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O COLONO ALEMAÒ: PANFLETAGEM, PROCLAMAÇÕES E CONFLITOS NA COLÔNIA DE SÃO LEOPOLDO NO
INÍCIO DA GUERRA CIVIL DOS FARRAPOS 1835 - 1836
Paulo Edmundo Vieira Marques
RESUMO
As reflexões deste artigo centram-se na participação dos imigrantes alemães da Colônia de
São Leopoldo na deflagração da Revolução Farroupilha. Através da análise documental,
privilegiando as fontes primárias contidas em periódicos e proclamações, e de bibliografia
pertinente ao tema, procurei estabelecer os posicionamentos dos colonos alemães nos aspectos
sóciopolítico-culturais diante da Guerra Civil dos Farrapos. O trabalho obteve resultado muito
interessante como o de comprovar através de documentos históricos, localizados em museus
específicos à pesquisa, uma variedade enorme de fontes impressas (jornais à época) e de
proclamações (cartas e pronunciamentos) que decididamente os imigrantes alemães tiveram
uma participação realmente ativa no processo revolucionário farroupilha. Independentes da
ideologia política que trouxeram de sua terra natal, os imigrantes alemães submeteram suas
idéias políticas a respeito do conflito farrapo, a partir das circunstâncias familiares, de
amizade e de um status social adquirido anteriormente desde a sua chegada em 1824, e com
relação a isso os documentos são bastante esclarecedores.
Palavras-Chave: Revolução Farroupilha, Colônia de São Leopoldo, Imigrantes
alemães.
Professor e Historiador.E-mail: pauloedmarques@gmail.com.br
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O COLONO ALEMAÒ: PAMPHLET, ANNOUNCEMENTS AND CONFLICTS IN THE SÃO LEOPOLDO’S COLONY IN
THE BEGINNING OF THE CIVIL WAR OF FARRAPOS 1835 - 1836
ABSTRACT
The reflections of this article are centered in the participation of the german immigrants of the
São Leopoldo’s colony in the deflagration of Farroupilha Revolution. Through the
documentary analysis, privileging the primary sources contained in periodics and
announcements, e through pertinent bibliography, I looked for to establish the positionings of
the german colonists in the social, political and cultural aspects ahead of the civil war of
tatters. The work got very interesting resulted as to prove through historical documents,
located in specific museums to the research, an enormous variety of printed sources
(periodicals of the time) and of letters and uprisings, showing us the german immigrants had a
really active participation in the farroupilha’s revolutionary process. Independently of the
political ideology that they brought of their native land, the german immigrants had submitted
their political ideas regarding the tatter conflict, from the familiar circumstances, of friendship
and an social status acquired previously since their arrival in 1824, and with regard to this the
documents are sufficiently enlightening.
Key words: Farroupilha Revolution, São Leopoldo’s Colony, German
Immigrants.
2
INTRODUÇÃO
O presente artigo tem por objetivo estabelecer a participação dos imigrantes
alemães da Colônia de São Leopoldo no início da Revolução Farroupilha.
Através de pesquisas e análise dos dados muito dispersos, procura-se agrupá-los
sequencialmente dentro do contexto histórico compreendido entre 1835 e 1836 para melhor
compreensão do papel desempenhado pelo colono alemão, particularmente aqueles da
Colônia de São Leopoldo, ao longo do processo inicial da Guerra dos Farrapos. Inicialmente
os farroupilhas tinham em suas mãos a Capital, não era difícil adivinhar que tratassem o
quanto antes de possuir também a região de São Leopoldo, pela simples necessidade de
abastecer suas forças.
Os colonos alemães tinham vindo para o Rio Grande do Sul possuídos de
opiniões rigidamente monárquicas e se achavam munidos de gratidão para com o Governo
Imperial, que lhes havia dado as condições para iniciarem uma vida próspera nesta terra, ou
seja, o Império lhes proporcionou uma nova pátria. Se no início todos os alemães mantinham
a sua mentalidade estritamente imperial, pois muitos tinham prestado serviços ao exército e
haviam recebido lotes coloniais, após o 20 de Setembro de 1835, pouco a pouco, as
desavenças ideológicas nas colônias, principalmente na de São Leopoldo, se manifestaram, e
com isso deflagrou posicionamentos favoráveis e contrários a Guerra Civil dos Farrapos.
