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DIEGO LAZAI SILVA
PROCEDIMENTO PARA DIAGNÓSTICO DE EFICIÊNCIA ENERGÉT ICA EM
SHOPPING CENTERS
São Paulo
2015
DIEGO LAZAI SILVA
PROCEDIMENTO PARA DIAGNÓSTICO DE EFICIÊNCIA ENERGÉT ICA EM
SHOPPING CENTERS
Monografia apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do título de MBA em Gerenciamento de Facilidades.
São Paulo 2015
DIEGO LAZAI SILVA
PROCEDIMENTO PARA DIAGNÓSTICO DE EFICIÊNCIA ENERGÉT ICA EM
SHOPPING CENTERS
Monografia apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do título de MBA em Gerenciamento de Facilidades.
Área de Concentração: Gerenciamento de Facilidades
Orientador: Prof. M. Eng. Humberto
Farina
São Paulo 2015
Silva, Diego Lazai
Procedimento para Diagnóstico de Eficiência Energética em Shopping Centers / Diego Lazai Silva – São Paulo, 2015.
Monografia (MBA em Gerenciamento de Facilidades) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Programa de Educação Continuada em Engenharia.
1. Eficiência energética 2.Shopping center 3.Conservação de energia 4.Critérios de avaliações de consumo de energia 5.Gerenciamento de energia.
FICHA CATALOGRÁFICA
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔN ICO, PARA
FINS DE TRABALHO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FON TE.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho:
Aos meus pais, Ivan de Almeida Silva e Nádia Lazai Silva pelo amor
incondicional e por nunca me deixarem desistir de meus objetivos, me estimulando
por toda a vida e permitindo que eu enfrente todos meus desafios.
Ao meu amor, Ana Carolina Bernardo pelo apoio fundamental em cada
momento vivido ao longo do desenvolvimento deste trabalho.
Ao meu sogro e minha sogra, José Bernardo e Carolina Rosa Bernardo , que
acompanharam toda esta árdua jornada no desenvolvimento desta monografia.
AGRADECIMENOS
À Deus por estar sempre presente em nossas vidas e em cada pensamento de
desistência, fazendo com que tenhamos nossas forças renovadas para seguir em
frente, encorajando-nos em nossa árdua caminhada.
Ao meu orientador, prof. M. Eng. Humberto Farina, por toda a sua paciência,
incentivo e dedicação no empenho em me orientar na elaboração e principalmente
na conclusão desde trabalho.
À Escola Politécnica da Universidade de São Paulo por disponibilizar aos
alunos a possibilidade de crescimento pessoal e profissional, assim como o
aperfeiçoamento de seus conhecimentos.
À todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho.
À todas as pessoas que contribuem de alguma forma com a Eficiência
Energética, levando o país a ter um futuro promissor.
E, aos amigos que participaram de toda a esta jornada, passando muitas vezes
por diversas dificuldades, mas superando cada uma delas com destreza e garra.
EPÍGRAFE
(ROMANOS 8: 19-22). A natureza criada aguarda,
com grande expectativa, que os filhos de Deus sejam
revelados. Pois ela foi submetida à inutilidade, não pela sua
própria escolha, mas por causa da vontade daquele que a
sujeitou, na esperança de que a própria natureza criada
será libertada da escravidão da decadência em que se
encontra, recebendo a gloriosa liberdade dos filhos de
Deus. Sabemos que toda a natureza criada geme até agora,
como em dores de parto.
“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo
começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo
fim.” (Francisco Cândido Xavier)
RESUMO
No gerenciamento de facilidades de shopping centers, o controle preciso do
comportamento do consumo de energia é fundamental, para que se possa entender
as características do empreendimento e propor melhorias em relação a sua
eficiência energética.
Apresenta um procedimento para realizar um diagnóstico de eficiência energética
nos principais sistemas que consomem energia elétrica em shopping centers, sendo
possível identificar por meio do percentual de consumo de energia nas despesas
operacionais, assim como quais são os sistemas que mais consomem energia.
Propõe-se uma ferramenta para o desenvolvimento de projetos relacionados a
eficiência energética em shopping centers.
Palavras-chave: eficiência energética, diagnóstico energético, energia elétrica,
shopping center, conservação de energia, desenvolvimento sustentável.
ABSTRACT
In the shopping mall facilities management, precise control of the behavior of the
power consumption is critical in order to understand the characteristics of the project
and propose improvements in relation to their energy efficiency.
Presents a procedure to perform a diagnosis of energy efficiency in the major energy-
consuming systems in shopping malls, being possible to identify through the
percentage of energy consumption in operating expenses, as well as what are the
systems that consume energy.
It is proposed a tool for the development of projects related to energy efficiency in
shopping malls.
Key words: energy efficiency, energy diagnosis, electricity, shopping mall, energy
conservation, sustainable development.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Ranking da Eficiência das Usinas Hidrelétricas Brasileiras ...................... 24
Figura 2 – Obras da Usina de Belo Monte. ............................................................... 25
Figura 3 – Sistema Cantareira. .................................................................................. 26
Figura 4 – Tabela Bandeira Tarifária. ........................................................................ 27
Figura 5 – Modelo do Sistema Elétrico Nacional ....................................................... 32
Figura 6 – Etiqueta de Eficiência Energética de Edificações .................................... 35
Figura 7 – Shopping Iguatemi SP .............................................................................. 49
Figura 8 – Shopping Randall Park Abandonado ....................................................... 57
Figura 9 – Ciclo de Vida dos Edifícios ....................................................................... 67
Figura 10 – Analisador de Qualidade de Energia ...................................................... 84
Figura 11 – Aspecto Construtivo de Motores de Indução Trifásicos ....................... 103
Figura 12 – Alicate Amperímetro Digital Modelo HA-3900 ...................................... 106
Figura 13 – Medidor de Potência AC Tipo Alicate - Modelo 3286-20 ...................... 106
Figura 14 – Alicate Wattímetro Digital - Modelo HA-4000 ....................................... 107
Figura 15 – Tacômetro Digital sem Contato - Modelo HTA-2234B ......................... 107
Figura 16 – Analisador de Qualidade de Energia - Modelo 435 Série II .................. 108
Figura 17 – Alicate Amperímetro Digital Modelo HA-3900 ...................................... 106
Figura 18 – Alicate Amperímetro Digital Modelo HA-3900 ...................................... 106
Figura 19 – Termômetro Infravermelho – Modelo Tiv 6500 .................................... 113
Figura 20 – Termômetro Bimetálico ........................................................................ 114
Figura 21 – Manômetro Bourdon ............................................................................. 114
Figura 22 – Anemômetro – Modelo MDA-20 ........................................................... 115
Figura 23 – Medidor de Vazão Ultra-Sônico – Modelo G-PDFM5 ........................... 115
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Matriz Elétrica Brasileira 2014 ................................................................ 21
Gráfico 2 – Histórico do Nível dos Reservatórios ...................................................... 23
Gráfico 3 – Economia de Energia nos Últimos Cinco Anos (bilhões de kWh). .......... 38
Gráfico 4 – Evolução da ABL em milhões de m² em Shopping Centers ................... 54
Gráfico 5 – Evolução do N.º de Empregos em Shopping Centers ............................ 55
Gráfico 6 – Evolução do Faturamento em Bilhões de Reais em Shopping Centers.. 55
Gráfico 7 – Estrutura do Consumo de Eletricidade, por Classe (%) .......................... 79
Gráfico 8 – Perfil Mínimo de Desempenho para Certificação AQUA ......................... 95
Gráfico 9 – Diagrama de Moller – Cálculo do COP ................................................. 111
Gráfico 10 – Diagrama de Moller – Cálculo do EER ............................................... 112
Gráfico 11 – Participação dos Campi no Dispêndio com Eletricidade ..................... 136
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Surgimento de Grandes Lojas de Departamento .................................... 49
Tabela 2 – Classificação de Shopping Centers no Brasil .......................................... 50
Tabela 3 – Números do Setor de Shopping Centers no Brasil (Nov/15) ................... 53
Tabela 4 – Evolução do Setor de Shopping Centers nos Últimos Anos .................... 54
Tabela 5 – Consumo de Energia Elétrica (ar condicionado) ..................................... 72
Tabela 6 – Consumo de Energia Elétrica (iluminação) ............................................. 74
Tabela 7 – Consumo de Energia Elétrica (iluminação + ar condicionado) ................ 75
Tabela 8 – Projetos de Eficiência Energética ............................................................ 77
Tabela 9 – Índices de Desempenho .......................................................................... 90
Tabela 10 – Categorias de Desempenho - GBTOOL ................................................ 94
Tabela 11 – Categorias de Avaliação do Green Globes ........................................... 94
Tabela 12 – Categorias do Sistema AQUA ............................................................... 95
Tabela 13 – Classificação dos Sistemas de Certificação .......................................... 96
Tabela 14 – Categorias para Análise Comparativa de Sistemas de Certificação...... 97
Tabela 15 – Classificação Energética para Valores de EER e COP ....................... 113
Tabela 16 – Limite máximo aceitável de densidade de potência de iluminação (DPIL)
para o nível de eficiência pretendido – Método da Área do Edifício ........................ 121
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABESCO Associação Brasileira de Serviços de Conservação de Energia
ABL Área Bruta Locável
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRASCE Associação Brasileira de Shopping Centers
ABRAFAC Associação Brasileira de Facilities
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
ANP Agência Nacional do Petróleo
AQUA Alta Qualidade Ambiental
ASHRAE American Society of Heating, Refrigerating, and Air-Conditioning
Engineers
BEN Balanço Energético Nacional
BEPAC Building Environmental Performance Assessment Criteria
BIRD Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
BREEAM Building Research Establishment Environmental Assessment
Method
CASBEE Comprehensive Assessment System for Building Environmental
Efficiency
CCEE Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
CICE Comissão Interna de Conservação de Energia
CMSE Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico
CNPE Conselho Nacional de Política Energética
ENCE Etiqueta Nacional de Conservação de Energia
EPE Empresa de Pesquisa Energética
ESCO Empresas de Serviços de Conservação de Energia
GBC Green Building Challenge
GBTOOL Green Building Tool
GD Geração Distribuída
GF Gerente de Facilidades
GLD Gerenciamento pelo Lado da Demanda
GW Gigawatt
GWh Gigawatt-hora
IAB Instituto de Arquitetos do Brasil
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICSC International Council of Shopping Centers
IEA International Energy Agency
IFMA International Facility Management Association
INEE Instituto Nacional de Eficiência Energética
INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
IPCA Índice de Preços ao Consumidor Amplo
ISO International Organization for Standardization
kW Kilowatt
kWh Kilowatt-hora
LED Light Emitting Diode
LEED Leadership in Energy and Environmental Design
MMA Ministério do Meio Ambiente
MME Ministério de Minas e Energia
MW Megawatt
MWh Megawatt-hora
NABERS National Australian Building Environmental Rating Scheme
NAESCO National Association of Energy Services Companies
NASA National Aeronautics and Space Administration
NBR Norma Brasileira
O&M Operação e Manutenção
OHSAS Occupational Health and Safety Assessments Services
ONG Organização Não Governamental
ONS Operador Nacional do Sistema
PBE Plano Brasileiro de Etiquetagem
PCH Pequena Central Hidrelétrica
P&D Pesquisa e Desenvolvimento
PIB Produto Interno Bruto
PEE Programa de Eficiência Energética
PROCEL Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica
ProGD Programa de Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia
Elétrica
SIN Sistema Interligado Nacional
TWh Terawatt-hora
USGBC US Green Building Council
USP Universidade de São Paulo
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 18
2. CRISE ENERGÉTICA NO BRASIL .................................................................................. 20
2.1 Entidades e Programas Nacionais em Prol da Conservação de Energia .............. 28
2.2 Objetivo ................................................................................................................ 43
3. METODOLOGIA .............................................................................................................. 44
3.1 Estruturação do Documento ................................................................................. 45
4. SHOPPING CENTERS .................................................................................................... 47
5. GERENCIAMENTO DE SHOPPING CENTERS .............................................................. 61
6. CONSUMO DE ENERGIA EM SHOPPING CENTERS ................................................... 68
6.1 Shopping A ........................................................................................................... 69
6.2 Shopping B ........................................................................................................... 70
6.3 Shopping C ........................................................................................................... 70
6.4 Shopping D ........................................................................................................... 70
6.5 Shopping E ........................................................................................................... 70
6.6 Shopping F ........................................................................................................... 71
6.7 Shopping G ........................................................................................................... 71
6.8 Shopping H ........................................................................................................... 71
6.9 Shopping I ............................................................................................................ 71
6.10 Shopping J .......................................................................................................... 72
7. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO E INDICADORES DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ............ 82
8. DIAGNÓSTICO ENERGÉTICO ..................................................................................... 100
8.1 Ar Condicionado ................................................................................................. 103
8.2 Iluminação .......................................................................................................... 116
9. APLICAÇÃO DE PROJETOS EM SHOPPING CENTERS ............................................. 125
9.1 Shopping Rio Mar / PE ....................................................................................... 125
9.2 Santana Parque Shopping / SP .......................................................................... 125
9.3 Shopping Plaza Sul / SP ..................................................................................... 126
9.4 Shopping ABC / SP............................................................................................. 126
9.5 Casa Shopping / RJ ............................................................................................ 127
9.6 Park São Caetano / SP ....................................................................................... 127
9.7 Madureira Shopping / RJ .................................................................................... 128
9.8 Barra Shopping / RJ ............................................................................................ 128
9.9 New York City Center / RJ .................................................................................. 129
9.10 Shopping Jardins / SE ...................................................................................... 129
9.11 Uberlândia Shopping / MG ................................................................................ 130
9.12 Shopping Center Uberaba / MG ........................................................................ 131
9.13 Shopping Oiapoque / MG .................................................................................. 131
9.14 Shopping Iguatemi Campinas / SP ................................................................... 132
9.15 Shopping Guararapes / PE ............................................................................... 134
9.16 Shopping Interlagos / SP .................................................................................. 135
9.17 USP – Universidade de São Paulo / SP ............................................................ 135
10. CONCLUSÃO .............................................................................................................. 139
11. REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 143
12. ANEXOS ...................................................................................................................... 151
18
1. INTRODUÇÃO
Vivencia-se um período de crise econômica, impulsionada também por
discussões políticas, manifestações e inflação, o que acaba por provocar a
limitação de grandes investimentos por parte das empresas e investidores
internacionais, prejudicando a implantação de diversas tecnologias no país.
Além da questão econômica, o Brasil enfrenta um momento de crise
energética, qual tende a desestabilizar econômica e socialmente a população,
porém tornando possível o surgimento de novas tecnologias para implantação de
projetos de eficiência energética em shopping centers e demais edificações.
O que pode caracterizar evidentemente está crise e o enfraquecimento dos
investimentos nos Brasil, trata-se da classificação do grau de investimento realizado
pelas agências de classificação de risco Standard & Poor's e Fitch Ratings.
Conforme Standard & Poor's (2015), a avaliação do grau de investimento no
país foi rebaixada. A avaliação negativa indica à investidores de todo o mundo o
grau de segurança que terão ao efetuar investimentos no país. Com esta nova
classificação do Brasil, diversos investimentos estrangeiros, deixaram de ser
realizados.
Segundo Sina (2005), em chinês e nos negócios, crise e oportunidade são
uma palavra só. A autora baseia-se na antiga sabedoria chinesa a título de
exemplificar que toda crise traz em si uma oportunidade.
Significa que ao se enfrentar uma crise como esta qual o Brasil se encontra,
recebe-se uma oportunidade de superação e de desenvolvimento de soluções para
que problemas sejam corrigidos.
Com a crise energética mais evidente no decorrer dos anos, as nações e
principais líderes políticos de diversos países se veem na posição de buscar
soluções de eficiência energética, e de um desenvolvimento sustentável em virtude
da necessidade de maior oferta de energia e a escassez de fontes convencionais e
recursos naturais não renováveis.
Inicialmente o termo desenvolvimento estava ligado somente a parâmetros
econômicos, como economia de mercado, PIB, etc... A partir de 1960 iniciou-se a
19
discussão sobre o que era desenvolvimento, gerando o marco das preocupações
do homem moderno com o meio ambiente e sendo assim, havendo a incorporação
de questões sociais, ambientais além de econômicas juntamente com o uso
racional dos recursos (SANTOS, 2004).
O consumo crescente de energia elétrica no Brasil, aliado ao baixo nível de
investimentos no setor e a escassez de chuvas nos últimos meses - abaixo da
média esperada, diminui a distância entre a demanda e a oferta, deixando o custo
da energia cada vez mais cara em detrimento da utilização crescente da geração de
energia elétrica através de usinas termoelétricas em um país que a geração de
energia é essencialmente realizada a partir de usinas hidrelétricas.
Com o cenário atual de indefinição em relação a investimentos e o aumento do
custo da energia elétrica, se faz necessário rever o consumo de energia dos
shopping centers, visto que são considerados grandes centros comerciais quais
demandam de elevado consumo de energia, entretanto, possuem grande potencial
para implantação de projetos de eficiência energética e conservação de energia.
A mudança imediata de hábitos e até mesmo da cultura da população
brasileira é imprescindível para que seja possível transpor esta crise.
Mais recentemente, a busca pela eficiência energética ganhou nova
motivação. Em adição à perspectiva de custos mais elevados da energia de origem
fóssil, a preocupação com a questão das mudanças climáticas decorrentes do
aquecimento global do planeta, aquecimento este atribuído, em grande medida, à
produção e ao consumo de energia, trouxe argumentos novos e definitivos que
justificam destacar a eficiência energética quando se analisa em perspectiva a
oferta e o consumo de energia.
20
2. CRISE ENERGÉTICA NO BRASIL
Neste capítulo pretende-se apresentar que o Brasil apresenta-se em crise,
apesar de sua matriz diversificada e sua estrutura de entidades e normas.
Em países industrializados, o modelo energético adotado se baseia na
utilização de recursos não renováveis e poluentes. Devido a escassez destes
recursos, o cenário energético visualizado mundialmente é bastante crítico.
Segundo FERREIRA, J., et FERREIRA, T. (1994), eficiência energética é um
conceito generalizado que se refere às medidas a serem implementadas ou já
implementadas, bem como os resultados alcançados decorrentes da melhor
utilização da energia.
No intuito de se manter o abastecimento contínuo de energia sem prejudicar o
meio ambiente, buscam-se novas tecnologias e alternativas com utilização de
recursos renováveis para dirimir uma sociedade através de um desenvolvimento
sustentável.
A matriz energética de um país compreende diversas fontes de energia
disponíveis, sendo um grande desafio, a utilização de fontes de energia limpas,
renováveis e de baixo custo.
Inicialmente, em grande abundância e baixos preços, os combustíveis fosseis
permitiram o desenvolvimento mundial, no entanto, com a crescente demanda
destes recursos, as reservas destes combustíveis vêm se esgotando.
Além de prejudicar o meio ambiente, pesquisas revelam que a larga utilização
de energias fosseis em todo o mundo pode fazer com que este recurso se esgote
totalmente.
A alteração do modelo de geração de energia atual, qual possui alto consumo
de combustíveis fosseis para um modelo que se utilize de combustíveis renováveis
ainda é demasiadamente lenta, visto que muitos recursos renováveis são caros e
em alguns casos, impraticáveis em larga escala. Com o aperfeiçoamento de
tecnologias no campo da eficiência energética, disseminação da necessidade de se
construir um desenvolvimento sustentável, não destruindo o meio ambiente,
21
elaboração de novas políticas ambientais, entre outras ações, em longo prazo, será
possível identificarmos uma nova realidade.
O sistema elétrico brasileiro foi elaborado essencialmente para se utilizar da
vazão dos rios para gerar energia elétrica, ou seja, quando os reservatórios estão
cheios, estes suprem a maior parte da demanda do país, no entanto quando os
níveis dos reservatórios baixam devido a estiagem das chuvas, a geração de
energia através das hidrelétricas fica prejudicada, sendo necessário a utilização de
usinas termoelétricas para complementar a geração de energia e assim suprir a
demanda do país.
Nos processos convencionais de transformação do combustível em energia
elétrica realizado pelas centrais termoelétricas, grande parte da energia é
transformada em calor, liberado na exaustão ou na condensação do vapor. Assim
sendo, a eficiência energética das unidades térmicas é baixa, limitando-se a faixa
de 30% a 40% (LORA; NASCIMENTO, 2004).
Isto caracteriza que a geração de energia a partir das usinas termoelétricas,
além de produzir energia de alto custo e baixa eficiência, ainda é extremamente
nociva ao meio ambiente.
Gráfico 1: Matriz Elétrica Brasileira 2014 Fonte: EPE – BEN 2014 (2015)
22
Com base no gráfico 1, fica evidente que a utilização de outras fontes para
geração de energia elétrica ainda são bastante tímidas se comparadas a geração
de energia através das hidrelétricas.
Existe um risco na geração de energia brasileira por se tratar de um sistema
dependente do nível dos reservatórios de água e consequentemente das chuvas,
portanto o país mantém um método de geração reserva de energia através das
termoelétricas. No entanto, devido a geografia e um sistema hídrico privilegiado, o
Brasil possui sua maior parte de produção de energia elétrica realizada a partir de
recursos renováveis, mas se vê em um momento de desenvolvimento de novos
métodos de gerenciamento de energia eficientes e formas alternativas de
conservação de energia.
De acordo com Horta (2007), os investimentos necessários para as ações de
eficiência energética são menores do que aqueles necessários à expansão da
oferta de energia elétrica, ou seja, investimentos nas redes de transmissão de
energia e hidrelétricas ou outra fonte de geração elétrica por exemplo.
Para que o fornecimento de energia seja garantido e para suprir a demanda de
energia em períodos secos, é crucial a gestão de estoques de água existentes nos
reservatórios. Existem modelos computacionais que são utilizados pelo ONS para
representar o sistema elétrico e hídrico e simular o que pode ocorrer em cada
período do ano.
Em 2012 ficou evidente que estes modelos computacionais já não
representavam fielmente o sistema elétrico e hídrico do país, pois o nível dos
reservatórios no início do ano apresentaram um armazenamento de água elevado,
com níveis superiores a 70%, mas ao fim deste mesmo ano apresentou níveis
bastante baixos, cerca de 32%, bem abaixo do volume verificado neste período nos
anos anteriores.
A grande reserva de água nos reservatórios no início de 2012 ocorreu devido
ao alto volume de chuvas no fim de 2011 e o baixo nível ao fim do ano, se deu
devido ao atraso das chuvas e em menor volume quais normalmente se iniciam no
mês de outubro de cada ano.
23
Os modelos atuais indicam os níveis dos reservatórios maiores do que
realmente vem acontecendo e ainda não consideram a baixa eficiência de geração
de energia pelas hidrelétricas com reservatórios praticamente vazios. Quanto menor
o nível dos reservatórios, é necessário um volume de água maior para gerar o
mesmo MWh de energia se comparado a geração de energia com o nível dos
reservatórios alto.
Dados do ONS (2015) mostram que, atualmente, os reservatórios do sistema
Sudeste e Centro-Oeste estão no nível mais baixo nos últimos dez anos. No início
de 2013, os reservatórios dessas regiões operavam com cerca de 30% de sua
capacidade.
Gráfico 2: Histórico do Nível dos Reservatórios Fonte: ONS (2015)
Conforme Braga (2015), os reservatórios das hidrelétricas chegaram a níveis
menores que 10% da capacidade máxima e o país poderá ter problemas graves.
Ainda segundo o mesmo, o país enfrenta atualmente uma situação
hidrológica pior do que a verificada em 2001, quando foi decretado um
racionamento de energia no país.
Atrasos em obras de infraestrutura agravam ainda mais a situação. A usina
hidroelétrica de Belo Monte, por exemplo, já deveria estar em pleno funcionamento
desde o início de 2015, no entanto a previsão é de que comece a gerar energia
apenas em 2016.
24
Segundo a Aneel (2015), Belo Monte será a terceira maior do mundo, atrás da
chinesa Três Gargantas, com potência de 22,5 mil MW, e da binacional Itaipu de
propriedade brasileira e paraguaia, com potência de 14 mil MW. Será a segunda
maior do país.
A capacidade total instalada da usina será de 11.2 mil MW. A usina vai operar
a fio d'água o que significa que a geração de energia vai variar de acordo com a
quantidade de água do Rio Xingu a cada período do ano, ou seja, a usina vai gerar
mais energia nas épocas de cheia e menos nos períodos de estiagem (ANEEL,
2015).
Figura 1: Ranking da Eficiência das Usinas Hidrelétricas Brasileiras
Fonte: A Batalha de Belo Monte (2013)
A usina de Belo Monte vai integrar o Sistema Interligado Nacional (SIN) e
assim contribuir para expansão da oferta em todo o país.
Durante os períodos de maior frequência de chuvas e cheia do Rio Xingu, será
possível gerar maior quantidade de energia, promovendo a acumulação de água
nos reservatórios das usinas de outras regiões, tirando proveito da sazonalidade
hidrológica decorrente das dimensões continentais do país.
Em períodos de estiagem e seca do Rio Xingu, as demais usinas com
reservatórios com maior armazenamento de água poderão servir de apoio para
suprir a diferença de geração de energia de Belo Monte.
Os estudos sobre o aproveitamento hidrelétrico da Bacia do Rio Xingu foram
iniciados ainda na década de 70, pelas Centrais Elétricas do Norte do Brasil
25
(ELETRONORTE), porém somente agora em 2015 se encontra em fase de
conclusão das obras.
Atualmente, a usina de Belo Monte pode ser considerada uma das maiores
obras e com maior investimento em questão de infraestrutura para aumento de
oferta de energia elétrica no país.
Conforme a Aneel (2015), os estudos de viabilidade técnica e econômica
informam um investimento global, nos termos do Orçamento Padrão Eletrobrás
(OPE), de R$ 17, 3 bilhões. Esse valor estava cotado a preços de dezembro de
2008, sem juros durante a construção e sem incluir custos do sistema de
transmissão. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) definiu, em março de 2010,
o custo das obras em R$ 19 bilhões, valor ratificado pelo Tribunal de Contas da
União (TCU).
Após diversos atrasos nas obras e processos de licenciamento, em
novembro/2015 o IBAMA concedeu a licença de operação para a usina de Belo
Monte.
Figura 2: Obras da Usina de Belo Monte Fonte: A Batalha de Belo Monte (2013)
Apesar das dimensões e benefícios que deverá trazer ao país, a usina de Belo
Monte, se vê em meio a diversas discussões a respeito do impacto ambiental
causado, qual pode comprometer uma das regiões com maior biodiversidade do
Brasil.
26
Outra consequência resultante da construção da usina de Belo Monte tem sido
o impacto social causado nas cidades vizinhas. Com o emprego de milhares de
trabalhadores na construção da usina, as cidades mais próximas tiveram um grande
aumento populacional nos últimos anos, o que vem a causar um aumento no
número de assassinatos e acidentes de trânsito, superlotação de hospitais, crise de
moradia, aumento do custo de vida, etc...
Quanto a crise energética, na região Sudeste do país, fica ainda mais evidente
com a verificação da redução drástica do nível dos reservatórios do Cantareira,
chegando a atingir o chamado volume morto.
O volume morto ou reserva técnica, se trata da reserva de água situada abaixo
das comportas das represas do sistema Cantareira.
Figura 3: Sistema Cantareira Fonte: GGN (2014)
Na crise energética de 2001, um dos principais vilões foi considerado os
chuveiros elétricos, já em 2015, com a falta de chuvas e tempo quente e seco, o
vilão está sendo considerado os equipamentos de ar condicionado instalados
principalmente em residências, escritórios e centros comerciais.
