização da análise de rede para descobrir comunidades mudou o rumo das
pesquisas, que apenas documentavam a existências das comunidades e consideravam-
nas como categorias de indivíduos classificados pela raça, idade etc., com a finalidade
de mapear os seus comportamentos.
WELLMAN (1988) defende que as normas emergem de sistemas estruturados de
relacionamentos sociais. Em outras palavras, os comportamentos das relações ditam
as regras em vez das regras ditarem os comportamentos. As estruturas sociais são as
bases que determinam a relação entre dois indivíduos. A outra tese postulada é a de
que o mundo é composto de redes e não de grupos. Esse posicionamento mostra o
papel das redes sociais, pois as instituições são dependentes das redes e não o inverso.
Portanto ao estudarmos as Comunidades Virtuais intrinsecamente estaremos
estudando os conceitos de estruturas sociais, redes sociais e laços interpessoais.
2.6. Redes Sociais Digitais Pela disseminação da tecnologia digital, assistimos a um crescimento das redes sociais
mediadas pelas redes digitais de comunicação. Parte das redes sociais funciona
presencialmente com suporte da web, parte delas funciona exclusivamente via web. O
ponto importante a ressaltar é a estrutura do funcionamento: a rede social digital não
opera com o conceito de disseminação (de uma fonte para muitos), não se garante que
56
isso nunca aconteça, mas em geral a rede opera na modalidade de muitos para muitos.
O fundamento desse tipo de comunicação é Laço Interpessoal.
2.6.1. Laços Interpessoais
Em termos de sociologia matemática, COLEMAN (1964), laços interpessoais são
definidos como conexões que conduzem informações entre pessoas. Eles geralmente
têm três variações: forte, fraco e ausente. Os laços sociais fracos são responsáveis pela
maioria das relações dentro das estruturas de rede social na sociedade, como também
pela transmissão das informações por meio da rede. As pessoas que fazem parte da
nossa rede com laço interpessoal forte, geralmente vivem no mesmo “Pequeno
Mundo”, e há a sobreposição dos laços que nós já temos, portanto as informações que
elas têm, normalmente nós também já obtivemos, porque vivemos no mesmo círculo
de amizade, contrastando com as pessoas que possuem laços fracos conosco, estas,
sim, sempre tem novidade para nos dar.
Um dos artigos na área de sociologia de maior influência de todos os tempos “The
Strength of Weak Ties”, de GRANOVETTER (1973), postula que o conjunto dos
laços fracos mostra-se extremamente poderoso quando aplicado à rede social pessoal,
por exemplo, para mudar de emprego geralmente esses laços desempenham o
principal papel. GRANOVETTER (1995), posteriormente, aplicou esse estudo à
questão do emprego, no livro “Getting a Job”. Ele conclui que as indicações e as
recomendações para vagas de emprego se dão principalmente por meio desse tipo de
relacionamento. Esses laços geralmente não são profissionais, têm cargas de
afetividade, não são baseados no parentesco de família, mas constituem de uma
grande rede formada por meio desse tipo de laço.
Ao olharmos para os relacionamentos iniciados pela web, vemos uma semelhança
com essas características, que dependem da evolução positiva da troca de experiência,
podendo gerar um “laço fraco” e possibilitando expandir a rede social. Especialmente
no Brasil, a quantidade de horas que brasileiro passa na web, em média 20 horas por
57
mês, SHIMIZU (2006) indica-nos que, cada vez mais, nós passaremos a reforçar o
nosso capital social pela rede internet. Um fato interessante do relacionamento
construído a partir de um contacto via web é que ele pode evoluir, em alguns casos,
para um conhecimento mais profundo das pessoas que estão se relacionando, mas uma
grande parte estaciona no estágio que podemos afirmar ser de laços fracos. Como o
potencial de crescimento do círculo de amizade pode ser muito maior, quando
comparado com a interação física / presencial, uma das conclusões que podemos tirar
é que a expansão das possibilidades de relacionamento virtual também aumenta a
probabilidade de ser recomendado para uma nova posição no mercado de trabalho.
Essa é umas das razões por selecionarmos um sítio de relacionamento voltado para a
empregabilidade em nossa pesquisa.
2.7. Modelo Analítico das Comunidades Virtuais
Nesse artigo, SANTOS (2005) mostra-nos que um dos princípios da construção da
comunidade virtual é que a comunicação entre os participantes tem como fundamento
o contacto bi-direcional, ou seja, um mapeamento de muitos para muitos (usaremos a
notação n-n), diferente do modelo de difusão dos meios de comunicação que é de um
para muitos (1-n). O modelo de comunicação n-n é tipicamente um modelo de rede.
O artigo da Veja, (MARTHE, 2006), relata-nos que o YouTube foi vendido para a
Google por 1,6 Bilhões de dólares. Temos aqui duas notícias:
(1) Os antigos donos do YouTube ficaram bilionários (óbvia)
(2) Google tem de entrar nas quatro regras dos usuários do YouTube que citaremos a
seguir:
1. Não tente cobrar, a livre circulação de informações é um valor caro aos novos
usuários da internet;
2. Não tente fazer propaganda, são consumidores avessos à publicidade
tradicional, por julgá-la intrusiva;
3. Não imponha regras, a autogestão é sagrada. Os sites são, antes de tudo,
ferramentas que permitem ao usuário acessar, armazenar e compartilhar o
conteúdo de seu interesse quando e com quem quiser;
58
4. Evite o tom oficial, os usuários desconfiam das fontes de informação
tradicionais. Ao investigar um assunto, o usuário típico preferirá um meio
alternativo como a Wikipedia à Enciclopédia Britânica, por exemplo.
Essa matéria coloca-nos uma questão clara sobre a regra implícita de não-regra da
comunidade dos usuários das ferramentas peer-to-peer, que é baseada no modelo de
rede. A Wikipedia é uma enciclopédia construída pela rede. O modelo de construção é
n-n em contraposição ao modelo de mídia tradicional que é um modelo 1-n.
Neste ponto, queremos realçar que o fundamento do mundo digital possui todas estas
características. A porta foi aberta inapelavelmente pela capilaridade alcançada pelo
mundo web, e assistimos o imediato contra-ataque das instituições tradicionais para
impor as regras institucionais típicas da sociedade de controle 7a fim de cercear a
liberdade por ela alcançada. Os sítios que escolhemos para análise baseiam-se nos
conceitos de sociedade de rede.
Explicação da votação com “diggs”
Fig 3. Sítio diggs.com
7 Pode-se caracterizar a sociedade ao longo da história em: Sociedade Disciplinar, Sociedade da Informação, Sociedade do Conhecimento, Sociedade de Controle, Sociedade em Rede. Em um mesmo momento, podemos assistir a manifestações de mais de uma delas nos meios em que vivemos.
59
Outro exemplo que queremos citar é a aplicação do sítio de notícias DIGG (digg.com).
Esse sítio é um dos mais bem sucedidos da atualidade e sua filosofia é bem simples: a
comunidade sabe o que é mais importante noticiar. O funcionamento tem a seguinte
base: os leitores selecionam notícias (de outros sites de notícias) que devem ser
exibidos na digg.com. As notícias recebem “votos” para que façam parte da página
principal do site. Os votos são chamados de “diggs” e quanto mais diggs, mais
interessante é a notícia. Portanto, o editor do site de jornalismo é a própria
comunidade.
Essa rede de informação tem uma estrutura muito interessante: ela tem a estrutura n-n,
porém não é rede social tradicional, a estrutura que melhor a exemplifica é n-1-n. Em
outras palavras, n seleciona para 1, 1 exibe para n. Nesse tipo de arranjo, passamos a
ter um modelo de disseminação bastante robusta e o grau de confiança nas notícias é
muito grande, pois não depende de um jornalista ou de um editor ou do dono da
empresa da mídia para decidir o que publicar ou o que não publicar. Os leitores
tendem a acreditar que o sistema de voto popular vai mostrar isenção na escolha das
notícias, mesmo elas venham de mídias já conhecidas. Para maiores detalhes consultar
o site: “digg.com” sem “www” como prefixo. Vide fig. 3.
Um exemplo brasileiro
Um dos exemplos da aplicação desse conceito no Brasil está na
www.folha.uol.com.br -> um dos blocos de notícia tem como base a quantidade de
acesso às notícias do próprio sítio da Folha. Este bloco de notícia é chamado “ + lido.”
Vide fig 4.
Resumindo, o modelo analítico da comunidade virtual pode ser genericamente
representado por um mapeamento entre os membros de n-n. Esse modelo fortalece o
papel do indivíduo na rede social. Ela conduz à relevância da personalização e
customização dos usuários.
60
Os + Lidos
Fig 4. Os + lidos – Folha de São Paulo
2.7.1. O que não é comunidade virtual
Uma equipe de trabalho não é uma CV, geralmente uma equipe de trabalho possui um
objetivo claro, uma missão estabelecida, uma hierarquia de comando e uma
organização. Os membros da equipe de trabalho não compartilham necessariamente
dos mesmos interesses. Normalmente uma equipe de trabalho possui um prazo
acordado e a participação ou a adesão podem ser voluntárias ou não.
2.8. Funcionamento de Comunidades Virtuais
Um exemplo do funcionamento de uma comunidade virtual é o da comunidade de
prática (CoP), de acordo com a visão da Amy Jô Kim, em um entrevista dada a Portal
KMOL em julho/2001:
Para compreender as diferenças entre tipos de comunidades, observe o
seu propósito e as suas atividades chaves. O propósito de uma CoP é
61
partilhar conhecimento entre um grupo de praticantes – e, por isso, as
CoPs eficazes estão estruturadas em torno de atividades de partilha de
conhecimento, brainstorming, relacionamento e troca de material de
leitura. Isto contrasta com comunidades que estão estruturadas para dar
apoio (por exemplo, www.webmd.com), trocar objetos de coleção
(www.ebay.com), ou criticar produtos (www.epinions.com). Cada uma
está estruturada em torno de um propósito e de uma atividade específica -
e as suas características e infra-estrutura refletem isso.
