Post on 25-Jan-2019
INSTITUTO OSWALDO CRUZ
Doutorado em Biologia Celular e Molecular
DIAGNÓSTICO MOLECULAR DIFERENCIAL DAS PRINCIPAIS
DOENÇAS NEUROMUSCULARES DEGENERATIVAS EM CRIANÇAS DA
POPULAÇÃO DO RIO DE JANEIRO.
VIVIANNE GALANTE RAMOS
Rio de Janeiro
2009
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
ii
INSTITUTO OSWALDO CRUZ
Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular
VIVIANNE GALANTE RAMOS
Diagnóstico Molecular Diferencial das Principais Doenças Neuromusculares Degenerativas
em Crianças da População do Rio de Janeiro.
Orientador (es): Prof. Dr. Pedro Hernán Cabello
Prof. Dra. Alexandra Prufer de Queiroz Campos Araújo
Rio de Janeiro 2009
Tese apresentada ao Instituto Oswaldo Cruz como
parte dos requisitos para a obtenção do Título de
Doutor em Biologia Celular e Molecular, na área de
Genética Molecular Humana.
iii
Ficha Catalográfica elaborada pela
Biblioteca de Manguinhos / CICT / FIOCRUZ – RJ
Ramos, Vivianne Galante
Diagnóstico Molecular Diferencial das Principais Doenças Neuromusculares Degenerativas
em Crianças da População do Rio de Janeiro / Vivianne Galante Ramos - Rio de Janeiro,
2009
Tese (doutorado) - Instituto Oswaldo Cruz, Biologia Celular e Molecular, 2009
Bibliografia: f.
1. Distrofia Muscular de Duchenne. 2. Atrofia Muscular Espinhal. 3. Diagnóstico
Molecular. 4. Reação em Cadeia da Polimerase. 5. SMN. 6. NAIP. 7. DMD. 8.
DMB. 9. Fluxograma. I. Título
CDD:
iv
INSTITUTO OSWALDO CRUZ
Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular
VIVIANNE GALANTE RAMOS
DIAGNÓSTICO MOLECULAR DIFERENCIAL DAS PRINCIPAIS
DOENÇAS NEUROMUSCULARES DEGENERATIVAS EM CRIANÇAS
DA POPULAÇÃO DO RIO DE JANEIRO.
Orientador (es): Prof. Dr. Pedro Hernán Cabello
Prof. Dra. Alexandra Prufer de Queiroz Campos Araújo
Aprovada em:
EXAMINADORES:
Dra. Maria da Graça Pereira Dutra (IOC/FIOCRUZ) - Presidente
Profa. Dra. Silvia Regina Sampaio Freitas (INCOR/USP)
Profa. Dra. Georgina Severo Ribeiro (UFF)
Rio de Janeiro
2009
v
INSTITUTO OSWALDO CRUZ
Diagnóstico Molecular Diferencial das Principais Doenças Neuromusculares Degenerativas
em Crianças da População do Rio de Janeiro.
Resumo
TESE DE DOUTORADO
Vivianne Galante Ramos
Dentre o grande número de doenças de origem genética conhecidas e que afetam os seres humanos, existem algumas que são degenerativas e que acometem tecidos importantes. Neste trabalho foram estudadas as doenças neuromusculares mais freqüentes na população mundial: Distrofia Muscular de Duchenne (DMD) e Becker (DMB) e Atrofia Muscular Espinhal (AME). A Distrofia Muscular de Duchenne, que afeta aproximadamente 1 /3.500 homens, é a mais comum e a mais grave das distrofias hereditárias e sua herança é recessiva ligada ao cromossomo X. O gene da distrofina tem aproximadamente 2,3 milhões de pares de bases distribuídos em 79 éxons, tornando-se o maior gene conhecido em seres humanos. A Distrofia Muscular de Becker, que difere clinicamente da DMD pela evolução lenta, trata-se de uma afecção mais benigna, de início tardio. A clonagem destes genes mostrou que as duas doenças são de fato causadas por mutações diferentes no mesmo locus. Com uma prevalência de 1/10.000 nascimentos, as Atrofias Musculares Espinhais, são doenças hereditárias do segundo neurônio motor, que causam fraqueza muscular progressiva: a AME I (Werdnig-Hoffmann), a forma mais grave, a Intermediária ou tipo II e a Juvenil ou tipo III. Elas são diferentes com relação à idade de início, à gravidade e aos músculos afetados. Dois genes foram associados, o gene de sobrevivência do neurônio motor (SMN) e o da proteína inibitória de apoptose neuronal (NAIP). Este trabalho teve por objetivo principal o estudo do diagnóstico molecular diferencial dessas doenças tendo em vista a grande dificuldade em estabelecer o diagnóstico clínico correto, já que essas desordens apresentam um quadro clínico bastante semelhante entre si. A metodologia utilizada foi baseada em técnicas de Biologia Molecular, sobretudo o PCR-multiplex e Nested-PCR. Dos 48 pacientes com suspeita clínica de DMD e DMB, 13 não apresentaram confirmação molecular para essa doença e dos 36 pacientes com suspeita clínica de AME, 18 foram confirmados pelo diagnóstico molecular. Com isso foi formulado um algoritmo com o intuito de direcionar o diagnóstico molecular tornando-o mais eficiente e econômico, já que caracterização molecular de cada doença específica, no menor tempo possível, propicia a escolha do tratamento mais adequado, acarretando uma melhora na qualidade de vida do paciente.
vi
INSTITUTO OSWALDO CRUZ
Molecular Differential Diagnosis of Main Neuromuscular Degenerative Disease in Children
Population of Rio de Janeiro. Abstract
TESE DE DOUTORADO
Vivianne Galante Ramos
Among the large amount of known genetic diseases that affect human beings, there are some that are degenerative and affect important tissues. Here, we studied the most frequent neuromuscular diseases in the world population: Duchenne Muscular Dystrophy (DMD), Becker Muscular Dystrophy (DMB), and Spinal Muscular Atrophy (AME). Duchenne Muscular Dystrophy is the most common and serious of the heritage dystrophies, affecting 1/3.500 men. Its heritage is recessive and linked to the X chromosome. The DMD gene has approximately 2.3 million base pairs distributed in 79 exons, being the largest known human gene. The Becker Muscular Dystrophy differs from DMD because of its slow progression and is a more benign disease, with a later onset. Cloning of this gene showed that there are different mutations at the same locus. With a 1/10.000 birth prevalence, the Spinal Muscular Atrophies, are hereditary diseases from the second motor neuron that cause progressive muscular weakness: AMEI (Werdnig-Hoffmann) is the most severe; the intermediary or type II, and juvenile or type III. The different types have different onset age, severity and affected muscles. Two genes have been associated with it: the motor neuron survival gene (SMN), and neuron apoptosis inhibitory protein (NAIP). This work's main aim was to study the molecular diagnosis of these diseases, since the correct clinic diagnosis is very hard to achieve since the diseases have very similar clinic characteristics. The methodology used is based on Molecular Biology techniques, mainly multiplex-PCR and nested-PCR. Out of 48 patients clinically diagnosed as DMD/ DMB, 13 didn't have their diagnosis molecularly confirmed. Out of the 36 patients clinically diagnosed as AME, 18 had their diagnostic molecularly confirmed. Based on these findings, we were able to propose an algorithm in order to direct the molecular diagnostic in becoming more efficient and economic. Molecular characterizing of the disease in a short period of time leads to the choice of the best treatment and a better life quality for the patient.
vii
Dedico essa tese a minha pequena Giovanna
AGRADECIMENTOS
viii
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste
trabalho.
Aos meus orientadores que me ensinaram a arte da pesquisa científica. Ao Pedro pelo
constante apoio, amizade, paciência e ajuda na difícil tarefa de orientar. A Alexandra, pela
valiosa colaboração como neuropediatra, na triagem dos pacientes e contribuição nos
trabalhos.
À Dra. Andrea Henriques Pons, pela gentileza de revisar a tese e pelos comentários
pertinentes, que contribuíram para melhora do trabalho.
Aos colegas de trabalho do Laboratório de Genética Humana, pelo companheirismo,
convivência agradável e apoio durante todos esses anos.
À Flávia pela incansável ajuda na execução das análises laboratoriais e por sua amizade.
Á Silvia e Simone, pelas revisões, pelo estímulo e carinho.
Aos amigos Adriana, Christiane Giselle e Hélio, que apesar da distância sempre torceram por
mim.
Ao pessoal da coordenação de Pós-Graduação pelo apoio acadêmico.
Aos meus pais, meu marido e minha filha que me deram o colo nos momentos de crise,
estímulo nos momentos de dúvida, amor a vida toda. Vocês são a razão da minha luta, da
minha vontade de ser sempre melhor e fazer sempre mais por mim, por nós e pelos demais.
Àquele que nos momentos de fraqueza sussurrou em meu ouvido “estou segurando firme a
sua mão”. Obrigada Deus.
Agradeço pelo suporte financeiro: FAPERJ, CNPq, PAPES/Fiocruz, POM do Laboratório.
LISTA DE ABREVIATURAS
ix
LISTA DE ABREVIATURAS
A ADP Difosfato de adenosina
AME Atrofia muscular espinhal
AME I Atrofia muscular espinhal do tipo I
AME II Atrofia muscular espinhal do tipo II
AME III Atrofia muscular espinhal do tipo III
ATP Trifosfato de adenosina
AV Ácido valpróico
AVE Acidente vascular encefálico
C ºC Graus Celsius
CK Creatino quinase
cM Centimorgan
Ca++ Íon de cálcio
cDNA Ácido desoxirribonucléico complementar
CEP Comitê de ética e pesquisa
CONEP Comissão nacional de ética em pesquisa
χ2 Qui-quadrado
D dATP Desoxiadenosina trifosfato
dCTP Desoxicitidina trifosfato
dGTP Desoxiguanosina trifosfato
dTTP Desoxitimidina trifosfato
dNTP Desoxirribonucleotídeos-trifosfato
DAG Complexo multimérico composto distroglicano
DAPs Complexo de glicoproteínas
DEL Deleção
DMB Distrofia muscular de Becker
DMC Distrofia muscular de cinturas
DMD Distrofia muscular de Duchenne
DMP Distrofia muscular progressiva
DMS Distrofia miotônica de Steinert
DNA Ácido desoxirribonucléico
DNMD Doença neuromuscular degenerativa
E EDTA Ácido etilenodiamino tetra-acético
ENMG Eletroneuromiografia
G G Grama (unidade de medida)
LISTA DE ABREVIATURAS
x
Gl Graus de liberdade
H H-W Hardy-Weinberg
I IAP Proteína inibitória de apoptose
IPPMG Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira
K Kb Quilobase
KCl Cloreto de potássio
KDa Quilodalton
KHCO3 Monocarbonato de potássio
M M Molar
MC Miopatia congênita
Mg Miligramas
MgCl2 Cloreto de magnésio
mRNA RNA mensageiro
µl Microlitro
µg Micrograma
Ml Mililitro
mM Milimolar
N Na+ Íon de sódio
NaCl Cloreto de sódio
Nh4Cl Cloreto de amônia
NAIP Gene da proteína inibitória de apoptose neuronal
NAIP Proteína inibitória de apoptose neuronal
Ng Nanograma
P P Probabilidade
PA Produto amplificado
PB Par de bases
PCR Reação em cadeia da polimerase
pH Potencial hidrogeniônico
Q QI Quociente de inteligência
R RFLP Polimorfismo de tamanho de fragmento de restrição
RJ Rio de Janeiro
RM Retardo mental
RNA Ácido ribonucléico
RPM Rotações por minuto
S SDS Dodecil sulfato de sódio
SMN Proteína de sobrevivência do neurônio motor
SMN Gene de sobrevivência do neurônio motor
LISTA DE ABREVIATURAS
xi
SMN1 ou SMNt Gene de sobrevivência do neurônio motor telomérico
SMN2 ou SMNC Gene de sobrevivência do neurônio motor centromérico
SNC Sistema nervoso central
SNP Sistema nervoso periférico
SPSS Statistical product and service solutions
T TBE Tampão tris-ácidobórico-edta
TCE Traumatismo cranioencefálico
TCLE Termo de Consentimento Livre Esclarecido
TE Tampão tris-edta
U U Unidade
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
V V Volts
Y YACs Yeast Artificial Chromosomes
Z Zn2++ Zinco
LISTA DE FIGURAS
xii
LISTA DE FIGURAS Figura 1
Distribuição das doenças na população brasileira no período de 1930 a
2003. 01
Figura 2 Desenho esquemático da medula espinhal, onde estão representados os
neurônios motores, o corno anterior, o nervo espinhal, a raiz anterior e a
fibra muscular.