Lamberts et al. (2010) complementam ainda que a crise energética brasileira
de 2001 demonstrou o descompasso entre o grande crescimento no consumo e o
pequeno crescimento na capacidade instalada, deixando claro que o Brasil
necessita com urgência investir em novas fontes de energia.
Vargas Júnior (2006) observa que o racionamento de energia elétrica ocorrido
em 2001 fez com que os consumidores brasileiros se vissem obrigados a aumentar
a eficiência energética de suas residências trocando equipamentos como
geladeiras, ar condicionado e lâmpadas incandescentes de baixa eficiência por
27
lâmpadas fluorescentes mais eficientes para cumprirem suas metas de redução de
consumo de eletricidade.
Em 2001 quando os níveis de armazenamento dos reservatórios atingiram um
volume crítico o então presidente Fernando Henrique Cardoso submeteu a
população a um drástico racionamento de energia, impondo multas altas àquele
que efetuasse um consumo considerado abusivo de energia elétrica.
Já em 2015, no governo da presidente Dilma Rousseff, foi implantado a
bandeira tarifária que conta com as cores verde, amarela e vermelha. Estas cores
indicam as condições de geração de energia no país, sinalizando o custo de
geração de energia ao consumidor. Com a estiagem de chuvas e uso maior das
usinas termoelétricas, o custo de geração é elevado, deixando a conta de energia
do consumidor mais alta.
Figura 4: Tabela Bandeira Tarifária
Fonte: CPFL (2015)
Apesar da criação desta bandeira tarifária, o governo negou a necessidade de
racionamento de energia.
A cobrança em tempo real dos custos praticados com a geração das
termoelétricas vem atrelada também a um aumento na conta de energia para suprir
as perdas das concessionárias e empresas do setor dos últimos anos.
Em alguns estados os reajustes de energia chegam a 60% de aumento no
período de 12 meses, segundo dados de março/2015 do IPCA (IBGE, 2015).
Segundo Pires (2015), o Brasil passa em 2015 pela pior crise energética de
sua história.
Não é possível imputar a crise energética apenas a estiagem das chuvas. O
crescimento populacional e o consumo desenfreado e irracional da energia elétrica
evidencia a fragilidade do sistema energético do país e demonstra a falta de
planejamento e investimentos neste setor.
28
A aplicação de políticas de conservação de energia é uma ação de suma
importância e que deve ser priorizada. O planejamento de investimentos,
conscientização e aplicação de formas eficientes de consumo de energia devem ser
pensadas não só para o momento atual, mas também para futuro.
Só a construção de novas usinas hidrelétricas não será o suficiente, são
necessários projetos de energia renovável que atualmente ainda possuem um alto
custo de implantação em larga escala mas podem suprir a necessidade de
demanda de cidades mais afastadas das usinas devido ao alto custo da construção
das linhas de transmissão de energia elétrica.
De acordo com a ABESCO (2014), o Brasil possui um potencial de economia
de energia elétrica da ordem de 46 TWh ao ano. Este valor é equivalente à metade
da produção anual da usina hidrelétrica de Itaipu.
Isto significa que a implantação de medidas de eficiência energética é mais
vantajosa economicamente ao ter que investir na construção de novas usinas, mas
não significa que o Brasil não necessite de novos investimento na produção de
energia elétrica.
Países no mundo inteiro preocupados com a questão energética estão
aplicando políticas efetivas para redução de consumo de energia, pois conforme
diversas pesquisas, a cada KW economizado, significa um KW a menos a ser
gerado ou um KW a menos na necessidade de crescimento do polo de geração
energético do país.
Não somente no Brasil, mas como em todo o mundo, a destruição do meio
ambiente e a utilização de forma irracional dos recursos não renováveis traz a tona
uma questão quanto ao progresso da humanidade.
2.1 Entidades e Programas Nacionais em Prol da Cons ervação de Energia
Apesar do cenário de crise, o Brasil apresenta-se com um conjunto de
entidades e programas que buscam desenvolver as questões de eficiência
energética.
Segundo o PNE 2050, em termos dos setores de uso da energia, pode-se
destacar o aumento de participação do setor comercial, refletindo também sua
29
crescente participação na economia no longo prazo. A projeção da demanda de
energia elétrica elaborada neste estudo contemplou ganhos de eficiência
energética, ao longo do período 2013-2050, que montam a 15% do consumo total
de eletricidade no ano horizonte. Esse ganho adicional de eficiência no consumo
final de eletricidade representa uma redução no requisito de geração (carga de
energia) em torno de 45 GWmédio, isto é, aproximadamente igual a cinco vezes a
garantia física da usina de Itaipu.
Assim como em outros países, diversas entidades são criadas no Brasil
voltadas para a conservação da energia, as quais têm como objetivos:
- promover o uso eficiente de todas as formas de energia e em todos os
setores de atividade;
- desenvolver atividades nas áreas de eficiência energética.
- realizar campanhas de conscientização e de difusão de informações, e a
realização de estudos de planejamento e de serviços de assessoria e consultoria;
- desenvolver ações de eficiência energética para promover a prosperidade
econômica e a proteção ambiental;
- coordenar e promover ações para o aproveitamento eficiente dos recursos
energéticos renováveis e não renováveis;
- promover a fabricação e a compra de produtos e serviços eficientes;
- atuar de forma a produzir mudanças voluntárias de comportamento na
população, de tal forma que as estratégias governamentais, relacionadas à
eficiência energética e conservação de energia, tanto no setor público como privado,
sejam implementadas;
- reduzir os impactos ambientais;
- planejar e gerenciar programas nacionais de pesquisa, de desenvolvimento,
demonstração ou disseminação da eficiência energética e energias renováveis;
- colaborar no desenvolvimento de políticas nas áreas de eficiência energética,
de diversificação das fontes de energia (elétrica, gás natural, carvão e fontes
30
renováveis) e atuar de forma a incluir os aspectos de proteção ao meio ambiente
nas políticas energéticas;
- contribuir para a redução das mudanças climáticas, desenvolvendo a
eficiência energética;
- facilitar o intercâmbio e difusão de informação técnica, legal e administrativa
entre as instituições e profissionais interessados;
- promover pesquisas sobre energia.
- desenvolver e promover a ciência da simulação da performance das
edificações a fim de melhorar o design, a construção, operação e manutenção de
edifícios novos ou já construídos;
- desenvolver conhecimento e formas de utilização da energia por meio de
estudos de metodologias e procedimentos aplicados à análise e solução de
problemas relativos à transformação de materiais e uso racional de energia;
- reunir profissionais e companhias de geração, transmissão e distribuição de
energia elétrica para promover o debate e buscar soluções para questões comuns.
Vale destacar as entidades brasileiras e seus objetivos:
- Agência Nacional do Petróleo (ANP): Autarquia da administração pública
federal vinculada ao MME. Tem por finalidade promover a regulação, contratação e
fiscalização das atividades econômicas integrantes da indústria do petróleo. Na lei
de criação da Agência, entre suas obrigações encontra-se a proteção do meio
ambiente e promoção da conservação de energia. Para isso desenvolve o
"Programa de Uso Eficiente e Combate ao Desperdício de Derivados de Petróleo e
Gás Natural". Entre as linhas de ação deste Programa inclui-se estimular, de forma
pró-ativa, o uso eficiente da energia que favoreça o desenvolvimento sustentável e
a preservação do meio ambiente;
- Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(INMETRO): Autarquia federal, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior. Tem por objetivo fortalecer as empresas nacionais,
aumentando sua produtividade por meio da adoção de mecanismos destinados à
31
melhoria da qualidade de produtos e serviços. Sua missão é promover a qualidade
de vida do cidadão e a competitividade da economia através da metrologia e da
qualidade;
- Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL): Autarquia especial vinculada
ao MME. Tem como atribuições regular e fiscalizar a geração, transmissão,
distribuição e comercialização de energia elétrica, atendendo às reclamações dos
agentes e consumidores, mediando conflitos de interesses entre os agentes do
setor elétrico e entre estes e os consumidores, concedendo, permitindo e
autorizando instalações e serviços de energia, garantindo tarifas justas, zelando
pela qualidade do serviço, exigindo investimentos, estimulando a competição entre
os operadores e assegurando a universalização dos serviços;
- Conselho Nacional de Política Energética (CNPE): possui como objetivos a
proposição da política energética nacional ao Presidente da República, em
articulação com as demais políticas públicas; a proposição da licitação individual de
projetos especiais do Setor Elétrico, recomendados pelo MME; e a proposição do
critério de garantia estrutural de suprimento;
- Ministério de Minas e Energia (MME): suas funções são a formulação e
implementação de políticas para o Setor Energético, de acordo com as diretrizes do
CNPE; o exercício da função de planejamento setorial; o exercício do Poder
Concedente; o monitoramento da segurança de suprimento do Setor Elétrico, por
intermédio do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE); e a definição de
ações preventivas para restauração da segurança de suprimento no caso de
desequilíbrios conjunturais entre oferta e demanda, tais como gestão da demanda
e/ou contratação de reserva conjuntural de energia do sistema interligado;
- Empresa de Pesquisa Energética (EPE): instituição técnica especializada
vinculada ao MME que tem como responsabilidade realizar os estudos do
planejamento energético nacional, associados às definições da composição da
Matriz Energética Nacional, do BEN, com o aproveitamento ótimo dos recursos
hídricos, e, por fim, do planejamento da expansão da geração e transmissão de
energia elétrica de médio e longo prazos;
- Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE): tem como finalidade
assegurar a continuidade e a segurança do suprimento de energia no país, através
32
do monitoramento do cronograma de construção dos empreendimentos (de geração
e transmissão), de condições hidrológicas excepcionalmente adversas e do
aumento imprevisto do consumo;
- Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE): instituição
especializada com os objetivos de administrar a contratação de compra e venda de
energia dos concessionários do serviço público de distribuição; realizar leilões para
compra de energia para os distribuidores, desde que autorizados pela ANEEL; e
executar a contabilização e liquidação do mercado, nos ambientes de contratação
regulado e livre;
- Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS): É uma associação civil cujos
integrantes são as empresas de geração, transmissão, distribuição, importadores e
exportadores de energia elétrica e os consumidores livres. É responsável pela
coordenação e controle da operação das instalações de geração e transmissão de
energia elétrica nos sistemas interligados brasileiros.
Figura 5: Modelo do Sistema Elétrico Nacional
Fonte: MME (2010)
Para entender melhor o cenário energético brasileiro, foi realizado alguns
estudos pela EPE/MME. Em 2007 foi lançado o Plano Nacional 2030 (PNE 2030),
uma importante contribuição no âmbito da retomada do planejamento energético
nacional. Foi o primeiro estudo na esfera de governo com a visão de planejamento
integrado de energia.
33
A importância do PNE 2030 pode ser medida pelo impacto que causou após
sua publicação como, o seu uso nas diversas esferas ministeriais como referência
de cenário econômico-energético de longo prazo do governo federal, e seu uso
como referência para estudo sobre energia por parte de diversos públicos
interessados no setor energético.
Para o segundo estudo - Plano Nacional 2050 (PNE 2050), em um horizonte
tão longo, a estimativa da demanda de energia se depara com grande número de
incertezas das mais variadas naturezas, incluindo configuração de infraestrutura da
economia, padrões de mobilidade urbana, competitividade tecnológica e de
matérias-primas, além do padrão de consumo de energia pelos consumidores, pois
em 2050, o mundo que vivenciaremos possivelmente nos apresentará uma
realidade bastante distinta da que atualmente conhecemos, em todos os campos,
seja ele social, econômico, energético e ambiental, entre outros.
Para balizarmos esta ideia, basta recuarmos trinta anos atrás para
constatarmos o quanto se evoluiu do ponto de vista tecnológico, e concluirmos que
muitas transformações poderão ocorrer até 2050.
Alguns programas públicos foram desenvolvidos com o intuito de reduzir
perdas e eliminar desperdícios na produção e uso de energia e também adotar
tecnologias de maior eficiência energética, contribuindo com a postergação de
investimentos em novas usinas hidrelétricas ou refinarias de petróleo.
Dentre estes programas, destacam-se:
- O PROÁLCOOL: Programa Nacional do Álcool, desenvolvido em 1975 para
evitar o aumento da dependência externa de divisas quando da crise do petróleo;
- O CONSERVE: Lançado em 1981 pelo governo federal e tinha como objetivo
estimular a substituição do óleo combustível consumido na indústria. Este programa
porém não tinha como objetivo especifico a conservação de energia e teve sua
duração somente até 1985;
- O PROCEL: Programa de governo que, desde 1985, desenvolve uma série
de atividades de combate ao desperdício de energia elétrica;
34
- O CONPET: Programa Nacional da Racionalização do Uso dos Derivados de
Petróleo e do Gás Natural, que foi criado em 1991 com a finalidade de desenvolver
e integrar as ações que visam à racionalização do uso de derivados de petróleo e
do gás natural;
Para reforçar a questão do uso eficiente da energia, em 1992 foi criado o
Instituto Nacional de Eficiência Energética (INEE), uma organização não
governamental sem fins lucrativos, que tem por objetivo promover a transformação
e o uso final eficiente de todas as formas de energia.
Além do INEE, desde 1997 a ABESCO, uma entidade sem fins lucrativos que
representa oficialmente o segmento de eficiência energética brasileiro, promove
ações e projetos para o desenvolvimento do mercado de eficiência energética.
Entretanto, mesmo após a criação destes programas e de algumas entidades
que visam um desenvolvimento sustentável e a eficiência energética, estas
questões ainda se mantinham em segundo plano, às margens dos demais planos
políticos do país. Mas, com a crise energética vivenciada em 2001, ações mais
claras e efetivas começaram a ser adotadas. Esta crise pode ser vista como um
marco para o início do gerenciamento de energia e de programas mais agressivos
quanto a sustentabilidade do Brasil.
Segundo Felizzola (2010), durante muito tempo, no Brasil, a energia não era
cara e, por isso, não havia um estímulo para ações de uso consciente dela.
Começou a haver uma consciência maior a partir do apagão, de 2001. Em função
daquilo, muitos que não se preocupavam com a energia começaram a se
preocupar.
O racionamento foi provocado pelo déficit de geração de energia em relação a
demanda. Em março de 2001, o governo federal admitiu a possibilidade de haver
uma crise no abastecimento, o MME cogitou a possibilidade de interrupções
temporárias e regionais no fornecimento e a ANEEL apresentou um projeto que
multava quem consumisse mais energia do que a meta de redução do consumo.
Esta economia compulsória de energia por parte dos consumidores foi iniciada em
1º de junho de 2001 e terminou em 1º de março, de 2002.
35
Devido a esta crise energética brasileira de 2001, foi estabelecida a Lei Nº.
10.295 que dispõe sobre a Política Nacional de Conservação e Uso Racional de
Energia, também conhecida como lei de Eficiência Energética. Esta lei foi
regulamentada pelo Decreto Nº. 4.059 de 19 de dezembro de 2001 que
estabeleceu algumas diretrizes para que parâmetros de referência à eficiência
energética em edificações fossem criados, com o objetivo de verificar e entender os
níveis de eficiência energética do país.
Entre o período de 1985 a 2007, a ELETROBRÁS estima que, por iniciativa do
PROCEL, foi economizado 28,5 milhões de MWh no país. Este número é
equivalente a cerca do consumo de 16,3 milhões de residências e à energia gerada
por uma hidrelétrica de capacidade instalada de 6.841 MW, com um custo
aproximado de R$ 19,9 bilhões.
Por iniciativa deste programa, em 1993 foi criado o selo PROCEL. Este selo
tem como objetivo indicar ao consumidor o nível de eficiência de cada equipamento,
tendo relativa importância sobre o desenvolvimento tecnológico das empresas que
se viram em meio a necessidade de desenvolver equipamentos mais eficientes.
Figura 6: Etiqueta de Eficiência Energética de Edificações Fonte: INMETRO (2009)
A partir de então o consumidor passou a ter uma forma de identificar os
equipamentos que consomem mais ou menos energia e ter o início de um
36
entendimento em relação a preservação do meio ambiente e preocupação com um
desenvolvimento sustentável.
Entre outros subprogramas do PROCEL, também foram criados o PROCEL
INFO e o PROCEL EDIFICA.
O PROCEL INFO é um subprograma do PROCEL, implementado em
novembro de 2006, cuja criação foi motivada pela necessidade deste Programa em
difundir o conceito de uso eficiente de energia de forma sistemática, com vistas a
atender à demanda crescente por treinamento e informação sobre esse tema no
Brasil. Esse subprograma foi implementado no âmbito do Programa de Eficiência
Energética (PEE), desenvolvido pela Eletrobrás/PROCEL. O PEE contou com
metade dos recursos financeiros repassados pelo Global Environment Facility,
através do Banco Mundial e a outra metade provida pela Eletrobrás/PROCEL. O
objetivo era implementar no Brasil uma carteira de projetos na área de conservação
de energia, entre os quais constava a criação de um centro de informação sobre
eficiência energética (LEPETITGALAND, 2007).
A implantação do PROCEL INFO teve como primeira etapa o planejamento,
realizado juntamente com uma consultoria especializada, com experiência na área
de eficiência energética, em projetos na área de informação e em países em
desenvolvimento. Essas eram exigências do Banco Internacional para
Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) para o desenvolvimento do projeto, com
vistas a estimular a troca de conhecimento entre os países mais desenvolvidos e os
países em desenvolvimento. Foi contratada então, por meio de uma licitação
internacional, a consultoria americana P.A. Consulting (PROCEL, 2006).
Já quanto ao PROCEL EDIFICA, este possui como objetivo definir padrões
para racionalizar o consumo de energia em edifícios por todo o país. Para este foco,
foi desenvolvida a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) e suas
subcategorias.
A ENCE pode ser obtida através da avaliação dos requisitos contidos no
Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios
Comerciais, de Serviços e Públicos (RTQ-C) para o edifício usando o método
descrito no Regulamento de Avaliação da Conformidade do Nível de Eficiência
Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (RAC-C).
37
Pode ser fornecida uma etiqueta para o edifício completo ou para parte deste.
Ela é dita parcial quando referente à envoltória ou combinando a envoltória com um
dos outros dois sistemas – iluminação ou condicionamento de ar (INMETRO, 2009).
Dentre os principais projetos e atividades implementados pelo PROCEL,
desde sua criação até o ano 2007, vale ressaltar (PROCEL, 2006):
- inserção de cláusula contratual determinando que os concessionários do
serviço público de energia elétrica devem investir 1% de suas receitas operacionais
líquidas em ações de eficiência energética, posteriormente contemplada pela Lei
9.991/00, na qual foram incluídos, entre outros dispositivos, a rubrica pesquisa e
desenvolvimento;
- promoção do “Efficientia 98”, maior seminário mundial no tema eficiência
energética com a participação de 2.300 interessados, sendo 150 de outros países;
- contribuição técnica e institucional para a elaboração da versão inicial do
projeto de lei, que se transformou na atual Lei 10.295/01, conhecida como “Lei de
Eficiência Energética”;
- apoio à criação das ESCOs;
- outorga do selo de Economia de Energia para os equipamentos mais
eficientes, em parceria com o Programa Brasileiro de Etiquetagem do INMETRO;
- concessão do Prêmio PROCEL para diversas classes de consumidores, bem
como profissionais que se destacassem no uso eficiente e racional da energia;
- inclusão do tema, em pauta, em todos os níveis da educação formal do país,
incluindo cursos de extensão universitária, por meio do PROCEL EDUCAÇÃO;
- realização de pesquisas de campo nas principais classes consumidoras, para
nortear as ações do Programa (PPH);
- criação dos subprogramas RELUZ e SANEAR, para a melhoria da eficiência
energética na iluminação pública e nas empresas de saneamento básico;
- campanhas de mídia bem sucedidas visando, notadamente, à redução do
consumo no horário de ponta do sistema elétrico;
38
- capacitação de vinte e dois laboratórios e centros de pesquisa para dar
suporte à Lei de Eficiência Energética e às ações do PROCEL;
- publicação de um expressivo acervo técnico, voltado para processos
industriais;
- realização de cursos de capacitação e treinamento para agentes,
multiplicadores e técnicos que operam nas indústrias, comércio e órgãos públicos;
- lançamento do Centro Brasileiro de Informação de Eficiência Energética –
PROCEL INFO, que pretende ser reconhecido como referência em informação
qualificada em eficiência energética.
Desde sua criação, o PROCEL tem obtido ótimos resultados com a atuação
direto no consumo de energia dos brasileiros.
Gráfico 3: Economia de Energia nos Últimos Cinco Anos (bilhões de kWh)
Fonte: PROCEL INFO (2015)
Enfim, com todas as ações do PROCEL supracitadas, este é um dos principais
programas voltado especificamente para o uso racional de energia e busca de
novas tecnologias relacionadas a eficiência energética e conservação de energia.
As ações do PROCEL contribuem para o aumento da eficiência dos bens e
serviços, para o desenvolvimento de hábitos e conhecimentos sobre o consumo
eficiente da energia e, além disso, postergam os investimentos no setor elétrico,
mitigando assim, os impactos ambientais e colaborando para um Brasil mais
sustentável. Nesse contexto, o PROCEL promove ações de eficiência energética
39
em diversos segmentos da economia, que ajudam o país a economizar energia
elétrica e que geram benefícios para toda a sociedade (PROCEL INFO, 2015).
Pode-se dizer que na inexistência deste Programa, a crise pela qual o Brasil
passa em 2015, já teria ocorrido há anos atrás e com consequências
consideravelmente mais severas.
Atualmente os estímulos estão voltados para a geração distribuída de energia,
ação que muitos países desenvolvidos já implementaram para a redução de
emissões e usos eficientes de energia.
No Brasil, a ANEEL através da Portaria Nᵒ. 538/2015, resolve criar o Programa
de Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia Elétrica (ProGD), qual
possui os seguintes objetivos:
- promover a ampliação da Geração Distribuída (GD) de energia elétrica, com
base em fontes renováveis e cogeração;
- incentivar a implantação de geração distribuída em:
a) edificações públicas, tais como escolas, universidades e hospitais; e
b) edificações comerciais (shopping centers por exemplo), industriais e
residenciais.
A GD é uma expressão utilizada para designar a geração de energia elétrica
realizada junto ou próxima dos consumidores, independentemente da potência,
tecnologia e fonte de energia.
Segundo o INEE (2015), as tecnologias de GD têm evoluído para incluir
potências cada vez menores. A GD inclui:
- co-geradores;
- geradores que usam como fonte de energia resíduos combustíveis de
processo;
- geradores de emergência;
- geradores para operação no horário de ponta;
40
- painéis fotovoltaicos;
- pequenas centrais hidrelétricas (PCH's).
Grande parte dos shopping centers, como grandes centros comerciais e que
desta forma, a energia elétrica é fundamental para garantir a continuidade da
operação dos negócios, possuem grupo geradores quais são utilizados, seja na
forma de operação em emergência, quando ocorre a interrupção do fornecimento
de energia elétrica por parte da concessionária de energia, seja em operação em
horários de pico no sentido de reduzir os gastos com energia elétrica nestes
horários.
Com o ProGD, estes geradores podem ter seu perfil de funcionamento
alterado, de forma que produzam energia a ser injetada novamente na rede elétrica
de distribuição energia.
A criação do ProGD, elenca vantagens sobre a geração de energia no país,
pois economiza investimentos em linhas de transmissão e em novas usinas de
geração elétrica, baixo impacto ambiental, diversificação da matriz energética e
consequentemente garante maior estabilidade no fornecimento de energia elétrica.
No contexto de identificação de alternativas quanto a expansão e
diversificação da matriz energética brasileira, se encontram as pequenas centrais
geradoras.
A micro e a minigeração distribuída consistem na geração de energia elétrica a
partir de pequenas centrais geradoras que utilizam fontes renováveis como a
energia hidráulica, solar, eólica, biomassa ou cogeração qualificada, interligadas à
rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras.
Dentre estas unidades consumidoras, se encontram os shopping centers.
A micro e minigeração distribuída são diferenciadas de acordo com sua
potência instalada. A microgeração distribuída se classifica como uma central
geradora de energia elétrica com potência instalada menor ou igual a 100 kW; Já a
minigeração distribuída se classifica como uma central geradora de energia elétrica
com potência instalada superior a 100 kW e menor ou igual a 1 MW.
41
A Resolução Normativa Nº. 482/2012, qual se refere ao Sistema de
Compensação de Energia Elétrica, permite que a energia excedente gerada pelo
shopping center ou por qualquer outra unidade consumidora como micro ou
minigeração seja injetada na rede da distribuidora, qual funcionará como uma
bateria, armazenando esse excedente até o momento em que a unidade
consumidora necessite de energia proveniente da distribuidora.
Explicitando, a energia elétrica excedente é cedida à distribuidora local, sendo
posteriormente compensada com o consumo de energia elétrica dessa mesma
unidade consumidora ou até mesmo por outra unidade consumidora de mesma
titularidade da geradora
Isto significa que o consumo de energia elétrica a ser faturado corresponde à
diferença entre a energia consumida e a injetada na rede elétrica da distribuidora.
E, havendo excedente de energia elétrica injetada na rede na distribuidora, o
excedente poderá ficar como saldo positivo para o faturamento do mês seguinte ou
ser consumida por outras unidades consumidoras do mesmo titular da geradora.
A iniciativa de instalação de micro ou minigeração distribuída é do consumidor.
A ANEEL não estabelece o custo dos geradores nem eventuais condições de
financiamento.
Entretanto, cabe ao consumidor realizar a análise da relação de
custo/benefício para instalação de geradores.
Há várias circunstâncias a serem consideradas nessa projeção: tipo da fonte
de energia (painéis solares, turbinas eólicas, geradores a biomassa, etc..),
tecnologia dos equipamentos de geração, porte da unidade consumidora e da
central geradora, localização (rural ou urbana), tarifa à qual a unidade consumidora
está submetida, condições de pagamento/financiamento do projeto e existência de
outras unidades consumidoras que possam usufruir dos créditos do sistema de
compensação de energia elétrica (ANEEL, 2014).
A ANEEL vem contribuindo com o desenvolvimento de políticas energéticas
em detrimento da preocupação mundial a respeito da redução de impactos
ambientais e escassez de recursos naturais para a geração de energia elétrica.
42
Essa preocupação se justifica mesmo em um país como o Brasil, que
apresenta uma matriz energética em que quase metade está associada a energias
renováveis. Conforme estudos da IEA (2013) estima-se que a eficiência energética
pode contribuir com quase 50% da mitigação de emissão de gases de efeito estufa
(PNE 2050, 2014).
O consumidor final de energia é um importante componente na equação da
expansão do setor energético.
No intuito de consolidar os direitos e deveres dos consumidores de energia
elétrica, a ANEEL estabeleceu a Resolução Nº. 414/2010, que trata das Condições
Gerais de Fornecimento de Energia Elétrica, em substituição à Resolução Nº.
456/2000.
De fato, a estratégia de atendimento à demanda futura de energia deve
considerar ações sob o ponto de vista tanto da expansão da oferta quanto da
redução da demanda específica de energia para a realização de serviços
energéticos, necessários para a produção de bens e serviços, para obtenção de
produtos finais ou para proporcionar mobilidade e/ou conforto aos consumidores
finais (PNE 2050, 2014).
Com o intuito de reduzir o consumo de energia em empreendimentos de
grande porte e que mais consomem energia elétrica, busca-se a implantação de
projetos de eficiência energética e conservação de energia.
Mundialmente, as edificações respondem por aproximadamente 32% da
demanda global de energia e várias iniciativas para reduzir o consumo de energia
nestes consumidores tem sido conduzidas, incluindo o estabelecimento de padrões
mínimos de desempenho para edificações e o estabelecimento sistemas de
certificação voluntária (IEA, 2012).
