Post on 08-Nov-2018
Universidade do Minho
Instituto de Educao e Psicologia
Maria Paula Neves Machado
O Papel do Professor na Construo do Currculo
Um Estudo Exploratrio
Volume II
Dissertao apresentada ao Instituto de Educao e
Psicologia da Universidade do Minho para a obteno do
grau de Mestre em Educao, na Especialidade de
Desenvolvimento Curricular, sob a orientao do Doutor
Jos Carlos Morgado
Braga 2006
ii
NDICE
ANEXOS .....................................................................................................................................................3
ANEXO 1 ..................................................................................................................................................4
CARTA DIRIGIDA AO PRESIDENTE DA COMISSO EXECUTIVA INSTALADORA
ANEXO 2 ..................................................................................................................................................6
CARTA DIRIGIDA AOS PROFESSORES
ANEXO 3 ..................................................................................................................................................8
DAS ENTREVISTAS REALIZADAS
ANEXO 4 ................................................................................................................................................14
TRANSCRIO INTEGRAL DAS DEZASSETE ENTREVISTAS
ANEXO 5 ..............................................................................................................................................178
CATEGORIZAO DA INFORMAO ATRAVS DA ANLISE DE CONTEDO
ANEXOS
Anexo 1
Carta dirigida ao Presidente da
Comisso Executiva Instaladora
5
Exmo. Senhor
Presidente do Conselho Executivo
Maria Paula Neves Machado, professora do quadro de nomeao
definitiva, do Grupo de Educao Fsica, da Escola Secundria D. Sancho I de
Vila Nova de Famalico, a frequentar o Curso de Mestrado em Educao, rea
de especializao em Desenvolvimento Curricular, no Instituto de Educao e
Psicologia, da Universidade do Minho, est a desenvolver um trabalho de
investigao sobre o papel do professor na construo do currculo, orientado
pelo Doutor Jos Carlos Morgado.
Tratando-se de um Estudo de um Caso, solicita a colaborao do
Presidente da Comisso Executiva Instaladora, nomeadamente no que se
refere recolha de dados e anlise de documentos (Regulamento Interno,
Projecto Educativo de Escola e Projecto Curricular de Escola), nessa escola.
A recolha de dados ir desenvolver-se durante os meses de Junho e
Julho de 2004 e ser efectuada atravs do inqurito por entrevista.
Requer autorizao para desenvolver a supracitada investigao e
aproveita para agradecer a melhor ateno de V. Ex. para este assunto.
Com os melhores cumprimentos,
Braga, 10 de Maio de 2004
Anexo: declarao do Orientador.
Anexo 2
Carta dirigida aos professores
7
Caro(a) Colega
Encontro-me, neste momento, numa fase de preparao da dissertao
para o Mestrado em Desenvolvimento Curricular, necessitando, para este
trabalho de investigao, de recolher alguns dados relativos ao envolvimento
dos professores na configurao do currculo, recorrendo, para tal, entrevista.
Para a realizao deste estudo fundamental a colaborao dos
professores, dando-me a conhecer as suas opinies acerca de temticas como
a autonomia da escola, organizao e gesto curricular ou a planificao do
processo ensino/aprendizagem.
Posso assegurar, desde j, que o nome desta escola no ser
mencionado em circunstncia alguma, assim como a identificao dos
professores entrevistados para o estudo. Tambm garantida a absoluta
confidencialidade das informaes prestadas, sendo feita apenas uma anlise
de contedo das mesmas.
Reafirmo a importncia da participao do(a) colega, enquanto
entrevistado, sendo esta decisiva para a concretizao deste
projecto.
Com os meus agradecimentos,
___________________________
(Professora do Q.N.D., Grupo de Educao Fsica, Escola Secundria D. Sancho I)
Anexo 3
Guio das entrevistas realizadas
9
Entrevista N
Legitimao da Entrevista
Este trabalho de investigao destina-se a conhecer as representaes dos professores sobre
a concretizao do currculo ao nvel da escola, como expliquei na carta dirigida a cada um dos(as)
colegas quando solicitei a sua colaborao para esta entrevista.
A participao do(a) colega, enquanto entrevistado(a), decisiva para a concretizao deste
estudo, o que me leva, desde j, a agradecer a sua disponibilidade.
Posso assegurar que o nome desta escola no ser mencionado em circunstncia alguma,
assim como a identificao dos professores entrevistados. Tambm garantida a absoluta
confidencialidade das informaes prestadas.
Queria pedir autorizao ao() colega para gravar a entrevista, de modo a permitir que a
recolha de toda a informao seja o mais completa possvel. Asseguro tambm que, aps a transcrio,
lhe enviarei a entrevista para que analise a conformidade das suas respostas.
Caracterizao do Entrevistado
Dados Pessoais e Profissionais
1. Gnero Feminino Masculino
2. Idade Menos de 30
anos De 30 a 45 anos Mais de 45 anos
3. Tempo de
Servio 1 a 10 anos 11 a 25 anos Mais de 26 anos
Bacharelato Licenciatura Mestrado
4.Habilitaes
Acadmicas Outras? Quais?
5. Situao Profissional
6. Grupo Disciplinar a que pertence
7. Cargo desempenhado na escola
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Autonomia da Escola
1) A autonomia das escolas um dos aspectos fundamentais de uma nova
organizao da educao.
Na opinio do colega, como se pode manifestar a autonomia da escola?
2) A sua escola tem autonomia? Onde pensa terem surgido espaos de autonomia
curricular? (prticas escolares, administrao e gesto da escola, sector
administrativo)
3) Concorda com a necessidade de se construir um Projecto Educativo na escola?
Porqu?
Reconhece que h vantagens para os alunos e benefcios para a escola? Quais?
4) Concorda com a existncia de um Regulamento Interno na escola?
Na sua opinio, este ajuda a construir a autonomia da escola? E se este no seguisse
as orientaes do M.E., nem estivesse sujeito aprovao da DREN, se fosse
decidido apenas em funo dos interesses da escola?
5) A escola deveria poder decidir sobre os programas das disciplinas?
Se assim fosse no lhe parece que poderiam criar-se situaes de desigualdade entre
alunos de escolas diferentes?
6) Na sua opinio, os professores necessitam de uma margem maior de autonomia?
Porqu?
Organizao e Gesto Curricular
7) Como sabe o conceito currculo abrange diversas perspectivas e alvo de muitos
significados. Enquanto professor, pode dizer-me o que entende por currculo?
8) A que nvel julga dever ser concebido o currculo? (Nacional, Regional, Local)
9) Que vantagens trouxe a recente Reorganizao Curricular ao Ensino Bsico?
10) Concorda com a definio de um currculo mnimo comum (conjunto de
disciplinas/reas curriculares comuns) para todos os alunos do Ensino Bsico, pelo
Ministrio da Educao?
11
11) Na sua opinio, as escolas devem ter autonomia para introduzir disciplinas/reas
curriculares nos planos curriculares dos 2 e 3 ciclos do Ensino Bsico?
12) O conjunto de aprendizagens e competncias bsicas (conhecimentos,
capacidades, atitudes, valores) a serem desenvolvidas pelos alunos ao longo do
Ensino Bsico devem ser definidas pelo Ministrio da Educao?
13) As escolas devem ter autonomia para organizar os tempos lectivos dos planos
curriculares?
14) Em termos curriculares (projecto curricular, gesto curricular, definio de
competncias), que estruturas da escola devem ter maiores competncias?
15) Considera que a gesto curricular flexvel (ao nvel da articulao e
contextualizao dos saberes) uma condio essencial para a construo da
autonomia curricular dos professores?
16) Na sua opinio, esta nova gesto curricular traz vantagens para os alunos?
Permite melhorar/diversificar as aprendizagens dos alunos?
17) Considera que os professores devem ser agentes diferenciadores/gestores do
currculo na escola? Portanto, os professores devem ter uma participao activa na
gesto do currculo? A que nvel devem faz-lo? (programas, actividades educativas,
avaliao, orientao e acompanhamento dos alunos)
18) Esta nova gesto curricular flexvel leva a uma mudana nas prticas curriculares
dos professores? Pode concretizar?
19) Que estruturas da escola devem ter maiores competncias para organizar o
projecto curricular de escola?
Prticas Curriculares
20) Considera que com os Departamentos Curriculares se conseguiu uma
coordenao curricular entre os Grupos Disciplinares afins ou no surgiram mudanas
significativas em relao ao que se passava ao nvel de Grupo?
21) Com a formao dos Departamentos Curriculares houve uma mudana nas
atitudes colaborativas dos professores? (H mais troca de experincias? Reflectem
mais em conjunto?) E nas prticas curriculares?
22) Os Departamentos Curriculares devem ter competncia para implementar e
12
desenvolver componentes curriculares da iniciativa da escola?
23) O Grupo Disciplinar a que pertence faz a programao no incio do ano lectivo? A
que nvel definida a planificao das unidades didcticas, nomeadamente os critrios
que esto na base da seleco e organizao de contedos?
24) A programao contempla estratgias especficas para o desenvolvimento de
capacidades, atitudes, valores por parte dos alunos?
25) As instrues/orientaes metodolgicas do Ministrio da Educao so
fundamentais para a gesto do programa pelo seu Grupo Disciplinar?
26) Costumam introduzir outros contedos que no vm nos programas?
27) O que lhe parece que resulta de mais positivo na programao ao nvel de Grupo
Disciplinar?
28) Os programas disciplinares actuais do Ministrio da Educao so flexveis
possibilitando uma adaptao ao contexto real de cada escola?
29) Parece-lhe absolutamente necessria a elaborao de um Projecto Curricular de
Escola? Que vantagens pode trazer?
30) O Projecto Curricular de Escola deve ser da competncia exclusiva dos
professores?
31) Que importncia atribui construo do Projecto Curricular de Turma?
Quem deve participar na sua construo, gesto e avaliao? (diagnstico,
participao na previso de actividades e experincias educativas a realizar com os
alunos)
32) O Projecto Curricular deve respeitar as finalidades e os objectivos dos programas
em vigor?
33) Considera a planificao do professor essencial para a sua prtica enquanto
docente?
Que tipo de planificao utiliza, a nvel macro (anual), meso (unidades
temticas/perodo), micro (diria/semanal)?