(http://www.kmol.online.pt/pessoas/KimAJ/entrev_1.html)
Queremos citar os passos 1, 2, 6 e 7 que KIM (2000) estabeleceu no seu livro (são 32
passos descritos no livro – a lista completa está no Anexo I), pois eles se
correlacionam com itens chaves na especificação de um portal de relacionamento que
será detalhada nos capítulos seguintes.
1 - Construindo uma Comunidade Bem Sucedida
Defina o seu propósito
Esclareça as suas metas
Entenda a sua Audiência
2 – Articule a sua Visão
Articule a Declaração da sua Missão
Desenvolva o antecedente histórico
Comunique a personalidade da sua marca
6- Porque Perfil?
Provê contexto
Exiba os seus membros
Construa a confiança
7 – Organize o Banco de Dados dos seus Membros
Escolha a identificação Única
Desenhe Perfis Envolventes
62
Nota-se que o livro descreve algumas das atividades de construção das CV são
voltadas especialmente para desenhar e armazenar os perfis dos membros da
comunidade virtual.
2.9. Conclusão
Verificamos que o estudo sobre a comunidade virtual e rede social mostra-nos uma
estruturação ou organização da sociedade em torno de alguns temas centrais,
constituindo a razão da sua formação e evolução. Essa organização em forma de
comunidades está cada vez mais baseada nos meios digitais, seja ela por meio de
telefones celulares, sítios de relacionamento no mundo internet, SMS ou mesmo
Yahoogroups. Essa constatação revela-nos que a revolução na esfera de Convergência
Digital influencia significativamente o campo das comunidades virtuais. Isso, porém,
não ocorre da maneira uniforme em todos os segmentos da sociedade. Dependendo do
tipo de comunidade, ela se torna mais “virtual” do que outra, como nós já ressaltamos
no Capítulo I. Por exemplo, para o mundo dos negócios, a comunidade virtual não
precisa ser altamente convergente digitalmente falando. Ela funciona mais
pragmaticamente, a ênfase está mais no conteúdo das informações do que na
aparência hipermediática.
63
CAPÍTULO III – ANÁLISE COMPARATIVA DAS COMUNIDADES ORKUT E LINKEDIN
3.1. Teoria Geral dos Signos
Para analisar as comunidades Orkut e LikedIn, utilizaremos a Teoria Geral dos Signos
fundamentada na semiótica de Peirce (1839-1914). SANTAELLA (2003) traz
importante contribuição para a sua aplicação, uma vez que propõe um roteiro analítico
a partir da Teoria Geral dos Signos de Peirce.
A razão de realizarmos o estudo comparativo de dois sítios conhecidos e bem
sucedidos, do ponto de vista da quantidade de usuários, é devido ao entendimento de
que os usuários dos sítios de relacionamento podem não conhecer presencialmente
aquelas pessoas com quem desejam conectar-se.
Os mecanismos utilizados pelos participantes para o contato geralmente são os meios
que os sítios fornecem. A principal idéia é que os membros não precisam falar
telefonicamente, ou enviar e-mails, ou cartas. O lugar comum para encontros se dá no
próprio sítio virtual.
Para que esse espaço de encontros possa ser atrativo aos usuários, além do conforto
visual, e da facilidade de se usar, os sítios devem prover as sensações que os
ambientes do mundo real possuem. Essas sensações são obtidas por meio de símbolos
imagéticos, textuais e, principalmente, sonoros, que funcionam como simulacro do
cotidiano e das relações sociais.
A Teoria Geral dos Signos pode ser aplicada aos conceitos que norteiam a construção
dos sítios tanto nos seus aspectos imagéticos como nas suas funcionalidades. A
análise semiótica comparativa permite-nos entender as semelhanças e as diferenças
nas expressividades estudadas, possibilitando obter inferências consistentes a respeito
das razões que fundamentam o sucesso ou não de cada uma. Muitas vezes, por meio
da análise profunda das qualidades de que os objetos em análise são feitas,
conseguimos entender a rede de associações constituída pelos usuários / receptores,
64
revelando, assim, os fatores / elementos por eles considerados de valor e aqueles que
são desvalorizados.
A tríade semiótica Real – Imaginário – Simbólico toma grande impulso com o
crescimento da mídia digital. Nesta pesquisa, queremos restringir as análises técnicas
às aplicações no campo simbólico e imaginário presentes nos sites de relacionamento
selecionados, Orkut e LinkedIn. Queremos demonstrar que, a partir do momento em
que se tem o entendimento mais profundo da ligação do mundo simbólico com o
mundo imaginário, a aplicação adequada dos signos conduz-nos a uma probabilidade
maior de sucesso na formulação das ferramentas ou dos facilitadores digitais de
relacionamento.
3.1.1. Conceitos fundamentais da Teoria Geral dos Signos
Inicialmente podemos resumir os conceitos por meio de três grandes componentes:
Signo
Objeto Interpretante
Fig 5. A tríade semiótica
O signo é qualquer coisa de qualquer espécie que representa uma outra coisa chamada
de objeto do signo, que produz um efeito interpretativo em uma mente real ou
potencial, efeito este que é chamado de interpretante do signo (SANTAELLA, 2002).
Quando nós estamos nos comunicando por meio de instrumentos midiáticos via web,
praticamente toda a comunicação se dá através de signos. A atratividade, a indiferença
65
e todo tipo de emoções provocadas pela interface desenhada são conseqüências dos
efeitos interpretativos resultantes.
A presente análise comparativa tem por finalidade revelar o potencial comunicacional
dos signos imagéticos, cromáticos, verbais etc. presentes nos sítios de relacionamento
Orkut e LinkedIn.
Este estudo foi já desenvolvido por Perez (in Santaella, 2002) a partir da aplicação de
teoria semiótica a fenômenos mercadológicos como rótulos e embalagens.
Enfocaremos este estudo sob três perspectivas diferentes:
Ponto de vista qualitativo-icônico
A perspectiva qualitativa icônica tem por objetivo analisar os elementos que conferem
qualidade aos signos. Esses elementos podem ser cor, formas, luminosidade, texturas,
volumes etc. O foco da nossa aplicação estará nos aspectos visuais do signo uma vez
que analisaremos sítios de internet.
Perspectiva singular-indicativa
Refere-se à dimensão contextual na qual o signo está inserido. Revela ainda as
relações indiciais, nas quais se procedem as articulações entre o signo e o significado
de forma direta. Os índices representam um objeto semiótico por meio de uma relação
causal (causa-efeito), por exemplo, chão molhado, índice de chuva. Outro exemplo é a
própria linguagem detetivesca utilizada amplamente nos romances policiais.
Na análise em questão, a dimensão contextual (singular-indicial) levará em conta os
aspectos funcionais da página. Serão analisados na perspectiva da possibilidade de
personalização e de customização
Ponto de vista convencional-simbólico
Trata-se de dimensão cultural e convencional do signo. Serão analisados os aspectos e
as marcas da cultura. No caso em questão, o aspecto a ser analisado diz a respeito ao
entendimento da existência ou não de traços de alguma cultura específica. Esses
66
símbolos, muitas vezes, surgem de maneira sutil e como construções até mesmo
cifradas, como, por exemplo, uma lata de extrato de tomate que apresente as cores
verde e vermelho como representações de cultura italiana, valores importantes para a
categoria à qual o produto pertence.
3.1.2. Critérios de seleção
A forma de organizar comunidades virtuais varia extensivamente quanto a sua
representação, à semântica, à aparência, ao formato etc. A proposição deste estudo
enfoca as comunidades virtuais, em especial uma delas: Sítios de Comunidades
(Community Websites). Esses sítios permitem aos seus usuários conversar online
(chat), organizar eventos, compartilhar opiniões e fotografias, fazer declarações e
encontrar novas pessoas.
Selecionamos Orkut e LinkedIn dentre vários sítios possíveis por algumas razões:
1 – são sítios internacionais com grande número de participantes brasileiros Não há
uma estatística precisa sobre usuários brasileiros no Orkut, estima-se que por volta de
60,72% dos usuários são do Brasil, pois muitos usuários brasileiros registram o seu
país de origem errado de forma proposital. Como o sítio atingiu a marca de 34
milhões de usuários no dia 25 de novembro de 2006, esses dados nos dão um número
aproximado de 20,6 milhões de usuários brasileiros. (Dados do site
http://www.orkut.com/MembersAll.aspx). O sítio LinkedIn nos mostra o número de
43.200 brasileiros. Vide fig. 6;
2 – possuem regras de associação para que um usuário se torne membro e regras de
relacionamento entre os membros semelhantes;
67
Mais de 43.200 usuários LinkedIn brasileiros no dia 02/11/2006
Fig. 6 – Quantidade de usuários brasileiros no sítio LinkedIn
3 – as finalidades são relativamente diferentes, o que nos permite analisar os efeitos
na sua representação simbólica;
4 – as motivações dos usuários em participar nos dois sítios são bem distintas,
portanto, a expectativa do tipo de interação também é diferente.
Para cada um dos sítios, apresentaremos primeiramente as telas para depois
realizarmos a análise de cada um individualmente e, finalmente, concluirmos com a
análise comparativa entre os dois sítios.
3.2. Introdução à análise do Orkut
Seguem-se as telas capturadas a partir do usuário Lawrence. As informações contidas
nas páginas têm somente propósito didático de permitir a análise. Apresentaremos
resumidamente o propósito de cada uma das telas e a finalidade dessas páginas.
A tela a seguir, (Fig.7), representa a página principal do sítio Orkut. Podemos
visualizar os principais elementos cromáticos e verbais do sítio.
68
Essa é a página que recebemos no final do processo de login para acessar o sítio. A
navegação inicia-se a partir dessa tela, aqui, portanto, encontramos os principais
símbolos, informações textuais e arquitetura imagética que será encontrada em todo o
sítio.
O canto superior à direita mostra-nos alguns dos amigos do dono desta página (meus
amigos). Ao clicar sobre essa área com o mouse, será apresentada uma nova página
com mais amigos. Vide a figura abaixo.
Este quadro mostra 8 dos 133 “meus amigos”
Fig. 7 – Exemplo de uma página home do Orkut.
