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Ministrio de Minas e Energia Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energtico
Ministrio de
Minas e Energia
Ministrio de Minas e Energia MME
Ministro de Estado Edison Lobo Secretrio Executivo Mrcio Pereira Zimmermann Chefe de Gabinete do Ministro Jos Antonio Corra Coimbra
Secretrio de Planejamento e Desenvolvimento Energtico Altino Ventura Filho
Secretrio de Petrleo, Gs Natural e Combustveis Renovveis Marco Antnio Martins Almeida
Secretrio de Energia Eltrica Ildo Wilson Grdtner
Secretrio de Geologia, Minerao e Transformao Mineral Carlos Nogueira da Costa Jnior
Empresa de Pesquisa Energtica EPE
Presidente Mauricio Tiomno Tolmasquim
Diretor de Estudos Econmico-Energticos e Ambientais
Amilcar Gonalves Guerreiro
Diretor de Estudos de Energia Eltrica Jos Carlos de Miranda Farias
Diretor de Estudos de Petrleo, Gs e Biocombustveis Elson Ronaldo Nunes
Diretor de Gesto Corporativa Alvaro Henrique Matias Pereira
Ministrio de Minas e Energia MME
Esplanada dos Ministrios Bloco U 5 andar 70065-900 Braslia DF Tel.: (55 61) 3319 5299 Fax: (55 61) 3319 5067 www.mme.gov.br
Empresa de Pesquisa Energtica EPE
Escritrio Central Av. Rio Branco, 01 11 Andar
20090-003 Rio de Janeiro RJ Tel.: (55 21) 3512 3100 Fax : (55 21) 3512 3198
www.epe.gov.br
Catalogao na Fonte
Brasil, Ministrio de Minas e Energia, Empresa de Pesquisa Energtica
Plano Decenal de Expanso de Energia 2022 / Ministrio de Minas e Energia. Empresa de Pesquisa Energtica. Braslia: MME/EPE, 2013
2v.: il.
1. Energia_Brasil. 2. Poltica Energtica_Brasil 3. Recursos Energticos_Brasil
Plano Decenal de Expanso de Energia 2022
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Empresa de Pesquisa Energtica Ministrio de Minas e Energia
PARTICIPANTES MME
Coordenao Geral
Altino Ventura Filho
Coordenao Executiva
Paulo Cesar Magalhes Domingues Joo Jos de Nora Souto Moacir Carlos Bertol
Centro de Pesquisas de Energia Eltrica CEPEL
Albert Cordeiro Geber de Melo, Maria Elvira Pieiro Macieira
Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energtico SPE
Coordenao: Altino Ventura Filho Equipe tcnica: Ado Martins Teixeira Junior, Adriano Jeronimo da Silva, Bruno Xavier de Sousa, Carlos Alexandre Prncipe Pires, Cssio Giuliani Carvalho, Christiany Salgado Faria, Cristiano Augusto Trein, Daniele de Oliveira Bandeira, Debora de Siqueira Calderini Rosa, Giacomo Perrotta, Gilberto Hollauer, Gilberto Kwitko Ribeiro, Gilma dos Passos Rocha, Guilherme Zanetti Rosa, Gustavo Santos Masili, Gustavo Cerqueira Ataide, Joo Antnio Moreira Patusco, Jorge Paglioli Jobim, Jose Antnio Fabrini Marsiglio, Jos Luiz Scavassa, Kleverson Manoel Marques Gontijo, Lvia Batista Maciel Braga, Lvio Teixeira de Andrade Filho, Lcia Maria Praciano Minervino, Luis Fernando Badanhan, Marco Aurlio dos Santos Arajo, Paulo Antnio Gomes Monteiro, Paulo Augusto Leonelli, Paulo rico Ramos de Oliveira, Paulo Roberto Garcia, Paula Roberta Moraes Baratella, Tarita da Silva Costa, Rodrigo Afonso Guimares, Srgio Ferreira Cortizo, Thiago Guilherme Ferreira Prado, Ubyrajara Nery Graa Gomes, Valdir Borges Souza Jnior, Vania Maria Ferreira, Vilma Maria de Resende.
Secretaria de Petrleo, Gs Natural e Combustveis Renovveis SPG
Coordenao: Marco Antnio Martins Almeida Equipe tcnica: Adriano Gomes de Sousa, Aldo Barroso Cores Jnior, Andr Barros Martins, Antnio Henrique Godoy Ramos, Breno Peixoto Cortez, Cludio Akio Ishihara, Clayton de Sousa Pontes, Deivson Matos Timb, Diego Oliveira Faria, Diogo Santos Baleeiro, Edie Andreeto Jnior, Fernando Massaharu Matsumoto, Israel Lacerda de Arajo, Jaqueline Meneghel Rodrigues, Jos Botelho Neto, Joo Batista Simon Flausino, Juliano Vilela Borges dos Santos, Karla Branquinho dos Santos Gonzaga, Lauro Doniseti Bogniotti, Luciano Costa de Carvalho, Luiz Carlos Lisba Theodoro, Marlon Arraes Jardim Leal, Matheus Batista Bodnar, Maurcio Ferreira Pinheiro, Paulo Roberto Machado Fernandes Costa, Raphael Ehlers dos Santos, Renato Lima Figueiredo Sampaio, Ricardo Borges Gomide, Ricardo de Gusmo Dornelles, Rodrigo Willians de Carvalho, Symone Christine de Santana Arajo, Umberto Mattei, Valdimara Alves de Oliveira.
Assessoria Especial em Gesto Socioambiental AESA/SECEX
Coordenao: Luiz Fernando do Monte Pinto Equipe tcnica: Maria Ceicilene Arago Martins, Rita Alves Silva.
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Empresa de Pesquisa Energtica Ministrio de Minas e Energia
PARTICIPANTES EPE
Coordenao Geral Mauricio Tiomno Tolmasquim
Coordenao Executiva Estudos econmico-energticos e ambientais: Amilcar Gonalves Guerreiro Estudos de energia eltrica: Jos Carlos de Miranda Farias Estudos de petrleo, gs e biocombustveis: Elson Ronaldo Nunes
Consolidao e Sistematizao
Jos Marcos Bressane e Emlio Hiroshi Matsumura
Estudos econmicos e energticos Coordenao: Ricardo Gorini de Oliveira Equipe tcnica: Adriana Fiorotti Campos, Ana Cristina Braga Maia, Andre Luiz Rodrigues Osorio, Arnaldo dos Santos Junior, Bianca Nunes de Oliveira, Carla da Costa Lopes Acho, Daniel Vasconcellos de Sousa Stilpen, Fernanda Marques Pereira Andreza, Glaucio Vinicius Ramalho Faria, Gustavo Naciff de Andrade, Isabela de Almeida Oliveira, Ismael Alves Pereira Filho, Jaine Venceslau Isensee, Jairo Viana Feliciano, Jeferson Borghetti Soares, Jose Manuel Martins David, Lena Santini Souza Menezes, Leyla Adriana Ferreira da Silva, Leticia Fernandes Rodrigues da Silva, Luciano Basto Oliveira, Luiz Claudio Orleans, Luiz Gustavo Silva de Oliveira, Marcia Andreassy, Marcelo Henrique Cayres Loureiro, Monique Riscado da Silva, Natalia Goncalves de Moraes, Renata de Azevedo M. da Silva, Rogrio Antnio da Silva Matos, Sergio Henrique Ferreira da Cunha, Simone Saviolo Rocha.
Gerao de energia eltrica Estudos de Planejamento Coordenao: Oduvaldo Barroso da Silva Equipe tcnica: Anderson da Costa Moraes, Danielle Bueno de Andrade, Fernanda Fidelis Paschoalino, Fernanda Gabriela B. dos Santos, Gabriel Malta Castro, Glaysson de Mello Muller, Hermes Trigo da Silva, Marcos Eduardo Pinheiro Alves Olivier, Marilia Ribeiro Spera, Matheus Mingatos Fernandes Gemignani, Patricia Costa Gonzalez de Nunes, Pedro Americo Moretz-Sohn David, Renata Nogueira Francisco de Carvalho, Renato Haddad Simes Machado, Ronaldo Antonio de Souza, Simone Quaresma Brando, Tereza Cristina Paixo Domingues, Thas Iguchi, Thiago Correa Cesar.
Gerao de energia eltrica Estudos de Engenharia Coordenao: Paulo Roberto Amaro Equipe tcnica: Paulo Srgio Caldas, Thiago Vasconcellos Barral Ferreira, Diego Pinheiro de Almeida.
Estudos de transmisso de energia eltrica Coordenao: Paulo Csar Vaz Esmeraldo Equipe tcnica: Alexandre de Melo Silva, Aretha de Souza Vidal Campos, Armando Leite Fernandes, Beatriz Nogueira Levy, Carolina Moreira Borges, Daniel Jos Tavares de Souza, Daniela Florncio de Souza, Dourival de Souza Carvalho Junior, Fbio de Almeida Rocha, Henrique Abreu de Oliveira, Joo Mauricio Caruso, Jos Antonio D Affonseca Santiago Cardoso, Jurema Baptistella Ludwig, Marcelo Willian Henriques Szrajbman, Marcelo Loureno Pires, Marcos Vincius da Silva Farinha, Maria de Ftima de Carvalho Gama, Maxwell Cury Junior, Priscilla de Castro Guarini, Thiago de Faria Rocha Dourado Martins, Thiago Jose Masseran Antunes Parreiras, Tiago Campos Rizzotto, Vanessa Stephan Lopes, Vinicius Ferreira Martins.