34) Como planifica as suas actividades lectivas, utilizando um plano escrito onde
define objectivos especficos, contedos e consideraes metodolgicas a utilizar nas
aulas ou apenas mentalmente?
13
35) Enquanto instrumento pedaggico/didctico, qual a importncia que atribui
utilizao do manual na planificao e desenvolvimento do processo de
ensino/aprendizagem? E na realizao do processo de ensino/aprendizagem?
36) Que outros materiais utiliza na planificao das suas aulas? Quem os elabora?
37) A sua planificao tem em considerao o nvel inicial de conhecimentos dos
alunos?
38) Considera que o professor deve alterar o seu plano de aula em funo do ritmo de
aprendizagem dos alunos?
39) A planificao do professor deve ter apenas em considerao o programa oficial do
Ministrio da Educao ou deve ter liberdade para seguir as suas prprias
orientaes?
40) A planificao do professor deve contemplar actividades de diversificao
curricular?
41) Relativamente avaliao da aprendizagem, quais so os modelos (tipos de
avaliao) que utiliza no processo de ensino/aprendizagem?
42) Considera que os professores tm uma autonomia expressiva na avaliao dos
alunos?
Os professores tm condies para poderem praticar uma avaliao formativa?
(carcter contnuo e sistemtico; mais individualizado; visa a regulao do ensino e da
aprendizagem; utiliza uma maior variedade de instrumentos de recolha de informao)
43) Que outros aspectos privilegia na avaliao dos alunos para alm da avaliao
sumativa de conhecimentos?
Prev a participao dos alunos nesse processo? De que modo?
44) Por ltimo, considera importante haver momentos de reflexo conjunta, ao nvel do
conselho de turma, para discusso e troca de experincias pedaggicas e didcticas?
E ao nvel do Grupo Disciplinar ou, noutra dimenso (transversalidade de
conhecimento), ao nvel de Departamento Curricular?
Anexo 4
Transcrio integral das dezassete entrevistas
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Entrevista P1
Autonomia da Escola
Paula: A autonomia das escolas um dos aspectos fundamentais de uma nova
organizao da educao.
Na opinio do colega, como se pode manifestar a autonomia da escola?
Professor: No sei No tenho uma opinio bem formada!
Paula: A sua escola tem autonomia? Onde pensa terem surgido espaos de autonomia
curricular? (prticas escolares curriculares, administrao e gesto da escola, sector
administrativo)
Professor: Houve uma autonomia das escolas nomeadamente na
administrao e gesto da escola. Est a acontecer devagarinho, est a ser um
processo lento na gesto, no tanto visto como numa empresa, mas a
caminho, se calhar
Paula: Concorda com a necessidade de se construir um Projecto Educativo na escola?
Professor: Sim. Porque tem em considerao as necessidades dos alunos.
Paula: Reconhece que h vantagens para os alunos, benefcios para a escola?
Professor: Sim, principalmente para os alunos.
Paula: Concorda com a existncia de um Regulamento Interno na escola?
Professor: Sim.
Paula: Na sua opinio, este ajuda a construir a autonomia da escola?
Professor: Sim. Define regras prprias, porque penso que a escola tem a sua
identidade, a sua identidade prpria.
Paula: E se este no seguisse as orientaes do M.E., nem estivesse sujeito
aprovao da DREN, se tivesse sido decidido apenas em funo dos interesses da
escola?
Professor: Penso que haveria um maior reajuste realidade que a escola tem.
Paula: A escola deveria poder decidir sobre os programas das disciplinas?
Professor: Se calhar a escola no, mas o grupo sim. A gente ouve professores
de alguns grupos disciplinares dizerem que o programa que lhes foi fornecido
s vezes no cumprido, porque h um tipo de travo ou um no acelerar por
parte dos alunos para fazer o acompanhamento desses programas que so
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estabelecidos. s vezes os professores, principalmente se forem professores j
do quadro, havia uma melhor identificao dos alunos e eles prprios como j
esto h alguns anos aqui na escola, nesta escola ou noutra escola qualquer,
podia haver um conhecimento mtuo dos alunos poderiam ver at onde se
poderia ir. Mas, pronto, isso poderia criar um desnvel em relao a outras
escolas
Paula: Parece-lhe que poderiam criar-se situaes de desigualdade entre alunos de
escolas diferentes?
Professor: Ao sair daqui para outras escolas o aluno A de uma escola contra o
aluno B de outra escola, se calhar o conhecimento no igual. Se calhar a
alternncia dos contedos no a mesma Por acaso tive um aluno na minha
turma, na minha direco de turma que eu tenho este ano, que as matrias que
os professores estiveram em algumas disciplinas que noutras escolas j deu.
Isto leva a crer que o seguimento da programao, o seguimento dos
contedos, no , por isso um exemplo com a ajuda da histria, no dada no
primeiro perodo do mesmo modo em todo o lado e quando ele chegou aqui j
tinha dado essa matria Se calhar no final do ano toda a gente d o que
para dar, o que est estabelecido no final do ano, mas, pronto, cada escola,
cada professor vai dando at l at dar o total, vai dando da sua maneira. Pode
dar, pronto, pode comear do fim para o princpio.
Paula: Mas entende que a escola deveria decidir sobre os programas das disciplinas?
Professor: Isto como as competncias, no , h as competncias mnimas,
mas no final vai dar tudo ao mesmo
Paula: Na sua opinio, os professores necessitam de uma margem maior de autonomia?
Professor: No. Penso que a que tem suficiente.
Organizao e Gesto Curricular
Paula: Como sabe o conceito currculo abrange diversas perspectivas e alvo de muitos
significados. Enquanto professor, pode dizer-me o que entende por currculo?
Professor: Eu no estou muito preocupado com o currculo em termos se estou
a dar o currculo ou no. Pronto, penso que o aluno que devia ter mais ir
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mais s necessidades do aluno. O aluno que vai dando as informaes
relativamente sua produo.
Paula: A que nvel julga dever ser concebido o currculo? (Nacional, Regional, Local)
Professor: !
Paula: Que vantagens trouxe a recente Reorganizao Curricular ao Ensino Bsico?
Professor: Aqui nesta escola comeou h pouco tempo a nvel disciplinar, a
nvel de dos alunos principalmente, a nvel de disciplina em termos de a
questo das horas e da definio dos blocos, penso que houve uma melhoria
em termos de distribuio e, pronto, questes a nvel de disciplina A
questo da Educao Cvica muito importante, dentro das novas reas, penso
que com a Educao Cvica que h uma maior identificao com o meio, o
saber estar, o saber presenciar, o saber fazer, o saber estar em grupo, isso
veio dar uma mais valia ao aluno.
Paula: Concorda com a definio de um currculo mnimo comum (conjunto de
disciplinas/reas curriculares comuns) para todos os alunos do Ensino Bsico, pelo
Ministrio da Educao?
Professor: Sim. Acho que mais fiel a nvel nacional, como est. Depois a
prpria escola que faz a alterao consoante a actividade escolar.
Paula: Na sua opinio, as escolas deveriam ter autonomia para introduzir
disciplinas/reas curriculares nos planos curriculares dos 2 e 3 ciclos do Ensino
Bsico?
Professor: (riso) H exemplos desses casos? Penso que deveria poder, mas
tomando em conta os recursos materiais, no , a disponibilidade das salas
Havendo uma identificao da escola/meio, penso que benfico para o aluno!
Paula: O conjunto de aprendizagens e competncias bsicas (conhecimentos,
capacidades, atitudes, valores) a serem desenvolvidas pelos alunos ao longo do Ensino
Bsico devem ser definidas pelo Ministrio da Educao?
Professor: como a gente falou h bocado no projecto educativo, devem ser a
nvel geral, acho eu. As competncias mais especficas devem estar no
projecto educativo da escola, agora as gerais penso que devem ser definidas
ao nvel do Ministrio da Educao!
Paula: As escolas devem ter autonomia para organizar os tempos lectivos dos planos
curriculares?
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Professor: Sim, sim Tendo em conta as especificidades da escola, a questo
dos horrios de autocarros
Paula: Em termos curriculares (projecto curricular, gesto curricular, definio de
competncias), que estruturas da escola devem ter maiores competncias?
Professor: O conselho pedaggico. Toma as decises mximas da escola!
Paula: Considera que a gesto curricular flexvel (ao nvel da articulao e
contextualizao dos saberes) uma condio essencial para a construo da
autonomia curricular dos professores?
Professor: Penso que sim!
Paula: Na sua opinio, esta nova gesto curricular traz vantagens para os alunos?
Permite melhorar/diversificar as aprendizagens dos alunos?
Professor: Eu penso que sim, que permite diversificar as aprendizagens dos alunos.
Paula: Considera que os professores devem ser agentes diferenciadores/gestores do
currculo na escola? Portanto, os professores devem ter uma participao activa na
gesto do currculo?
Professor: Esta a velha mxima, portanto, os professores que tm sempre
a responsabilidade no ? Por isso o comandante do navio sempre o
professor, a liderana sempre do professor, por isso, perante a realidade dos
alunos penso eles que so os mximos, o expoente mximo da
transmisso de conhecimentos.
Paula: A que nvel devem faz-lo, os professores claro, de programas, actividades
educativas, avaliao, orientao e acompanhamento dos alunos?
Professor: Penso que todas estas reas, penso que todas!
Paula: Esta nova gesto curricular flexvel leva a uma mudana nas prticas curriculares
dos professores? Pode concretizar?
Professor: Leva, leva. a prpria, formao contnua que ele faz, se calhar,
durante esses anos que vai fazendo a alterao e a sua experincia. A
prpria palavra experincia que d essa flexibilidade, no ?
Paula: Que estruturas da escola devem ter maiores competncias para organizar o
projecto curricular de escola?
Professor: Nesta questo, no quem deve ter, quem tem. Penso que o
director de turma, cada vez mais, uma pea fundamental nesta gesto
flexvel do currculo e na organizao da escola. O director de turma est em
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contacto com os alunos, o director de turma est em contacto com os
encarregados de educao, o director de turma est em permanente contacto
com a realidade, com o que se passa na escola. Ele sente mesmo essa
gesto O director de turma, cada vez mais, o director de turma faz o papel
pronto, no s o professor que tira faltas Tem um papel mais amplo em
termos de controle de tudo o que se passa na turma, tem um maior
conhecimento devido s outras reas que tem que dar relativamente a
trabalhos de grupo, projectos de rea de projecto, est em maior contacto com
eles. Neste caso desta escola ainda h formao cvica, pronto e abrange
outros contedos para os alunos e mesmo para ele faz com que est
habituado a dar um certo apoio, de preparar um apoio para ensinar uma
determinada disciplina teve que actualizar para fornecer aos alunos para
ensinar outros contedos mais abrangentes, no s dar contedos
especficos da sua disciplina, mas tambm outras reas mais prticas.
