Post on 23-Jun-2015
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
1
Curso de Formação
Prestação de Cuidados a Pessoas Idosas e a
Dependentes
Fisioterapeuta
Armanda Rodrigues
E-mail: Armandarod@gmail.com
Licenciada em Fisioterapia
Pós-Graduação em Gerontologia
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
2
Conteúdos Programáticos
Índice geral
1. Posicionamentos e Mudanças de Posição
2. Síndrome de Imobilização
3. Treino Funcional
3.1 Técnicas de mobilidade (utentes dependentes/muito
dependentes e semi-dependentes)
3.2 Técnicas de transferência (utentes semi-dependentes)
3.3 Acompanhamento (utentes independentes mas com
necessidade de vigilância ou acompanhamento próximo)
4. Prevenção de quedas nos idosos
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
3
1. Posicionamentos e Mudanças de Posição
Nas fases em que o utente necessite de períodos de acamamento, o seu bom
posicionamento e uma mobilidade adequada, facilitará a manutenção da integridade
da pele, das amplitudes articulares e do movimento.
Este é o período de maior risco do desenvolvimento de zonas de pressão. Estas
devem-se essencialmente a:
o Alterações circulatórias
o Alterações respiratórias
o Alterações do movimento e das amplitudes articulares
Embora a Fisioterapia tenha um papel primordial na prevenção, facilitação e
ensino, ao utente e à sua família ou outros cuidadores, das melhores condutas a seguir,
cabe a todos os o papel de estar atento e alertar aqueles que possam agir.
a. Posicionamentos
São utilizados para evitar:
Contracturas
Encurtamentos
Perca de amplitude articular
Complicações respiratórias e/ou circulatórias
Zonas de pressão
Estas complicações podem ocorrer como consequência da hipertonia, alterações
da mobilidade articular e do mau posicionamento. A idade é um factor importante a
considerar, uma vez que a actividade global tem tendência a diminuir.
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
4
Um posicionamento eficaz deve:
o promover o conforto; deve adaptar-se o posicionamento às necessidades do
doente, e sempre que possível ter uma acção conjunta com o mesmo.
o prevenir as alterações do tónus muscular, movimento e amplitudes
articulares; o posicionamento escolhido deve facilitar a mobilidade e
mobilização do utente e a estimulação sensorial e proprioceptiva.
o prevenir zonas de pressão
b. Úlceras e Zonas de Pressão
Podem ter etiologia diversa, sendo as mais frequentes:
Alterações da sensibilidade e dos movimentos voluntários
Alterações do controle vasomotor (ie, as alterações da circulação produzem
uma diminuição da resistência à pressão)
Posicionamentos (sabe-se que as zonas de pressão se desenvolvem sobretudo
nas proeminências ósseas, especialmente nas posições de sentado e de
deitado).
Fases de desenvolvimento
1ª fase
Distúrbio circulatório com produção de eritema e edema, esta inflamação
desaparece em 48h, se for aliviada a pressão.
2ª fase
Existência de lesão tecidular a nível cutâneo ocorre estase vascular com
rubor, o descongestionamento da área não desaparece à descompressão. Levando ao
desenvolvimento de úlcera e necrose superficial
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
5
3ª fase
Existência de uma necrose extensa com destruição do tecido subcutâneo,
fascia, músculos e osso. A infecção estende-se ao osso, periósteo e osteomelíte, que
pode resultar em destruição articular.
Em casos muito graves pode conduzir à septicemia e morte.
Preservação da integridade da pele
Em conjunto com outros profissionais de saúde o fisioterapeuta dispõe de
estratégias de prevenção:
Boa higiene da pele
Colchões e outros materiais anti-escara
Camas articuladas
Permitem a alterar o decúbito
Posicionamentos correctos (recorrendo a)
Decúbitos
Meios auxiliares
Decúbito dorsal Almofadas
Decúbito ventral Talas
Decúbito lateral Gaiolas
Semi-decúbito Cama articulada
Colchões e outros materiais anti-escara
...
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
6
Mudanças de decúbito (posição)
o dependendo da tolerância da pele
o no máximo de 3 em 3 horas
Arranjar estratégias para que todos os cuidadores saibam a que horas
foi feita a última mudança de decúbito e qual o posicionamento
anterior.
As zonas de pressão são comuns na posição de deitado e de sentado e
localizam-se sobretudo na região das proeminências ósseas.