04
Figura 3 Microscopia eletrônica de um neurônio motor. 08
Figura 4 Desenho esquemático de um neurônio motor. 09
Figura 5 Desenho esquemático da contração muscular. 10
Figura 6 Recém-nascido com AME I (Werdnig-Hoffmann) mantido sob
ventilação mecânica. 16
Figura 7 Paciente hipotônica apresentando dificuldade de ficar em pé. 18
Figura 8 Irmãos com atrofia muscular espinhal do tipo III. 19
Figura 9 Representação esquemática dos genes SMN1 e SMN2. 22
Figura 10 Representação da estrutura cristalografada do complexo smn humano. 25
Figura 11 Baculoviral inibitória de apotose (IAP). 26
Figura 12 Mapa físico do cromossomo 5. 27
Figura 13 Manobra de gowers realizada por uma criança com dmd. 43
Figura 14 Complexo glicoprotéico. 46
Figura 15 Gel de poliacrilamida 12%, éxon 7 do gene SMN. 61
Figura 16 Gel de poliacrilamida 12%, éxon 8 do gene SMN. 62
Figura 17 Gel de agarose 2% do pcr-multiplex para os éxons 5 e 6 do gene NAIP. 64
Figura 18 Esquema de amplificação para os éxons analisados em pacientes com
DMD ou DMB. 66
Figura 19 Gel de agarose 2,5% do PCR-multiplex (éxons 4, 8, 12, 17, 19, 44, 45,
48 e 51). 67
LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS
xiii
LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS Tabela 01
Marcos na história da atrofia muscular espinhal. 13
Tabela 02 Critérios clínicos para diagnóstico da ame. 29
Tabela 03 Valores normais de creatino-quinase de acordo com a idade e o sexo do
indivíduo. 30
Tabela 04 AMEs x doenças com características clínicas similares. 35
Tabela 05 Principais doenças neuromusculares. 35
Tabela 06 Marcos na história da distrofia muscular. 41
Tabela 07 Resumo dos oligonucleotídeos utilizados para análise do gene SMN (1ª fase). 60
Tabela 08 Resumo dos oligonucleotídeos utilizados para análise do gene SMN (2ª fase). 60
Tabela 09 Resumo dos oligonucleotídeos (primers) utilizados para análise do gene NAIP. 63
Tabela 10 Resumo dos oligonucleotídeos (primers) utilizados para análise do gene DMD. 65
Tabela 11 Sexo, suspeita clínica e idade dos primeiros sintomas em todos os pacientes. 68
Tabela 12 Suspeita clínica e sexo nos pacientes com suspeita clínica de DMD/B e AME. 69
Tabela 13 Idade dos primeiros sintomas em pacientes com suspeita clínica de DMD/B e
AME. 69
Tabela 14 Histórico de pseudo-hipertrofia nos pacientes analisados. 70
Tabela 15 Histórico de pseudo-hipertrofia em pacientes com suspeita clínica de DMD/B e
AME. 70
Tabela 16 Suspeita clínica e movimentos intra-uterinos. 71
Tabela 17 Suspeita clínica e o marco motor: sustentar a cabeça. 71
Tabela 18 Marco motor: sustentar a cabeça em pacientes com suspeita clínica de DMD/B
e AME. 72
Tabela 19 Suspeita Clínica e o Marco Motor: Sentar. 72
Tabela 20 Marco motor: sentar em pacientes com suspeita clínica de DMD/B e AME. 72
Tabela 21 Suspeita clínica e o marco motor: ficar em pé. 73
Tabela 22 Marco motor: ficar em pé em pacientes com suspeita clínica de DMD/B e
AME. 73
Tabela 23 Suspeita clínica e o marco motor: andar. 74
Tabela 24 Marco motor: andar em pacientes com suspeita clínica de DMD/B e AME. 74
Tabela 25 Suspeita clínica e história familiar. 75
Tabela 26 Suspeita clínica e consangüinidade. 75
Tabela 27 Suspeita clínica e atrofia. 76
Tabela 28 Histórico de atrofia em pacientes com suspeita clínica de DMD/B e AME. 76
Tabela 29 Suspeita clínica e tônus muscular. 77
LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS
xiv
Tabela 30 Observação de tônus muscular em pacientes com suspeita clínica de DMD/B e
AME. 77
Tabela 31 Suspeita clínica e reflexos. 78
Tabela 32 Observação dos reflexos em pacientes com suspeita clínica de DMD/B e AME. 78
Tabela 33 Suspeita clínica e fasciculações. 79
Tabela 34 Observação de fasciculações em pacientes com suspeita clínica de DMD/B e
AME. 79
Tabela 35 Observação de miotonia em todos os pacientes analisados. 80
Tabela 36 Observação de alterações de nervos cranianos em todos os pacientes
analisados. 81
Tabela 37 Eletroneuromiografia nos pacientes analisados. 81
Tabela 38 Eletroneuromiografia em pacientes com suspeita clínica de DMD/B e AME. 81
Tabela 39 Pacientes com AME confirmados pelo diagnóstico molecular, distribuídos por
sexo. 82
Tabela 40 Pacientes com DMD/B confirmados pelo diagnóstico molecular, distribuídos
por sexo. 82
Gráfico 1 Distribuição DMD/B x número de deleções. 83
Gráfico 2 Distribuição de DMD/B x exon deletado. 84
Gráfico 3 Combinação dos éxons deletados em pacientes com AME. 85
Gráfico 4 Frequência das Combinações dos éxons deletados em pacientes com AME. 86
SUMÁRIO
xv
SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................... 01
1.1. Aspectos Gerais do Sistema Nervoso..................................................................... 04
1.2. Aspectos Gerais do Tecido Muscular..................................................................... 09
1.3. Atrofia Muscular Espinhal Proximal (AME)......................................................... 12
1.3.1. Caracterização Clínica da Atrofia Muscular Espinhal tipo I........................ 14
1.3.2. Caracterização Clínica da Atrofia Muscular Espinhal tipo II....................... 17
1.3.3. Caracterização Clínica da Atrofia Muscular Espinhal tipo III...................... 18
1.3.4. Caracterização Genético-Molecular da Atrofia Muscular Espinhal.............. 21
1.3.5. Herança da AME Proximal........................................................................... 27
1.3.6. Critérios Diagnósticos para AMEs................................................................ 29
1.3.6.1. Critérios Clínicos................................................................................... 29
1.3.6.2. Critérios Laboratoriais........................................................................... 29
1.3.7. Epidemiologia da AME................................................................................ 32
1.3.8. Estudos da AME no Brasil............................................................................ 32
1.4. Diagnóstico Diferencial......................................................................................... 34
1.5. Ações Terapêuticas................................................................................................ 36
1.6. Estudos Moleculares.............................................................................................. 37
1.7. Distrofia Muscular de Duchenne........................................................................... 39
1.7.1. Diagnóstico Clínico da DMD....................................................................... 43
1.7.2. Caracterização Genético Molecular da Distrofia Muscular de Duchenne.... 44
1.7.3. Aspectos Físicos- Clínicos na Distrofia Muscular de Duchenne.................. 47
1.7.4. Aspectos Clínico-Laboratoriais..................................................................... 48
1.7.5. Retardo Mental na DMD............................................................................... 49
1.7.6. Ações Terapêuticas........................................................................................ 51
1.8. Distrofia Muscular de Becker (DMB).................................................................... 51
1.9. Relevância do Presente Estudo............................................................................... 52
2. OBJETIVOS............................................................................................................................. 54
2.1. Objetivo Geral......................................................................................................... 54
2.2. Objetivos Específicos.............................................................................................. 54
3. MATERIAL & MÉTODOS....................................................................................................... 55
3.1. Avaliação do Projeto Pelo Comitê de Ética Em Pesquisa...................................... 55
3.2. Amostra de Estudo................................................................................................. 56
3.2.1. Critérios De Inclusão / Exclusão................................................................... 56
3.3. Avaliação Clínica................................................................................................... 56
3.4. Análise Laboratorial.............................................................................................. 57
SUMÁRIO
xvi
3.4.1. Extração de DNA Genômico........................................................................ 57
3.4.2. Estimativa da Concentração de DNA........................................................... 58
3.4.3. Determinação Molecular.............................................................................. 59
3.4.3.1. Investigação Molecular do Gene SMN................................................. 59
3.4.3.2. Investigação Molecular do Gene NAIP................................................ 62
3.4.3.3. Investigação Molecular do Gene da Distrofina.................................... 65
4. RESULTADOS........................................................................................................................ 68
4.1. Sexo e Idade dos Primeiros Sintomas.................................................................... 68
4.2. Pseudo-Hipertrofia e Movimentos Intrauterinos.................................................... 70
4.3. Marcos Motores...................................................................................................... 71
4.4. Histórico Familiar e Consangüinidade.................................................................. 74
4.5. Ausência de Tonus muscular e de Reflexos........................................................... 76
4.6. Fasciculações.......................................................................................................... 79
4.7. Miotonia.................................................................................................................. 80
4.8. Alterações nos Nervos Cranianos........................................................................... 80
4.9. A Eletroneuromiografia.......................................................................................... 81
4.10. Testes Moleculares............................................................................................... 82
4.11. Diagnóstico Diferencial entre as Distrofias e Atrofias......................................... 87
4.11.1. Algoritmo DisAME...................................................................................... 87
5. DISCUSSÃO............................................................................................................................. 90
6. CONCLUSÕES....................................................................................................................... 100
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................ 101
8. ANEXOS................................................................................................................................ 121
8.1. Anexo 1................................................................................................................ 121
8.2. Anexo 2................................................................................................................ 122
8.3. Anexo 3................................................................................................................ 123
8.4. Anexo 4................................................................................................................. 124
8.5. Anexo 5................................................................................................................. 126
8.6. Anexo 6................................................................................................................. 127
8.7. Anexo 7................................................................................................................. 128
9. APÊNDICE............................................................................................................................... 131
INTRODUÇÃO
1
11.. IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO
No atual estágio de desenvolvimento científico, dispomos de um grande arsenal de
recursos que nos capacitam a identificar e entender os aspectos relevantes da dinâmica das
condições da saúde nas populações humanas. Na primeira metade do século passado mais de
40% dos brasileiros adoeciam e morriam de doenças infecciosas e parasitárias, como
sarampo, poliomielite e malária (http://www.agencia.fapesp.br/materia/8529/noticias/panorama-
das-doencas.htm). Essa tendência epidemiológica se inverteu com o passar dos anos,
acompanhado de uma melhora na qualidade de vida e a partir da década de 70 a maior parte
da população começou a padecer de doenças crônicas não transmissíveis, como pode ser
observado na figura 1.
Figura 1. Distribuição das Doenças na População Brasileira no período de 1930 a 2003. (http://portal.saude.gov.br/SAUDE/visualizar_texto.cfm?idtxt=24421 - 11/08/2009
INTRODUÇÃO
2
As doenças parasitárias e infecciosas apresentam nítidas tendências decrescentes, por
outro lado houve um aumento significativo da participação das doenças crônico degenerativas
na composição da mortalidade (Carmo et al., 2003). Surgindo assim a necessidade de estudos
sobre doenças condicionadas por fatores genéticos, dentre as quais as neuromusculares e as
neurodegenerativas, que se apresentam como desordens de relevante importância tanto pela
sua complexidade como pela sua expressiva frequência na população mundial.
Nos últimos anos as maiores surpresas da revolução molecular surgiram de
investigações de doenças neuromusculares. Primeiro veio a descoberta do gene da distrofina
na Distrofia Muscular de Duchenne (Prior et al., 1989), posteriormente as expansões
trinucleotídicas da Síndrome de Kennedy, X-Frágil e Distrofia Miotônica, entre outras
(Caskey et al., 1992). As Atrofias Musculares Espinhais (AMEs), ainda o maior enigma das
desordens neuromusculares genéticas, podem em breve contribuir para esta lista de surpresas.
As doenças neuromusculares caracterizam-se por situações decorrentes de problemas
localizados na parte anterior da medula, nos nervos periféricos, nas placas mioneurais ou nos
músculos (Fallon et al., 1999).
O Diagnóstico Molecular é um emergente campo na área de análises clínicas
laboratoriais. Basicamente, utiliza técnicas de Biologia Molecular para o estudo do
DNA/RNA de agentes infecciosos ou de alterações genéticas do próprio organismo,
auxiliando no diagnóstico e prognóstico de doenças infecciosas, genéticas e câncer.
O desenvolvimento do Diagnóstico Molecular possibilitou uma grande evolução nas análises
de rotina de laboratórios clínicos e industriais. Organismos de cultivo difícil ou impossível
tornaram-se passíveis de serem analisados. Exames citogenéticos convencionais estão sendo
substituídos pela ferramenta molecular. Determinação de predisposição para certos tipos de
câncer e doenças cardiovasculares têm se tornado realidade. Em poucos anos, o diagnóstico
molecular evoluiu de uma mera curiosidade tecnológica para um campo vasto e complexo,
com o potencial para revolucionar a ciência e a prática da medicina e áreas correlatas.
INTRODUÇÃO
3
Atualmente considera-se irreversível a tendência mundial desta área obter um lugar de
destaque nos laboratórios de análises clínicas e patológicas humanas ou de sanidade animal.
Dentre o grande número de doenças humanas com traço genético, destacamos os
distúrbios degenerativos devido a sua complexidade clínica, o que aumenta a relevância da
investigação molecular para o seu diagnóstico. Até o momento são descritas cerca de 40
doenças neuromusculares, classificadas em grupos, conforme o tecido afetado e a coexistência
ou não de neuropatias ou apenas miopatias. Dentre estas, podemos encontrar as distrofias
musculares, as miopatias inflamatórias, as metabólicas, as resultantes de anormalidades
endócrinas e outras (Reed, 2002).
As atrofias em geral são caracterizadas pela redução do volume do tecido muscular
que podem ser decorrentes de diversas causas; algumas reversíveis e não necessariamente
progressivas. Podem ser ocasionadas por comprometimentos em vários locais do sistema
nervoso e da unidade motora (conjunto constituído do segundo neurônio-nervo periférico
motor-músculo). Já a distrofia é uma atrofia progressiva em um determinado tecido, causada
por destruição deste mesmo tecido, sendo, portanto necessariamente progressiva, em níveis
variáveis de evolução.