Prticas Curriculares
Paula: Considera que com os Departamentos Curriculares se conseguiu uma
coordenao curricular entre os Grupos Disciplinares afins ou no surgiram mudanas
significativas em relao ao que se passava ao nvel de Grupo?
Professor: A nvel de grupo, a nvel de grupo disciplinar continuaram na
mesma, no ! A nvel de departamento trouxe uma maior interligao nas
tarefas, actividades a realizar.
Paula: Com a formao dos Departamentos Curriculares houve uma mudana nas
atitudes colaborativas dos professores? (H mais troca de experincias? Reflectem mais
em conjunto?) E nas prticas curriculares?
Professor: O nosso grupo funcionou sempre assim, no foi por haver esta
mudana que passou a ser assim. Do segundo ou do terceiro ciclo sempre
funcionamos como um s, uma s voz.
Paula: Uma vez que est no Conselho Pedaggico, relativamente aos outros
departamentos curriculares, notou alguma alterao nas atitudes colaborativas entre
professores, nomeadamente daqueles que fazem parte do mesmo departamento?
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Professor: Penso que houve uma maior ligao, um maior conhecimento,
desse ponto de vista e, portanto, no s pela criao de actividades para o
plano anual de actividades, como uma maior ligao e conjugao de vrias
disciplinas que at l estavam viviam e faziam sozinhas, portanto, de um
modo mais independente!
Paula: Os Departamentos Curriculares devem ter competncia para implementar e
desenvolver componentes curriculares da iniciativa da escola?
Professor: Penso que sim, penso que sim. Posso dar o caso deste ano que
aqui em tem a criao do futsal e na escola tambm se organizou um
torneio com as regras do futsal em que todas as turmas participaram e houve
uma introduo dessa nova modalidade que no fazia parte do programa.
Paula: O Grupo Disciplinar a que pertence faz a programao no incio do ano lectivo? A
que nvel definida a planificao das unidades didcticas, nomeadamente os critrios
que esto na base da seleco e organizao de contedos?
Professor: a nvel de grupo. A seleco de contedos a nvel de grupo
devido aos recursos materiais que existem, s instalaes
Paula: A programao contempla estratgias especficas para o desenvolvimento de
capacidades, atitudes, valores por parte dos alunos?
Professor: Sempre, sempre, o psicomotor, atitudes e valores.
Paula: As instrues/orientaes metodolgicas do Ministrio da Educao so
fundamentais para a gesto do programa pelo Grupo Disciplinar?
Professor: So fundamentais.
Paula: Costumam introduzir contedos que no vm nos programas?
Professor: Este ano aconteceu, como j referi atrs.
Paula: O que lhe parece que resulta de mais positivo na programao ao nvel de grupo?
Professor: !
Paula: Os programas disciplinares actuais do Ministrio da Educao so flexveis
possibilitando uma adaptao ao contexto real de cada escola?
Professor: Parece-me que pouca flexibilidade!
Paula: Parece-lhe absolutamente necessria a elaborao de um Projecto Curricular de
Escola? Que vantagens pode trazer?
21
Professor: Penso que o convergir do mesmo pensar da escola,
fundamentalmente a identificao da prpria escola, o que que a escola
nos diz, o que que a escola nos transmite, o que que a escola d aos
alunos!
Paula: O Projecto Curricular de Escola deve ser da competncia exclusiva dos
professores?
Professor: Penso que os alunos tambm! para eles que feito.
Paula: Que importncia atribui construo do Projecto Curricular de Turma?
Professor: a tal autonomia. Se temos autonomia na escola, se temos
autonomia nos currculos, devemos ter autonomia na construo do projecto
curricular de turma, no ?
Paula: Quem deve participar na sua construo, gesto e avaliao? (diagnstico,
participao na previso de actividades e experincias educativas a realizar com os
alunos)
Professor: Eu vejo aqui nesta escola houve uma melhoria na participao dos
pais, os pais participam nalgumas reunies, os pais colaboram com os
directores de turma!
Paula: O Projecto Curricular deve respeitar as finalidades e os objectivos dos programas
em vigor?
Professor: Sim, j falamos disso.
Paula: Considera a planificao do professor essencial para a sua prtica enquanto
docente?
Professor: Sim.
Paula: Que tipo de planificao utiliza, a nvel macro (anual), meso (unidades
temticas/perodo), micro (diria/semanal)?
Professor: Meso, por unidades temticas.
Paula: Como planifica as suas actividades lectivas, utilizando um plano escrito onde
define objectivos especficos, contedos e consideraes metodolgicas a utilizar nas
aulas ou apenas mentalmente?
Professor: Mentalmente.
Paula: Enquanto instrumento pedaggico/didctico, qual a importncia que atribui
utilizao do manual na planificao e desenvolvimento do processo de
ensino/aprendizagem? E na realizao do processo de ensino/aprendizagem?
22
Professor: Utilizo como instrumento de consulta.
Paula: Que outros materiais utiliza na planificao das suas aulas? Quem os elabora?
Professor: Materiais que temos guardados: manuais, vdeos
Paula: A sua planificao tem em considerao o nvel inicial de conhecimentos dos
alunos?
Professor: Claro, sempre.
Paula: Considera que o professor deve alterar o seu plano de aula em funo do ritmo de
aprendizagem dos alunos?
Professor: Sempre.
Paula: A planificao do professor deve ter apenas em considerao o programa oficial
do Ministrio da Educao ou deve ter liberdade para seguir as suas prprias
orientaes?
Professor: As duas.
Paula: A planificao do professor deve contemplar actividades de diversificao
curricular?
Professor: Sim. Eu posso estar a pensar dar uma aula e depois no momento
mudar
Paula: Relativamente avaliao da aprendizagem, quais so os modelos (tipos de
avaliao) que utiliza no processo de ensino/aprendizagem?
Professor: A avaliao diagnostica, a avaliao contnua!
Paula: Considera que os professores tm uma autonomia expressiva na avaliao dos
alunos?
Professor: Sim.
Paula: Os professores tm condies para poderem praticar uma avaliao formativa?
(carcter contnuo e sistemtico, mais individualizado, visa a regulao do ensino e da
aprendizagem, utiliza uma maior variedade de instrumentos de recolha de informao)
Professor: !
Paula: Que outros aspectos privilegia na avaliao dos alunos para alm da avaliao
sumativa de conhecimentos?
Professor: A participao, o interesse
Paula: Prev a participao dos alunos nesse processo? De que modo?
Professor: Sim, fao sempre a auto-avaliao.
23
Paula: Por ltimo, considera importante haver momentos de reflexo conjunta, ao nvel
do conselho de turma, para discusso e troca de experincias pedaggicas e
didcticas?
Professor: Sim, muito importante.
Paula: E ao nvel do grupo disciplinar ou, noutra dimenso (transversalidade de
conhecimento), ao nvel de departamento curricular?
Professor: Tambm.
Paula: Muito obrigada pelo tempo que me dispensou e, sobretudo, por partilhar as suas
opinies.
24
Entrevista P2
Autonomia da Escola
Paula: A autonomia das escolas um dos aspectos fundamentais de uma nova
organizao da educao.
Na opinio do colega, como se pode manifestar a autonomia da escola?
Professor: Eu acho que, sobretudo, devia ter capacidade de se adaptar s
necessidades da prpria escola, dos alunos, dos interesses deles, respeitando
sempre o currculo nacional.
Paula: A sua escola tem autonomia?
Professor: Penso que sim, tem alguma autonomia!
Paula: Onde pensa terem surgido espaos de autonomia curricular? (prticas escolares
curriculares, administrao e gesto da escola, sector administrativo)
Professor: Eu penso que essa autonomia tem a ver um bocadinho com as
prticas curriculares. Na gesto dos programas curriculares, apesar de terem
um tronco comum, penso que em algumas disciplinas se est a ir ao encontro
dos interesses dos alunos e das necessidades deles.
Paula: Concorda com a necessidade de se construir um Projecto Educativo na escola?
Professor: Eu, sinceramente Em teoria concordo, mas acho um bocadinho
difcil por em prtica ou ento eu ainda no sei exactamente o que que se
pretende ou o que o Projecto Educativo!
Paula: Na sua opinio para que deveria servir o Projecto Educativo na escola?
Professor: Para essa autonomia que pretendida ser muito mais concreta e
no ser s no papel preciso tomar mais decises em aspectos mais
concretos e no s naqueles burocrticos.
Paula: Reconhece que h vantagens para os alunos, que o Projecto Educativo trouxe
benefcios para a escola?
Professor: Acho que ainda muito cedo, que est tudo muito verde. Ou ainda
no se foi ao encontro daquilo que pretendido ou ento no se est a ir
realmente no caminho do que se pretende!
Paula: O que que o Projecto Educativo poderia mudar?
25
Professor: (riso) O Projecto Educativo era importante para poder adequar s
necessidades e s motivaes dos alunos, da escola e do meio onde eles
esto inseridos. Deveria ser o principal objectivo a atingir!
Paula: Concorda com a existncia de um Regulamento Interno na escola?
Professor: Concordo, concordo redondamente. Acho que h uma
uniformizao. Nesta escola est a haver uma preocupao sobretudo a partir
dos directores de turma no incio do ano lectivo; dado aos alunos uma forma
simplificada deste regulamento interno, dado com linguagem bastante
adequada para os alunos; discutido sempre no incio do ano lectivo em
Formao Cvica, em todas as disciplinas; fundamental para os midos
perceberem realmente que h regras a cumprir, h direitos, h deveres, que
assim que eles tambm tm que fazer l fora.
Paula: Na sua opinio, este ajuda a construir a autonomia da escola? Mesmo seguindo
as orientaes do M.E. e estando sujeito aprovao da DREN? E se fosse decidido
apenas em funo dos interesses da escola?