Sob o ponto de vista da eficiência energética, o impacto de ações neste
campo resulta do uso de equipamentos mais eficientes, como também a partir dos
hábitos de uso das tecnologias disponíveis.
Dentre as edificações, se encontram os shopping centers, tipologia explorada
nessa pesquisa como contribuição à área de Gerenciamento de Facilidades para a
gestão dessas edificações de grande consumo energético nos centros urbanos.
43
2.2 Objetivo
O aumento crescente da demanda por energia elétrica e consequentemente
maior necessidade de produção de energia elétrica trazem grandes impactos
ambientais devido a necessidade de construção de novas usinas de geração de
energia elétrica e pela utilização cada vez mais frequente das usinas termoelétricas.
Neste contexto, a questão da economia energética se torna um dos principais
tópicos da atualidade, comum a todos os setores sociais e econômicos do país,
explicitando a necessidade sobre o desenvolvimento sustentável e de meios
racionais e eficientes para o desenvolvimento das atividades do país.
Diante desta demanda, será desenvolvido procedimentos para o diagnóstico
energético de sistemas identificados como maiores consumidores de energia
elétrica em shopping centers, proporcionando a redução de custos operacionais
através da economia de energia elétrica.
Para exemplificar os benefícios da eficiência energética, serão apresentados
casos de sucessos de projetos de eficiência energética aplicados em shopping
centers.
44
3. METODOLOGIA
Mediante o objetivo deste trabalho, buscou-se uma delimitação específica no
intuito de melhor direcionar o desenvolvimento desta monografia.
Desta forma, espera-se apresentar como um material de estudo e referência
para conservação de energia e projetos sustentáveis.
Como metodologia utilizada para desenvolver este trabalhou, buscou-se
utilizar as seguintes premissas:
- demonstrar o panorama qual o Brasil vem desenvolvendo em relação a
políticas e programas de eficiência energética;
- contribuir para a consolidação de um referencial teórico referente a eficiência
energética e conservação de energia em shopping centers;
- identificar as tecnologias existentes referentes às formas de geração de
energia elétrica;
- propor sugestões de projetos de eficiência energética;
- demonstrar as premissas da crise energética brasileira de 2015, retratando a
necessidade de atenção ao meio ambiente e projetos de eficiência energética em
todo o mundo;
- caracterizar a indústria crescente do mercado de shopping centers e seu
potencial de desenvolvimento sustentável;
- mapear em shopping centers, os sistemas que mais consomem energia
elétrica;
- definir formulários de apoio para o levantamento de dados e propor
recomendações que possam subsidiar uma melhora no desempenho energético de
shopping centers;
- evidenciar através de alguns cases aplicados a shopping centers, que a
prática a respeito de eficiência energética pode trazer benefícios ao
empreendimento e ao meio ambiente.
45
3.1 Estruturação do Documento
Esta monografia se encontra organizada em 9 capítulos, cujo conteúdo
descreve-se a seguir.
No Capítulo 1 o autor desenvolve o contexto referente a introdução desta
monografia.
No capítulo 2, o autor demonstra a crise energética brasileira em 2015, assim
como as questões que contribuíram para este acontecimento. Neste capítulo
também é abordado o tema do desenvolvimento energético e programas de
eficiência energética desenvolvidos no Brasil, assim como as crises energéticas
enfrentadas pelo país e oportunidades desenvolvidas como Soluções aos
problemas encontrados.
No Capítulo 3 o autor descreve a respeito da metodologia qual se utilizou para
o desenvolvimento desta monografia e a forma de estruturação do documento.
Quanto ao capitulo 4, se trata da definição e do crescimento contínuo dos
shopping centers, números atuais quanto a quantidade de shopping centers, fluxo
de pessoas e resultados econômicos.
No capítulo 5, é realizado pelo autor, um breve resumo a respeito de
gerenciamento de facilidades e de como é empregado em shopping centers.
Para o capítulo 6, o autor buscou expor dados referentes ao consumo de
energia em shopping centers, levantados através de verificação das medições de
consumo de energia de alguns shopping centers, demonstrando sucintamente as
característica de cada um destes empreendimentos, sua localidade e quanto
representa o consumo de energia nas contas ordinárias do condomínio.
No capítulo 7, o autor desenvolveu a respeito dos métodos de avaliação e
indicadores de eficiência energética de edifícios que podem ser utilizados no setor
de shopping centers.
Foi apresentado no capítulo 8, os procedimentos para realização do
diagnóstico energético dos sistemas que mais consomem energia em um shopping
center.
46
Para o capítulo 9, foram apresentados alguns cases de sucesso em eficiência
energética aplicados a shopping centers.
E, concluindo o trabalho, no capítulo 10, o autor realiza as considerações
finais a respeito da monografia apresentada, retomando as questões e os objetivos
apresentados no capítulo 1.
47
4. SHOPPING CENTERS
As origens do comércio remontam à troca de produtos. Tais trocas tinham
como objetivo prover produtos necessários à sobrevivência. Dessa forma, alimentos
eram produzidos para abastecimento e para serem trocados por outros alimentos
ou vestuário. Esse processo é fruto da gradual reestruturação social dos povos
nômades, que através da divisão do trabalho, possibilitou a permanência num
mesmo local e a produção de excedentes para a troca (ROLL, 1962).
Ao longo do tempo a troca (comércio) foi ganhando maior importância como
atividade econômica. Do Egito e Mesopotâmia, passando pelo Império Romano, a
importância do comércio está calcada em seu caráter de Solução de abastecimento
e produção, divisão do trabalho, bem como de atividade lucrativa (para os
produtores e para os cobradores de impostos) (VARGAS, 1992 apud Garrefa,
2005).
Com o avanço do Mercantilismo, a partir do século XV, a atividade comercial
passa a ser entendida como necessária ao crescimento das economias nacionais,
sendo a fonte original de acumulação de metais preciosos (ouro e prata), medida de
riqueza de uma nação (GARREFA, 2005).
Entre as grandes alterações ocorridas nas metrópoles europeias do século
XIX, o surgimento das galerias (passagens comerciais acessíveis aos pedestres),
iniciaram uma revolução nos espaços de compra, contribuindo para o surgimento
de espaços que posteriormente ganhariam a forma dos shopping centers no século
XX (GARREFA, 2005).
As inovações propostas pelas lojas de departamento foram muito
significativas. Podem-se destacar a alocação de espaço dentro da loja segmentada
por departamentos, o foco no atendimento às mulheres como principais clientes,
disponibilizando inclusive berçário e sala de leitura, bem como a fixação do preço
do produto junto à mercadoria (SENNET, 1998 apud GARREFA, 2005).
A idéia de fixar o preço junto ao produto foi uma grande evolução, por dois
aspectos principais. Primeiro por evitar o comportamento de negociação de preços;
o preço estava fixado. Decorrência disso possibilitou que os proprietários dessas
48
lojas criassem redes de loja, uma vez que a presença física do proprietário
necessária para a negociação, não se fizesse mais fundamental (GARREFA, 2005).
Nesse contexto surgem os primeiros centros comerciais chamados de
shopping center nos EUA.
Em 1956 foi inaugurado o primeiro shopping regional do mundo. O Southdale
Center foi implantado contendo dois pavimentos, uma área comum bastante
confortável e contendo duas lojas de departamento como lojas âncoras (MELLO
JÚNIOR, 2005).
Eppli et al (1994) considera a construção do Southdale Mall como um ponto de
mudança na história da indústria do varejo, afirmando que o modelo implantado
nesse shopping é o mesmo que liderou o crescimento da indústria de shopping
center nos EUA, qual seja, a idéia de unir lojas pequenas (satélites) e lojas grandes
(âncoras) num espaço compartilhado de varejo, com o intuito de elevar a venda
para todos os lojistas presentes nesse novo “sistema” varejista.
Segundo Richter (1954, apud Garrefa, 2005), entre os fatores determinantes
para o crescimento do número de shopping center nos EUA se destacam o rápido
crescimento urbano, a necessidade de mais segurança e maior conforto no
momento de compra, além de questões climáticas.
Os shoppings tornaram-se grandes propulsores do crescimento urbano,
valorização imobiliária e geração de empregos (JUNIOR, NETO, PEREIRA,
COIMBRA, 2009).
São empreendimentos que reúnem inúmeros estabelecimentos comerciais,
lanchonetes, restaurantes, salas de cinema, playground, parques de diversões e
estacionamento, centralizados arquitetônica e administrativamente, normalmente
constituindo um condomínio.
Já no Brasil, conforme Giuliani (2003), o varejo inicia-se na metade do século
XIX, com estabelecimentos comerciais visando atender à aristocracia com produtos
importados e que se tornariam grandes lojas de departamento e referência no
varejo.
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ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS ANO
Casa Masson 1871 Casas Pernambucanas 1906
Mesbla 1912 Mappin Stores 1913
Lojas Americanas 1929 Sears 1949
Tabela 1: Surgimento de Grandes Lojas de Departamento Fonte: Giuliani (2003)
Tais práticas gerenciais baseavam-se nos modelos de lojas já existentes nos
EUA e Europa, chegando ao país principalmente com capital estrangeiro e sempre
com significativo atraso (JUNIOR; NETO; PEREIRA; COIMBRA, 2009).
O primeiro shopping center inaugurado no Brasil, foi o Shopping Iguatemi SP,
localizado na cidade de São Paulo que teve sua inauguração em 1966. Cerca de
cinco anos após sua inauguração, começaram a surgir outros shopping centers.
O Shopping Iguatemi SP foi inaugurado em 28/11/1966, possui 46.134 m² de
ABL distribuídos em 3 pavimentos de lojas e se encontra em funcionamento até
hoje.
Figura 7: Shopping Iguatemi SP Fonte: Shopping Iguatemi SP (2015)
O Conjunto Nacional de Brasília, inaugurado em 1975, no entanto, é
considerado o primeiro shopping center no Brasil a seguir os conceitos e padrões
internacionais, como aluguel dos espaços aos lojistas, administração centralizada e
convenção de condomínio, uma vez que uma parcela da lojas do Shopping
Iguatemi SP, foi vendida aos lojistas (CASTELLO BRANCO et al, 2007).
50
Em 1976, foi criada a Associação Brasileira de Shopping Centers (ABRASCE),
qual representa a indústria de shopping centers no Brasil com o objetivo de
fortalecer e colaborar com o desenvolvimento deste segmento no país.
A ABRASCE é uma entidade de classe de âmbito nacional, constituída como
associação, na forma dos artigos 53 e seguintes do Código Civil, com duração
indeterminada e finalidade de representar e defender os interesses dos
empreendedores, investidores e gestores de shopping centers (ABRASCE, 2009).
De acordo com os critérios adotados pela ABRASCE, apresenta-se na tabela
2, a classificação onde sua aplicação é recomendada aos shopping centers em
geral, como instrumento de aferição, estatística e apoio gerencial.
Tabela 2: Classificação de Shopping Centers no Brasil Fonte: ABRASCE (2015)
O mercado brasileiro de shopping center apresentou significativo crescimento
nos últimos anos. De um total de 292 centros de compra existentes no país até
dezembro de 2002, esse mercado foi acrescido de 204 novas unidades até
dezembro de 2013 (ABRASCE, 2014).
51
Diversos fatores contribuíram para a expansão desse mercado no período
supracitado. De acordo com Castello Branco et. al (2009), a melhora das condições
macroeconômicas do mercado brasileiro de consumo explicam grande parte dessa
forte elevação no número de novos empreendimentos.
As lojas estabelecidas no interior de shopping centers, possuem alguns custos
aos proprietários/investidores como:
- aluguel;
Segundo Pinto (2001), aluguel é uma relação onde uma das partes se obriga a
realizar pagamento mediante ao uso e gozo de um bem móvel ou imóvel.
- aluguel mínimo;
Definido de acordo com a localização (ponto) e área da loja.
Segundo ICSC (1997), o aluguel mínimo é aquela quantia específica em
moeda corrente, paga pelo lojista, estipulado como uma quantia anual, sendo
dividido em doze prestações mensais devidas e pagáveis em datas a serem
combinadas de forma contratual.
Para Alexander (1994), o aluguel mínimo é o valor estipulado para cada metro
quadrado alugado a um lojista, por meio contratual, sendo gerador de uma
obrigação mensal a ser paga em data acordada.
- aluguel percentual ou variável;
Aluguel cobrado conforme desempenho das vendas da loja.
Segundo ICSC (1997), a escala dos aluguéis percentuais pode ter uma grande
variação, dependendo do tipo de varejista que se instala no shopping.
- condomínio;
Se trata de todas as despesas referentes as áreas comuns do
empreendimento como: segurança, limpeza, manutenção, água, energia, insumos e
demais despesas necessárias a operação do shopping center.
52
De acordo com Moura (2005), pode-se definir condomínio como uma
propriedade pertencente ao mesmo tempo a mais de uma pessoa, cabendo a cada
uma delas direitos e deveres iguais sobre o todo e cada uma das partes.
- fundo de reserva;
Destinado a utilização de despesas não previstas em orçamento de
condomínio.
- fundo de promoção;
Destinado aos eventos e propagandas efetuadas pelo shopping para
divulgação do empreendimento e atratividade de novos clientes.
O fundo de promoção corresponde ao valor pago pelo varejista destinado a
custear as despesas de promoção e publicidade dos shopping centers (JUNIOR;
NETO; PEREIRA; COIMBRA, 2009).
Em sua maioria, esse fundo é pago por todos os varejistas que compõem a
estrutura do shopping center, assim como a própria administração, com o propósito
de tornar o empreendimento sinônimo de sucesso e reconhecimento (BRMALLS,
2009).
A administração de um shopping center tem como pilares centrais de suas
receitas perante os lojistas, o aluguel, o condomínio e o fundo de promoções, que
capitalizam a administração do shopping para a manutenção de todas e quaisquer
atividades organizacionais e promocionais (JUNIOR; NETO; PEREIRA; COIMBRA,
2009).
Além das despesas citadas acima, o lojista deve arcar não tão somente com
suas despesas de materiais, insumos, funcionários, etc..., mas com as despesas de
área privativa, específica de acordo com o ramo de atividade de cada loja, como:
- custos referente a água gelada para equipamentos de ar condicionado;
- energia elétrica;
- água;
- gás;
53
- IPTU;
- controle de pragas;
- auditoria sanitária.
O setor de shopping centers no Brasil revela números significativos de
crescimento, demonstrando pluralidade de possibilidades e boas perspectivas
(JUNIOR, NETO, PEREIRA, COIMBRA, 2009).
Segundo a ABRASCE (2015), atualmente no Brasil, o setor de shopping
centers conta com 534 empreendimentos e 14.637 milhões de m² em ABL.
Tabela 3: Números do Setor de Shopping Centers no Brasil (Nov/15)
Fonte: ABRASCE (2015)
Em 2014, o faturamento deste setor atingiu 142,3 bilhões de reais com um
fluxo médio de 431 milhões de pessoas por mês.
A proposta dos shopping centers em oferecer segurança e a facilidade de
encontrar tudo no mesmo lugar, aliada à ideia de modernidade e progresso, foram
os maiores atrativos para os brasileiros elegerem esses empreendimentos como
lugar privilegiado para compras e lazer (ABRASCE, 2009).
54
O crescimento econômico representa um dos fatores essenciais para o
desenvolvimento de uma nação, cidade ou até mesmo de uma determinada região,
o que propicia melhorias na qualidade de vida e na sociedade, entretanto, promover
condições para o desenvolvimento está diretamente relacionado à alterações do
meio ambiente que, atualmente, em sua grande maioria, se resume a um impacto
negativo.
A seguir, evidencia-se a evolução dos shopping centers brasileiros.
Tabela 4: Evolução do Setor de Shopping Centers nos Últimos Anos Fonte: ABRASCE (2015)
Gráfico 4: Evolução da ABL em milhões de m² em Shopping Centers Fonte: ABRASCE (2015)
55
Gráfico 5: Evolução do N.º de Empregos em Shopping Centers Fonte: ABRASCE (2015)
Gráfico 6: Evolução do Faturamento em Bilhões de Reais em Shopping Centers
Fonte: ABRASCE (2015)
Mesmo com diversas dificuldades econômicas enfrentadas no ano de 2014,
Humai (2015), divulgou que os shopping centers brasileiros por mais uma vez,
apresentaram um crescimento econômico acima do comércio varejista e da
inflação.
56
O melhor modelo estratégico para um shopping altamente produtivo está
baseado em uma experiência de compra que dá aos clientes o que eles querem.
Embora isso seja óbvio, não é sempre praticado nos shoppings tradicionais
(WILLIAMS, 2008).
A tendência do universo dos shoppings é de deixarem de ser somente templos
de consumo e passarem a ser verdadeiras áreas de convivência, com estilo cada
vez mais voltado ao tradicional e, sendo priorizado, o uso de espaços abertos e um
cuidado cada vez mais voltado ao planejamento arquitetônico (ARAUJO, 2007).
Entretanto com as crises econômicas pelas quais o Brasil vivencia, o mercado
de shopping center pode se estagnar.
Inúmeros são os riscos a este tipo de segmento em relação a crises
energéticas e econômicas.
Adicionalmente, a concorrência no mercado brasileiro de shopping centers
está aumentando. A concorrência com novos shopping centers pode implicar em
mais investimentos do que aqueles que normalmente seriam necessários.
O lucro proveniente dos aluguéis, por meio de contratos de locação, é a
principal fonte de receitas dos empreendedores, onde a falta de pagamento,
alteração nos preços de locação devido a ações de renovação ou aumento no
número de lojas vagas nos shopping centers, incluindo a decisão dos locatários de
desocuparem as lojas antes do término do contrato de locação, resultará na
redução das receitas, o que afetará adversamente o empreendimento.
Segundo ICSC (1997), os ganhos de um shopping center advêm da locação e,
qualquer que seja o tamanho do shopping, o mesmo sobrevive dos aluguéis.
Entre as tipologias de empreendimento imobiliário do Real Estate, shopping
center é classificado como um empreendimento de base imobiliária, uma vez que a
receita obtida por tal empreendimento decorre do aluguel de espaços às empresas
varejistas, que em contrapartida, pagam aluguel aos empreendedores do centro de
compras (LIMA JR, 2011).
Os empreendedores sem a arrecadação dos aluguéis advindos das lojas
podem tomar a decisão de encerrar as atividades do empreendimento.
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Um exemplo claro deste risco é o Shopping Randall Park. Foi o maior
shopping center do mundo, mas hoje é um edifício gigante abandonado. Fechou
suas portas em 2009 após a recessão americana. Em sua inauguração, em 1976,
no estado de Ohio, o shopping empregava mais de 5 mil pessoas numa cidade de
pouco mais de 1500 pessoas.
Figura 8: Shopping Randall Park Abandonado Fonte: Seph Lawless (2014)
Dependendo da região de localização de cada shopping center, pode haver
diferentes níveis de ocupação e a capacidade de alugar as áreas disponíveis, bem
como as vendas dos locatários.
No mercado de shopping centers é importante que os custos de manutenção
sejam baixos, a fim de que os custos de ocupação dos lojistas, incluindo o aluguel
das lojas pagos aos proprietários destes empreendimentos não ultrapassem um
percentual em torno de 15% de suas vendas. Como a energia elétrica em alguns
casos podem atingir até 30% do valor das despesas condominiais, a forma de
modificar essa realidade seria estabelecer projetos de eficiência energética e
conservação de energia.
Os fatores a seguir, entre outros, podem afetar adversamente o desempenho
operacional dos shopping centers:
- redução no nível de ocupação dos shopping centers e/ou aumento na
inadimplência por parte dos locatários poderia reduzir as receitas de aluguéis;
58
- reduções nas receitas devido a recessões econômicas ou desaquecimento
da economia brasileira;
- aumento nas despesas relativas a manutenções, renovações, reparos e
renovação do aluguel das propriedades;
- falta de cumprimento ou violações por parte dos locatários acerca das
obrigações contratuais;
- aumento dos impostos sobre o negócio ou nos negócios dos locatários;
- aumento nas despesas gerais e administrativas e nos custos operacionais;
- alterações regulatórias que afetam o mercado de shopping centers, incluindo
as normas de zoneamento;
- concorrência de outros tipos de lojas e canais de varejo, como e-commerce.
A redução no fluxo de consumidores devido à concorrência, crise econômica,
ou o aluguel de áreas para locatários por concorrentes em termos mais favoráveis,
pode dificultar as renovações dos aluguéis das lojas, o que, por sua vez, pode
aumentar a vacância nos shopping centers.
Crises ou políticas econômicas de outros países podem reduzir o interesse
dos investidores no mercado imobiliários brasileiro, inclusive nas ações ordinárias
dos empreendedores brasileiros.
A redução da liquidez e das linhas de crédito, em conjunto com os prejuízos
significativos nos mercados acionários mundiais, inclusive no Brasil, podem
instaurar uma recessão ou desaquecimento econômico mundial. O desaquecimento
prolongado das atividades econômicas no Brasil podem reduzir a demanda por
parte do consumidor e consequentemente, afetar adversamente os resultados
operacionais dos shopping centers.
Os negócios, a situação financeira e os resultados operacionais podem ser
afetados por mudanças nas políticas ou nos regulamentos que envolvem ou afetam
certos fatores, tais como:
- inflação;
59
- políticas cambiais e monetárias;
- instabilidade social;
- redução da liquidez dos mercados de capitais e crédito domésticos;
- elevação das taxas de juros;
- políticas fiscais e alterações na legislação fiscal;
- mudanças nas políticas e normas trabalhistas;
- racionamentos de energia elétrica;
- outros acontecimentos políticos, sociais e econômicos que venham a ocorrer
no Brasil ou que o afetem.
As medidas adotadas pelo governo brasileiro ou especulações sobre as
medidas governamentais futuras poderiam resultar em incertezas acerca da
economia brasileira e aumentar a volatilidade nos mercados de capitais domésticos,
o que poderia afetar adversamente o negócio, a condição financeira e os resultados
operacionais dos shopping centers.
Com a crise econômica, a desvalorização da moeda brasileira em relação ao
dólar podem criar pressões inflacionárias adicionais no Brasil e acarretar em
aumentos das taxas de juros, podendo afetar de modo negativo a economia
brasileira como um todo, incluindo o nível de consumo e, em particular, os
resultados operacionais e o preço de mercado das ações ordinárias dos
investidores.
Os serviços públicos, especialmente água e eletricidade, são essenciais para
a operação contínua e segura dos shopping centers. Qualquer interrupção
significativa desses serviços e aumento imprevisto nas taxas de tais serviços como
vem ocorrendo em 2015, pode resultar em um aumento dos custos aos locatários e
desestabilizar o mercado de shopping centers.
Para que os shopping centers não tenham que enfrentar uma crise devido a
instabilidade econômica do país, devem possuir a presença de um gerente de
facilidades no intuito de realizar a administração e gestão do empreendimento.
60
Administrar um shopping center, certamente caracteriza-se como uma das
tarefas mais fascinantes e complexas do varejo de produtos e da prestação de
serviços pela total incerteza do cenário socioeconômico cada vez mais globalizado,
pela busca intensa da harmonia do relacionamento empreendedores-varejistas,
pela busca do diferencial competitivo e da satisfação e lucratividade de investidores,
parceiros, acionistas e, principalmente, pela grande diversificação e expectativas
dos clientes internos e externos diante de suas necessidades (JUNIOR, NETO,
PEREIRA, COIMBRA, 2009).
A princípio, tornar um shopping center mais eficiente energeticamente pode
soar um objetivo bem claro, louvável, realizável e até rentável, mas, na prática,
muitas barreiras tendem a se colocar no caminho da implantação dos projetos
necessários.
Algumas delas são pontuadas por Vargas Júnior (2006), conforme segue:
- falta de conhecimento sobre o assunto, que pode levar à desconsideração de
certos conceitos sobre conservação de energia elétrica;
- compras baseadas no menor custo em detrimento da melhor eficiência dos
equipamentos;
- falta de especificações técnicas adequadas;
- falta de incentivo das concessionárias, uma vez que estas passariam a lucrar
menos devido ao menor consumo energético;
- falta de interesse de fabricantes, que necessitariam disponibilizar maiores
investimentos em pesquisa e modernização em sua linha de produção;
- falta de recursos financeiros dos consumidores para adquirir produtos mais
eficientes, os quais são costumeiramente mais caros.
Ornstein; Romero (1992) complementam ainda que no Brasil, os próprios
agentes produtores e usuários das edificações podem criar barreiras à sua
avaliação, como mecanismo de autodefesa, pois esta área de atuação (a avaliação)
é compreensivelmente entendida como sinônimo de repressão.
61
5. GERENCIAMENTO DE SHOPPING CENTERS
O aumento da complexidade dos sistemas prediais e de seu grau de interação,
bem como das necessidades de uso racional de insumos naturais e energéticos e
administração de questões ambientais, impõe o gerenciamento do edifício e de
seus sistemas à especialistas, impulsionando progressivamente a importância e o
interesse pelo Gerenciamento de Facilidades (ANTONIOLI, 2003).
Os países desenvolvidos, de cultura anglo-saxônica, começaram a se
interessar pelo gerenciamento efetivo do edifício e seus sistemas nos anos oitenta.
Esta atividade é conhecida nestes países pelo nome de Facilities Management
(ANTONIOLI, 2003).
Dentre as diversas tipologias de edificações existentes a serem gerenciadas,
os shopping centers podem ser considerados como uma das mais completas
devido a quantidade e diversidade de equipamentos e procedimentos operacionais.
No Rio de Janeiro, o IAB-RJ e conjunto com o PROCEL EDIFICA e a
ELETROBRÁS, depois de extensa pesquisa publicaram em 2005 o Caderno de
Boas Práticas - Eficiência Energética em Edificações Brasileiras: Shopping Centers,
em decorrência da necessidade de implantação de eficiência energética nestes
empreendimentos.
Segundo a publicação da Revista ESPECIALIZE em julho/2013, esta pesquisa
afirma que os shoppings podem ser considerados como um dos ramos do setor
comércio/serviços mais intensivos em consumo de energia, com indicadores de
consumo mensal por ABL - ou seja, a área efetivamente dedicada às lojas - entre
30 kWh/m² e 70 kWh/m².
Aplicando o gerenciamento em diversos serviços presentes sob a gestão do
gerente de facilidades de um shopping center, serão identificadas mudanças que
necessitam ser realizadas para sustentar adequadamente o consumo de energia
consciente e empregar a menor quantidade de energia necessária para a execução
destes serviços.
De modo geral, o gerenciamento de facilidades abrange áreas de
conhecimento da engenharia, arquitetura e administração. Seu propósito é otimizar
62
o uso dos recursos disponíveis e aperfeiçoar o desempenho dos edifícios e seus
sistemas, contribuindo para a eficiência do ambiente construído (DEGANI, 2010).
Através do gerenciamento de facilidades, procura-se administrar a operação
de edificações objetivando otimizar a utilização de recursos e a funcionalidade
oferecida no mais amplo sentido, de maneira a torná-las instrumentos de
alavancagem dos negócios desenvolvidos no ambiente construído (ANTONIOLI,
2003).
Dentre os serviços e infraestruturas a serem administrados, está a questão do
consumo energético do empreendimento.
Segundo Casado (2015), a maior preocupação dos shopping centers é o
consumo de energia.
Os gerentes de facilidades de shopping centers tem papel significativo e
decisivo para a redução de consumo de energia, já que é este profissional que
tende a conhecer todos os serviços e equipamentos do empreendimento, assim
como deve ter o conhecimento de novas tecnologias e contato direto com a
superintendência e investidores a fim de apresentar projetos de eficiência
energética para aprovação e implantação.