A navegação para página “rede de amigos” realiza-se após o clique do mouse e tem o
seguinte formato:
69
Fig 8. A rede de amigos do Lawrence “Diego”
Uma das características desse sítio é a sua navegabilidade, ou seja, a sua capacidade
de se ligar a informações adicionais quando você desejar conhecer detalhes. Por
exemplo, ao se selecionar via mouse (clicar) no nome de um dos amigos “Diego”, o
efeito imediato é a navegação para a página do “Diego”, similar à tela da Fig 7,
exibindo as suas informações, com o objetivo de conhecermos melhor o seu perfil.
A outra ferramenta de relacionamento é a de classificação dos amigos. A idéia
principal é possibilitar ao usuário dar uma graduação no nível de amizade. Essa
especificação já foi alvo de estudo por ADAMIC (2002) que fornece um dado
quantitativo sobre a rede formada. Por exemplo, pessoas com um tipo de perfil (p.ex.
jovens de até 18 anos) relacionam-se com pessoas de outros perfis (p.ex. adultos com
mais de 30 anos) no nível de amizade ”bons amigos”. Essa informação pode ser vista
na tela do detalhamento do “meus amigos”.
70
Bons amigos
Fig 9. Detalhando o relacionamento dos amigos do Lawrence.
Embora o Orkut seja um sítio de relacionamento com a finalidade principal de
conhecer novos amigos e manter o contato com os que já são conhecidos, existe um
espaço para que se possa especificar as qualificações profissionais. Entendemos que
as informações registradas nesse local não têm o objetivo principal de ser um sítio
para busca de emprego, ou de se conectar a outras pessoas com a finalidade de fechar
negócios, mas esses dados permitem que as pessoas possam conhecer mais sobre o
perfil do usuário. Reproduzimos abaixo a página que tem o espaço para esse registro.
Vide a tela abaixo como o sítio Orkut exibe estas informações.
71
Fig 10. Perfil Profissional do Lawrence
Uma das finalidades do Orkut é permitir que cada um dos usuários transforme este
espaço em uma espécie de blog pessoal, com a vantagem de poder ser localizado mais
facilmente, seja por meio de ferramenta de pesquisa providenciada pelo próprio Orkut,
seja por meio da rede de amigos.
Como um sítio pessoal, é possível disponibilizar algumas informações que sejam
relevantes ou interessantes para o dono da página, por exemplo, as fotos da última
viagem na Europa. O espaço “Meu Álbum” pode ser rapidamente transformado no
álbum da família como a tela seguinte.
72
Fig 11. Album de família do Lawrence.
Esse conjunto de tela exemplifica-nos a impressão imagética do sítio. Podemos
verificar as características peculiares das suas cores, da utilização de ícones para
representar idéias e funções. Faremos a análise dessas características no tópico
seguinte.
73
3.3. A análise detalhada do Orkut
3.3.1. Signos qualitativos-icônicos
A dimensão qualitativa do signo diz respeito à análise dos elementos que lhe
conferem qualidade, sejam eles quais forem: cor, forma, luminosidade, volume,
disposição espacial etc. Esses elementos tomados em separado permitem conhecer os
mecanismos que estão colaborando na constituição da mensagem e, posteriormente,
quando analisados no conjunto, permitem a generalização e o desvelamento das forças
comunicativas que operam integradamente para a geração de efeitos de sentido.
No caso em questão, incluiremos na dimensão qualitativa, a análise dos signos verbais.
Essa opção está ancorada na análise de que as informações verbais, no caso de sites
têm alta força qualitativa na produção de sentidos.
Signos cromáticos
As cores são um importante elemento qualitativo. A cor de fundo utilizada na home
page do Orkut é a branca, o que permite um bom destaque para toda e qualquer
utilização cromática para as figuras e os textos. A cor branca, originada a partir da
mistura de todas as outras cores, colabora para os efeitos de sentido de tranqüilidade,
clareza e transparência. São efeitos de sentido interessantes quando se quer estimular
as relações pessoais. Quando tomada em excesso, a cor branca tem a possibilidade de
produzir efeitos de sentido de introspecção, o que não acontece na homepage
analisada.
Também em decorrência da utilização da cor branca a luminosidade geral da home é
adequada, o que gera efeitos de sentido de tranqüilidade e leveza (HELLER, 2004).
A cor azul é reiteradamente utilizada na produção dos textos.
Essa cor representa a afetividade e a solidariedade (HELLER, 2004). Utilizada
predominantemente em todo o sítio, ela torna o ambiente propício para acolher
74
pessoas que buscam novos relacionamentos. Adicionalmente, a cor azul é a preferida
em todo o ocidente (HELLER, 2004). Esse ambiente virtual criado com o azul tem se
mostrado bem sucedido para esse objetivo.
Os ícones e símbolos
Estrela: as estrelas na home do Orkut são utilizadas para ilustrar iconicamente o
qualitativo verbal “fã”. As estrelas são signos do tipo simbólico e carregam em si a
potencialidade de comunicar brilho, iluminação, realce, distintividade e destaque.
Cabem ainda à estrela as associações com glamourização, celebridade e fama. Não é
incomum a referência ao “estrelato” como signo do sucesso de personalidades. É uma
convenção do chamado showbiz (indústria cultural). Nesse sentido, a imagem da
estrela é absolutamente adequada à informação verbal “fã”, como veremos adiante.
Coração: O coração é um signo também simbólico, consolidado universalmente de
um sentimento emotivo positivo de doação de si. Suas associações são
prioritariamente emocionais, com conexões diretas à sentimentos como fraternidade,
amor e paixão. Há a associação por similaridade com uma víscera vital humana (e
também animal) que é a referência inequívoca da vida. O coração batendo traz a
aproximação entre a vida e o amor, ou seja, há a própria fusão entre o corpo e o
sentimento. Nesse sentido, percebemos sua intensa carga afetiva que está presente nas
mais diferentes culturas planetárias.
Carinha: as carinhas sorrindo instauram felicidade com intensa ludicidade. Trazem o
otimismo e o bom-humor expressos. Adicionalmente, geram o efeito no sentido de
humanização e de aproximação.
A distribuição espacial
A distribuição espacial dos elementos na página é bastante didática, pois segmenta
com clareza as informações. Há um grande equilíbrio entre a utilização da linguagem
verbal, ou seja, os textos e a figuratividade instaurada pelas fotografias e pelos ícones
e símbolos. Esse equilíbrio visual é absolutamente convidativo e lúdico.
75
A atratividade do sítio instaura-se por meio da associação dos elementos visuais
construídos estrategicamente com a afetividade dos conteúdos também reforçada
pelas qualidades visuais.
Análise dos Signos Verbais
A análise dos signos verbais permite compreender de que maneira as informações
lingüísticas, aqui expressas na home page, colaboram na construção das mensagens.
Alguns títulos serão analisados com o objetivo de ampliar a compreensão da
construção da página.
Bem-vindo:
Significa diretamente bem recebido. Refere-se a “acolhido à chegada”, expressão
altamente afetiva e convidativa. Sugere pertencimento e boas coisas. Ser bem-vindo é
um prenúncio que instaura um clima positivo para o relacionamento. Funciona como
um convite ao diálogo, à conversa e, portanto, a troca.
Você está conectado a (quantidade) pessoas através de (quantidade) amigos.
Estar conectado estabelece a noção de união, de conversa, de partilhamento e
compartilhamento. Na continuidade ainda se reforça a forma da conexão: por meio de
pessoas. A conexão por meio de pessoas estabelece alto grau de socialização anulando
a possibilidade de individualismo e segregação. A utilização da quantidade (inscrita
numericamente) é apenas um reforçador dos traços afetivos e nesse sentido, seu papel
é de valorizar a potencialidade de compartilhamento, não como possibilidade, mas
como um fato, daí a força assertiva afirmativa do enunciado da frase.
Fã:
Etimologicamente a palavra fã deriva do inglês americano “fan”, redução de “fanatic”
– fanático. Diz respeito ao admirador exaltado. Na transposição para fã, amenizou-se
a carga de exaltação para um outro qualitativo: a intensidade. Ser fã conota uma
admiração intensa, quase incondicional. Carrega alta carga afetiva. Ser fã só é
possível em relação ao outro e esse outro não é casual. Há que se ter algo de notável
para se ter fã. A questão que a Orkut instala é que, apesar de sua condição de “homem
76
ordinário”, você tem fã, ou seja, você é intensamente admirado por outras pessoas.
Desloca um conceito associado a celebridades para o cotidiano.
Próximas etapas: Você tem um grande amigo, mande um depoimento para que todos
fiquem sabendo, etc..
Aqui existe a forte sugestão de uma ação. O objetivo final do sítio é demonstrado aqui:
crescer o seu círculo de amizades, reforçando a qualidade do seu relacionamento. O
usuário é estimulado a aumentar os seus laços de relação. Existe também um sentido
de desafio, pois por meio dessa ação que a intensidade do laço de seus amigos cresce.
O aumento da rede de amigos também é um indicador dissimulado da popularidade.
Essa sugestão é muito forte e tem um apelo na condução do usuário à ação. Há ainda a
informação “para que todos fiquem sabendo.” que traz a certeza da ampliação. É
quase um apelo publicitário, pois com essa forma de linguagem, o texto constituído
em terceira pessoa dirige-se ao interlocutor, além de sua diretividade expressa pelo
imperativo.
Sorte de hoje:
“Aguarde para breve momentos emocionantes.”
A palavra sorte associa-se imediatamente a coisas boas e agradáveis. Subjetivamente,
traz a conexão com a idéia de que o usuário “tem” em si essa possibilidade. Quando
traz a informação “de hoje”, instala a certeza de que não é apenas uma situação
ocasional, mas ao contrário, é cotidiano.
Aqui sempre existe uma mensagem positiva, que procura elevar o moral do usuário,
pois passa ao leitor uma sensação de bem-estar e faz pensar nas coisas boas. Tenta
criar ou reforçar um posicionamento de otimismo, concede um sentimento agradável
ao mesmo tempo em que desperta um desejo de voltar a acessar a página todos os dias
para conhecer a minha “sorte de hoje”. Nesse sentido, suscita a fidelização e o hábito.