Estudos de petrleo e gs natural Coordenao: Giovani Vitria Machado Equipe tcnica: Adriana Queiroz Ramos, Aline Maria dos Santos, Aloysio Vasconcelos Filho, Antonio Marco Siciliano, Carlos Augusto Ges Pacheco, Carolina Oliveira de Castro, , Guilherme Eduardo Zerbinatti Papaterra, Henrique Plaudio Gonalves Rangel, Ktia Souza de Almeida, Marcelo Ferreira Alfradique, Marco Stiel Radu Halpern, Marcos Frederico F. de Souza, Norival Brisola, Pricles de Abreu Brumati, Regina Freitas Fernandes, Reneu Rodrigues da Silva, Ricardo Moreira dos Santos, Roberta de Albuquerque Cardoso, Ronan Magalhes vila, Sergio Martins de Souza, Victor Hugo Trocate da Silva, Viviane Kotani Shimizu.
Estudos de derivados de petrleo e biocombustveis Coordenao: Ricardo Nascimento e Silva do Valle Equipe tcnica: Amanda Pereira Arago, Andr Luiz Ferreira dos Santos, Angela Oliveira da Costa, Antonio Carlos Santos, Clara Santos Martins Saide, Euler Joo Geraldo da Silva, Gildo Gabriel da Costa, , Juliana Rangel do Nascimento, Kriseida C. P. G. Alekseev, Lenidas Bially Olegario dos Santos, Marcelo Castello Branco Cavalcanti, Marisa Maia de Barros, Patrcia Feitosa Bonfim Stelling, Pedro Nin de Carvalho, Rachel Martins Henriques, Rafael Barros Araujo, Rafael Moro da Mata, Vitor Manuel do Esprito Santo Silva.
Estudos socioambientais Coordenao: Edna Elias Xavier Equipe tcnica: Ana Dantas Mendez de Mattos, Andr Luiz Alberti, Andr Souza Pelech, Carina Renn Siniscalchi, Carlos Frederico Menezes, Carolina Maria H. de G. A. Feijo Braga, Cristiane Moutinho Coelho, Daniel Dias Loureiro, Diego do Nascimento Bastos, Federica Natasha G. A. dos Santos Sodr, Gabriela Fernandes Santos Alves, Gustavo Fernando Schmidt, Jos Ricardo de Moraes Lopes, Ktia Gisele Soares Matosinho, Luciana lvares da Silva, Marcos Ribeiro Conde, Marcos Vincius Fernandes Amaral, Paula Cunha Coutinho, Robson de Oliveira Matos, Silvana Andreoli Espig, Taysa Monique Marinho da Costa, Thiago Oliveira Bandeira, Valentine Jahnel, Vernica Souza da Mota Gomes.
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APRESENTAO
O Estado Brasileiro exerce, na forma da lei, as funes de planejamento, o qual determinante para o
setor pblico e indicativo para o setor privado. No setor energtico, compete ao Conselho Nacional de
Poltica Energtica CNPE o estabelecimento de polticas e diretrizes, visando ao desenvolvimento
nacional sustentado.
Os Planos Decenais elaborados no setor eltrico, constituem um dos principais instrumentos de
planejamento da expanso eletroenergtica do pas. A partir de 2007 estes Planos ampliaram a
abrangncia dos seus estudos, incorporando uma viso integrada da expanso da demanda e da
oferta de diversos energticos, alm da energia eltrica.
O Plano Decenal de Expanso de Energia PDE 2022 apresenta importantes sinalizaes para
orientar as aes e decises relacionadas, voltadas para o equilbrio entre as projees de
crescimento econmico do pas e a necessria expanso da oferta, de forma a garantir sociedade
suprimento energtico com adequados custos, em bases tcnica e ambientalmente sustentveis.
Neste PDE 2022 esto previstos investimentos globais da ordem de R$ 1,2 trilho, dos quais 22,6%
correspondem oferta de energia eltrica; 72,5% a petrleo e gs natural; e 4,9%, oferta de
biocombustveis lquidos. Dentre os principais parmetros fsicos, haver ampliao entre o verificado
em 2012 e 2022: da capacidade instalada de gerao de energia eltrica, de 119,5 para 183,1 GW; da
produo de petrleo, de 2,1 para 5,5 milhes de barris/dia; da produo de gs natural, de 70,6 para
189,1 milhes de m3/dia; e da produo de etanol, de 23,5 para 57,3 milhes de m3.
Ao apresentar o Plano Decenal de Expanso de Energia PDE 2022, resultado de um processo
interativo de planejamento energtico, subsidiado por estudos da Empresa de Pesquisa Energtica, o
Ministrio de Minas e Energia agradece a colaborao recebida por meio da consulta pblica, de que
participaram entidades da sociedade civil, rgos governamentais, empresas e agentes do setor
energtico.
Braslia, dezembro de 2013.
Edison Lobo
Ministro de Estado de Minas e Energia
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ESTRUTURA DO RELATRIO
Os diversos estudos contemplados neste relatrio foram agrupados em quatro temas:
(i) Contextualizao e demanda;
(ii) Oferta de energia eltrica;
(iii) Oferta de petrleo e seus derivados, gs natural e biocombustveis; e
(iv) Aspectos de sustentabilidade.
Ao final, apresentada uma consolidao dos principais resultados.
A estrutura geral do relatrio a seguinte:
INTRODUO
CONTEXTUALIZAO E DEMANDA
Captulo I PREMISSAS BSICAS
Captulo II DEMANDA DE ENERGIA
OFERTA DE ENERGIA ELTRICA
Captulo III GERAO DE ENERGIA ELTRICA
Captulo IV TRANSMISSO DE ENERGIA ELTRICA
OFERTA DE PETRLEO E SEUS DERIVADOS, GS NATURAL E BIOCOMBUSTIVEIS
Captulo V PRODUO DE PETRLEO E GS NATURAL
Captulo VI OFERTA DE DERIVADOS DE PETRLEO
Captulo VII OFERTA DE GS NATURAL
Captulo VIII OFERTA DE BIOCOMBUSTVEIS
ASPECTOS DE SUSTENTABILIDADE
Captulo IX EFICINCIA ENERGTICA E GERAO DISTRIBUDA
Captulo X ANLISE SOCIOAMBIENTAL
CONSOLIDAO DE RESULTADOS
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SUMRIO INTRODUO ................................................................................................................. 14
I - PREMISSAS BSICAS .................................................................................................. 18
1. Cenrio Macroeconmico de Referncia ................................................................. 18
Aspectos gerais ....................................................................................................................... 18
Conjuntura econmica ............................................................................................................ 19
Cenrio de referncia .............................................................................................................. 20
2. Premissas Demogrficas......................................................................................... 23
3. Premissas Setoriais................................................................................................. 25
Grandes Consumidores ............................................................................................................ 30
Setor residencial ..................................................................................................................... 31
Setor de transportes ................................................................................................................ 34
II DEMANDA DE ENERGIA ........................................................................................... 36
1. Projeo Consolidada do Consumo Final por Fonte ................................................. 37
2. Energia Eltrica ...................................................................................................... 41
2.1 Projeo do consumo .................................................................................................... 41
2.2 Projeo da carga .......................................................................................................... 44
2.3 Comparao entre as projees do PDE 2022 e do PDE 2021 .......................................... 46
3. Gs Natural ............................................................................................................ 47
4. Derivados de Petrleo ............................................................................................ 50
4.1 leo Diesel .................................................................................................................... 50
4.2 Gs Liquefeito do Petrleo (GLP) ................................................................................... 52
4.3 Gasolina automotiva ..................................................................................................... 53
4.4 Querosene de aviao (QAV) ......................................................................................... 56
4.5 leo combustvel e outros secundrios de petrleo ....................................................... 56
4.6 No-energticos do petrleo ......................................................................................... 58
4.7 Nafta ............................................................................................................................ 60
5. Biocombustveis ..................................................................................................... 61
5.1 Biocombustveis lquidos ............................................................................................... 61
5.2 Biomassa da cana .......................................................................................................... 63
5.3 Biomassa da lenha ........................................................................................................ 64
5.4 Carvo Vegetal .............................................................................................................. 65
6. Carvo Mineral e Coque ......................................................................................... 66
7. Consolidao do Consumo Final por Fonte e por Setor - 2022 .................................. 67
III GERAO DE ENERGIA ELTRICA .......................................................................... 71
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1. Introduo ............................................................................................................. 71
2. Sistema Existente ................................................................................................... 73
3. Metodologia e Critrios .......................................................................................... 74
4. Diretrizes e Premissas ............................................................................................. 76
5. Expanso da Gerao ............................................................................................. 80
5.1 Parque gerador contratado e em implantao ............................................................... 82
5.2 Parque gerador planejado ............................................................................................. 84 5.2.1 Expanso hidreltrica .................................................................................................................... 84 5.2.2 Expanso termeltrica ................................................................................................................... 91 5.2.3 Expanso de outras fontes renovveis .......................................................................................... 94 5.2.4 Resumo da expanso por tipo de fonte......................................................................................... 96
6. Balano Esttico de Garantia Fsica ...................................................................... 100
7. Expanso das Interligaes .................................................................................. 106
8. Custos Marginais de Operao e Riscos de Dficit ................................................. 109
9. Atendimento Demanda Mxima ........................................................................ 114
10. Estimativa de Investimentos ................................................................................. 124
IV TRANSMISSO DE ENERGIA ELTRICA ................................................................ 135
1. Consideraes Iniciais ........................................................................................... 135
2. Topologia da Rede de Transmisso ....................................................................... 136
2.1 Configurao inicial ..................................................................................................... 136
2.2 Expanso do SIN e integrao de usinas de grande porte e de novas fontes renovveis . 137
2.3 Interligaes regionais ................................................................................................. 140
2.4 Interligaes dos sistemas isolados ao SIN ................................................................... 145
2.5 Interligaes com pases vizinhos................................................................................. 147
2.6 Copa do Mundo 2014 .................................................................................................. 148
3. Sistemas de Transmisso Regionais ...................................................................... 149
3.1 Regio Norte ............................................................................................................... 149 3.1.1 Estado do Par ............................................................................................................................. 150 3.1.2 Estado do Maranho ................................................................................................................... 154 3.1.3 Estado do Tocantins..................................................................................................................... 156 3.1.4 Estado do Amazonas.................................................................................................................... 158 3.1.5 Estado do Amap ......................................................................................................................... 160 3.1.6 Estado de Roraima ....................................................................................................................... 161 3.1.7 Estudos complementares ............................................................................................................ 163