O emprego destes projetos deverá refletir não só em uma redução de
consumo de energia e consequentemente a redução do valor da conta de energia,
mas também na minimização de custos operacionais, onde a tendência será de se
utilizar menos energia e/ou realizar por menos vezes algum serviço ou
procedimento, poupando também o meio ambiente e seus recursos naturais.
Analisando as questões levantadas, acredita-se que existem muitos
obstáculos para se alcançar um status mais sustentável do cenário energético, que
no Brasil residem na figura de empresários, gestores e executivos responsáveis
pelo processo decisório (MANO, 2014).
Em edificações institucionais e comerciais, tais como hospitais, universidades,
shopping centers, escritórios e outros, a forma pela qual o edifício e seus sistemas
são operados e mantidos, influencia diretamente tanto os custos de bens e serviços
ali produzidos quanto a qualidade do ambiente interno, com reflexos importantes
63
sobre a saúde e a produtividade das pessoas usuárias do edifício (ANTONIOLI,
2003).
É necessário, portanto, desenvolver novas abordagens que permitam lidar
adequadamente com os modernos e complexos sistemas prediais, atendendo
corretamente as também complexas Solicitações de seus usuários (ANTONIOLI,
2003).
Conforme a definição do International Facility Management Association
(IFMA), o papel do gerente de facilidades é realizar a gestão de facilidades
integrando múltiplas disciplinas, para assegurar a funcionalidade do ambiente
construído, por meio da integração de pessoas, locais, processos e tecnologia.
No entanto, cada empreendimento, ou seja, cada shopping center, possui
suas características específicas, cada um com seu nível de complexidade e com
grande variedade de serviços e processos envolvidos.
O gerenciamento de todas estas atividades exige um grau elevado de
experiência e atenção focando não somente na parte operacional do
empreendimento, mas também direcionando ações estratégicas.
Segundo ICSC (1997), o administrador de shopping center pode ser o próprio
empreendedor, um funcionário do empreendedor ou um prestador de serviços, isto
é, um administrador ou empresa administradora que opera o shopping mediante um
contrato com o empreendedor.
Sua maior responsabilidade é aumentar o valor da propriedade – o shopping
center. Para fazê-lo, os administradores devem estar totalmente familiarizados com
as condições básicas da instalação do seu centro – como é a edificação onde está
instalado, como funciona, como está operando e quais são os resultados, além de
conhecer as estimativas dos relatórios financeiros (JUNIOR, NETO, PEREIRA,
COIMBRA, 2009).
Os shopping centers possuem uma característica que se assemelha a locais
públicos, mas por outro lado possuem características bem diferentes de indústrias,
empresas e edifícios corporativos, no que diz respeito ao acesso e fluxo de
pessoas.
64
Em geral, shopping centers não possuem controle de acesso ao
empreendimento, de quantas pessoas visitarão o local por dia, qual sua índole, grau
de instrução, etc... Existe uma população fixa composta de funcionários da
administração, lojistas e prestadores de serviços que circulam pelo shopping
diariamente, mas existe uma gama de pessoas muito maior que frequentam estes
empreendimentos todos os dias, que se utilizam do mesmo e que consomem dos
bens e serviços disponíveis no local.
Esta questão se torna importante no tocante de divulgação das ações que o
gerente de facilidades, sua equipe e demais membros da administração junto com
lojistas veem tomando no empreendimento para que haja um consumo racional e
eficiente de energia e em contrapartida contribua com o meio ambiente. Não só
divulgar os projetos implementados é interessante, como a conscientização através
de eventos de marketing, divulgação da política de conservação de energia através
de folhetos, faixas, cartazes, promoções, campanhas e etc...
O gerenciamento de um empreendimento deve-se iniciar desde as fases
iniciais de projetos e sua concepção até as demais fases envolvidas em seu ciclo
de vida, porém nem sempre existe um gerente de facilidades envolvido desde estas
fases iniciais, fazendo com que projetos de eficiência energética tenham um
trabalho um pouco mais árduo e complexo, e geralmente com custos mais elevados
para que possam ser implementados.
Ainda no ano de 2015, após a evolução de diversas áreas e novas
tecnologias, são raros os cursos quanto ao desenvolvimento de profissionais nesta
área e/ou que sejam moldados por empresas para que tenham um perfil bem
definido acerca das atribuições de um gerente de facilidades.
Pearson (2009) no artigo sobre eficiência energética relata que, não somente
quanto ao consumo de energia, mas também quanto aos demais aspectos de
sustentabilidade, “os programas mais bem planejados não irão funcionar a menos
que responsabilidade por resultados comprovados seja atribuída a alguém.”
Entretanto, até hoje, a carência de capacitação é um obstáculo em debate em
workshops e congressos de gerentes de facilidades.
Dando continuidade ao histórico do gerenciamento de facilidades no Brasil, em
2003 é criado o curso de especialização em MBA de Gerenciamento de Facilidades
65
da Universidade de São Paulo. Em seguida, também surgem as capacitações do
SENAI e, em 2004, é criada a ABRAFAC, num cenário de avanços tecnológicos e
quebra de paradigmas no segmento (DEGANI, 2010).
O uso de técnicas e ferramentas utilizadas em todo o mundo agrega valor ao
empreendimento se utilizadas adequadamente. Um cronograma de todas as
atividades deve ser realizado e acompanhado de forma eficaz, priorizando a análise
de melhorias em todos os processos e evitando desperdícios de mão de obra,
equipamentos, materiais, investimentos e de utilidades como água, energia e gás.
A energia utilizada hoje está intimamente ligada ao padrão de vida da
população. Ela faz parte da luta do homem pela sobrevivência e está presente em
todas as atividades humanas (SILVA, 2006).
Logo, os projetos de automação na área de energia são de fundamental
importância para garantir o aumento da eficiência no uso da eletricidade,
proporcionando um grande número de benefícios, pois o acréscimo da eficiência
significa diminuir custos, aumentando assim a competitividade dos produtos.
(SILVA, 2006).
As empresas no geral assim como shopping centers tendem a trabalhar com
equipes menos robustas, ou seja, um bom gerenciamento deve ter definido
claramente as funções e responsabilidades de cada funcionário.
Para um gerenciamento sistêmico, deve-se prever uma abrangência total das
operações e dos fatores que o envolve, integrando escopo, prazos, custos, recursos
humanos e a qualidade de todas as atividades, analisando o histórico do passado,
situação presente e projetar o que deverá ser realizado no futuro, minimizando
riscos e incertezas.
Em muitos empreendimentos, o gerente de facilidades atua praticamente
apenas em um gerenciamento tático, porém o gerenciamento estratégico deve ser
integrado às rotinas cotidianas.
Uma das principais ações estratégicas é o controle do consumo energético do
empreendimento, entendendo claramente como o edifício se comporta e quais as
variações que afetam o consumo de energia.
66
Sampaio (2009) relata economia de 25% dos custos mensais em edifícios
brasileiros por meio da realização de auditorias técnicas, alterações contratuais,
instalação de sistemas e equipamentos mais eficientes e implementação de um
programa de metas de consumo diário, ajustado com a produção.
Para desenvolvimento de um sistema de gerenciamento energético integrado
e definição de políticas ambientais e estabelecimento de procedimentos de controle,
o gerenciamento de facilidades deverá atender normas para desempenho
energético, como o Environmental Code of Practice, da Building Services Research
and Information Association’s. Este código traz uma matriz de conservação de
energia, retratada no anexo A, que define cinco níveis de classificação de
importância dada pela organização ao gerenciamento energético, designando
requisitos de atuação do gerenciamento para estabelecimento de política
energética, funções gerenciais, relação com usuários, sistemas de informação,
divulgação e investimentos. Estes critérios permitem ao gerenciamento de
facilidades, não só em nível de planejamento estratégico mas também de atuação e
controle, encontrar efetividade no consumo de energia pelo edifício (ANTONIOLI,
2003).
Com o aumento do custo de energia, escassez cada vez maior de recursos
não renováveis e o apelo crescente à preservação do meio ambiente faz com que
seja imprescindível a tomada de ações de otimização de consumo de energia e um
gerenciamento energético adequado.
Conforme o relatório do BNDES (2007) é apontado a sustentabilidade
ambiental relacionada a economia de custos como uma das tendências do setor
para os anos seguintes. A partir deste ano, as principais empresas de shopping
centers começaram a demonstrar uma maior preocupação com assuntos
relacionados ao meio ambiente, visível pelo crescente o número de projetos
relacionados a redução de impacto ambiental em seus empreendimentos (MANO,
2014).
É importante ressaltar que a abordagem da sustentabilidade no ambiente
construído deve considerar todas as etapas do ciclo de vida dos edifícios, como
ilustrado na figura 9 (DEGANI, 2010).
68
6. CONSUMO DE ENERGIA EM SHOPPING CENTERS
Em qualquer projeto ou realização no shopping center, é necessário montar
uma programação, um plano para aprimoramento das ações pretendidas. É
recomendado a interação com os profissionais dos setores alvo (ICSC,1997).
Atuando também em apoio do meio ambiente, a ABRASCE acredita na
adoção de práticas sustentáveis em shopping centers, por meio de hábitos que
podem ser incorporados ao cotidiano dos empreendimentos e iniciativas inovadoras
na gestão de recursos. A responsabilidade ambiental já é uma prática comum no
setor e é reconhecida pelo Prêmio Newton Rique de Sustentabilidade, concedido
pela Associação à shoppings associados que investem em ações conectadas ao
desenvolvimento sustentável (ABRASCE, 2015).
O prêmio Newton Rique de Sustentabilidade tem por objetivo, reconhecer e
incentivar os shopping centers que se propõem a pensar a responsabilidade social,
a engenharia, a arquitetura e o processo em uma perspectiva sustentável e gerar
conhecimento sobre o tema, difundindo essas novas ideias junto à comunidade e à
sociedade em geral.
Os projetos elaborados no Brasil ou no restante do mundo visam benefícios
ambientais, sociais e econômicos. Devem estar relacionados a eficiência
energética, conservação de energia e sustentabilidade, entretanto, além de serem
voltados a valores socioambientais, devem manter o desempenho econômico.
A crise energética aliada aos elevados custos de energia e preocupação com
o meio ambiente vem fazendo com que diversos gerentes de facilidades e
administradores de shopping centers se mobilizem para contribuir com o
desenvolvimento do planeta, acelerando a adoção de práticas sustentáveis e ações
de gerenciamento energético.
Com o mercado de shopping centers em constante expansão, se destacam
quanto ao crescimento econômico do país e como grandes consumidores de
energia elétrica, é necessário que os responsáveis pelo gerenciamento destes,
consigam identificar os sistemas existentes que consomem energia elétrica nestes
empreendimentos.
Os mais comuns consumidores de energia elétrica dos shopping centers são:
69
- iluminação;
- ar condicionado (chillers, bombas de água gelada, fan&coils, etc...);
- sistemas de exaustão e ventilação;
- transportes verticais (escadas rolantes e elevadores);
- bombas de incêndio;
- transformadores de energia;
- bombas de água potável;
- bombas de recalque de água de lençol freático e águas pluviais;
- equipamentos de informática;
- portas automáticas;
- sistema de alarmes e monitoramento;
- equipamentos eletrônicos de automação e gerenciamento.
A fim de identificar os sistemas e equipamentos de maior consumo de energia
em shopping centers e quanto os gastos com energia elétrica em relação as
despesas gerais do empreendimento, buscou-se informações em 10 shopping
centers localizados em diferentes regiões do Brasil.
Abaixo seguem um breve descritivo de cada um destes empreendimentos,
quais foram utilizados como base de estudo.
6.1 Shopping A
- Shopping localizado no estado de São Paulo na região de Sorocaba,
inaugurado em novembro/2013. Foi construído sobre a estrutura de uma antiga
fábrica de tecelagem no centro da cidade de Sorocaba em uma das principais
avenidas da cidade, que possui fluxo médio de 22 mil veículos por dia, e ao lado do
terminal metropolitano, onde diariamente circulam 94 mil pessoas. Abrange um
terreno de 43.000m² e possui 27.000m² de ABL divididos em 207 lojas, sendo 07
70
lojas ancoras, 12 mega lojas e 188 lojas satélites e dispõe ainda de 1240 vagas de
estacionamento.
6.2 Shopping B
- Shopping localizado no estado de Minas Gerais na região de Betim,
inaugurado em abril/2014. Possui ótima localização e 172.000m² de área
construída. O shopping possui 31.000m² de ABL divididos em 178 lojas, sendo 07
lojas ancoras, 07 mega lojas e 164 lojas satélites e dispõe ainda de 1900 vagas de
estacionamento.
6.3 Shopping C
- Shopping localizado no estado de Roraima na região de Boa Vista,
inaugurado em novembro/2014. Com projeto arquitetônico arrojado e localizado no
vetor de crescimento da cidade, o shopping tornou-se o novo ponto de encontro de
Boa Vista. Está construído em um terreno de 112.000m² e área construída de
38.000m², possui 31.000m² de ABL divididos em 154 lojas e dispõe ainda de 1300
vagas de estacionamento.
6.4 Shopping D
- Shopping localizado no estado de Alagoas na região de Maceió, inaugurado
em novembro/2009. É considerado o maior centro de compras da parte alta da
cidade. Este shopping possui 41.000m² de ABL divididos em 160 lojas, sendo 12
lojas âncoras, 10 mega lojas e 138 lojas satélites e dispõe ainda de 1978 vagas de
estacionamento.
6.5 Shopping E
- Shopping localizado no estado do Rio de Janeiro na região do Rio de
Janeiro, inaugurado em outubro/1982. O shopping se consagrou como referência
em moda, gastronomia e cultura, por reunir as mais conceituadas grifes nacionais e
internacionais; qualidade e variedade gastronômica; salas de teatro e cinema, além
de uma arquitetura que valoriza a iluminação natural e o paisagismo. Ainda é
considerado referência do luxo carioca contemporâneo, com exclusividade nas
71
operações, serviços, e no atendimento aos clientes. Este shopping possui 15.000m²
de ABL divididos em 120 lojas e dispõe ainda de 740 vagas de estacionamento.
6.6 Shopping F
- Shopping localizado no estado do Rio de Janeiro na região do Rio de
Janeiro, inaugurado em novembro/2011. Com uma localização privilegiada, um
belíssimo projeto arquitetônico e 1,2 milhão de habitantes em sua área de
influência, o empreendimento se torna um importante catalisador da revitalização da
região. Este shopping possui 41.000m² de ABL divididos em 220 lojas e dispõe
ainda de 1443 vagas de estacionamento.
6.7 Shopping G
- Shopping localizado no estado do Amazonas na região de Manaus,
inaugurado em novembro/2014. Está situado na região norte, para onde apontam
todos os vetores de crescimento da cidade. Um lugar escolhido estrategicamente,
devido ao enorme potencial econômico da região.
Foi construído em um terreno de 565.000m², possui 90.000m² de área
construída e 48.000m² de ABL divididos em 175 lojas e dispõe ainda de 2484 vagas
de estacionamento.
6.8 Shopping H
- Shopping localizado no estado de São Paulo na região de Campinas,
inaugurado em novembro/2014. Shopping de pequeno porte construído em um
terreno de 15.000m². Possui 10.500m² de ABL divididos em 70 lojas e dispõe ainda
de 370 vagas de estacionamento.
6.9 Shopping I
- Shopping localizado no estado de Minas Gerais na região de Pouso Alegre,
inaugurado em abril/2013. É o maior shopping do Sul de Minas, contribuindo
fortemente para o desenvolvimento da cidade de Pouso Alegre e toda a região.
Possui 24.000m² de ABL divididos em 143 lojas e dispõe ainda de 1650 vagas de
estacionamento.
72
Shopping ABL (m²)Valor do
Condomínio/m²
Orçamento
médio mensal
(realizado de
jan a out/15)
Valor gasto
com consumo
de energia de
jan a out/15
% do custo de
energia x valor
realizado do
orçamento
condominial
Valor gasto
com energia
referente ao
sistema de ar
condicionado
% do custo de
energia do
sistema de ar
condicionado x
custo total de
energia
A 27000 R$ 112,33 R$ 1.112.389,07 R$ 232.124,33 20,87% R$ 109.693,21 47,26%
B 31000 R$ 82,09 R$ 954.119,27 R$ 212.059,33 22,23% R$ 102.947,34 48,55%
C 31000 R$ 70,76 R$ 712.294,41 R$ 174.521,09 24,50% R$ 105.058,92 60,20%
D 41000 R$ 62,84 R$ 823.305,66 R$ 187.348,32 22,76% R$ 119.098,48 63,57%
E 15000 R$ 122,45 R$ 1.372.405,34 R$ 234.024,55 17,05% R$ 93.450,99 39,93%
F 41000 R$ 105,23 R$ 1.254.086,33 R$ 278.496,13 22,21% R$ 137.846,72 49,50%
G 48000 R$ 24,98 R$ 1.179.269,79 R$ 304.443,31 25,82% R$ 159.295,43 52,32%
H 10500 R$ 90,43 R$ 338.807,56 R$ 53.973,22 15,93% R$ 14.081,23 26,09%
I 24000 R$ 76,22 R$ 571.553,69 R$ 106.728,91 18,67% R$ 20.451,64 19,16%
J 17000 R$ 121,66 R$ 742.005,62 R$ 132.349,03 17,84% R$ 65.732,11 49,67%
6.10 Shopping J
- Shopping localizado no estado de São Paulo na região de Osasco,
inaugurado em outubro/2005. Atualmente é um dos principais centros comerciais da
cidade atendendo a cerca de 600.000 consumidores por mês vindos de Osasco e
outras regiões metropolitanas de São Paulo. Possui 17.000m² de ABL divididos em
152 lojas e dispõe ainda de 2800 vagas de estacionamento.
Com os dados obtidos através dos Gerentes de Operações, responsáveis por
tais shopping centers, foi possível relacionar dois grandes consumidores de energia
elétrica conforme segue.
Tabela 5: Consumo de Energia Elétrica (ar condicionado) Fonte: Próprio autor (2015)
Apesar de cada shopping center possuir sua particularidade e de cada
shopping center referência de estudo se encontrar em regiões distintas do Brasil,
pode-se observar que em média 21% dos custos que compõe o orçamento
condominial destes empreendimentos são referentes ao consumo de energia.
Ainda em relação a tabela 5, é válido ressaltar que entre os maiores
consumidores de energia de shopping centers estão os sistemas de ar
condicionado, que nos shopping centers utilizados como estudo representam uma
consumo em média de 45,62% do valor total da conta de energia de tais
empreendimentos.
73
Por representar grande parte do consumo de energia elétrica, os
equipamentos de refrigeração e ar condicionado são importantes no processo de
gestão da energia elétrica (MORALES, 2007).
Existem algumas particularidades como os shopping centers C e D que
apresentaram um percentual de consumo de ar condicionado superior a média dos
demais shopping centers, especificamente devido se encontrarem localizados em
regiões extremamente quentes do país, o que demanda maior utilização dos
equipamentos de ar condicionado.
Com relação aos shopping centers E, H e I, estes também apresentam
particularidades que ao contrário dos shopping centers C e D apresentaram um
consumo de energia elétrica referente ao sistema de ar condicionado, abaixo da
média dos demais shopping centers.
Com relação ao shopping center E, este apesar de estar localizado também
em uma região de bastante insolação, o mesmo possui grande parte do mall aberto,
ou seja, com pouca influência do ar condicionado e com grande influência da
ventilação externa do meio ambiente.
O shopping center H possui um pé direito elevado e poucas áreas climatizadas
artificialmente. Não só sob esta questão da arquitetura do empreendimento, mas
também em relação a baixa taxa de ocupação e baixo fluxo de clientes dos últimos
meses, a carga térmica no interior do shopping center ficou reduzida, o que também
contribuiu para a utilização dos equipamentos de ar condicionado com operação
reduzida.
Já quanto ao shopping center I, o mesmo se encontra localizado em uma
região alta, de grande fluxo de ventos e com temperaturas amenas. Mesmo com o
empreendimento possuindo diversas máquinas de ar condicionado, a grande
maioria destas são mantidas desligadas por não haver necessidade de climatização
artificial.
Se excluirmos todas as particularidades supracitadas, observaremos que os
sistemas de ar condicionado representam cerca de 49,46% do valor total gasto com
o consumo de energia elétrica nestes shopping centers.
74
Shopping ABL (m²)Valor do
Condomínio/m²
Orçamento
médio mensal
(realizado de
jan a out/15)
Valor gasto
com consumo
de energia de
jan a out/15
% do custo de
energia x valor
realizado do
orçamento
condominial
Valor gasto
com energia
referente ao
sistema de
iluminação
% do custo de
energia do
sistema de
iluminação x
custo total de
energia
A 27000 R$ 112,33 R$ 1.112.389,07 R$ 232.124,33 20,87% R$ 91.116,88 39,25%
B 31000 R$ 82,09 R$ 954.119,27 R$ 212.059,33 22,23% R$ 68.092,32 32,11%
C 31000 R$ 70,76 R$ 712.294,41 R$ 174.521,09 24,50% R$ 48.098,22 27,56%
D 41000 R$ 62,84 R$ 823.305,66 R$ 187.348,32 22,76% R$ 48.098,22 25,67%
E 15000 R$ 122,45 R$ 1.372.405,34 R$ 234.024,55 17,05% R$ 115.089,17 49,18%
F 41000 R$ 105,23 R$ 1.254.086,33 R$ 278.496,13 22,21% R$ 98.347,15 35,31%
G 48000 R$ 24,98 R$ 1.179.269,79 R$ 304.443,31 25,82% R$ 111.074,84 36,48%
H 10500 R$ 90,43 R$ 338.807,56 R$ 53.973,22 15,93% R$ 31.712,08 58,76%
I 24000 R$ 76,22 R$ 571.553,69 R$ 106.728,91 18,67% R$ 60.617,88 56,80%
J 17000 R$ 121,66 R$ 742.005,62 R$ 132.349,03 17,84% R$ 41.032,44 31,00%
Todos os shopping centers em estudo possuíam sistemas de medição de
energia elétrica nos sistemas de ar condicionado e nos sistemas de iluminação,
entretanto, pouco deles possuíam sistemas de medição de energia em outros
sistemas do empreendimento como por exemplo a medição de energia elétrica de
portas automáticas, elevadores e escadas rolantes.
No intuito de balizarmos os comparativos entre os shopping centers, foram
efetuadas verificações na medição de energia apenas dos sistemas de ar
condicionado e iluminação.
Ainda assim, utilizando como estudo apenas estes dois sistemas de energia
foi possível identificar que outro grande consumidor de energia elétrica nos
shopping centers se trata dos sistemas de iluminação.
.
Tabela 6: Consumo de Energia Elétrica (iluminação) Fonte: Próprio autor (2015)
Com os dados verificados na tabela 6, fica evidente que o sistema de
iluminação dos shopping centers são, assim como os sistemas de ar condicionados,
um dos maiores consumidores de energia elétrica.
Resguardada a particularidade de cada empreendimento, o sistema de
iluminação representou cerca de 39,21% do consumo total de energia elétrica.
A iluminação com uso da energia elétrica está presente em praticamente todas
as unidades consumidoras. “É responsável por, aproximadamente, 23% do
75
Shopping
Orçamento
médio mensal
(realizado de
jan a out/15)
Valor gasto
com consumo
de energia de
jan a out/15
% do custo de
energia x valor
realizado do
orçamento
condominial
% do consumo
de energia do
sistema de ar
condicionado +
sistema de
iluminação
Valor gasto com energia
referente aos demais
equipamentos (elevadores,
escadas rolantes, bombas de
águas, portas automáticas,
etc...)
% do custo de
energia dos
demais
sistemas do
shopping
center
Custo Total de
Energia/m² de
Mall
A R$ 1.112.389,07 R$ 232.124,33 20,87% 86,51% R$ 31.314,24 13,49% R$ 25,07
B R$ 954.119,27 R$ 212.059,33 22,23% 80,66% R$ 41.019,67 19,34% R$ 18,33
C R$ 712.294,41 R$ 174.521,09 24,50% 87,76% R$ 21.363,95 12,24% R$ 16,15
D R$ 823.305,66 R$ 187.348,32 22,76% 89,24% R$ 20.151,62 10,76% R$ 12,78
E R$ 1.372.405,34 R$ 234.024,55 17,05% 89,11% R$ 25.484,39 10,89% R$ 32,22
F R$ 1.254.086,33 R$ 278.496,13 22,21% 84,81% R$ 42.302,26 15,19% R$ 16,93
G R$ 1.179.269,79 R$ 304.443,31 25,82% 88,81% R$ 34.073,04 11,19% R$ 17,89
H R$ 338.807,56 R$ 53.973,22 15,93% 84,84% R$ 8.179,91 15,16% R$ 13,61
I R$ 571.553,69 R$ 106.728,91 18,67% 75,96% R$ 25.659,39 24,04% R$ 11,45
J R$ 742.005,62 R$ 132.349,03 17,84% 80,67% R$ 25.584,48 19,33% R$ 17,82
consumo de energia elétrica no setor residencial, 44% no setor comercial e serviços
públicos e 1% no setor industrial.”, (ELETROBRÁS/PROCEL, 2001).
Os dois sistemas juntos representaram cerca de 84% do consumo total de
energia elétrica destes shopping centers, enquanto todos os demais equipamentos
juntos representam apenas cerca de 16% do consumo total de energia elétrica do
empreendimento.
Dados semelhantes foram encontrados para edifícios públicos: 48% pelo
condicionamento de ar, 23% pela iluminação, 15% de equipamentos de escritório e
14% devido a demais cargas, como bombas e elevadores (CORREIA, 2007).
Tal informação pode evidenciar a necessidade de implantação de projetos de
eficiência energética direcionados principalmente para os sistemas de ar
condicionado e de iluminação, porém não se resume apenas a estes, visto que em
toda e qualquer oportunidade de melhoria de eficiência, irá gerar uma economia de
energia a curto, médio ou longo prazo e também contribuirá com menor impacto ao
meio ambiente.
Atualmente já existe uma extensa gama de tecnologias relacionadas a estes
sistemas de iluminação e de ar condicionamento quais podem ser utilizados para a
melhoria da eficiência energética nos shopping centers.
Tabela 7: Consumo de Energia Elétrica (iluminação + ar condicionado)
Fonte: Próprio autor (2015)
Neste contexto, cabe ressaltar a importância da medição de energia elétrica
que possui entre suas finalidades, o levantamento do consumo de energia elétrica
76
por períodos pré-definidos do empreendimento e também o levantamento dos
níveis de eficiência energética atuais e posterior a aplicação de métodos mais
eficientes na operação e/ou projetos de eficiência energética.
Na última coluna da tabela 7 acima apresentada, foi exposto um indicador de
eficiência energética como exemplo aos diversos indicadores que podem ser
adotados para estudo e análise de situações antes e após a implantação de
projetos de eficiência energética.
Não apenas o indicador de Custo Total de Energia/m² de Mall pode ser
utilizado, mas dependendo da análise que se queira realizar, outros indicadores
podem ser adotados como:
- Custo Total de Energia/m² de Área Construída; Custo Total de Energia/m² de
Terreno; Custo Total de Energia/Fluxo de Pessoas; etc...
Durante o estudo nos shopping centers, os gerentes de operações destes
empreendimentos foram questionados quanto a existência de práticas de eficiência
energética nos empreendimentos.
Foi possível evidenciar que nestes shopping centers há uma cultura por parte
dos gerentes de operações quanto a implantação de projetos de eficiência
energética, seja por necessidade econômica do empreendimento ou em busca de
valorizar o empreendimento e reduzir os impactos ao meio ambiente.
Entretanto, tais decisões estão sendo realizadas aleatoriamente, sem estudos
específicos e aprofundados em cada um dos sistemas existentes, ou seja, toda
implantação de tais projetos está sendo realizada de forma operacional e não de
forma estratégica.