Visualizações:
Quantas pessoas visualizaram a minha página.
Um dado que não é qualitativo em si dentro da comunidade e sim, quantitativo. Este
número representa a atratividade e a conectividade que o usuário tem dentro da rede
toda. Quanto maior o número, mais pessoas visitaram-no. Se aplicado ao mundo físico,
esse número seria a quantidade de pessoas que foram à casa do usuário para saber de
77
alguma novidade a seu respeito, por exemplo. Não há uma análise de mérito sobre se
isso é bom ou ruim, pois não sabemos a motivação da visita, mas a interpretação é
pessoal. Apesar de ser quantitativa a informação, revela a qualidade do usuário, ou
seja, subjetivamente quem é muito visitado é bom. Ser atrativo aos outros é uma
qualidade social, pois traz em si a potencialidade do relacionamento.
Visitas Recentes:
Lista dos nomes dos usuários que visitaram a página recentemente. Esse registro
permite que os donos das páginas conheçam quem foram os seus visitantes. Este
campo nasceu no segundo semestre de 2006 por causa do questionamento dos órgãos
públicos acerca da segurança contra o crime virtual. Sem sombra de dúvida, ele é um
representante da sociedade de controle. Funciona como um rastro de proximidade, a
quem despertou interesse num horizonte temporal muito próximo.
Perfil:
No senso comum diz respeito ao contorno do rosto de uma pessoa visto de lado. No
caso em análise, refere-se à descrição de uma pessoa e leva em conta aspectos gerais
como: filhos, estilo, cidade natal, esportes, música, cozinha, como também aspectos
mais profundos como religião, sexualidade e paixões. Tem por objetivo explicitar
elementos da personalidade do indivíduo permitindo que a audiência/cibernauta
conheça suas características e que suscite ou não a procura/aproximação. Como as
informações são integralizadas pelo usuário, revela, de certa forma, a maneira pela
qual ele quer ser visto. Apesar da informação como cidade natal e filho, há espaço
para informações bem mais personalizadas, reveladas nos aspectos relacionais e
emocionais.
Álbum:
Trata-se de um signo verbal que guarda grande afetividade porque, de forma imediata,
indica acumulação, coleção etc., mas traz também a questão da organização, ou seja, o
estabelecimento de algum critério. Em nossa cultura, os álbuns são particularmente
recorrentes na infância como os álbuns de figurinhas, permeando a adolescência em
álbuns de selos, papel de cartas e etc. e durante toda a vida adulta por meio dos álbuns
78
fotográficos. A coleção é afetiva porque explicita uma opção: selos, fotos, figurinhas,
etc. e, nesse sentido, mostra um pouco de valores e gostos da pessoa.
Configurações:
Conjunto de parâmetros e componentes, que determinam as possibilidades e a forma
de funcionamento. Tem o objetivo de dar forma, e conformar. Ele explicita as
condições para a boa execução da página.
Listas:
Relação, rol, listagem, agrupamento Mais uma vez a informação verbal é carregada de
sentidos emocionais uma vez que se refere ao acúmulo, ao conjunto e ao coletivo.
Indica afetividade também pela quantidade.
Recados:
Indica socialização e, talvez, importância. Quando algum membro precisa falar com
outro instaura a necessidade, a importância e até a essencialidade do segundo. Pode
querer instalar ainda um grau de importância social. Ter recados é índice de
importância e valor.
Depoimentos:
A linguagem dos depoimentos tem alta carga emocional, uma vez que não apenas traz
um discurso, mas traz o discurso experimentado, ou seja, o vivido pelo emissor. É um
retrato falado visceral e, nesse sentido, portador de intensa energia emocional. O
discurso por meio do depoimento é muito mais convincente e crível, porque não traz
elucubrações e, sim, experiência efetiva.
Meus amigos, minhas comunidades.
A utilização dos pronomes possessivos “meu” e “minha” instauram o pertencimento e
a afetividade. Não é de outro, “é meu”, indicam propriedade e até em certo grau,
exclusividade. É uma expressão da personalização.
Próximos aniversários.
79
Funciona como um lembrete de um momento futuro de grande interesse dentro das
relações pessoais e sociais. Momento de grande afetividade. Lembrar do aniversário
de outro é sinal de companheirismo, prestígio e afeto.
3.3.2. Ponto de vista singular-indicativo
A análise dos signos indiciais no contexto do Orkut permite-nos atuar sobre o mundo
digital entendendo a construção de caminhos e o apontamento de direções de
navegação.
Nesse sentido, podemos analisar os signos indicativos sob dois aspectos:
- Facilidade de compreensão das funções que os signos representam e
- Facilidade de utilização que os signos indicam.
Como visto nos itens anteriores, os signos verbais e visuais dos sítios analisados
fornecem elementos de alta subjetividade. É necessário entender como é possível
gerar interação entre esses símbolos para que os ícones ou os espaços reservados
respondam de forma esperada aos estímulos a eles submetidos.
O construtor do site Orkut projetou uma interface intuitiva para cada signo mostrado
nas páginas, seguindo o conceito representado pelo acrônimo “WYSIWYG” (What
You See Is What You Get - O que você vê é o que você alcança) – conceito este
originado na disciplina de Ciência de Computação. Chamar-se-á esse processo de
acesso de navegação intuitiva. A característica do processo de navegação intuitiva é a
ausência de manual de instrução, ou seja, não existe treinamento prévio para o seu uso.
No caso de uma tentativa mal sucedida para alcançar a informação ou objetivo, pode-
se repetir o procedimento normalmente sem perda significativa do esforço do usuário.
O aprendizado tende a vir naturalmente em poucos minutos de navegação sem
assistência. A crença que move essa estratégia é que a liberdade, ou seja, o exercício
da escolha, é o grande motivador de navegação.
Como este sítio é de alcance global e a cultura dos usuários é diferente, esse tipo de
navegação, quando aprendido por meio da facilidade do uso, traz como conseqüência
80
a experiência multicultural. Essa possibilidade de contacto com a diversidade é um
sub-produto do sítio Orkut.
Para analisar os signos indiciais na perspectiva de sua facilidade (ou não) de
compreensão das funções, abordaremos dois conceitos fundamentais, a personalização
e a customização.
A personalização é a facilidade que o sítio fornece para que o usuário possa colocar as
suas informações nas páginas. Nesse aspecto, o Orkut tem um desenho que permite ao
usuário mostrar a fotografia, ou uma imagem da sua pessoa, apelidos e outras
informações, caracterizando a página de uma forma que reflita a sua personalidade.
Considerando outras ferramentas fornecidas na internet, por exemplo, os blogs, a
flexibilidade para personalização do Orkut é de média para baixa. Essa avaliação não
muito boa é devida ao desenho “fixo” do lay-out das páginas, por exemplo, não é
permitido aos usuários deslocar “minhas comunidades” para o canto superior
esquerdo da página, porque eu quero destacar as minhas comunidades, e não me
interesso muito em mostrar em primeiro lugar os meus amigos. Geralmente as
ferramentas que constroem os blogs têm esse tipo de facilidade.
Quanto à customização, que é a facilidade de estender a página, ou de criar novas
páginas como complemento das páginas do Orkut, não tivemos sucesso ao tentar fazê-
lo. Consideramos que esse item não está contemplado pelo Orkut.
Sob ponto de vista de facilidade de utilização, as páginas do Orkut são muito bem
avaliadas, pois as informações verbais são claras e os símbolos não suscitam dúvidas.
São representações “fiéis” daquilo que querem comunicar. Funcionam como
convenções (símbolos) semióticas nas mais diferentes culturas.
3.3.3. Perspectiva convencional-simbólica
O Orkut tem o seu padrão de design voltado para um grupo de gosto imagético e
hipermediático. Em geral, após efetuar o login, o usuário consegue realizar a maioria
das suas operações utilizando apenas o mouse, recorrendo ao teclado apenas quando
81
necessita encaminhar uma mensagem, em forma de texto. Representa o mundo de
coletivo digital, sem marcas culturais locais, focado no estímulo permanente à
interatividade. Como uma construção não linear, típica da internet, permite o
exercício constante da escolha, da busca e do encontro, valores fundamentais da
própria condição humana independente da cultura.
O padrão do design dos elementos figurativos, estrelas, corações, carinhas etc.
também não apresenta marcas de uma cultura específica. São símbolos no sentido
mais genuíno da teoria peirceana.
82
3.4. Introdução à análise do LinkedIn
Seguem-se as telas do LinkedIn referentes ao usuário Lawrence. Similarmente ao
exposto na análise do sítio Orkut, as informações contidas nas páginas têm somente
propósito didático de permitir a análise. Relataremos as finalidades dessas telas para,
posteriormente, realizarmos a análise de cada uma delas.
Esta primeira tela é a página que é apresentada ao se concluir a identificação do
usuário (procedimento obtido após introdução do login e da senha).
Fig 12. Home Page – Lawrence no LinkedIn
A primeira análise que temos é a língua utilizada, não há tradução do Inglês para o
Português. Pelas informações fornecidas pelos usuários, registra-se a informação do
país de origem (há mais de 40.000 usuários brasileiros), no entanto não houve uma
preocupação por parte do desenvolvedor do sítio em fornecer uma versão para os
usuários do Brasil.
83
A língua utilizada em todo o sítio é o Inglês.
Fig 13. Perfil do Usuário – Lawrence no LinkedIn
Nas telas de especificação do perfil do usuário, constata-se que não há facilidade para
descrever o perfil dos usuários por meio de imagens e fotos para personificar a
apresentação das páginas pessoais.
As informações são apresentadas no formato de textos com a preocupação de sempre
quantificá-las. Quando há necessidade de se destacar alguma informação, a técnica
aplicada é realçá-la em negrito ou utilizar uma fonte (tamanho da letra) maior.
Os objetivos do sítio podem ser inferidos por meio dos nomes das abas das pastas:
home, pessoas, empregos e contratações, serviços, meu perfil e meus contactos (vide a
figura acima). Esses tipos de informações são importantes no mundo profissional, pois
são ligadas à carreira profissional e, em especial, à carreira executiva.