E o que se procura conhecer neste estudo é o que ocorreu na Colônia de São
Leopoldo quando os alemães ainda não haviam adquirido a cidadania brasileira e nem
falavam a língua nacional, os republicanos rio-grandenses partiram para o confronto contra o
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Império. Este trabalho, que pretende estudar a repercussão da Guerra Civil dos Farrapos na
colônia alemã de São Leopoldo, entre os anos de 1835 e 1836, partiu de um questionamento
principal; como os imigrantes alemães, moradores da mesma, se posicionaram diante do
embate entre os farroupilhas e o Império?
Os historiadores, pelo menos grande parte deles, que estudam e pesquisam a
Revolução Farroupilha, relatam que os imigrantes alemães não tiveram interferência maior
nos fatos sucedidos. Que, na realidade, os maiores protagonistas foram os estancieiros e
militares, que o maior acirramento de ânimo foi proporcionado pelos monarquistas e liberais.
Mas é com certa surpresa, que no decorrer da pesquisa, vou descobrindo o grande
envolvimento alemão, principalmente da Colônia de São Leopoldo, antes insuspeitos.
A documentação pertinente foi que me despertou para a pesquisa. Através da
análise do fac-símile do periódico “O Colono Alemaò”, jornal publicado em Porto Alegre, em
fevereiro e março de 1836, dirigido por Hermann Von Salisch com circulação na Colônia de
São Leopoldo, e que através dele transformou os posicionamentos alemães a respeito da
Guerra dos Farrapos, demonstram através de suas linhas o engajamento alemão aos
revolucionários farroupilhas. A partir deste documento, que sem dúvidas, me abriu
perspectivas concretas de extrema relevância quanto a participação alemã no conflito
farroupilha.
Muitos imigrantes alemães se envolveram na defesa de ideais. Outros foram
envolvidos por pressões e interesses locais e regionais. Mas de maneira alguma ficaram
alheios aos acontecimentos, e é de extrema importância a participação do alemão imigrante na
Guerra Civil dos Farrapos.
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REVISÃO DA LITERATURA
Dentro de um enfoque que privilegia a bibliografia em que constem aspectos
inerentes a História da Imigração Alemã no Rio Grande do Sul objetivando pontualmente
dados relativos a Colônia de São Leopoldo sem descuidar-se dos aspectos gerais da História
Rio-Grandense principalmente no que concerne ao período proposto ao trabalho (1835-1836)
destaco as seguintes sinopses bibliográficas:
Jean Roche tem grande importância neste projeto. Aborda de forma objetiva e
rica de dados a imigração alemã no Rio Grande do Sul. Especificamente com relação a minha
proposição de trabalho utilizei a obra “A Colonização Alemã e o Rio Grande do Sul” com
anotações contidas nas folhas 17,18 e 94 a 97, onde o autor descreve a fundação da Colônia
de São Leopoldo ressaltando os aspectos sóciopolítico-econômicos que envolviam os alemães
no início da colonização desta colônia. Interessante a proposição de Roche, pois analisa a
imigração alemã conjuntamente com o contexto da sociedade regional, que para o meu
trabalho é de extrema importância, diante da minha necessidade de não só analisar os alemães
no início da Revolução Farroupilha, mas o seu envolvimento com os rio-grandenses. Esta
bibliografia é essencial para futuras anotações e pesquisas.
A obra “Estrangeiros e Descendentes na História Militar do Rio Grande do Sul
1635 a 1870”, de Cláudio Moreira Bento, tem colaborado de forma significativa na minha
pesquisa, pois nela encontrei elementos onde o autor aborda de forma esclarecedora a
doutrina militar adotada pelos alemães no Rio Grande do Sul. Os aspectos biográficos dos
principais protagonistas militares alemães na Colônia de São Leopoldo no início da Guerra
dos Farrapos me proporcionam encaixar os mesmos de uma maneira essencial na análise do
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tema proposto. As referências principais foram retiradas nas folhas 88 a 98. A primeira parte
da obra onde o aborda os alemães o autor também nos oferece fontes suplementares para
futuras pesquisas.
O prof. Dr. Moacyr Flores apresenta-nos uma obra de consulta rápida com
caráter mais didático, mas nem por isso de extrema relevância ao que me proponho. Essencial
em virtude da praticidade e objetividade “História do Rio Grande do Sul”, é a base para
dirimir dúvidas freqüentes que seguidamente aparecem neste tipo de trabalho. Ressaltam-se as
anotações feitas do livro referentes às páginas 87 e 88, onde são feitas colocações
interessantes a respeito da Colônia de São Leopoldo. Também em Historiografia, Estudos, o
professor proporciona ao trabalho um incremento de qualidade, pois mostra-nos em sua obra
as várias etapas da produção histórica rio-grandense (Liberalismo, Positivismo, Determinismo
Sociológico, Historicismo, Regionalismo e Tradicionalismo, Materialismo Histórico) que nos
direciona e nos posiciona a respeito das várias bibliografias pesquisadas. Excelente obra
auxiliar.