O grupo de doenças denominado de Atrofias Musculares Espinhais (AME) tem
origem genética e se caracteriza pela atrofia muscular secundária à degeneração de neurônios
motores localizados no corno anterior da medula espinhal (figura 2).
As atrofias musculares espinhais e as distrofias musculares são exemplos de doenças
neuromusculares de origem genética. Não é raro ocorrer confusão entre esses dois
diagnósticos, uma vez que apesar de existir aspectos típicos que as diferenciam, nem sempre
essas características típicas são encontradas, pois estas dependem do estágio da doença que
cada indivíduo se encontra ao ser avaliado.
INTRODUÇÃO
4
Figura 2. Desenho Esquemático da Medula Espinhal, onde estão representados os neurônios motores, o corno
anterior, o nervo espinhal, a raiz anterior e a fibra muscular.
(Fonte: www.sarah.br - 11/08/2009)
1.1. ASPECTOS GERAIS DO SISTEMA NERVOSO
O Sistema Nervoso é dividido em Sistema Nervoso Central (SNC), composto pelo
encéfalo e pela medula espinhal, localizados na cavidade craniana e no canal vertebral,
respectivamente, e o Sistema Nervoso Periférico (SNP), constituído por nervos, gânglios e
receptores.
Os neurônios são as células responsáveis pela recepção e transmissão dos estímulos do
meio, possibilitando ao organismo a execução de respostas adequadas para a manutenção da
homeostase. Os neurônios classificam-se em três categorias principais: (1) sensoriais, que
transportam os impulsos dos receptores ao SNC; (2) motores, que transportam impulsos do
SNC às células efetoras (figuras 3 e 4); e centrais (3) que constituem uma grande rede
INTRODUÇÃO
5
intermediária situada entre os neurônios sensoriais e os motores, chamados também de
interneurônios. Para exercerem suas funções, contam com duas propriedades fundamentais: a
irritabilidade (também denominada excitabilidade ou responsividade) e a condutibilidade.
Irritabilidade é a capacidade que permite a uma célula responder a estímulos, sejam eles
internos ou externos. Portanto, irritabilidade não é uma resposta, mas a propriedade que torna
a célula apta a responder. Essa propriedade é inerente aos vários tipos celulares do organismo.
No entanto, as respostas emitidas pelos tipos celulares distintos também diferem umas das
outras. A resposta emitida pelos neurônios assemelha-se a uma corrente elétrica transmitida
ao longo de um fio condutor: uma vez excitados pelos estímulos, os neurônios transmitem
essa onda de excitação - chamada de impulso nervoso - por toda a sua extensão em grande
velocidade e em um curto espaço de tempo. Esse fenômeno deve-se à propriedade de
condutibilidade.
O neurônio é composto de um corpo celular (onde está o núcleo, o citoplasma e o
citoesqueleto), e de finos prolongamentos celulares denominados neuritos, que podem ser
subdivididos em dendritos e axônios.
Os dendritos são prolongamentos geralmente muito ramificados e que atuam como
receptores de estímulos. Os axônios são prolongamentos longos que atuam como condutores
dos impulsos nervosos. Todos os axônios têm um início (cone de implantação), um meio (o
axônio propriamente dito) e um fim (terminal axonal ou botão terminal). O terminal axonal é
o local onde o axônio entra em contato com outros neurônios e/ou outras células e passa a
informação (impulso nervoso) para eles. A região de passagem do impulso nervoso de um
neurônio para a célula adjacente chama-se sinapse. O axônio está envolvido por um dos tipos
celulares seguintes: célula de Schwann (encontrada apenas no SNP) ou oligodendrócito
(encontrado apenas no SNC). Em muitos axônios, esses tipos celulares determinam a
formação da bainha de mielina - invólucro principalmente lipídico, que atua como isolante
térmico e facilita a transmissão do impulso nervoso. Em axônios mielinizados existem regiões
INTRODUÇÃO
6
de descontinuidade da bainha de mielina, que acarretam a existência de uma constrição
(estrangulamento) denominada nódulo de Ranvier. No caso dos axônios mielinizados
envolvidos pelas células de Schwann, a parte celular da bainha de mielina, onde estão o
citoplasma e o núcleo desta célula, constitui o chamado neurilema.
A membrana plasmática do neurônio transporta alguns íons ativamente, do líquido
extracelular para o interior da fibra, e outros, do interior, de volta ao líquido extracelular.
Assim funciona a bomba de sódio e potássio, que bombeia ativamente o sódio para fora,
enquanto o potássio é bombeado ativamente para dentro. Porém esse bombeamento não é
eqüitativo: para cada três íons sódio bombeados para o líquido extracelular, apenas dois íons
potássio são bombeados para o líquido intracelular. Somando-se a esse fato, em repouso a
membrana da célula nervosa é praticamente impermeável ao sódio, impedindo que esse íon se
mova a favor de seu gradiente de concentração (de fora para dentro); porém, é muito
permeável ao potássio, que, favorecido pelo gradiente de concentração e pela permeabilidade
da membrana, se difunde livremente para o meio extracelular.
Como a saída de sódio não é acompanhada pela entrada de potássio na mesma
proporção, estabelece-se uma diferença de cargas elétricas entre os meios intra e extracelular:
há déficit de cargas positivas dentro da célula e as faces da membrana mantêm-se
eletricamente carregadas. O potencial eletronegativo criado no interior da fibra nervosa
devido à bomba de sódio e potássio é chamado potencial de repouso da membrana, ficando o
exterior da membrana positivo e o interior negativo. Dizemos, então, que a membrana está
polarizada.
Ao ser estimulada, uma pequena região da membrana torna-se permeável ao sódio
(abertura dos canais de sódio). Como a concentração desse íon é maior fora do que dentro da
célula, o sódio atravessa a membrana no sentido do interior da célula. A entrada de sódio é
acompanhada pela pequena saída de potássio. Esta inversão vai sendo transmitida ao longo do
axônio, e todo esse processo é denominado onda de despolarização. Os impulsos nervosos ou
INTRODUÇÃO
7
potenciais de ação são causados pela despolarização da membrana além de um limiar (nível
crítico de despolarização que deve ser alcançado para disparar o potencial de ação). Os
potenciais de ação assemelham-se em tamanho e duração e não diminuem à medida que são
conduzidos ao longo do axônio, ou seja, são de tamanho e duração fixos. A aplicação de uma
despolarização crescente a um neurônio não tem qualquer efeito até que se cruze o limiar e,
então, surja o potencial de ação.
Imediatamente após a onda de despolarização ter-se propagado ao longo da fibra
nervosa, o interior da fibra torna-se carregado positivamente, porque um grande número de
íons sódio se difundiu para o interior. Essa positividade determina a parada do fluxo de íons
sódio para o interior da fibra, fazendo com que a membrana se torne novamente impermeável
a esses íons. Por outro lado, a membrana torna-se ainda mais permeável ao potássio, que
migra para o meio interno. Devido à alta concentração desse íon no interior, muitos íons se
difundem, então, para o lado de fora. Isso cria novamente eletronegatividade no interior da
membrana e positividade no exterior, este processo é chamado de repolarização, pelo qual se
reestabelece a polaridade normal da membrana. A repolarização normalmente se inicia no
mesmo ponto onde se originou a despolarização, propagando-se ao longo da fibra. Após a
repolarização, a bomba de sódio bombeia novamente os íons sódio para o exterior da
membrana, criando um déficit extra de cargas positivas no interior da membrana, que se torna
temporariamente mais negativo do que o normal. A eletronegatividade excessiva no interior
atrai íons potássio de volta para o interior (por difusão e por transporte ativo). Assim, o
processo traz as diferenças iônicas de volta aos seus níveis originais.
Para transferir informação de um ponto para outro no sistema nervoso, é necessário
que o potencial de ação, uma vez gerado, seja conduzido ao longo do axônio. Um potencial de
ação iniciado em uma extremidade de um axônio apenas se propaga em uma direção, não
retornando pelo caminho já percorrido. Conseqüentemente, os potenciais de ação são
unidirecionais - ao que chamamos condução ortodrômica. Uma vez que a membrana axonal é
INTRODUÇÃO
8
excitável ao longo de toda sua extensão, o potencial de ação se propagará sem decaimento. A
velocidade com a qual o potencial de ação se propaga ao longo do axônio depende de quão
longe a despolarização é projetada à frente do potencial de ação, o que, por sua vez, depende
de certas características físicas do axônio: a velocidade de condução do potencial de ação
aumenta com o diâmetro axonal. Axônios com menor diâmetro necessitam de uma maior
despolarização para alcançar o limiar do potencial de ação. Nesses de axônios, presença de
bainha de mielina acelera a velocidade da condução do impulso nervoso. Nas regiões dos
nódulos de Ranvier, a onda de despolarização vai diretamente de um nódulo para outro, não
acontecendo em toda a extensão da região mielinizada (a mielina é isolante). O percurso do
impulso nervoso no neurônio é sempre no sentido dendrito, corpo celular e axônio.
Figura 3. Microscopia eletrônica de um Neurônio Motor. D: dendrito (do inglês:
dendrite), S: Soma, P: extensão da célula (do inglês: podite) e a seta indica o axônio.
(Fonte: www.faculty.fortlewis.edu 10/06/2009)
INTRODUÇÃO
9
Figura 4. Desenho Esquemático de um Neurônio Motor.
(Fonte: Junqueira LC, Carneiro J, 1980).
Figura 4. Desenho Esquemático de um Neurônio Motor.
(Fonte: Junqueira LC, Carneiro J, 1980).
As células nervosas do SNP ligam a periferia do corpo ao encéfalo e à medula
espinhal. Todos os neurônios motores que vão para os músculos esqueléticos originam-se no
sistema nervoso central (Ross & Romrell, 1993).
1.2. ASPECTOS GERAIS DO TECIDO MUSCULAR
O tecido muscular constitui os músculos, e está relacionado ao mecanismo de
locomoção e ao processo de movimentação de substâncias internas do corpo, decorrente à
INTRODUÇÃO
10
capacidade contrátil das fibras musculares em resposta a estímulos nervosos, utilizando
energia fornecida pela degradação da molécula de ATP (figura 5). As células desse tecido são
caracterizadas pelo seu formato alongado e têm como função a contração e distensão dos
numerosos filamentos protéicos de actina (miofilamentos finos) e miosina (miofilamentos
grossos). O grau de contração muscular depende de dois fatores: o primeiro relacionado à
intensidade do estímulo e o segundo à quantidade de fibras estimuladas. Dessa forma,
somente ocorrerá contração quando o estímulo nervoso tiver intensidade suficiente para
excitar um número significativo de fibras, uma ação de contração mediada por substâncias
neurotransmissoras, emitidas nas sinapses neuromusculares (contato neurônio-músculo),
sinalizando o deslizamento dos miofilamentos finos sobre os grossos.
Figura 5. Desenho Esquemático da Contração Muscular.
(Fonte: http://www.cabuloso.com/Anatomia-Humana/Sistema-de-Sustentacao/foto/musculo5.gif) (10/06/2009)
Há três tipos de tecidos musculares: tecido muscular liso, tecido muscular estriado
esquelético e tecido estriado cardíaco, cada um com suas particularidades. A musculatura lisa
(necessariamente com contração involuntária) é formada por células mononucleadas com
INTRODUÇÃO
11
estrias longitudinais e está presente nos órgãos viscerais internos (esôfago, intestino, vasos
sangüíneos e útero), e é responsável pelo peristaltismo.
A musculatura estriada esquelética responsável é pela contração voluntária e é
composta por células multinucleadas com estrias longitudinais e transversais; formam os
músculos, órgãos ligados à estrutura óssea, permitindo a movimentação do corpo.
A musculatura estriada cardíaca, envolvida na contração involuntária é formada pelas
constitui as células miocárdicas (musculatura do coração), unidas por discos intercalares. Esta
configuração anatômica permite o aumento da adesão entre as células, fator importante para
manutenção da circulação sangüínea, sobretudo a contração coordenada para o batimento
cardíaco. Um aspecto interessante com relação às fibras musculares estriadas é o estado
parcial de contração passiva, da ordem de milionésimos de segundos alternado entre as fibras
musculares (Ross & Romrell, 1993).
A intereção entre as moléculas de miosina e actina está associada à molécula de ATP.
A miosina, como tem um sítio para unir-se ao ATP, comporta-se como uma ATPase e a actina
como um ativador. Desta forma a energia da hidrólise do ATP é convertida em traballho
mecânico para a contração muscular (Hitomi et al., 2005). Os músculos esqueléticos de
mamíferos co-expressam diferentes tipos de miosina e somente um tipo de actina, sugerindo
que a diversidade entre os tipos de fibras musculares seja pelo menos em parte resultado da
diferença dos tipos de miosina.
A molécula de miosina é formada por duas cadeias pesadas e dois pares regulatórios
de cadeia leve. A cadeia pesada de miosina (MHC) é uma das principais proteínas
sarcoméricas e tem sido utilizada como um marcador de diferenciação de células musculares,
que junto com outras proteínas estruturais formam as primeiras estruturas do sarcômero
(Muller et al., 2001). No músculo esquelético dos mamíferos são encontradas sete isoformas
de MHC, quatro dessas no músculo esquelético adulto e uma adicional predominando no
músculo cardíaco (Weiss et al., 1996).