Ao localiza-las podemos preveni-las com mais facilidade.
Posicionamento em decúbito dorsal
Ter em conta:
o Curvaturas fisiológicas
o Descarga das zonas de pressão
o Alívio total das zonas de pressão quando existir o mínimo sinal de alarme
o Membros superiores ligeiramente abduzidos
o Cotovelos semi-flectidos, dedos ligeiramente abertos e semi-flectidos
o Tíbio-társica em posição neutra (evitar o peso da roupa)
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
7
Devemos dar especial atenção às regiões indicadas e protege-las com
auxiliares que minimizem a pressão.
Suporte da região poplíteia, manutenção dos membros em posição neutra,
evitar a flexão plantar (colocar gaiola, sempre que necessário). Se o utente é
totalmente dependente devem ser protegidas todas as regiões acima indicadas, sempre
que se verificar alterações na tonalidade a pele, ou quaisquer sinais de
desenvolvimento de zona de pressão.
Exemplos:
Totalmente dependente
o Colocação em posição neutra da cabeça, tronco e membros
o 1 almofada na cabeça e
ombros
o 1 almofada em cada membro
o evitar o contacto dos
calcâneos
Parcialmente dependente
Segue os mesmos princípios
da posição anterior, no
entanto não necessita de tanto
suporte do lado menos
dependente.
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
8
Posicionamento em decúbito lateral
Ter em conta
o Cabeça -/segmento cervical suportado
o Membro superior em apoio
o Membro superior contra lateral semi-flectido sobre o tronco ou apoiado
sobre uma almofada
o Posicionamento funcional da mão
o Membro inferior em apoio (anca em extensão, tíbio-társica suportada e
bem posicionada tendo em atenção o maléolo externo)
Ao colocarmos um utente nesta posição devemos proteger as regiões onde a
pressão é maior, tal como indicado na figura.
M.I. Supra-lateral, deve ser suportado por almofadas com anca e joelho a 90º e
posição neutra
M.I. infra-lateral, extensão da anca e joelho, em posição neutra.
Estabilizar a pélvis com almofadas
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
9
Exemplos:
Totalmente dependente
o almofada entre as costas e a
cama
o manter o ombro infra-lateral
ligeiramente anteriorizado
o suportar a mão infra-lateral na
almofada da cabeça
o manter o membro supra-lateral
ao nível do ombro
o manter os joelhos em flexão com uma almofada entre os dois
Lateral com suporte apenas nos membros inferiores
Posicionamento em Semi-decúbito
Pode ser um bom auxiliar quando o utente é muito dependente ou totalmente
dependente, uma vez que passa muito tempo no leito e com o passar dos dias fica
saturado dos posicionamentos clássicos, ajudando a aliviar a pressão.
O posicionamento é semelhante ao decúbito lateral, o que difere é a
estabilização da pélvis, que pode ser feita nos 45º posteriores ou 45º anteriores.
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
10
Exemplos:
Semelhante à imagem anterior, mas com suporte apenas dos membros superiores
Semelhante à anterior com suporte apenas nos membros inferiores
Decúbito ventral
Por vezes, é necessário colocar o utente na posição de ventral, embora não seja
comum dado ser pouco confortável. No entanto, também neste decúbito existem
regiões mais sensíveis, que é necessário proteger.
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
11
Sentado
Quando o utente se encontra
numa cadeira de rodas, ou simplesmente
numa cadeira é necessário ter em
atenção, para além do seu ajustamento, o
tempo em que permanece na mesma e os
pontos em que podem desenvolver-se
zonas de pressão.
Actividades na cadeira ou cadeira de rodas para aliviar as zonas de pressão
Nestes utentes é importante realizar e/ou que estes realizem algumas
actividades como forma de reduzir o risco de desenvolver zonas de pressão.
Estas podem ser realizadas pelo próprio, sempre
que possível ou por terceiros. Em seguida, mostramos
alguns exemplos de exercícios que podem ser
realizados. Salienta-se que não é só na cama que o
utente necessita de ser movimentado, num máximo de 3
horas, mas que também aqueles que permanecem
sentados precisam desse apoio.