Direcionados pela crise econômica e energética pela qual o país enfrenta, a
implantação destes projetos, conforme evidenciados na tabela 8, pode perder
eficiência ou não sofrerem os resultados esperados, muitas vezes pela falta de um
estudo assertivo ou simplesmente pela utilização de dados incoerentes em relação
ao estado inicial e quanto ao estado futuro desejado.
77
Shopping
A
B
C
D
E
F
G
H
I
J
Instalação de sensores de presença em escadas rolantes de menor fluxo; Instalação de cortinas de ar sob as portas
automáticas evitando a perda de carga térmica dos sistema de ar condicionado; Alteração de procedimentos operacionais
de limpeza e conservação do empreendimento
Substttituição de mix de iluminação fluorescente / incandescente por LED; Perfuração de poço artesiano
Alteração de procedimentos operacionais em relação ao funcionamento dos sistema de ar condicionado; Instalação de
sistema de captação de águas pluviais
Substttituição de mix de iluminação fluorescente / incandescente por LED; Alteração de procedimentos operacionais em
relação ao funcionamento dos sistema de ar condicionado
Substttituição de mix de iluminação fluorescente / incandescente por LED; Substituição de torneiras manuais por torneiras
com sistema automático de fechamento; Instalação de sistema de resfriamento dos Chillers, melhorando a eficiência dos
mesmos; Instalação de sensores de interruptores em áreas técnicas
Projetos em Estudo/Implantação
Substttituição de mix de iluminação fluorescente / incandescente por LED; Instalação de sistema de captação de águas
pluviais e de lençol freático; Instalação de sensores de presença em áreas técnicas e escadas de emergência; Alteração de
procedimentos de iluminação noturna, iluminação de estacionamentos e de procedimentos operacionais de limpeza
econservação do empreendimento
Perfuração de poço artesiano; Substituição de válvulas de descarga convencionais de vasos sanitários por sistema tipo
"dual flush"
Substttituição de mix de iluminação fluorescente / incandescente por LED; Instalação de filme refletivo nos vidros de clara-
bóias reduzindo a temperatura interna ambiente
Alteração de procedimentos operacionais em relação ao funcionamento dos sistema de ar condicionado
Instalação de arejadores nas torneiras de sanitários e vestiários; Instalação de relês fotoelétricos para controle da
iluminação externa
Tabela 8: Projetos de Eficiência Energética Fonte: Próprio autor (2015)
Em relação aos shopping centers utilizados como base de estudo serem de
uma única Administradora, os projetos de eficiência energética deveriam ser
implantados de forma estratégica e até mesmo em maior escala se analisados os
shoppings como um todo e com a integração da diretoria e superintendência.
Com diversos equipamentos que dependem da energia elétrica para manter a
operação e conforto dos shopping centers, após todos eles serem relacionados,
deve-se partir para uma etapa seguinte qual consiste no levantamento e avaliação
de consumo de cada um, a fim de identificar os projetos que possam ser aplicados
naqueles que são considerados como maiores consumidores de energia e que
possam ter um retorno econômico e sustentável a um menor prazo e com maior
eficiência.
Conforme informações da ABRASCE, empresas do setor de shopping centers
já analisavam em 2012, formas de reduzir o consumo de energia, indicando uma
crescente preocupação com o tema.
Para Maran (2013), o sucesso do gerente de facilidades está em não ser
apenas um mero contratador de serviços, mas propor soluções e para isto o
78
profissional deve se manter atualizado, buscar novos conhecimentos, participar de
grupos relacionados ao tema de sua atuação buscando experiência e, encontrar e
propor soluções aos problemas que surgem.
Dentre estas soluções de melhoria, se encontram os projetos de eficiência
energética e conservação de energia.
Por definição podemos considerar que, conservação de energia é o
gerenciamento de processos destinados a reduzir o consumo de energia. Desta
forma os princípios para conservação de energia são:
- reduzir o consumo de energia, gerenciando os processos de forma que
procedimentos, serviços e operações que necessitem de energia sejam realizados;
- com a eficiência energética realizar a mesma quantidade de serviços e
operações, porém empregando menos energia.
A eficiência energética de edifícios tem vindo à frente dos debates políticos
devido aos altos preços da energia e preocupações com as alterações climáticas.
Melhorar a eficiência energética nas novas construções é uma das opções mais
fáceis e de menor custo para diminuir o seu uso de energia, custos operacionais e
emissões de carbono (KNEIFEL, 2010).
A energia afeta a vida das pessoas, as economias de governos e de todo o
mundo. Sua distribuição e a busca de novas fontes afetam as relações entre os
países, como as guerras provocadas por poços de petróleo durante os anos. A
continuidade de crescimento do consumo desse insumo de forma não sustentável,
segundo estudos de especialistas, pode ser trágico para o mundo, causando danos
ao meio ambiente, como mudanças climáticas e escassez de recursos, e
aprofundamento da desigualdade e das tensões entre as nações, provocando
guerras e ações terroristas (GELLER, 2003).
Para se atingir a sustentabilidade é necessário conservar o meio ambiente,
controlar o crescimento populacional, diminuir o consumismo, transformar os
paradigmas econômicos (lucro individual e prejuízo coletivo) e os culturais
(supervalorização do consumismo) (FERNANDEZ, 2005).
79
Com o conceito de conservação de energia, eficiência energética e a
crescente busca por utilização de recursos renováveis e racionalização de recursos
não renováveis, diversas instituições estão criando e implantando projetos de
eficiência energética.
Porém, segundo Sarkar e Singh (2010) em seu estudo sobre o financiamento
da eficiência energética em países em desenvolvimento, é notória a dificuldade
encontrada em países como Brasil, China, Índia, Turquia e outros para conseguir
investimentos suficientes para a implementação de projetos desta natureza.
Dentre elas, figuram altos custos dos projetos e a falta de capacidade ou
vontade de pagar por esses custos, riscos inerentes às tecnologias utilizadas, além
de razões relacionadas a cultura e informação, como vieses de comportamento, a
falta de informação sobre o que é eficiência energética e ainda a crença de que
economia de energia não é um benefício tangível (MANO, 2014).
A conservação de energia na maioria das vezes é vista apenas como uma
forma ecologicamente correta de utilização de energia e sustentabilidade, mas é a
partir desta, que muitos custos do país podem ser reduzidos, visto que a energia
pode se encontrar em praticamente todas as atividades de nosso cotidiano.
Na figura a seguir pode-se notar a evolução da estrutura de consumo de
energia elétrica no Brasil nos últimos anos e a projeção para o ano de 2023.
Gráfico 7: Estrutura do Consumo de Eletricidade, por Classe (%) Fonte: Plano Decenal de Expansão de Energia 2023 (2014)
80
Para a sustentabilidade energética dos shopping centers, destacam-se a
implementação de políticas sustentáveis, que se referem também à redução no uso
de energia, a identificação de possíveis fontes alternativas de energia a serem
empregadas em seus processos e softwares que auxiliam na eficiência de
equipamentos, assim como na pré avaliação de projetos a serem implantados na
busca de redução de custos operacionais e também na redução do impacto ao
meio ambiente.
Alguns softwares como os simuladores computacionais, possuem um extenso
banco de dados com diversas informações que podem reunir grupos de
especificação técnica de equipamentos e como estes se comportam em
determinadas regiões ou condições especificas.
A simulação energética consiste na realização de estudos em eficiência
energética buscando avaliar o perfil de consumo de um shopping center por
exemplo, visando identificar o consumo e propor alternativas para elevar o
desempenho energético do mesmo.
O uso de tais ferramentas computacionais que simulam situações de
processos ou equipamentos podem suprir algumas necessidades do projeto ou
auxiliar na tomada de decisão para implantação de algum projeto de eficiência
energética.
Apesar de seus benefícios, a utilização de softwares de simulação na
aplicação de projetos de eficiência energética ainda é pouco disseminada e
explorada, principalmente no Brasil.
Malkawi e Augenbroe (2004) afirmam que a simulação é responsável por
acelerar o processo de concepção do projeto ao permitir análise de diferentes
soluções.
Embora seu uso por projetistas deva ser incentivado, Waltz (1999) alerta para
necessidade de conhecimento da ferramenta de simulação e do edifício a ser
modelado e de análise crítica dos resultados. Outra observação importante é que a
simulação não é capaz de prever os dados finais de desempenho energético do
edifício, mas indicar diferenças entre cenários distintos. Quando possível comparar
resultados da simulação com dados medidos, recomenda observar os seguintes
81
parâmetros para avaliar resultados: 5% de precisão no consumo anual de energia
do edifício; perfil de consumo de energia para doze meses do ano; padrões de uso
e ocupação de um dia útil; consumo de energia por uso final.
O exposto por Waltz, salienta a necessidade de não só utilizar as diversas
ferramentas disponíveis para orientação de projetos de eficiência energética, mas
também destaca, que é crucial o conhecimento das estruturas físicas e as
particularidades de consumo de energia elétrica do shopping center em análise a
fim de mitigar possíveis erros não considerados pelo software de simulação.
Suas aplicações podem ser identificadas em diversos setores e são
extremamente úteis para efetuar a análise de desempenho energético de shopping
centers através do apoio de simulações computacionais que visam atender os
requisitos de eficiência energética e conforto ambiental das principais certificações
ambientais brasileiras e internacionais.
Além dos softwares de simulação energética, a automação cada vez mais
frequente dos edifícios contribui para um melhor aproveitamento dos recursos
disponíveis e de forma eficiente.
Os edifícios automatizados, via de regra, oferecem elevados níveis de
gerenciamento energético, através de programas de computador denominados
Energy Management Control Systems (EMCS), que operam integrados a sensores,
atuadores e dispositivos de controle digital, que permitem adequar o consumo de
energia ao perfil horário e calendário de Solicitação, através do controle de
sistemas e equipamentos, de acordo com a demanda contratada com as
concessionárias deste serviço público (ANTONIOLI, 2003).
82
7. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO E INDICADORES DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Analisando o setor elétrico, quanto mais racional e eficiente é a utilização da
energia elétrica, se diminui a necessidade de investimentos e aumento das cargas
de energia a serem geradas pelas usinas.
A demanda por energia elétrica cresce constantemente. Em média, 5% ao
ano. Até 2021, o Brasil investirá milhões de reais em desenvolvimento de pequenas
centrais hidrelétricas, usinas de biomassa e eólicas, termoelétricas, mas em
contrapartida deve-se trabalhar na diminuição da demanda e atuar com eficiência
na eliminação de desperdícios de energia que afeta o país e o mundo não apenas
economicamente mas também em relação a sustentabilidade (STAROSTA, 2015).
Na literatura há diversas opções de metodologias para a avaliação de
impactos de programas de eficiência energética, economia de energia em
equipamentos e redução de demanda na ponta, sendo importante observar qual
delas apresenta resultados mais consistentes, com menor incerteza e com menores
custos de elaboração e execução (VOSGUERITCHIAN, 2006).
Uma revisão detalhada e abrangente dessas metodologias consta do Manual
para Avaliação (Vol.1), do IEA/DSM (Programa de Avaliação das Medidas para a
Eficiência Energética e Gerência da Demanda), desenvolvido pela IEA e com
estudos de casos na Bélgica, Canadá, Coreia do Sul, Dinamarca, França, Holanda,
Itália e Suécia (VOSGUERITCHIAN, 2006).
Podem ser avaliados edifícios comerciais ou residências, indústrias, shopping
centers, etc...
Como procedimento fundamental, está a avaliação e monitoramento das
medidas de conservação de energia ou de projetos de eficiência energética para
avaliação dos resultados.
Deve ser definida uma linha base inicial com o sistema atual definindo o
consumo de energia através de medições e posteriormente explorar os resultados
após a implementação das medidas de eficiência energética.
Kallas (2003) considera que a medição de desempenho é uma técnica usada
para quantificar a eficiência e a eficácia das atividades de negócio. A eficiência vai
83
tratar da relação de utilização econômica dos recursos, considerando um
determinado nível de satisfação. Por sua vez, a eficácia avalia o resultado de um
processo cujas expectativas dos diversos clientes são ou não atendidas.
Para Nauri (1999), a medição do desempenho permite saber: como as coisas
estão sendo feitas; se as metas estão sendo atingidas; se os clientes estão
satisfeitos; se os processos estão sob controle e onde o processo de melhoria é
necessário.
A etapa de coleta de dados se trata de uma das principais etapas para que se
possa obter o diagnóstico do estado atual das instalações e/ou equipamentos.
Neste primeiro momento, todas as informações devem ser verificadas
criteriosamente, pois são a partir destas informações que será possível tomar a
decisão pela implementação de um ou outro projeto.
Em primeira instância, os dados obtidos através da análise da conta de
energia elétrica fornecida pela concessionária, podem fornecer informações a
respeito do consumo mensal de energia, valor da tarifa de energia, demanda, fator
de potência, consumo na ponta e fora de ponta e multas geradas pela
ultrapassagem da demanda contratada ou baixo fator de potência.
É importante ressaltar que as contas de energia das concessionárias auxiliam
apenas no balizamento para entendimento da situação do empreendimento mês a
mês, pois não possibilitam verificar quais são os equipamentos que estão gerando
maior consumo, em qual horário e também não fornecem outros tipos de
informações desagregadas para o entendimento de intercorrências diárias ou
situações pontuais que possam levar a uma distorção dos valores finais.
Podemos definir a medição direta de energia elétrica como um dos principais
métodos de avaliação energética de um shopping center.
O procedimento de medição direta consiste na monitoração das cabinas
primárias da instalação com o objetivo de determinar precisamente informações
sobre as características de consumo diárias que não estão disponíveis nas contas
de energia elétrica (ALVAREZ; SAIDEL, 1998).
Ainda segundo os autores acima, a medição direta pode ser realizada por um
equipamento eletrônico microprocessado denominado analisador de energia, capaz
84
de medir continuamente as grandezas elétricas de interesse, fornecendo registros a
cada intervalo de tempo específico, programável pelo usuário.
Figura 10: Analisador de Qualidade de Energia Fonte: Kyoritsu (2015)
Para toda e qualquer análise deve ser adotado um período de obtenção de
dados que pode variar de acordo com a necessidade do projeto. Este período pode
ser anual, mensal, quinzenal, semanal, diário ou até em períodos mais curtos como
de hora em hora ou minuto a minuto.
Se houver muitas variações nas operações do empreendimento, deve ser
adotado um período o quanto mais longo possível a fim de que tais variações sejam
enquadradas nas análises não incorrendo em erros ou distorções no momento de
tomada de decisão, entretanto o intervalor de tempo de medições deverá ser
sempre, em qualquer situação, o quanto mais curto possível.
Com este tipo de medição é possível implementar rotinas operacionais que
possam reduzir o consumo de energia ou realizar alterações contratuais com as
concessionárias de energia que apesar de não produzir um efeito de redução de
consumo de energia elétrica, trará o benefício de redução de custos quais poderão
ser revertidos em programas de conservação de energia e projetos de eficiência
energética.
Para a realização destas medições de energia elétrica podem ser utilizados
equipamentos de medição totalizadores de consumo, que possuem a função de
registrar a diferença de consumo de um mês e outro.
85
Idealmente as medições devem ser realizadas por meio de equipamentos com
sistema de gerenciamentos de energia que realizam medições constantes e
apresentam toda e qualquer variação na qualidade de energia fornecida pela
concessionária de energia, fator de potência e variações de consumo a cada
momento.
A metodologia utilizada para determinar o potencial de conservação de
energia elétrica é distinta para cada um dos usos finais presentes na instalação. Os
procedimentos de cálculo geralmente fornecem valores percentuais do potencial de
conservação do uso final. Para determinar o potencial de conservação em termos
de energia (kWh) ou de custos (R$), é necessário conhecer o consumo individual
de cada uso final. Dessa forma, a desagregação do consumo global nos diversos
usos finais facilita a determinação precisa do potencial de conservação de energia
elétrica total da instalação (ALVAREZ; SAIDEL, 1998).
Seguindo a metodologia exposta pelos autores supracitados, a medição direta
de circuitos elétricos de equipamentos podem fornecer de forma clara a aplicação e
utilização de cada equipamento de forma bastante precisa. Embora, em grande
parte das instalações não possuírem circuitos específicos para cada equipamento,
é possível identificar um grupo de equipamentos ou para maior controle das
informações pode-se verificar as características de cada equipamento em relação a
potência, tensão, corrente e estimando sua média de operação mensal, calcular o
consumo de energia dos mesmos.
O indicador por uso final pode ser obtido a partir da razão da energia
consumida no uso final específico (iluminação, climatização de ambientes e outros)
em um determinado período, pelo produto de uma variável específica (área útil,
usuários, produção e outros) e o período analisado. (MORALES, 2007).
De maneira análoga aos demais indicadores, os indicadores por uso final
servem para estabelecer padrões de consumo de energia de determinados
equipamentos e auxiliar os gestores dos shopping centers na decisão sobre qual
equipamento deve passar por um retrofit, ser substituído ou abranger uma
prioridade na implantação de projetos de eficiência energética.
Outro método de obtenção de dados é através da inspeção.
86
O levantamento de dados por inspeção corresponde ao procedimento de
aquisição de informações sobre as características físicas e os hábitos de uso da
instalação, complementando as informações obtidas via medição direta e análise de
contas de energia elétrica, todas necessárias para a caracterização do consumo de
energia elétrica da instalação (ALVAREZ; SAIDEL, 1998).
Durante esta etapa, os responsáveis pela coleta de dados devem se atentar
às características físicas do empreendimento, temperatura ambiente, sazonalidades
específicas, tipos de ocupação, características de sistemas e equipamentos
instalados e toda informação relevante que se faça necessária.
Após o levantamento de todas as informações, será necessária avaliá-las com
cautela.
A partir da análise de dados, pode-se observar variações em picos de energia
causados por certo tipos de equipamentos ou por maior fluxo de pessoas
(consumo) e definir tendências.
É importante observar que os resultados obtidos por medição direta são
intrinsecamente mais precisos do que as estimativas baseadas em potências
médias e períodos de operação. Por outro lado, a estimativa do consumo global
realizada a partir de dados obtidos via inspeção de ambientes já apresenta valores
desagregados em usos finais. Para o caso da medição direta, dependendo da
instalação, o cálculo do consumo desagregado em usos finais é um pouco mais
complexo (ALVAREZ; SAIDEL, 1998).
Para promover o uso racional e eficiente de energia elétrica nos shopping
centers, as ações de eficiência energética devem ser implementadas, porém sem
comprometer o desempenho dos mesmos.
A economia pode chegar a 30% para edificações já existentes, se estas
passarem por uma intervenção tipo retrofit (reforma e/ou atualização). Nas novas
edificações, ao se utilizar tecnologias energeticamente eficientes desde a
concepção inicial do projeto, a economia pode superar 50% do consumo,
comparada com uma edificação concebida sem uso dessas tecnologias (PROCEL,
2011).
87
O ponto fundamental para o gerente de facilidades dos shopping centers é
medir e conhecer claramente qual é o consumo de energia do prédio sob sua
gestão e de que forma esta energia é consumida.
Após este mapeamento, o gerente de facilities pode se apoiar nas ESCOS
para realizar um diagnóstico energético, que irá levantar como a energia está sendo
consumida, quais projetos podem ser implantados, o custo para aplicação e
desenvolvimento do projeto e o “pay back” do investimento.
Com o conhecimento detalhado dos processos, traça-se um plano de ação,
define-se um responsável, prazo e um cronograma para implantação de projetos
que podem envolver ações como:
- substituição de lâmpadas de baixa eficiência por LED;
- substituição de reatores eletromagnéticos por reatores eletrônicos;
- limpeza de vidros e refletores de luminárias;
- utilização de sensores de presença em locais de baixo fluxo de pessoas,
como corredores técnicos e escadas de emergência;
- automação de iluminação setorizando áreas que não necessitam
permanecerem acesas em determinados horários;
- utilização de sensores de dimerização em iluminação próxima a áreas
envidraçadas;
- priorização de projetos que privilegiam iluminação e ventilação natural;
- aplicação de películas reflexivas em vidros evitando o aumento de
temperatura interna, reduzindo assim a necessidade de utilização de ar
condicionado;
- retrofit de equipamentos de ar condicionado, utilizando equipamentos mais
eficientes;
- manutenção preventiva dos equipamentos de ar condicionado, envolvendo
troca de filtros, ajuste de correias, limpeza de serpentinas, limpeza de bandejas e
dutos de insulflamento de ar;
88
- utilização de sensor de velocidade em escadas rolantes;
- utilização de sistema de freios regenerativos em elevadores;
- implantação de sistema de controle de chamadas em elevadores;
- utilização de rejeitos térmicos para cogeração de energia;
- gerenciamento eficiente dos processos do shopping center;
- utilização de vidros autolimpantes, reduzindo a frequência das necessidades
de limpeza e gastos com água e energia;
- utilização de tanques de termo acumulação de água gelada;
- substituição de motores convencionais por motores de alto rendimento
- compensação do fator de potência;
- implementação de sistema de gestão de energia;
- avaliação do sistema de iluminação e ar condicionado de cada loja,
propondo, dentro do projeto arquitetônico de cada loja e seu respectivo nicho de
vendas, Soluções para melhoria do consumo energético e redução dos gastos com
energia elétrica;
- utilização da tecnologia conhecida como “roda entálpica” em sistemas de
climatização;
- estruturação de formulários de pesquisas com funcionários, lojistas e clientes
a fim de entender de como estas pessoas veem a questão de eficiência energética.
Existem ainda diversas empresas que atuam diretamente em eficiência
energética e financiam a aplicação de grandes projetos e/ou projetos de alto custo,
recebendo do contratante de acordo com a performance do projeto, ou seja, o
investimento do projeto é ressarcido às empresas de acordo com a economia
obtida.
Para garantir o sucesso do gerenciamento de um empreendimento, é
necessário prever e abordar os riscos inerentes, aplicar metodologias adequadas
de gerenciamento de energia e criar controles que assegurem a obtenção dos
89
resultados futuros a serem comparados com a situação atual. A implantação de
uma ou mais ações no empreendimento não deve ser tratada como definitiva e sim
como um processo de melhoria contínua, associada a um objetivo estratégico de
negócio.
No Brasil, atualmente, um ponto que necessita de atenção dos programas de
eficiência energética, especialmente os desenvolvidos com recursos públicos, é a
avaliação de resultados realizada por meio de metodologias consistentes e
indicadores apropriados (LEPETITGALAND, 2007).
Há duas questões chave na análise da eficiência de uma edificação. Qual
indicador utilizar e como realizar a avaliação. O conjunto de características que a
edificação possui define a eficiência, e em geral utiliza-se o consumo de eletricidade
pela área como indicador da eficiência relativa ao consumo de eletricidade de outra
edificação. Esta segunda edificação deve apresentar diversas características em
comum com a primeira a fim de possibilitar a comparação. Como as atividades
comerciais tendem a uniformizar alguns parâmetros relacionados ao consumo,
como cargas internas ou horas de uso, a avaliação comparativa através de
edificações comerciais ou institucionais de mesma atividade é comum em diversos
países. Dados consolidados destas edificações formam sistemas de avaliação com
marcos referenciais de consumo, chamados benchmarkings (CARLO, 2008).
Os indicadores de consumo ou indicadores energéticos são os resultados do
cruzamento de informações físicas ou administrativas, com as grandezas elétricas
medidas/registradas ou custos/gastos da energia de determinado país, região, ramo
de atividade, unidade ou usos finais (MORALES, 2007).
De acordo com Carlo (2008), para a administração de facilidades, seria surreal
dizer que existe administração sem analisar os indicadores de desempenho da
área, pois as demandas são entendidas se mensuradas e acompanhadas
rotineiramente.
Os indicadores de eficiência energética são importantes ferramentas para a
realização de diagnósticos energéticos. Através de informações obtidas na fase de
levantamento de dados, é possível determinar um conjunto de indicadores que
retratam o perfil de consumo da instalação em análise.
90
Permitem um estudo das características de consumo da instalação,
possibilitando a determinação do potencial de conservação de energia elétrica
através de comparações com valores típicos obtidos para instalações com
características semelhantes.
Também podem ser utilizados no acompanhamento dos resultados das
medidas de uso racional e eficiência energética implementadas, permitindo estudar
a evolução da instalação no que diz respeito à sua eficiência.
Índices de desempenho são indicadores de performance cuja utilização indica
eficiência e efetividade de processos expondo oportunidades e necessidades de
melhorias (ANTONIOLI, 2003).
Os indicadores podem ser efetuados de acordo com a necessidade de cada
projeto ou sistema a ser analisado conforme os itens da tabela 9 a seguir por
exemplo.
Objetivo do Índice Numerador Denominador Unidade
Eficiência da manutenção preventiva
Horas gastas com serviços de emergência
Total de horas gastas com todos os serviços de manutenção
porcentagem
Eficiência da programação de serviços
Total de horas de trabalho não programadas Total de horas trabalhadas porcentagem
Eficiência de estoque de peças e materiais
Ordens de serviço suspensas por falta de pecas
Total de ordens de serviço
porcentagem
Confiabilidade de um equipamento Horas de interrupção Horas em operação porcentagem
Eficiência da manutenção Número de falhas repetidas Número total de falhas porcentagem Efetividade da manutenção
Número de falhas cujas origens não foram analisadas
Número total de falhas
porcentagem
Eficiência energética Consumo de energia em período de tempo
Número de usuários atendidos kWh / usuário
Eficiência de consumo de água
Consumo de água por período de tempo
Número de usuários atendidos litros / usuário / dia
Eficiência do equipamento de refrigeração do sistema de conforto ambiental
Consumo de energia por período de tempo
Capacidade térmica por período de tempo
kWh / Tonelada de Refrigeração
Eficácia do sistema de conforto ambiental
Número de usuários insatisfeitos com o conforto ambiental oferecido
Número total de usuários pesquisados
porcentagem
Eficácia do sistema de transporte vertical
Número de usuários insatisfeitos com o sistema de transporte vertical
Número total de usuários pesquisados
porcentagem
Efetividade da operação e manutenção
Recursos empregados em O&M e uso por unidade de tempo
Área útil efetiva de ambiente de trabalho
R$ /m²
Efetividade do GF Custos anuais do GF Custos anuais previstos para o GF
porcentagem
Eficácia do GF
Número de usuários insatisfeitos com o GF em pesquisas de satisfação
Número total de usuários consultados
porcentagem
Tabela 9: Índices de Desempenho Fonte: Wireman (1998)
91
Dessa forma, é possível planejar ações futuras e corrigir as ações em
andamento, minimizando custos e maximizando resultados.
Os indicadores baseados no consumo da energia elétrica nas unidades
consumidoras ainda não são amplamente utilizados nos processos de gestão dos
recursos destinados a energia. No entanto, diversos trabalhos foram realizados no
intuito de encontrar os indicadores que auxiliassem no controle e acompanhamento
do consumo, porém, devido à dificuldade no levantamento das informações
necessárias, a quantidade de equipamentos utilizados em uma única unidade e as
particularidades da utilização, geralmente os indicadores figuram em segundo plano
nos processos de gestão da energia (MORALES, 2007).
Em 2000, uma equipe brasileira integrou-se ao Green Building Council. A
estratégia para desenvolver e implementar uma metodologia brasileira para a
avaliação do desempenho ambiental de edifícios centraliza-se no Programa
Nacional de Avaliação de Impactos Ambientais de Edifícios (BRAiE), coordenado
pela UNICAMP. Este programa coordena várias pesquisas, inicialmente
desenvolvidas no estado de São Paulo, cujos objetivos são identificar as prioridades
brasileiras e definir os indicadores também específicos para o Brasil (DEGANI,
2003).
