Post on 22-Apr-2015
Leila Cury TardivoLeila Cury Tardivo
LABORATÓRIO DE SAÚDE MENTAL E LABORATÓRIO DE SAÚDE MENTAL E PSCOLOGIA CLÍNICA SOCIALPSCOLOGIA CLÍNICA SOCIAL
INSTITUTO DE PSICOLOGIA DA USPINSTITUTO DE PSICOLOGIA DA USP
PROJETO: ATENÇÃO À CRIANÇA PROJETO: ATENÇÃO À CRIANÇA VÍTIMA DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICAVÍTIMA DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Talvez o principal Talvez o principal trabalho que se faz seja trabalho que se faz seja
da natureza da da natureza da integração, tornada integração, tornada
possível pelo apoio no possível pelo apoio no relacionamento humano, relacionamento humano, mas profissional - uma mas profissional - uma forma de sustentação forma de sustentação
(holding) (holding) ( D. W. ( D. W. Winnicott, 1960)Winnicott, 1960)
Violência Doméstica Violência Doméstica contra Crianças e contra Crianças e
AdolescentesAdolescentes
DEFINIÇÕESDEFINIÇÕES
Com a colaboração de Antonio Augusto Pinto Junior
Na literatura nacional ou Na literatura nacional ou internacionalinternacional
castigo, disciplina, agressão, maus tratos, violência, abuso, vitimização, violência doméstica e outros.
ConceitosConceitos
castigo e disciplinacastigo e disciplina ( mais antigos e de maior tradição na pedagogia infantil): mascaram a verdade dos fatos (não incluem as agressões sexuais e nem questionam a gravidade das formas de castigo e disciplina)
AZEVEDO & GUERRA (1998)
ConceitosConceitos
termo agressãoagressão também é inadequado
maus tratosmaus tratos além de colocar o problema em termos morais apenas, como uma questão de bondade ou maldade, exige uma definição suplementar do que é “bom trato” e um “mau trato
AZEVEDO & GUERRA (1998)
VIOLÊNCIAVIOLÊNCIA
A violência é uma forma de relação social; está inexoravelmente atada ao modo pelo qual os homens produzem e reproduzem suas condições sociais de existência. Sob esta ótica, a violência expressa padrões de sociabilidade, modos de vida, modelos atualizados de comportamentos vigentes em uma sociedade em um momento determinado de seu processo histórico”.
Adorno (1988)
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA CRIANÇAS E/OU ADOLESCENTESCRIANÇAS E/OU ADOLESCENTES
“Todo ato ou omissão praticado por pais, parentes ou responsáveis contra crianças e/ou adolescentes que – sendo capaz de causar dano físico, sexual e/ou psicológico à vítima – implica de um lado numa transgressão do poder/dever de proteção do adulto e, de outro, numa coisificação da infância, isto é, numa negação do direito que crianças e adolescentes têm de ser tratados como sujeitos e pessoas em condição peculiar de desenvolvimento”
(Azevedo & Guerra, 1998).
PRESSUPOSTOS DA PRESSUPOSTOS DA VDCCA:VDCCA:
1. Trata-se de um fenômeno universal e endêmico.
2. Trata-se de um fenômeno “virulamente democrático”.
3. Não é característico da pobreza.4. É um fenômeno estatisticamente significativo.5. É um fenômeno de amplo alcance podendo
envolver de forma cíclica várias gerações em sua reprodução.
6. É um fenômeno que se caracteriza pela reiteração.
TIPOS DE VDCCA:TIPOS DE VDCCA:
Violência FísicaViolência Física
Violência SexualViolência Sexual
Violência PsicológicaViolência Psicológica
NegligênciaNegligência
Violência FatalViolência Fatal
TIPOS DE VDCCA:TIPOS DE VDCCA:
Violência FísicaViolência Física
“Toda ação que causa dor física numa criança; desde um simples tapa até o espancamento fatal representam um só continuum de violência”.