3.2 Regio Nordeste .......................................................................................................... 163 3.2.1 Estado do Piau ............................................................................................................................ 164 3.2.2 Estado do Cear ........................................................................................................................... 166 3.2.3 Estado do Rio Grande do Norte ................................................................................................... 169 3.2.4 Estado da Paraba ........................................................................................................................ 171 3.2.5 Estado de Pernambuco ................................................................................................................ 173 3.2.6 Estado de Alagoas ........................................................................................................................ 175 3.2.7 Estado do Sergipe ........................................................................................................................ 177
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3.2.8 Estado da Bahia ........................................................................................................................... 178 3.2.9 Estudos complementares ............................................................................................................ 181
3.3 Regio Sudeste ............................................................................................................ 182 3.3.1 Estado de So Paulo .................................................................................................................... 183 3.3.2 Estado de Minas Gerais ............................................................................................................... 186 3.3.3 Estado do Esprito Santo .............................................................................................................. 189 3.3.4 Estado do Rio de Janeiro ............................................................................................................. 191 3.3.5 Estudos complementares ............................................................................................................ 193
3.4 Regio Centro-Oeste e Estados do Acre e Rondnia ..................................................... 193 3.4.1 Estado de Gois e Distrito Federal ............................................................................................... 194 3.4.2 Estado de Mato Grosso ............................................................................................................... 197 3.4.3 Estados do Acre e Rondnia ........................................................................................................ 199 3.4.4 Estudos complementares ............................................................................................................ 201
3.5 Regio Sul ................................................................................................................... 201 3.5.1 Estado do Rio Grande do Sul ....................................................................................................... 202 3.5.2 Estado de Santa Catarina ............................................................................................................. 206 3.5.3 Estado do Paran ......................................................................................................................... 208 3.5.4 Estado de Mato Grosso do Sul ..................................................................................................... 210 3.5.5 Estudos complementares ............................................................................................................ 211
4. Evoluo Fsica e Investimentos ............................................................................ 212
5. Tarifas de Uso do Sistema de Transmisso - TUST ................................................. 215
V PRODUO DE PETRLEO E GS NATURAL .......................................................... 220
1. Introduo ........................................................................................................... 220
2. Previses de Produo .......................................................................................... 223
3. Implicaes Estratgicas e Econmicas ................................................................. 228
3.1 Evoluo das reservas provadas e da relao R/P ......................................................... 228
3.2 Investimentos em E&P ................................................................................................ 231
3.3 Possveis excedentes de produo ............................................................................... 231
3.4 Demandas por FPSOs e contedo local na fabricao de equipamentos ........................ 232
VI OFERTA DE DERIVADOS DE PETRLEO ............................................................... 235
1. Perspectivas de Preos de Petrleos e Derivados .................................................. 235
1.1 Perspectivas de preos internacionais de petrleos ...................................................... 236
1.2 Perspectivas de preos internacionais de derivados de petrleo ................................... 237
1.3 Perspectivas de preos nacionais de derivados de petrleo .......................................... 239
2. Expanso do Parque Nacional de Refino ............................................................... 240
2.1 Metodologia e premissas adotadas para o abastecimento ............................................ 241
2.2 Evoluo do parque de refino atual ............................................................................. 244
2.3 Novas refinarias previstas ............................................................................................ 245
2.4 Investimentos programados ........................................................................................ 247
2.5 Evoluo do parque nacional de refino ........................................................................ 247
2.6 Resultados .................................................................................................................. 248 2.6.1 Balano entre oferta e demanda de derivados e perfil de produo .......................................... 248
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2.6.2 Balano nacional dos principais derivados .................................................................................. 250 2.6.3 Balano nacional de petrleo ...................................................................................................... 255
2.7 Refino Consideraes finais ...................................................................................... 256
3. Infraestrutura Nacional de Transporte de Petrleos e Derivados ........................... 258
3.1 Introduo .................................................................................................................. 258
3.2 Panorama atual da infraestrutura nacional de transporte de petrleo e derivados........ 259 3.2.1 Infraestrutura dutoviria para transporte de petrleo e derivados ............................................ 259 3.2.2 Infraestrutura de terminais e capacidade de armazenamento de petrleo e derivados ............ 259 3.2.3 Transporte martimo de petrleo e derivados ............................................................................ 260
3.3 Impactos das movimentaes previstas sobre a infraestrutura ..................................... 260
3.4 Expanso da infraestrutura nacional de transporte de petrleo e derivados ................. 262 3.4.1 Investimentos da carteira de projetos do Grupo Petrobras ........................................................ 262 3.4.2 Investimentos sugeridos pela EPE ............................................................................................... 266
VII OFERTA DE GS NATURAL .................................................................................. 268
1. Perspectivas de Preos de Gs Natural ................................................................. 268
1.1 Premissas para as previses de preos ......................................................................... 269
1.2 Preos de GNL internalizado no Brasil metodologia netback value ............................ 272
1.3 Projeo de Preos de Gs Natural ............................................................................... 274
1.4 Competitividade do gs natural no Brasil em relao ao leo combustvel .................... 275
2. Expanso da Oferta de Gs Natural ...................................................................... 276
3. Balano de Oferta e Demanda de Gs Natural ...................................................... 279
3.1 Regio Norte ............................................................................................................... 280
3.2 Regio Nordeste .......................................................................................................... 281
3.3 Regies Sudeste, Sul e Centro-Oeste ............................................................................ 282
3.4 Balano de oferta e demanda do Brasil Malha integrada ........................................... 283
3.5 Consideraes finais .................................................................................................... 284
4. Infraestrutura de Transporte de Gs Natural ........................................................ 285
4.1 Panorama atual ........................................................................................................... 285 4.1.1 Regio Norte ................................................................................................................................ 285 4.1.2 Regio Nordeste .......................................................................................................................... 286 4.1.3 Regio Sudeste ............................................................................................................................ 286 4.1.4 Regies Sul e Centro-Oeste ......................................................................................................... 286
4.2 Expanso da infraestrutura .......................................................................................... 286 4.2.1 Regio Norte ................................................................................................................................ 286 4.2.2 Regio Nordeste .......................................................................................................................... 287 4.2.3 Regio Sudeste ............................................................................................................................ 287
4.3 Expanso indicativa ..................................................................................................... 288
4.4 Novos sistemas em estudo .......................................................................................... 290 4.4.1 Par .............................................................................................................................................. 291 4.4.2 Maranho .................................................................................................................................... 291 4.4.3 Piau ............................................................................................................................................. 291 4.4.4 Gois e Distrito Federal ............................................................................................................... 291 4.4.5 Mato Grosso ................................................................................................................................ 291
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4.5 Expanso da infraestrutura via GNL ............................................................................. 291
4.6 Estimativa de investimentos ........................................................................................ 292
VIII OFERTA DE BIOCOMBUSTVEIS ......................................................................... 293
1. Etanol .................................................................................................................. 293
1.1 Projees da demanda total de etanol ......................................................................... 293 1.1.1 Demanda do mercado interno .................................................................................................... 293 1.1.2 Demanda internacional ............................................................................................................... 293 1.1.2.1 Total de exportao brasileira de etanol ..................................................................................... 296 1.1.3 Demanda total ............................................................................................................................. 297