Segundo Silva (2003), há duas categorias destes indicadores: os criados com
orientação para o mercado, de forma a serem absorvidos pelos projetistas, como o
LEED; e os orientados para a pesquisa, centrados no desenvolvimento
metodológico e fundamentação científica, como o BREEAM.
Há uma quantidade vasta de sistema de avaliação e indicadores de eficiência
energética. Alguns são específicos para avaliação de um certo sistema e outros
abrangem diversos sistemas prediais.
Certificações como BREEAM, GBTOOL e LEED têm sido usadas para avaliar
e certificar edifícios em grandes cidades do Brasil, por exemplo, onde seus critérios
de avaliação e parâmetros avaliativos demonstram-se muitas vezes inadequados
(PATRICIO; GOUVINHAS, 2004).
Leis obrigatórias em eficiência energética geralmente visam estabelecer uma
eficiência mínima acima da qual, qualquer edificação é aprovada atendido o seu
92
caráter prescritivo, como limites de desempenho através de indicadores. Já a
certificação é um mecanismo de mercado que visa promover a eficiência energética
de uma edificação de elevado desempenho ao compará-la ao mínimo obrigatório
(CASALS, 2006).
Paralelamente, a despeito da utilização quase nula para edifícios brasileiros e
do pequeno destaque internacional, ferramentas de avaliação como o NABERS
(RAIA, 2003), BEQUEST (BEQUEST, 2001) e GREEN GLOBES (GREEN
GLOBES, 2004), também merecem destaque e atenção pela busca de identificação
de critérios de sensibilidade às características regionalizadas existentes em cada
um desses sistemas (BUENO, 2010).
O BREEAM é um método de avaliação de edifícios criado pelo Reino Unido
em 1990, que se tornou base para o desenvolvimento de muitos dos sistemas
posteriores (VOSGUERITCHIAN, 2006).
São premiados créditos em cada área de acordo com o desempenho de cada
item. Um sistema de pesos ambientais habilita os créditos a serem somados para
produzirem uma única contagem global. O edifício é então avaliado e tem um
resultado que varia de APROVADO a BOM, MUITO BOM ou EXCELENTE, e é
emitido um certificado que pode ser usado para a promoção do mesmo
(VOSGUERITCHIAN, 2006).
O GBTOOL é um esforço de colaboração internacional iniciado pelo Canadá
em 1996, com o intuito de desenvolver uma ferramenta de avaliação ambiental
comum aos países cooperantes, respeitando a diversidade regional de cada país
participante e permitindo uma flexibilidade para que estes selecionem idéias para
incorporarem ou modificarem suas ferramentas (VOSGUERITCHIAN, 2006).
Cada área possui diversos itens a serem avaliados e pontuados de acordo
com uma escala de graduação de desempenho que varia de -2 a +5. O zero
corresponde à referência (benchmark) e os valores negativos apontam a
possibilidade de um decréscimo na pontuação devido a um baixo desempenho.
O LEED é um programa iniciado em 1994 pelo US Green Building Council
(USGBC), instituição financiada pelo National Institute of Standards and Technology
(NIST), com o intuito de desenvolver um sistema de avaliação e classificação de
93
desempenho ambiental de edifícios orientado para o mercado, de forma a estimulá-
lo, acelerar o alcance de metas ou mesmo superá-las (VOSGUERITCHIAN, 2006).
Os sistemas de avaliação “voluntários” anteriores ao LEED como o BREEAM,
do Reino Unido e o BEPAC, do Canadá, demonstraram que a identificação e a
comunicação da eficiência e desempenho ambiental de edifícios elevaram a
conscientização e o critério de seleção dos consumidores e estimularam os
esforços de proprietários e construtores a produzirem edifícios ambientalmente
mais corretos (SILVA, 2003).
A primeira versão do sistema LEED foi desenvolvida pelo USGBC em 1998, a
Versão 1.0, conhecida como “Projeto Piloto”. Em 2000 foi lançada a Versão 2.0
(LEED 2.0 Reference Guide). E em 2002, foi apresentada a Versão 2.1, seguida
pela versão 2.2, e finalmente no início de 2009, entrou em vigor a versão 3, com
significativas mudanças no sistema de pontuação e ponderação (BUENO, 2010).
O LEED versão 3 de 2009 não é uma reconstrução total da versão anterior,
mas sim uma reorganização dos atuais sistemas de classificação para edifícios
comerciais e institucionais, juntamente com os principais avanços atuais na área. O
LEED 2009 inclui três grandes modificações para o sistema de classificação:
harmonização, ponderação de créditos e regionalização (USGBC, 2009).
Os créditos passam a ter diferentes ponderações em função da sua
capacidade de impacto ambiental e de diferentes preocupações com a saúde
humana. Com a ponderação de créditos revista, o LEED agora oferece mais pontos
a estratégias que terão maior impacto positivo sobre os fatores considerados de
maior importância: eficiência energética e reduções de CO2. Os impactos das
categorias foram priorizados e aos créditos foram atribuídos valores baseados no
modo como cada um contribuiu para atenuar o impacto. Como resultado, o LEED
2009 passou operar em uma escala de 100 pontos (USGBC, 2009).
As diversas metodologias existentes para avaliação de desempenho ambiental
de edifícios podem ser separadas em grupos, de acordo com algumas de suas
especificidades. As metodologias LEED e BREEAM, classificam-se em um mesmo
grupo, visto que foram concebidas para contextos nacionais específicos, sendo, por
isso, apenas aplicáveis a essas condições locais (CEPINHA & RODRIGUEZ, 2003).
94
O GBTOOL enquadra-se em um segundo grupo, apresentando uma estrutura
que inclui as diferenças entre os vários países e mesmo no interior de cada um
deles, permitindo, a valorização das peculiaridades e fatores típicos, numa dada
região, além do ajuste dos pesos em vários parâmetros (CEPINHA & RODRIGUES,
2003).
Tabela 10: Categorias de Desempenho - GBTOOL Fonte: Patrício; Gouvinhas (2004)
O Green Globes torna-se representativo para estudo exatamente por ter sido
criado como uma ferramenta de auto-avaliação online, ou seja, está disponível para
que qualquer usuário possa avaliar o seu próprio edifício através do preenchimento
de questionários pela internet (BUENO, 2010).
Tabela 11: Categorias de Avaliação do Green Globes Fonte: Green Globes (2004)
O sistema de certificação AQUA pode ser considerado isoladamente por se
tratar de uma metodologia adaptada especificamente para o contexto regional
Categorias de Avaliação Questões Consideradas
Consumo de Recursos Energia/ Terra/ Água / Novos Materiais/ Reutilização do Edifício
Cargas Ambientais Gases com Efeito de Estufa / Substâncias que afetam a Camada de Ozônio, Gases Acidificantes, Gases Foto-Oxidantes, Resíduos Sólidos, Efluentes Líquidos, Impactos Locais
Qualidade Ambiental Interna Qualidade do Ar/ Conforto Térmico/ Iluminação Ruído e Acústica/ Campos Eletromagnéticos
Qualidade do Serviço Adaptabilidade, Controlabilidade, Manutenção do Desempenho, Visibilidades, Comodidades, Impactos
Economia Ênfase no Ciclo de Vida
Manutenção e Operações Prévias
Medidas de Controle na Construção, Desempenho, Planejamento das Operações
Transportes Diários Transporte
Categorias de Avalia ção Questões Consideradas
Emissões Emissão no ar, destruição camada de ozônio, efluentes Líquidos, materiais venenosos,
Qualidade Ambiental Interna Qualidade do ar, iluminação e ruído
Gestão Ambiental Prevenção (emergência), política
Recursos Redução e re-uso da Água, localização
Água Eficiência da água
Energia
Consumo de energia, aspectos de energia, gerenciamento de energia, transporte
95
brasileiro, a partir de um sistema de certificação francês preexistente (BUENO,
2010).
A certificação AQUA é a primeira iniciativa de adaptação de um sistema de
certificação para o contexto específico brasileiro. Contém os requisitos para o
Sistema de Gestão do Empreendimento e os critérios de desempenho nas
categorias da Qualidade Ambiental do Edifício.
Eco-constru ção
Categoria n°1 Relação do edifício com o seu entorno
Categoria n°2 Escolha integrada de produtos, sistemas, processos construtivos
Categoria n°3 Canteiro de obras com baixo impacto ambiental
Gestão
Categoria n°4 Gestão da energia
Categoria n°5 Gestão da água
Categoria n°6 Gestão dos resíduos de uso e operação do edifício
Categoria n°7 Manutenção – Permanência do desempenho ambiental
Conforto
Categoria n°8 Conforto higrotérmico
Categoria n°9 Conforto acústico
Categoria n°10 Conforto visual
Categoria n°11 Conforto olfativo
Saúde
Categoria n°12 Qualidade sanitária dos ambientes
Categoria n°13 Qualidade sanitária do ar
Categoria n°14 Qualidade sanitária da água Tabela 12: Categorias do Sistema AQUA
Fonte: Fundação Carlos Alberto Vanzolini (2008)
Gráfico 8: Perfil Mínimo de Desempenho para Certificação AQUA Fonte: Fundação Carlos Alberto Vanzolini (2015)
96
As tabelas abaixo mostram as principais características e diferenças dos
sistemas de avaliação LEED, GBTOOL, Green Globes e AQUA.
LEED for Homes GBTOOL Green Globes AQUA
Critérios de Sítios Utilização de Poluição; Eco-construção; avaliação Sustentáveis; Recursos; Energia; Gestão;
Eficiência de Cargas Água; Conforto; Água; Ambientais; Qualidade Saúde. Energia e Qualidade Ambiental Interna; Atmosfera; Ambiental Interna; Gerenciamento do Materiais e Qualidade dos Meio Ambiente; Recursos; serviços; Recursos. Qualidade do Ar; Aspectos Interno; Econômicos; Inovação em Gestão; Projeto; Transporte. Prioridade Regional;
Contexto de Desenvolvido para Pode ser aplicado Desenvolvido para Adaptado para criação aplicação no em qualquer local, aplicação no aplicação no
contexto norte- devido à contexto contexto americano. flexibilidade de canadense. brasileiro. critérios e ponderações.
Metodologia Avaliação dos Comparação do A inscrição é feita A avaliação da de avaliação edifícios através edifício avaliado pela internet e o dá-se de maneira
de uma lista de com edifício edifício a ser evolutiva ao pré-requisitos considerado avaliado é longo da (checklist) aos referência quanto conduzido ao estrutura em quais são às práticas AUDIT on-line. É árvore composta atribuídos créditos ambientais locais. preenchido um de Categorias, baseados em uma A avaliação é questionário sobre Subcategorias e lista de objetivos estruturada em 04 as categorias e Preocupações, preexistente. A níveis hierárquicos sub-categorias. O às quais se avalia classificação final de desempenho: resultado é um pelos conceitos é obtida pela soma questões, relatório com a Bom, Superior ou dos pontos categorias, avaliação final. Excelente. atingidos nas critérios e sub- categorias. critérios.
Complexidade Aplicação simples, Aplicação Aplicação simples, Aplicação na de aplicação no formato complexa, no formato de forma de
checklist, de fácil comparativa, mais questionário, de questionário, preenchimento. indicada para fácil aplicado por pesquisas preenchimento. equipe científicas. consultora.
Sistema de Certificado; Insatisfatório; Um relatório das Bom; classificação Prata; Mínimo Aceitável; questões que Superior;
Ouro; Intermediário; precisam de Excelente. Platina. Excelente. melhorias é enviado aos usuários.
Tabela 13: Classificação dos Sistemas de Certificação Fonte: Bueno (2010)
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Categorias de Avaliação
Categorias a serem comparadas por Sistema de Certificação GBTOOL Green Globes AQUA LEED for Homes
Processo de Projeto
- Gestão de projeto
- Escolha integrada de produtos, sistemas, processos construtivos
- Inovação e Processo de Projeto
Conexões - Transportes Diários
- Relação do edifício com o seu entorno
- Localização e Ligações
Implantação - Terreno - Sítios Sustentáveis
Consumo de Recursos
- Consumo de Recursos
- Energia - Água - Recursos
- Gestão de energia - Gestão da água - Escolha integrada de produtos, sistemas, processos construtivos
- Eficiência de Água - Materiais e Recursos
- Energia e Atmosfera
Emissões - Cargas Ambientais
- Emissões, efluentes e outros impactos
- Gestão dos resíduos de uso e operação do edifício
- Energia e Atmosfera
Conforto e Qualidade Ambiental
- Qualidade Ambiental Interna
- Ambiente interno
- Conforto higrotérmico
- Conforto acústico - Conforto visual - Conforto olfativo - Qualidade sanitária
dos ambientes, do ar e da água
- Qualidade do Ambiente Interno
Serviços - Qualidade do Serviço
Aspectos Econômicos
- Economia
Planejamento de operação
- Gerenciamento - Canteiro de obras com baixo impacto ambiental - Manutenção – Permanência do desempenho ambiental
- Conscientização e Educação
Tabela 14: Categorias para Análise Comparativa de Sistemas de Certificação
Fonte: Bueno (2010)
Todos estes indicadores, entretanto, podem ser utilizados para avaliações
comparativas dentre o mesmo modelo de edifício, e podem ser adequados para a
avaliação da eficiência de acordo com a análise a ser efetuada (CARLO, 2008).
98
Ainda segundo o autor supracitado, atualmente, EUA, Canadá, México,
Portugal, Espanha, Austrália, Hong Kong, dentre outros países, possuem algum tipo
de norma ou lei em eficiência energética de edificações. Diversos destes países
revisaram ou estão em processo de revisão de suas leis a fim de atender ao
Protocolo de Quioto, de 1997. O Protocolo é o documento final da Convenção das
Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas que regula a emissão de gases na
atmosfera, responsáveis pelo efeito estufa.
Botswana, Irã, Paraguai, Costa Rica, dentre outros, não possuem qualquer
tipo de norma em eficiência energética em edificações (JANDA & BUSH, 1994).
Acredita-se que a popularização das práticas verdes pode ser alcançada
através dos benefícios comerciais acarretados, de forma que a valorização de
mercado de residências ambientalmente certificadas pretende levar a aceitação e
aplicação cada vez mais comuns dos princípios do desempenho ambiental de
edificações (USGBC, 2008).
Nota-se a crescente preocupação do mercado no desenvolvimento de projetos
mais “verdes”. Segundo o balanço de 2013 do Green Building Council, órgão que
no Brasil é responsável pela avaliação e fornecimento do selo LEED de construção
sustentável, o número de pedidos aumentou 27% de 2012 para 2013, enquanto o
número de certificações saltou 83 para 126 (MANO, 2014).
Isto significa que cada vez mais, o setor de construção civil e investidores
passam a perceber os benefícios de uma construção sustentável e que tais
investimentos trazem retorno de médio a longo prazo.
Neste contexto, o estudo focado no mercado de shopping centers, torna-se
relevante por analisar como a orientação de mercado de empresas do setor
provoca alterações na tomada de decisão de indivíduos em posição gerencial, e
como isso pode alterar o resultado de investimento em eficiência energética
(MANO, 2014).
Para que haja o melhor aproveitamento possível do potencial de conservação
de energia e auxílio quanto a identificação das características do shopping center,
no anexo B segue disposto, uma lista de verificação com o intuito de prover suporte
ao levantamento dos dados.
99
No anexo C e anexos D1 a D4 são apresentadas listas de verificação para
caracterização do shopping center.
Estas listas objetivam o levantamento preliminar dos dados do
empreendimento para posteriormente possibilitar a identificação de sistema com
potencial de redução de custos e implantação de projetos de eficiência energética.
Através destas listas será possível identificar e avaliar os desperdícios
causados pela inadequação dos equipamentos instalados nos shopping centers
e/ou condições de operação e manutenção inapropriadas, bem como os hábitos de
consumo de energia, de sua população fixa, ou flutuante.
Este levantamento proporcionará ao gerente de facilidades do shopping center
identificar algumas oportunidades de conservação de energia com mudanças de
hábitos de consumo; alterações em horários de trabalho de equipamentos e
funcionário; manutenção correta e programada dos equipamentos instalados, e
outras providências, a um baixo custo.
São sugestões para um levantamento preliminar que orientará os gerentes de
facilidades dos shopping centers sobre a necessidade ou não, de providenciar um
diagnóstico energético completo, visando a identificar demais desperdícios, propor
soluções técnicas, operacionais e de manutenção quando for o caso, além de
avaliação técnica, econômica e de payback para determinação dos custos e
benefícios dos projetos propostos.
A partir do levantamento dos dados, avalia-se a projeção dos resultados do
projeto sobre a economia de energia, redução da demanda e custos frente a
situação atual.
100
O8. DIAGNÓSTICO ENERGÉTICO
Através de alguns procedimentos, será possível obter a eficiência energética
dos sistemas que compõem os shopping centers. O que significa utilizar os
equipamentos que os integram de forma eficiente, reduzindo o desperdício no
consumo de energia elétrica, sem que isso prejudique a qualidade de tais sistemas.
Processos de transformação e uso de energia tem como consequência algum
tipo de perda energética para o ambiente. Assim, para todo e qualquer equipamento
que utilize energia elétrica para seu funcionamento, quanto maior for a perda,
menor será a sua eficiência energética.
A ABNT NBR ISO 50001:2011 especifica os requisitos para que as
organizações estabeleçam, implementem, mantenham e melhorem o sistema de
gestão da energia, o que possibilita as organizações realizarem uma abordagem
sistemática a fim de atingir a melhoria contínua de seu desempenho energético,
além de conservação da energia.
A implementação desta norma em um shopping center trará benefícios
referentes a redução dos gastos com energia elétrica, bem como outros impactos
ambientais, por meio da gestão sistemática da energia necessária a sua operação.
Tal norma referente a gestão de energia, teve sua publicação em junho de
2011 e seus requisitos básicos incluem:
- compromisso com a melhoria contínua da eficiência energética, seguindo um
ciclo PDCA;
- designação de um profissional para realização da gestão da energia;
- desenvolvimento de um plano de gestão da energia;
- avaliar os maiores consumidores de energia elétrica para desenvolver uma
linha de base e estabelecer metas de eficiência energética;
- seleção de indicadores de desempenho energético.
101
Os resultados dos projetos implementados referentes a eficiência energética e
conservação de energia devem ser regularmente avaliados e comunicados a todos
os funcionários.
Muitos gerentes de facilidades de shopping centers ainda possuem
atualmente, níveis de conhecimento limitado quanto ao desenvolvimento de
projetos que visem uma redução de consumo de energia.
A NBR 50001:2011 aplicada a shopping centers poderá orientar os gerentes
de facilidades destes empreendimentos quanto a estão da energia, para que
possam desenvolver e implementar uma cultura referente ao consumo racional de
energia e definir metas quanto a implementação de projetos de eficiência
energética.
Se devidamente implementada, a NBR 50001:2011 poderá proporcionar:
- um planejamento estratégico que requer medição, gerenciamento e
documentação para a melhoria contínua da eficiência energética;
- o desenvolvimento de um manual energético para o shopping center;
- a identificação de indicadores-chave de desempenho, exclusivos a
particularidade do shopping center e de acordo com as metas estipuladas.
Através da análise realizada em alguns shopping centers, conforme tabelas 5
e 6, identificou-se que os sistemas que possuem o maior consumo de energia
elétrica, são os sistemas de iluminação e de ar condicionado. A NBR 50001:2011
poderá ser utilizada para que se tenham as diretrizes quanto a eficiência energética
destes sistemas e direcionamento quanto aos projetos a serem implementados.
Com base nestas informações, serão apresentados a seguir os procedimentos
básicos para realização do diagnóstico energético nos sistemas de iluminação e de
ar condicionado, porém salienta-se que toda e qualquer ação referente a eficiência
energética isoladamente ou em conjunto com tais sistemas trará benefícios ao
shopping center e ao meio ambiente.
Sendo assim, o intuito é propor um método de diagnóstico para que estas
perdas sejam reduzidas.
102
Para realização do diagnóstico se faz necessário o conhecimento de alguns
conceitos como:
- corrente elétrica: definida como o fluxo ordenado de
partículas portadoras de carga elétrica, ou seja, se trata do deslocamento de cargas
dentro de um condutor elétrico, quando existe uma diferença de potencial elétrico
entre as extremidades;
- tensão elétrica: também denominada diferença de potencial, é a diferença
de potencial elétrico entre dois pontos ou a diferença em energia elétrica
potencial por unidade de carga elétrica entre dois pontos;
- consumo de energia: determinado pela potência consumida multiplicada pelo
tempo;
- demanda: toda potência que está sendo requerida instantaneamente da
rede. Trata-se da soma das potências dos equipamentos, que estão ligados na rede
elétrica consumindo energia, independentemente da quantidade de tempo que
permaneçam ligadas;
- potência: é a quantidade de energia que passa por um condutor elétrico
durante um período de tempo. Definida pelo produto da diferença de potencial entre
os terminais e a corrente que passa através de um dispositivo;
- fator de potência: é um índice que indica qual é a relação entre as potências
aparente, ativa e reativa, que os equipamentos elétricos consomem e varia de zero
a um e constitui um número adimensional;
- potência ativa: é a potência que foi consumida realizando trabalho;
- potência reativa: é parte da potência consumida que foi transformada em
magnetização;
- potência aparente: é a soma vetorial das potências ativa e reativa.
De conhecimento das definições acima, será possível ingressar quanto ao
diagnóstico energético de shopping centers.
103
8.1 Ar Condicionado
O sistema de ar condicionado é responsável pelo controle das condições
climáticas de certos ambientes. Esse controle abrange a monitoração e o ajuste da
temperatura, umidade, pureza e fluxo do ar insuflado. Geralmente, o sistema de ar
condicionado é utilizado para proporcionar conforto aos usuários da instalação,
podendo, também, ser usado para manter alguns tipos de ambiente sob rigorosas
características climáticas, como, por exemplo, hospitais e centros de computação
(AGÊNCIA PARA APLICAÇÃO DE ENERGIA, 1997).
Primeiramente, antes mesmo de se realizar o diagnóstico de um equipamento
de ar condicionado, é extremamente interessante e trará resultados positivos ao
diagnóstico energético, analisar os motores que compõe tal sistema, sendo este,
um dos equipamentos que podem gerar grandes perdas energéticas no sistema
como um todo.
Todas as perdas e maus dimensionamentos mecânicos se transformarão em
deficiências e perdas elétricas, por conveniência podemos obtê-las nos motores
elétricos quando medimos a corrente, tensão, fator de potência e velocidade.
Figura 11: Aspecto Construtivo de Motores de Indução Trifásicos Fonte: ELETROBRÁS/PROCEL (2006)
Antes de se realizar os levantamentos nos motores elétricos, será necessário
verificar os sistemas motrizes por eles acionados, pois as deficiências nesses
sistemas serão refletidas nos motores, gerando parâmetros que podem confundir e
indicar equivocadamente quais são e onde estão as causas da ineficiência
energética.
104
Esta análise pode envolver o motor de qualquer sistema diverso ao sistema de
ar condicionado, como por exemplo, os motores dos sistemas de:
- elevadores;
- escadas rolantes;
- água potável / reuso / drenagem de lençol freático;
- incêndio
- portas automáticas.
Para o sistema de ar condicionado, além da verificação de que se os motores
foram adequadamente especificados, deve ser verificado também:
- se as bombas de água gelada foram projetadas adequadamente;
- quanto a carga, vazão e altura do sistema;
- se existe um plano de manutenção preventiva / preditiva e se este plano está
sendo realizado.
Todos estes fatores podem gerar a ineficiência dos motores elétricos, caso
não estejam sendo monitorados corretamente.
Quanto aos compressores do sistema de ar condicionado, é necessário
verificar se:
- estão instalados em locais limpos;
- estão sendo corretamente ventilados;
- estão instalados próximos aos locais de utilização;
- as partes móveis estão devidamente lubrificadas;
- as correias estão devidamente esticadas;
- existe um plano de manutenção preventiva / preditiva e se este plano está
sendo realizado.
105
Atualmente existem dispositivos de acionamentos de motores elétricos mais
eficientes que, com os equipamentos de acionamento eletrônico, podem-se obter
menores correntes de partida e maior controle de velocidade, resultando em mais
economia de energia elétrica.
Para melhor análise dos motores elétricos do sistema de ar condicionado dos
shopping centers, é imprescindível a realização de algumas verificações em campo.
Apesar de ser um método um tanto quanto demorado e demande um
conhecimento técnico básico a respeito dos motores elétricos e de alguns
instrumentos de medição, trará melhores resultados através da obtenção de dados
mais precisos para um completo diagnóstico energético. Portanto, colaborará com o
auxílio da decisão mais assertiva acerca de investimentos em projetos de eficiência
energética relacionados a este sistema.
Os principais dados a serem coletados e verificados em campo são:
- dados construtivos;
- dados provenientes de medições elétricas e mecânicas;
- dados de placa;
- dados da carga acionada;
- horas de funcionamento;
- período de funcionamento;
- potência fornecida pelo motor.
Para a obtenção de dados que reflitam a realidade, as medições devem ser
realizadas quando os motores estiverem operando em sua capacidade máxima.
Os seguintes dados devem ser obtidos:
- corrente de cada fase (Ia, Ib, e Ic). Valores obtidos em ampér (A);
- tensão entre fases (Vab, Vbc, e Vca). Valores obtidos em tensão (V);
- potência ativa de entrada. Valores obtidos em potência (W ou kW);
106
- fator de potência (fp). Obtido através de um número adimensional;
- velocidade de rotação. Valores obtidos em rotações por minuto (rpm).
A medição correta, fornecerá uma visão de como está sendo utilizada a
energia elétrica pelo equipamento que está sendo monitorado.
Para realizar estas medições, será necessário o uso de instrumentos de
medição conforme os apresentados nas figuras 12 a 16.
Figura 12: Alicate Amperímetro Digital Modelo HA-3900 Fonte: Hikari Ferramentas (2015)
O amperímetro do tipo alicate será utilizado para realizar medições
instantâneas de tensão e cor rente.
Figura 13: Medidor de Potência AC Tipo Alicate - Modelo 3286-20 Fonte: Hioki (2015)
107
Através de um medidor de potência será possível realizar medições para
determinação de carga, distribuição e/ou fator de potência. Nas faturas de energia
elétrica, emitidas pelas concessionárias de energia, é possível verificar o valor do
fator de potência geral do shopping center.
Figura 14: Alicate Wattímetro Digital - Modelo HA-4000 Fonte: Hikari Ferramentas (2015)
O wattímetro é um medidor de potência que permitirá medições completas de
potência dos motores elétricos.
Figura 15: Tacômetro Digital sem Contato - Modelo HTA-2234B Fonte: Homis (2015)
O tacômetro sem contato permitirá a realização da medição velocidade do
motor, auxiliando na estimativa de percentual de cargas.
Para cargas constantes, a utilização dos equipamentos listados acima será
suficiente para um correto levantamento de dados, porém caso as cargas dos
108
motores sejam variáveis, será necessário a utilização de um instrumento mais
complexo conhecido como analisador de energia.
Figura 16: Analisador de Qualidade de Energia - Modelo 435 Série II Fonte: Fluke (2015)
Além da obtenção dos dados dos motores através das medições, faz-se
necessário o conhecimento das características construtivas destes equipamentos.
Conforme a norma NBR 7094/1996, motores elétricos de indução devem
conter informações relativas às suas características de operação e de fabricação.
Na norma NBR 5383/2002 pode ser identificado o rendimento para os motores
elétricos.