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
12
2. Síndrome de Imobilização
a. Descrição
Embora não me pareça correcto fazer uma descrição pormenorizada, de um
modo simples caracteriza-se por um somatório de situações que se vão
acumulando, como por exemplo: sedentarismo, falta de visão, perda da
capacidade de se deslocar fora da habitação,… e que levam em última estância ao
acamamento, à perda de função, diminuição das amplitudes articulares, perda da
força….
b. Prevenção
A melhor forma é manter a pessoa activa à medida que o tempo passa, quer
física quer psiquicamente. O que pode ser feito através de actividades autónomas ou
assistidas.
Quando essas actividades não são possíveis cabe a terceiros zelar pela
manutenção das amplitudes articulares estimulando toda a actividade possível, por
menor que seja. Nestes casos a mobilização tem um papel fundamental, uma vez que
vai estimular a função dos segmentos ajudando a manter as suas amplitudes, o que se
torna fundamental uma vez que nunca se sabe quando o utente vai recuperar a função.
Abaixo estão descritas formas de prevenção desta síndrome e de auxílio
àqueles que de alguma forma tenham incapacidade (contudo os temas acima
abordados também contribuem para prevenir esta situação).
c. Importância da mobilização
A manutenção das amplitudes articulares e do comprimento muscular, além do
objectivo implícito, têm um papel fundamental na prevenção de contracturas
musculares, estimulação da circulação e manutenção da integridade intra-articular
além de facilitarem a higiene.
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
13
É particularmente importante preservar:
Extensão do cotovelo
Flexão das metacarpo-
falângicas (mínimo 90º)
Facilita a mobilidade e a acção
tenodeses
Comprimento dos flexores da
anca Facilita a posição de pé
Possível marcha Mobilidade da rótula
Abdução
Mobilização passiva
Deve fazer-se mobilização passiva de modo que as amplitudes referidas sejam
mantidas. Esta deve ser lenta, suave e rítmica, tendo em consideração a
estabilidade do utente, sendo fundamental evitar amplitudes extremas.
Ombro Não ultrapassar 90º de flexão e abdução
Anca
Não ultrapassar os 90º de flexão da
anca, e joelho.
Não ultrapassar 45º de abdução da anca
Mobilização activa ou activa-assistida
É realizada pelo próprio e por vezes com o auxílio de terceiros e tem a mesma
finalidade que a passiva. Devem ser feitos os mesmos movimentos sejam eles
puros ou realizados em actividades. Ao contrário da passiva estes permitem
melhorar ainda a força muscular e a coordenação do movimento. Aumentando
assim os seus benefícios.
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
14
Posição de pé (Levante e aspectos importantes para manter a posição
de pé)
Todos os utentes, independentemente de virem a realizar marcha ou não,
devem ser encorajados a colocarem-se na posição de pé com regularidade. Pois
esta posição trás benefícios em relação:
Contracturas nos membros inferiores
Osteoporose
Circulação sanguínea
Função renal
Espasticidade
Tensão arterial
Preservação da integridade da pele
Manutenção da função respiratória
Reeducação do equilíbrio
Fortalecimento muscular
Readaptação a posição
Marcha e sua importância
Além de todos os benefícios da posição, a marcha é um importante factor na
independência do utente, auxiliando em muito as tarefas do cuidador. Esta mesmo
que realizada com dificuldade e incorrecção é um estímulo para o utente e um
factor importante na sua auto-estima. É fundamental que o cuidador estimule o
utente nesta actividade, para que seja mantida o máximo de tempo possível.
Tendo em conta os aspectos focados, as actividades referidas (mobilização,
posição de pé...) devem iniciar-se o mais cedo possível de forma a manter ou
melhorar a força, a amplitude muscular e articular e como forma de prevenção da
síndrome de imobilização.
Esta é uma importante abordagem de maneira a promover uma melhor
performance física, para posterior fase de reabilitação activa no caminho da
funcionalidade e do aumento da qualidade de vida.