TIPOS DE VDCCA:TIPOS DE VDCCA:Violência Sexual
“Todo ato ou jogo sexual, relação heterossexual
ou homossexual entre um ou mais adultos que
tenham para com ela uma relação de
consangüinidade, afinidade e/ou mera
responsabilidade, tendo por finalidade estimular
sexualmente a criança ou utilizá-la para obter
uma estimulação sexual sobre sua pessoa ou a
de outra pessoa”.(AZEVEDO & GUERRA, 1998, p. 177).
TIPOS DE VDCCA:TIPOS DE VDCCA:Violência Psicológica:Violência Psicológica:
“Também designada como tortura psicológica, ocorre quando pais ou responsáveis constantemente depreciam a criança, bloqueiam seus esforços de auto-aceitação, causando-lhe grande sofrimento mental”.
(AZEVEDO & GUERRA, 1998, p. 177).
TIPOS DE VDCCA:TIPOS DE VDCCA:Negligência:Negligência:
“Configura-se quando os pais ou responsáveis falham em termos de prover as necessidades físicas, de saúde, educacionais, higiênicas de seus filhos e/ou de supervisionar suas atividades, de modo a prevenir riscos e quando tal falha não é o resultado das condições de vida além do seu controle”.
(AZEVEDO & GUERRA, 1998, p. 177).
TIPOS DE VDCCA:TIPOS DE VDCCA:Violência Fatal:Violência Fatal:
“Atos e/ou omissões praticados por pais, parentes ou responsáveis em relação a crianças e/ou adolescentes que – sendo capazes de causar-lhes dano físico, sexual e/ou psicológico – podem ser considerados condicionantes (únicos ou não) de sua morte”
(AZEVEDO & GUERRA, 1998, p. 177).
ESTATÍSTICAS:ESTATÍSTICAS:
Dificuldade em definir com rigor a incidência da violência doméstica contra a criança e adolescente:
Definição controversa
Cifra Negra – casos notificados
França: 40.000 crianças são anualmente apontadas e assumidas pela justiça ou pela ajuda social à infância. Meninos = VF / Meninas = VS
EUA: Média de 1.700.000 casos, envolvendo 2.700.000 vitimas. 52% sexo feminino / Agressores: ¾ = pais biológicos.
Brasil: Violência mais praticada = VF (43%), seguida da Negligência (24%).
Síntese de Violência Síntese de Violência Doméstica NotificadaDoméstica Notificada
Fonte:Laboratório de Estudos da Criança (Lacri) do
Instituto de Psicologia da Universidade de São
Paulo
AnoAno Violência Violência FísicaFísica
Violência Violência SexualSexual
Violência Violência PsicológicaPsicológica NegligênciaNegligência Violência Violência
FatalFatalTotal deTotal de
NotificaçõesNotificações
19961996 525525 9595 00 572572 00 1.1921.192
19971997 1.2401.240 315315 5353 456456 00 2.0642.064
19981998 2.8042.804 578578 2.1052.105 7.1487.148 00 12.63512.635
19991999 2.6202.620 649649 893893 2.5122.512 00 6.6746.674
20002000 4.3304.330 978978 1.4931.493 4.2054.205 135135 11.14111.141
20012001 6.6756.675 1.7231.723 3.8933.893 7.7137.713 257257 20.26120.261
20022002 5.7215.721 1.7281.728 2.6852.685 5.7985.798 4242 15.97415.974
20032003 6.4976.497 2.5992.599 2.9522.952 8.6878.687 2222 20.75720.757
20042004 6.0666.066 2.5732.573 3.0973.097 7.7997.799 1717 19.55219.552
20052005 5.1095.109 2.7312.731 3.6333.633 7.7407.740 3232 19.24519.245
41.58741.587 13.96913.969 20.80420.804 52.63052.630 505505 129.495129.495
CONSEQUENCIASCONSEQUENCIASA violência doméstica contra a
criança/adolescente pode representar um verdadeiro fator de risco ao processo de desenvolvimento.
A transgressão da proibição do incesto e/ou a vitimização física podem trazer sérias conseqüências para a vítima, implicando na perturbação da noção de identidade e outros distúrbios de personalidade e de adaptação social.