Na mesma linha a professora Ieda Gutfreind, em “A Historiografia Rio-
Grandense”, com uma análise do processo de produção do conhecimento histórico. Consulta
obrigatória para quem precisa lidar com temas históricos do Rio Grande do Sul.
“O Trabalho Alemão no Rio Grande do Sul” é um clássico da historiografia rio-
grandense e só por isso relevante para uma pesquisa onde o tema é o imigrante alemão. A
obra nos proporciona particularidades e fontes interessantes. Com abundância de informações,
de acontecimentos, de personagens e datas que assinalaram o primeiro ensaio de colonização
germânica, Aurélio Porto nos proporciona com certa profundidade, conhecer os eventos,
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cronologicamente descritos da colonização alemã no Rio Grande do Sul. Mesmo porque como
cita a professora Ieda Gutfreind: “Foi a atuação de Aurélio Porto, em relação a este tema
histórico, Revolução Farroupilha, que lhe conferiu a identificação de lançador da história do
Rio Grande do Sul, que passou a ser reescrita seguindo modelo reatualizado”1, e por tal
colocação motivo de leitura obrigatória dentro de um contexto onde mesclam-se alemães e
rio-grandenses.
O livro de Hilda Hübner Flores, “Alemães na Guerra dos Farrapos”, de certa
forma apresenta certa similaridade com a minha proposição de trabalho, pelo menos no que
concerne ao espaço e contexto histórico. Mas diferentemente da autora amplio os estudos
pertinentes a Colônia de São Leopoldo e ao imigrante alemão no período 1835-1836, como
pode se verificar nos sub-títulos que constam ao projeto de pesquisa. A obra me proporcionou
um direcionamento onde deveria pesquisar a documentação pertinente ao tema (Arquivos,
Museus).
A professora Hilda no livro nos fornece excelentes fontes bibliográficas.
Profunda conhecedora da história da colonização germânica no Rio Grande do Sul,
principalmente nos temas em que constam aspectos culturais alemães.
“Colônia Alemã, Histórias e Memórias”, de Telmo Lauro Muller, nos apresenta
as especificidades culturais da Colônia de São Leopoldo. Com objetividade o autor, através de
capítulos específicos tais como: Tópicos da História de São Leopoldo, Aspectos Humanos da
Vida na Cidade e Aspectos Humanos da Vida na Colônia, pode se reviver o cotidiano alemão
no espaço histórico que me interessa objetivando dados à pesquisa. Com traduções do alemão
para o português o autor possibilita-nos conhecer a linguagem alemã em seus principais
1 Gutfreind, Ieda, A Historiografia Rio-Grandense, Ed. UFRGS, Porto Alegre, 1998, op.cit.pgs.51,52.
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aspectos culturais. Interessantes, pois são subsídios importantes para a elaboração de um
trabalho de maior qualificação.
A Enciclopédia Rio-Grandense, realmente é uma fonte de pesquisa indispensável
para qualquer tipo de trabalho onde conste a necessidade de se estudar o Rio Grande do Sul.
As páginas 77 a 103 do Vol. 1 onde consta a Imigração Alemã, me deram relevante apoio. O
Pe. Balduino Rambo, responsável por este capítulo, de forma didática, mas objetiva,
proporcionou-me excelente auxílio.
Ferdinand Schröder, em “A Imigração Alemã para o Sul do Brasil” nos
proporciona dados quantitativos interessantes com referência à colonização alemã.
Apesar de não ser o alvo principal da minha pesquisa nos fornece números e estatísticas
proveitosas do início da imigração alemã no Brasil e Rio Grande do Sul. Fichamentos feitos
entre as páginas 56 a 77.
MATERIAIS E MÉTODOS
Pesquisa de fontes primárias nos institutos, arquivos e museus históricos 2 e
revisão bibliográfica através de fontes secundárias, como suprimento de elementos para o
desenvolvimento da pesquisa.
Seleção de uma bibliografia pertinente ao tema selecionado com fichamentos
objetivos: recorrer à síntese histórica para descrever as principais variáveis relativas à
Colonização Alemã, privilegiando a Colônia de São Leopoldo nos seus aspectos
2 Museu Histórico Visconde de São Leopoldo e IHSL, Museu Júlio de Castilhos, Arquivo Histórico do RS, Museu Hipólito José da Costa.
