Post on 11-Feb-2019
OAC
IDENTIFICAÇÃO
AUTOR: Silvana Teresinha Marquetti Corrêa
PROF. ORIENTADOR: Wilson Taveira
ESTABELECIMENTO: Col. Est. Pres. Caetano Munhoz da Rocha
ENSINO: 1º e 2º grau
DISCIPLINA: Língua Estrangeira
CONTEÚDO ESTRUTURANTE: Discurso
CONTEÚDO ESPECÍFICO: Race/Ethnicity (temática transversal pluralidade
cultural).
1 – RECURSO DE EXPRESSÃO
Chamada para a problematização: A educação exige os maiores cuidados, porque influi sobre toda a vida.Séneca
Texto:
A escola figura como um dos espaços mais importantes, quando se trata
da construção de identidades, pois é na escola longe do contexto familiar que a
criança observa os modos diferentes de ser e de ver o mundo.
O espaço escolar é que vai propiciar o acesso aos mais diferentes
discursos, discursos que envolvem seus participantes na construção de
significados, constituindo formas de agir no mundo. As diversas formas de agir
devem passar pelo respeito a construção histórica de cada individuo,
considerando cada um como um ser social, passível de direitos e deveres
igualando-se aos seus interlocutores, independente de sua classe social ou
características físicas.
Este OAC pretende chamar a atenção para questões envolvendo a
diversidade étnica e racial e a problemática nela inserida, como o preconceito e
a construção de identidades, pautadas sobre valores sociais nos quais as
pessoas são julgadas em muitas situações, primeiro pela cor e depois pelo seu
potencial intelectual.
As reflexões serão feitas elegendo o discurso como agente de interação
e transformação, pois segundo Bakhtin (1981, p. 12), “uma palavra é dirigida a
um interlocutor: ela é função deste interlocutor”. Sendo assim é na interação
com o outro que construímos os significados e a nossa própria identidade
social.
Desta forma o discurso em Língua Estrangeira tem um papel pleno de
significados quando promove situações, nas quais os indivíduos podem agir no
mundo, intermediados pela linguagem, permitindo como diz Paulo Freire (1996,
p.41),”Assumir-se como ser social e histórico, como ser pensante,
comunicante,transformador, criador, realizador de sonhos...”
Portanto a Língua Estrangeira, bem como as outras disciplinas escolares
não podem se eximir da responsabilidade de contribuir para que os indivíduos
interajam e construam conceitos positivos, a respeito das diferentes etnias que
constituem o povo brasileiro.
Referências :
BAKHTIN, MIKHAIL. Marxismo e Filosofia da Linguagem. São
Paulo:Hucitec, 1981.
FREIRE, PAULO. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
MOITA LOPES,LUIZ PAULO da. Identidades Fragmentadas. Campinas, SP:
Mercado das Letras, 2002.
2 – RECURSO DE INVESTIGAÇÃO
Título: Dia 21 de março – Dia Internacional contra a Descriminação Racial.
No dia 21 de março de 1960, na cidade de Joanesburgo, capital da
África do Sul, 20 mil negros protestavam contra a lei do passe que os obrigava
a portar cartões de identificação, especificando os locais por onde eles podiam
circular.
No bairro de Shaperville, os manifestantes se depararam com tropas do
exercito. Mesmo sendo uma manifestação pacífica, o exercito atirou sobre a
multidão, matando 69 pessoas e ferindo outras 186. Esta ação ficou conhecida
como o Massacre de Shaperville. Em memória à tragédia, a ONU –
Organização das Nações Unidas instituiu 21 de março como o Dia
Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial.
Diante do exposto acima podemos constatar como o preconceito gerado
pela ignorância, de certos grupos sociais contra outros, envolvendo questões
étnico-raciais pode gerar toda sorte de violência contra o grupo que é
discriminado, discriminação esta que atinge negros de várias partes do mundo,
incluindo o Brasil.
É preciso que se efetivem reparações urgentes com relação ao
preconceito que se instaurou contra a população negra desde a sua chegada
as nossas terras, e essas reparações passam pela escola, que tem agora
diante da lei 10.639/2003 que efetivar estratégias pedagógicas que vão de
encontro a valorização da diversidade do povo brasileiro, a fim de superar a
desigualdade étnico - racial.
De acordo com a problemática atual de se aplicar a lei e o compromisso
que os professores de língua estrangeira moderna podem assumir de contribuir
no processo de formação de cidadãos conscientes, que valorizem sua
identidade e sintam-se comprometidos com a diminuição das desigualdades
sociais , proponho as seguintes investigações.
- Pesquisar a lei 7.716, que define os crimes de preconceito racial, e
discutir sobre sua aplicação na prática.
-Pesquisar com os alunos casos de pessoas da comunidade que
sofreram preconceito racial e que tiveram interferência jurídica e como o caso
foi resolvido.
Fonte:
http://www2.portoalegre.rs.gov.br/pwdtcomemorativas/default.php?
reg=3&p_secao=59
2.2 PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
Título: Um passado sempre presente.
Texto:
É extremamente importante estabelecer relações entre as várias áreas
de conhecimento,quando se está tratando de um tema como este, pois
possibilita uma visão mais homogênea dos fatos que constituem a trajetória do
povo brasileiro.
Algumas sugestões podem ser feitas para o desenvolvimento de
atividades e estudos envolvendo raça/etnia nas disciplinas de:
História: Em história pode ser desenvolvido um estudo envolvendo
gravuras, lançando um olhar critico sobre os acontecimentos retratados por
artistas, explorando quais seriam as intenções do mesmo ao fazer seu
trabalho, como por exemplo:Johann Moritz Rugendas (1802-1858) que
registrou em suas telas a saga dos escravos no Brasil .
Ciências: Em ciências podem ser estudadas e exploradas as antigas
idéias de raça (classificação por fenótipos) que deram origem a acontecimentos
sociais que deixaram marcas de dor e sofrimentos que jamais serão
esquecidos, como por exemplo o nazismo e o apartheid que defendiam a
existência de raças superiores.