Professor: Eu acho que necessrio virem orientaes. Se andarmos 10 km
para a frente ou 10 km, estando numa escola ou estando noutra, poderemos
ter coisas completamente diferentes. Eu acho que no, deve haver um tronco
comum a nvel nacional e depois so pequenos ajustamentos associados s
condies fsicas da escola, personalidade das pessoas que esto frente
da escola, ao tipo de alunos que frequentam a escola, assim que devem ser
feitas as flutuaes.
Paula: A escola deveria poder decidir sobre os programas das disciplinas? Se assim
fosse no lhe parece que poderiam criar-se situaes de desigualdade entre alunos de
escolas diferentes?
Professor: A minha resposta vai de encontro, quer dizer, poder-se-ia decidir
qualquer coisa, dar mais nfase ou menos nfase a determinada parte do
programa, mas realmente o tronco comum devia ser nacional.
Paula: Na sua opinio, os professores necessitam de uma margem maior de autonomia?
Professor: Eu acho que tem alguma autonomia. Mais autonomia se calhar
depois acabava por estarem as situaes fora de controlo, no ? No sei at
que ponto isso seria bom. Por outro lado, s vezes os professores querem
26
fazer mais actividades, por exemplo agora veio um ofcio circular da DREN a
regulamentar visitas de estudo, torna-se muito complicado fazer uma visita de
estudo com os midos neste momento. Assim estamos a perder autonomia, se
calhar h turmas que mereciam serem aproveitadas tambm nessas formas
alternativas de aprender. Pronto, perdemos um bocadinho nesses aspectos,
mas eu acho que tambm autonomia a mais depois poderia dar azo a grandes
variaes mesmo de um lado para o outro, de uma turma para a outra e
poderia perder-se muita autonomia!
Organizao e Gesto Curricular
Paula: Como sabe o conceito currculo abrange diversas perspectivas e alvo de muitos
significados. Enquanto professora, pode dizer-me o que entende por currculo?
Professor: O currculo da escola tudo o que dado aos alunos formalmente,
todas as aprendizagens. Tudo o que eles aprendem no recreio no faz parte do
currculo. Do currculo faz parte todas as aprendizagens que ele faz dentro das
reas disciplinares ou no disciplinares, orientadas pelo professor, dentro da
sala de aula. O resto aprendizagem, mas no faz parte do currculo!
Paula: A que nvel julga dever ser concebido o currculo? (Nacional, Regional, Local)
Professor: Eu acho que o currculo da escola devia partir de um currculo
nacional em que devia, se calhar, depois regional e depois dentro da
localidade. Deveria haver o tal tronco comum, eu acho importante, a nvel
nacional, depois haveria, eventualmente, a regionalizao em alguns aspectos
e depois, eventualmente, nas escolas haver nova adaptao que tenha a ver
com a gesto autnoma das escolas. Concordo que a partir do currculo
nacional passe haver uma contextualizao!
Paula: Que vantagens trouxe a recente Reorganizao Curricular ao Ensino Bsico?
Professor: Eu acho que as ideias partida eram boas, nomeadamente as
reas curriculares no disciplinares. Eu acho que em teoria, eram boas ideias
esta reorganizao curricular. No estou a ver ser aproveitadas na sua
plenitude, nomeadamente o estudo acompanhado. Lanou-se para as escolas
as reas curriculares no disciplinares, mas no houve muita orientao sobre
27
o que se deve fazer ao nvel dos professores, um bocado a lei do
desenrasca, no ? Todos os professores, qualquer que seja a sua rea de
formao podem dar essas reas curriculares, mas realmente no tiveram
nenhuma orientao. O estudo acompanhado enquanto h professores que
estudam para os testes com os alunos, h outros que fazem outras actividades,
outros do acesso informtica. Acho tudo bem, mas porque que uns tm
uma coisa e outros tm outra? Acho interessante a rea de projecto, fazerem o
trabalho de projecto, mas, por exemplo ao nvel do 5 ano os alunos so pouco
autnomos, no um trabalho dos alunos, torna-se um trabalho muito do
professor ajudante dos alunos, no . Em relao formao cvica, pronto,
ainda assim acho que talvez seja a rea curricular que tenha sido, pelo menos
nas escolas e pela minha experincia, talvez seja a que tenha sido mais bem
conseguida. Acho que seja a que est mais de acordo com o que se pretendia.
Apesar de tudo acho positivo, que so aspectos positivos.
Paula: Concorda com a definio de um currculo mnimo comum (conjunto de
disciplinas/reas curriculares comuns) para todos os alunos do Ensino Bsico, pelo
Ministrio da Educao?
Professor: Sim, como j disse em respostas anteriores.
Paula: Na sua opinio, as escolas deveriam ter autonomia para introduzir
disciplinas/reas curriculares nos planos curriculares dos 2 e 3 ciclos do Ensino
Bsico?
Professor: No. Eu acho que tanta autonomia, ou seja, introduzir novas
disciplinas, novas reas disciplinares, isso no concordo. Eu penso que as
reas disciplinares j existentes nos programas, disciplinares ou no, que a
escola poderia ter dar mais nfase ou menos nfase, at porque a carga
horria dos midos bastante pesada. Eu estou a imaginar isto sem mexer no
tal tronco comum!
Paula: O conjunto de aprendizagens e competncias bsicas (conhecimentos,
capacidades, atitudes, valores) a serem desenvolvidas pelos alunos ao longo do Ensino
Bsico devem ser definidas pelo Ministrio da Educao?
Professor: Sim, elas devem ser definidas pelo Ministrio da Educao. Agora,
se me perguntar se concorda com a forma como elas esto definidas, se calhar
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no! Mas sinceramente ainda no fiz ginstica mental para tentar imaginar eu
umas. Parecem-me que esto exageradamente amplas, difceis de concretizar!
Paula: As escolas devem ter autonomia para organizar os tempos lectivos dos planos
curriculares?
Professor: Sim, sim. Eu acho que sim, que deve ter autonomia apesar de s
vezes poderem surgir situaes complicadas, onde no h discusso se
calhar tambm no se cria nada porque, assim, ns muitas vezes queixamo-
nos quando as coisas nos so impostas, mas depois quando somos ns a gerir
tambm custa sermos ns a resolver, porque as questes no so pacficas.
Dar mais carga horria a uma disciplina ou a outra no fcil. De qualquer
modo so pequenas as flutuaes a esse nvel. A autonomia da escola a esse
nvel muito pouca!
Paula: Em termos curriculares (projecto curricular, gesto curricular, definio de
competncias), que estruturas da escola devem ter maiores competncias?
Professor: Aqui na escola quem est exactamente dentro deste assunto o
conselho executivo, so os coordenadores de ciclo, porque nem todos os
professores foram informados nem esto informados sobre isto. Isso acontece
pelo seguinte, os professores mudam de escola para escola, o que eles sabem
numa escola no ano seguinte passa a no ser verdade. Se no so directores
de turma, se no pertencem a um rgo de deciso ou de coordenao, muitas
vezes passa a informao um bocadinho ao lado daqueles professores.
Enquanto rgo quem deveria estar, no estou a ver mais nenhum grupo que
possa s os coordenadores de departamentos curriculares, fazem parte do
conselho pedaggico tambm esto dentro do assunto. Portanto, a direco da
escola, os directores de turma atravs dos coordenadores de ciclo e os
coordenadores de departamento atravs do conselho pedaggico.
Paula: Considera que a gesto curricular flexvel (ao nvel da articulao e
contextualizao dos saberes) uma condio essencial para a construo da
autonomia curricular dos professores?
Professor: Sim, sim.
Paula: Na sua opinio, esta nova gesto curricular traz vantagens para os alunos?
Permite melhorar/diversificar as aprendizagens dos alunos?
29
Professor: Eu acho que s traz vantagens para os alunos. Melhorar, diversificar
e, sobretudo, ir ao encontro dos interesses deles.
Paula: Considera que os professores devem ser agentes diferenciadores/gestores do
currculo na escola? A que nvel devem faz-lo? (programas, actividades educativas,
avaliao, orientao e acompanhamento dos alunos) Os professores devem ter uma
participao activa na gesto do currculo?
Professor: Sim, pode faz-lo ao nvel do regulamento interno, do projecto
educativo da escola.
Paula: Esta nova gesto curricular flexvel leva a uma mudana nas prticas curriculares
dos professores? Pode concretizar?
Professor: Muito devagarinho, provavelmente, sim. Provavelmente j estaro a
mudar, mas pouco. Eu como professora sei que os alunos podem ter grande
vantagem nisso, mas a tendncia defender-me. Nem todos concordam a
100% com esta reorganizao, uns concordam mais, outros concordam menos.
Lentamente provvel que j esteja a haver algumas mudanas, mas elas so
muito lentas!
Paula: Que estruturas da escola devem ter maiores competncias para organizar o
projecto curricular de escola?
Professor: Eu penso que at agora o conselho pedaggico seja mais fcil
fazer isso! Eu penso que todas as estruturas esto representadas no conselho
pedaggico, penso que um grupo de trabalho relativamente o mais
pequeno possvel, mas tambm o mais diversificado ao nvel das disciplinas!
Prticas Curriculares
Paula: Considera que com os Departamentos Curriculares se conseguiu uma
coordenao curricular entre os Grupos Disciplinares afins ou no surgiram mudanas
significativas em relao ao que se passava ao nvel de Grupo?
Professor: Eu acho que a questo, dos departamentos curriculares, trouxe
maior actividade entre nas disciplinas, mas depois difcil realmente conciliar.
A forma como a escola est organizada em termos de horrios complicado.
Eu acho que as diferenas que houveram, se calhar, foi para pior!
30
Paula: Com a formao dos Departamentos Curriculares houve uma mudana nas
atitudes colaborativas dos professores? (H mais troca de experincias? Reflectem mais
em conjunto?) E nas prticas curriculares?
Professor: Se calhar comea a haver. Antigamente era s os grupos
disciplinares, agora com os departamentos curriculares a discusso passa por
vrias disciplinas. Nesse aspecto sim, a haver alguma discusso mais
diversificada, portanto, so professores de diferentes disciplinas, em algumas
actividades, geralmente discutem.
Paula: Os Departamentos Curriculares devem ter competncia para implementar e
desenvolver componentes curriculares da iniciativa da escola?