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sóciopolítico-culturais. Dentro da pesquisa documental privilegiar as fontes de acordo com o
período histórico proposto, cruzando com as informações bibliográficas para estabelecer certa
coerência ao conteúdo apresentado.
RESULTADOS
O fichamento dos textos proporcionou uma seleção rica e abrangente de material
a respeito do tema pesquisado. A revisão da bibliografia permitiu uma compreensão dos
resultados obtidos quando da pesquisa e análise de material referente ao tema em questão. O
trabalho também obteve resultado muito interessante como o de comprovar através de
documentos históricos localizados em museus específicos à pesquisa, uma variedade enorme
de fontes impressas (periódicos, jornais)3 e de proclamações (cartas e pronunciamentos) como
as que transcrevo abaixo como realmente e comprovadamente os colonos alemães de São
Leopoldo participaram ativamente no processo revolucionário farroupilha;
Industriosos e honrados habitantes da Colônia de São Leopoldo:
Tem chegado ao meu conhecimento que homens turbulentos, e mal intencionados
tentam iludir-vos e fazer-vos cúmplices no horrendo crime de levantar com a mão
armada, o estandarte da rebelião contra as Autoridades legitimamente constituídas, a
favorecer os planos de anarquia, em que querem envolver esta Província. Sereis vós
capazes de ensangüentar a terra que hospitaleira vos recebe? Tamanha ingratidão
caberia em vossos peitos? Não é crível, não é possível; mas zeloso pelo vosso bem
estar, é meu dever advertir-vos dos laços que vos armam perversos, a
3 Ver ilustração 1.
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quem pouco importa precipitar-vos em pélago de males, e distrair-vos de vossos
profícuos trabalhos, com tanto que saciem sua sede de vingança. Em vão vos asseveram
que existem planos de separação e República, em vão vos asseveram que se pretende
obstar a posse do Presidente nomeado.. Eles vos enganam, e abusam de vossa boa-fé;
vossa confiança vos faria instrumento de um partido, sem que vos tornásseis úteis à
Pátria, que adotasteis. Não os acrediteis, os Rio-Grandenses, e todos os Brasileiros
querem a união, sem a qual não pode haver prosperidade e grandeza, querem a Posse
do Presidente nomeado, por que estão certos de suas intenções pacíficas e
conciliadoras. Permanecei, pois tranqüilos; os conselhos dos poucos que nada têm que
perder, não perturbem jamais aos homens industriosos. Prossegui, pois em vossas
pacíficas tarefas, e nada tereis que temer. O Governo vela sobre a segurança da
Província, e os facciosos não atentarão contra ela, sem receberem o merecido castigo.
Viva a Nação Brasileira. Viva o Senhor D. Pedro Segundo, Imperador Constitucional
do Brasil! Vivam os Rio-Grandenses livres. Vivam os pacíficos e industriosos colonos
Palácio do Governo da Província em Porto Alegre, aos 15 de janeiro de 1836. Dr.
Marciano Pereira Ribeiro – Vice-Presidente.
Proclamação aos colonos alemães de São Leopoldo, 1836.
Fonte: Museu Histórico Visconde de São Leopoldo – Jornal farrapo O Mensageiro,
nº. 25, de 29.01.1836, p.99.
Ilmo.exmo. Senhor Dr. Marciano Pereira Ribeiro
Vice-Presidente da Província
Tenho o presente ofício de V. Exa. De 24 do corrente em que me ordena receba eu, do
Juiz de Paz deste Curato, o armamento necessário para armar completamente a Seção
da Companhia de meu comando; o que passo agoraa fazer, sabem que não se pode
efetuar completamente ou armá-la; porque no armamento que existe em poder do Juiz
de Paz não se acha espadas, nem pistolas, e só sim clavinas, porém dessas mesmas
receberei as que me faltam. Inserto a este achará V.Exa. o mapa da força de meu
Comando.
Deus guarde a V. Exa. São Leopoldo, 25 de Setembro de 1835.
Domingos Martins Pereira e Souza – Tenente Comandante da Seção de Cavalaria das
Guardas Nacionais de São Leopoldo.
Carta Solicitação de armamento para a Colônia de São Leopoldo
Arquivo Histórico do RS - Guarda Nacional – São Leopoldo. Lata 449.