84
Fig 14. Um sumário da rede do Lawrence no site LinkedIn
Podemos ver que o centro do sítio é a rede pessoal, focado nos aspectos profissionais
e na empregabilidade. Ele fornece informações sobre a área de atuação do usuário, e
sobre o crescimento da indústria da sua principal competência profissional. O sítio
mostra ao leitor da página o alinhamento estratégico da profissão do usuário com a
realidade do mercado. As informações sobre as outras indústrias sugerem uma
eventual mudança de carreira.
85
Fig 15. Recomendações Profissionais – Depoimentos
A página da figura 9 descreve os depoimentos sobre o currículo profissional do
membro do sítio. Esse tipo de depoimento fornece dados de terceiros, no sentido de
dar credibilidade à informação do usuário. O depoimento valoriza o currículo em dois
aspectos: o primeiro refere-se a confiabilidade da informação e o segundo demonstra
a articulação que o usuário tem com a rede pessoal.
Essa prática é muito utilizada. Neste ponto, percebemos claramente a aplicação da
teoria de GRANOVETTER (1995), sobre a empregabilidade. Segundo esse autor, de
um modo geral, a recomendação de um conhecido, muitas vezes, é mais importante
do que um currículo vasto.
De certa forma, a página demonstra o grau de confiança da rede social pessoal.
Podemos sugerir que aqui temos uma quantificação do capital social individual do
usuário.
86
Quantidade de conexões
Fig 16. A rede de relacionamento profissional do Lawrence
A Fig 16 mostra-nos mais uma vez a quantificação das conexões. Nessa página, a
ênfase é a valorização do capital de relacionamento. Podemos ver numericamente a
quantidade de pessoas ligadas ao usuário e a possibilidade de se conhecer os amigos
dos amigos. Essa navegabilidade é uma ferramenta auxiliar (muito importante) para
aqueles que desejam incrementar o seu círculo de contatos no campo profissional.
87
3.5. A análise detalhada do LinkedIn
3.5.1.Signos estéticos-qualitativos
Signos cromáticos
A cor de fundo utilizada na home page do LinkedIn também é a branca, permitindo o
contraste para a ampla utilização cromática das figuras e dos textos. Nesse caso
vemos que no sítio LinkedIn, predomina a presença do texto. A cor branca, nessa
situação, realça o profissionalismo das páginas, passa às telas um sentimento de
seriedade e transmite a confiança das informações fornecidas. Traz também
funcionalidade, uma vez que permite destaque para os demais elementos instalados na
página.
A cor azul é reiteradamente utilizada na produção dos textos. Ele representa a
afetividade e a sobriedade. É a cor preferida no ocidente entre homens e mulheres
(HELLER, 2004), como já anteriormente mencionado. Utilizada predominantemente
em todo site, a cor azul claro torna o ambiente acolhedor e equilibrado apropriado às
pessoas que buscam novos relacionamentos.
Há ainda a presença de elementos figurativos e textos na cor verde. Essa cor tem a
propriedade de sugerir resfriamento e certo distanciamento (HELLER, 2004). O
conjunto cromático da página home do LinkedIn é predominante frio, mas equilibrado.
Apresenta boa proporcionalidade entre as cores azul e verde, em tons claros e médios,
o que permite a harmonização visual do todo.
Os ícones e símbolos:
Teia:
Este é o principal símbolo relacional. Representa a rede pessoal, ou seja, a
multiplicidade de contactos interligados. Para o usuário desse sítio, o sucesso dos
membros é mostrado quantitativamente pelo número de conexões que o usuário tem.
Quanto maior a rede, mais laços profissionais ele possui, portanto maior é o seu
patrimônio de relacionamento. Em muitas áreas de atuação profissional, a rede de
88
relacionamento, tanto quantitativa quanto qualitativamente, é índice de valor e
empregabilidade. O próprio conceito de “patrimônio” revela a sua importância.
Relacionamento é intangível o que contraria a idéia de patrimônio, amplamente
estudada na contabilidade, que tem seu fundamento na conjuntura da construção, das
fábricas e dos equipamentos. O patrimônio de uma empresa é um índice do seu valor.
Aqui a analogia é a mesma: O valor do profissional é reflexo da sua rede de
relacionamento. Relacionamento é indicativo de valor profissional.
Polegar – positivo:
Representa a recomendação de um terceiro sobre o desempenho da pessoa na sua área
de competência profissional.
Em tempos remotos os imperadores romanos utilizavam polegar para comunicar vida
(estendido para cima) ou morte (apontado para baixo) dos gladiadores guerreiros na
arena. Esta decisão normalmente estava relacionada com o desempenho dos mesmos
na luta.
É um símbolo universal, que remete a uma sensação de excelência profissional, e
adicionalmente transmite a idéia de ser uma boa pessoa. É uma representação
figurativa de correção, assertividade e positividade e, em certas ocasiões, normalidade.
Sinal de somar (+)
Adicionar informações. Esse signo é um símbolo universal de adição. Ele está
estilizado para realçar a sua função por meio da cor verde e do aspecto em negrito
dando um aspecto lúdico para uma ação importante.
Bloco de notas com lápis
Representa a escrita, a edição. É a representação mais simples do ato de escrever no
ambiente digital. Pode simbolizar uma ação de correção, complementação de
informações ou até exclusão. Esse símbolo utiliza os meios tradicionais de atualização
e de correção para que todos possam compreendê-lo. Com a ampla estilização do
ambiente Windows, ele tornou-se símbolo universal.
89
Polegar – Recomendação Positiva
Teia – Rede Social Pessoal
Sinal de soma para adição de informações
Bloco para edição de Informações
Fig. 17 – Símbolos do sítio LinkedIn
Perfil Público
É uma imagem com a sobreposição de um homem de terno com um globo terrestre ao
fundo, mostrando que essa pessoa está sendo vista pelo mundo. O terno transmite uma
idéia de profissionalismo no mundo globalizado, que é representado pela imagem
referencial do globo terrestre. A subjetividade a partir da imagem é que, no LinkedIn,
você, profissional, está sendo observado pelo mundo de trabalho.
A distribuição espacial
A distribuição espacial dos elementos na página é relativamente didática para o
público profissional. Vemos que a proposta embute a idéia da comunicação ser mais
formal, assim ela dá ao usuário uma sensação de confiança, que existe um rigor maior
nas informações nela contida. Não há uma grande exploração de figuras e símbolos. A
página direciona a comunicação para ser mais textual, resultando em uma distribuição
espacial densa em certas áreas e vazia em outras. No geral, a distribuição espacial não
confere uma boa impressão. Podemos afirmar que não houve uma preocupação em
90
utilizar bem todos os espaços com a finalidade de realçar o texto central e conferir
harmonia ao navegador.
Profissional ao fundo (disponível para ser contactado pelo mercado de trabalho
Profissional visto no Mercado de trabalho
Currículo Vitae do Profissional
Fig. 18 – Símbolos do sítio LinkedIn (cont.)
As informações estão divididas pelas abas das pastas (estilo padronizado dos produtos
relacionados com Windows), um formato que os profissionais que trabalham
regularmente com computadores PC já estão acostumados. Essa forma de
apresentação tem a vantagem de ser bastante profissional, mas, em termos estéticos e
criativos, está desatualizada em relação aos signos estético-qualitativos da geração
“videogame”, que tem na imagem o seu fundamento.
Análise dos Signos Verbais
A home page do sítio LinkedIn apresenta-nos a mensagem inequívoca do seu
propósito: “Networking” – Construção da Rede Profissional.
Networking
91
Essa palavra não tem uma correspondência única em português, significa estar
articulado na rede de mercado de trabalho. É uma expressão claramente utilitarista,
não precisa estar carregada de afetividade, mas impõe um conceito de competência
profissional. Neste momento, fica patente que um dos atributos mais importantes
(talvez o mais importante para construtor do sítio) é a rede pessoal de contacto, acima
de outras habilidades pessoais.
Esta característica permeia todo o sítio, como veremos no decorrer da análise.
Rede atualizada desde 13 de outubro
A palavra atualizada está carregada do sentido de novidade, do novo e do atual,
presentes na mente das pessoas. A freqüência de atualização mostra quão conectado
você está em relação à sua rede de relacionamento profissional. Indica também
preocupação e cuidado.
Pessoas da sua rede de relacionamento que estão contratando
“Estar contratando” é a expressão inequívoca de oportunidade! Chama a atenção
imediata para um usuário padrão deste sítio. Ela mostra um sentido de nova
perspectiva devido à rede de relacionamento pessoal. Exibe a utilidade de se ter e
manter a rede e a possibilidade de um crescimento na carreira. Certamente, uma
informação chave para quem está procurando novas oportunidades profissionais.
92
Rede atualizada desde 13 de outubro Pessoas da sua rede de
relacionamento que
estão contratando
Fig. 19 – Networking no sítio LinkedIn
Principais indústrias presentes na sua rede
“Principais indústrias” – revela-nos que não temos apenas uma rede com laços
interpessoais. A informação “as indústrias” dá-nos uma conotação utilitarista, mas,
para a finalidade do sítio ela é totalmente válida pois capta o olhar do usuário
instantaneamente e leva-o a analisar os números associados às indústrias listadas para
identificar não somente aqueles a que ele pertence como também quais seriam os
planos de migração de carreira caso ele necessitasse ou quisesse.
As indústrias que mais crescem presentes na sua rede
“Indústrias que mais crescem” – a palavra “crescimento” traz consigo uma noção de
vigor, força e poder. Tem a potência de conferir ao leitor da frase um desejo de se
associar a ela. Juntamente com o item anterior, permite ao membro do sítio um
planejamento de carreira. Essa informação permite ao usuário ajustar o
direcionamento do seu desenvolvimento.
93
Principais indústrias
presentes na sua
Indústrias que mais
crescem na sua rede
Fig 20. Indústrias relevantes para rede pessoal.
Experiência
Esse termo carrega consigo um sentido de confiança na execução do trabalho pelos
resultados do passado. A experiência dá-nos uma medida da capacidade de uma
pessoa evitar erros do passado e achar os melhores caminhos sem ter de arriscar-se em
campos com maior chance de fracasso. Experiência é também aprendizado vivido,
transformado e consolidado.