Português: Nessa disciplina podem ser trabalhados com poemas e
poesias de autores brasileiros que retrataram o negro e sua trajetória, esses
poemas e poesias podem ser um material interessante para incentivar o debate
e a produção de textos sobre o tema.
Geografia: Em geografia, uma questão que pode ser explorada é a do
preconceito contra o migrante (principalmente o que vem do nordeste para as
regiões do Sul e Sudeste), muitas vezes são acusados de colaborar com o
aumento da miséria e violência. A obra de João Cabral de Melo Neto ( Morte e
Vida Severina) pode ser uma bela maneira de explorar o tema e incentivar as
pesquisas e o debate,sobre os motivos que levam as pessoas a migrar e o
preconceito que sofrem que não é apenas de cor, mas também por
pertencerem a uma classe social de baixo poder aquisitivo.
Matemática:Essa disciplina pode explorar os indicadores sociais sobre a
população negra, como taxa de desemprego, mortalidade, total de habitantes
no pais, e ainda pode ajudar a organizar dados de pesquisas que podem ser
feitas na comunidade sobre o preconceito racial.
Artes:Atividades envolvendo músicas como o samba, como foi no inicio,
que instrumentos eram usados, fazendo um comparativo com a
atualidade,observando inclusive as variáveis que surgiram a partir do samba
como por exemplo: Samba de Pagode ( reunidos em roda, o solista canta
estrofes improvisadas e os outros repetem o refrão.), Samba-exaltação
(produzido por encomenda para o desfile de carnaval), etc.
Fonte:
http://novaescola.abril.com.br/ed/149_fev02/html/historia.htm
http;//www.aprendebrasil.com.br/projetos/todosiguais_nova/conheça.asp
2.3 Contextualização
Título:Hip Hop
Texto:
Muitas das manifestações culturais brasileiras podem ser relacionadas
com a população negra. O samba, a capoeira, entre muitas outras são parte da
contribuição dos negros para a cultura nacional. Dentro dessa diversidade, o
movimento Hip Hop tem se destacado no Brasil e atraído principalmente os
jovens que moram nas periferias.
O Hip Hop, que se originou na periferia de Nova York e chegou ao Brasil
no final da década de 1980 por meio da industria fonográfica se caracterizando
por ser um movimento que trata de questões que vão desde denúncias de
exclusão social como também da história e identidade dos negros.
Formado por três elementos- o rap (música), o break (dança) e o grafite
(desenho) ao chegar no Brasil foi influenciado pela cultura local.
Fonte:
http://www.comciencia.br/reportagem/negros/09.shtml
Comentário:
Movimentos como o Hip Hop mostram que a arte é um caminho que
atrai o jovem , sendo assim é importante que a escola esteja atenta e ofereça
momentos de discussão e pesquisa envolvendo a arte produzida pela
comunidade, sendo que o incentivo aos alunos para que explorem e produzam
arte também deve ser constante para que os questionamentos produzidos,
fomentem idéias que favorecerão a diminuição das desigualdades sociais .
3- RECURSOS DIDÁTICOS
3.1 Sítios
Título:Religião e cultura negra
Disponível em: http://orixas.com.br/portal3/
Comentário:
Portal que oferece uma série de esclarecimentos sobre como se
originaram os dogmas, as doutrinas, as transformações e a diversidade de
estilos existentes.
3.2 Sons e Vídeos
Vídeo
Título: Amistad
Direção; Steven Spielberg
Produtora; DreamWorks Pictures
Duração:148 minutos
Local: Estados Unidos
Ano:1997
Comentário:
O filme Amistad toca numa questão antiga dos norte-americanos:a
escravidão e os conflitos que surgiram a partir de então.
Amistad é baseado em fatos verdadeiros, relatando a trajetória de um
grupo de 53 negros, que se rebela contra os traficantes de escravos durante a
viagem e matam boa parte da tripulação. Os negros tentam de todas as formas
retornarem a África, mas acabam aportando na costa americana. Os negros
são presos e acusados de assassinato. Ao serem julgados despertam o
interesse de abolicionistas e do ex-presidente dos Estados Unidos Quince
Adams, um abolicionista não-assumido. O caso chama a atenção da sociedade
pela busca da justiça, culminando com a libertação dos negros e seu regresso
ao continente africano.
Áudio
Título da música:Ebony and Ivory
Executor/Interpreter;Paul McCartney
Título do cd: Tug of War
Número da faixa: 15
Nome da gravadora:Parlophone/EMI
Ano:1982
Disponível em: http://cifraclub.terra.com.br/cifras/paul-mccartney/
Texto:
Ebony And IvoryPaul McCartneyEbony and ivory live together in perfect harmony
Side by side on my piano keyboard, oh lord, why don’t we?
We all know that people are the same where ever we go
There is good and bad in ev’ryone,
We learn to live, we learn to give
Each other what we need to survive together alive.
Ebony and ivory live together in perfect harmony
Side by side on my piano keyboard, oh lord why don’t we?
Ebony, ivory living in perfect harmony
Ebony, ivory, ooh
We all know that people are the same where ever we go
There is good and bad in ev’ryone,
We learn to live, we learn to give
Each other what we need to survive together alive.
Ebony and ivory live together in perfect harmony
Side by side on my piano keyboard, oh lord why don’t we?
Ebony, ivory living in perfect harmony (repeat and fade)
Comentários:
Esta é uma belíssima canção com letras sobre paz e tolerância, na qual
Paul toca violão, baixo e piano e Stevie Wonder toca bateria e sintetizadores.
3.3 Proposta de Atividades
Título: Todos podem ajudar na superação do preconceito.
Texto:
As atividades têm o propósito de provocar a reflexão sobre como o
preconceito pode ser socialmente construído, gerando estereótipos que
estigmatizam as pessoas. Pretende-se também construir com os alunos novos
conceitos de valorização e respeito ao ser humano como um todo, articulando
estratégias de combate ao preconceito étnico/racial.