CONSEQUENCIASCONSEQUENCIAS1. Ansiedade e depressão2. Auto-estima negativa3. Enfermidades psicossomáticas4.Distúrbios de atenção /
concentração5. Confusão sobre a identidade sexual6.Reprodução da experiência de
vitimização7. Dependência química8. Prostituição infantil9. Tentativas de suicídio ...
O ENFRENTAMENTO DA O ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICAVIOLÊNCIA DOMÉSTICA
O fenômeno da violência doméstica é caracterizado por várias fatores (sociais, culturais, psicológicos e históricos) em sua constituição e, desta forma, exige ações comprometidas dos profissionais envolvidos com a questão.
Por isso, todo o planejamento do processo de intervenção em casos de vitimização doméstica deve ser conduzido necessariamente em bases multiprofissionais, transdiciplinares e interinstitucionais, pois o enfrentamento nunca deverá se dar isoladamente.
Combatendo a Violência Combatendo a Violência Doméstica: Criando Doméstica: Criando uma Cultura de Pazuma Cultura de Paz
Com a colaboração deAntonio Augusto Pinto Junior
NÍVEIS DE PREVENÇÃO:NÍVEIS DE PREVENÇÃO:
PREVENÇÃO PRIMÁRIAPREVENÇÃO PRIMÁRIA
PREVENÇÃO SECUNDÁRIAPREVENÇÃO SECUNDÁRIA
PREVENÇÃO TERCIÁRIAPREVENÇÃO TERCIÁRIA
PREVENÇÃO PRIMÁRIA:PREVENÇÃO PRIMÁRIA:
Planejamento FamiliarPlanejamento FamiliarPré-natal IntegralPré-natal IntegralAlojamento ConjuntoAlojamento ConjuntoIncentivo ao Aleitamento MaternoIncentivo ao Aleitamento MaternoTrabalho de orientação: Trabalho de orientação:
maternidade e paternidade maternidade e paternidade responsáveis (sem violência).responsáveis (sem violência).
PREVENÇÃO SECUNDÁRIA:PREVENÇÃO SECUNDÁRIA:
Diagnóstico PrecoceDiagnóstico PrecoceTrabalho de Orientação de Pais Trabalho de Orientação de Pais
ViolentosViolentos Acompanhamento Sócio-Acompanhamento Sócio-
psicológico de Crianças e psicológico de Crianças e Adolescentes Vítimas de Adolescentes Vítimas de Violência Doméstica Violência Doméstica
PREVENÇÃO TERCIÁRIA:PREVENÇÃO TERCIÁRIA:Reeducação de PaisReeducação de Pais
Encaminhamento de Crianças e Encaminhamento de Crianças e
Adolescentes à PsicoterapiaAdolescentes à Psicoterapia
Reestruturação dos Vínculos FamiliaresReestruturação dos Vínculos Familiares
Encaminhamento das criançase Encaminhamento das criançase
adolescentes a Abrigos; ouadolescentes a Abrigos; ou
À Família Substituta; ouÀ Família Substituta; ou
À Adoção.À Adoção.
APOIAR APOIAR
Abrigado no Laboratório de Abrigado no Laboratório de Saúde Mental e Psicologia Saúde Mental e Psicologia
Clínica SocialClínica SocialDepartamento de PsicologiaDepartamento de Psicologia
Instituto de Psicologia da USP Instituto de Psicologia da USP ObjetivoObjetivo
Formação do psicólogo no campo Formação do psicólogo no campo da saúde mental em sua acepção da saúde mental em sua acepção mais ampla,ou seja, no que diz mais ampla,ou seja, no que diz
respeito ao estudo compreensão e respeito ao estudo compreensão e intervenção a pessoas em situação intervenção a pessoas em situação
de sofrimentode sofrimento
PROJETOS DE PESQUISAPROJETOS DE PESQUISAReunidos nesta mesma linha:Reunidos nesta mesma linha:
Estudo e compreensão de Estudo e compreensão de indivíduos em sofrimento Eindivíduos em sofrimento E
Possíveis intervenções que podem Possíveis intervenções que podem ser desenvolvidasser desenvolvidas
Proposta de Psicologia Clínica Proposta de Psicologia Clínica SocialSocial..