Recomendado por
Gera um sentimento de confiança nas informações fornecidas. Funciona como um
endosso, uma validação. Pessoas que conhecem o protagonista da página fazem o
depoimento favorável ao currículo apresentado. No mundo dos negócios, esse campo
tem um grande valor. Esse valor é mais importante se a pessoa que recomenda é uma
personalidade conhecida da indústria.
94
Educação
Refere-se à educação formal e diz a respeito à graduação e pós-graduação. É a
expressão do fundamento acadêmico e teórico que a pessoa tem. Gera uma noção da
solidez dos seus conhecimentos, mostrando que ele não apenas sabe fazer, como
também sabe por que o faz desta forma.
Informações Adicionais
Certas características pessoais são essenciais e somam-se às profissionais e
corroboram para que o perfil do participante da rede seja mais completo. Às vezes
pode ser uma informação de interesse pessoal do membro, mas pode também
demonstrar a personalidade do sujeito. Normalmente, surgem informações sobre a sua
atuação no terceiro setor, associações de classe etc. Em determinados contextos
organizacionais, essas informações também são relevantes, pois têm a capacidade de
manifestar os interesses e os valores dos indivíduos.
Estabelecendo Contacto
Dá ao leitor da página a convicção de que existe disponibilidade e boa vontade para
que o contacto seja feito. É uma informação convidativa. A estratégia verbal, caso do
gerúndio indica ação em desenvolvimento, por isso sugere ao receptor / navegador
fazer contato.
3.5.2. Ponto de vista singular-indicativo
O LinkedIn, sob ponto de vista da facilidade de compreensão das funções que os
signos representam, não apresenta nenhuma dificuldade de compreensão para quem já
é iniciado no mundo da computação, especialmente para os usuários de Windows.
Adota a interface padrão dos aplicativos Microsoft. Isso não quer dizer que a
mensagem seja intuitiva para as pessoas que nunca estiveram em contato com o
mundo de aplicativos de computador.
95
Este sítio foi desenhado para que o teclado seja utilizado extensivamente. Geralmente
uma ação de adição implica a entrada de dados via a utilização do teclado.
Do ponto de vista de “WYSIWYG” (What you see is what you get) em outras palavras,
quão intuitiva é a interface, podemos dizer que LinkedIn atende ao requisito de ser
intuitivo, mas, como a parte textual é a parte principal do sítio, ele não tenta
representar os objetos via símbolos imagéticos mas via explicação, via texto, o que
soluciona o problema, mas, na nossa análise, não da forma mais atrativa e estética.
A personalização é um conceito que o LinkedIn não explora, aliás temos a idéia de
que o sítio procura não dar essa abertura exatamente para conservar um padrão único
de apresentação, tal qual um departamento de Recursos Humanos que cadastra as
fichas dos candidatos para uma seleção. Sugere que quanto mais impessoal e mais
despersonalizado, melhor. Mais uma vez percebemos, de certa forma, a reprodução do
ambiente físico que tende a ser impessoal no sítio virtual.
3.5.3. Perspectiva convencional-simbólica
O LinkedIn tem o seu padrão de design voltado para um coletivo que milita no mundo
do texto. As suas páginas são dirigidas para quem procura informações escritas e
textuais. A intenção é eliminar imagens que possam transmitir afetividade, emoção e
sentimentos. Procura atingir o público racional que se interessa mais pelo resultado,
financeiro ou ganho de mercado, com a empregabilidade e as conexões profissionais.
Os seus usuários sempre tentam demonstrar as suas qualidades, quando possível com
depoimentos de terceiros. De certa forma, entende-se que a pessoa registrada no sitio
não é realmente a pessoa, mas sim o papel que ela busca representar. Confere uma
sensação de não-autenticidade como pessoa, mas como um profissional.
De certa forma, o padrão cultural que está expresso no LinkedIn é o construído a
partir da disseminação do uso da plataforma Windows, em especial do pacote Office
como base mental dos usuários de PC’s. As pastas de armazenamento de informação
são tipicamente uma linguagem construída e difundida pelo Office. Ainda na
96
perspectiva da análise dos padrões, a utilização do inglês é um exemplo do
alinhamento com as referências do mundo corporativo internacional. Essa estratégia é
a principal marca de que há a preocupação com o distanciamento de especificidades
culturais e com a intenção de ser global.
97
CONSIDERAÇÕES FINAIS Foi feita uma análise da nossa sociedade sob ótica da inclusão digital nos dois
primeiros capítulos desta dissertação, ela nos revela alguns aspectos instigantes. Não
podemos dividi-la, como temos feito até agora, em apenas duas categorias:
digitalmente excluídos e os incluídos. Verificamos neste estudo que, pela perspectiva
da convergência digital, temos uma classificação mais granular: segmento da exclusão
digital, segmento da geração convergência digital e segmento do letramento digital.
Esses três grupos possuem comportamentos distintos relativos a comunidades virtuais.
Os excluídos digitalmente não são participantes do mundo de comunidades virtuais
quanto grupo. Eles pode participar no conceito da multidão, por exemplo, eles podem
ser convocados por meio do celular para uma atividade política e agiriam como massa
popular.
O segmento que está totalmente inserido no contexto da convergência digital é
caracterizado pela evolução da geração “videogame”, que usa extensivamente todos
os recursos da convergência, hipermídia, wireless e assim por diante. Os membros
desse grupo têm a percepção do mundo sob perspectiva digital. A interface para a
aquisição de conhecimento e de relacionamento com outros é essencialmente
imagética, em tempo real, e deve atingir ao máximo os sentidos incluindo aqui, os
sons e as cores, e que tendo ainda alcance global. Os membros desse segmento
participam ativamente de diversas comunidades virtuais.
O segmento dos letrados digitais é constituído pelas pessoas que utilizam os meios
digitais, porém o seu mundo ainda é textual. Esse termo foi utilizado pelo grupo de
pesquisadores da PUC-SP voltado para leitura textual (ROJO, 2006), com mediação
digital. Foi estendido o conceito de letramento digital na nossa pesquisa para incluir
outras atividades como navegação, utilização de e-mail etc. O seu cotidiano não é
conectado digitalmente, conhecem o potencial do mundo da convergência digital,
porém participam timidamente dos coletivos digitais.
98
Podemos constatar que o universo digital, as comunidades virtuais e as redes sociais
são campos de pesquisa que se entrelaçam. Não podemos analisar as comunidades
virtuais sem levar em conta a grande influência das tecnologias de convergência
digital.
Lembremos que a análise da atratividade dos sítios de relacionamento não se aplica
somente para o segmento da geração da convergência digital e, neste estudo,
constatamos que os membros do segmento do letramento digital também são
participantes da comunidade virtual, mas o desenho da interface é diferente, pois os
fatores da atratividade são distintos.
Tomando como exemplo a parte de customização, o LinkedIn não fornece a facilidade
de estender a página, complementando com informações, caracterizando a sua
personalidade com o design de sua identidade. Entende-se com isso que o sítio tem a
filosofia de padronização, não dando espaço para a diferenciação senão nos pontos
pré-determinados. Comparativamente nesta área, o Orkut é muito superior a LinkedIn.
Quando realizamos a análise do Orkut e do LinkedIn, verificamos que os dois sítios
são distintos quanto ao seu desenho, em conseqüência do seu propósito. Na
confrontação dos segmentos do mundo digital com as características dos dois sítios
analisados, podemos afirmar com segurança que o sítio Orkut é orientado para o
segmento da geração de convergência digital, embora o Orkut seja uma comunidade
de internet. Ele simboliza a geração da convergência. O LinkedIn, por sua vez, tem no
seu desenho de interface as características do segmento de letramento digital e, neste
sentido, ele é atrativo para o seu público alvo.
Concluímos que um dos fatores a ser considerado é o estudo da segmentação do grupo
de usuários. Quando voltamos o nosso objetivo para a geração que pertence a grupo
Convergência Digital, os fatores culturais próprios da geração exigem um desenho
muito mais imagético e simbólico. Quando nos voltamos para o grupo que faz parte
do Letramento Digital, a interface textual mesmo que, no aspecto de inovação e
modernidade, não seja o mais atual, ela é mais apropriada.
99
O segundo aspecto a ser considerado é o de propósito, ou seja, a finalidade a que os
sítios se propõe a alcançar. A rede social a ser construída é uma comunidade virtual
com objetivo profissional, voltada para mundo de negócios, ou ela foi projetada para
ser uma comunidade virtual com visão mais aberta, universal de relacionamento, sem
objetivo utilitarista, servindo apenas para criar laços fracos sem endereçar um ganho
financeiro ou profissioal? A resposta a essa pergunta vai nos encaminhar para um
projeto de atratividade diferente.
Entendemos também que a tecnologia da convergência digital também trouxe para o
segmento dos que são excluídos em termos digitais, a possibilidade de incluí-los pela
interface via aparelho celular, que está fortemente presente neste grupo. Não
realizamos estudos neste aspecto, porém podemos inferir que, no futuro, a interface
poderá ser a da voz, ou baseada nos menus de SMS. Vamos sugerir como proposta de
pesquisa futura.
Os sítios Orkut e LinkedIn são citados no Wikipedia como representantes importantes
da Comunidade Virtual. Em outras palavras, eles são bem sucedidos, mas com
abordagens diferentes (vide anexo 3). Quando analisamos o fator de atratividade dos
dois desenhos, podemos concluir que o Orkut é mais sofisticado, tem mais qualidade
do ponto de vista de amplitude de público. Por seu lado, o LinkedIn, com um desenho
“simples”, ainda tomando como base numa apresentação focada em textos,
igualmente atinge o seu segmento de público, portanto é importante entendermos que
a análise semiótica parte da motivação para chegarmos ao entendimento claro do
resultado que obtivemos.
Podemos concluir que a razão da morte prematura dos sítios está associada,
principalmente, ao erro de posicionamento do propósito do sítio em relação ao
segmento da sociedade ao qual se endereça. A atratividade do desenho do sítio é
decorrente do entendimento do campo de atuação do sítio na segmentação social.