O material a ser trabalhado com os alunos também será um subsídio
para uma maior compreensão a respeito de termos como: preconceito,
discriminação, racismo.
As atividades também contemplam momentos de valorização das
contribuições culturais de cada povo na formação de cada um, visto que somos
seres historicamente constituídos.
Atividades: 1ª parte.
Para esta atividade o professor deve pedir aos alunos que procurem e
tragam recortes de jornais e revistas que retratem seus ídolos preferidos,
pessoas famosas, que são destaques na mídia.
-Depois de reunidas as figuras, montar com os alunos um painel com o
material coletado.
-Analisar com os alunos o painel de figuras questionando-os (o professor
deve graduar os questionamentos em inglês de acordo com o nível da turma)
sobre:
Quais as características físicas das pessoas que aparecem nos
recortes?
Podemos dizer que a mídia sempre mostra e reforça o mesmo padrão
do que seria o ideal de beleza?
A maioria das pessoas que se destacam na mídia é branca. Por que
você acha que isso ocorre?
O Brasil pode ser considerado um país racista? Qual sua opinião?
Qual o significado da palavra racismo para você? Você acha que o
racismo pode afetar a vida das pessoas?
Você tem conhecimento de algum episódio em que alguém foi
discriminado por ser de outra cor?
Atividades: 2ª parte.
O professor apresenta aos alunos o mapa mundi e pede que localizem
no mapa o lugar de onde vieram seus ancestrais.
Pedir aos alunos que relatem oralmente e por escrito as contribuições
culturais de seus ancestrais para nosso país, como: comidas típicas, danças,
costumes, etc.
Refletir com os alunos sobre a importância dessas contribuições para
nosso povo, mostrando que o Brasil é um pais constituído por várias etnias e
todos devem ser valorizados, pois somos todos brasileiros.
Atividades; 3ª parte
Árvore Genealógica.
Mostrar aos alunos como se faz uma árvore genealógica e pedir que
façam uma de sua família (pode-se, nesse caso explorar o vocabulário
específico em inglês).
Depois da atividade finalizada, conversar com os alunos sobre a
formação étnica de cada um, mostrando que nosso povo é uma mistura de
várias etnias. Explicar a eles sobre a diferença entre os conceitos sobre raça e
etnia, que raça refere-se as características físicas e etnia é o que caracteriza a
identidade de um povo, como a língua, a religião, a história.
Explicar que o conceito de raça não existe cientificamente, existe apenas
em função das relações sociais de discriminação.
Atividades: 4ª parte
Revendo Conceitos.
Pedir aos alunos que escrevam textos em forma de poesia, rap, teatro,
etc. Que manifestem sua opinião sobre raça, etnia, preconceito, racismo, enfim
que se utilizem das várias formas de discurso para mostrar sua contribuição a
respeito do que foi trabalhado.
Os trabalhos produzidos poderão ser apresentados para outras turmas,
promovendo a troca e a valorização de conhecimentos, bem como promovendo
a integração entre os alunos.
Objetivos:
-Estimular o senso crítico dos alunos por meio de questionamentos
sobre como a mídia ( televisão, jornais, revistas, rádio) pode influenciar contra
ou a favor do preconceito racial.
-Trocar experiências através de relatos.
-Propiciar situações de valorização das várias etnias através de suas
contribuições sócio-culturais.
-Apresentar conceitos, questionando os contextos sociais.
-Rever os conceitos estudados através de atividades de produção,
promovendo a valorização das pessoas, fortalecendo sua identidade.
-Propiciar a integração dos demais alunos através da apresentação das
produções.
-Proporcionar aos alunos o uso da língua estrangeira nas diversas
atividades realizadas, fazendo uso da mesma como veículo para interpretar e
produzir discursos de relevância crítica, relacionadas as questões que
envolvem o sujeito, sua identidade e o contexto social.
Avaliação:
A avaliação está presente em todos os passos das atividades, do inicio
ao fim, considerando o envolvimento na realização dos vários segmentos
propostos bem como o uso da língua estrangeira nas produções individuais e
em grupos.
Referências:
FERREIRA, Aparecida de Jesus. Formação de professores raça/etnia: reflexões e sugestões de materiais de ensino em português e inglês. Cascavel:Coluna do Saber, 2006. MAIO, Marco Chor (org). Raça, ciência e sociedade. Rio de Janeiro: Fiocruz CCBB, 1996.
3.4 Imagens:
Título: Martin Luther King
Descrição da Imagem: Quadro retratando o rosto de Martin Luther King http://www.flickr.com/photos/ari/162199379/
Autor: Steves RhodesProprietário: Steves RhodesFonte Bibliográfica: Creative CommonsData inclusão da imagem: 13/02/2007
Categoria/SubCategoria: Pessoas e Estilo de Vida/Personalidades
Palavras-chaves: Martin Luther King , Pessoa importante , Negro , Direitos Humanos
Referência:
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Comentário
O Dr. Martin Luther King, Jr. (15 de janeirode1929, Atlanta, Geórgia–4 de abril
de1968 ,Memphis,Tennesse) foi um pastor e ativista politico estadunidence.
Pertencente à Igreja Batista, tornou-se um dos mais importantes líderes do
ativismo pelos direitos civis(para negros e mulheres, principalmente) nos
Estados Unidos e no mundo, através de uma campanha de não-violência e de
amor para com o próximo. Se tornou a pessoa mais jovem a receber o Premio
Nobel da Paz em1964, pouco antes de seu assassinato. Seu discurso mais
famoso e lembrado é "Eu Tenho Um Sonho".
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Martin_Luther_Kin
4- RECURSO DE INFORMAÇÃO
4.1 Sugestão de leitura
Periódico
Título do artigo:Visões do passado.
Referência:DIDONÊ, Débora; MENEZES, Débora. Visões do passado,Revista
Nova Escola,setembro 2007, vol 205, pg 46-49.