INTRODUÇÃO
12
Os diferentes tipos de fibras musculares funcionam basicamente de modo semelhante.
Contudo, os músculos não contêm fibras com as mesmas capacidades metabólicas e
funcionais (Takemassa et al., 2004). As fibras musculares esqueléticas são classificadas em
dois grupos: tipo I ou fibras de contração lenta e tipo II ou fibras de contração rápida que se
distinguem por propriedades fisiológicas e bioquímicas. Logo a composição da fibra muscular
determina a velocidade de contração e a fadiga de um músculo esquelético em particular
(Hitomi et al., 2005). Os músculos são constituídos por uma mistura de aproximadamente
50% de fibras de contração lenta e 50% de fibras de contração rápida. No entanto existem
múculos específicos que são considerados como predominantemente do tipo I ou II.
1.3. ATROFIA MUSCULAR ESPINHAL PROXIMAL (AME)
A atrofia muscular espinhal proximal ou simplesmente AME é uma doença
autossômica recessiva, secundária à degeneração dos motoneurônios do corno anterior da
medula espinhal e dos núcleos motores de alguns nervos cranianos, levando-os à apoptose;
manifesta-se clinicamente por hipotonia e fraqueza muscular progressiva (Deymeer et al.,
1997; Wang et al., 2002; Tiziano et al., 2009).
As AMEs representam a segunda maior desordem autossômica recessiva fatal, depois
da Fibrose Cística (1:6000), afetando aproximadamente 1 em 10.000 nascimentos, com uma
freqüência de doentes de 1 em 40 portadores (DiDonato et al., 1994). Casais que tiveram uma
criança afetada têm 25% de risco de recorrência em cada gravidez subsequente (Fallon et al.,
1999). Embora a maior parte dos casos seja de herança autossômica recessiva e decorra de
mutações do gene SMN (gene de sobrevivência do neurônio motor), a classificação oficial das
doenças neuromusculares de acordo com a World Federation of Neurolog cataloga subtipos
com diferentes tipos de herança, isolados ou associados a outras afecções sistêmicas (Reed,
2005).
INTRODUÇÃO
13
Do ponto de vista histórico, houve um grande avanço no conhecimento genético da
AME (Pearn, 1990), como pode ser observado na tabela abaixo.
Tabela 1. Marcos na História da Atrofia Muscular Espinhal.
1860 Foi demonstrado que a doença do neurônio motor era devido à degeneração das células do corno
anterior da medula espinhal (Luys, 1860)
1883 Relatado o primeiro caso de AME, entretanto esse autor não é reconhecido como o primeiro a
descrever a doença. (Bennet, 1883)
1891 Descrição pela primeira vez da forma grave da AME, em um estudo realizado com dois irmãos cuja
fraqueza muscular iniciou-se aos 10 meses e que faleceram com 3 e 6 anos, respectivamente. Na
autópsia de ambos afetados foi encontrada degeneração das células do corno anterior (Werdnig,
1891).
1893 Foram descritos mais sete casos semelhantes, cujas manifestações clínicas surgiram após um ano de
idade, corroborando assim os estudos de Werdnig sobre a forma mais grave (Hoffmann, 1893).
1898 Foi sugerida a existência de diferentes formas de AME (Haushalter, 1898).
1899 Foi descrita pela primeira vez a forma letal da AME (Silvestre, 1899).
1900 Introdução do termo “miotonia congênita” (Oppenheim, 1900).
1902 Foi relatada a diminuição de movimentos fetais nos afetados durante o período gestacional (Beevor,
1902).
1908 Substituição do termo “miotonia congênita” por “amiotonia congênita” (Collier & Wilson, 1908).
1956 Foi definida por Kugelberg Welander a forma intermediária da AME, através da descrição do
quadro clínico em 12 crianças (Kostova et al. 2007)
Até recentemente, havia muita confusão na terminologia da AME. A maioria das
AMEs com instalação no período de lactância ficou conhecida por doença de Werdnig-
Hoffmann. Vale ressaltar, entretanto, que os casos descritos inicialmente por Werdnig-
Hoffmann não correspondiam à forma infantil fatal e sim à forma intermediária da AME.
Desde 1954, a denominação Síndrome de Kugelberg-Welander tem sido utilizada para a
forma mais tardia e leve da doença.
Em 1988, o Comitê Internacional de Neurologia em Doenças Neuromusculares
determinou a mudança do termo “amiotrofia” para doença neurogênica, diferenciando assim
INTRODUÇÃO
14
estas doenças das miopatias primárias. A classificação mais usada é a de Dubowitz (1978) que
divide as AMEs em forma grave, intermediária e leve (tipo I, II e III, respectivamente).
A degeneração dos neurônios motores, com paralisia e atrofia muscular ocorre nas
diferentes formas de AME, que se distinguem pela apresentação clínica, idade de início dos
sintomas, distribuição da fraqueza muscular e pela associação com outros sinais clínicos. Com
base nestas evidências, destacam-se três subtipos da doença: (1) AME I (também conhecida
como Werdnig-Hoffmann), é a forma de início precoce e mais grave da doença; (2) AME II é
a forma intermediária e (3) AME III (também conhecida como Kugelberg-Welander), é a
forma mais tardia e com leve comprometimento muscular. Chama a atenção o fato de que
apesar do comprometimento físico a maioria dos pacientes com AME I, II e III tem
inteligência normal.
A alteração bioquímica dessas diferentes formas clínicas ainda continua desconhecida.
A idade em que a AME se manifesta, parece ser o principal fator que difere o tipo infantil
(Werdnig-Hoffmann) e o tipo intermediário da forma juvenil (Kugelberg-Welander),
(Lefebvre, 1995).
Becker, em 1964, sugeriu um modelo de alelos múltiplos para o desenvolvimento das
diferentes formas clínicas da AME, porém essa hipótese foi rejeitada por Muller et al. (1992),
através da segregação de marcadores, sugerindo que outros genes ou fatores ambientais
deveriam determinar a gravidade da doença.
1.3.1. CARACTERIZAÇÃO CLÍNICA DA ATROFIA MUSCULAR ESPINHAL TIPO I
A AME I, também conhecida pelo nome de doença de Werdnig-Hoffmann, é
caracterizada por uma importante fraqueza muscular e hipotonia generalizada ao nascimento
ou até nos três primeiros meses de vida, apresenta uma evolução muito rápida, envolvendo
INTRODUÇÃO
15
difusamente toda musculatura do indivíduo. Foi inicialmente descrita por Guido Werdnig e
Johan Hoffmann em 1891.
Inúmeros sintomas secundários são comumente observados na AME I, tais como:
1. Movimentos fetais diminuídos ou fracos, sugerindo a existência de
anormalidade no feto mesmo antes do nascimento (Pearn, 1973a; Chong,
2001).
2. Anomalias esqueléticas tais como, luxação de quadril e deformidade nos
dedos das mãos, observadas em 25% dos recém-nascidos afetados.
3. Assimetria torácica, decorrente da degeneração precoce da musculatura
dessa região, tornando o tórax progressivamente estreito e desproporcional
com a evolução clínica (Pascual-Castroviejo, 1984).
4. Os músculos faciais também são acometidos pelo processo de denervação, o
que resulta em uma face inexpressiva, embora apresentem olhos alertas e
responsivos. A cabeça tende a cair para um lado, como um “boneco de pano”
devido à ausência de sustentação. A criança afetada é sempre hipotônica e
incapaz de sentar-se sem apoio. Estas características são observadas por
volta dos 4 meses em 95% dos acometidos pela doença.
5. Nota-se que o choro é fraco e a sucção e deglutição são deficientes. As
fasciculações são frequentemente visíveis, principalmente na língua.
6. Os membros superiores encontram-se semifletidos ao nível dos cotovelos,
com ausência de movimentos na cintura escapular e discretos movimentos
de tremor nas mãos. Os membros inferiores mantêm-se em posição passiva
de rotação e abdução, semifletidos, semelhantes à “posição de rã”. Os
reflexos tendinosos estão abolidos.
7. Os pacientes evoluem com dificuldade respiratória, em virtude de um
comprometimento progressivo da musculatura torácica. Ocorre retração dos
INTRODUÇÃO
16
espaços intercostais e do esterno e a respiração passa a ser
predominantemente diafragmática e com isso há necessidade da utilização de
ventilação mecânica (figura 6).
Figura 6. Recém-nascido com AME I (Werdnig-Hoffmann) mantido sob ventilação mecânica.
(Fonte: Chong, 2001).
Apesar desta série de alterações morfofisiológicas, os pacientes com AME I possuem a
percepção de estímulos táteis dolorosos e o desenvolvimento social e emocional é
correspondente à idade cronológica. Entretanto, a progressão do quadro clínico é rápida e a
pneumonia é a causa mais freqüente de óbito dos pacientes e consequentemente leva a uma
subnotificação da AME. A sobrevida média é de sete meses e 95% dos pacientes morrem
antes de completar 18 meses de idade. Raramente os pacientes sobrevivem além dos dois
primeiros anos de vida (Pearn & Wilson, 1973).
INTRODUÇÃO
17
1.3.2. CARACTERIZAÇÃO CLÍNICA DA ATROFIA MUSCULAR ESPINHAL TIPO II
Trata-se de uma forma intermediária e com evolução mais leve que a do tipo I. Com
raras exceções, os movimentos fetais são geralmente referidos como normais pelas mães
(Munsat et al., 1969).
A criança afetada pode não manifestar nenhum sintoma característico durante o
primeiro ano de vida. Entre 6 e 18 meses, a criança começa a manifestar fraqueza simétrica
dos músculos proximais, principalmente dos membros inferiores, o que impede de ficar em pé
sem apoio. A hipotonia é precoce.
Alguns afetados podem apresentar paresia generalizada e estes frequentemente
apresentam lordose, escoliose e contraturas articulares. Podem estar presentes fasciculações
na língua ou nas mãos. Os reflexos profundos estão abolidos. Os músculos intercostais são
acometidos tardiamente, não havendo dificuldade respiratória precoce na maioria dos casos.
A progressão desta enfermidade é lenta, com um longo período de aparente remissão.
A atrofia surge com o passar dos anos e predomina nos mesmos locais da fraqueza muscular.
Os pacientes conseguem sentar-se sem apoio, mas geralmente não conseguem andar sem
ajuda (Budney & Lovelace, 1975) (figura 7).
Há grande variabilidade na manifestação clínica, tanto no início dos sintomas como no
acometimento da habilidade motora e na época do óbito. A maioria dos pacientes consegue
sobreviver por mais de dois anos e alguns podem atingir a idade adulta até a 3ª ou 4ª década
de vida.
INTRODUÇÃO
18
Figura 7. Paciente hipotônica apresentando dificuldade de ficar em pé.
(Fonte: Chong, 2001).
1.3.3. CARACTERIZAÇÃO CLÍNICA DA ATROFIA MUSCULAR ESPINHAL TIPO III
Esta classe é amplamente conhecida como AME juvenil ou do adulto ou, ainda,
doença de Kugelberg-Welander. Trata-se da forma mais tardia e com menor
comprometimento físico do paciente.
O início da sintomatologia pode variar desde dos 18 meses até a 3ª década de vida.
Entre as três formas de AME, esta é a que apresenta maior variabilidade na manifestação e na
progressão clínica (Brooke, 1986). Nesta forma, o indivíduo afetado chega a andar
normalmente ou com pequeno atraso, mas sempre atinge este marco do desenvolvimento. A
dificuldade para subir uma escada ou para levantar-se do chão pode ser a primeira queixa
clínica.
A fraqueza e a atrofia muscular são relativamente simétricas, com tônus diminuído. Há
comprometimento da cintura pélvica e da coxa. Os pacientes podem apresentar deformidade
torácica e cifoescoliose acentuada. Os braços também são acometidos, porém em menor grau.
Os movimentos de mãos e dedos costumam ser mantidos, mesmo na fase avançada da doença.
INTRODUÇÃO
19
As fasciculações são encontradas em 30 a 50% dos pacientes, predominantemente na língua,
ombros e músculos dos braços. Os reflexos tendinosos estão diminuídos ou ausentes,
particularmente em membros inferiores.
Cerca de um terço dos pacientes manifestam fraqueza da musculatura facial. Podem
apresentar disfagia moderada, disartria, voz anasalada, fraqueza facial, fraqueza do
esternocleidomastóideo, pescoço e do trapézio, ptose e oftalmoplegia (Gardner-Medwin et al.,
1967; Aberfeld & Namba, 1969; Namba et al., 1970; Wallar & Reece, 1978; Gruber et al.,
1983; Barois et al., 1989).
Geralmente, a progressão clínica é lenta, com longo período estático, permitindo
manter a deambulação, ainda que com dificuldade, após 10 a 30 anos de evolução. A maioria
dos pacientes fica, no entanto, confinada à cadeira de rodas em torno dos 30 anos (figura 8). A
sobrevida varia muito e depende principalmente do acometimento da musculatura respiratória.
Figura 8. Irmãos com Atrofia Muscular Espinhal do tipo III.
(Fonte: Chong, 1996).