Para os estudos de eficiência energética, algumas informações devem ser
coletadas a partir das placas dos motores elétricos, como:
- nome e/ou marca do fabricante;
- modelo;
- potência nominal;
- tensões nominais;
- correntes nominais;
- velocidade de rotação nominal;
- fator de potência nominal;
- rendimento nominal;
- corrente de partida;
109
- número de fases;
- frequência nominal;
- diagrama de ligações;
- temperatura ambiente máxima.
Para conclusão do estudo referente aos motores elétricos que compõe o
sistema de ar condicionado, basta identificar as horas de operação dos mesmos.
A informação exata a respeito das horas de funcionamento somente será
obtida através de horímetros ou algum outro tipo de dispositivo contador, no
entanto, grande parte dos shopping centers não possuem estes tipos de
equipamentos realizando as medições por equipamento ou mesmo por sistemas.
Apesar desta deficiência em relação ao levantamento de horas de
funcionamento dos motores elétricos ou da operação de qualquer sistema presente
nos estudos de eficiência energética dos shopping centers, algumas medidas
podem ser adotadas para a identificação de informações mais próximas da
realidade como:
- informação da equipe de operação e manutenção;
- monitores dos sistemas através de softwares específicos.
Com a análise de todas as medições e das informações obtidas junto a equipe
de operação e manutenção, será possível identificar se os motores foram
adequadamente especificados e/ou se possuem algum tipo de deficiência que
possa causar um maior consumo de energia elétrica ou um desgaste prematura
destes equipamentos.
O superdimensionamento ou o subdimensionamento dos motores elétricos
podem trazer um maior consumo de energia elétrica, prejudicando a eficiência
energética de todo o sistema onde operam.
O superdimensionamento de motores elétricos é uma das causas que mais
contribuem para a sua ineficiência. Ele ocorre quando a potência nominal de um
motor elétrico é bem maior do que a carga mecânica requer (PROCEL, 2009).
110
Com a realização das medições das correntes elétricas nas três fases do
motor, será possível identificar se há um superdimensionamento do mesmo.
Para obter valores de corrente média, utiliza-se a média aritmética das três
correntes medidas nas fases do motor. Com este valor médio de corrente
identificado, deve-se comparar com o gráfico das curvas características do motor
em análise, disponibilizados pelo fabricante.
Normalmente, se o nível de carregamento do motor estiver abaixo de 75%,
provavelmente o motor apresenta sinais de superdimensionamento.
Nos casos em que o carregamento do motor estiver abaixo de 50%, este
poderá ser substituído por outro de capacidade compatível com a carga acionada
(PROCEL, 2009).
De acordo com PROCEL (2009), quando ocorre o superdimensionamento de
motores elétricos, várias situações desfavoráveis podem ocorrer:
- utilização de motores mais caros, volumosos e pesados;
- diminuição do fator de potência, provocando a necessidade de instalação de
bancos de capacitores para a sua correção;
- diminuição do rendimento do motor, embora muitos motores apresentem seu
rendimento máximo a aproximadamente 75% da sua carga nominal;
- aumento da corrente de partida, o que acarreta maior custo na proteção do
motor.
Geralmente, para cargas entre 75% e 100% da nominal, o motor pode ser
considerado bem dimensionado.
Não só o superdimensionamento traz consequências indesejadas, mas o
subdimensionamento também apresenta problemas similares ao de uma operação
em sobrecarga, podendo acarretar em um superaquecimento do motor e
consequentemente provocando a redução de sua vida útil.
Quanto a eficiência energética do próprio equipamento de ar condicionado,
pode-se utilizar dois índices.
111
O nível de consumo energético depende da relação entre a quantidade de frio
ou calor obtido e a energia elétrica consumida.
Um dos índices a ser utilizado é o COP (Coefficient Of Performance) que se
trata do coeficiente de performance, sendo o valor da potência do equipamento em
aquecimento dividida pela potência elétrica que o equipamento necessita para a
execução do trabalho, ou seja, relaciona a capacidade de remoção de calor de um
equipamento (energia útil ou efeito frigorífico) à potência requerida pelo compressor
(energia consumida).
É um índice maior que 1, sendo dado pela expressão:
O gráfico 9 apresenta os pontos envolvidos neste conceito.
Gráfico 9: Diagrama de Moller – Cálculo do COP Fonte: PROCEL Sistemas de Ar Condicionado (2011)
Outro índice a ser utilizado é o EER (Energy Efficiency Ratio) que se trata do
índice de eficiência de energia, sendo o valor da potência do equipamento em
arrefecimento dividida pela potência elétrica que o equipamento necessita para a
execução do trabalho, ou seja, relaciona o Efeito Frigorífico (EF) produzido e o
Trabalho de Compressão (w) dispendido.
O gráfico 10 apresenta os pontos envolvidos neste conceito.
112
Gráfico 10: Diagrama de Moller – Cálculo do EER Fonte: PROCEL Sistemas de Ar Condicionado (2011)
Para os grandes empreendimentos como os shopping centers por exemplo, o
mais usual é a utilização da relação kW/TR para indicação de eficiência energética
dos equipamentos de ar condicionado, mais comumente os chillers.
O TR (Tonelada de Refrigeração) é equivalente a 12.000 BTU/h (British
Thermal Unit/hora), que se trata de uma unidade térmica britânica.
Esta relação seria entre o trabalho de compressão em kW e o efeito frigorífico
em TR’s.
A correlação entre o índice EER e a eficiência em kW/TR é obtida por:
Em resumo, os dois índices são obtidas com o quociente do valor da
capacidade (kW) de arrefecimento para o EER, ou de aquecimento para o COP,
pelo consumo elétrico nominal (kW).
À semelhança do EER, quanto maior for o COP, mais eficiente será o sistema.
A relação entre COP e EER é: COP = 0,29 * EER.
Para avaliar a eficiência do equipamento de ar condicionado, após a
verificação dos índices obtidos através das expressões acima citadas, basta
correlacionar com a tabela 15 apresentada a seguir.
A letra A indica o índice mais eficiente e a letra G indica o índice menos
eficiente.
113
Tabela 15: Classificação Energética para Valores de EER e COP Fonte: Web ArCondicionado (2015)
Para a verificação completa do sistema, caso a ineficiência do equipamento de
ar condicionado seja identificada, alguns instrumentos de medição serão
necessários como:
- medir com o auxílio de um termômetro infravermelho, a temperatura do ar de
descarga dos fan&coils e do ar insulflado nos difusores e grelhas de ar
condicionado. A temperatura elevada pode indicar problemas no equipamento de ar
condicionado (chiller), filtros sujos, correias dos fan&coils frouxas, dutos de
insulflamento obstruídos, rolamentos dos fan&coils sem lubrificação ou
desbalanceados;
Figura 19: Termômetro Infravermelho – Modelo Tiv 6500 Fonte: Vonder (2015)
114
- medir com o auxílio de um termômetro bimetálico, a temperatura da água
gelada das tubulações do sistema de ar condicionado. A temperatura elevada pode
indicar problemas no equipamento de ar condicionado (chiller), filtros da tubulação
sujos ou incrustação das mesmas;
Figura 20: Termômetro Bimetálico Fonte: Wika (2015)
- medir com o auxílio de um manômetro do tipo “bourdon”, a pressão em
tubulações de água gelada do sistema de ar condicionado. Esta medição possibilita
a verificação das perdas de carga em trocadores de calor. A baixa pressão pode
indicar problemas no equipamento de ar condicionado (chiller), problemas nas
bombas e/ou motores, filtros da tubulação sujos ou incrustação das mesmas;
Figura 21: Manômetro Bourdon
Fonte: Wika (2015)
- medir com o auxílio de um anemômetro, a velocidade e vazão do ar nos
dutos e grelhas de insulflamento. A baixa vazão do ar pode indicar filtros de
fan&coils sujos, correias dos fan&coils frouxas, dutos de insulflamento obstruídos,
rolamentos dos fan&coils sem lubrificação ou desbalanceados;
115
Figura 22: Anemômetro – Modelo MDA-20 Fonte: Minipa (2015)
- medir com o auxílio de um medidor por ultra-som, a vazão da água gelada
das tubulações do sistema de ar condicionado. A baixa vazão pode indicar um
desbalanceamento do sistema de distribuição de água, problemas no equipamento
de ar condicionado (chiller), problemas nas bombas e/ou motores, filtros da
tubulação sujos ou incrustação das mesmas;
Figura 23: Medidor de Vazão Ultra-Sônico – Modelo G-PDFM5 Fonte: Conar (2015)
- medir os parâmetros dos motores elétricos e verificar as cargas por estes
acionadas conforme metodologia já apresentada neste trabalho.
- medir a exemplo dos motores elétricos, as correntes elétricas entre fases,
potências, tensão entre fases e fator de potência do chiller. Para o diagnóstico
energético, estas medições permitem avaliar o consumo do equipamento de ar
condicionado e verificar sua performance e eficiência.
Todos os valores obtidos através das medições realizadas devem ser
correlacionados com os valores descritos nos projetos referentes ao sistema de ar
condicionado, assim como com os dados de placa do fabricante do chiller.
116
8.2 Iluminação
No meio do século passado, os sistemas de iluminação apresentavam uma
série de limitações, pois além de não serem duráveis, as lâmpadas não
apresentavam o nível de iluminação necessário (PROCEL, 2009).
Os principais objetivos da iluminação se tratam da obtenção de boas
condições de visão associadas à visibilidade, segurança e orientação dentro de um
determinado ambiente e da utilização da luz como principal instrumento de
ambientação do espaço como por exemplo, na criação de efeitos especiais com a
própria luz, no destaque de objetos e superfícies ou do próprio espaço.
Para a realização do diagnóstico energético de um sistema de iluminação, é
necessário o conhecimento de alguns conceitos e grandezas como:
- luz: modalidade da energia radiante que um observador constata pela
sensação visual de claridade determinada pelo estímulo da retina sob a ação da
radiação, no processo de percepção sensorial visual;
- fluxo luminoso (ᵠ): quantidade de luz produzida por uma fonte (lâmpada por
exemplo), medida em lúmen (lm). Também conhecido como “pacote de luz”. O
equipamento utilizado para medir o fluxo luminoso de uma lâmpada é chamado de
esfera de Ulbricht, onde a fonte luminosa a ser medida é colocada em seu interior;
- iluminância (E): é o quociente do fluxo luminoso incidente num elemento da
superfície pela área deste elemento. É medida em lux (lm/m²) e também conhecida
como iluminamento ou nível de iluminação. O equipamento utilizado para medir o
nível de iluminância é chamado luxímetro, qual consiste numa célula fotoelétrica,
sobre a qual se faz incidir o fluxo luminoso, gerando uma corrente elétrica que
aumenta em função do fluxo incidente. Essa corrente mede-se com um
miliamperímetro, de forma analógica ou digital, calibrado diretamente em lux;
- eficiência luminosa (EL): é o quociente do fluxo luminoso total emitido por
uma fonte de luz em lumens e a potência por ela consumida em Watts;
- intensidade luminosa (IL): é o quociente de fluxo luminoso saindo de uma
fonte puntiforme e se propagando numa dada direção. Medida em candela (cd);
117
- luminância (L): a luminância de uma superfície é uma medida da
luminosidade que um observador percebe refletido desta superfície, ou seja, é a
intensidade luminosa que emana de uma superfície, pela sua superfície aparente, É
medida em candela por metro quadrado (cd/m²). A luminância é uma grandeza
fundamental para a visão, dado que é a luminância dos objetos que nos dá a
sensação visual. A medida da luminância realiza-se por meio de um aparelho
chamado luminâncimetro;
- contraste: avaliação subjetiva da diferença em aparência de duas partes de
um campo de visão, vistas simultaneamente ou sucessivamente;
- desempenho visual: termo usado para descrever tanto a velocidade com que
os olhos funcionam, como a precisão com que uma tarefa visual poderá ser
realizada. O grau de desempenho visual para a percepção de um objeto cresce até
um determinado nível com o aumento da iluminância ou até a um certo grau de
luminância. Outros fatores que influenciam no desempenho visual são o tamanho
da tarefa visual e sua distância até o olho, os contrastes de cor, luminância e o
ofuscamento;
- conforto visual: grau de satisfação visual produzido pelo ambiente iluminado;
- índice de reprodução de cor (IRC): o IRC, no sistema internacional de
medidas, é um número de 0 a 100 que classifica a qualidade relativa de reprodução
de cor de uma fonte, quando comparada com uma fonte padrão de referência da
mesma temperatura de cor. O IRC identifica a aparência como as cores dos objetos
e pessoas serão percebidas quando iluminados pela fonte de luz em questão.
Quanto maior o IRC, melhor será o equilíbrio entre as cores. É estabelecido em
função da luz natural que tem reprodução fidedigna, ou seja, 100;
- temperatura de cor correlata (TCC): é um termo usado para descrever a cor
de uma fonte de luz. A TCC é medida em Kelvin, variando de 1500 K, cuja
aparência é laranja/vermelho até 9000 K, cuja aparência é azul. As lâmpadas com
TCC maior do que 4000 K são conhecidas como de aparência “fria”, as lâmpadas
com TCC menores do que 3100 K são conhecidas como de aparência “quente” e as
lâmpadas com TCC entre 3100 e 4000 K são conhecidas como de aparência
“neutra”;
118
- fator de manutenção (Fm): é a razão da iluminância média no plano de
trabalho após um certo período de uso, pela iluminância média obtida sob as
mesmas condições da instalação nova;
- eficiência da luminária: é a razão entre os lumens emitidos por uma luminária
divididos pelos lumens emitidos pela lâmpada ou lâmpadas, em uso da luminária;
- eficiência luminosa: é a relação entre o fluxo luminoso emitido e a energia
elétrica consumida por unidade de tempo (potência) por uma fonte de luz. Quanto
maior a eficiência luminosa de uma lâmpada e equipamentos, menor seu consumo
de energia. É medida em lm/W;
- fator de fluxo luminoso ou fator do reator: é um fator que determina qual será
o fluxo luminoso emitido pela lâmpada, dependendo do tipo do reator utilizado
(quando aplicado). Como exemplo, se o fator de reator for de 85% significa que
uma lâmpada que se utilizar deste reator, irá emitir apenas 85% do seu fluxo
luminoso, ou seja, quanto maior o fator de reator, maior será o fluxo luminoso
gerado pela lâmpada.
A luz é um elemento importante e indispensável em nossas vidas. Por isto, é
encarada de maneira tão natural e familiar, fazendo com que os seres humanos
ignorem a real necessidade de conhecê-la e compreendê-la. A luz natural sempre
foi a principal fonte de iluminação na arquitetura. Entretanto, após a descoberta da
eletricidade e a invenção da lâmpada, a iluminação artificial se tornou cada vez
mais indispensável na edificação. A luz artificial permite ao homem utilizar as
edificações à noite para dar continuidade as suas atividades ou se divertir. É
importante ressaltar, no entanto, que não é simples empregar a luz artificial de
forma eficiente (RODRIGUES, 2002).
Segundo Portugal (2007), o estilo arquitetônico adotado nos shopping
centers não considera o bioclimatismo, o que onera consideravelmente os gastos
com energia elétrica. No negócio shopping center é importante que os custos de
manutenção sejam baixos, a fim de que os custos de ocupação dos lojistas
incluindo o aluguel das lojas pagos aos proprietários dos shopping centers não
ultrapassem 15% de suas vendas. Como a energia elétrica em alguns casos
representa até 30% do preço do condomínio, a forma de modificar essa realidade
seria fazer melhor uso dos recursos de iluminação e ventilação naturais.
119
Como o clima das diferentes regiões do mundo é bastante diversificado, surgiu
a necessidade de classificação dos mesmos, quais são classificados em unidade
graus/dia de aquecimento e resfriamento.
A norma ASHRAE Standard 90.1 além de classificar o clima de cidades
americanas, também classifica o clima de oito cidades brasileiras.
A American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers
(ASHRAE), fundada em 1894, se trata de uma associação internacional que
implantou a sua primeira norma de eficiência energética para projetos e
construções de novas edificações em 1975, a ASHRAE Standard 90.
Já em 1989, implantou a ASHRAE Standard 90.1 qual considera a envoltória
das edificações, sistemas de ar condicionamento, sistemas de iluminação artificial e
aquecimento de água, incluindo também equipamentos.
Para a realização do diagnóstico energético de sistemas de iluminação dos
shopping centers, os procedimentos para o levantamento de dados normalmente
são obtidos mais facilmente do que para os sistemas de ar condicionado como foi
apresentado anteriormente.
Esta facilidade ocorre, pois nos projetos luminotécnicos destes
empreendimentos, muitas vezes os projetistas se utilizam de um mesmo tipo de
lâmpada para iluminação de um ambiente, ou seja, a grande quantidade de
lâmpadas possui a mesma característica em um ambiente de mall ou de uma praça
de alimentação por exemplo.
O levantamento de dados sobre o sistema de iluminação pode ser realizado
com relação a:
- potência consumida: em cada ambiente do shopping center deve ser
coletado a potência referente ao conjunto existente em cada luminária, ou seja, a
soma da potência consumida pelo número de lâmpadas existentes em cada
luminária, somando a potência consumida pelo reator quando existente, em caso
lâmpadas de descarga (fluorescentes, vapor de mercúrio ou vapor de sódio);
- horas de funcionamento: identificar a quantidade de horas durante as quais
as lâmpadas permanecem acesas, onde normalmente para um ambiente de mall de
120
shopping centers não é inferior a 12 horas por dia. Com este dado será possível
determinar a contribuição das lâmpadas no consumo de energia do shopping
center;
- período de funcionamento: com a identificação deste dado será possível
determinar a contribuição das lâmpadas na demanda global do shopping center;
- área: campo limitado onde se deseja realizar o diagnóstico energético.
Conhecendo as definições acima, o método a ser utilizado para o diagnóstico
energético do sistema de iluminação baseia-se em um dos métodos já definidos
pela norma ASHRAE Standard 90.
O método é denominado Método da Área do Edifício. Tal método baseia-se na
comparação entre a densidade de potência instalada (DPI), dada em W/m², no
shopping center e a densidade de potência limite para o mesmo. Este método
avalia de forma conjunta todos os ambientes do edifício e atribui um único valor
limite para a avaliação do sistema de iluminação.
Para um ambiente comercial destinado a instalação de escritórios por
exemplo, a norma ASHRAE Standard 90.1 determina que este espaço deve ser
iluminado com uma densidade de potência de iluminação igual à 11 W/m².
O Método da Área do Edifício se restringe a edifícios com até três atividades
principais, ou para atividades que ocupem mais de 30% da área do edifício.
Os procedimentos para realização da avaliação devem seguir conforme as
diretrizes abaixo:
- inicialmente identificar a atividade principal do edifício de acordo com a
tabela 16, e em seguida verificar a Densidade de Potência de Iluminação Limite
(DPIL) para cada nível de eficiência. Para edifícios com atividades não listadas
deve-se escolher uma atividade equivalente. Como a atividade específica de
shopping centers não consta na tabela, a atividade que mais se assemelha se
refere ao comércio;
- determinar a área iluminada do shopping center;
121
- multiplicar pela DPIL, a área iluminada e assim determinar a potência limite
do shopping center;
- caso o ambiente do shopping center possua até três atividades principais
distintas, deve-se determinar a DPIL para cada uma destas atividades e
consequentemente, determinar a área iluminada para cada uma delas. A potência
limite para o edifício será a soma das potências limites para cada atividade, pois a
verificação do nível de eficiência será feita através da potência total instalada no
shopping center e não por atividade;
- comparar a potência total instalada no shopping center e a potência limite
para determinar o nível de eficiência do sistema de iluminação;
- após identificar o nível de eficiência do sistema de iluminação do
empreendimento, deve-se verificar o atendimento dos pré-requisitos em todos os
ambientes.
Obs: Caso existam ambientes que não atendam aos pré-requisitos, o
equivalente numérico deverá ser corrigido. Deve ser realizada a ponderação entre
os níveis de eficiência, a potência instalada dos ambientes que não atenderam aos
pré-requisitos e a densidade de potência de iluminação limite encontrado para o
sistema de iluminação.
Função do Edifício
Densidade de Potência de Iluminação
limite W/m2 (Nível A)
Densidade de Potência de Iluminação
limite W/m2 (Nível B)
Densidade de Potência de Iluminação
limite W/m2 (Nível C)
Densidade de Potência de Iluminação
limite W/m2 (Nível D)
Academia 9,5 10,9 12,4 13,8 Armazém 7,1 8,2 9,2 10,3 Biblioteca 12,7 14,6 16,5 18,4 Bombeiros 7,6 8,7 9,9 11,0 Centro de Convenções 11,6 13,3 15,1 16,8 Cinema 8,9 10,2 11,6 12,9 Comércio 15,1 17,4 19,6 21,9 Correios 9,4 10,8 12,2 13,6 Venda e Locação de Veículos
8,8 10,1 11,4 12,8
Escola/Universidade 10,7 12,3 13,9 15,5 Escritório 9,7 11,2 12,6 14,1 Estádio de esportes 8,4 9,7 10,9 12,2 Garagem – Ed. Garagem 2,7 3,1 3,5 3,9
122
Ginásio 10,8 12,4 14,0 15,7 Hospedagem, Dormitório 6,6 7,6 8,6 9,6 Hospital 13,0 15,0 16,9 18,9 Hotel 10,8 12,4 14,0 15,7 Igreja/Templo 11,3 13,0 14,7 16,4 Restaurante 9,6 11,0 12,5 13,9 Restaurante: Bar/Lazer 10,7 12,3 13,9 15,5 Restaurante: Fast-food 9,7 11,2 12,6 14,1 Museu 11,4 13,1 14,8 16,5 Oficina 12,9 14,8 16,8 18,7 Penitenciária 10,4 12,0 13,5 15,1 Posto de Saúde/Clínica 9,4 10,8 12,2 13,6 Posto Policial 10,3 11,8 13,4 14,9 Prefeitura – Inst. Gov. 9,9 11,4 12,9 14,4 Teatro 15,0 17,3 19,5 21,8 Transportes 8,3 9,5 10,8 12,0 Tribunal 11,3 13,0 14,7 16,4
Tabela 16: Limite máximo aceitável de densidade de potência de iluminação (DPIL) para o nível de eficiência pretendido – Método da
Área do Edifício Fonte: INMETRO (2010)
Com o intuito de identificar o valor ideal para o diagnóstico energético, devem
ser excluídos do cálculo da potência instalada da iluminação os sistemas que forem
complementares à iluminação geral do shopping center como:
- iluminação de destaque que seja parte essencial de um evento como
iluminação de destaque de um veículo a ser sorteado em promoções de dia dos
pais, dia das mães, natal, etc...
- iluminação contida ou parte integrante de equipamentos ou instrumentos;
- iluminação em ambientes especificamente projetados para uso de deficientes
visuais;
- iluminação totalmente voltada à propaganda ou à sinalização;
- sinais indicando saída e luzes de emergência;
- iluminação à venda ou sistemas de iluminação para demonstração com
propósitos educacionais;
- iluminação para fins teatrais, incluindo apresentações ao vivo e produções de
filmes e vídeos;
123
- iluminação de circulação externa;
- iluminação de tarefa ligada diretamente em tomadas.
Para o método apresentado, a soma total das potências do sistema de
iluminação deve incluir os valores de todo o conjunto luminotécnico (luminária,
lâmpada e reator).
Executar medidas de conservação de energia e eficiência energética em
sistemas de iluminação dos shopping centers, contribui com a redução de carga
térmica dos ambientes, gerada pela dissipação de calor das lâmpadas e reatores,
obtendo-se também a redução do consumo de energia elétrica com o sistema de ar
condicionado.
Os sistemas de iluminação de shopping centers mais antigos tendem a
apresentarem níveis de iluminação maiores do que o necessário. Idealmente seria
necessário realizar-se um novo projeto luminotécnico seguindo as diretrizes das
normas vigentes e realizando um retrofit em todo o sistema de iluminação, no
entanto, quando isto não é possível, deve-se analisar o sistema de iluminação,
considerando:
- por quantas horas as lâmpadas ficam acesas;
- a potência de cada conjunto de luminária;
- o nível da iluminação necessária para a atividade que está sendo
desenvolvida no ambiente.
Esta análise possibilita a identificação da DPI existente e auxilia na tomada de
decisão quanto a medidas de eficientização.
A substituição de uma tecnologia de iluminação obsoleta por uma mais
moderna e eficiente, tem como principal objetivo aumentar a eficiência do sistema
de iluminação, diminuindo sua potência instalada e mantendo seu nível de
iluminamento.
Isto significa que a eficiência energética de um determinado sistema de
iluminação já instalado pode ser avaliada quando comparada com outro sistema de
iluminação que apresente um mesmo nível médio de iluminância e menor DPI.
124
Os valores relativos a iluminância foram tabelados por atividade. No Brasil eles
se encontram na NBR 5413.
Na realização de projetos do sistema de iluminação de shopping centers, a
adoção de níveis de iluminação maiores que os recomendados pela NBR 5413
influenciará diretamente nos níveis de eficiência energética destes
empreendimentos.
Visto que normalmente é mais caro substituir um sistema de iluminação já
existente do que instalar um novo sistema de iluminação em um shopping center
em construção, deve-se prever desde as primeiras premissas do projeto
luminotécnico, os custos relacionados com o consumo de energia elétrica, a
substituição e a manutenção destes equipamentos.
É importante observar que os valores recomendados do nível de iluminamento
presentes em normas técnicas, manuais de fabricantes de equipamentos de
iluminação e publicações especializadas variam muito entre si. Consequentemente,
a especificação do nível de iluminamento acaba ficando sob inteira
responsabilidade do projetista, que deve escolher um valor dentro da faixa
recomendada. Essa arbitrariedade do projetista às vezes resulta em projetos mal
dimensionados, onde o nível de iluminamento final não corresponde às reais
necessidades do ambiente. Sistemas com nível de iluminamento fora da faixa
recomendada podem reduzir drasticamente o desempenho do usuário e, em alguns
casos, comprometer sua saúde. Além disso, no caso de superdimensionamento,
ainda existe um acréscimo desnecessário do consumo de energia elétrica, seja por
excesso de iluminação, seja por aumento do ciclo de trabalho do sistema de ar
condicionado (ALVAREZ; SAIDEL, 1998).
125
9. APLICAÇÃO DE PROJETOS EM SHOPPING CENTERS
Segundo estudo divulgado pela ABRASCE, a conta de energia pode chegar a
45% dos gastos condominiais de um shopping center
Aliada a esta informação e a escassez de recursos naturais, e
consequentemente preocupados com a continuidade da operação dos shopping
centers, os gestores e investidores deste tipo de empreendimento vem
desenvolvendo ações e projetos de eficiência energética.
A seguir destaca-se alguns exemplos de sucesso de projetos de eficiência
energética aplicados em shopping centers:
9.1 Shopping Rio Mar / PE
Se trata do primeiro shopping center da América Latina a certificar-se com o
selo AQUA. Neste empreendimento foi utilizado apenas madeira de reflorestamento
e seu projeto foi valorizado com a utilização de domus de vidro privilegiando a
iluminação natural.
Para integrar o item acima, foi instalado um sistema de climatização que
detecta automaticamente a necessidade de manter a temperatura ou esfriá-la, sem
interferência humana. Este mesmo sistema de climatização reaproveita a água da
chuva nas torres de resfriamento.
Segundo informações divulgadas pelo gerente de facilidades do próprio
shopping center, os benefícios com as ações supracitadas atingem uma redução de
cerca de 35% de economia de energia ao ano. Esta redução de custos é repassada
aos lojistas no intuito de favorecer novas negociações e fidelizar os lojistas
existentes.