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
15
3. Treino Funcional
3.1 Técnicas de mobilidade
Iniciar a mobilidade do utente precocemente, facilita o bom desenvolvimento de
padrões de movimento, independência e auto-controlo. Ao utilizar técnicas de
facilitação da mobilidade na cama, tal como nos posicionamentos devemos ter em
atenção os seguintes aspectos:
o Não arrastar o corpo na cama
o Não puxar articulações
o Evitar amplitudes extremas
o Solicitar o máximo de actividade possível ao utente
o Manter as articulações bem posicionadas durante as mudanças de posição
Técnicas de mobilidade na cama para utentes totalmente
dependentes ou muito dependentes
Deslocar o utente deitado no sentido cefálico ou caudal
2 assistentes
2 assistentes, com lençol
1 assistente
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
16
Sentar o utente na cama
2 assistentes
1 assistente
Mover o utente sentado no sentido cefálico ou caudal
2 assistentes
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
17
1 assistente
Mover o utente sentado no sentido caudal + deitar
2 assistentes
Passar da posição de deitado para a posição de sentado com as pernas
fora da cama
2 assistentes, ajuda total
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
18
1 assistente, ajuda parcial
Passar da posição de sentado com as pernas fora da cama para a posição
de deitado
2 assistentes, ajuda total
1 assistente, ajuda total
3.2 Técnicas de transferência
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
19
Transferência do utente
A transferência do utente de uma superfície para outra, pode ser realizada pelo
próprio ou por terceiros da forma mais segura possível. As estratégias de
transferência, devem ser adequadas ao tipo de superfície para a qual o utente vai ser
transferido, e estar de acordo com seu o nível funcional.
As transferências mais básicas são da CRcolchão/cama, com as diferentes
abordagens: obliqua, com os pés no colchão; as da CR sanita, CR banheira e CR
carro.
Se o utente tem um maior nível de independência podem ser ensinadas
transferências mais avançadas, como: CRchão, e outro tipo de abordagem:
anterior/obliqua, subida de costas e de frente.
As transferências podem ser realizadas de forma correcta ou/incorrecta
Riscos e benefícios
Uma transferência é feita de forma correcta quando:
respeita a fisiologia do ser humano,
o centro de gravidade cai sobre a base de sustentação
é realizada com o mínimo esforço possível
X
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
20
Vamos então munir-nos de técnicas que:
aumentem o braço da alavanca
aumentem a base de sustentação
diminuam o esforço necessário
Minimizando os riscos e aumentando a vantagem mecânica
Cuidados a ter:
avaliação da condição do utente
trabalho em equipa, sempre que possível
estabelecer estratégias de transferência antes de abordar o utente
comandos de voz
postura
segurança nossa/utente
comodidade do utente
confiança
a. Cadeira de rodas
Diâmbulação em cadeira de rodas Acamados
Com autonomia Totalmente Dependentes
Com ajuda de terceiros
Utilizada por utentes semi-dependentes, que
deambulam a maior parte das vezes acompanhados.
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
21
Na actualidade existem inúmeros tipos de cadeiras de rodas, desde a cadeira
universal, a de liga leve, de comando eléctrico, de desporto,...
Conhecer a cadeira de rodas e os seus componente tem como objectivo a melhor
escolha, face à função, patologia e incapacidade do utente. É igualmente importante
saber as características do local onde vai ser usada e como.
A sua dimensão deve ser adequada para que proporcione uma postura correcta,
a maior independência possível e uma mobilidade fácil.
A sua prescrição deve ser feita por um profissional competente, seguindo
regras especificas e não comprada por familiares que se deslocam às lojas.
Transferências da cama/cadeira e vice-versa em utentes semi-
dependentes
Transferência da cama para a cadeira
2 assistentes, ajuda total
1 assistente + tábua de transferências
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
22
1 assistente (sem tábua)
1 assistente (partindo da posição de sentado com as pernas fora da cama)
Transferência da cadeira (de rodas) para a cama
2 assistentes, ajuda total
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
23
1 assistente + tábua de transferências
1 assistente, (partindo da posição de sentado com as pernas fora da cama)
Passagem da posição de sentado para a posição de pé
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
24
Deambulação com cadeira de rodas
Subir passeios
1ª forma
2ª forma
Descer passeios
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
25
Subir e descer escadas
Entrar no carro
3.2 Acompanhamento
Acompanhamento de Marcha
Andarilho
Como se regula a altura
Esta é uma tarefa relativamente
complicada, uma vez que os critérios para
regular a sua altura dependem de vários
factores (equilíbrio, postura...), geralmente
se o utente tiver uma postura “normal” a
cintura é o ponto de referência, uma vez
que os utentes com andarilho adoptam
uma postura curvada, com deslocação do
centro de gravidade para a frente.
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
26
Como andar
O andarilho é um dos auxiliares de marcha que dá mais apoio ao utente.
Normalmente é necessária apenas supervisão.