Nesta pesquisa, sem dúvida, tivemos por um lado, um resultado acadêmico pela
geração de conhecimento; por outro lado, vimos a aplicabilidade da teoria no mundo
real. Algumas das idéias estudadas e concluídas nesta pesquisa podem ser aplicadas às
outras áreas de conhecimento tais como Marketing (segmentação do mercado),
100
Política da utilização de um serviço de informática da empresa, treinamento e
educação, Gestão de Conhecimento e fins lúdicos.
Sugestão para pesquisas futuras
A pesquisa realizada neste trabalho tem por objetivo final analisar do ponto de vista
da Semiótica como os sítios de relacionamento são construídos para acolher mais
facilmente os seus membros atingindo, dessa forma, o objetivo de cativar os seus
usuários e ao mesmo tempo procurar obter a sua fidelidade por meio de um desenho
das suas páginas mais atrativo. Essa perspectiva somente é aplicável na fase inicial da
utilização dos seus membros. Para assegurar a permanência dos seus usuários, os
sítios necessitam de um conhecimento maior do perfil dos usuários para que se possa
oferecer um tratamento mais personalizado aos membros de forma a poder conquistar
dia a dia a sua confiança para continuar a fazer parte dessa comunidade.
Sugerimos um estudo mais profundo sobre a questão do perfil dos usuários para que
se possam obter elementos críticos. Assim é necessário que eles sejam levantados e
descritos para que a permanência dos usuários seja mais facilmente alcançada.
A segunda sugestão é a da pesquisa de atratividade das comunidades virtuais baseadas
nos aparelhos celulares, que pode trazer grande contribuição no sentido de diminuir a
exclusão digital.
Esperamos que esta dissertação contribua para ampliar o conhecimento de como
construir sítios com maior probabilidade de sucesso, minimizando os riscos da
falência prematura dos empreendimentos no mundo digital.
101
BIBLIOGRAFIA
ADAMIC, L., ADAR, E., BUYUKKOKTEN, O., A social network caught in the web,
“www.firstmonday.dk/issues/issue8_6/adamic/”, CA, 2002
APPADURAI, A., Modernity at Large, Cultural Dimension of Globalization,
Minnesota Press, Minneapolis, 2005
ARIMA, K., São Paulo entra no mapa de cidades Wi-Fi, matéria do Jornal Estado de
São Paulo, caderno LINK, 18/09/2006.
BALASUBRAMANIAN, S., MAHAJAN, V., The economic leverage of virtual
community, International Journal of Electronic Commerce, 5, 3, 103-110, 2001
BALTAZAR, A., Mundo Digital, Revista Veja, São Paulo, 18/10/2006.
BASTOS, H., PEREZ, C., FARINA, M., Psicodinâmica das Cores em Comunicação,
Blücher, 2006
BAUMAN, Z., A sociedade líquida de Zygmunt Bauman. Folha de S. Paulo, 19.out.
2003, Caderno "Mais!", p. 5.
BRADLEY, T., Tecnologia torna a realidade o impossível. São Paulo, Jornal Estado
de São Paulo, caderno Link, 2 de outubro de 2006. Entrevista a Guilherme Werneck.
BUCHANAN, M., Nexus, Small Worlds and Groundbreaking Science of Networks,
W. W. Norton & Company, NY, 2002.
CASTELLS, M., The Information Age, Economy, Society and Culture, (3 vol.)
Blackwell, Oxford, 1998
Coleman, James S.. An Introduction to Mathematical Sociology.
1964
102
_________. Foundations of Social Theory. Harvard University
Press, 1990
DAVENPORT, T., e BECK, J., A economia da atenção. São Paulo: Campus, 2001
DRUCKER, P., Sociedade Pós-Capitalista, Pioneira, São Paulo, 1993
ETZIONI, A., ETZIONI, O., Face-to-Face and Computer-Mediated Communities, A
Compartive Analysis, The Information Society, 15, 4, 241-248, 1999.
FIGALLO, C., Hosting Web Communities: building relationships, increasing
customer loyalty, and maintaining a competitive edge. Nova Iorque: Wiley Computer
Publishing, 1998
FUKUYAMA, F., Social Capital and Civil Society, Communication at the
Conference on Second Generation Reform, IMF, Washington DC, 1999
GOLDHABER, M. H., The attention Economy: The Natural Economy on the Net,
Proceeding of Conference Kennedy School of Government, Havard University,
Cambridge, Mass., Jan , 1997.
http://www.firstmonday.org/issues/issue2_4/goldhaber/
GRANOVETTER, M., Threshold Models of Collective Behavior, American Journal
of Sociology, Volume 83, issue 6 (May/1978) 1420-1443.
__________________, Getting a Job, A Study of Contacts and Careers, second
edition, University of Chicago Press, Chicago, 1995.
__________________, The Strength of Weak Ties,
(http://www.stanford.edu/dept/soc/people/faculty/granovetter/documents/TheStrength
ofWeakTies.pdf), American Journal of Sociology, Vol. 78, Issue 6, May 1360-80.
GUPTA, S., KIM, H.W., Virtual Community: Concept, Implications, and Future
Research Directions, Proceeding of the Tenth Americas Conference on Information
Systems, NY, 2004.
103
HAYEK, F. The Use of Knowledge in Society, American Economic Review, XXXV,
No. 4; September,
HELLER, E., Psicología del Color, Cómo actúan los colores sobre los sentimientos y
la razón, Gustavo Gili, Barcelona, 2004.
JACKENDOFF, R., Languages of the Mind, MIT Press, 1992
JOHNSON, S., Emergence, The Connected Lives of Ants, Brains, Cities and Software,
Scribner, NY, 2001
JOHNSON-LAIRD, P. N., Mental Models, Harvard University Press, England, 1983
JONES, S. (ed.), Cybersociety 2.0 : Revisiting Computer-Mediated Communication
and Community, Sage, Thousand Oaks,1998
KELLY, K., Out of Control,. The New Biology of Machines, Social Systems and the
Economic World, Addison Wesley, NY, 1994
KERCKHOVE (de), D., Connected Intelligence, Somerville House, Toronto, 1997
KIM, A., Community Building on the Web, Berkeley Peachpit Press, 2000.
KUSHNIR, O., Sustainable Virtual Communities, A scalable model, June
Technologies, 2004, www.infonortics.com/vc/vc04/slides/kushnir.pdf
LANGTON, C. G., (ed.) Artificial Life, Santa Fe Institute Studies in the Sciences of
Complexity Procedings, vol. 6, Addison Wesley, Redwood, Calif., 1989
LATOUR, B., Science in Action, Open University Press, Milton Keynes, 1987
LEVIN, R., LOCKE, C., SEARLS, D., WEINBERGER, D., The Cluetrain Manifesto,
the End of Business as Usual, Perseus Books, Cambridge, Mass., 1999
104
LÉVY, P., Cyberdémocratie: Essai de philosophie politique, Odile Jacob, Paris, 2002
MARTHE, M., O YouTube Faz a Alegria do Google, caderno Economia, São Paulo,
Revista Veja, 18 de outubro de 2006. Matéria de Marcelo Marthe.
MAYER-KRESS, G., BARCZYS, C., The Global Brain as an Emergent Structure
from the Worldwide Computing Network, and its Implications for Modeling, The
Information Society, vol. 11, n#1 (Jan-Mar 1995), p. 1-27
McLUHAN, M., Understanding Media: The Extensions of Man, New American
Library, NY, 1964.
MILLER, M., Descobrindo Bluetooth, Editora Campus, RJ, 2001
MINSKY, M., The Society of Mind, Simon and Schuster, NY, 1997
MITCHELL, W. J., City of Bits: Space, Place, and the Infobahn, MIT Press,
Cambridge, Mass., 1998
MITHEN, S., The Prehistory of the Mind. The cognitive Origins of Art and Science,
Thames & Hudson, London, 1996
NEGROPONTE, N., Computador de US$ 100 começa a ser produzido em 2007, São Paulo, Folha de São Paulo, 28 de outubro de 2006. Matéria de Alejandra Villasmil.
PREECE, J., Online Communities. Chichester: John Wiley &Sons, 2000.
RHEINGOLD, H., Virtual Community, new edition, MIT Press,
2000
_______________, Virtual Community, the electronic version,
http://www.rheingold.com/vc/book/intro.html
_______________, Smart Mobs – The Next Social Revolution, Perseus Press, 2002
105
RIFKIN, J., The Age of Access, G. P. Putnam’s son, NY, 2000
ROJO, R., BARBOSA, J., COLLINS, H., Letramento Digital: um trabalho a partir
dos gêneros do discurso, do compêndio Gêneros textuais, Editora Lucerna, Rio de
Janeiro, 2006
ROSNAY (de), J., L’homme symbiotique, Seuil, Paris, 1995
RUSSELL, P., The Global Brain Awakens: Our Next Evolutionary Leap, 1996
SANTAELLA, L., Comunicação e Pesquisa, Hacker Editores, São Paulo, 2001
_______________O que é Semiótica, Editora Brasiliense, São Paulo, 2003
_______________, NÖTH, W., Comunicação e Semiótica, Hacker Editores, São
Paulo, 2004
_______________, Semiótica Aplicada, Thomson, São Paulo, 2002
SANTOS, R. C., A Cultura Digital, Publifolha, 2002
_________, Coletivos Inteligentes na Era Digital, 2004
_________, Comunidade Virtual: fácil de participar, desafiador de se construir e
árduo de se manter -> [comunidadevirtual.doc - 38kb
http://cogeae.dialdata.com.br/colid/552/1/1/midiateca/comunidadevirtual.doc
SCOTT, John, Social Network Analysis, sec. edition, SAGE Publications, London,
2000
SENGE, P., The Fifth Discipline: The Art and Practice of the Learning Organisation,
Random House, 1990
SEVERINO, A. J., Metodologia do Trabalho Científico, 22ª. Edição, Editora Cortez,
São Paulo, 2002
SHIMIZU, H., Planeta Digital, Revista Veja, São Paulo, 18/10/2006.
