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A RA ZÃO PÁGINA 7SETEMBRO / 2014

Artigos

V iver é algo que vamosaprendendo com o de-correr dos anos, e para

muitos não é nada fácil. Porisso temos que saber prepararas gerações que estão por vir,porque as crianças de hoje se-rão o futuro do nosso país, ouseja, serão a nossa sociedadedo futuro.

Se observamos as profun-das mudanças que a nossa so-ciedade está sofrendo, podere-mos constatar a violência cres-cendo cada vez mais, e istopode ser notado claramentenão só nas cidades grandes,mas também no interior dopaís já se nota aumento signi-ficativo da violência.

Eu me pergunto: por quetudo isto? A resposta não émuito difícil de se encontrar,porque, se pararmos para ob-servar como cada vez mais sedeixa de educar nossas crian-ças, como poderemos esperarque elas sejam adultos capa-zes de saber viver?

Viver em uma sociedadenão é fácil, porque muitas ve-zes somos tentados a atuar demaneira que, se não tivermosuma boa base familiar e deprincípios morais, nos deixa-mos levar para o mau cami-nho, como é o caso das pes-soas que buscam vida fácil, epara isso muitas vezes as con-sequências são a degradaçãodo corpo físico através do con-sumo de álcool, uso de drogase prostituição.

Nossas crianças estão cres-cendo sem disciplina, não es-tão sendo preparadas para umviver feliz, mas sim para umasociedade capitalista, que nosobriga a consumir cada vezmais para sermos felizes.

É ai que começam os pro-blemas, porque nossas crian-ças estão sendo preparadas pa-ra ser pessoas consumistas e

estamos passando para elasque para ser feliz é preciso ter,e não ser.

Hoje, com a era tecnoló-gica, as crianças começam aser influenciadas desde cedo aconsumir, a cada momentosuas mentes recebem bombar-deio da mídia de que necessi-tam aquele tipo de telefonecelular, que provavelmente se-rá o mais caro, ou usar aqueletipo de roupa para serem feli-zes. Quanto enganados estãoesses seres inocentes, que, pornegligência de seus educado-res, estão sendo programadospara consumir, para buscaruma felicidade que nunca vãoencontrar. Sabe por quê? Por -que estão erroneamente sendocriados para enriquecer os do-nos dessas marcas que ven-dem seus produtos auferindomuitos lucros com isso.

As nossas crianças deixa-ram de ler, de estudar e deaprender a lidar com as tare-fas domésticas. E aí me per-gunto: como será o futuro des-sa nova geração daqui a 20anos? Como poderemos exigirde um governo que tenhamosum país mais digno, se nãosabemos educar nossas crian-ças para estudar, questionar,exigir seus direitos e praticarseus deveres?

Crianças estão sendo programadas para consumir, para buscar uma felicidade que nunca vão encontrar.

A educação começa no lar,nossas crianças são pequenosseres que absorvem como es-ponjas tudo o que fazemos du-rante o nosso convívio, e porisso a educação deve começarem casa, sendo os adultos osexemplos.

Observo como as criançasde hoje são criadas egoistica-mente. Nos tempos antigoscostumávamos dividir o pou-

co que tínhamos com nossosvizinhos, brincávamos todosna rua com a mesma bola, di-vidíamos a merenda. Hoje, po-rém, o brasileiro tem mais po-der aquisitivo e cada vez maisensina seus filhos a ser egoís-tas a querer mais só para si eesquecer-se dos outros.

Crianças absorvem como esponjas tudo o que fazemos adultos durante seu convívio; os adultos são seus exemplos.

Como podemos esperarque a nossa sociedade do fu-turo seja melhor do que a dehoje, se estamos cometendoerros gravíssimos na educaçãodos nossos filhos? Deixar deeducar é o maior erro que umpai pode cometer, e por issochegou a hora de despertar, demostrar para nossas criançasque elas devem estar prepara-das para um futuro árduo ede lutas, e que devem ser soli-dárias e se preocupar com opróximo.

Como podemos esperarque essa geração que estapor vir se preocupe com osmais velhos se estamos dei-xando de fazer nossa parte,que é dar exemplos? Estamosdeixando de nos preocuparcom os necessitados e atémesmo com nossos avós,que, quando chegam a certaidade, são inúmeros os casosde pessoas com incapacidadefísica que são abandonadaspor seus familiares.

Para que o nosso Brasil setorne um país mais justo, de-vemos começar a nos preocu-par com as nossas crianças, apassar para elas valores mo-rais, a ensinar-lhes a viver emuma sociedade que seja maisjusta e voltada para o bem-es-tar comum.

É claro que cada ser hu-mano tem diferentes capaci-dades para resolver seus pro-

blemas, devemos respeitar aresiliência de cada um, maspodemos, sim, capacitar nos-sas crianças para serem pen-sadoras e questionadoras detudo o que acontece ao seu re-dor; podemos ensinar a nossascrianças que o caminho dobem é o melhor caminho a serseguido e que, para saber vi-ver, temos que lutar e encararcada obstáculo que encontrar-mos como alavanca para subirmais alto e, assim, prosperarna vida.

Devemos deixar essa cul-tura capitalista de lado e en-sinar as nossas crianças a bus-car formas de fazer atividadesao ar livre e aprender a criarseus próprios brinquedos.Assim podem estimular seucérebro a pensar, a resolverproblemas, além de se benefi-ciar por estar em contato coma natureza.