O andarilho com rodas, avança em simultâneo com o utente. No caso de
um andarilho sem rodas, avança primeiro o andarilho e só depois os membros
inferiores. Quando existe um membro lesado este deve avançar em primeiro
lugar, caso o andarilho seja apenas um suporte da marcha é indiferente qual
dos membros avança.
Como acompanhar
De lado, no caso de ser necessária apenas supervisão ou ligeiramente
atrás e ao lado se houver necessidade de suporte (que deve ser dado na
cintura).
Canadianas / tripés / quadripés / bengalas
Como se regula a altura
Deve colocar-se o indivíduo em pé, sendo que o nível do apoio
da canadiana (pega) deve ser regulado ao nível da saliência do
grande trocânter (salvo raras excepções – cifoses acentuadas,
membros superiores curtos). O indivíduo em canadianas deve ficar
com os cotovelos ligeiramente flectidos e canadianas ligeiramente
afastadas na base (+/- um palmo para a frente e para o lado dos pés).
Andar
O tipo de marcha adoptado depende do grau de dependência do utente.
Esta pode ser realizada a 2, 3 e 4 pontos, sendo a mais comum a primeira. O
tipo de marcha a adoptar é da responsabilidade do serviço de medicina física e
reabilitação, devendo as suas indicações ser respeitadas e adaptadas a cada
situação, para segurança do utente e da responsabilidade de quem o
acompanha.
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
27
Com uma canadiana / tripé / bengala
Esta deve ser utilizada do lado são. Avançando em
primeiro lugar o auxiliar de marcha, de seguida o membro
lesado e por fim o membro são.
Subir e descer degraus
Esta depende do tipo de marcha adoptado. Consideremos para exemplo a
marcha a 2 pontos, por ser a mais usual.
- Subir degraus
1. Suba a perna boa;
2. Depois a perna lesada (nunca deixar este membro sem apoio);
3. E por fim as canadianas (devem ficar bem no meio no degrau).
- Descer escadas
1. Ponha as canadianas no degrau de baixo;
2. Desça a perna lesada;
3. E por fim desça a perna boa.
Quando falamos de utentes que usam apenas um auxiliar de marcha, devem
sempre que possível utilizar o corrimão. No caso da sua inexistência os princípios são
os mesmos que os utilizados com dois auxiliares.
Acompanhar
Devemos sempre que necessário, acompanhar os utentes que
necessitam de auxiliares de marcha para locomoção, do lado não lesado no
caso de lesões ortopédicas, ou do lado lesado se falarmos de uma lesão
neurológica. Quando houver necessidade de ajudar o utente, o auxílio
deve, sempre que possível, ser feito por trás e ligeiramente para o lado do
utente apoiando-o na cintura, de modo a facilitar a transferência de peso
para o pé de apoio, libertando o membro que vai iniciar movimento.
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
28
Se falamos de lesões neurológicas com alteração da percepção e da
linguagem podemos abrir uma excepção e acompanhar o utente de frente
uma vez que ao comunicarmos com o utente, nas suas costas, ele não nos
perceberá ou terá dificuldade. As mãos deveram dar apoio na cintura
lateralmente e não dar as mãos ao utente, uma vez que tendencialmente o
vamos puxar e não conduzir.
Ao acompanhamos o utente nas escadas devemos colocar-nos de lado,
se o utente apenas necessitar de supervisão. No caso de o utente necessitar
de auxilio devemos colocar-nos um degrau abaixo deste, com a excepção
dos casos neurológicos com alterações de percepção da linguagem, em que
podemos colocar-nos à sua frente (no entanto o nível de segurança
diminui).
Utente independente mas com dificuldade na locomoção
Nestes casos apenas a prática clínica nos ensinará a melhor forma de tirarmos
partido do nosso corpo no auxílio do utente. No entanto, na apresentação serão
dadas algumas dicas facilitadoras dessa tarefa. Abaixo fica espaço em branco para
que tome notas.
como acompanhar
como deixar cair
como levantar
Em todo o treino de marcha é muito importante ter atenção ao centro de
gravidade, principalmente no levante e acompanhamento.
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
29
4. Prevenção de quedas
Quedas e Síncopes
Uma fraqueza muscular, bem como a osteoporose, as desordens de mobilidade
e/ou equilíbrio aumentam o risco das quedas, fracturas e da dependência funcional.
A perda de qualquer actividade física tem um efeito catastrófico sobre a força
muscular. Como exemplo, após uma intervenção cirúrgica ao colo do fémur, existe
uma perda de 40% da força muscular, dos músculos extensores da coxa oposta à
fractura.