Professor: Penso que sim!
Paula: O Grupo Disciplinar a que pertence faz a programao no incio do ano lectivo? A
que nvel definida a planificao das unidades didcticas, nomeadamente os critrios
que esto na base da seleco e organizao de contedos?
Professor: Sim. feita a nvel de grupo disciplinar, a programao, critrios de
avaliao O professor tem autonomia para adaptar a unidade didctica sua
turma.
Paula: A programao contempla estratgias especficas para o desenvolvimento de
capacidades, atitudes, valores por parte dos alunos?
Professor: Na planificao propriamente dita no, mas nos critrios de
avaliao sim.
Paula: As instrues/orientaes metodolgicas do Ministrio da Educao so
fundamentais para a gesto do programa pelo Grupo Disciplinar?
Professor: So importantes.
Paula: Costumam introduzir contedos que no vm nos programas?
Professor: Temos feito adaptaes, no que no venham nos programas,
vm indicados nos programas nacionais como sendo dados em anos de
escolaridade mais tarde, mas tendo em conta o meio em que estamos
envolvidos temos introduzido mais cedo.
Paula: O que lhe parece que resulta de mais positivo na programao ao nvel de grupo?
Professor: Eu acho que o que traz de mais positivo dar a oportunidade de
todos os alunos que frequentam a escola terem acesso ao mesmo tipo de
contedos, o mais parecido possvel!
31
Paula: Os programas disciplinares actuais do Ministrio da Educao so flexveis
possibilitando uma adaptao ao contexto real de cada escola?
Professor: Sim, o que ns fizemos com duas actividades, como disse
anteriormente, vamos ao encontro do meio envolvente.
Paula: Parece-lhe absolutamente necessria a elaborao de um Projecto Curricular de
Escola? Que vantagens pode trazer?
Professor: O projecto curricular de escola talvez no seja fundamental. Tem
vantagens, mas no acho que seja assim uma coisa imprescindvel!
Paula: O Projecto Curricular de Escola deve ser da competncia exclusiva dos
professores?
Professor: !
Paula: Que importncia atribui construo do Projecto Curricular de Turma?
Professor: Esse um dos aspectos, que eu acho, que em teoria tambm para
j o projecto curricular de turma justifica-se. Para j, parece-me, que o que est
a ser conseguido ainda no vai ao encontro do que seria positivo no projecto
curricular de turma. A avaliao diagnostica que se pretende no incio do ano
ainda muito cedo, por exemplo em meados de Outubro ou incio de
Novembro, ns ainda no conhecemos aquela turma ou o que achamos
necessrio para aquela turma, a melhor forma de trabalhar Se calhar quando
conhecemos a turma acaba o ano lectivo e tem a ver com a rotatividade dos
professores e dos alunos, torna-se muito complicado fazer um verdadeiro
projecto de turma que tenha continuidade ao longo dos anos!
Paula: Quem deve participar na sua construo, gesto e avaliao? (diagnstico,
participao na previso de actividades e experincias educativas a realizar com os
alunos)
Professor: A forma como est a ser feito a forma ideal, portanto, o conselho
de turma, todos os professores da turma, o representante dos pais, o professor
do ensino especial que eventualmente faa o acompanhamento com o director
de turma.
Paula: O Projecto Curricular deve respeitar as finalidades e os objectivos dos programas
em vigor?
Professor: Deve ir ao encontro.
32
Paula: Considera a planificao do professor essencial para a sua prtica enquanto
docente?
Professor: Sim.
Paula: Que tipo de planificao utiliza, a nvel macro (anual), meso (unidades
temticas/perodo), micro (diria/semanal)?
Professor: Utilizo sempre por unidades didcticas. Quando as turmas so mais
complicadas ou porque tem menos apetncia ou porque tem apetncia a mais
(risos) a ento utilizo aula a aula.
Paula: Como planifica as suas actividades lectivas, utilizando um plano escrito onde
define objectivos especficos, contedos e consideraes metodolgicas a utilizar nas
aulas ou apenas mentalmente?
Professor: Geralmente, por unidade didctica tenho um plano escrito, o que
que eu julgo que aquela turma poder eventualmente atingir. Quando as
turmas so mais complicadas fao um plano mental de cada aula.
Paula: Enquanto instrumento pedaggico/didctico, qual a importncia que atribui
utilizao do manual na planificao e desenvolvimento do processo de
ensino/aprendizagem? E na realizao do processo de ensino/aprendizagem?
Professor: Utilizo como instrumento de consulta.
Paula: Que outros materiais utiliza na planificao das suas aulas? Quem os elabora?
Professor: No! Recorro muito a aces de formao que se fazem,
realmente onde se aprende coisas mais diferentes!
Paula: A sua planificao tem em considerao o nvel inicial de conhecimentos dos
alunos?
Professor: Geralmente comeo, quase sempre, da mesma maneira. S quando
as turmas so realmente fora de srie, tanto pela positiva como pela negativa,
ento a que fao adaptaes!
Paula: Considera que o professor deve alterar o seu plano de aula em funo do ritmo de
aprendizagem dos alunos?
Professor: Deve alter-lo, logicamente!
Paula: A planificao do professor deve ter apenas em considerao o programa oficial
do Ministrio da Educao ou deve ter liberdade para seguir as suas prprias
orientaes?
33
Professor: A planificao que o grupo faz vai muito ao encontro do Ministrio
da Educao. A meu ver parece-me o meu nvel de exigncia muito mais
baixo que o do programa. Por exemplo, o que o Ministrio da Educao
considera os objectivos mnimos para mim seriam de nvel avanado!
Paula: A planificao do professor deve contemplar actividades de diversificao
curricular?
Professor: Sim, sempre que possvel.
Paula: Relativamente avaliao da aprendizagem, quais so os modelos (tipos de
avaliao) que utiliza no processo de ensino/aprendizagem?
Professor: Utilizei a observao directa na aula especfica da avaliao.
Ultimamente, utilizo sempre a avaliao contnua. Em cada aula registo tudo o
que observei ou quase tudo o que observei ou o que consegui observar, nas
progresses pedaggicas que os alunos esto a desenvolver.
Paula: Considera que os professores tm uma autonomia expressiva na avaliao dos
alunos?
Professor: Sim.
Paula: Os professores tm condies para poderem praticar uma avaliao formativa?
(carcter contnuo e sistemtico, mais individualizado, visa a regulao do ensino e da
aprendizagem, utiliza uma maior variedade de instrumentos de recolha de informao)
Professor: Parece-me complicado. Faltam instrumentos de observao mais
fiveis.
Paula: Que outros aspectos privilegia na avaliao dos alunos para alm da avaliao
sumativa de conhecimentos?
Professor: Valorizo muito as atitudes e os valores.
Paula: Prev a participao dos alunos nesse processo? De que modo?
Professor: Sim, atravs da auto-avaliao no final do perodo.
Paula: Por ltimo, considera importante haver momentos de reflexo conjunta, ao nvel
do conselho de turma, para discusso e troca de experincias pedaggicas e
didcticas?
Professor: Sim, acho muito importante.
Paula: E ao nvel do grupo disciplinar ou, noutra dimenso (transversalidade de
conhecimento), ao nvel de departamento curricular?
34
Professor: Tambm. Isto muito mais difcil do que eu contava!
Paula: Muito obrigada pelo tempo que me dispensou e, sobretudo, por partilhar as suas
opinies.
35
Entrevista P3
Autonomia da Escola
Paula: A autonomia das escolas um dos aspectos fundamentais de uma nova
organizao da educao.
Na opinio do colega, como se pode manifestar a autonomia da escola?
Professor: Sei l! No fao ideia!
Paula: A sua escola tem autonomia?
Professor: assim, julgo que ela tem alguma autonomia, julgo que sim! Eu
estou-lhe a falar meramente ainda no ltimo pedaggico, pelo que me
apercebi, falou-se no desenho curricular e lembro-me que, pronto, o presidente
at nos pediu para que a gente pensa-se sobre o desenho curricular
propriamente do 9 ano. Portanto, porque tem autonomia!
Paula: Onde pensa terem surgido espaos de autonomia curricular? (prticas escolares
curriculares, administrao e gesto da escola, sector administrativo)
Professor: !
Paula: Concorda com a necessidade de se construir um Projecto Educativo na escola?
Professor: Bem, eu acho que sim. Se um projecto um documento e o
documento tem sempre utilidade. l que tem regras, leis, acho sempre
importante!
Paula: Na sua opinio o Projecto Educativo poder ser um documento que identifique a
escola?
Professor: Sim, sim.
Paula: Reconhece que h vantagens para os alunos, que o Projecto Educativo trouxe
benefcios para a escola?
Professor: Claro, claro!
Paula: Concorda com a existncia de um Regulamento Interno na escola?
Professor: Regulamento interno sim, tem que haver um regulamento.
Paula: Na sua opinio, este ajuda a construir a autonomia da escola? Mesmo seguindo
as orientaes do M.E. e estando sujeito aprovao da DREN? E se fosse decidido
apenas em funo dos interesses da escola?
Professor: no sei!
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Paula: A escola deveria poder decidir sobre os programas das disciplinas? Se assim
fosse no lhe parece que poderiam criar-se situaes de desigualdade entre alunos de
escolas diferentes?
Professor: No, no, acho que no!
Paula: Na sua opinio, os professores necessitam de uma margem maior de autonomia?
Professor: Acho que tem autonomia suficiente, por isso mesmo que deve
haver um programa e toda a gente deve seguir aquele programa. No
obrigatoriamente seguindo a mesma ordem, eu posso alterar, em vez de dar o
2 captulo a seguir ao 1, dou o 4 ou o 5 conforme eu achar que deva fazer.
Organizao e Gesto Curricular
Paula: Como sabe o conceito currculo abrange diversas perspectivas e alvo de muitos
significados. Enquanto professora, pode dizer-me o que entende por currculo?
Professor: (riso) No tenho opinio!
Paula: A que nvel julga dever ser concebido o currculo? (Nacional, Regional, Local)
Professor: !
Paula: Que vantagens trouxe a recente Reorganizao Curricular ao Ensino Bsico?
Professor: No sei!