Temos que deixar de criarnossas crianças presas a umcomputador ou televisão, nos-sas crianças devem fazer exer-cícios para seu desenvolvi-mento físico e mental, e tam-bém para evitar doenças.

Devemos também eliminaressa cultura de comida rápida,porque estamos cada vez maisalimentando nossas criançascom calorias vazias que nãotrazem qualquer benefício aocorpo humano, mas sim mui-tas doenças.

Ainda podemos mudarnossa sociedade, mas para is-so precisamos plantar nossasemente, e investir mais naeducação das nossas crianças,para que elas estejam prepa-radas para um futuro de lu-tas e saibam, assim, conti-nuar seu papel evolutivo,porque as crianças que hojesão educadas serão os educa-dores do futuro.

E não podemos esperarcolher bons frutos se não sa-bemos plantar, porque o exem-plo que hoje estamos dando asnossas crianças orientará suasações no futuro.

Educação começa em casaSANDRA HERMIDA CARVALHO

Educadora infantil, da Filial MontesClaros (MG)

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Chamou a atenção nosmeios médicos e na sociedaderecente relatório das Na çõesUnidas (ONU) dando conta deque infecções pela Aids e mor-tes associadas à doença cres-ceram nos últimos oito anosno Brasil. No mesmo docu-mento informam que a inci-dência está em queda nomundo, podendo ser controla-da até 2030. Es tima-se que,atualmente, vivam no Brasil752 mil pessoas com o vírusda Aids, número que repre-senta quase metade do totalde casos na América Latina(1,6 milhão) e cerca de 2% donúmero de infectados no mun-do (35 milhões).

Antes desta notificação,o programa de controle dadoença no Brasil era tido pe-lo governo brasileiro comoum grande sucesso e mode-lo para o mundo. O progra-ma brasileiro tem como pon-to forte a recomendação pa-ra uso do preservativo nasrelações sexuais e distribui-ção de medicamentos paraos doentes, não se preocu-pando com a educação se-xual básica, para evitar rela-ções promíscuas, na segu-rança de ter parceiro fixo.

Como alguns indutorespara propagação das doençassexualmente transmissíveis(DST) são bem presentes nasociedade brasileira, causavaestranheza para algumas pes-soas esse sucesso do controleda doença divulgado pelamídia.

Lembro-me que nas aulasde higiene, saúde e educação,nos quartéis, médicos e enfer-meiros advertiam para o cui-dado dos militares nos rela-cionamentos com prostitutas,porque uma única portadorade doença venérea, como sechamavam as DST na época,era capaz de infectar várioshomens.

Pesquisadores relatam queo aparecimento do vírus daAids ocorreu no início do sé-culo XX em países da Áfricasubsaariana, um vírus mutantedos chimpanzés já circulavana população urbana doCongo Belga, na então cidadede Leopoldvil le. O vírus teriasido transposto do macaco aohomem pela caça desses ani-mais, que serviam de alimentopara a população. Os chim-panzés capturados e sacrifica-dos expunham o vírus aos cor-tes e traumas das mãos doscaçadores que, ao destrincha-rem os primatas abatidos, seinfectavam. Carne ensanguen-tada era exposta nos mercadoslocais para nova manipulaçãohumana. Nascia, assim o vírusda Aids, que permaneceria

oculta por décadas. Uma vezno homem, o vírus passou aser transmitido através da re-lação sexual.

Por ser o maior centro co-mercial da região, Leopol dvillecresceu muito e recebia via-jantes de países vizinhos. Aurbanização, com a conse-quente pros tituição, fez dispa-rar a disseminação do vírusem humanos.

A crescente promiscuida-de sexual distribuía sífilis, ble-norragia e herpes de forma in-tensa, enquanto o vírus daAids seguia de carona, aindacamuflado. As mortes pelaAids eram erroneamente atri-buídas à desnutrição, diarréias,tuberculose e malária.

A tolerância do povocongolês aos abusos do colo-nizador belga chegou ao fimem 1960 com a independên-cia do país, ocorrendo logoem seguida uma guerra civilque durou cinco anos. A ci-dade ganhou o novo nomede Kinshasa. Os conflitosdeixaram o país arrasado, apopulação carecia de saúde,escolas e emprego. A fomedominava diversas localida-des no país.

A promiscuidade sexual no Congo distribuíadoenças venéreas de formaintensa, e o vírus da Aidsseguia de carona, camuflado.

Durante a guerra civil, asNações Unidas socorreram ocaos, enviando força de paz,médicos, enfermeiras, alimen-tos e medicamentos ao povosofrido e abandonado. Pro -fessores foram contratados pa-ra soerguer o falido sistemaeducacional. Com esta ação,sem saber, podem ter prepara-do o terreno para transposiçãodo vírus da Aids para aAmérica.

Na tropa de paz seguirammuitos haitianos, selecionaspor também serem negros efalarem o francês, o que faci-litava a comunicação com oscongoleses. A hipótese é queparte desse contingente hai-tiano se contaminou comprostitutas, levando na baga-gem da volta o vírus para oHaiti, país também de eleva-do índice de prostituição.

Mais tarde os turistas se-xuais norte-americanos foramas vítimas da vez, aparecendode forma chocante para omundo entre gays americanosno verão de 1981. Os hemos-sexuais não foram a únicaponte da introdução do vírusem solo norte-americano. Emdois anos, se descobriu que adoença acometia também umaparcela de imigrantes haitia-nos, usuários de drogas injetá-veis e hemofílicos.

A incidência deAids no Brasil

FRANCISCO IVO DE OLIVEIRA

Presidente da Filial Recife (PE)