Por causa da grande heterogeneidade clínica da AME III, esta é dividida em dois
subgrupos que mostram diferenças estatisticamente significantes quanto à época do
prognóstico: grupo IIIa (início, dos 18 meses até os três anos de idade) e IIIb (início entre três
e trinta anos), este último configurando menor gravidade. Considerando casuísticas extensas,
INTRODUÇÃO
20
entre esses dois subtipos há uma grande diferença na probabilidade de continuar
deambulando, porém, em relação a casos isolados não é possível estabelecer o prognóstico
por ocasião do diagnóstico, pois existem pacientes tipo IIIa com curso estável durante décadas
(Zerres et al., 1997; Reed, 2002). Além disso, foi documentado que não há progressão da
fraqueza muscular, porém há deterioração das habilidades funcionais de acordo com o
crescimento corporal (Zerres et al.,1995; Russman et al.,1996 e Iannaccone et al., 2000).
Assim, muitas crianças com AME III podem perder a habilidade de andar de forma
independente. Essa progressão ocorre por causa da perda das unidades motoras, que aparenta
ser mais rápida nas fases iniciais da doença. Conceitualmente, a referida perda pode ser
dividida em três fases: pré-clínica, subaguda e crônica. Durante a fase pré-clínica, embora as
crianças pareçam normais, já ocorre perda das unidades motoras que pode ainda não ter
atingido um limiar crítico. Esta fase pode ser curta ou até mesmo não existir nos pacientes
com AME I, enquanto que nos tipos II e III pode durar meses ou anos. A fase subaguda é
associada à perda de unidades motoras que já alcançam o limiar crítico. Após o período
subagudo segue a fase crônica e a perda das unidades motoras estabiliza. A criança que está
na fase crônica demonstra habilidades funcionais relativamente estáveis, por outro lado no
período subagudo ocorre um declínio funcional mais evidente.
Armand et al., 2005, realizaram uma comparação da marcha entre dois pacientes com
AME III e dois com DMD. Ambas as patologias causam fraqueza mais proximal do que distal
e mais proeminente na musculatura extensora do que na flexora, além de afetar mais os
membros inferiores do que os superiores, o que resulta na perda da deambulação. Nos
pacientes com acometimento neuromuscular, preservar a autonomia da marcha é um dos
maiores objetivos do tratamento, e o diagnóstico correto da doença possibilita a adequada
abordagem terapêutica do paciente. Existem evidências que sugerem a relação do número de
cópias do SMN2 e os diferentes tipos de AME.
INTRODUÇÃO
21
1.3.4. CARACTERIZAÇÃO GENÉTICO-MOLECULAR DA ATROFIA MUSCULAR
ESPINHAL
O aprimoramento das ferramentas da genética molecular, permitiu a identificação do
locus cromossômico do gene da AME no braço longo do cromossomo 5, quase
simultaneamente em 1990 por três grupos independentes de pesquisadores (Brzustowicz et
al., 1990; Melki et al. 1990 e Gilliam et al. 1990).
Brzustowicz et al. (1990) realizaram estudos de ligação em 13 famílias de pacientes
com AME (7 com AME II/III e 6 com AME I) utilizando inicialmente 115 marcadores
aleatórios ao longo do genoma. Os autores detectaram ligação entre os marcadores LM4,
p105-153Ra, p105-798Rb e 227, situados na região 5q11.2-13.3. e os genes da AME II e
AME III, indicando assim que os referidos genes estavam localizados na mesma região
cromossômica.
Melki et al.(1990) demonstraram que os três tipos de AME (I, II e III), estavam
ligados a marcadores pertencentes à região 5q12-q14. Daniels et al. (1992b) usando a
hibridação in situ, com auxílio do marcador D5S6, refinaram a região de localização do gene
responsável pela AME para a região 5q12.2-q13. Em 1992 Brzustowicz identificou 2 loci
flanqueadores da região alvo, MAP1B e D5S6. No ano seguinte Wirth e colaboradores (1993)
diminuíram para uma região de 4cM e definiram uma nova fronteira genética pelo locus
D5S125. No mesmo ano, Gilliam et al., detectaram ligação entre os marcadores do
cromossomo 5 na região 5q11.2-13.3 em duas das quatro famílias com AME I.
Desde então, vários outros estudos de ligação foram realizados na tentativa de isolar,
mapear e delimitar melhor a localização do gene da AME. Para isso, foram utilizados
diferentes marcadores de DNA próximos ao provável locus gênico na região 5q11-13 (Sheth
et al., 1991; Lien et al., 1991; Brzustowicz et al., 1992; Daniels et al., 1992b; Morrisson et
al., 1992; Soares et al., 1993; Wirth et al., 1993; Clermont et al., 1994; Burghes et al.,
1994b).
INTRODUÇÃO
22
Uma das dificuldades encontradas pelos pesquisadores no estudo do gene das AMEs é
a instabilidade da região cromossômica de interesse devido à presença de grande número de
repetições de nucleotídeos (Kleyn et al., 1993; Burghes et al., 1994a; McLean et al., 1994;
Wang et al., 1995). Vários YACs (do inglês, Yeast Artificial Chromosomes) contendo a região
5q13 foram construídos com o propósito de mapear os genes da AME e essas tentativas foram
prejudicadas pela presença de sequências repetitivas na região (Kleyn et al., 1993; Francis et
al., 1993; Melki et al., 1994; Burghes et al., 1994a).
Lefebvre et al (1995) localizaram com maior precisão esse gene que denominaram
SMN (do inglês, Survival Motor Neuron - Gene de Sobrevivência do Neurônio Motor) na
região 5q13. Nesta região, em um intervalo de cerca de 500Kb, foram reconhecidas duas
cópias de repetições virtualmente idênticas, uma na região centromérica (SMN2) e outra na
região telomérica (SMN1) (figura 9).
Figura 9. Representação esquemática dos genes SMN1 e SMN2. A. Indivíduo sem deleção. B. Deleção
homozigótica do gene SMN1 em pacientes com AME. C. Deleção homozigótica do gene SMN2
(encontrada em aproximadamente em 5% dos controles, sem fenótipo clínico).
A diferença entre estas formas homólogas é de apenas 2 pares de bases nos éxons 7 e 8
(Fallon et al., 1999). Elas apresentam cinco nucleotídeos de diferença localizados entre o
íntron 6 e o éxon 8 (Hahnen & Wirth, 1996). O gene SMN corresponderia à cópia da região
INTRODUÇÃO
23
telomérica constituída por 8 éxons distribuídos por uma região de 20Kb de extensão. As
mutações associadas à doença correspondem a deleções nos éxons 7 e 8 do locus SMN1.
Os genes SMN telomérico (SMN1) e o SMN centromérico (SMN2) são praticamente
idênticos, mas podem ser distinguidos por mudanças de base simples nos éxons 7 e 8 (Parsons
et al. 1998). O éxon 7 do gene SMN1 não é detectável em aproximadamente 95% dos
pacientes de AME, devido à deleção no SMN ou à conversão de sequências do SMN1 para
SMN2 (Ogino & Wilson, 2002). A perda do gene centromérico (SMN2) não causa AME;
entretanto um número aumentado de cópias do SMN2, que pode ser causada pela conversão
de SMN1 para SMN2, está associado a um fenótipo brando da AME (Pieri et al., 2009). O fato
do éxon 7 do gene SMN1, ser homozigoticamente ausente na grande maioria dos pacientes de
AME, possibilitou o desenvolvimento de um teste efetivo baseado em PCR para o diagnóstico
molecular da AME.
O mecanismo molecular da AME pode ser assim resumido: o gene SMN possui uma
cópia telomérica e uma cópia centromérica, que pode faltar em 5 a 10% da população normal,
porém está sempre presente nos pacientes com AME. A maior parte da proteína SMN vem do
gene SMN1 porque durante a transcrição do gene SMN2 o éxon 7 é frequentemente excluído,
o que codifica uma proteína truncada, que perde 16 aminoácidos codificados pelo éxon 7, e se
torna rapidamente degradável (Sumner, 2007). O gene SMN2 possui diversas cópias e pelo
mecanismo da dosagem gênica o número destas determina os diferentes fenótipos no
indivíduo afetado:
Uma ou duas cópias: AME tipo I
Três cópias: forma intermediária
Três a quatro cópias: AME III
Cinco cópias: parentes portadores
A organização genômica entre SMN1 e SMN2 é idêntica sugerindo uma duplicação
recente. As análises indicaram que o gene telomérico é o gene ancestral (SMN). O
INTRODUÇÃO
24
seqüenciamento de RNAs sugere que ambos os genes são expressos, apesar de não estar claro,
se os dois são traduzidos em proteínas funcionais. Fósseis moleculares e dados de relógio
molecular sugeriram que essa duplicação ocorreu a 3 milhões de anos atrás (Rochete et al.,
2001).
O gene SMN codifica uma pequena proteína de 294 aminoácidos (figura 10) cuja
função ainda é desconhecida (Lefebvre et al., 1995), acreditando-se que ela esteja envolvida
no processo de amadurecimento tanto do neurônio motor como do músculo. Essa proteína
está localizada principalmente no citoplasma de sistemas neuronais específicos e
particularmente presente nos neurônios motores inferiores de recém-nascidos e adultos, que
está indiretamente ligada ao processamento de RNA devido sua localização sub-nuclear
(Battaglia et al., 1997). Quando os níveis dessa proteína são muito reduzidos, os neurônios
motores são as primeiras células a se degenerar, deixando os principais grupos musculares
sem o estímulo necessário.
Para atuar, a proteína interage com várias outras na célula, ajudando-as a criar algumas
das máquinas moleculares críticas que produzem o RNA mensageiro e várias proteínas. A
proteína SMN faz parte de um complexo macromolecular que inclui pelo menos outras seis
proteínas chamadas geminas. Estas são expressas em todas as células, tanto no citoplasma
como no núcleo, onde recebem a denominação de gemas. Sugere-se que o complexo SMN
seja regulado por duas destas geminas e desempenhe papel essencial na formação e
agrupamento de pequenas proteínas ribonucleares, localizadas no núcleo e implicadas não só
na integridade do neurônio motor como de outras células (Gubitz et al., 2004; Feng et al.,
2005). A compreensão do mecanismo molecular e da função da proteína SMN bem como a
viabilidade de novos agentes farmacológicos permitiu a abertura de um novo campo para
testes clínicos (Iannaccone, 2002). Várias drogas estão sendo testadas em diferentes países, na
tentativa de encontrar um possível tratamento para essa doença (Bertini et al., 2005).
INTRODUÇÃO
25
Figura 10. Representação da Estrutura Cristalografada do Complexo SMN Humano.
(Fonte: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?CMD=search&DB=Structure/;14-12-2004)
Simultaneamente, a descoberta do gene SMN por Lefebrve et al. (1995) e Roy et al.
(1995) identificaram um outro gene, NAIP (do inglês, Neuronal Apoptosis Inhibitory Protein -
Proteína Inibitória de Apoptose Neuronal), este teria no mínimo 16 éxons e se estenderia por
mais de 60 kb. Os dois grupos de pesquisadores encontraram deleções nestes genes em
pacientes afetados pela AME, porém com uma frequência bem maior no gene SMN. Esses
achados foram extremamente importantes e vários grupos no mundo inteiro, começaram
estudar esses genes em pacientes. Entretanto, o mecanismo que leva à degeneração neuronal
permanece desconhecido. Portanto estudos de correlação genótipo-fenótipo são fundamentais
para melhorar a compreensão acerca dos mecanismos moleculares responsáveis pelas AMEs.
O gene NAIP codifica uma proteína maior, de 1232 aminoácidos que mostra
homologia com aqueles que codificam proteínas baculovirais (IAP) (figura 11) que inibem
apoptose celular. Sugeriram que as mutações no locus do NAIP ocasionam uma falha da
inibição de apoptose do neurônio motor, resultando no fenótipo da AME (Romanish et al.,
2009).
INTRODUÇÃO
26
Figura 11. Proteína Baculoviral Inibitória de Apotose.
(Fonte: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?CMD=search&DB=Structure/; 29-02-2008)
Quando o gene da NAIP não está completo o evento de apoptose celular pode ser
maior, por destruição da maioria dos neurônios motores, o que dificulta as conexões entre o
músculo esquelético e a medula espinhal, levando eventualmente a atrofia dos músculos. Foi
visto que a NAIP parece suprimir a apoptose e que essa proteína está expressa nos neurônios
motores, mas não nos sensoriais (Ameisen, 2002; Damiani, 2004).
Ambos os genes (SMN e NAIP), são adjacentes numa região altamente polimórfica do
cromossomo 5 (figura 12), onde as duplicações e deleções são frequentes. Nesta região
cromossômica foram encontradas duplicações extensas em posição invertida. Algumas destas
funcionam como pseudogenes, isto é, agem como genes autênticos com transcrição
semelhante, mas que não conseguem elaborar um produto funcional adequado (Theodosiou et
al., 1994; Selig et al., 1995).
Esta complexidade da organização genômica dificultou muito a identificação dos
genes da AME. São necessários ainda estudos complementares para se estabelecerem as
correlações genótipo-fenótipo e o papel de cada um desses na patogênese das AMEs. Porém
estudos sugerem que o NAIP seja um modificador na gravidade da atrofia muscular espinhal
(Romanish et al., 2009).
INTRODUÇÃO
27
Figura 12. Mapa Físico do Cromossomo 5.