106
SIMON, H., Models of Bounded Rationality: Behavioural Economics and Buisness
Organisation, 2 vol. MIT Press, Cambridge, MA, 1982
_______, Sciences of the Artificial, MIT Press, 1969
STEFIK, M., “Focusing the Light: Making Sense in the Information Explosion”. Em:
The Internet Edge. Massachusetts: MIT Press, 1999.
STENGERS, I. L’invention des sciences modernes, La Découverte, Paris, 1993.
_________, Cosmopolitiques (7 vol.), La Découverte, Paris, 1997.
SCHUBERT, P., The Pivotal Role of Community Building in Electronic Commerce,
Proceeding of the 33rd Hawaii International Conference on System Sciences, 2000.
TRIVINHO, E., O mal-estar da teoria: A condição da crítica na sociedade tecnológica
atual, Quartet Editora, Rio de Janeiro, 2001.
VALENTE, T., “Social network threshold in the diffusion of innovations”, Social
Networks 18 (1996) 69-89
VARELA, F. Autonomie et connaissance, Seuil, Paris, 1989
_________, Thompson, E., Rosh, E., The Embodied Mind: Cognitive Science and
Human Experience, MIT Press, Cambridge, Mass. 1991
VIRILIO, P., Speed and Information: cyberspace alarm!,
http://www.ctheory.com/a30-cyberspace_alarm.html [05/03/98]
WELLMAN, B., Network Capitals in a Multi-Level World: Getting Support from
Personal Communities, University of Toronto, 2000
___________, BERKOWITZ, S. D., Social Structures: a network approach,
Cambridge University Press, Cambridge, 1988
WELLMAN, B., BERKOWITZ, S., [comunidades.doc - 27kb]
http://cogeae.dialdata.com.br/colid/552/1/1/midiateca/comunidades.doc
107
ANEXO 1
Etapas necessárias para construção de Comunidade Virtual segundo Amy Jô Kim
1 - Construindo uma Comunidade Bem Sucedida
Defina o seu propósito
Esclareça as suas metas
Entenda a sua Audiência
2 – Articule a sua Visão
Articule a Declaração da sua Missão
Desenvolva o antecedente histórico
Comunique a personalidade da sua marca
3- Para haver diálogo
Escolha a sua Ferramenta
Construa a sua Plataforma
4 – Mapeia o seu Território
Organize Seus Locais de Encontro
Desenhe a sua Vizinhança Temática
5 – Prepare para Crescimento
Use seus recursos sabiamente
Escute os seus membros
Planeja para um crescimento controlado
6- Porque Perfil?
Provê contexto
Exiba os seus membros
Construa a confiança
7 – Estabeleça o Banco de Dados dos seus Membros
Escolha a identificação Única
Desenhe Perfis Envolventes
108
8 – Crie Personalidade
Empacotar a Identidade Pessoal
Atualize as identidades
9 – Aprimore a Identidade Social
Ações falam mais alta do que palavras
Coloque na camada da Web
Atuação dos papeis
10 – O Ciclo de Vida dos Associados
Papeis recorrentes
Os cinco estágios chaves
11 – Dê boas vindas aos Visitantes
Crie Centro de Recepção a Visitas
O que um visitante pode fazer?
Esta comunidade foi feita para mim?
12 – Ensine os seu Novatos
O Ritual de Iniciação
Apreendendo as amarras
13 – Recompensem os assíduos
Seja pessoal
Construindo Caráter
14 – Dê autonomia aos seus líderes
Definindo o papel dos líderes
Quem está no comando?
14 – Honre os seus anciões
Palavras de sabedoria
Guie
15 - O que é Líder?
Comece bem
Níveis de liderança.
109
16 – Líderes Não Oficiais
Irradie o seu entusiasmo
Mostre o seu melhor
Recompensem as suas atividades
17 – Líderes Oficiais
Mostre os seus Candidatos
Ensine bem os seus Líders
Cerimônia de Graduação
18 – Gerencie Seus Líderes
Mantenha-os no círculo
Recompensem os seus melhores esforços
Cadeia Clara de Comandos
Veleje Tranqüilo
19 – Desenvolva sua Regras Básicas
Marque seus Limites Sociais
Crie Seus Documentos
Desenvolva Suas Guias de Comportamento
20 – Exija Cumprimento das suas Políticas
Poder para as Pessoas
A Quem chamar?
Recompensem suas atividades.
21 –Aprimore as Regras
Dedo no Pulso
O poder de ouvir ao público
22 – Planejando o Evento 101
O que está acontecendo?
Variedade de Eventos
Crie seu próprio plano de eventos
23 – Reuniões: Junte os Grupos
Topical Chat
110
Grupo de Suporte
Grupos de Trabalho Remoto
24 - Performances: No alto do Palco
Coloque no Show
Ensinando e Treinando
Convidado Especial
Olhe mamãe, estou na TV!
25 - Competição: Membros no Holofote
Competição constrói Caráter
Você pode ser o Vencedor
Jogos e Lazer
Torneios
26 – O Poder de Ritual
Estamos reunidos aqui
27 – Reconhecimentos Pessoais
Recepcione os Membros
Coloque um toque pessoal
Anote os dias especiais
28 – Feriados da Comunidade
Marque os Feriados
Recorde os Eventos
Reflita sobre as estações
29 – Passagens e Transições
Celebre os estágios da vida
Reconheça as realizações
Bem-vindo ao grupo
30 – Porque o Subgrupos?
Mantendo Intimidade, Gerenciando Crescimento
Seu programa do Subgrupo
111
31 – Preparando o Palco
Encontrando Vizinhos Virtuais
Providencie Oportunidades de Liderança
Cultive Subgrupos Emergentes
32 – Desenvolva Seu Programa Oficial
Alavanque Sua Plataforma Existente
Crie Políticas de Gestão do Grupo
Use Eventos para Exibir o Grupo
Crie um Ambiente Fértil
112
ANEXO 2
Abaixo temos a correspondência da definição dos valores de pixels com nome
conhecido do mercado de monitores de computadores:
• VGA 0.3 Megapixels = 640×480
• SVGA 0.5 Megapixels = 800×600
• XVGA 0.8 Megapixels = 1024×768
• SXGA 1.3 Megapixels = 1280×1024
• UXGA 1.9 Megapixels = 1600×1200
• QXGA 3.1 Megapixels = 2048×1536
• QSXGA 5.2 Megapixels = 2560×2048
113
ANEXO 3
Lista de redes sociais
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Esta é uma lista de redes sociais na Internet em ordem alfabética.
Rede Foco Usuários Registro Link
.NodeDisponível em mais de um idioma. Forte presença francesa.
Desconhecido Por convite Site
1Grau
Possui Flog/Blog, livro de visitas. O espaço para fotos é ilimitado, mas só podem ser enviadas três fotos por dia. Em português.
Desconhecido Aberto Site
BeltranoRede social associada ao Fulano.com. Em português.
Desconhecido Aberto Site
BlogTokRede para o "conhecimento" para quem fala português. Brevemente em diversas línguas. Um xBlog = xSite = xPortal
Desconhecido Aberto Site
BingBoxSite belga, mistura de blog, flog e rede social. Em inglês.
Desconhecido Aberto Site
LinkedinEm inglês. É um site para busca de colegas e ex-colegas de profissão.
5.000.000 Aberto Site
Clubão Rede social com Chat, fotolog e vídeolog Desconhecido Aberto Site
ColegasRede social para encontro de colegas e ex-colegas de turma
Desconhecido Aberto Site
Facebook Maior rede social de estudantes nos EUA 7.500.000 Organizações credenciadas
Site
FamiliaridadeRede social familiar, criação de árvores genealógicas virtuais.
30.000 Aberto Site
FriendsterUm dos primeiros sites do gênero. Em inglês.
20.000.000 Aberto Site
Gaia Rede social do provedor Terra Networks Desconhecido Aberto Site
GazzagRede social associada ao Par Perfeito. Em português.
Desconhecido Aberto Site
Hi5Rede social bastante conhecida, especialmente entre os mais jovens
Desconhecido Aberto Site
i-lookSite pouco conhecido com comunidades fotolog e muito poucos usuários
1.500 Por convite Site
KibopRede social para quem fala espanhol e português.
Desconhecido Desconhecido Site
last.fmEm inglês. Rede social voltada para a música. Forte presença brasileira (mais de 5000 usuários se declaram brasileiros).
Desconhecido Aberto Site
LinkRede social controlada pelo jornal O Estado de São Paulo, destinada a brasileiros.
Desconhecido Aberto Site
MultiplyCada usuário tem espaço para blog, músicas, links, vídeos, calendário e até mesmo um shopping virtual. Em inglês.
Desconhecido Aberto Site
Muvuca Rede social para brasileiros. Desconhecido Desconhecido Site
MySpace Redes sociais e música 50.000.000 Aberto Site
myYearbook Em inglês. Rede de amigos Desconhecido Aberto Site
Sítio LinkedIn
114
NetQISite de networking eletrônico com recursos profissionais, busca por CEP e álbum de fotos com comentários. Em português.
Desconhecido Por convite Site
orkutRede social afiliada à Google. Várias línguas. Forte precença brasileira.
27.040.875 Por convite Site
PeepowA versão mais sofisticada do orkut, com comunidades privadas e messenger online.
Desconhecido Aberto Site
RedeCIDisponível em mais de um idioma. Forte presença brasileira.
Da Área de Ciência da Informação
Aberto Site
Syxt
A Syxt é uma rede focada única e exclusivamente em relacionamentos profissionais. É possível organizar sua rede de contatos, participar de fóruns, organizar grupos de trabalho e criar seu perfil profissional. Foco: Crescimento profissional, inserção no mercado, novos negócios e networking
Desconhecido Aberto Site
Universe Rede social relacionada ao ICQ Desconhecido Aberto Site
UOLK Rede social do Portal UOL Desconhecido Aberto Site
V2VRede social que reúne voluntários de acordo com suas afinidades e disposições para agir.
Voluntários Aberto Site
Wallop Rede da social da Microsoft Desconhecido Por convite Site
Yahoo! 360° Ligado às IDs do Yahoo! 2.000.000 Aber
Sítio Orkut
115