Paula: Concorda com a definio de um currculo mnimo comum (conjunto de
disciplinas/reas curriculares comuns) para todos os alunos do Ensino Bsico, pelo
Ministrio da Educao?
Professor: Sim, concordo.
Paula: Na sua opinio, as escolas deveriam ter autonomia para introduzir
disciplinas/reas curriculares nos planos curriculares dos 2 e 3 ciclos do Ensino
Bsico?
Professor: Talvez as escolas pudessem introduzir algumas disciplinas,
disciplinas reas, no bem disciplinas, reas principalmente para aqueles
alunos que no fazem ou que no tm capacidades ou que no querem fazer
mesmo rigorosamente nada nas aulas acho que deveriam ter outras
ocupaes, alternativas
37
Paula: O conjunto de aprendizagens e competncias bsicas (conhecimentos,
capacidades, atitudes, valores) a serem desenvolvidas pelos alunos ao longo do Ensino
Bsico devem ser definidas pelo Ministrio da Educao?
Professor: Se calhar a escola, porque conhece melhor os alunos!
Paula: As escolas devem ter autonomia para organizar os tempos lectivos dos planos
curriculares?
Professor: Sim.
Paula: Em termos curriculares (projecto curricular, gesto curricular, definio de
competncias), que estruturas da escola devem ter maiores competncias?
Professor: Se tiver de ser algum que seja o pedaggico, o rgo mximo da
escola!
Paula: Considera que a gesto curricular flexvel (ao nvel da articulao e
contextualizao dos saberes) uma condio essencial para a construo da
autonomia curricular dos professores?
Professor: Claro!
Paula: Na sua opinio, esta nova gesto curricular traz vantagens para os alunos?
Permite melhorar/diversificar as aprendizagens dos alunos?
Professor: Sim, sim, acho que sim.
Paula: Considera que os professores devem ser agentes diferenciadores/gestores do
currculo na escola?
Professor: Sim.
Paula: Esta nova gesto curricular flexvel leva a uma mudana nas
prticas curriculares dos professores?
Professor: Houve uma mudana, claro!
Paula: Quer concretizar?
Professor: No.
Paula: Que estruturas da escola devem ter maiores competncias para organizar o
projecto curricular de escola?
Professor: Eu penso que deve ser o pedaggico, acho eu!
38
Prticas Curriculares
Paula: Considera que com os Departamentos Curriculares se conseguiu uma
coordenao curricular entre os Grupos Disciplinares afins ou no surgiram mudanas
significativas em relao ao que se passava ao nvel de Grupo?
Professor: Eu acho eu no notei nada (riso)!
Paula: Com a formao dos Departamentos Curriculares houve uma mudana nas
atitudes colaborativas dos professores? (H mais troca de experincias? Reflectem mais
em conjunto?) E nas prticas curriculares?
Professor: Igual, absolutamente (riso)!
Paula: Os Departamentos Curriculares devem ter competncia para implementar e
desenvolver componentes curriculares da iniciativa da escola?
Professor: Sim, se tiverem vontade acho que sim (riso)!
Paula: O Grupo Disciplinar a que pertence faz a programao no incio do ano lectivo? A
que nvel definida a planificao das unidades didcticas, nomeadamente os critrios
que esto na base da seleco e organizao de contedos?
Professor: Sim, fazemos. A planificao anual feita a nvel de grupo.
Paula: A programao contempla estratgias especficas para o desenvolvimento de
capacidades, atitudes, valores por parte dos alunos?
Professor: Isso fica ao critrio do professor, fica ao critrio de cada um.
Paula: As instrues/orientaes metodolgicas do Ministrio da Educao so
fundamentais para a gesto do programa pelo Grupo Disciplinar?
Professor: Se manda a gente tem que obedecer, no ?
Paula: Costumam introduzir contedos que no vm nos programas?
Professor: Se for preciso e se vier ao caso, sim!
Paula: O que lhe parece que resulta de mais positivo na programao ao nvel de grupo?
Professor: Ao nvel de grupo, pronto, uma questo de se cumprir aquilo a que
nos sujeitamos e cumpre toda a gente. Andamos todos mais ou menos a par e
toda a gente d os mesmos conceitos. De um modo geral, claro!
Paula: Os programas disciplinares actuais do Ministrio da Educao so flexveis
possibilitando uma adaptao ao contexto real de cada escola?
Professor: So para ser cumpridos como vem.
39
Paula: Parece-lhe absolutamente necessria a elaborao de um Projecto Curricular de
Escola? Que vantagens pode trazer?
Professor: assim, eu no sei se traz vantagens, no noto!
Paula: Que importncia atribui construo do Projecto Curricular de Turma?
Professor: O projecto curricular de turma diferente. importante porque
atravs dele que ns conhecemos os problemas reais da turma se h casos de
doenas, quais so as actividades que eles fazem fora da escola, portanto,
permite um melhor conhecimento dos alunos, sem dvida!
Paula: Quem deve participar na sua construo, gesto e avaliao? (diagnstico,
participao na previso de actividades e experincias educativas a realizar com os
alunos)
Professor: O director de turma com a ajuda de todos os professores.
Paula: Os pais, os alunos, outros intervenientes, no lhe parece importante a sua
participao?
Professor: No, no me parece importante. S os professores.
Paula: O Projecto Curricular deve respeitar as finalidades e os objectivos dos programas
em vigor?
Professor: Claro.
Paula: Considera a planificao do professor essencial para a sua prtica enquanto
docente?
Professor: Claro.
Paula: Que tipo de planificao utiliza, a nvel macro (anual), meso (unidades
temticas/perodo), micro (diria/semanal)?
Professor: Todas, incluindo a diria, que a que uso mais. As outras fazem-se
no incio do ano, mas semanalmente eu fao uma diria para aquilo que vou
dar durante a semana.
Paula: Como planifica as suas actividades lectivas, utilizando um plano escrito onde
define objectivos especficos, contedos e consideraes metodolgicas a utilizar nas
aulas ou apenas mentalmente?
Professor: No, no, mentalmente.
Paula: Enquanto instrumento pedaggico/didctico, qual a importncia que atribui
utilizao do manual na planificao e desenvolvimento do processo de
ensino/aprendizagem? E na realizao do processo de ensino/aprendizagem?
40
Professor: Fundamental, fundamental.
Paula: Que outros materiais utiliza na planificao das suas aulas? Quem os elabora?
Professor: No, basicamente o manual.
Paula: A sua planificao tem em considerao o nvel inicial de conhecimentos dos
alunos?
Professor: assim, tento cumprir com o programa, mas claro que se tenho
uma aula com seis ou sete alunos que no me acompanham s tantas sou
capaz de numa aula de formao cvica, por exemplo, enquanto os outros
fazem um trabalho qualquer eu sou capaz de estar com eles a dar-lhes as
primeiras bases, claro!
Paula: Considera que o professor deve alterar o seu plano de aula em funo do ritmo de
aprendizagem dos alunos?
Professor: No, deve alterar sempre e de turma para turma. Altera-se sempre,
nunca se d a mesma coisa da mesma maneira.
Paula: A planificao do professor deve ter apenas em considerao o programa oficial
do Ministrio da Educao ou deve ter liberdade para seguir as suas prprias
orientaes?
Professor: Eu acho que deve ter liberdade, se no, Deus me livre!
Paula: A planificao do professor deve contemplar actividades de diversificao
curricular?
Professor: Sim, claro.
Paula: Relativamente avaliao da aprendizagem, quais so os modelos (tipos de
avaliao) que utiliza no processo de ensino/aprendizagem?
Professor: Utilizo a contnua, basicamente para classificar o aluno!
Paula: Considera que os professores tm uma autonomia expressiva na avaliao dos
alunos?
Professor: Sim.
Paula: Os professores tm condies para poderem praticar uma avaliao formativa?
(carcter contnuo e sistemtico, mais individualizado, visa a regulao do ensino e da
aprendizagem, utiliza uma maior variedade de instrumentos de recolha de informao)
Professor: Formativa? No estou a perceber bem, mas a gente aqui est
sempre, todos os dias faz uma avaliao formativa, mentalmente, no registo
nada! Deus me livre de andar sempre a tomar notas!
41
Paula: Que outros aspectos privilegia na avaliao dos alunos para alm da avaliao
sumativa de conhecimentos?
Professor: H as atitudes. Eu sou capaz de dar positiva a um aluno que se
esforce, mas vejo que ele no consegue, mas no entanto humilde,
educado, sabe estar na sala de aula e precisa da minha nota para passar e eu
no ponho obstculo nenhum em dar-lhe positiva.
Paula: Prev a participao dos alunos nesse processo? De que modo?
Professor: Sempre e digo-lhes porque que vou dar determinada nota.
Paula: Por ltimo, considera importante haver momentos de reflexo conjunta, ao nvel
do conselho de turma, para discusso e troca de experincias pedaggicas e
didcticas?
Professor: Acho que sim!
Paula: E ao nvel do grupo disciplinar ou, noutra dimenso (transversalidade de
conhecimento), ao nvel de departamento curricular?
Professor: Tambm. J habitual fazermos isso, mais ao nvel de grupo.
Paula: Muito obrigada pelo tempo que me dispensou e, sobretudo, por partilhar as suas
opinies.
42
Entrevista P4
Autonomia da Escola
Paula: A autonomia das escolas um dos aspectos fundamentais de uma nova
organizao da educao.
Na opinio do colega, como se pode manifestar a autonomia da escola?
Professor: Escola autnoma seria aquela que pudesse sugerir, o seu percurso,
o seu futuro ou pudesse fazer adaptaes relativamente aos alunos e aos
currculos!
Paula: A sua escola tem autonomia?
Professor: Alguma tem. Alguma autonomia tem, a nvel de gerir os
departamentos e os prprios grupos. Relativamente a outros aspectos, acho
que no, que essa autonomia ainda no nos foi dada. muito proclamada a
autonomia nas escolas, mas na realidade somos confrontados que ela nos
cortada quando muitas vezes precisaramos dela!
Paula: Onde pensa terem surgido espaos de autonomia curricular? (prticas escolares
curriculares, administrao e gesto da escola, sector administrativo)
Professor: Cada grupo autnomo, pode gerir o seu programa, fazer ou propor
alteraes, sempre de acordo com os outros grupos que pertencem ao
departamento.
Paula: Concorda com a necessidade de se construir um Projecto Educativo na escola?