(Fonte: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi)
1.3.5. HERANÇA DA AME PROXIMAL
As doenças degenerativas neuromusculares apresentam diferentes mecanismos de
hereditariedade; algumas são recessivas (Fibrose Cística, Distrofia Muscular de Cinturas,
entre outras) a maior parte dominante (Distrofia Miotônica, Miopatia Congênita, entre outras),
podendo estar localizadas em cromossomos autossômicos ou ligadas ao cromossomo sexual X
As principais formas de AME apresentam herança autossômica recessiva e o
estabelecimento do seu mecanismo de herança é extremamente importante para o
aconselhamento genético, já que casais que tiveram uma criança afetada têm 25% de risco de
recorrência em cada gravidez subsequente (Fallon et al., 1999). Os caracteres hereditários
autossômicos recessivos ocorrem com igual frequência nos homens e nas mulheres. Quando o
traço é raro, quase todos os indivíduos têm pais normais, porém ambos heterozigotos. Os
caracteres autossômicos recessivos são transmitidos por ambos os progenitores.
Nos casamentos consanguíneos, há uma probabilidade maior de nascerem filhos com
caráter recessivo, pois indivíduos aparentados possuem uma maior probabilidade do que os
INTRODUÇÃO
28
não parentes, de compartilharem do mesmo alelo. Desta forma, há uma proporção maior de
casamentos consanguíneos entre os progenitores de afetados por um caráter recessivo, do que
entre progenitores de pessoas normais (McKusick, 1971).
Entretanto, há vários relatos familiares de transmissão autossômica dominante em
casos de manifestação tardia, particularmente na AME III, indicando existência de
heterogeneidade genética na AME (Tsukagoshi et al., 1966).
Através da análise clínica de 141 pacientes com AME II e III, Pearn (1978b), observou
a forma autossômica recessiva em mais de 90% dos afetados e uma pequena proporção de
casos da forma autossômica dominante, provavelmente decorrente de mutação nova.
Pelo quadro clínico não é possível distinguir a forma recessiva da dominante.
Observa-se, porém, que pacientes acometidos pela versão dominante da doença, apresentam
uma progressão clínica mais lenta e benigna da doença, devido a um menor comprometimento
muscular do que na forma recessiva (Lugaresi et al., 1966; Bundey & Lovelace, 1975).
Dentro de uma mesma família, é muito comum a concordância do quadro clínico,
particularmente na AME I, e tem sido relatada similaridade de quadro clínico entre gêmeos
monozigóticos (Brandt, 1950; Leyrer, 1954; Marquardt et al., 1962; Zellweger et al., 1969).
A variabilidade clínica intrafamiliar pode ser encontrada principalmente na AME III e
a ocorrência de AMEs de diferentes tipos na mesma família tem sido descrita ocasionalmente
(Dubowitz, 1964; Hausmanowa-Petruzewicz, 1970; Zellwegger, 1971; Zerres & Grim, 1983;
Bouwsma & Leschot, 1986).
Enquanto não houver tratamento específico para as AMEs, a prevenção de novos
casos, através do aconselhamento genético dos casais em risco e o diagnóstico pré-natal, são
de fundamental importância.
INTRODUÇÃO
29
1.3.6. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA AMES
Munsat & Davies (1992) propuseram critérios de inclusão e exclusão diagnóstica das
AMEs baseados no quadro clínico (Tabela 2) e laboratorial. Esta classificação obteve
consenso entre os participantes do Encontro Internacional sobre AMEs realizado em 1992
(Munsat & Davies, 1994). Está apresentado o resumo dos critérios clínicos laboratoriais
utilizados pelos autores citados, critérios estes hoje internacionalmente aceitos.
1.3.6.1. Critérios Clínicos
Tabela 2: Critérios clínicos para diagnóstico da AME.
Forma Início da Manifestação Habilidade Motora Óbito
AME I 0 a 6 meses Não senta sem apoio Antes dos dois anos
AME II Antes dos 18 meses Não anda sem apoio Após dois anos
AME III Após os 18 meses Fica de pé e anda Na idade adulta
1.3.6.2. Critérios Laboratoriais
A identificação do gene da AME (Lefebvre et al., 1995; Roy et al., 1995) possibilitou
o diagnóstico específico da doença através de estudo molecular. A detecção da deleção do
éxon 7 e do éxon 8 do gene SMN possibilitou o diagnóstico pré-natal com maior precisão para
os casais de risco pela análise de DNA obtido após punção vilo corial. Além do estudo
genético, o método bioquímico de dosagem sérica da creatino-quinase, a eletromiografia e a
biópsia muscular constituem exames complementares importantes para a investigação e
diagnósticos clínicos.
INTRODUÇÃO
30
A) CREATINO-QUINASE (CK)
A dosagem sérica da atividade da enzima que se expressa em fibras musculares a
creatino quinase (CK) na forma grave da AME encontra-se invariavelmente normal;
ocasionalmente pode estar elevada na forma intermediária e freqüentemente na forma tardia
(Dubowitz, 1964; Tsukagoshi et al., 1966; Hausmanowa-Petrusewicz, 1970).
Em geral, esse aumento de CK é discreto ou moderado, e não de forma pronunciada
como ocorre nas distrofias musculares e outras miopatias (Zatz et al., 1991). Se o valor da
enzima for superior a dez vezes o limite normal, exclui-se a possibilidade da AME. Os valores
de CK variam de acordo com a idade e o sexo, como observado na tabela 3.
Tabela 3: Valores normais de creatino-quinase de acordo com a idade e o
sexo do indivíduo.
Idade Valor Normal de CK
1-3 anos 60-305 U/l 4-6 anos 75-230 U/l 7-9 anos 60-365 U/l 10-11 anos 55-215 U/l (homens) 80-230 U/l (mulheres) 12-13 anos 60-330 U/l (homens) 50-295 U/l (mulheres) 14-15 anos 60-335 U/l (homens) 50-240 U/l (mulheres)
16 em diante 55-370 U/l (homens) 45-230 U/l (mulheres)
B) ELETRNEUROMIOGRAFIA (ENMG)
A realização da eletroneuromiografia (ENMG) é fundamental para o diagnóstico
diferencial entre o processo neurogênico das AMEs e as condições miopáticas, bem como
para diferenciar as AMEs dos processos neurogênicos que acometem segmentos medulares
diferentes (Karlström & Wohlfart, 1939 e Buchtal & Clemmesen, 1941).
Potenciais de ação de unidades motoras de grande amplitude e longa duração são
encontrados em processos neurogênicos, enquanto unidades de baixa amplitude, complexas e
polifásicas são mais freqüentemente encontradas em processos miopáticos. Podem ser notadas
INTRODUÇÃO
31
também fasciculações e fibrilações associadas à denervação generalizada (Buchtal & Olsen,
1970). A velocidade de condução do nervo motor geralmente é normal (Munsat et al., 1969;
Hausmanowa-Petrusewicz, 1970). No entanto, ela pode estar levemente diminuída na AME I
(Moosa & Dubowitz, 1976; Imai et al., 1980). Se inferior a 70% do valor normal pode-se
excluir o diagnóstico de AME.
C) BIÓPSIA MUSCULAR
Em geral, o quadro clínico, a dosagem sérica de CK e a eletroneuromiografia são
suficientes para fazer o diagnóstico clínico de AME, sendo a biópsia muscular desnecessária
na maioria dos pacientes.
Porém, nos casos duvidosos em que o paciente apresenta valores séricos de CK
elevados e/ou ENMG inconclusivo, está indicada a biópsia muscular. O padrão histológico
básico observado na biópsia muscular de pacientes com AME consiste na atrofia muscular por
processo neurogênico. Este achado é semelhante em todos os tipos de AME, diferindo apenas
nas alterações decorrentes da cronicidade da doença. O exame histopatológico do músculo
esquelético mostra aspectos de denervação caracterizados por atrofia muscular em pequenos e
grandes grupos, agrupamento de fibras de um mesmo tipo e presença de sacos nucleares. No
processo miopático há diminuição do tamanho das fibras musculares e degeneração acentuada
com necrose e fagocitose das fibras musculares.
Na AME I, as atrofias musculares envolvem tanto as fibras do tipo I como as do tipo II
e formam agrupamentos extensos intercalados com as fibras hipertrofiadas também agrupadas
de tamanho 3 a 4 vezes superior ao normal. As alterações degenerativas com necrose celular
são raramente observadas na AME I, mas são frequentemente encontradas na AME II e III, o
que causa dificuldades no diagnóstico diferencial.
INTRODUÇÃO
32
Na AME III, as fibras atrofiadas encontram-se agrupadas em pequenas áreas, com
predomínio das fibras tipo II e as fibras hipertrofiadas são raramente encontradas (Dubowitz,
1985).
1.3.7. EPIDEMIOLOGIA DA AME
Na Inglaterra, a incidência estimada para as formas crônicas de AME II e AME III é
de 1: 24.000 nativivos (Pearn, et al., 1973b). No Norte da Inglaterra, a incidência é de 1:
25.000 nativivos e calcula-se que a frequência de portadores do gene seja 1: 80 (Pearn,
1978d). Em uma comunidade fechada de egípcios vivendo em Israel, observou-se uma alta
frequência de AME I: quatro casos em 1600 crianças (Fried & Mundel, 1977).
Pascalet-Guidon et al. (1984) relataram uma alta frequência de AME I numa área
limitada de uma Ilha no Oceano Índico. Todos os 19 afetados pertenciam a 13 irmandades que
descendiam de um mesmo ancestral.
Spiegler et al. (1990) observaram num estudo epidemiológico realizado na Polônia, de
AME forma infantil e crônica, que havia uma freqüência aproximada de 1: 10.000 sendo 1: 35
a freqüência de portadores do gene. Na Hungria, a incidência estimada de AME I é de 1 em
cada 10.000 nativivos (Czeizel & Hamula, 1989; Czeizel, 1991). Já Burd et al. (1991)
encontraram em Dakota do Norte, Estados Unidos, uma incidência de 1: 6720 nascidos vivos.
Em uma população italiana, Mostaccinolo et al. (1992) encontraram a freqüência de
AME I, II, III de 7,8: 100.000 nativivos; a freqüência de AME I foi 4,1: 100.000 nativivos. Os
autores calcularam a freqüência do heterozigoto como sendo de 1: 57.
1.3.8. ESTUDOS DA AME NO BRASIL
Esperon et al. (1988) relataram um caso de AME I, cuja debilidade muscular
manifestou-se precocemente nas primeiras semanas de vida. Os autores destacaram a
INTRODUÇÃO
33
importância do diagnóstico pelo pediatra, considerando que o paciente teve dois irmãos
falecidos aos 4 meses de idade, com diagnóstico de broncopneumonia, que pela história
retrospectiva, apresentaram quadro clínico idêntico. A importância do diagnóstico é ressaltada
pelos autores, visando o aconselhamento genético dos pais.
Fontana et al. (1990) em Porto Alegre, descreveram 12 casos de AME I. O diagnóstico
foi realizado por exame clínico, dosagem sérica de enzimas musculares, eletromiografia e
biópsia muscular. Foram analisados os aspectos clínicos da doença, sua evolução e a
investigação laboratorial.
Em 1990, Canado et al., relataram um caso esporádico de atrofia espinhal crônica
proximal juvenil. O diagnóstico foi comprovado pela eletroneuromiografia, porém as
características clínicas, laboratoriais e histológicas eram sugestivas de distrofia muscular. Os
autores alertaram que as AMEs de longa evolução (AME II e AME III) podem ser
erroneamente diagnosticadas como distrofia muscular.
O conjunto de marcadores desta região cromossômica 5q11.2-13.3 foi então testado
por Whittle em 1991, para o estudo das famílias brasileiras afetadas. Das cinco famílias
estudadas, em duas observou-se ligação com os marcadores do cromossomo 5. Em uma das
famílias a biópsia foi de difícil interpretação e não confirmou o diagnóstico de AME. O autor
discute a probabilidade de serem estas duas famílias afetadas pela forma autossômica
dominante da AME III.
Chong (1996) fez um estudo com 72 pacientes com AME, do Hospital Universitário
da Faculdade de Medicina de São Paulo, no qual encontrou deleção do éxon 7 e/ou 8 do gene
SMN em 13/16 (81%) dos pacientes AME I, 17/20 (85%) dos AME II e 16/36 (44%) dos
AME III, não encontrando deleção desses éxons em nenhum dos progenitores ou irmãos
assintomáticos, assim como no grupo controle de indivíduos normais.
No estudo realizado por nós em 2003, com 33 pacientes com AME do Instituto de
Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro foi
INTRODUÇÃO
34
observado deleção do éxon 7 e/ou 8 do gene SMN em 100% dos pacientes com AME I e II e
77% com AME III.
1.4. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Uma das principais dificuldades no diagnóstico das AMEs é distingui-las das outras
doenças que cursam com quadro de hipotonia e prejuízo no desenvolvimento motor.
Atualmente são reconhecidas mais de duas centenas de síndromes genéticas em que essas
manifestações clínicas estão presentes com nítida relevância, apesar de em geral, estarem
acompanhadas de outros sinais (Araújo & Fontenelle, 2001). A hipotonia muscular no período
neonatal pode ser uma manifestação clínica consequente a vários processos patogênicos. As
principais patologias que apresentam características similares a AME I são: distrofia muscular
congênita, miopatias estruturais, distrofia miotônica, doença de Pompe e síndrome miastênica
neonatal. A tabela 4 mostra a relação dos diferentes tipos de AMEs com outras doenças com
sintomatologia semelhante e na tabela 5 as principais doenças neuromusculares são
apresentadas.