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Figura 1: Periódico O Colono Alemao.Fonte: Porto, Aurélio. O Colono Alemaò, Notas Para a História da Imprensa Rio-Grandense 1827-
1837, Publicações do Arquivo Nacional, 2º Volume do Processo dos Farrapos, Oficinas Gráficas do Arquivo Nacional, 1934.
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De certa forma, estando de acordo com a grande maioria da bibliografia
analisada, foram os documentos, não necessariamente de fontes primárias, que me
proporcionaram os melhores resultados.
Ainda que temporários estes resultados embasaram o artigo, no qual procurei
condensar estas idéias e demonstrar alguns dos tópicos mais importantes relacionados ao
assunto.
DISCUSSÃO/CONCLUSÕES
O trabalho de pesquisa apresentado tem por objetivo revitalizar a discussão sobre
um tema de vital importância na história rio-grandense que vem a ser a Revolução
Farroupilha e a participação dos imigrantes alemães no conflito. Diversos autores discorrem e
discordam a respeito da referida participação alemã, posicionando-se alheios a uma influência
germânica mais ampla na Guerra Civil dos Farrapos.
A pesquisa, através da bibliografia especializada e principalmente da
documentação pertinente ao tema, rechaça tal argumento. Os historiadores, pelo menos
grande parte deles, que estudam e pesquisam a Revolução Farroupilha, relatam que os
imigrantes alemães não tiveram interferência maior nos fatos sucedidos. Que, na realidade, os
maiores protagonistas foram as elites agro-pastoris e os militares monarquistas, que a
deflagração do movimento revolucionário foi proporcionado somente pelos republicanos e
legalistas. Mas é com certa surpresa, que no decorrer do levantamento dos dados, vou
descobrindo o grande envolvimento alemão, principalmente da Colônia de São Leopoldo,
antes pouco explorado e estudado. Diante dos resultados obtidos é de se observar de que os
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imigrantes alemães da colônia de São Leopoldo no início da Guerra dos Farrapos adotaram
uma postura de não aventurar-se aos lados envolvidos no conflito (republicanos e
monarquistas), mas, através de laços pessoais e de parentesco foram influenciados na escolha
do partido em que militariam. E a partir do momento que os colonos alemães escolhiam o seu
lado, nunca mais o abandonariam ou o mudariam. Engajados na causa escolhida através dos
panfletos e proclamações, tinham em mãos instrumentos de persuasão em virtude das idéias
políticas que neles continham, com o objetivo de agregar os seus pares para um
posicionamento republicano ou legalista. Independentes da ideologia política que trouxeram
de sua terra natal, os imigrantes alemães submeteram suas idéias políticas a respeito do
conflito farrapo, a partir das circunstâncias familiares, de amizade e de um status social
adquirido anteriormente desde a sua chegada em 1824, e com relação a isso os documentos
são bastante esclarecedores.
Apesar das dificuldades de pesquisar literaturas e fontes primárias de língua
alemã, que sem dúvida qualificariam a pesquisa, as análises textuais em língua portuguesa
proporcionaram ao trabalho uma sustentação compatível ao objetivo final, sem prejuízos ao
inicialmente proposto.
Por fim, tendo iniciado a pesquisa sobre o tema justamente por ter em mente
idéias conflitantes acerca da real participação dos imigrantes alemães na Revolução
Farroupilha, acredito que o presente artigo atingiu o objetivo de esclarecer o assunto e suscitar
o debate sobre matéria tão interessante e que até hoje move controvérsias.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1969.
PORTO, Aurélio. O Colono Alemaò, Notas Para a História da Imprensa Rio-Grandense 1827-
1837, Publicações do Arquivo Nacional, 2º Volume do Processo dos Farrapos, Oficinas
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BENTO, M. Cláudio. Estrangeiros e Descendentes na História Militar do Rio Grande do Sul
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DICIONÁRIOS E ENCICLOPÉDIAS
FLORES, Moacyr. Dicionário de História do Brasil, Edipucrs, Porto Alegre, 1996.
FRANCO, Sergio da Costa. Porto Alegre: Guia Histórico, Ed. UFRGS, Porto Alegre, 1988.
ENCICLOPÉDIA RIO-GRANDENSE 1º Volume, Ed. Cia. Sulina 2ª edição, Porto Alegre,
1968.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a compreensão de todas as pessoas que diretamente e indiretamente me
ajudaram nas pesquisas documentais e bibliográficas que proporcionaram ao trabalho a busca
dos objetivos propostos.
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