1.2 Projees da oferta de etanol no Brasil ........................................................................ 298 1.2.1 Situao atual .............................................................................................................................. 298 1.2.2 Metodologia ................................................................................................................................ 298 1.2.3 Premissas para produo de acar, ATR e outros parmetros .................................................. 299 1.2.4 Premissas para a expanso da capacidade industrial .................................................................. 300 1.2.5 Resultados ................................................................................................................................... 302 1.2.6 Etanol celulsico e bioprodutos da cana ..................................................................................... 304 1.2.7 Investimentos para o aumento da produo .............................................................................. 305
1.3 Logstica de transporte do etanol ................................................................................. 306 1.3.1 Armazenamento .......................................................................................................................... 306 1.3.2 Investimentos dutovirios e hidrovirios .................................................................................... 306 1.3.3 Ferrovias ...................................................................................................................................... 307 1.3.4 Portos .......................................................................................................................................... 309
1.4 Etanol - Consideraes Finais ....................................................................................... 310
2. Biodiesel .............................................................................................................. 311
2.1 O consumo obrigatrio de biodiesel............................................................................. 311
2.2 Os leiles e o estoque estratgico de biodiesel ............................................................. 311
2.3 Oferta de biodiesel ...................................................................................................... 312 2.3.1 Disponibilidade de insumos para a produo de biodiesel ......................................................... 312 2.3.2 Capacidade de processamento .................................................................................................... 314 2.3.3 Perspectivas de preos de biodiesel ............................................................................................ 314 2.3.4 Balano de capacidade instalada e demanda de biodiesel ......................................................... 315 2.3.5 Incentivos ao uso adicional de biocombustveis ......................................................................... 316 2.3.6 Infraestrutura de escoamento da produo de biodiesel ........................................................... 316 2.3.7 Biodiesel Consideraes finais .................................................................................................. 317
3. Biomassa de Cana-de-Acar para Oferta de Energia Eltrica ............................... 318
3.1 O setor sucroalcooleiro e os leiles de energia eltrica ................................................. 319
3.2 Oferta de biomassa de cana-de-acar......................................................................... 321
3.3 Potencial tcnico de exportao de energia eltrica da biomassa de cana-de-acar ..... 321
3.4 Biomassa de cana-de-acar Consideraes finais ..................................................... 323
IX EFICINCIA ENERGTICA E GERAO DISTRIBUDA ........................................... 324
1. Conceitos e definies .......................................................................................... 325
1.1 Eficincia energtica .................................................................................................... 325
1.2 Gerao distribuda ..................................................................................................... 326
2. Principais resultados agregados ........................................................................... 327
Plano Decenal de Expanso de Energia 2022
xii
Empresa de Pesquisa Energtica Ministrio de Minas e Energia
2.1 Ganhos de eficincia energtica ................................................................................... 327 2.1.1 Setor industrial ............................................................................................................................ 329 2.1.2 Setor de transportes .................................................................................................................... 331 2.1.3 Setor residencial .......................................................................................................................... 332 2.1.4 Setor comercial ............................................................................................................................ 334 2.1.5 Setor agropecurio ...................................................................................................................... 335 2.1.6 Setor pblico ................................................................................................................................ 335
2.2 Gerao distribuda ..................................................................................................... 336
2.3 Resultados Consolidados ............................................................................................. 339
X ANLISE SOCIOAMBIENTAL ................................................................................... 341
1. Premissas, critrios e procedimentos .................................................................... 341
1.1 Emisses de GEE .......................................................................................................... 342
1.2 Energia eltrica ........................................................................................................... 343
1.3 Petrleo, gs natural e biocombustveis ....................................................................... 343
1.4 Anlise integrada ........................................................................................................ 343
2. Emisses de gases de efeito estufa (GEE) .............................................................. 344
2.1 Meta ........................................................................................................................... 344
2.2 Projeo...................................................................................................................... 346
3. Anlise socioambiental por fonte energtica ........................................................ 349
3.1 Gerao hidreltrica .................................................................................................... 349
3.2 Energia elica, bioeletricidade e PCH ........................................................................... 354
3.3 Transmisso de energia eltrica ................................................................................... 356
3.4 Produo de petrleo e gs natural ............................................................................. 360
3.5 Etanol ......................................................................................................................... 362
3.6 Biodiesel ..................................................................................................................... 367
3.7 Indicadores socioambientais ........................................................................................ 371
4. Anlise socioambiental integrada ........................................................................ 373
4.1 Mapeamento dos projetos .......................................................................................... 375
4.2 Interferncias dos projetos e sensibilidades regionais .................................................. 376
4.3 Temas prioritrios para a gesto ambiental ................................................................. 380
CONSOLIDAO DOS RESULTADOS............................................................................. 382
Economia e Energia ............................................................................................................... 382
Matriz Energtica .................................................................................................................. 383
Sntese dos Resultados .......................................................................................................... 386
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ........................................................................................ 390
LISTA DE TABELAS ................................................................................................................. 399
LISTA DE GRFICOS ............................................................................................................... 403
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................. 406
Plano Decenal de Expanso de Energia 2022
xiii
Empresa de Pesquisa Energtica Ministrio de Minas e Energia
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................. 408
Plano Decenal de Expanso de Energia 2022 Introduo 14
Ministrio de Minas e Energia Empresa de Pesquisa Energtica
INTRODUO
presente Plano Decenal de Expanso de Energia (PDE) 2022 incorpora uma viso integrada
da expanso da demanda e da oferta de diversos energticos no perodo de 2013 a 2022.
Cumpre ressaltar a importncia deste Plano como instrumento de planejamento para o setor
energtico nacional, contribuindo para o delineamento das estratgias de desenvolvimento do pas a
serem traadas pelo Governo Federal.
A elaborao pela EPE dos estudos associados a este Plano se desenvolveu contando com as diretrizes
e o apoio da equipe da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energtico SPE/MME e da
Secretaria de Petrleo, Gs Natural e Combustveis Renovveis SPG/MME.
Por outro lado, a participao de tcnicos das empresas do setor eltrico ao longo dos trabalhos, bem
como as contribuies de diversos rgos e entidades recebidas, possibilitou aprimorar a qualidade
das anlises efetuadas.
Contexto e enfoque dos estudos
A economia mundial atravessa uma fase de incertezas, apresentando sinais de que o processo de
recuperao tender a ser longo e gradual. Em 2012, a crise econmica, que inicialmente afetou mais
intensamente os pases desenvolvidos, passou a ser sentida por muitas economias emergentes que
at ento mantinham sua trajetria de forte crescimento econmico. o caso da China que reduziu
suas projees de crescimento refletindo o impacto, via comrcio mundial, do menor crescimento dos
pases desenvolvidos. Nesse contexto, apesar de todos os estmulos a diversos setores e
manuteno do ritmo elevado do consumo das famlias, a economia brasileira no foi capaz de
apresentar um bom desempenho econmico, em virtude, principalmente do baixo nvel de
investimentos e da dificuldade de recuperao do setor industrial.
No cenrio adotado, o pas ajudado pela construo de fundamentos macroeconmicos mais slidos
ao longo dos ltimos anos e cresce a uma taxa superior mdia mundial no horizonte decenal.
O cenrio de referncia, contudo, parte da expectativa de que os pases desenvolvidos conseguiro
evitar uma nova recesso, ainda que apresentem um ritmo de crescimento lento e modesto. Os pases
emergentes, em especial China e ndia, continuaro contribuindo significativamente para o
crescimento do comrcio mundial, apesar das menores taxas de crescimento esperadas para estes
pases. Com relao economia brasileira, o cenrio positivo est pautado especialmente nas
perspectivas favorveis de um forte ciclo de investimentos nos prximos anos, com destaque para os
setores de infraestrutura e de explorao e produo de petrleo. H que se ressaltar, contudo, que o
crescimento da economia brasileira depende da soluo de alguns problemas estruturais que hoje
limitam o produto potencial da economia, e que impactam substancialmente a questo da
produtividade e competitividade nacional.
No que concerne ao setor eltrico, o presente plano j incorpora os resultados dos leiles de energia
nova e de reserva realizados at agosto de 2013. A potncia total dos projetos que comercializaram
energia nos anos de 2012 e 2013 foi de 574,3 MW e 2.770,7 MW, correspondendo a uma energia de
O
Plano Decenal de Expanso de Energia 2022 Introduo 15
Ministrio de Minas e Energia Empresa de Pesquisa Energtica
aproximadamente 300 MWmdios e 1.400 MWmdios, respectivamente. Esto includas neste total,
vale destacar, a gerao de origem elica, com uma potncia total de cerca de 282 MW contratados
em 2012 e 1.505 MW em 2013. Foi tambm dado prosseguimento ao exitoso processo das licitaes
de empreendimentos de transmisso, tendo sido licitado em 2012, em quatro leiles, um total da
ordem de 7.400 km de linhas de transmisso e 8.780 MVA de transformao.
Quanto expanso da gerao no horizonte do presente Plano, foi mantida a significativa participao
das fontes renovveis na matriz eltrica a partir do ano de 2016, contribuindo para o desenvolvimento
sustentvel das fontes de gerao, diretriz esta reafirmada pelo preo competitivo destas fontes
demonstrado nos ltimos leiles de energia.