Comentário:
A reportagem sugere várias stuações em que podem ser usadas figuras
de telas e gravuras para aguçar o senso crítico e ajudar a compreender como
era o Brasil e como eram tratadas as pessoas negras no passado.
Livro
Título do livro: Negros e Curriculo.
Referência: LIMA , Ivan Costa;ROMÃO, Jeruse (org). Negros e curriculo. Florianópolis:Atilènde,2002.
Comentários:
Este livro conta com a colaboração de educadores e pesquisadores com
militância no Movimento Negro, sempre buscando estabelecer um diálogo com
os sistemas de ensino.
Título do livro: Raça, ciência e sociedade.
Referência: MAIO, Marco Chor (org). Raça, ciência e sociedade. Rio de
Janeiro: Fiocruz CCBB, 1996
Comentários:
É um livro que trata da discriminação racial sobre um aspecto
multidisciplinar, estimulando a reflexão e o debate.
Título do livro: Formação de professores, raça e etnia.
Referência: FERREIRA, Aparecida de Jesus. Formação de professores raça/etnia: reflexões e sugestões de materiais de ensino em português e inglês.
Cascavel:Coluna do Saber, 2006.
Comentários:
O livro de Aparecida de Jesus Ferreira é uma proposta de material
didático que estimula e articula com o professor possibilidades de um ensino
crítico baseado na valorização das diferenças.
Internet:
Título: O racismo na sociedade brasileira.
Disponível em: http://www.geocities.com/CollegePark/Lab/9844/racismo.htm?
200630
Comentário:
Apresenta textos sobre discriminação racial e a forma de inserção do
negro no mercado de trabalho e na sociedade como um todo.
Título: O senado e a abolição da escravatura.
Disponível em: http://www.senado.gov.br/comunica/historia/nonas.htm
Comentário:
Disponibiliza textos com informações sobre: adesão da Princesa Isabel à
causa abolicionista; esforço político e assinatura da Lei Áurea.
4.2 Notícias
Jornal on-line
Título da notícia:Expulsions “fuelled by prejudice”.
Referência: http://news.bbc.co.uk/2/hi/uk_news/education/6168285.stm
Texto Black pupils in England are three times more likely to be excluded from school because of "systematic racial discrimination", according to a report.
The Department for Education report, leaked to the Independent on Sunday,
says the bias is "largely unwitting". Ministers have rejected any suggestions that
schools are institutionally racist as "inaccurate and counterproductive".
Latest GCSE results show black pupils continue to lag behind their classmates
but some have been narrowing the gap.
The report, led by the director of school performance and reform Peter
Wanless, was ordered by the government last year - there is as yet no
publishing date for it.
'Compelling case'
Called Getting it. Getting it right, it found: "The exclusions gap is caused by
largely unwitting, but systematic racial discrimination in the application of
disciplinary and exclusions policies."
It states that a "compelling case" can be made for the existence of institutional
racism in schools.
But it stops short of insisting that this term be used - leaving the final judgement
with the minister.
"If we choose to use the term 'institutional racism', we need to be sensitive to
the likely reception by schools [but] if we choose not to use the term, we need to
make sure the tone of our message remains sufficiently challenging."
'Counterproductive'
The Department for Education and Skills said that ministers had concluded that
it would be inaccurate and counterproductive to brand the school system racist.
A spokesman said: "However, there is more that schools, parents and the
government can do to ensure that every child fulfils their potential whatever their
background."
An Ofsted report in 1999 warned that many schools are "institutionally racist",
citing evidence that Pakistani, Bangladeshi, Black Caribbean and traveller
children were failing to make adequate progress.
The latest report was conducted in about 100 schools in 20 local authorities.
Teachers' union The National Association of Head Teachers said this small
sample size did not give any credence to England's schools being institutionally
racist.
General secretary Mick Brookes said it was "an indictment of the exemplary
good practice" in the majority of schools.
Shadow education secretary David Willetts said the evidence was "clear" that
Afro-Caribbean boys in particular under perform at school and are more likely to
be excluded.
But he added: "Labelling our schools 'institutionally racist' doesn't help.
"We should be focusing on raising educational standards and tackling truancy -
not throwing around allegations of racism."
Latest GCSE figures show just over 44% of black Caribbean pupils gained five
good GCSEs in 2006 compared with an average 56.9% of pupils.
But some are narrowing the gap - the girls from black African backgrounds did
better than white boys: 56.1% getting five good GCSEs compared with 52.6%.
The proportion of white girls doing that well was 62%.
Comentário:A publicação refere-se a uma realidade inglesa, diagnosticando que
também lá os negros não são respeitadas de forma igualitária, fato que tem como conseqüência o baixo aproveitamento escolar e o abandono.
Revista on-line:
Título da notícia: Para a ciência não existem raças.
Referência: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDR78169-6010,00.html
Texto: Entrevista
A jornalista americana responde aos leitores sobre as novas teorias que explicam a origem do homem.
Ann Gibbons
Quando decidiu matricular-se num curso sobre evolução na
Universidade Harvard, a jornalista americana Ann Gibbons achou que teria pela
frente um belo passatempo. Mas descobriu que a teoria da evolução era “uma
lente maravilhosa para ver o mundo”. A partir daí, ela passou a escrever artigos
para a revista americana Science e diversos livros sobre o tema. Tornou-se
uma celebridade na comunidade científica por traduzir as complicadas
minúcias das teorias evolucionistas numa linguagem fácil de entender. Ela
respondeu às seguintes perguntas enviadas pelos leitores de Época.
Ann Gibbons
Quem é?
Jornalista há mais de dez anos, é especializada em jornalismo científico
nas teorias sobre a evolução humana. Vive em Pittsburgh, na Pensilvânia,
Estados Unidos, com seu marido, dois filhos e um cachorro.
Onde estudou?