Professor: A escola j tem h uns anos projecto educativo. importante, so
bases que tm de ser seguidas, nas quais temos que nos apoiar, ratificado
sempre que necessrio, todos os anos.
Paula: Reconhece que h vantagens para os alunos, que o Projecto Educativo trouxe
benefcios para a escola?
Professor: Para a escola em si trouxe, para ns professores tambm. Os
alunos muitas vezes esquecem-se que h um projecto educativo nas escolas e
que tm direitos e deveres, e que tm de cumprir determinadas normas.
Paula: O Projecto Educativo, de algum modo, mudou alguma coisa na escola?
Professor: Eu no notei, assim, uma alterao muito grande a no ser ter
ficado uma base legal no papel, portanto, no o falarmos, o passar no
43
conselho pedaggico apenas, mas sim uma base escrita de fundamento para
resolver determinados problemas que possam surgir na escola.
Paula: Concorda com a existncia de um Regulamento Interno na escola? Na sua
opinio, este ajuda a construir a autonomia da escola?
Professor: Ajuda em determinadas decises, noutras relativo!
Paula: A construo do Regulamento Interno segue as orientaes do M.E. e est sujeito
aprovao da DREN. Se fosse sido decidido apenas em funo dos interesses da
escola parece-lhe que daria uma maior autonomia escola?
Professor: Se calhar sim, porque ns estamos um pouco limitados
relativamente a isso. Da que ns apelamos muitas vezes autonomia das
escolas, mas -nos barrada essa autonomia com as ordens que vm
precisamente da DREN ou de rgos superiores!
Paula: A escola deveria poder decidir sobre os programas das disciplinas?
Professor: Sim! Podemos fazer as adaptaes ao que vamos leccionar; ns
podemos transpor unidades! Mas temos o problema dos manuais. Ningum se
preocupa muito se a matria difcil, se o programa grande, se est a
contemplar aquilo que poderia ou deveria, de modo a dar uma certa
continuidade!
Paula: Se as escolas pudessem decidir sobre os programas das disciplinas, no lhe
parece que poderiam criar-se situaes de desigualdade entre alunos de escolas
diferentes?
Professor: Se calhar teria que haver uma base tambm comum, no ? Vamos
supor, havendo exames tem que haver um programa comum para todos. Teria
que haver sempre uma linha de orientao em que aqueles contedos fossem
ensinados, fossem desenvolvidas aquelas competncias at aos anos finais de
cada ciclo.
Paula: Na sua opinio, os professores necessitam de uma margem maior de autonomia?
Professor: Eu acho que o professor neste momento devia ter mais autonomia.
Organizao e Gesto Curricular
Paula: Como sabe o conceito currculo abrange diversas perspectivas e alvo de muitos
significados. Enquanto professora, pode dizer-me o que entende por currculo?
44
Professor: O currculo o percurso a seguir virado para a realidade que temos!
Paula: A que nvel julga dever ser concebido o currculo? (Nacional, Regional, Local)
Professor: Para bem seria uma interveno de todos, numa questo de lgica
que depois vai conduzir a um determinado tipo de situao em que teria que
haver uma uniformidade, no ? Mas j no era muito mau se o currculo
fosse, portanto, a nvel das necessidades de cada escola. Umas tero mais
necessidades que outras!
Paula: Que vantagens trouxe a recente Reorganizao Curricular ao Ensino Bsico?
Professor: Creio que a reorganizao curricular em termos de horrio no teria
sido a melhor opo porque foi reduzido o tempo e se calhar capaz de se
tornar mais difcil de gerir, na medida em que, por exemplo, os alunos estariam
mais vezes durante a semana com o professor do que aquelas que passam a
estar. Eu, por exemplo, j tive dois blocos em que um no incio da semana e
outro no fim da semana. O aluno do incio da semana ao fim da semana
perde o contacto com o professor. Numa disciplina como a minha h um
bocadinho de desperdcio de tempo. Para os alunos, noventa minutos torna-se
um bocadinho mais massacrante, temos que gerir de outra maneira, estava
estruturado de uma determinada maneira e agora tem de ser doutra. Acho que
conseguia transmitir mais conhecimentos porque sempre que o professor falta,
est a ver, falta logo a dois blocos!
Paula: Concorda com a definio de um currculo mnimo comum (conjunto de
disciplinas/reas curriculares comuns) para todos os alunos do Ensino Bsico, pelo
Ministrio da Educao?
Professor: Se calhar era bom!
Paula: Na sua opinio, as escolas deveriam ter autonomia para introduzir
disciplinas/reas curriculares nos planos curriculares dos 2 e 3 ciclos do Ensino
Bsico?
Professor: Eu no sei at que ponto depois isso poderia trazer diferenas. O
currculo comum por um lado um currculo comum com continuidade, ns
agora que estamos em agrupamento essa continuidade acabava por nos
transmitir determinadas situaes sobre o aluno. Com o currculo diferente, no
sei at que ponto poderia trazer divergncias entre escolas!
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Paula: O conjunto de aprendizagens e competncias bsicas (conhecimentos,
capacidades, atitudes, valores) a serem desenvolvidas pelos alunos ao longo do Ensino
Bsico devem ser definidas pelo Ministrio da Educao?
Professor: Eu acho que sim! Concordo.
Paula: As escolas devem ter autonomia para organizar os tempos lectivos dos planos
curriculares?
Professor: Sim.
Paula: Em termos curriculares (projecto curricular, gesto curricular, definio de
competncias), que estruturas da escola devem ter maiores competncias?
Professor: Entre grupos se calhar funcionar melhor. Agora, o departamento
em si dever ter a preocupao de ver os contedos programticos que
podero transitar, ou ser mais abordados ou menos, ou faro mais ou menos
falta de acordo com Eu muitas vezes ouo as colegas dizer que as coisas se
encontram um bocadinho, pronto, desfasadas porque h coisas que elas
deviam dar antes e que s se do depois e h outras que se falam e nunca
mais se vo falar e h outras que falam primeiro e deveriam falar depois, isto
aquilo que eu ouo e certamente, por isso que eu digo que o grupo estar
sempre mais informado sobre isso.
Paula: Considera que a gesto curricular flexvel (ao nvel da articulao e
contextualizao dos saberes) uma condio essencial para a construo da
autonomia curricular dos professores?
Professor: Sim.
Paula: Na sua opinio, esta nova gesto curricular traz vantagens para os alunos?
Permite melhorar/diversificar as aprendizagens dos alunos?
Professor: Eu acho que sim!
Paula: Considera que os professores devem ser agentes diferenciadores/gestores do
currculo na escola? A que nvel devem faz-lo? (programas, actividades educativas,
avaliao, orientao e acompanhamento dos alunos) Os professores devem ter uma
participao activa na gesto do currculo?
Professor: Sim. Eu acho que devem ser ouvidos e intervir nessas reas!
Paula: Esta nova gesto curricular flexvel leva a uma mudana nas prticas curriculares
dos professores? Pode concretizar?
Professor: Sim, leva!
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Paula: Que estruturas da escola devem ter maiores competncias para organizar o
projecto curricular de escola?
Professor: Aqui na escola, por exemplo, h um rgo prprio. Um coordenador
de projectos que elabora o projecto de acordo com as sugestes de toda a
comunidade escolar. Cada um emite os seus pareceres grupos ou
departamentos afim de se proceder s devidas alteraes do anterior.
Prticas Curriculares
Paula: Considera que com os Departamentos Curriculares se conseguiu uma
coordenao curricular entre os Grupos Disciplinares afins ou no surgiram mudanas
significativas em relao ao que se passava ao nvel de Grupo?
Professor: No vejo que tenha havido uma mudana, assim, to significativa.
Mais ou menos funcionam como funcionavam. Pode haver grupos que reuniam
isolados e agora renem com o departamento, s mesmo uma questo de
gesto de programas, de planificao; se os programas so extensos poder
uma parte que fica para o ano seguinte. Houve uma parte dos contedos que
retiramos porque no stimo ano eram repetidos.
Paula: Com a formao dos Departamentos Curriculares houve uma mudana nas
atitudes colaborativas dos professores? (H mais troca de experincias? Reflectem mais
em conjunto?) E nas prticas curriculares?
Professor: Nesse aspecto acho que sim. Houve toda uma readaptao com a
prpria mudana do ensino, teve que haver mesmo, forosamente!
Paula: Os Departamentos Curriculares devem ter competncia para implementar e
desenvolver componentes curriculares da iniciativa da escola?
Professor: Eu acho que sim!
Paula: O Grupo Disciplinar a que pertence faz a programao no incio do ano lectivo? A
que nvel definida a planificao das unidades didcticas, nomeadamente os critrios
que esto na base da seleco e organizao de contedos?
Professor: No incio do ano lectivo, a anual. Depois fazemos planificao a
mdio prazo por unidades temticas, desenvolvimento de capacidades para o
primeiro, segundo e terceiro perodo. feita pelo grupo.
Paula: A programao contempla estratgias especficas para o desenvolvimento de
capacidades, atitudes, valores por parte dos alunos?
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Professor: Atendendo s capacidades, s atitudes e os valores, nesse
sentido que feita toda a avaliao!
Paula: As instrues/orientaes metodolgicas do Ministrio da Educao so
fundamentais para a gesto do programa pelo Grupo Disciplinar?
Professor: No. So tidas em conta, mas depois tm que ser adaptadas s
situaes reais!
Paula: Costumam introduzir contedos que no vm nos programas?
Professor: Depende. H turmas de maior rendimento que a pessoa pode
transmitir mais algum conhecimento, h outras que no, at na prpria turma
de uns alunos para os outros!
Paula: O que lhe parece que resulta de mais positivo na programao ao nvel de grupo?
Professor: Eu acho que sendo uma programao ao nvel de grupo, no fundo,
todos os alunos esto em p de igualdade para as competncias que se
definirem.
Paula: Os programas disciplinares actuais do Ministrio da Educao so flexveis
possibilitando uma adaptao ao contexto real de cada escola?
Professor: Permitem alguma adaptao ao tipo de alunos da turma que temos.
Portanto, permitem alguma flexibilidade.
Paula: Parece-lhe absolutamente necessria a elaborao de um Projecto Curricular de
Escola? Que vantagens pode trazer?
