Post on 06-Feb-2016
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Belo Horizonte: “uma cidade pronta para receber o mundo” Quando eu resolvi vir a Belo Horizonte por intercâmbio para estudar a
língua portuguesa na UFMG, tinha que descrever onde ficaria durante um ano.
Expliquei que “BH é a terceira cidade do Brasil,” às vezes acrescentando que “é a
capital do estado de Minas Gerais”. Mas, mesmo assim, custava a achar alguém
que, pelo menos, tinha ouvido falar da cidade. No caso do estrangeiro médio, Belo
Horizonte e Minas Gerais ainda não estão no mapa mundial mental, apesar do
estado ser aproximadamente igual ao tamanho da França. Porém, daqui a pouco,
tudo isso vai mudar e de uma maneira drástica.
Atualmente, a Prefeitura de Belo Horizonte e o governo estadual de Minas
Gerais têm se preparado para sediar dois eventos tão gigantescos que até
merecem o prefixo mega. Esses dois megaeventos serão, na verdade, duas
copas: a Copa de Confederação da FIFA 2013 e a Copa do Mundo da FIFA Brasil
2014, o segundo maior evento esportivo do planeta. Na esfera municipal, o órgão
governamental responsável pelo planejamento e pela execução das copas em
Belo Horizonte é o Comitê Executivo Municipal da Copa do Mundo da FIFA Brasil
2014: um nome grande para um setor com uma responsabilidade igualmente
grande. Desde abril de 2012, eu fui estagiário no Comitê, agindo como
tradutor/intérprete, traduzindo material promocional, comunicações da FIFA, e
apresentações voltadas para audiências de fala inglesa.
Nas palavras do Comitê, Belo Horizonte “promete dar show” para os
apaixonados do futebol e turistas que virão conhecer a cidade durante as copas
de 2013 e 2014. Contando os dois torneios a serem sediados, a capital mineira
terá o segundo maior número de jogos, sendo 9 no total. Já especificamente para
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a Copa do Mundo 2014, serão 6 jogos e — o que é melhor — pelo menos 3 jogos
incluirão seleções internacionais de destaque como, por exemplo, a Espanha, a
Inglaterra, a Itália, a Holanda, ou a Argentina. Além do mais, um jogo semifinal
acontecerá em BH. Durante os três jogos em 2013 e os seis em 2014, todos os
olhos do mundo estarão focados na nossa Belo Horizonte. Mas, antes que isso
possa acontecer, há que se realizar uma litania de preparativos para que BH
arrase nas copas.
Contudo, conforme as minhas conversas com amigos de fora, está
circulando uma certa dúvida se as preparações no Brasil realmente vão estar
prontas a tempo. Após trabalhar no Comitê, eu vejo que essa dúvida, embora
possa ter papel construtivo e de incentivo, não tem base. Para garantir o sucesso
da cidade durantes esses megaeventos esportivos, o Comitê — em parceria com
a Prefeitura e o Governo de Minas Gerais — já montou um projeto estratégico de
planejamento. O projeto conta com a seguinte visão norteadora: “Minas Gerais e
Belo Horizonte integrados na gestão da Copa do Mundo 2014 como alavanca para
o desenvolvimento econômico, social e cívico”. Essa visão reconhece a ideia de
que os investimentos e as preparações para as copas não só garantirão o êxito
mas também construirão um legado para futuras gerações. Dito projeto se compõe
por seis eixos temáticos principais que ajudam o Comitê a categorizar e conceituar
as numerosas necessidades e exigências relacionadas aos preparativos dos
eventos. Essas categorias são: mobilidade urbana, turismo e hotéis,
comunicações e marketing, utilidade pública, requisitos da FIFA, e infraestrutura
esportiva. Vejamos dois desses temas de maneira mais detalhada.
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De uma forma ou de outra, todo belorizontino — seja motorista ou não —
experimenta de primeira mão como é tentar se deslocar na cidade durante a hora
da rush. Pessoalmente, alguns adjetivos que surgem na mente seriam cansativo e
estressante. Entretanto, a Prefeitura oferece uma estratégia que promete
solucionar em parte a demanda para um fluxo de trânsito mais rápido, seguro e
eficiente. A tempo para a copa de 2014, Belo Horizonte contará com um sistema
de BRT (Bus rapid transit = Trânsito de ônibus rápido) que já está sendo
implantado nas principais vias da cidade. Para quem já andou de ônibus em
Curitiba, o sistema de BH se assemelhará à da capital paranaense. Avenida
Cristiano Machado, Avenida Antônio Carlos, e a Área Central — essas duas
avenidas importantes da cidade além da área central, que consiste de mais de
uma avenida, terão instalados a infraestrutura do BRT, com ônibus modernos de
alta capacidade, cobrança externa, embarque e desembarque ao nível das
estações e informações ao usuário atualizado. Para uma cidade que precisa
mesmo de uma solução eficaz para o fluxo de trânsito, o BRT promete agilizar o
tráfego ao trabalho, à escola, ou seja, aonde for.
Já que será mais fácil chegar aonde precisar, o destino central das copas
— o Mineirão — também está passando por um processo de revitalização. É fácil
perceber que Belo Horizonte é uma cidade verdadeiramente apaixonada pelo
futebol. Eu moro no centro e os foguetes e gritos desvairados servem como
reafirmações constantes desse fato. Tendo dito isso, não cabe dúvida de que o
coração vibrante dessa paixão é o Mineirão. Um dos estádios mais tradicionais
está em uma etapa de modernização, a ser reinaugurada dia 21 de dezembro,
2012. Depois da reforma, o Mineirão será muito mais do que um estádio qualquer.
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O plano visa o lugar como um espaço multiuso, com a esplanada sendo um dos
pontos de convívio social mais importante e especial da capital. Adicionalmente,
prevê a construção de um museu de futebol que atestará a paixão futebolística
dos mineiros.
Esses dois exemplos dos preparativos que a Prefeitura e o Comitê estão
realizando representam uma mera fração do total. Com a atenção tanto sobre o
plano como um todo quanto nos detalhes, Belo Horizonte pode se gabar de ter
uma das preparações mais adiantadas de todas as 12 cidades-sede. BH e a
população mineira — com toda a sua fama de ser acolhedora — estão prontos
para receber o mundo. Ao final das copas, se tudo der certo — e a evidência
aponta que vai — não tem como Belo Horizonte e Minas não estarem firmemente
colocados em um lugar destacado no mapa do mundo.