Graduada em Jornalismo pela Universidade da Califórnia, estudou
também no Instituto de tecnologia de Massachusetts (MIT) e na Universidade
Harvard. Foi professora de jornalismo Científico na Universidade Carnegie
Mellon.
O que publicou?
O livro O Primeiro Humano: a Corrida para a Descoberta de nosssos
mais Antigos Ancestrais (não editado no Brasil), além de artigos para a Science
e para o jornal The New York Times.
Com o que se sabe hoje sobre a evolução humana, é possível dizer que há uma raça superior em relação às demais? Marcelo de Oliveira Mundim, Minas Gerais
Ann Gibbons – Não. Há muito menos diferenças genéticas entre dois
humanos que entre dois grupos de chimpanzés ou gorilas, por exemplo. Isso
significa que as diferenças “raciais” têm somente a profundidade da pele.
Raças não existem do ponto de vista científico. As diferenças raciais são o
resultado de uma adaptação aos diferentes am-bientes da Terra. A baixa
estatura de um esquimó é uma adaptação para viver no frio intenso. A cor de
pele clara é uma adaptação recente nos povos europeus. Não há uma raça
superior. Algumas culturas são mais avançadas, mas isso não se deve à
superioridade genética.
A Bíblia afirma que a humanidade teve sua origem em algum lugar da Mesopotâmia. Ela está certa? Há alguma pesquisa séria que comprove isso? Léo Barbosa, São Paulo
Ann – Os primeiros capítulos da evolução humana, ou, se você preferir, a
verdadeira gênese, aconteceram na África. Os fósseis de ancestrais humanos
que viveram entre 2 milhões e s 6 milhões de anos atrás são encontrados
exclusivamente no continente africano. Há evidências de que o berço da
civilização, este sim, é o Oriente Médio. Não podemos igualar as duas coisas.
O Velho Testamento diz que os humanos foram criados nos últimos 6 mil anos.
Mas as evidências dos fósseis e dos estudos genéticos revelam que os
humanos evoluíram durante os últimos 5 milhões a 7 milhões de anos. O Velho
Testamento é válido como registro histórico, traz uma memória de eventos
importantes. Isso não significa que devemos aceitá-lo como evidência
científica.
Quais são as principais lacunas na teoria da evolução? O que falta ser esclarecido para saber de onde viemos? Marcos Alexandre Rizzo, Rio de Janeiro
Ann – Há alguns períodos que precisam de mais dados. A primeira lacuna é
entre 5 milhões e 7 milhões de anos atrás, de quando temos apenas alguns
poucos fósseis – embora um deles, batizado de Chad, seja um crânio 95%
completo que fornece uma quantidade tremenda de informações. Precisamos
de mais indivíduos desse período para identificar o primeiro membro da família
humana. Precisamos também de fósseis do ancestral comum que dividimos
com os chimpanzés, mais de 6 milhões de anos atrás.
Qual a melhor forma de falar sobre evolução nas escolas?Vanda Francisco, São Paulo
Ann – Acho que o criacionismo não deveria ser ensinado nas escolas, como
acontece nos Estados Unidos. Se você ensina o criacionismo, que é uma visão
de cristãos fundamentalistas, você tem de ensinar os mitos de criação de
outras culturas, como o islamismo, o hinduísmo e o budismo. Eles podem ser
ensinamentos éticos maravilhosos, mas não são ciência. Apenas a ciência
deve ser ensinada em aulas de Ciência. Cientistas cometem erros. Ainda
assim, o método científico funciona. É inegável.
Na vida prática, o que mudaria se descobríssemos a origem da vida na Terra? Carlos Enrique Rosa, São Paulo
Ann – Seria como descobrir um novo planeta ou resolver uma elegante
equação matemática. Isso não mudaria nosso cotidiano, mas enriqueceria
nossa vida. Talvez fosse bom lembrar nossas origens modestas e nossa íntima
afinidade com outros primatas. Talvez isso possa nos lembrar de proteger
nossos parentes mais próximos, chimpanzés e outros macacos, que estão
ameaçados de extinção. A evolução pode ser uma chave para os
pesquisadores da área médica que tentam entender a evolução de vírus como
o da aids.
Daquilo que você aprendeu estudando a evolução humana, o que aplica em sua vida? Walter Barbosa Junior, São Paulo
Ann – Fiz um curso sobre evolução humana na Universidade Harvard em
1988. Um amigo havia me recomendado as aulas e eu as tomei como um
passatempo. Mas, estudando sobre evolução, comecei a perceber que o
assunto era uma lente maravilhosa para ver a natureza. Isso me fez entender
melhor o comportamento humano e animal e como nos tornamos o que somos
hoje. De lá para cá, venho escrevendo sobre evolução. Hoje, acho que a
evolução ajuda a explicar as diferenças entre meus filhos gêmeos de 8 anos.
Ou por que nossas costas ou joelhos doem. Quando começamos a andar
eretos, há 4 milhões de anos, isso gerou pontos de estresse em nosso corpo,
que havia evoluído para viver em árvores. A teoria evolucionária explica muito.
A senhora acredita que, em algum momento, a teoria de Darwin será superada? Ana Rezende, Distrito Federal
Ann – Não. Há muitas evidências de várias linhas de pesquisa que são a base
das idéias de Darwin sobre a seleção natural. Os pesquisadores observam,
hoje, a seleção natural acontecendo nas populações de muitos animais e até
humanos. As pessoas que vivem em altas altitudes no Tibete, por exemplo,
estão sob a pressão da seleção natural para se tornar mais eficientes a
absorver o oxigênio em seu corpo. De fato, os bebês de mulheres que têm uma
melhor absorção de oxigênio têm maior chance de sobreviver.
