Litoral PortuguêS

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LITORAL PORTUGUÊSDa foz Lima à foz do Leça

A separação entre o domínio continental e o domínio marinho não é, na realidade, uma simples linha, tal como é representada nas cartas e nos mapas, mas uma faixa complexa, dinâmica, provida de mutabilidade e mobilidade, na qual actuam vários processos geológicos e a que chamamos faixa litoral.

Até a foz do Cávado, a costa é baixa, arenosa, embora, às vezes, semeada de cachopos.

Arriba fóssil, bem marcada, limita, do interior, a plataforma litoral quaternária em que se distinguem diversos níveis de praias antigas.

Esta plataforma, que se estende até Caminha, penetra ao longo do vale do Cávado, em direcção a Barcelos, assinalando a antiga foz deste rio.

Em muitos locais, ao longo deste litoral, acumulam-se as areias de dunas, que penetram, às vezes, bastante para dentro do território. Cobrem, por exemplo, o alto do monte do Faro de Anha.

Costa de areias

A sul de Viana do Castelo, a costa é formada por areais de natureza dunar.

A ocupação antrópica tem aqui acelerado os efeitos naturais.

Amorosa vista da Sta. Luzia (V. do Castelo)

Plataforma litoral. Regressão do quaternário.

Amorosa

Pôr-do-sol na Amorosa

Castelo do Neiva

Ainda há um outro Portugal Litoral. Um dia comi aqui em Neiva um arroz de Robalo, divinal. Não vos digo, mas a tasquinha além do arroz tinha um verde que tornava o robalo um manjar dos céus!

Em Neiva a areia desaparece. O Homem coloca cascalho com o objectivo de travar a força do mar.

Esposende (Desordenamento do território)

Esposende – durante o Cenozóico estava coberto por mar.

Língua de areia (Tômbolo)

Torres de Fão. Que lindas ficam ali em cima das dunas.

Arriba fóssil, bem marcada, limita, do interior, a plataforma litoral quaternária em que se distinguem diversos níveis de praias antigas.

Arriba Fóssil

Esposende

Esposende

As praias são estruturas morfológicas onde ocorre a acumulação de sedimentos de variados tamanhos e litologias.

De um modo geral, estes locais são mais frágeis do que as arribas, quer do ponto de vista geológico, quer do ponto de vista ecológico.

Por vezes, em algumas praias é possível observar dunas litorais.

Estas estruturas assumem enorme importância, pois impedem, de um modo natural, o avanço das águas do mar para o interior dos continentes e constituem ecossistemas únicos onde é possível observar uma elevada biodiversidade.

Ofir (Esposende)

O estudo da região litoral tem revelado a existência de areias de praia a cotas elevadas, que por vezes podem atingir cerca de 100 metros acima do actual nível do mar.

São as conhecidas praias altas ou levantadas, que proporcionam dados importantes sobre as variações do nível do mar (transgressões e regressões marinhas) e sobre as populações que viveram nas suas imediações.

As zonas litorais constituem um valioso recurso natural, insubstituível e não-renovável, do qual o Homem obtém, por exemplo, alimentos e recursos minerais, para além de serem importantes locais de lazer e turismo.

Estas zonas não são estáticas, mas muito dinâmicas. O litoral evolui, algumas formas modificam-se, mudam de posição, e outras aparecem e desaparecem.

Actualmente, a dinâmica da faixa litoral é condicionada pela intervenção de diversos fenómenos naturais e por fenómenos antrópicos, estes últimos provocados pelo Homem.

Ofir (Esposende) – Torres sobre as dunas.

De entre os fenómenos naturais, aos quais o Homem é completamente alheio e que, de uma maneira geral, não pode contrariar, anular ou modificar, destacam-se:

a alternância entre regressões e transgressões marinhas, como a descida e a subida dó nível médio da água do mar, respectivamente;a existência de correntes marinhas litorais variadas que, ao provocarem a erosão, transporte e a deposição de sedimentos, condicionam a morfologia das costas;a deformação das margens dos continentes, em resultado de movimentos tectónicos que podem provocar a elevação ou o afundamento das zonas litorais.