Os estudos que culminaram na indicao do parque gerador planejado e nas anlises realizadas, no
consideram as diretrizes para a internalizao de mecanismos de averso ao risco nos programas
computacionais para estudos energticos e formao de preo estabelecidas na Resoluo CNPE N 3,
de 6 de maro de 2013. As alteraes em metodologias e modelos sero incorporadas aos estudos do
prximo ciclo de planejamento.
Para atender de forma adequada ao crescimento da carga de energia, optou-se por indicar a
expanso do parque gerador, com termeltricas a gs natural a partir de 2018, totalizando 1.500 MW.
Destaca-se que a concretizao desta expanso termeltrica est atrelada disponibilidade e
competitividade dos projetos de gs natural nos futuros leiles para compra de energia nova. Em caso
de inviabilidade, outras fontes constituem alternativas para o atendimento demanda, entre elas as
usinas trmicas a carvo.
Ainda quanto termeletricidade, a expanso da gerao com fontes nucleares no contemplou neste
Plano outras usinas alm de Angra 3, tendo em vista, principalmente, os prazos necessrios para a
implantao de novas centrais. Considerando estes prazos e a fase em finalizao dos estudos para
seleo de stios propcios implantao de centrais nucleares nas regies Sudeste/Centro-Oeste, Sul
e Nordeste, a data mais provvel para incio de sua operao seria posterior ao horizonte deste Plano.
Os estudos socioambientais desenvolvidos neste Plano foram orientados pelo conceito de
sustentabilidade, balizado pela reduo dos impactos socioambientais na expanso da oferta de
energia e pelas discusses em mbito nacional e internacional sobre mudana do clima. No horizonte
de planejamento foram identificadas questes socioambientais importantes associadas s diversas
fontes para as quais devem ser orientados esforos do setor de modo a contribuir para a minimizao
de riscos e o aproveitamento de oportunidades relacionados expanso. Populaes indgenas, reas
protegidas, biodiversidade aqutica e vegetao nativa foram considerados os temas prioritrios para
a gesto ambiental nesse contexto.
O PDE 2022 tem entre seus objetivos o atendimento a metas especficas no quesito emisses. A
questo climtica teve sua relevncia reiterada no Brasil pela promulgao da Lei 12.187/09 e do
Decreto 7.390/10, que regulamenta essa lei. Esse novo arcabouo legal, instituiu a Poltica Nacional
sobre Mudana do Clima e estabeleceu a meta de reduo das emisses de gases de efeito estufa em
36,1 a 38,9% em relao a um cenrio de referncia para 2020. O Decreto estabeleceu ainda que, no
setor de energia, o plano setorial de mitigao e adaptao s mudanas do clima o prprio Plano
Decenal de Energia.
Plano Decenal de Expanso de Energia 2022 Introduo 16
Ministrio de Minas e Energia Empresa de Pesquisa Energtica
Assim, o PDE 2022 se apresenta como importante instrumento para a delimitao do cenrio de
mitigao, uma vez que incorpora medidas que, em conjunto, contribuem para que o pas continue se
desenvolvendo com baixas emisses de carbono. Dentre as medidas incorporadas a esse plano citam-
se o aumento da eficincia energtica, o incremento do parque instalado de hidroeletricidade e outras
fontes renovveis de energia eltrica como elica, biomassa e PCHs, alm da avaliao das reas de
expanso da cana necessrias para o aumento do volume de biocombustveis e consequente
substituio de combustveis fsseis.
Na rea de explorao e produo de petrleo e gs natural, com base nas reservas de 31 de
dezembro de 2011 dos campos em produo e em desenvolvimento, nos volumes recuperveis de
descobertas em avaliao e nas estimativas referentes s acumulaes por descobrir nos blocos
exploratrios contratados at 30 de maro de 2012 e nas reas da Unio, elaboraram-se previses de
produo de petrleo e gs natural. Espera-se que no prximo decnio as reservas provadas e a
produo nacional de petrleo e gs natural sejam duplicadas, principalmente com a contribuio dos
recursos contingentes na rea do Pr-Sal.
As demandas de derivados de petrleo, confrontadas com as previses de produo, permitem
antever as condies de atendimento ao mercado, as necessidades de importao e as possibilidades
de exportao de petrleo e seus derivados, bem como os investimentos necessrios no parque de
refino e na infraestrutura logstica de petrleo e seus derivados. Ressalte-se que, com a reduo da
produo de etanol e o aumento da frota de veculos leves, prev-se importao de gasolina ao longo
de todo o perodo considerado.
Mantendo a expectativa do Plano anterior, prev-se, para o prximo decnio, um papel mais relevante
para o Brasil no mercado mundial de petrleo, atuando como exportador lquido, no s de petrleo,
como tambm de derivados, em funo da produo em campos j delimitados e do desenvolvimento
da produo das acumulaes descobertas na rea do Pr-Sal, assim como da expanso do parque
nacional de refino.
Quanto ao gs natural, um aspecto fundamental na avaliao da penetrao desse combustvel na
indstria consiste na competio direta com o leo combustvel. Assim, para efeito de projeo, so
fundamentais as hipteses sobre os preos relativos desses energticos. O cenrio adotado confere
ligeira vantagem ao gs natural em relao ao leo combustvel. H ainda outros elementos a serem
levados em considerao, como, por exemplo, a preferncia pelo gs natural em processos industriais
que exigem elevado grau de pureza do produto final, que o caso da fabricao de vidro e de
determinados tipos de cermica, assim como no segmento de fertilizantes, no qual esta fonte
utilizada tanto com fim energtico quanto como matria-prima.
Projeta-se para o perodo decenal uma ampliao da participao do gs nacional na oferta total de
gs natural, devido principalmente ao incremento da produo interna oriunda das recentes
descobertas. Ainda assim, prev-se a manuteno da importao de gs natural boliviano nos nveis
atuais, e de GNL, atravs dos terminais instalados (Rio de Janeiro e Cear) e do novo terminal
previsto (Bahia), como forma de otimizao da infraestrutura.
Os estudos relacionados aos biocombustveis lquidos estimam o balano entre a oferta e a demanda
de etanol, assim como a demanda mandatria de biodiesel e sua capacidade de processamento. Para
o perodo 2013-2022, projeta-se que o mercado brasileiro de etanol continuar em expanso, devido
Plano Decenal de Expanso de Energia 2022 Introduo 17
Ministrio de Minas e Energia Empresa de Pesquisa Energtica
ao aumento expressivo da frota de veculos flex-fuel. No entanto, o crescimento ter menor
intensidade, quando comparado ao Plano anterior, devido s restries na oferta do produto. No
mercado internacional, estima-se um crescimento marginal das exportaes brasileiras, impactadas
principalmente pelos problemas na produo domstica. Ainda assim, o Brasil se manter como um
dos principais players no perodo analisado.
Entre 2013 e 2016, vislumbra-se o incio da recuperao da oferta de etanol, motivado pelo retorno
dos investimentos em renovao dos canaviais e em tratos culturais, que prosseguiro ao longo do
perodo. A partir de 2016, prev-se uma acelerao do crescimento da oferta, com a implantao de
novas unidades produtoras. Nesse contexto, vislumbram-se empreendimentos direcionados a facilitar
e reduzir os custos de transporte e armazenagem de etanol.
Considerou-se que o biodiesel ser utilizado apenas para atendimento mistura mandatria, apesar
de ter sido avaliada a possibilidade de que a demanda ultrapassasse as metas legais estabelecidas.
Para atendimento desta demanda, foi analisada a disponibilidade de insumos, assim como a
capacidade de processamento e de escoamento da produo.
Quanto biomassa de cana-de-acar para a gerao de bioeletricidade, a anlise de seu potencial
em relao quantidade de energia j contratada pelo setor eltrico evidencia significativa folga para
a ampliao de sua capacidade, que poder ser utilizada desde que suplantados o problema de falta
de competitividade que essa fonte tem demonstrado nos ltimos anos.
Plano Decenal de Expanso de Energia 2022 Premissas bsicas 18
Ministrio de Minas e Energia Empresa de Pesquisa Energtica
I - PREMISSAS BSICAS
determinao da evoluo do consumo de energia envolve a adoo de uma srie de
premissas, incluindo aquelas relacionadas s premissas demogrficas, macroeconmicas e
setoriais, e as relativas eficincia energtica1 e autoproduo2.
A exemplo disto, variveis econmicas como a taxa de crescimento da economia, possuem impactos
relevantes sobre a produo industrial, com ligao direta sobre a projeo do consumo de energia
deste setor. A anlise do setor industrial e, consequentemente, seu consumo de energia dependem
tambm de estudos prospectivos setoriais, sobretudo referentes aos segmentos energointensivos.
Alm disso, o setor industrial possui um peso relevante na autoproduo de eletricidade3.
No que se refere aos indicadores demogrficos, a perspectiva de evoluo da relao
habitante/domiclio e a evoluo do crescimento da populao brasileira possibilitam estimar o nmero
total de domiclios, varivel fundamental para a projeo do consumo residencial de energia.