Se o homem veio do macaco, por que o macaco não evolui e vem tomar um chá com seu primogênito? José Roberto Delfino Junior, Paraná
Ann – Nossos parentes mais próximos são os chimpanzés. Isso não significa
que nossos ancestrais eram chimpanzés. Nossos ancestrais separaram-se dos
ancestrais dos chimpanzés em algum momento entre 5 milhões e 7 milhões de
anos atrás. Os chimpanzés adaptaram-se com sucesso a um ambiente com
árvores e não precisaram mudar. Nós, humanos, descemos das árvores e
começamos a caminhar eretos. Nossos ancestrais lideraram um trajeto que nos
levou, nos últimos 50 mil anos, a um comportamento notavelmente sofisticado.
Contudo, os chimpanzés também têm uma cultura. Podem até fazer
ferramentas de pedra. Em resumo, macacos podem ser treinados para beber
em uma xícara. Só não sei se vão gostar de chá.
Comentários:Os estudos científicos só vêm comprovar quão vã é
questão do preconceito em relação as diferentes características dos seres
humanos.Podemos fazer e pensar diferente, valorizando todos os tipos de
contribuições culturais e sociais, bastando para isso que queiramos ver e nos
comprometer com um futuro de menos preconceito, agindo, interferindo e não
apenas observando os fatos.
4.3 Destaques
Título: Negras brasileirasReferências: http://www.ciranda.net/spip/article1183.htmlEntrevista: Schuma Shumaher
Por:Jamile Chequer
Na semana do Dia Internacional da Mulher, mais uma obra vem acrescentar às merecidas homenagens: o livro Mulheres negras do Brasil de Schuma Shumaher e Érico Vital Brasil. O livro, muito bem ilustrado, resgata a participação e a importância das mulheres afrodescendentes na formação e desenvolvimento do país. Em entrevista, Schuma, que é coordenadora-executiva da Rede de Desenvolvimento Humano (Redeh), fala sobre a experiência de reunir essas informações.
Ibase - Qual o significado deste livro para você? Schuma Shumaher - São muitos. Ele é um mergulho profundo na literatura histórica deste país. É talvez a maior ousadia da minha vida. Primeiro, porque tentamos reunir, numa única, obra informações que estavam esparramadas: uma num texto, outra numa tese, outro pedaço na memória de alguém. Tínhamos muitas informações desencontradas e tivemos que montar esse quebra-cabeça. Isso foi, de fato, um desafio enorme. Acho esse trabalho importante e, ao mesmo tempo, singelíssimo, porque é uma gota d’água no oceano. É uma contribuição ao compromisso que temos, eu e Érico, de dar as mãos a quem não aceita, não suporta, não deseja e não quer uma sociedade racista e que exclui as pessoas. Ibase - Quais foram as maiores dificuldades que vocês enfrentaram para fazê-lo? Schuma Shumaher - A história não é uma uma ciência estática, ela é uma ciência em construção, em revisão, em releitura. E com isso vão ocorrendo mudanças de conceitos ao longo da história. Então lemos os primeiros textos do período escravista. Neles, todos os negros e negras são chamados de escravos, como se fosse uma condição humana, como se fizesse parte da natureza daquelas pessoas com uma ascendência africana ou que vieram
diretamente da África. Mais adiante, encontramos textos mais críticos. Neles, as pessoas já não aceitam a denominação “os escravos”. São descendentes de escravos, de pessoas que foram escravizadas. Então, em um determinado período, há um tipo de informação; em outro período, um tipo diferente. E é difícil lidar com essas ações desencontradas. Qual é a informação correta? Como se trata de um livro, a informação precisa ser minuciosa, não há como fazer afirmações sobre as quais não se tenha certeza. Ibase - Por que mulheres tão importantes não constam nos livros de História? Schuma Shumaher - Não constam porque, em geral, as histórias são contadas pelos “vencedores”. “Derrotado” não pode contar história. E, neste país, quem contou a História foram os brancos. Não podemos dizer que a ciência é neutra, porque ela não é. Há sempre um viés de interesse de quem conta. Logo, uma parcela enorme da população, que são as mulheres e, nesse caso, mulheres negras, são excluídas da História. E isso também mostra como a sociedade lidou com a questão de gênero. Por exemplo, hoje, o percentual de professoras nas escolas ultrapassa os 80% e há um número enorme de presidentes de sindicatos homens. As mulheres fazem a história da educação neste país e os homens dirigem a história. A literatura, a literatura escolar é reflexo disso. O lugar de decisão, o lugar do poder, o lugar da visibilidade pública, o reconhecimento é um lugar ainda do masculino. Principalmente do masculino branco. Ibase - Há vários momentos em que o livro fala sobre o papel da mulher na construção do país. Você pode lembrar de alguns momentos em que se nãofosse a atuação da mulher, principalmente a mulher negra, seriam completamente diferentes? Schuma Shumaher - Uma andorinha não faz a revoada sozinha. Mas são várias situações. Se podemos dizer que temos autonomia hoje, que temos liberdade religiosa neste país, devemos às mulheres negras. Durante muitos anos os cultos religiosos foram perseguidos, violentamente destruídos. E foram as mulheres negras que resistiram a essa perseguição. Tia Marselina [pág 123], por exemplo, foi uma das grandes lideranças afro em Alagoas. Lá o Candomblé é chamado de xangô. E tia Marselina teve o seu terreiro invadido durante uma perseguição contra a religião africana. Ela foi violentamente espancada e morreu. Isso no comecinho do século 20, por volta