É necessário que os idosos mantenham um treino físico sistemático, que
permita aumentar ao mesmo tempo:
A força muscular
A capacidade funcional
A velocidade de se deslocarem
A facilidade de subir e descer degraus.
Para prevenir quedas é importante desenvolver uma actividade física adequada
ao utente, permitindo aumentar a força e a coordenação muscular, a distância das
caminhadas e o equilíbrio. Este é um importante factor na estratégia de prevenção.
Causas de quedas recorrentes:
1. Relacionadas com a idade – andar irregular
2. Devidas a alterações sensoriais
a. alterações da visão – cataratas, glaucoma, próteses oculares sujas
b. alterações da audição e do equilíbrio – tonturas frequentes, síndrome
vertiginoso
3. Alterações da locomoção
a. por défice neurológico (ex. AVC)
b. por alterações articulares (ex Osteoartroses)
c. por alterações musculares (ex. Miopatia próximal)
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
30
4. Alteração da perfusão cerebral
a. de causa cardíaca – alteração do ritmo, alteração auriculo-ventricular,
estenose aórtica
b. de causa cerebrovascular – acidente vascular transitório do tronco
c. por síncopes secundárias - à micção, tosse, hipersensibilidade do seio
carotídeo
d. por “drop attacks”
5. Epilepsia
6. Secundárias a fármacos
a. sedativos – alteram a percepção e o equilíbrio
b. vasodilatadores – hipotensão arterial ortostática
c. arritmias cardíacas e alteração da condução - BAV
7. Outras causas médicas – anemia, doença de Parkinson...
8. Relacionadas com o ambiente
a. os idosos vivem geralmente em instalações velhas e inadequadas
b. piso irregular frequente
c. mudanças recentes ou variadas de residência
d. ansiedade e depressão relacionadas com o novo domicílio agravam a
instabilidade
Quedas
Mais frequentes nas mulheres acima dos 85 anos e em idosos não
institucionalizados. As complicações mais frequentes são as fracturas, queimaduras,
lesões das partes moles, escaras, perda da autoconfiança, ansiedade e depressão,...
Normalmente está associado um historial de patologias várias e como tal o
desejável é identificar as causas para reduzir os riscos.
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
31
Sincopes
Se episódio único – enfarte do miocárdio, embolia pulmonar,
hemorragia gastrointestinal...
Se episódios recidivantes – alterações do ritmo cardíaco, alterações da
condução aurículo-ventricular, estenose aórtica, hipotensão arterial
ortostática, hipersensibilidade do seio carotídeo...
Uma vez que geralmente têm causa orgânica é necessário realizar o despiste,
identificar a causa para minimizar a sintomatologia.
Como forma a minimizar os riscos a que o utente está sujeito, para além de
um tratamento individualizado o fisioterapeuta dá alguns conselhos práticos de modo
a minimiza-los.
Alguns conselhos que podem ajudar a Prevenção das quedas
Tipo de sapatos
o Sola de borracha
o Suporte do pé
o Não usar chinelos ou sapatos abertos
o Usar sapatos de saltos baixos
Deve dar-se atenção à iluminação e verificar se os interruptores estão
acessíveis.
Se é costume ter tonturas, e dificuldades na marcha, não hesite em usar uma
bengala ou mesmo uma canadiana.
Tenha atenção às irregularidades do piso na rua e em casa, evitando tapetes.
Quando subir ou descer escadas apoie-se no corrimão.
Use tapetes ou fitas de borracha aderentes em todas as superfícies que possam
ficar molhadas.
Na casa de banho instale barras na parede junto à banheira, chuveiro e sanita.
Sente-se enquanto se veste ou calça.
Curso de Formação – Prestação de cuidados a pessoas idosas e a
dependentes
32
Bibliografia
Bromley, I. (1998) Tetraplegia and Paraplegia (a Guide for physiotherapists).
Churchill Livingstone: London
Manidi, M. & Michel, J. (2001) Actividade Física para Adultos com mais de 55 Anos.
Manole: Brasil.
Pryor, J. & Webber, B. (1998) Physiotherapy for Respiratory and Cardiac Problems.
Churchill Livingstone: U.S.A.
Ossman, N. & Campbell, M. (1998) Adult Positions, Transitions, and Transfers.
Therapy Skill Builders: U.S.A.