Neste captulo so apresentadas as premissas bsicas adotadas nos estudos do PDE 2022,
abrangendo o cenrio macroeconmico de referncia, as perspectivas de preos do petrleo e o
crescimento demogrfico. As demais premissas so descritas ao longo do relatrio.
1. Cenrio Macroeconmico de Referncia
Aspectos gerais
A evoluo da demanda por energia estabelecida tendo como base os estudos de longo prazo. A
partir dessa viso, recortes temporais de horizontes menores podem ser determinados, obtendo-se,
dessa maneira, trajetrias consistentes ao longo do tempo para as variveis de interesse.
Dessa forma, o cenrio adotado para o PDE 2022 est inserido dentro de uma perspectiva maior que
o cenrio de interesse dos estudos de longo prazo elaborados pela EPE no mbito do Plano Nacional
de Energia. Na Figura 1 ilustra-se esquematicamente esse processo.
1 As premissas formuladas para a eficincia energtica so especialmente relevantes. As iniciativas nessa rea perpassam todos os setores de consumo e so, muitas vezes, a forma mais econmica de atendimento da demanda de energia. Pela importncia de que se revestem, as
premissas sobre a eficincia no uso da energia sero tratadas no Captulo IX. 2 O termo autoproduo se refere aqui gerao de energia eltrica de um consumidor com instalaes prprias de gerao localizadas junto unidade de consumo, ou seja, para o autossuprimento de eletricidade, no sendo utilizada a rede eltrica de distribuio ou transmisso. 3 A autoproduo de eletricidade desloca parcela do consumo final de energia e, dessa forma, reduz a demanda de investimento na expanso do parque de gerao e da rede de transmisso do setor eltrico.
A
Plano Decenal de Expanso de Energia 2022 Premissas bsicas 19
Ministrio de Minas e Energia Empresa de Pesquisa Energtica
Figura 1 Cone de cenrios: relao entre o PDE 2022 e os estudos de longo prazo
Fonte: EPE
No PDE 2022, so incorporados na anlise, alm dos cenrios de longo prazo, os elementos
conjunturais e as definies de mdio prazo que podem influenciar os parmetros relevantes no
horizonte decenal, em especial, as taxas de expanso da economia.
Nesse contexto, h que se destacar a perspectiva de que a economia brasileira nos prximos dez anos
ter um desempenho superior mdia mundial, premissa que est alinhada com as perspectivas
adotadas pela EPE desde o PNE 2030. Dessa forma, no presente estudo trabalha-se com uma taxa
mdia de crescimento mundial de cerca de 4% ao ano, enquanto o Brasil se expande a uma taxa
mdia de 4,8% ao ano, conforme analisado nas prximas sees.
Conjuntura econmica
Nos ltimos anos, a economia mundial tem sido marcada por um perodo de fraco crescimento
econmico e grande incerteza acerca dos desdobramentos da crise mundial, iniciada nos Estados
Unidos e intensificada nos pases integrantes da Unio Europeia. Embora essa crise tenha ocorrido de
forma mais intensa nos pases desenvolvidos, seus efeitos tambm foram sentidos nos pases
emergentes. Estes, embora tenham conseguido lograr sucesso inicial com suas polticas econmicas
de estmulo ao consumo e investimento, no foram capazes de evitar totalmente os efeitos negativos
da crise advindos do comrcio mundial.
Nesse contexto, a China reduziu suas projees de crescimento dos prximos anos trazendo dvidas
quanto aos possveis efeitos sobre as demais economias mundiais, visto que hoje o pas j possui um
peso relativo sobre o comrcio internacional, especialmente no mercado de commodities.
O Brasil, por sua vez, reforou os esforos para que sua economia continuasse apresentando bons
resultados, atravs de estmulos a diversos setores e manuteno do ritmo elevado do consumo das
famlias. Nesse sentido, o setor comercial segue apresentando bons resultados em resposta a diversos
510
1520
25
Horizonte de anlise (anos)
x
Estudos de Longo Prazo
Diagnstico
Diretrizes
Estratgia
Sinalizao
Cenrios possveis
Cenrios
A
B1
B2
C
Trajetria mais provvel:
1 - 5 ano = Definido
6 - 10 ano = Normativo
Anlises de sensibilidade
PDE 2022
Plano Decenal de Expanso de Energia 2022 Premissas bsicas 20
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fatores tais como a baixa taxa de desemprego, os incentivos fiscais do governo, a oferta de crdito e
a um patamar de juros reais mais baixos.
Contudo, por outro lado, o baixo nvel de investimentos e a dificuldade de recuperao da indstria
impactaram fortemente o resultado econmico do pas ao longo do ano de 2012. Obviamente, h que
se separar, entre os fatores que esto levando ao baixo crescimento brasileiro, aqueles que so
estruturais (e que, portanto, necessitam de esforos para que sejam solucionados) e aqueles que so
conjunturais4.
Dentre os fatores estruturais, ressalta-se a necessidade de reduo de gargalos de infraestrutura, de
elevao da competitividade da indstria e de ganhos de produtividade da economia. Assim, a
retomada dos investimentos imprescindvel a fim de possibilitar uma expanso mais significativa da
economia.
De toda forma, a anlise prospectiva da economia brasileira depende da evoluo da economia
mundial e de como os pases desenvolvidos iro se estruturar para retomar seus nveis de atividade e,
tambm, de como os pases emergentes respondero a este menor crescimento dos pases centrais
neste perodo.
O cenrio adotado pela EPE para os prximos dez anos detalhado em seguida.
Cenrio de referncia
O cenrio projetado pela EPE para a economia brasileira adota algumas premissas que sustentam a
possibilidade de um alto crescimento econmico nacional nos prximos anos. Este cenrio, claro, foi
elaborado em um ambiente de grandes incertezas, especialmente com relao economia mundial e
aos desdobramentos da crise econmica sobre o comrcio internacional. Entretanto, possvel,
mesmo em um momento to conturbado, visualizar uma perspectiva de retomada de crescimento e
de investimentos da economia brasileira.
Dentre as premissas adotadas neste estudo, de extrema relevncia enunciar a perspectiva de
recuperao, ainda que bastante moderada, da economia mundial. Nesse cenrio, uma possibilidade
de dissoluo da Unio Europeia bastante reduzida e para isto contribui fortemente os esforos
realizados pelo Banco Central Europeu e Fundo Monetrio Internacional no intuito de ajudar as
economias mais abaladas pela crise fiscal.
Nesse contexto, maior a contribuio dos pases emergentes na economia mundial, que passam a
atuar mais intensamente no comrcio internacional. Destacam-se a China e ndia, que se mantm
com altas taxas de crescimento, embora no to elevadas quanto as verificadas na primeira dcada
do sculo XXI.
Conforme apresentado na Tabela 1, no primeiro quinqunio do horizonte de projeo, as economias
desenvolvidas ainda estaro voltadas ao processo de recuperao de suas economias e o crescimento
mundial ser impactado mais fortemente pelos pases emergentes que ainda mantero elevadas taxas
4 Dentre os fatores conjunturais destaca-se o caso da forte queda da agricultura no incio do ano de 2012, atingida por efeitos climticos em vrias regies do pas e que afetaram a safra de importantes produtos.
Plano Decenal de Expanso de Energia 2022 Premissas bsicas 21
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de crescimento. Na segunda metade do horizonte, contudo, h a retomada do crescimento das
economias desenvolvidas.
Com relao economia brasileira, espera-se que a economia nacional supere as ameaas externas e
sustente uma taxa de crescimento acima da mdia mundial. No horizonte decenal, o Brasil crescer a
uma taxa mdia entre 4,5% a.a e 5,0% a.a., enquanto o mundo cresce a aproximadamente 4,0%.
Tabela 1 Taxas de crescimento do nvel de atividade (mdias no perodo)
Indicadores Econmicos Histrico Projeo
2002-2006 2007-2011 2013-2017 2018-2022
PIB mundial (% a.a.) 4,2 3,5 3,9 4,0
Comrcio mundial (% a.a.) 7,3 3,7 5,1 5,3
PIB nacional (% a.a.) 3,3 4,2 4,5 5,0
Fontes: IBGE e FMI (dados histricos) e EPE (projees).
evidente que a manuteno destas taxas de crescimento da economia brasileira exige que
mudanas importantes ocorram no perodo. A soluo de alguns problemas estruturais que hoje
constituem gargalos para o crescimento imprescindvel para sustentar um crescimento econmico
de longo prazo.
Um dos fatores essenciais para viabilizar o crescimento econmico o aumento da poupana de longo
prazo. No perodo analisado, espera-se que a taxa de poupana brasileira seja beneficiada
especialmente pela evoluo das poupanas pblica e externa. Com relao poupana privada, a
maior contribuio vir da maior lucratividade das empresas que aproveitam o bom momento
econmico do pas.
Outro fator de grande importncia para o crescimento econmico nacional a taxa de Produtividade
Total dos Fatores (PTF). No perodo estudado a maior contribuio para o aumento da produtividade
vir do crescimento esperado dos investimentos em infraestrutura e ocorrer de forma mais intensa
nos setores em que o pas apresenta vantagem comparativa.
As evolues das taxas de poupana de longo prazo (% PIB) e de crescimento da Produtividade Total
dos Fatores (PTF) so apresentadas na Tabela 2.