Professor: Eu acho que sim! D-nos um fio condutor!
Paula: O Projecto Curricular de Escola deve ser da competncia exclusiva dos
professores?
Professor: Eu acho que dos professores e de toda a comunidade escolar.
Paula: Que importncia atribui construo do Projecto Curricular de Turma?
Professor: O projecto curricular de turma, portanto, leva, de facto, a um
desenvolvimento dos alunos a outros nveis permite-lhes adquirir outras
competncias, logo no quinto ano, portanto, eles tem outra viso e outra
maneira de ver e amanh poder tratar outros temas, pesquisar ou desenvolver
outras actividades. Tm que ir bem preparados para isso. O projecto curricular
de turma abrange vrias aulas, vrias reas. So mesmo preparados para
desenvolver esses temas e vir a tirar algum proveito disso.
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Paula: Quem deve participar na sua construo, gesto e avaliao? (diagnstico,
participao na previso de actividades e experincias educativas a realizar com os
alunos)
Professor: Para mim todos os professores que fazem parte do conselho de
turma. Os alunos tambm tm a sua palavra, so sempre eles os primeiros a
dizer aquilo que pensam. Aos pais -lhes dado a conhecer todo o trabalho dos
alunos e tudo aquilo que eles fizeram.
Paula: O Projecto Curricular deve respeitar as finalidades e os objectivos dos programas
em vigor?
Professor: Pode no respeitar. Quer dizer, podem ter temticas diferentes,
tendo em considerao os interesses dos alunos, alis ns damos vrias reas
em que, podemos proporcionar, sobretudo aos alunos do quinto ano, vrios
temas e eles depois podem escolher dentro aquilo que querem tratar. Tenho
que dar uma certa orientao, eles so pequeninos
Paula: Considera a planificao do professor essencial para a sua prtica enquanto
docente?
Professor: Sim.
Paula: Que tipo de planificao utiliza, a nvel macro (anual), meso (unidades
temticas/perodo), micro (diria/semanal)?
Professor: Por unidade. A experincia vai dando mais ou menos ns o que j
temos concretizado para um determinado ponto. Se chegamos l, chegamos,
se no chegamos, pacincia. Porque a turma no deixou, porque houve
alguma coisa que no correu tambm, porque a turma no deu rendimento. Eu
geralmente por unidade temtica sei mais ou menos o programa e quanto
tempo devo gerir aquela unidade e, portanto, depois avaliar, no !
Paula: Como planifica as suas actividades lectivas, utilizando um plano escrito onde
define objectivos especficos, contedos e consideraes metodolgicas a utilizar nas
aulas ou apenas mentalmente?
Professor: Neste momento eu j fao mentalmente.
Paula: Enquanto instrumento pedaggico/didctico, qual a importncia que atribui
utilizao do manual na planificao e desenvolvimento do processo de
ensino/aprendizagem? E na realizao do processo de ensino/aprendizagem?
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Professor: Na realizao eu acho que o manual fundamental. fundamental
por uma questo que eles tm que ter uma base de apoio para as coisas e hoje
h manuais muitssimo bem feitos, com visualizaes de imagens, com
sugestes que eles muitas vezes, por muito que se fale, parece que um
bocado irreal, mas olhando e constatando, acho que o manual deve
permanecer na aula.
Paula: Que outros materiais utiliza na planificao das suas aulas? Quem os elabora?
Professor: Basicamente no utilizo outros porque os manuais trazem,
sobretudo na minha disciplina, uma quantidade grande de actividades que j
preciso gerir muito bem para conseguirmos fazer!
Paula: A sua planificao tem em considerao o nvel inicial de conhecimentos dos
alunos?
Professor: Tem que ter mesmo!
Paula: Considera que o professor deve alterar o seu plano de aula em funo do ritmo de
aprendizagem dos alunos?
Professor: Claro. Quantas vezes eu penso dar uma coisa e no dou, at
porque eles intervm, suscitam outras questes, uma pessoa depois acaba por
falar sobre elas e, portanto, no estamos ali s a seguir o manual!
Paula: A planificao do professor deve ter apenas em considerao o programa oficial
do Ministrio da Educao ou deve ter liberdade para seguir as suas prprias
orientaes?
Professor: Deve ter liberdade de orientar!
Paula: A planificao do professor deve contemplar actividades de diversificao
curricular?
Professor: Sim, acho que sim!
Paula: Relativamente avaliao da aprendizagem, quais so os modelos (tipos de
avaliao) que utiliza no processo de ensino/aprendizagem?
Professor: Utilizamos no processo de avaliao a formativa, a sumativa,
atendendo sempre aos nveis cognitivo, atitudes e valores. Dentro disso eu
atendo muito a essas situaes e fao sempre uma avaliao ao longo do ano,
progresso do aluno desde que entrou at ao final do seu percurso, portanto,
de ano a ano. Eu geralmente s dou no segundo ciclo, costumo t-los no quinto
e depois no sexto. No quinto ano eu comeo com uma apreciao dentro do
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que eles trazem, que podem ter dado ou no ter dado, que pode ter sido
abordado mais ou menos, ao tipo de vocabulrio usado que pode ser diferente
do primeiro ciclo para o segundo H uma readaptao muito grande do aluno
quando passa do primeiro ciclo para o segundo. Depois disso eu fao sempre a
avaliao ao longo do ano e quilo que o aluno progrediu, portanto, s
capacidades do que ele foi capaz de ir adquirindo.
Paula: Considera que os professores tm uma autonomia expressiva na avaliao dos
alunos?
Professor: Bem, constrange-me A autonomia de classificar, de avaliar o
aluno, ns temos, somos senhores de avaliar o aluno. Eu tenho essa liberdade,
mas muitas vezes estou condicionada porque dentro da escola que temos, dos
alunos que frequentam a escola, h aqueles alunos que muitas vezes temos
que ter uma certa condescendncia porque eles no so capazes Portanto,
eu tenho que fazer uma diferenciao entre esses alunos. No me sinto muito,
na minha maneira de pensar, acho que ele deve atingir aquelas competncias
que lhe esto destinadas, mas com uma progresso lenta. Tambm no de
desprezar isso, porque muitas vezes o aluno pode progredir lentamente este
ano e no ano a seguir at pode progredir muito mais, ter desenvolvido muito
mais o seu nvel intelectual e, portanto, ter ganho gosto de outra maneira ou
at ter ficado mais aliciado para a escola, portanto, reage de uma maneira
diferente. Eu costumo ser um bocadinho criteriosa na avaliao relativamente a
isso!
Paula: Os professores tm condies para poderem praticar uma avaliao formativa?
(carcter contnuo e sistemtico, mais individualizado, visa a regulao do ensino e da
aprendizagem, utiliza uma maior variedade de instrumentos de recolha de informao)
Professor: Ns temos muitos alunos neste momento nas salas de aula difcil,
de facto, coordenar uma avaliao dos alunos mais aprofundada. Dentro do
possvel, vamos atendendo no dia a dia quilo que corresponde e quilo que
pedimos. As condies no so as ideais, quer dizer, turmas mais pequenas se
calhar era muito melhor!
Paula: Que outros aspectos privilegia na avaliao dos alunos para alm da avaliao
sumativa de conhecimentos?
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Professor: As capacidades do aluno, por exemplo. Depois as atitudes dele,
pode ter atitudes que poderia ser bom aluno, mas no porque no quer, no
vamos, como que hei-de dizer, no vamos analisar o aluno na totalidade,
mas vamos faz-lo sentir que ele poderia ser melhor. E, portanto, o percurso
que ele fez, porque acho que o aluno que comeou muito bem e depois
perde interesse, portanto, o aluno que est a perder o interesse pela escola
ou que no quer, muitas vezes rejeita, e h aquele aluno que incentivado no
dia a dia e que se insiste e que ele consegue. Eu sinto-me muito feliz quando
isso acontece!
Paula: Prev a participao dos alunos nesse processo? De que modo?
Professor: Sim, discutido, sobretudo, a avaliao final entre eles e, de uma
maneira geral, eles autoavaliam-se muito bem.
Paula: Por ltimo, considera importante haver momentos de reflexo conjunta, ao nvel
do conselho de turma, para discusso e troca de experincias pedaggicas e
didcticas?
Professor: Sim.
Paula: E ao nvel do grupo disciplinar ou, noutra dimenso (transversalidade de
conhecimento), ao nvel de departamento curricular?
Professor: Tem mesmo que haver. Neste momento tem mesmo que haver essa
troca de impresses.
Paula: Muito obrigada pelo tempo que me dispensou e, sobretudo, por partilhar as suas
opinies.
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Entrevista P5
Autonomia da Escola
Paula: A autonomia das escolas um dos aspectos fundamentais de uma nova
organizao da educao.
Na opinio do colega, como se pode manifestar a autonomia da escola?
Professor: A autonomia da escola pode manifestar-se atravs do Projecto
Educativo de Escola e do Projecto Curricular de Escola que devem ser
elaborados de acordo com a zona em que a escola est inserida, com o meio
scio econmico, que, no caso da minha mdio-baixo.
Paula: A sua escola tem autonomia?
Professor: Sim, embora no em todos os aspectos. Acho, inclusivamente que
nem toda a autonomia interessa escola.
Paula: Quer concretizar algum aspecto em particular?
Professor: Por exemplo, no que diz respeito ao desenho curricular, a minha
escola contemplou uma das disciplinas que lecciono apenas com um bloco e
meio, o que considero muito pouco, tendo em conte que o Programa Nacional
no sofreu qualquer alterao. impossvel ensinar os mesmos contedos em
menos tempo. Infelizmente os encarregados de educao podem ter razo ao
pretenderem matricular os seus educandos na escola A e no na escola B, pois
a primeira decidiu investir na disciplina X uma maior carga lectiva.
Paula: Neste caso vou avanar um bocadinho na entrevista e depois recuo. A escola
deveria poder decidir sobre os programas das disciplinas?
Professor: Acho que deve haver um tronco comum e a partir da, as escolas
poderiam decidir sobre o que consideram mais importante para os seus alunos,
mas com muito, muito cuidado! Com este tipo de liberdade corre-se o risco de
criarem situaes de desigualdade, de injustia perante os alunos. Por
exemplo, pensemos nas provas aferidas, globais, exames se as provas so
el