APOIARAPOIARTrabalha:Trabalha:
Recuperação da pessoa Recuperação da pessoa (sofrimento) (sofrimento)
Busca que a pessoa se sinta ela Busca que a pessoa se sinta ela mesma : em função da situação em mesma : em função da situação em
que se encontramque se encontram
Relação terapêutica: permite a Relação terapêutica: permite a comunicação comunicação
Permite que o paciente se sinta Permite que o paciente se sinta entendido e recuperadoentendido e recuperado
Busca oferecer atendimento à Busca oferecer atendimento à saúde, e especialmente à saúde saúde, e especialmente à saúde
psíquica)psíquica)Busca de alternativas de Busca de alternativas de
atendimento: atendimento: Para atender às necessidades e Para atender às necessidades e possibilidades de uma parcela mais possibilidades de uma parcela mais ampla da população - importânciaampla da população - importância
Projetos: dirigem-se a algumas Projetos: dirigem-se a algumas parcelas de nossa população –parcelas de nossa população –necessidade de pesquisas e necessidade de pesquisas e
trabalhos de intervençãotrabalhos de intervenção
APOIAAPOIARR
Parcerias:Parcerias:
Instituições e organizaçõesInstituições e organizaçõesAtenção à criança vítima de violência:Atenção à criança vítima de violência:
CRIA (Guaratinguetá)CRIA (Guaratinguetá)Liga Solidária – Abrigos (São Paulo)Liga Solidária – Abrigos (São Paulo)Associação Helen Drexel (São Paulo)Associação Helen Drexel (São Paulo)
Associação Lar Jesué Fransz (Diadema)Associação Lar Jesué Fransz (Diadema)PROVE – UNIFESP (São Paulo)PROVE – UNIFESP (São Paulo)
IPQ FMUSP (São Paulo)IPQ FMUSP (São Paulo)Projeto Refazendo Laços (São José dos Campos)Projeto Refazendo Laços (São José dos Campos)
Projetos de Mogi das CruzesProjetos de Mogi das CruzesProjetos em parceria com a Prefeitura de São Projetos em parceria com a Prefeitura de São
Paulo(andamento)Paulo(andamento)Grupo de São Caetano de Sul (em andamento)Grupo de São Caetano de Sul (em andamento)
ACEC - CUBATÃOACEC - CUBATÃO
APOIARAPOIAR
Atendimentos no IPUSPAtendimentos no IPUSPA Crianças vítimas de violência A Crianças vítimas de violência
domésticadoméstica
Projetos de pesquisa:Projetos de pesquisa:Validação de instrumentosValidação de instrumentos
Inventário de Frases no diagnóstico de crianças e Inventário de Frases no diagnóstico de crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica: um adolescentes vítimas de violência doméstica: um estudo de validade e padronização no contexto estudo de validade e padronização no contexto
brasileiro (FAPESP) brasileiro (FAPESP)
O Desenho da Pessoa na chuvaO Desenho da Pessoa na chuva
Colaboração no Projeto Temático:Colaboração no Projeto Temático:
Agressores Sexuais: Educadores (FAPESP)Agressores Sexuais: Educadores (FAPESP)
APOIAAPOIARR
Projetos:Projetos:
buscam desenvolver o trabalho em buscam desenvolver o trabalho em Psicologia Clínica Social:Psicologia Clínica Social:
compromisso com o sofrimento compromisso com o sofrimento psíquico, em suas mais variadas psíquico, em suas mais variadas
manifestações.manifestações.
Busca de modelos de intervenção Busca de modelos de intervenção psicoterapêuticas, e atuação preventiva psicoterapêuticas, e atuação preventiva e de promoção de melhores condições e de promoção de melhores condições
de vida de vida
OBRIGADA!!OBRIGADA!!
CONTATOSCONTATOSwww.leilatardivo.com.br
tardivo@usp.brtardivo@usp.br
Tel.: 11 - 5044 6962Tel.: 11 - 5044 6962