9.2 Santana Parque Shopping / SP
Neste shopping center localizado na zona norte de São Paulo, houve
investimentos em projetos arquitetônicos com a utilização de claraboias e áreas
envidraçadas. Segundo informações divulgadas pelo gerente de facilidades, a
utilização de claraboias reduziu o consumo de energia em torno de 20%.
126
Ainda pensando em sustentabilidade e redução de custos, realizou-se a
instalação de elevadores com comando de variação de velocidade e frequência,
diminuindo em 40% o consumo de energia dos equipamentos.
Integrando-se aos demais projetos, a iluminação do shopping realizada com
lâmpadas fluorescentes e incandescentes foi substituída por LED, promovendo 10%
de redução de custos na conta de energia elétrica.
9.3 Shopping Plaza Sul / SP
O Shopping Plaza Sul foi inaugurado em 1994 e em 2005 recebeu a
certificação segundo a norma ISO 14001 do seu Sistema de Gestão Ambiental e,
em 2008, certificou seu Sistema de Segurança e Saúde segundo a norma OHSAS
18001.
Prezando pelo meio ambiente e perante a crise hídrica que se iniciou em
2014, executou a perfuração de dois poços artesianos e implantou um sistema de
reuso de água através de uma estação de tratamento de esgoto. Com este sistema,
é reaproveitado mais de 50% do esgoto, proporcionando a economia de cerca de
35% do consumo de água potável
Com a perfuração dos poços artesianos e o sistema de tratamento de esgoto o
shopping se tornou autossuficiente quanto a utilização de água, mantendo o
contrato com a concessionária apenas como um backup para ser utilizada em
alguma situação emergencial.
9.4 Shopping ABC / SP
O Shopping ABC deu início ao Programa Consumo Consciente de Energia,
que tem por objetivo diminuir o custo condominial através da maior eficiência
energética.
Com este Programa, todas as lojas que reduzem em 5% o consumo
energético no trimestre versus o mesmo trimestre do ano anterior, ganham um selo
de reconhecimento. Como incentivo, o Programa prevê semestralmente às lojas
que mais reduziram o consumo energético no período com prêmios como mídia no
shopping e vale-compras para os funcionários.
127
No intuito de auxiliar os lojistas quanto a redução do consumo energético, o
shopping desenvolveu uma cartilha de boas práticas e com dicas de economia de
energia.
9.5 Casa Shopping / RJ
O Casa Shopping investiu em projetos de eficiência energética para redução
de seus custos operacionais. Efetuou a substituição de lâmpadas de baixa
eficiência por iluminação LED e instalou um sistema de aquecimento de água
através de painéis Solares.
Com parceria junto a algumas empresas, o Shopping investiu na iluminação
LED e sensores de presença em áreas comuns, proporcionando uma redução de
R$6.000,00 por mês na conta de energia elétrica.
Ainda com a parceria das mesmas empresas, foi instalado o sistema de
aquecimento solar para a água utilizada nos vestiários do empreendimento. Este
projeto proporcionou uma economia de mais R$2.000,00 na conta de energia
elétrica.
9.6 Park São Caetano / SP
Este shopping center foi projetado já levando em consideração soluções de
eficiência energética. No projeto arquitetônico foi previsto a utilização de diversas
claraboias privilegiando a iluminação natural.
Além das áreas com claraboias, foram utilizados equipamentos elétricos
eficientes no sistema de ar condicionado e para completar o sistema foi previsto um
tanque de termoacumulação para acumular quase 3 milhões de litros de água
gelada.
Para completar o projeto do shopping foram instaladas escadas rolantes com
sensores para funcionarem apenas sob demanda, ou seja, quando houver fluxo de
pessoas.
128
9.7 Madureira Shopping / RJ
O shopping localizado na zona norte do Rio de Janeiro, inaugurado em 1989
possuía até 2010 um problema em relação a baixa eficiência dos equipamentos de
ar condicionado e temperatura elevada no interior do empreendimento causando
extremo desconforto aos lojistas, prestadores de serviços e clientes.
Em 2011, realizou um contrato com uma empresa francesa para realizar-se
um retrofit no sistema de climatização do Shopping, porém com os custos de
investimentos a serem pagos com a redução do consumo de energia elétrica.
Após um diagnóstico geral realizado pela empresa contratada, foi apresentado
um projeto para substituição dos chillers antigos e da implantação de um sistema de
automação para as bombas de água.
No período de 8 meses para a execução deste projeto, não houve
interferência na operação do mesmo qual permaneceu com sua rotina normal de
funcionamento.
Os investimentos foram da ordem de R$ 2,5 milhões porém a economia anual
com energia elétrica atinge mais R$ 480.000,00, ou seja, todo o projeto possui um
pay back de cerca de 6 anos que além de proporcionar uma economia de energia,
resolveu o problema de climatização do shopping.
Este projeto, devido ao seu reconhecimento e sucesso, recebeu o Prêmio
Destaque ABESCO, durante o 9º Congresso Brasileiro de Eficiência Energética e
ExpoEficiência.
9.8 Barra Shopping / RJ
O Barra Shopping foi inaugurado em 1981 porém com o desenvolvimento de
ações de eficiência energética, foi implantado um sistema de automação predial
que contribui para uma economia de cerca de R$ 500.000,00 ao ano com o
consumo de energia elétrica.
Outro projeto visando a economia de energia foi a instalação de vidros do tipo
low-e de alta eficiência que bloqueiam a entrada de calor nos ambientes, evitando a
sobrecarga dos equipamentos do sistema de ar condicionado.
129
9.9 New York City Center / RJ
O New York City Center é um centro de compras integrado ao complexo Barra
Shopping desde 2003.
Em seu projeto arquitetônico foram utilizados artifícios e técnicas que
privilegiam a ventilação natural e entrada de luz, dispensando a utilização de ar
condicionado.
O empreendimento possui um pé direito de 35 metros e uma cobertura de lona
branca de 5.400 m². Segundo os gestores deste empreendimento, estes
diferenciais promovem uma economia de cerca de 20% nos custos de energia
elétrica em relação a um shopping center de arquitetura tradicional do Rio de
Janeiro.
9.10 Shopping Jardins / SE
O Shopping Jardins inaugurado em 1997 está localizado em Aracajú/SE e já
passou por três expansões
Este empreendimento conta com diversas ações de eficiência energética,
dentre elas:
- a utilização de domus (claraboia) em vidro, para iluminação natural que
permite a economia de energia;
- um sistema de ar-condicionado de alta eficiência que permite a redução de
energia;
- o recolhimento da água de condensação do sistema de climatização e
reutilização nas torres de resfriamento com economia da água consumida;
- utilização de sensores nas torneiras dos sanitários que garantem a economia
de água;
- o monitoramento dos níveis internos de CO2 para controlar o volume de ar
externo de renovação em função da ocupação do shopping.
130
Além de todas as ações citadas acima, o shopping utiliza os rejeitos térmicos
de dois grupos moto-geradores para alimentar um chiller. Com este sistema de co-
geração, além de gerar economia de energia, produzindo água gelada sem custos
para o Shopping, também oferece a segurança de ter um back up de sua carga total
através de gás natural que alimentam os geradores.
O Shopping também conta com tanques de termoacumulação que são
utilizados neste empreendimento apenas para complementar a carga térmica que
exceder a carga térmica produzida pelos chillers.
9.11 Uberlândia Shopping / MG
O Uberlândia Shopping seguindo a tendência das grandes construções e as
preocupações ambientais foi construído sob requisitos de sustentabilidade, visando
a uma maior eficiência no consumo de energia elétrica e de água
A proprietária e administradora do empreendimento, já tem experiência na
construção de shoppings que atendem a esses requisitos. A preocupação com o
assunto resultou em um sistema próprio, o Environmental Standards for Retail
Development (ESRD), composto por requisitos estabelecidos com base em
certificações internacionais, como LEED (americana), BREEAM (britânica),
CASBEE (japonesa) e GB TOOL (canadense), que são aplicáveis a projetos de
shopping centers, nas áreas de eficiência energética e do consumo de água,
qualidade do ar interior, entre outras.
O objetivo do ESRD, segundo a empresa, é ser uma diretriz para definição de
novos projetos capaz de orientar engenheiros, arquitetos e projetistas a escolherem
melhores alternativas para que o shopping, ao entrar em operação, seja mais eco
eficiente.
O Uberlândia Shopping teve certificação simultânea na ISO 14001:2004 e
OHSAS 18001.
A sustentabilidade deste empreendimento foi pensado desde sua fase de
obras, quando foram aplicadas medidas para gestão e destinação adequadas dos
resíduos, controle de poluição e de resíduos perigosos, controle e redução do
131
consumo de água e de energia e a conscientização dos operários e de todos os
funcionários.
Para sua operação, foram priorizados o aproveitamento da luz natural, por
meio do uso de vidros de alto desempenho e a iluminação com consumo reduzido e
controle setorizado.
O projeto também contou com o uso de coletores solares para aquecimento da
água dos vestiários com equipamentos que conseguem manter a temperatura
adequada para o controle da legionella, uma bactéria que, para ser eliminada, é
necessário que a água esteja acima de uma determinada temperatura.
A questão energética também foi contemplada pela aquisição de
equipamentos mais eficientes, como secadores de mão com baixo consumo de
energia e aparelhos de ar-condicionado de alto desempenho energético.
9.12 Shopping Center Uberaba / MG
O Shopping Center Uberaba foi inaugurado em 1999 e passou por uma
expansão em 2005.
O projeto deste empreendimento foi motivo de destaque na Cartilha
PROCEL/IAB, devido suas características de Eficiência Energética. O projeto
privilegiou a utilização de técnicas para o aproveitamento de ventos e
direcionamento Solar para quanto ao sistema de conforto térmico.
No desenvolvimento do projeto e execução levou-se em consideração a
utilização de métodos passivos, onde foi previsto aberturas em locais apropriados
do prédio, localização de vegetação, proporcionalidade de construção, obtendo uma
economia de cerca de R$ 60.000,00 por ano com energia elétrica.
9.13 Shopping Oiapoque / MG
Também em Minas Gerais, o Shopping Oiapoque foi concebido sobre as
antigas estruturas de um prédio construído nas primeiras décadas do século XX,
qual inicialmente abrigou a Cervejaria Rhenânia. Devido a importância desta
132
edificação no contexto arquitetônico da cidade de Belo Horizonte, em 1990 foi
promovido se tombamento como patrimônio histórico.
Neste empreendimento adotou-se um projeto luminotécnico de eficiência
energética e fez com que o mesmo ingressasse no portfólio de empresas
sustentáveis.
Em parceria com a empresas do seguimento de iluminação, o Shopping
eliminou a necessidade de construção de uma subestação através da substituição
de equipamentos de iluminação e ventilação.
Este projeto foi viabilizado após a análise dos equipamentos do
empreendimento onde foi detectada a baixa eficiência de equipamentos do sistema
de iluminação e de ar condicionado. Com a substituição destes equipamentos, por
outros mais modernos e eficientes, os ganhos energéticos proporcionaram um
economia superior a 50% de energia elétrica.
Para compor os novos equipamentos de ar condicionado, foram instalados na
cobertura do shopping, exaustores eólicos e exaustores fotovoltaicos. Os
exaustores eólicos são acionados por meio do ar quente que sobe e pressiona os
exaustores para que funcionem e os exaustores fotovoltaicos utilizam o Sol como
fonte de energia elétrica para movimentar um pequeno motor que succiona o ar
quente de dentro do ambiente para fora.
A partir desta economia de energia e consequentemente redução de gastos
com este insumo, possibilitou-se o investimento em outros projetos de eficiência
energética.
9.14 Shopping Iguatemi Campinas / SP
O Shopping Iguatemi Campinas foi inaugurado em 1980 na região de
Campinas/SP.
Este empreendimento com a implementação de recursos de automação
atingiu uma redução de 14% no consumo de energia elétrica.
Em parceria com as empresas do seguimento de ar condicionado, realizou a
automatização da Central de Água Gelada (CAG).
133
A equipe de instalação e integração teve o cuidado de desenvolver uma lógica
de controle dos sistemas de ar condicionado e também de iluminação, de forma a
obter a melhor performance dos equipamentos que compõem estes sistemas.
Foi implantado um software, que tem como função tornar os prédios mais
inteligentes por meio de controle integrado dos sistemas de conforto, iluminação e
segurança. No caso da CAG, o software foi programado para que o acionamento,
funcionamento e desligamento de equipamentos e do sistema de ar condicionado
sejam feitos de forma adequada. Outro passo do projeto de eficiência energética no
Shopping foi a instalação de um chiller de 1000 TR`s com tecnologia de velocidade
variável no compressor centrífugo.
E para completar o projeto, o sistema de automação passou a monitorar a
performance energética e térmica dos chillers e a monitorar tendências climáticas
por meio de uma estação meteorológica integrada ao Building Management System
(BMS) – Sistema de Gerenciamento Predial.
Toda lógica de programação foi baseada:
- na identificação do correto setpoint de saída de água gelada automático;
- na vazão variável no sistema de água gelada;
- no controle de temperatura de água de condensação através do sistema de
seis torres equipadas com variadores de frequência;
- no sistema de iluminação com acionamento por nível de iluminação e por
ordem de importância e necessidade do local a ser iluminado.
O retorno do investimento com a economia de energia foi estimada pelos
gestores deste empreendimento em dois anos.
O Grupo Iguatemi tem implementado soluções para aumentar a economia de
água, reduzir o consumo de energia e incrementar a reciclagem de resíduos em
todos os seus empreendimentos.
Algumas das medidas que estão sendo adotadas são:
- gestão de resíduos;
134
- instalação de sensores e automação do sistema de ar-condicionado;
- eficiência energética aplicada ao sistema de bombeamento de água gelada;
- utilização de chillers com frequência variável, o que aumenta a eficiência dos
mesmos em baixas cargas;
- controle do consumo de água potável e da geração de esgotos, por meio de
torneiras econômicas com sensores, vasos eficientes, aferição de hidrômetros e
“caça-vazamentos”;
- reaproveitamento de água de chuva;
- resfriamento automático de parte do telhado com água do sistema de
reaproveitamento de água instalado no shopping;
- redução das emissões de carbono e resíduos;
- instalação de escadas rolantes com velocidade variável, ou seja, a
velocidade diminui automaticamente quando não há utilização da mesma e
aumenta na presença de pessoas.
9.15 Shopping Guararapes / PE
O Shopping Guararapes foi inaugurado em 1993 e já passou por 5 etapas de
ampliação.
Desde 2005, este empreendimento produz sua própria energia nos horários de
pico utilizando um gerador.
Devido a seu projeto arquitetônico, é possível também o aproveitamento da luz
natural para iluminação do mall durante o dia, já que 70% da parte coberta é de
vidro. Esse diferencial possibilita uma economia de 30% no consumo.de energia
elétrica.
O Shopping recebeu por duas vezes, nos anos de 2010 e 2015, o Prêmio
Newton Rique de Sustentabilidade, concedido pela ABRASCE.
135
9.16 Shopping Interlagos / SP
Este shopping foi inaugurado em 1988, possui uma área total de 192.000m²,
300 lojas e estacionamento capaz de comportar quase 5.000 veículos. Além disso,
o Shopping recebe, em média, 100 mil consumidores por dia, fazendo com que o
fluxo mensal seja de, aproximadamente, 3 milhões de visitantes.
Visto a necessidade de economizar energia durante o horário de ponta e da
necessidade da implantação de um sistema para climatização do ambiente, após
um estudo detalhado realizado por uma empresa contratada, concluiu-se que a
melhor solução seria a instalação de um sistema de cogeração de energia.
A cogeração é a produção simultânea de dois tipos de energia, em geral
elétrica e térmica, a partir de uma única fonte de combustível.
Quanto ao Shopping Interlagos, o mesmo possui o gás natural como
combustível para alimentação dos geradores, eliminando o uso de outros
combustíveis de maior impacto ao meio ambiente.
O calor gerado pelos gases de escape e pela água do sistema de
arrefecimento dos geradores de energia elétrica são aproveitados num ciclo de
refrigeração, propiciando a produção de água gelada, que, posteriormente, é
utilizada para o funcionamento do ar condicionado. Desta forma, é possível gerar
energia para o empreendimento e climatizar áreas de forma econômica e
sustentável.
Aliado a este benefício, o fornecimento de energia em horário de ponta
propicia uma economia de até 30% nas tarifas de energia.
9.17 USP – Universidade de São Paulo / SP
Não apenas em shopping centers, mas em diversos outros empreendimentos,
proprietários, investidores e gestores estão se preocupando cada vez mais com um
desenvolvimento sustentável, a fim de reduzir a utilização de recursos não
renováveis. Um exemplo de sucesso, é o projeto PURE-USP (Programa
Permanente para o Uso Eficiente da Energia Elétrica na USP), criado em 1997, qual
avaliou o consumo de energia elétrica do campus Armando de Sales Oliveira,
136
identificando um potencial de redução deste consumo através da implantação de
ações de eficiência energética.
Conforme Morales (2007), em 2004, dentre todas as unidades, a Cidade
Universitária Armando de Sales Oliveira (CUASO), localizada na capital, é a maior
do ponto de vista de consumo de energia, contribuindo com aproximadamente 58%
do consumo total da USP, com demanda máxima superior a 16 MW e um total de
mais de 55% dos custos com a energia, conforme gráfico 12 a seguir:
Gráfico 11: Participação dos Campi no Dispêndio com Eletricidade Fonte: Saidel (2005)
O PURE-USP possui ações direcionadas por três itens principais: gestão,
comportamento e eficiência energética.
Gestão:
Uma das primeiras ações do Programa concentrou-se na análise das faturas
de energia elétrica. Havia na Universidade incertezas com relação ao número de
faturas existentes e verifica-se a ocorrência de multas por atraso de pagamentos,
por ultrapassagem de demanda e excesso de reativos (KURAHASSI, 2006).
Tais problemas previamente analisados foram tratados, adequando a data de
pagamento das faturas de acordo com o fluxo de caixa da Universidade e efetuando
o enquadramento das diversas faturas de acordo com a necessidade específica de
cada unidade.
Segundo Saidel (2005), as multas que representavam, em 1997, 6,2% dos
dispêndios de energia, diminuíram para 1,7% em 2004.
137
Dentro desta questão de gestão, a análise de consumo mensal, fator de
potência e verificação dos maiores consumidores de energia foi fundamental.
Algumas ferramentas de apoio são necessárias para que os gestores das
unidades conheçam o comportamento e hábitos de uso da energia. Dentre as
ferramentas podem-se citar as ferramentas de gestão de faturas e monitoramento
do consumo, que criam um histórico das unidades e fundamentam as decisões e
estimativas dos responsáveis pela gestão. Outra ferramenta importante são os
indicadores de consumo, que podem ser estabelecidos através de dados históricos
ou a partir da classificação da unidade e seus usos finais (MORALES, 2007).
Integrando a tecnologia de informação ao PURE-USP, foi criado o sistema
ContaluzWeb.
A USP possui 326 contas de eletricidade, distribuídas por 20 cidades do
estado de São Paulo e é atendida por 6 concessionárias de energia elétrica. A
diversidade e o elevado número de faturas de energia elétrica levaram a USP a
criar o sistema ContaluzWeb (KURAHASSI, 2006).
Este sistema é responsável por armazenar em um banco de dados, as
informações a respeito do consumo de energia e demais informações quais são
encontradas nas faturas emitidas pelas concessionárias de energia, garantindo
assim um monitoramento constante da evolução de consumo de energia na
Universidade.
Segundo Saidel (2005) a utilização do ContaluzWeb na Universidade permitiu
a contestação de 97 faturas perante as concessionárias de energia, no período de
maio de 2003 a junho de 2005. Estas contestações resultaram em um desembolso
evitado de R$ 4.979.354,78.
Comportamento:
Outra questão extremamente relevante para este Programa se trata da
divulgação permanente de conceitos a respeito de uso consciente de energia e
realização de campanhas objetivando a eficiência energética da Universidade a
todos que circulam por suas unidades.
138
Estas campanhas puderam comprovar ótimos resultados no ano de 2001,
período em que o Brasil enfrentava uma de suas piores crises energéticas.
Os resultados do Programa permitiram comprovar as expectativas que
existiam de economia e que poderia ser obtido nas instalações da USP. O consumo
de eletricidade em 2001 foi 9,5% inferior ao consumo do ano 2000 (SAIDEL, 2005).
Eficiência energética:
Uma das maneiras de reduzir o consumo de eletricidade na Universidade é
realizar intervenções nas instalações promovendo substituições de equipamentos
elétricos por modelos mais eficientes e melhorias nas edificações que propiciem
menor consumo de eletricidade (KURAHASSI, 2006).
A substituição de equipamentos iniciou-se no período do racionamento,
quando o Programa de Economia de Energia previa que uma parte dos recursos
gerados através da economia de energia poderia ser investida na compra de
equipamentos eficientes (SAIDEL, 2005).
Para a implantação de projetos de eficiência energética, foi necessário realizar
a análise detalhada dos sistemas consumidores de energia elétrica e identificar
então os pontos com maiores potenciais de redução de consumo de energia e
viabilidade econômica.
Assim como nos shopping centers que foram analisados neste trabalho,
identificou-se também um maior potencial de economia na implantação de projetos
de eficiência energética nos sistema de ar condicionado e iluminação.
139
10. CONCLUSÃO
Segundo Degani (2010), a sustentabilidade das facilidades construídas é
premissa para o desenvolvimento sustentável global.
Com a emblemática situação de tornar os empreendimentos brasileiros mais
sustentáveis, desde a fase de projeto a sua fase de operação, surgem as
prioridades de implantação de projetos de eficiência energética nos grandes
empreendimentos como universidades, hotéis, hospitais e shopping centers.
Com a elaboração deste trabalho, evidenciou a necessidade de aplicação de
boas práticas para o desenvolvimento sustentável dos shopping centers, assim
como a evolução das normas, legislação e métodos de avaliação de edifícios e
demais construções.
Fica explícito que os gestores dos empreendimentos estão gradativamente
mais orientados quanto a eficiência energética dos empreendimentos sob sua
responsabilidade e buscando soluções sustentáveis.
Com os diversos custos inerentes a operação dos shopping centers, a
implantação dos projetos de eficiência energética e métodos de conservação de
energia contribuem com uma redução dos custos condominiais e
consequentemente na garantia de continuidade da operação, mantendo os lojistas
atuais e proporcionando maior atratividade a novos lojistas.
Analisando este trabalho é possível verificar a importância do diagnóstico
energético como uma ferramenta da conservação de energia e redução de custos
quanto a energia elétrica do empreendimento.
Um obstáculo à implementação dos programas de conservação de energia é a
obtenção de recursos financeiros. Aconselha-se quando possível, que as medidas
de baixo custo e as que não necessitem de investimentos sejam as primeiras a
serem implementadas, de modo que os recursos financeiros provenientes da
economia de energia elétrica possam ser utilizados nas demais sugestões.
Quanto ao crescente mercado de shopping centers, pôde-se demonstrar que
inúmeros shoppings já em operação estão preocupados com os recursos naturais e
engajados quanto a eficiência energética e os nonos empreendimentos estão sendo
140
construídos com um pensamento sustentável, com projetos arquitetônicos que
visam a economia de energia e utilização desnecessária de recursos naturais,
implantação de equipamentos eficientes e práticas sustentáveis desde o período de
obras. Entretanto, esta quantidade de shopping centers é bastante tímida em
relação a quantidade de shoppings existentes e em desenvolvimento ou ampliação.
Os shopping centers mais antigos podem ser vistos como empreendimentos
com grande potencial para aplicação de projetos de eficiência energética, revisão
de projetos de iluminação, retrofits de equipamentos de ar condicionado e
otimização de processos operacionais.
Em alguns casos, ações de baixo custo como campanhas de conscientização
com prestadores de serviços, lojistas e clientes podem revelar bons resultados
quanto a economia energética.
É importante ressaltar que com todas as práticas e projetos adotados, o cliente
final não seja afetado, ou seja, o ambiente não deve sofrer alterações que incorram
em desconforto, insatisfação ou perda de atratividade aos consumidores.
A partir de visitas a alguns shopping centers foi possível identificar os sistemas
elétricos que possuem medição de energia e classificar os principais consumidores
de energia elétrica deste tipo de empreendimento. Também foi possível visualizar
que existem práticas aplicadas em busca de melhor eficiência energética do
empreendimento.
Através de materiais de apoio e livros, foram esclarecidas algumas formas de
economizar energia e melhorar a eficiência de equipamentos e evidenciar algumas
potenciais aplicações de gestão de energia e eficiência energética.
O assunto não está esgotado, podendo servir de base para o aprofundamento
de outras pesquisas, ou seja, as considerações realizadas neste trabalho não estão
esgotadas, mas podem servir de base para demais trabalhos futuros.
Existem algumas diretrizes aqui englobadas que poderão ser aprofundadas e
utilizadas para agregar novas experiências contribuindo assim com a disseminação
de conceitos e práticas de conservação de energia e na evolução de novas
tecnologias e projetos de eficiência energética, garantindo a continuidade da
humanidade e sua evolução a partir de um desenvolvimento sustentável.
141
Foi evidenciado que existem diversos sistemas de avaliação e indicadores de
eficiência energética para edifícios, entretanto foi possível identificar que não há
nenhum sistema completo no Brasil ou ao redor do mundo, sendo interessante o
desenvolvimento de um novo sistema de avaliação de eficiência energética que
envolva um mix de todos os sistemas apresentados, de forma a obter-se um
sistema de certificação o mais completo possível.
Cabe ainda afirmar que para analisar todos os benefícios associados a um
projeto de eficiência energética, não basta um estudo totalmente quantitativo - como
valor presente líquido, taxa interna de retorno - uma vez que estes em geral não
contabilizam ativos intangíveis trazidos por iniciativas de tal natureza (MANO,
2014).
Diante do exposto em todo o trabalho, vale destacar:
- a necessidade da mitigação e controle do desenvolvimento econômico, frente
aos impactos ambientais;
- a crescente demanda por energia elétrica;
- os elevados custos quanto aos investimentos em projetos de eficiência
energética, porém que vêm reduzindo gradativamente a medida que novas
tecnologias são desenvolvidas e de que a demanda por tais tecnologias ganham
destaque nos empreendimentos, visto às necessidades de redução de custos e
procura por um edifício com um diferencial ambiental;
- os benefícios da implantação de programas de conservação de energia;
- o elevado consumo energético frente aos sistemas de ar condicionado e
iluminação artificial;
- a mudança lenta mas gradativa da cultura brasileira quanto a necessidade de
redução dos impactos ambientais.
Como sugestão para trabalhos futuros, a fim de dar continuidade ao tema
abordado:
- desenvolvimento de um novo modelo de certificação de eficiência energética;
142
- estudo comparativo mesmas tecnologias de eficiência energética aplicados
em shopping centers localizados em regiões distintas;
- levantamento de dados de equipamentos consumidores de energia em
shopping centers
- importância da medição de energia elétrica por equipamento ou grupo de
equipamentos em shopping centers
- custos operacionais de shopping centers em relação ao orçamento
condominial
- energia alternativa empregada a shopping centers
- gerenciamento energético de shopping centers
- construção sustentável para shopping centers
- desenvolvimento de métodos de certificação de eficiência energética
especifica para shopping centers
- energia elétrica e seu impacto ambiental
- práticas sustentáveis em shopping centers
- gestão ambiental de shopping centers
- shopping verdes: construções sustentáveis
Este trabalho reconhece sua singela contribuição dentre a vasta dimensão
deste assunto inerente a sustentabilidade e eficiência energética, porém espera-se
que tenha sido assertivo e possa ser útil no desenvolvimento de outros trabalhos
e/ou projetos e que a partir deste, decorram mudanças comportamentais positivas
para o meio ambiente mesmo que diminutas.
143
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