de 1912. A tia Marselina teve a coragem de pautar essa discussão publicamente. Maria Firmina dos Reis é uma maranhense que escreveu um romance chamado Úrsola, um romance abolicionista. Ela não é apenas a primeira romancista negra, mas a primeira mulher – que se tem conhecimento – a escrever um romance neste país. [pág 456]. E imagina, no século 19, a escravidão a todo vapor e essa mulher escreve um romance. Interferiu numa agenda sobre uma trágica realidade que acontecia naquele momento. Ibase - Foram mulheres que estiveram no começo da resistência... Schuma Shumaher - No capítulo “Mulheres mucambeiras”, que está na página 81, mostramos quantas mulheres lideraram a formação de quilombos no Brasil. Como elas participaram dessa manifestação de resistência e, de uma certa forma, de fuga de uma situação de escravidão. Zumbi talvez seja o maior líder na fundação e na resistência da liberdade negra do Brasil. Nós temos muitos Zumbis, homens, e também muitas mulheres que lideraram essa luta quilombola no país. Ibase - Quais tipos de questões relacionadas à mulher existem desde o descobrimento do país e que ainda não foram superadas? Schuma Shumaher - O racismo. Sei que é uma questão muito genérica, mas acho que é uma questão tão forte que reflete em todas as outras questões. Hoje, a maior parte das empregadas domésticas – portanto, o trabalho menos valorizado do país, mais mal-pago – são mulheres negras. Tem uma foto belíssima no livro que diz assim: “A princesa esqueceu de assinar nossa carteira”. E é isso. A Lei Áurea formaliza o fim da escravidão, mas não acaba com a situação dos excluídos. Não havia acesso à escola, condições necessárias para envolvê-los nas novas relações de trabalho da época. Há reflexos até hoje. Ibase - Podemos dizer que há regionalismo na valorização da mulher, principalmente da mulher negra? Schuma Shumaher - Não acredito nisso. Podemos dizer que há locais onde a expressão da cultura negra, em toda a sua dimensão e pluralidade, é maior. As mulheres negras são protagonistas delas, portanto têm mais visibilidade e isso faz com que sejam mais reconhecidas. São lugares onde as mulheres negras ocuparam mais espaço público, o movimento avançou mais. Porém, nacionalmente, infelizmente, ainda há um longo caminho a percorrer. Ibase - O livro traz curiosidades sobre as atividades das negras
brasileiras em várias áreas. Uma delas são sobre as mulheres parteiras. Pode falar sobre ela e no que contribui culturalmente? Schuma Shumaher - Temos um capítulo dedicado às bezendeiras, às parteiras. São mulheres que ajudam a preservar e aparar a vida. É um trabalho exemplar no Brasil. Milhares de vidas foram preservadas por causa delas e há um contingente enorme de mulheres negras exercendo esses papéis. Qual foi uma das surpresas que tiveram ao fazer o livro? Schuma Shumaher - Eu não tinha conhecimento do aumento no número de mulheres negras na academia. Fiquei muito feliz. Em termos percentuais, deve ser uma bobagem, mas foi muito bom ver que, em alguns departamentos, alguns lugares da academia, há mulheres e homens negros exercendo o seu saber. Acho que até merece que alguém faça um livro sobre a intelectualidade negra deste país, para que isso também se torne visível. No livro mostramos várias mulheres pioneiras nisso, como a reitora da Universidade Estatual da Bahia, Ivete Sacramento. Ela foi a primeira reitora negra do país e assumiu o cargo em 1999. A foto está na página 284. Ibase - Acredita que esse livro possa servir de subsídio na implementação da Lei 10.639/03, que inclui no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da história e cultura africana e afro-brasileira?Schuma Shumaher - Honestamente, espero. Essa lei ainda que tardia, é bem-vinda, já é um passo importantíssimo. Agora, como nós sabemos, não basta ter uma lei. É preciso criar condições para que a lei seja implementada, e, para isso é preciso estímulo e cobrança do MEC. Onde é que o professorado vai encontrar informações? É preciso ter material que trate da questão de forma pedagógica, correta, comprometida. É preciso sensibilizar os professores, porque já estão aí há 15 anos seguindo uma mesma cartilha. Têm que saber que o olhar precisa ser outro; que a releitura é bem-vinda e necessária sempre; ter uma versão única, porque as versões estão aí para serem questionadas, comparadas etc. Ibase - Como vai ser distribuído? Schuma Shumaher - A Redeh, instituição da qual faço parte, vai distribuir gratuitamente 3.200 exemplares para bibliotecas públicas, organizações não-governamentais que trabalham na perspectiva dos direitos humanos; para núcleos de pesquisa das universidades. Graças ao apoio da Petrobras e do Banco do Brasil, que possibilitou que nós fizéssemos esse livro durante 39 meses, viajando pelo Brasil.
As pessoas que desejarem ter em casa, poderão comprá-lo também. Nós fizemos uma parceria com as editoras, Senac, e o livro vai estar na próxima semana à venda em todas as livrarias do país. Ibase - Estamos na semana do dia 8 de março. Como é lançar um livro sobre mulheres negras nessa época? Schuma Shumaher - Significa, pelo menos para nós dois autores e para nossa instituição, que nós quisemos centrar a nossa homenagem numa parcela significativa da população brasileira, que são as mulheres negras. Queremos, também, chamar a atenção para o fato de que as mulheres negras merecem mais do que homenagens, merecem reconhecimento. Publicado em 8/3/2007.
Comentário: Os autores desse livro contribuem de forma significativa, não
apenas para a valorização de uma etnia, mas também chamam a atenção para
a participação feminina das mulheres negras na construção da nossa história.
4.4 PARANÁ
Título: : Ethnic Groups
Referência: http://www3.pr.gov.br/e-parana/pg_etnias
Texto:
The state of Paraná is one of the states with the widest ethnic variety in
Brazil. Germans, Poles, Ukrainians, Italians and Japanese are some of the
ethnic groups that helped in building the Paraná of today. The ethnic groups
that settled the State have brought along with them their culture, customs and
traditions. The immigrants arrived with the promise of finding peace in an
“unknown land”, but one that promised them work, land, production and
tranquility.
The massive settlement only started after the prohibition of the slave traffic,
which increased the need for laborers to work in the coffee farms, mainly in the
North of the State. This non paid labor came to be the best alternative for the
development of cattle breeding, which was until then the main culture in Paraná,
and of the coffee plantations. Starting in 1850, at the time when Paraná ceased
to be a province of the State of São Paulo, the local Government began a
campaign to attract new immigrants. As a result of that campaign,
approximately 20 mil immigrants came to the State between 1853 and 1886.