De entre os fenómenos provocados pela acção do Homem, salientam-se:

o agravamento das alterações climatéricas;a ocupação da faixa de litoral com estruturas de lazer e de recreio, bem como a implementação de estruturas pesadas de engenharia;a diminuição da quantidade de sedimentos que chegam ao litoral em consequência da construção de barragens nos grandes rios;a destruição das defesas naturais, como a destruição das dunas devido ao pisoteio, a construção desordenada de habitações, o arranque da cobertura vegetal e a extracção de inertes para a construção civil.

Ofir – Um exemplo da acção do Homem

a ocupação da faixa de litoral com estruturas de lazer e de recreio, bem como a implementação de estruturas pesadas de engenharia;

Face aos graves problemas de erosão costeira a que certas regiões estão sujeitas, é necessário efectuar intervenções de modo a promover a protecção e defesa destas áreas.

As mais comuns em Portugal são as dragagens e as obras de engenharia, tais como os enrocamentos, os paredões, os quebra-mares, os molhes e os esporões.

Muitas intervenções resolvem temporariamente os problemas, que acabam por ser transferidos para outros locais próximos

Construção de Esporões

A grande maioria destas obras, de custo elevado na construção e manutenção, conduz, muitas vezes, a situações nefastas para o litoral. A longo prazo, são perigosas e não favorecem a estética da paisagem.

Quando construídas sem os adequados estudos prévios, não oferecem os resultados esperados e garantem apenas uma protecção local e reduzida no tempo.

Apúlia

Apúlia (Esposende)

Ocupação antrópica sobre a duna

Apúlia (Esposende) – outro bom exemplo

Apúlia

Mesmo sem “aquecimento global”, estas casas estão muito bem localizadas!

Apúlia

Praia Sul da Apúlia (ainda há dunas)

Uma praia onde ainda existem dunas

Póvoa do Varzim (ao fundo)

No limite da faixa litoral das dunas.

A Sul começam os afloramentos de rochas plutónicas.

Póvoa do Varzim

Daqui à Póvoa do Varzim a costa é baixa e de areia, mas semeada de rochedos granítico-gnáissicos até a foz do Ave.

A Ver-o-Mar

Póvoa do Varzim

Póvoa de Varzim

Depois da Póvoa

Depois, até Leixões, o litoral é ora de praia baixa, ora arriboso e de penedia, salientando-se nos rochedos, polidos pelas vagas, belas estruturas migmatíticas (Vila Chã, Angeiras, etc.). Mantêm-se as mesmas características até a foz do rio Douro.

Vila do Conde

Vila do Conde

Vila do Conde

Praia da Boa Nova (Leça)

Praia da Boa Nova (Leça)

Labruge (Leça)

Leça da Palmeira

De modo a diminuir a erosão e a combater a artificialização do litoral português, área de grande sensibilidade e fragilidade, procedeu-se à elaboração dos POOC - Planos de Ordenamento da Orla Costeira. Os POOC abrangem uma faixa ao longo do litoral, designada por zona terrestre de protecção, cuja largura máxima é de 500 metros, contados a partir da linha de máxima maré alta.

Estes planos de ordenamento de intervenção privada e pública têm como objectivos principais:

ordenar os diferentes usos e actividades específicas da orla costeira;classificar as praias e regulamentar o uso balnear;valorizar e qualificar as praias consideradas estratégicas por motivos ambientais e turísticos;enquadrar o desenvolvimento das actividades específicas da orla costeira;assegurar a defesa e conservação da Natureza.

Mais recentemente, foi elaborado o Programa FINISTERRA - Programa de Intervenção na Orla Costeira Continental.

Este programa tem como objectivo prioritário imprimir um novo impulso à execução das medidas e propostas contidas nos POOC, com o intuito de requalificar e reordenar o litoral português.