Tabela 2 Principais variveis exgenas do cenrio de referncia (mdias no perodo)
Indicadores Econmicos Histrico Projeo
2002-2006 2007-2011 2013-2017 2018-2022
Taxa de Poupana (% PIB) (1) 19,0 18,8 20,9 21,7
PTF (% a.a.) (2) 1,0 0,9 1,3 1,5
Notas: (1) As projees de taxa de poupana nos quinqunios dizem respeito aos seus valores de longo prazo; os valores histricos representam as mdias das taxas correntes de poupana e, portanto, so mais afetadas por questes conjunturais.
(2) Para o clculo da PTF histrica, ver Souza Jr. (2005).
Fontes: IBGE (dados histricos) e EPE (Projees).
Com relao aos investimentos, de notrio conhecimento que eles so imprescindveis para manter
um crescimento econmico de longo prazo elevado e de forma sustentvel, assim como para fornecer
ganhos de competitividade a qualquer pas. Em nossos estudos, o setor de petrleo e gs natural ser
um grande propulsor dos investimentos nacionais na dcada que se estende de 2013 a 2022. Este
Plano Decenal de Expanso de Energia 2022 Premissas bsicas 22
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setor ganha importncia pelas recentes descobertas na camada Pr-sal e pelos impactos positivos que
possuem sobre outros setores da economia.
A prxima dcada se beneficia, ainda, de importantes eventos esportivos que sero responsveis pelo
aumento dos investimentos em infraestrutura, trazendo a confiana de que os patamares de
investimentos devero se elevar substancialmente nos anos que se seguem.
Ademais, merece destaque, no que concerne ao aumento de investimentos, o setor habitacional. A
manuteno do crescimento da renda e a continuidade da expanso do crdito so fatores que devem
contribuir para a maior inverso de capital neste segmento.
No entanto, outros gargalos que impedem um aumento mais expressivo da produtividade ainda
persistiro (falta de mo de obra qualificada, polticas de estmulos s inovaes tecnolgicas e
mudanas institucionais mais profundas), visto que a implementao de algumas reformas necessita
de um perodo maior que o horizonte decenal considerado neste estudo. Entretanto, a efetivao dos
investimentos acima citados embasa a expectativa de aumento dos investimentos aos patamares
observados na Tabela 3.
Tabela 3 Investimento e PIB (taxas mdias no perodo)
Indicadores Econmicos Histrico Projeo
2002-2006 2007-2011 2013-2017 2018-2022
Investimento total (% PIB) (1) 16,4 19,4 20,5 21,7
Investimento pblico (% PIB) (1),(2) 3,1 3,0 3,3 3,9
Notas: (1) Taxas de investimento a preos correntes.
(2) Inclui empresas estatais federais
Fontes: IBGE e Ministrio do Planejamento (dados histricos) e EPE (Projees).
Acrescenta-se como fator relevante para possibilitar um alto nvel de crescimento, a manuteno dos
fundamentos econmicos que foram estabelecidos de uma forma mais slida nos ltimos anos. Em
particular, a evoluo por quinqunio de importantes indicadores das contas governamentais, entre
eles supervit primrio, dficit nominal e dvida lquida do setor pblico, aponta, portanto, para a
tendncia de manuteno da trajetria de queda da Dvida Lquida do Setor Pblico. Alm disso, a
manuteno de taxas de juros reais mais baixas contribui para diminuir a importncia da conta de
juros na evoluo da dvida.
Tabela 4 Indicadores econmicos do setor pblico (mdias no perodo)
Indicadores Econmicos Histrico Projeo
2002-2006 2007-2011 2013-2017 2018-2022
Supervit Primrio (% PIB) 3,4 2,9 2,0 1,6
Dficit Nominal (% PIB) 4,0 2,6 2,4 1,3
Dvida Lquida (% PIB) 52,3 40,3 36,4 30,2
Fontes: Banco Central (dados histricos) e EPE (Projees).
O setor externo, por sua vez, fortemente influenciado pela premissa de que o Brasil crescer a taxas
superiores media mundial. Assim, espera-se aumento das importaes em um ritmo superior ao
aumento das exportaes, especialmente no 1 quinqunio, o que levar a uma reduo do resultado
da balana comercial, ainda que esta se mantenha superavitria.
Plano Decenal de Expanso de Energia 2022 Premissas bsicas 23
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Dessa forma, espera-se uma reduo do saldo comercial e, consequentemente, maior dficit em
transaes correntes. Este dficit, entretanto, ser financivel devido ao maior afluxo de capitais para
o pas. A entrada de capitais via aumento do Investimento Externo Direto (IED) ocorrer,
principalmente, em decorrncia da perspectiva de desempenho da economia nacional acima da mdia
mundial.
Tabela 5 Indicadores econmicos do setor externo (mdias no perodo)
Indicadores Econmicos Histrico Projeo
2002-2006 2007-2011 2013-2017 2018-2022
Balana Comercial (US$ bilhes) 32,7 26,0 9,8 6,0
Exportaes (US$ bilhes) 97,3 173,7 302,9 350,8
Importaes (US$ bilhes) 64,7 147,7 293,1 344,9
IED (US$ bilhes) 15,8 44,2 57,7 60,5
Transaes Correntes (% PIB) 0,8 -1,3 -3,0 -2,7
Fontes: Banco Central (dados histricos) e EPE (Projees).
Outra varivel relevante na projeo da demanda e da oferta de energia o preo do petrleo.
No perodo considera-se uma retomada da demanda mundial de petrleo, em virtude da trajetria de
crescimento econmico prevista para o horizonte de 2022. No cenrio de oferta de petrleo,
considera-se que j h um processo de recuperao da mesma, sobretudo, por parte de alguns pases
da OPEP, tais como Iraque, Lbia e Arbia Saudita. Na primeira metade do perodo, entretanto, alguns
focos de tenso poltico-econmicos em importantes regies produtoras e o adiamento de
investimentos em capacidade produtiva faro com que no haja tempo hbil para atender totalmente
o ritmo de crescimento da demanda, de tal forma que o mercado permanecer apertado no mdio
prazo, fazendo com que os preos mdios se mantenham num patamar ainda elevado.
No segundo quinqunio, alguns fatores tais como a retomada e maturao de projetos de E&P, que
haviam sido cancelados ou adiados por causa da crise, a manuteno de um crescimento econmico
mundial moderado, o efeito da alta de preos sobre a demanda de derivados e a maturao de
polticas de substituio de derivados e de eficincia energtica, levaro a uma queda das cotaes do
Brent, passando a apresentar um patamar mdio de US$ 83/bbl no final do horizonte. A evoluo do
preo do leo Brent projetado ao longo do horizonte do PDE 2022 apresentada na Tabela 6.
Tabela 6 Evoluo do preo do petrleo tipo Brent (mdias no perodo)
Indicadores Econmicos Histrico Projeo
2002-2006 2007-2011 2013-2017 2018-2022
Preo do Petrleo tipo Brent (US$ maio 2012/barril)
56,53 91,22 99,51 83,32
Fontes: EIA-DOE, BLS (dados histricos) e EPE (Projees)
2. Premissas Demogrficas
Assim como a anlise econmica possui um importante impacto sobre as questes energticas, a
evoluo demogrfica um fator primordial para indicar as possveis trajetrias do consumo
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energtico. Dessa forma, esta seo visa explicitar o cenrio considerado para a evoluo da
populao brasileira5 no perodo que se estende at 2022.
Nas ltimas dcadas, tm sido observadas alteraes no perfil demogrfico brasileiro no que se refere
ao padro de crescimento populacional. Entre outros aspectos, tem-se observado menor taxa de
fecundidade e maior expectativa de vida ao nascer. Em sntese, pode-se afirmar que a populao
brasileira continua crescendo, porm a um ritmo menor e est envelhecendo.
Com relao ao perfil regional da populao brasileira, pode ser observado pela Tabela 7 que o maior
crescimento ocorre nas regies Norte (0,9%) e Centro-Oeste (0,9%), com variaes acima da mdia
nacional (0,6%). Esse crescimento, contudo, no capaz de induzir a uma mudana significativa na
estrutura da populao, que continua fortemente concentrada nas regies Sudeste (41,9%) e
Nordeste (27,7%).
Tabela 7 Brasil e Regies: Projeo da populao total residente
Ano Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil
mil habitantes
2013 16.511 54.524 82.449 28.021 14.640 196.144
2017 17.155 55.964 84.529 28.653 15.220 201.521
2022 17.838 57.488 86.731 29.323 15.835 207.216
Variao mdia (% ao ano)
2013-2017 1,0 0,7 0,6 0,6 1,0 0,7
2017-2022 0,8 0,5 0,5 0,5 0,8 0,6
2013-2022 0,9 0,6 0,6 0,5 0,9 0,6
Estrutura de Participao Populacional (%)
2013 8,4 27,8 42,0 14,3 7,5 100,0
2017 8,5 27,8 41,9 14,2 7,6 100,0
2022 8,6 27,7 41,9 14,2 7,6 100,0
Fonte: Elaborao EPE.