Alguns pacientes têm sido descritos como portadores de ‘’variantes’’ da AME infantil,
devido à associação de anomalias como hipoplasia cerebelar, degeneração pontocerebelar ou
cerebelo tálamo-espinhal, fraturas ósseas, paralisia diafragmática com dificuldade respiratória
precoce e defeito cardíaco congênito. Não está esclarecido ainda se essas condições seriam
distintas da AME I.
INTRODUÇÃO
35
Tabela 4. AMEs x Doenças com Características Clínicas Similares.
Atrofia Muscular Espinhal Tipo I
Síndromes Miastênicas
Distrofia Muscular Congênita
Miopatias Estruturais
Distrofia Miotônica Congênita
Doença de Pompe
“Variantes da AME Infantil”
Atrofia Muscular Espinhal Tipo II
Neuropatias Hereditárias Sensitivas Motoras
Distrofia Muscular Progressiva tipo Duchenne
Distrofia Muscular Progressiva tipo Cinturas
Distrofia Miotônica
Atrofia Muscular Espinhal Tipo III
Neuropatias Hereditárias Sensitivas Motoras
Distrofia Muscular Progressiva tipo Duchenne
Distrofia Muscular Progressiva tipo Becker
Distrofia Muscular Progressiva tipo Cinturas
Distrofia Muscular Progressiva tipo Fascio-Escápulo-Humeral
Distrofia Miotônica
Tabela 5. Principais Doenças Neuromusculares.
Doenças do Nervo Periférico Neuropatias Hereditárias Sensitivas Motoras
Doenças da Placa Motora Síndromes Miastênicas
Doenças do Músculo
Distrofia Muscular Congênita
Miopatias Estruturais
Distrofias Musculares Progressivas
Distrofia Miotônica
Miopatias Metabólicas
Doenças do 2º Neurônio Motor
Paralisia Bulbar Progressiva
Atrofia Muscular Espinhal Proximal (tipos: I, II e III)
Atrofia Muscular Espinhal Fascio-Escápulo-Humeral
Atrofia Muscular Juvenil Bulbar Proximal
Atrofia Muscular Espinhal Esporádica
Esclerose Lateral Amiotrófica Juvenil
“Variantes” da AME Infantil
INTRODUÇÃO
36
1.5. AÇÕES TERAPÊUTICAS
O ácido valpróico (AV), droga amplamente utilizada para o tratamento da epilepsia,
inclusive no Brasil, mostrou em cultura de fibroblastos de pacientes com AME a propriedade
de ativar o promotor do gene SMN2, aumentando o nível da proteína SMN2 e, possivelmente,
induzindo a inclusão do éxon 7 no transcrito SMN2 (Andreassi et al., 2001, 2004; Miller et
al., 2001; Sumner et al., 2003).
Para verificar a eficácia do AV e de outras possíveis drogas torna-se imprescindível o
uso de instrumentos avaliativos eficazes para testes. Entretanto, não há estudos que definam e
uniformizem quais os melhores métodos de avaliação. Portanto, em vista dos protocolos de
tratamento que estão sendo desenvolvidos, torna-se necessário testar e, possivelmente, definir
uma forma de avaliação da eficácia de um determinado tipo de tratamento que seja de fácil
aplicação no paciente ambulatorial.
Ainda não existe um tratamento efetivo para as AMEs, porém existem cuidados não
efetivos que dependem de atendimento multidisciplinar e objetivam a prevenção de
complicações, bem como a melhora na qualidade de vida dessas crianças.
O prognóstico e a abordagem terapêutica das AMEs dependem do reconhecimento da
gravidade da doença, sendo a principal causa de morbidade e mortalidade a insuficiência
respiratória restritiva de caráter progressivo. O tórax em forma de sino na AME I, referido por
Dubowitz et al., 1995, resulta na discrepância entre a paralisia dos músculos intercostais e a
manutenção da função do diafragma. Na inspiração as costelas colapsam, criando a
atelectasia. Problemas respiratórios durante o sono são tipicamente observados antes dos
sintomas da insuficiência respiratória e atualmente são tratados precocemente por meio de
ventilação não invasiva. Nos pacientes com AME I, é freqüente a falha no fluxo respiratório,
normalmente como resultado de fraqueza bulbar e aspiração ou refluxo. Essa falha deve ser
tratada imediatamente porque exacerba qualquer fraqueza pré-existente. Pacientes com AME
II apresentam tipicamente constipação intestinal por causa da hipotonia da musculatura
INTRODUÇÃO
37
abdominal e da imobilidade, podendo ser tratados pela adesão a uma dieta rica em fibras e
água. Pacientes com AME III apresentam tendência de serem mais magros devido à alta
exigência calórica necessária para manter sua mobilidade. Muitas crianças também
apresentam problemas ortopédicos. Algumas nascem com deformidades congênitas nos pés e
têm grande probabilidade de desenvolver escoliose congênita, o que dificulta o tratamento.
Resumindo, preconiza-se um cuidado de fisioterapia motora e respiratória, prevenção de
infecções respiratórias com vacinas disponíveis, acompanhamento nutricional a fim de
garantir uma qualidade de vida, objetivando a maior independência para as atividades e
inserção mais ampla quanto possível na vida social.
1.6. ESTUDOS MOLECULARES
Estima-se que temos entre 25 e 30 mil genes responsáveis por nossas características
normais e patológicas (Huttenhower et al., 2009). Esses genes estão espalhados ao longo dos
23 pares de cromossomos.
A grande maioria dos genes é constituída de regiões não codificadoras, chamadas de
íntrons, que são transcritos em RNA, mas posteriormente eliminados, antes que o RNA
mensageiro (mRNA) seja traduzido em uma proteína. Os íntrons alternam-se com as
seqüências codificadoras, chamadas de éxons, que codificam as seqüências de aminoácidos.
Na maioria dos genes, o comprimento acumulativo dos íntrons constitui uma proporção bem
maior do que aquele coberto pelos éxons e o tamanho dos genes pode variar muito
(Thompson et al., 1993).
A análise de ligação constitui um método fundamental para mapeamento dos genes e
baseia-se na tendência de dois genes sintênicos segregarem juntos (Guyer & Collins, 1993).
Sabe-se que os genes que estão no mesmo cromossomo são herdados juntos, no entanto,
devido aos eventos de recombinação genética ocorridos na meiose, genes ou marcadores que
estavam no mesmo cromossomo na geração dos pais podem localizar-se em diferentes
INTRODUÇÃO
38
cromossomos nos descendentes. A frequência de recombinação entre dois marcadores,
situados no mesmo cromossomo, está diretamente relacionada à distância entre eles. Assim
sendo, quanto menor a distância entre dois marcadores, maior a probabilidade de que eles
segreguem juntos. Inversamente, quanto maior a distância entre eles, menor a chance de
segregarem juntos (Botstein et al., 1980).
Entretanto, foi só a partir do final dos anos 70 e início dos anos 80 que a análise de
ligação tornou-se mais viável, dado o desenvolvimento de vários conceitos e tecnologias de
DNA recombinante. O mais importante foi o reconhecimento de que alterações pequenas nas
sequências de DNA entre diferentes indivíduos poderiam não resultar em nenhuma alteração
fenotípica, mas poderiam ser utilizadas como marcadores genéticos. Essas sequências
variáveis, os chamados polimorfismos, são a base da variabilidade humana.
Com o advento das técnicas modernas de biologia molecular, surgiram diversos
métodos de detecção de polimorfismo genético diretamente em nível de DNA. Inicialmente, a
utilização de enzimas de restrição permitiu a análise de polimorfismo de comprimento de
fragmentos de restrição de DNA (Restriction Fragment Length Polymorphism - RFLP). Mais
recentemente, o desenvolvimento do processo de amplificação em cadeia utilizando uma
DNA polimerase (PCR) levou à descrição de outras classes de marcadores moleculares.
Aliadas às técnicas de clonagem e sequenciamento de DNA, estas metodologias têm
possibilitado um rápido acúmulo de informações sobre a estrutura do genoma de eucariotos.
A disseminação de seu uso contribuiu para a descoberta e estudo de diversas classes de
sequências repetitivas de DNA, chamadas mini e microssatélites, outra fonte de polimorfismo
genético. Hoje um número virtualmente ilimitado de marcadores moleculares altamente
polimórficos pode ser obtido em qualquer organismo vivo, através de diversas técnicas.
A determinação molecular de doenças genéticas tem se mostrado bastante vantajosa,
podendo ser aplicada nas mais diversas situações. Ao se conhecer a mutação responsável por
uma doença, pode-se analisar o gene visando determinar se a mutação está presente ou não.
INTRODUÇÃO
39
Nos casos em que o gene não foi identificado, pode-se fazer o uso da análise de ligação a
partir de RFLP. Estes últimos também podem ser utilizados na detecção de portadores
(heterozigotos) assintomáticos, auxiliando no aconselhamento genético.
Assim, testes moleculares, como a associação de Southern Bloting e PCR pode se
tornar um excelente método de diagnóstico para a identificação de indivíduos com história
familiar sugestiva. Em doenças hereditárias como a AME, o diagnóstico pré-natal permite que
casais com risco reduzam sua chance de iniciar uma gravidez problemática. Wirth et al.
(1995) apresentaram sua experiência com diagnoses pré-natais, realizadas em famílias com
risco de AME pelo uso de microssatélites polimórficos na região 5q11.2-q13.3.
Posteriormente, Lo et al. (1994) analisaram 25 gestações de risco para AME tipo I,
usando como marcadores cinco microssatélites polimórficos. Os autores diagnosticaram três
fetos como afetados sendo os outros vinte e dois fetos normais. Estes resultados reforçaram a
utilidade de análise de ligação para o diagnóstico pré-natal.
1.7. DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE (DMD)
A forma mais comum das doenças musculares degenerativas em crianças é a distrofia
muscular de Duchenne, foi originalmente descrita por um inglês, Edward Meryon, num
evento da Real Sociedade Médica e Cirúrgica (Inglaterra) em 1851, esse trabalho foi
publicado posteriormente num artigo dessa Sociedade. Ele descreveu em detalhes a
apresentação clínica dessa desordem, que aparece no início da infância e leva à morte na
adolescência. Ele demonstrou que a doença era hereditária e afetava apenas meninos; e mais
importante, ele demonstrou através da necropsia que a medula espinhal mantinha-se normal.
Portanto, essa era uma doença muscular (miogênica) e não uma consequência da degeneração
celular do corno anterior da medula. Além disso, seus estudos histológicos detalhados
permitiram concluir que a membrana muscular ou sarcolema estavam destruídos. Essa
INTRODUÇÃO
40
observação é singularmente importante, pois se sabe que o defeito primário reside no
sarcolema. Entretanto as observações de Meryon foram negligenciadas por anos por várias
razões e a doença acabou sendo associada ao francês Guillaume Benjamin Amand Duchenne,
que detalhou as características clínicas e histológicas alguns anos depois (Emery et al., 2002).
Auxiliando no diagnóstico, W. R. Gowers forneceu informações pertinentes quanto às
características sintomáticas do afetado por essa doença.
Especula-se que a distrofia muscular de Duchenne pode ter afligido o homem desde o
início de sua história. Isto porque existem pinturas egípcias, datadas de 1500 A.C., que
retratam indivíduos com anormalidades físicas, as quais poderiam representar a distrofia
muscular (Poch e Becker, 1955). A primeira descrição clínica da distrofia que se tem
conhecimento, só aparece no início do século XIX, em uma publicação feita por Sir Charles
Bell (1830), (Tabela 6) na qual é descrito um paciente de 18 anos com um quadro clínico
compatível com essa distrofia muscular. Neste período foram relatados vários casos
semelhantes, no entanto, a primeira descrição completa deve ser creditada ao Dr. Edward
Meryon em 1852, que descreveu oito meninos afetados pertencentes a três famílias. Neste
estudo ele conclui que a doença afeta primariamente o tecido muscular e não o sistema
nervoso. Posteriormente, Duchenne em 1868, faz uma revisão mais detalhada, na qual
acrescenta mais doze casos, incluindo meninas (Duchenne, 1868). Assim, a doença foi
denominada distrofia Muscular tipo Duchenne caracterizada por progressiva perda dos
movimentos (inicialmente afetando os membros inferiores e posteriormente os membros
superiores), gradual aumento de tamanho de vários músculos afetados (hipertrofia), aumento
intersticial do tecido conjuntivo em vários músculos afetados (com abundância de fibrose e
tecido adiposo em estágios mais avançados) e início das manifestações clínicas na infância.
Neste período da história ficou evidente que a doença afetava inicialmente o músculo
esquelético e era hereditária. No entanto, nem todos os casos apresentavam as mesmas
características clínicas.
INTRODUÇÃO
41
Em 1884, o neurologista Wilhelm Heinrich Erb, através de seus estudos patológicos
concluiu que a doença era devida a uma degeneração do tecido muscular e chamou-a de
distrofia muscular progressiva, termo que tem sido usado desde então (Erb, 1884). Ele
também foi o primeiro a observar que a doença pertencia a um grupo heterogêneo, realizando
a primeira classificação da doença (Erb, 1891). A partir desse momento muitos pesquisadores
contribuíram para uma classificação das distrofias musculares, tendo como critério o tipo de
musculatura preferencialmente afetada, idade de início dos sintomas clínicos, a progressão e o
tipo de herança.
Tabela 6. Marcos na História da Distrofia Muscular.