Each of the ethnic groups that came to Paraná settled in colonies located in
regions throughout the State.
Germans – Germans were the first to arrive in Paraná in 1829 and settled in
Rio Negro. Nevertheless, the largest number of immigrants originating from
Germany arrived in the State during the period between the world wars because
they were fleeing from the horrors of those conflicts. This people brought to
Paraná all the activities they were familiar with, among them pottery, furniture
making, carpentry, etc. As cities prospered, the immigrants started to also
perform commercial and industrial activities. Nowadays, the largest German
settlement is in the municipality of Marechal Cândido Rondon, which still keeps
on the faces of its buildings and in the faces of its inhabitants the distinctive
characteristics of the settlement. Germans are also found in Rolândia, Cambé
and Rio Negro and most of them came to Paraná from Santa Catarina.
Arabs – Paranaguá was the first place Arabs settled in Parana. Later on, they
spread to Curitiba, Araucária, Lapa, Ponta Grossa, Guarapuava, Serro Azul,
Londrina, Maringá and Foz do Iguaçu, which boasts the largest Arab settlement
in the State today. In Curitiba, Arabs started to arrive in largest numbers after
World War Two, when they comprised almost 10% of the population. One of the
biggest Arab influences in the State is in gastronomy, where their spices and
seasonings were incorporated into the local cuisine, aside from kibes and sfihas
that are favored by the local population until this date. Arab immigrants to
Parana were active mainly in literary production, architecture, music and dance.
Spaniards – The first Spanish immigrants to arrive in Paraná settled in the
municipalities of Jacarezinho, Santo Antônio da Platina and Wensceslau Brás.
Between 1942 and 1952, Spanish immigration accelerated and new
municipalities, mainly in the region of Londrina, were formed by those
immigrants. Spaniards were mainly active in commercial activities, handcrafts
and furniture making.
Dutch – The first Dutch immigrants arrived in Paraná in 1909 and settled in a
community near Irati. Although, some of those families ended up returning to
Holland, others moved to a region in the Campos Gerais where they founded
the Dutch Dairy Cooperative in 1925. This Cooperative was paramount in the
consolidation of the Carambei settlement. Castrolandia is the most recent Dutch
settlement in the region.
Indians – At the time of the discovery of Brazil, in 1500, Indian tribes that were
scattered throughout the territory inhabited the country. In Paraná, the primitive
inhabitants were also Indians that were part of large groups or tribes, the Jê or
Tapuia and the great Tupi-Guarani nation. The Carijó and Tupiniquim inhabited
the coast; the Tingüí lived in the region where Curitiba is located today; the
Camé inhabited the region where the Palmas municipality is situated and the
Caigangue and Botocudo lived in the hinterland. The first travel paths in Paraná
were made by the Indians and were used by the Bandeirantes (explorers) in
their exploration sorties into the territory: The Peaberu Path, the Graciosa Path,
the Itupava Path and the Mata road.
Italians – Without a doubt, Italians were the first in the ranking of Brazilian
immigrations. In Paraná, they contributed much by working in the coffee
plantations and later, in other cultures. Those immigrants concentrated mainly
in the capital city Curitiba, in Morretes, in the coast and in the cities of Palmeira
and Lapa, where the Santa Cecilia anarchist settlement was located. Italians
also contributed to industry and to the birth of labor and cultural associations.
Japanese – Japanese immigrants settled in the Norte Pioneiro (Pioneering
North) and brought their agriculture tradition. Nevertheless, since they ignored
agriculture techniques related to tropical cultures, they dedicated themselves to
fish breeding, horticulture and fruit culture in the regional economy. Some of the
products introduced in the State by the Japanese were the kaki and the
silkworm. Maringá and Londrina are the cities in the State that have the largest
concentration of Japanese. The municipalities of Uraí and Assaí were born as a
result of Japanese settlements.
Blacks –The traditional population of the State of Paraná or the one in the mate
(a tea plant used for a traditional beverage) and the wood extraction industries
and for plantations was heterogeneous and it was composed of the same
elements that comprised the population in other Brazilian regions: Indians,
Europeans, Blacks and their half breeds. Therefore, a society that was also
impacted by slavery and in which the economic and social participation of Black
slaves was significant. In the first half of the 19th century, the relative number of
blacks was 40% of the total population in the Province. In Curitiba, even though
they worked mostly as household workers, black slaves were also important in
the cultural scene of the city and they used to show their musical talents by
participating in singing presentations on the municipal market plaza.
Poles – Polish immigrants arrived in Paraná around 1871 and settled in São
Mateus do Sul, Rio Claro, Mallet, Cruz Machado, Ivaí, Reserva and Irati. In
Curitiba, they founded various settlements that are the Candida and Abranches
neighborhoods today. This people helped in spreading the use of the plow and
of the mobile beam horse carriage. They worked in agriculture and helped in
boosting the production of the State.
Portuguese – In Paraná and starting in the early 19th century, large waves of
Portuguese immigrants lured by the coffee boom in the New North of Paraná
settled in the axis between Londrina, Maringá, Campo Mourão, as far as
Umuarama. Most of those immigrants came from Beiras (Upper and Lower),
Minho, and Trás-os-Montes.
The city of Paranaguá was, and still is, the city in Paraná that shows the most
distinctive features of the Portuguese culture and heritage. That city was the
entry port for Portuguese immigrants and kept some of the characteristic
features of that heritage.
Ukrainians – Ukrainians arrived in Paraná between 1895 and 1897. Over 20
thousand immigrants came to the State and settled mainly in Prudentópolis and
Mallet. This ethnic group can also be found in the municipalities of União da
Vitória, Roncador and Pato Branco. Nowadays, the State of Paraná is home to
most of the Ukrainians that live in Brazil: 350 thousand out of the 400 thousand
immigrants and their descendents.
Comentários:
Os negros efetivaram sua contribuição valiosa na construção e desenvolvimento do nosso estado, merecendo o destaque e a valorização do seu trabalho e de sua cultura.