Com relao ao nmero de domiclios particulares permanentes no perodo de 2013 a 2022, espera-se
que ocorra uma elevao deste indicador em ritmo superior ao crescimento da populao nacional,
refletindo uma mudana no perfil da populao brasileira. Entre as principais mudanas observadas
esto a queda da taxa de fecundidade e o aumento do nmero de domiclios com apenas um
habitante, em resposta, entre outros fatores, ao aumento de renda observado nos ltimos anos. Este
dado indica a reduo do nmero de habitantes por domiclios que sai de 3,0 no incio do perodo para
2,7 em 2022.
No que se refere distribuio regional dos domiclios, verifica-se que as Regies Norte e Centro-
Oeste apresentam crescimento acima da mdia nacional, contribuindo para o aumento da participao
do nmero de domiclios no total nacional. A Regio Sudeste, contudo, mantm a caracterstica
concentradora na estrutura nacional.
5 A projeo da populao da EPE utiliza como ano base a populao brasileira em 2010, segundo dados divulgados pelo Censo desse ano, e
realiza as projees baseadas nas taxas de crescimento projetadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE, 2008).
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Tabela 8 Brasil e Regies: Projeo do nmero de domiclios
Ano Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil
mil unidades
2013 4.700 16.014 28.608 10.098 4.940 64.359
2017 5.176 17.366 31.137 11.029 5.429 70.137
2022 5.768 19.090 34.365 12.211 6.022 77.456
Variao mdia (% ao ano)
2013-2017 2,4 2,0 2,1 2,2 2,4 2,2
2017-2022 2,2 1,9 2,0 2,1 2,1 2,0
2013-2022 2,3 2,0 2,1 2,1 2,2 2,1
Estrutura de Participao dos Domiclios (%)
2013 7,3 24,9 44,5 15,7 7,7 100,0
2017 7,4 24,8 44,4 15,7 7,7 100,0
2022 7,4 24,6 44,4 15,8 7,8 100,0
Fonte: Elaborao EPE
3. Premissas Setoriais
Partindo da anlise do histrico do valor adicionado a preos de 2010, constata-se que a indstria
vem perdendo participao relativa no valor adicionado nos ltimos dez anos. Essa mudana na
composio decorre de um crescimento mdio do setor de servios acima da mdia do valor
adicionado. A indstria tambm cresceu, mas abaixo da mdia. A participao da agropecuria
permaneceu praticamente estvel nesse perodo. No Grfico 1 ilustrada essa mudana.
Grfico 1 Participao setorial no valor adicionado a preos de 2010
Fonte: IBGE
Como ilustrado no Grfico 2, o ritmo de crescimento mais lento da indstria de transformao
determinou o desempenho da indstria geral j que esse subgrupo tem um peso maior no valor
adicionado do setor. A indstria de transformao caminhou a passos mais lentos por causa da
5,3 5,5 5,3 5,4
29,3 29,0 28,1 27,8
65,4 65,5 66,6 66,8
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
2001 2006 2010 2011
Agropecuria Indstria Servios
Plano Decenal de Expanso de Energia 2022 Premissas bsicas 26
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concorrncia com os produtos importados. Ao contrrio, a extrativa mineral teve um crescimento mais
forte beneficiando-se do boom das commodities minerais. Entretanto, dado o seu peso no todo,
apenas amenizou a queda de participao do setor que compe.
Grfico 2 Participao relativa no valor adicionado da indstria a preos bsicos
Fonte: IBGE
O setor de servios se aproveitou de forma mais intensa do crescimento do mercado interno nos
ltimos dez anos. Ao contrrio da indstria, a concorrncia com a oferta externa significativamente
menor e isso favoreceu o desempenho relativo mais forte do setor que ganhou participao no valor
adicionado nesse perodo.
Com relao ao setor agropecurio, a participao no valor adicionado manteve-se relativamente
estvel no perodo com leve ganho de participao. Entre 2001 e 2011 o valor adicionado agrcola
cresceu a 4,0% ano ano beneficiando-se do crescimento da renda no mercado interno e da demanda
em alta no mercado externo.
Ainda sobre a agropecuria, no mercado interno o aumento da renda ao longo dos ltimos dez anos
pressionou a demanda por alimentos e essa presso foi maior nas faixas de renda mais baixas em que
a renda adicional tende a ser gasta no consumo de mais alimentos que nas faixas de renda mais alta.
No mercado externo o crescimento econmico mais acelerado principalmente nos pases menos
desenvolvidos resultou em forte aumento da demanda por commodities agrcolas. Essa demanda em
pases superpopulosos como China e ndia pressionou os preos num cenrio em que a oferta no foi
capaz de acompanhar o crescimento da demanda.
No Grfico 3 projetada a composio setorial do valor adicionado6 esperada para o horizonte de
2013 a 2022.
6 As projees de valor adicionado foram feitas em R$ de 2010.
8,7 10,3 10,6 10,8
60,8 60,2 57,8 57,0
20,1 18,5 20,1 20,6
10,4 11,0 11,5 11,7
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
2001 2006 2010 2011
EXTRMIN TRANS CCIV EE+A+G
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Grfico 3 Projeo da evoluo da participao setorial na economia brasileira
Fonte: Elaborao EPE.
As projees continuam alinhadas com o PDE anterior. Espera-se que a participao relativa dos
setores se altere com ganho de participao da indstria principalmente em detrimento do setor de
servios.
O setor agropecurio deve crescer acima do PIB no horizonte analisado. Os principais fatores que
sustentam essa projeo so: a demanda crescente por gros, oleaginosas e produtos da
agropecuria; a manuteno dos preos da energia em alta no mercado internacional e o crescimento
da produo de biocombustveis que disputar os mesmos recursos de produo dos alimentos.
Quanto ao setor de servios, a expectativa positiva pela manuteno do crescimento da massa de
rendimentos. O setor cresce, mas um pouco abaixo da mdia perdendo participao. O principal
desafio a ser enfrentado ser a falta de mo de obra qualificada que se intensificar nos prximos
anos j que a atividade de servios intensiva em mo de obra necessitando mais desse recurso para
sustentar seu crescimento.
Espera-se que a indstria ganhe participao no valor adicionado. Essa expectativa baseada no
estudo qualitativo que leva em conta as caractersticas intrnsecas de cada setor e cujo resultado
aponta para um crescimento da indstria acima da mdia da economia puxada pelo desempenho da
extrativa mineral e pela indstria da construo civil.
Abona esse cenrio a perspectiva de um reposicionamento competitivo resultante da mitigao dos
problemas estruturais elencados pela literatura especializada como determinantes do desempenho
relativo mais fraco do setor nos ltimos dez anos. Nesse cenrio, a indstria de transformao, mais
afetada pela concorrncia externa, poder competir em condies mais favorveis, mas perdendo
participao.
Tambm projeta-se a continuidade da recuperao dos preos das commodities. Sendo assim, espera-
se que os setores que apresentam vantagens comparativas e que so puxados pelas demandas dos
pases emergentes mais dinmicos (como celulose e extrativa mineral) apresentem taxas de
crescimento mais robustas.
5,2 5,3 5,4
27,9 28,6 28,6
66,9 66,1 65,9
0%
20%
40%
60%
80%
100%
2013 2017 2022
Agropecuria Indstria Servios
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No caso dos setores mais ligados dinmica de expanso domstica, a expectativa que o
crescimento se concentrar naqueles que esto relacionados infraestrutura e construo civil,
refletindo a melhoria, ao longo do horizonte decenal, nas condies de crdito de longo prazo e em
programas governamentais de incentivo a esses segmentos. Quanto ao crdito cabe um comentrio,
as recentes redues nas taxas de juros foram fundamentais para dar mais flego poltica de
concesso de crdito do governo. O fato que, dado o nvel de endividamento, com as redues de
juros o muturio passou a comprometer uma parcela menor da sua renda para amortizao e
pagamento dos juros e o resultado foi um aumento da capacidade de endividamento das empresas e
famlias e, por tabela, do potencial de crescimento dos segmentos baseados no crdito.
No Grfico 4 resumida a evoluo esperada em termos de valor adicionado dos quatro principais
segmentos da indstria no horizonte decenal.
Grfico 4 Participao relativa do PIB industrial
Fonte: Elaborao Prpria
Como mostrado no Grfico 4, a indstria de transformao perde participao em funo de uma
expanso relativa mais moderada que dos outros segmentos. Esse o setor que est mais exposto
concorrncia externa e, como dito anteriormente, nesse modelo de crescimento baseado no consumo,
a materializao da poupana externa na forma de bens e servios se d, principalmente, com a
importao dos bens manufaturados. Com isso uma perda de participao esperada nos prximos
anos. A indstria de transformao cresce, mas abaixo da mdia da indstria.
J a indstria extrativa mineral caracteriza-se pela produo de recursos naturais em que o Brasil
apresenta uma vantagem comparativa considervel. A tendncia que o setor cresa impulsionado
pela demanda externa dos pases emergentes e, para isso, as empresas tm feito pesados
investimentos na explorao e produo de petrleo e na minerao. Para este setor projeta-se uma
taxa de crescimento acima da mdia da indstria que se traduzir em aumento da participao no
valor adicio