Post on 25-Jun-2015
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Mercedes Sosa,
símbolo
da música
e da
liberdade
A cantor folk argentina
Mercedes Sosa,
que lutou contra as ditaduras fascistas na América do Sul com a sua potente voz e se tornou numa lenda da música
latino-americana, morreu em 04 de outubro de 2009, aos 74 anos.
Mercedes Sosa ficou vários dias internada em hospital, com problemas
renais.
O público argentino se despede de uma das suas cantoras favoritas.
Carinhosamente apelidada de La Negra - devido ao seu cabelo preto e à tez morena - Mercedes foi igualmente chamada de “voz de uma maioria silenciosa”, tendo
sempre lutado pelos direitos dos mais pobres e pela liberdade política.
A sua versão da música “Gracias a la Vida”, de Violeta Parra, tornou-se um hino para os
esquerdistas de todo o mundo, nas décadas de 1970 e 1980, quando foi forçada a exilar-se na
Europa e os seus discos foram banidos.
As suas imagens de marca eram o seu cabelo comprido e os seus ponchos, que usava durante os espetáculos ao vivo, fazendo ouvir a sua voz poderosa.
Nas décadas de 1960 e 1970, Mercedes foi uma das expoentes máximas do politizado movimento Nuevo Cancionero, que quis levar a música folk de regresso às suas origens.
Politicamente, Mercedes foi membro do Partido Comunista e as suas simpatias políticas acabaram por a obrigar ao exílio, em 1979 (ano em que Jorge Videla encabeçou a junta militar), depois de ter sido presa - bem como toda a sua audiência - durante um
concerto na cidade universitária de La Plata.
Mercedes dizia frequentemente ser uma mulher de esquerda, mas que a sua única vocação era a música. “Eu nasci para cantar”, disse numa entrevista em 2005.
“A minha vida é dedicada a cantar, a encontrar canções e a cantá-las (...) Se eu me envolvesse na política, teria que negligenciar aquilo que é mais importante para mim, a canção folk”.
Mercedes nasceu o seio de uma família de trabalhadores, na província de Tucumán, a 9 de Julho de 1935. O seu primeiro contato com a fama teve-o aos 15 anos, quando ganhou um
concurso de talentos promovido por uma rádio local.
Especialista em interpretar as palavras de escritores, abraçou a poesia dos grandes autores argentinos e latino-americanos.
Apesar de, nos últimos anos, ter feito algumas experiências com o rock e com o tango, a sua raiz era a do folk. Era a esse estilo que voltava sempre.
Em 1982 Mercedes regressou ao seu país natal, percebendo nessa altura que as suas canções tinham conquistado um público jovem e uma nova geração de fãs.
Numa série de concertos que marcaram o seu regresso aos palcos, fez-se acompanhar de músicos populares argentinos,
como Leon Gieco e Charly Garcia, tendo depois iniciado uma digressão mundial que passou pela Europa e pelos
Estados Unidos.
Arrebatou uma ovação de pé durante dez minutos, após a sua atuação no Carnegie Hall de New York.
Mercedes continuou a cantar até este ano, permanecendo muito popular e destronando até alguns artistas jovens nas tabelas de vendas.
O seu último álbum, Cantora (volumes 1 e 2) - uma colaboração com artistas como Shakira, Caetano Veloso, Joan Manuel Serrat e Jorge Drexler - foi um dos dez mais vendidos do ano e ganhou várias
nomeações para os Grammys Latinos.
Durante a sua carreira, Mercedes recebeu ainda uma série de galardões que lhe
reconheceram a luta em prol dos direitos humanos, incluindo um Grammy Latino e
um prêmio da UNESCO.
Há já vários anos que Mercedes Sosa se debatia com problemas de saúde, mas nunca quis largar a música. Em 2001 deu uma entrevista em que disse:
“Não sou nova nem bonita, mas tenho a minha voz e a minha alma, que me sai quando canto”.
FORMATAÇÃO: Mima (Wilma) Badan
mimabadan@yahoo.com.br
MÚSICA: Volver a los 17
Interpretação: Mercedes Sosa, Milton Nascimento, Chico Buarque e Gal Costa
(Repasse com os devidos créditos)
www.mimabadan.blogspot.com
www.slideshare.net/mimabadan