Século XIX A DMD é reconhecida clinicamente como doença específica (Bell, 1830; Conte
e Gioja, 1836; Meryon, 1852; Duchenne, 1861 e 1868; Gowers, 1879).
1955 A DMB é reconhecida como uma forma de distrofia muscular distinta da
distrofia muscular ligada ao cromossomo X (Becker e Kiene, 1955).
1959-1960 A enzima creatino quinase (CK) está aumentada nos pacientes (Ebashi et al.,
1959; Dreyfus et al., 1960) e nas mulheres portadoras (Shapira et al., 1960).
1978- 1983 O gene da DMD é mapeado em Xp21 através dos estudos de mulheres com
quadro clínico típico de Duchenne e translocação equilibrada X/autossomo
(Verellen et.al., 1978; Lindenbaum et al., 1979; Zatz et al., 1981) e por
marcadores de DNA (RFLP) (Murray et al., 1982; Davies et AL., 1983).
1983- 1984 É demonstrado que a DMD é alélica à DMB (Kingston et al., 1983; 1984).
1985 Sondas específicas da DMD: PERT (Kunkel et al., 1985) e XJ (Ray et al.,
1985) detectam deleções no gene da DMD (Mônaco et al., 1985).
1987-1988 Clonagem, e sequencimento do cDNA (Koenig et al., 1987; 1988).
Identificação da proteína distrofina (Hoffman et al.,1987).
Localização da distrofina na célula e início dos estudos de sua função (Sugita et
al., 1988; Zubrzycka-Gaarn et al.,1988).
1989-1990 Experimentos de transferência de mioblastos em camundongos (Patridge et al.,
1989) e humanos (Karpati 1990;Law et al., 1990).
1990-1991 Transferência direta do gene em camundongos (Wolff et al.,1990; Dickson et
al., 1991)
1991- 1993 Construção de vetores virais (adenovírus e retrovírus) com o mini gene da
distrofina (Wells et al., 1992; Ragot et al., 1993)
INTRODUÇÃO
42
Essa desordem afeta aproximadamente 1 /3.500 homens (Moser, 1984; Sura et al.,
2008), e este dado de prevalência é similar em todos os grupos étnicos estudados até agora.
É a mais comum e a mais grave das distrofias hereditárias em crianças e sua herança é
recessiva ligada ao cromossomo X (Lin et al., 2009).
O fato de a doença afetar somente meninos incitou os cientistas a iniciarem as
procuras pela localização genética da causa da doença no cromossomo X. Análises
citogenéticas de diversos pacientes permitiram que os pesquisadores encontrassem
anormalidades no braço curto deste cromossomo. A partir destes estudos, testes de
desequilíbrio de ligação confirmaram a localização do gene da distrofina (Kingston et al.,
1984).
O cDNA completo do gene foi clonado em 1987, auxiliando os pesquisadores a
encontrarem as causas desta doença debilitante (Koenig et al., 1987). Após a clonagem do
cDNA, foi possível utilizar regiões do próprio gene como sonda para examinar
especificamente todos os éxons por análise de Southern Blot (Beggs & Kunkel, 1990)
demonstrando que aproximadamente 65% dos pacientes DMD tinham deleções/duplicações
em um ou mais éxons deste gene
A evolução clínica está muito bem estabelecida e é previsível. No primeiro ano de vida
pode não haver qualquer alteração clinicamente aparente, ou mostrar um atraso no
desenvolvimento psicomotor. Os primeiros sintomas iniciam-se na maioria ao redor de 3 a 5
anos de idade, com quedas frequentes. Ao se levantar do chão, a criança o faz com
dificuldade, apoiando-se nos joelhos e coxas (manobra de Gowers, observada na figura 13),
devido à fraqueza dos músculos extensores do joelho e quadril (Emery, 2002). A marcha é do
tipo anserina, com hiperlordose lombar. Há atrofia precoce dos grupos musculares da cintura
pélvica e observa-se um sinal importante de pseudo-hipertrofia dos músculos da panturrilha
(resultado da infiltração do músculo por gordura e tecido conjuntivo), em geral vista desde
cedo no curso da doença. Todos os músculos esqueléticos eventualmente degeneram e a
INTRODUÇÃO
43
maioria dos pacientes é confinada à cadeira de rodas por volta dos 11 anos. A musculatura
cardíaca e respiratória torna-se prejudicada e a morte em geral resulta de insuficiência
respiratória ou cardíaca. A sobrevida além dos 25 anos é incomum e não há tratamento efetivo
para esta doença.
Figura 13. Manobra de Gowers realizada por uma criança com DMD.
(Adaptado de: www.sonderpaed-online.de/behind/progmd/progmd .htm , 07/08/2009)
A falta da proteína distrofina também afeta o cérebro e a retina, apresentando um
espectro grande de anormalidades desde o retardo mental severo, ou sem comprometimento
algum em relação à função intelectual. Com relação à retina, podem ocorrer alterações nas
eletroretinografias ou a visão ser normal (Muntoni, Torelli & Ferlini, 2003).
1.7.1. DIAGNÓSTICO CLÍNICO DA DMD
Boland et al. (1996) observaram que a idade média do diagnóstico de DMD foi de 4,6
anos. A dependência de cadeira de rodas surgiu em média aos 10 anos de idade. Houve
falência do músculo cardíaco em 15% dos pacientes com média de 21,5 anos. Disfunção do
INTRODUÇÃO
44
músculo liso do trato urinário ou digestório ocorreu em 6% e 21% dos pacientes
respectivamente, em uma idade média de 15 anos. Nesse estudo a morte dos pacientes ocorreu
em média aos 17 anos.
A característica mais distintiva da DMD é uma distrofia muscular proximal
progressiva e pseudo-hipertrofia das panturrilhas. Os músculos bulbares (extra-oculares) são
poupados, mas o miocárdio é afetado. Há uma maciça elevação dos níveis de creatino quinase
e mudanças miopáticas na eletromiografia. Alterações cardíacas aparecem em alta
porcentagem nos pacientes de DMD por volta dos 6 anos, essas complicações estão presentes
em 95% dos casos nos últimos anos de vida (Kaspar et al., 2009).
Pneumonia associada a problemas cardíacos é a principal causa mortis, que
geralmente acontece no final da primeira década ou início da segunda década de vida. Porém,
com uma maior atenção aos cuidados respiratórios e formas de ventilação assistida (inclusive
traqueostomia) muitos indivíduos afetados vivem muito além disso.
1.7.2. CARACTERIZAÇÃO GENÉTICO-MOLECULAR DA DISTROFIA MUSCULAR
DE DUCHENNE
Até o gene responsável pela DMD ter sido isolado e clonado em 1986, pouco se sabia
sobre o mecanismo responsável pela deterioração muscular nesta doença. A clonagem do
gene e a identificação de seu produto protéico levaram a um grande avanço dos
conhecimentos. O gene DMD tem aproximadamente 2,3 milhões de pares de bases, tornando-
o maior gene conhecido em seres humanos. Contém pelo menos 79 éxons que produzem um
mRNA de 14 kb na isoforma do músculo esquelético. O mRNA é traduzido em uma proteína
final com 3.865 aminoácidos. O grande tamanho do gene DMD ajuda a explicar sua alta taxa
de mutação, cerca de 10-4. Em termos evolutivos, o gene é considerado altamente conservado
quanto à homologia de seqüências, número de éxons e tamanho do locus gênico (Davies et
al., 1983).
INTRODUÇÃO
45
As deleções intragênicas de um ou mais éxons do gene da distrofina, correspondem a
65% das mutações responsáveis pela DMD (den Dunnen et al., 1989). As deleções localizam-
se preferencialmente próximas ao centro do gene (éxons 44-52), e em menor número
próximas à extremidade 5’ do gene da distrofina (éxons 1-16). Esta distribuição não
randômica das deleções, além de facilitar a detecção das mesmas, leva a crer que existam
regiões de quebra preferencial.
Quanto à origem, é provável que as deleções sejam resultantes de recombinação
desigual entre cromátides homólogas (Winter & Pembrey, 1982). No entanto, este mecanismo
geraria o mesmo número de deleções e duplicações, mas como apresenta um número
extraordinariamente maior de deleções, foram sugeridos outros mecanismos responsáveis
pelas deleções, sem originar duplicações concomitantes. Um destes meios é o processamento,
que corresponde a uma perda de éxons na transcrição (Lehrman et al., 1985), 5% do pacientes
com DMD apresentam duplicação parcial do gene (den Dunnen et al., 1987) e em 30% dos
pacientes, que não apresentam deleções ou duplicações detectáveis, estão descritas mutações
de ponto, pequenas deleções, duplicações ou inserções. Até o presente momento sabe-se que
estas mutações estão localizadas ao acaso ao longo do gene da distrofina, sem mostrar um
agrupamento preferencial como acontece com as deleções.
O produto protéico, chamado de distrofina, era desconhecido antes da clonagem do
gene DMD. A distrofina contribui com apenas cerca de 0,002% da massa de proteínas de um
músculo estriado. Embora sua função ainda esteja sendo explorada, ela está provavelmente
envolvida na manutenção da integridade estrutural do citoesqueleto da célula e do sarcolema.
A amina terminal da proteína liga-se à F-actina, uma importante proteína do citoesqueleto. A
carboxila terminal da distrofina liga-se a um complexo de glicoproteínas conhecido como
complexo distroglicana-sarcoglicana (DGC), encontrado na membrana celular e liga-se a
proteínas extracelulares (figura 14). A distrofina liga-se, portanto a estes dois componentes
celulares e tem função importante na manutenção da integridade estrutural da célula muscular.
INTRODUÇÃO
46
Não tendo distrofina funcional, as células musculares dos pacientes com DMD gradualmente
morrem à medida que são estressadas pelas contrações do músculo (Ibraghimov-Beskrovnaya,
Ervast & Leveille, 1992).
Figura 14. Complexo Glicoprotéico. No músculo, a distrofina liga a matriz extracelular ao
citoesqueleto de actina. A distrofina interage com um complexo multimérico composto de
distroglicano (DAG), sacoglicanas, sintrofinas e distrobrevina formando um complexo
glicoprotéico. O complexo α,β-distroglicano é um receptor de laminina e agrinina na matriz
extracelular.
Os estudos sobre a sequência de aminoácidos da proteína distrofina permitiram
evidenciar uma divisão da mesma em quatro domínios (Koening et al., 1988), classificados
como A-D (Koening & Kunkel, 1990). O éxon 1 correspondente ao terminal 5’ e codifica os
11 primeiros aminoácidos da proteína; o domínio A é N-terminal, corresponde aos éxons 2 –
8 (Hamonds, 1987); o domínio B é central, composto de 25 repetições (Koening & Kunkel,
1990), com cerca de 2800 aminoácidos, que provavelmente conferem a forma alongada à
distrofina. A molécula contém ainda quatro segmentos articulares responsáveis pela
flexibilidade da membrana; o domínio C é rico em cisteína, contendo 2 sítios de cálcio (Ca2+),
possui 280 aminoácidos, e o domínio D é terminal, constituído por cerca de 420 aminoácidos
(Koening et al., 1988). Este domínio é responsável por isomorfos da distrofina tecido-
INTRODUÇÃO
47
específicos devido a processamentos alternativos (Feener et al., 1989). A distrofina é
pertencente à superfamília das espectrinas, tem 427 kDa de peso molecular. Possui ainda uma
variedade de isoformas codificadas a partir do mesmo gene, como por exemplo, três
isoformas completas que possuem o mesmo número de éxons, mas são derivadas de três
promotores independentes no cérebro, músculo e neurônios cerebelares de Purkinje (Mehler,
2000; Bies et al., 1992) . Uma isoforma adicional em linfócitos foi também descrita (Nishio et
al., 1994), porém, outros estudos sugeriram que este dado pode representar um artefato,
tornando seu papel funcional duvidoso (Wheway et al., 2003). Além dessas isoformas o gene
da dsitrofina produz diversas outras, geradas através de processamento alternativo e esses
variantes podem se formar pela exclusão de alguns éxons do transcrito primário ou pela
subversão da ordem dos éxons (Surono et al., 1999; Mokri & Engel, 1998).
A distrofina está localizada principalmente no sub-sarcolema (Sugita et al., 1988),
sendo oposta à superfície citoplasmática da membrana. Estudos mostraram que a distrofina
tem ligação muito mais forte com a superfície da membrana do que com o domínio interno
das fibras do músculo esquelético (Zubrzycka et al., 1991). Normalmente, a distrofina está
ausente, ou quase ausente, no músculo de pacientes com DMD.
Quanto à real função da distrofina, estudos indicam que essa proteína localiza e/ou
estabiliza um complexo de proteínas a ela associadas (DAPs) (Yoshida et al., 1993). Na
ausência da distrofina, este complexo não se organiza de modo adequado provocando o
rompimento da ligação matriz extracelular (sub-sarcolema) e, consequentemente, a necrose do
músculo (Ozawa et al., 1995).
1.7.3 ASPECTOS FÍSICO-CLÍNICOS NA DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE
O músculo afetado pela DMD em estágio pré-clínico já apresenta aspectos
histológicos anormais, o que também tem sido verificado em tecidos musculares de fetos
portadores da DMD. Apesar dos sinais patológicos já estarem presentes no feto, e do aumento
INTRODUÇÃO
48
de creatinofosfoquinase poder ser verificado logo após o nascimento, o início dos sinais
clínicos é observado posteriormente.
Os pacientes afetados pela DMD apresentam as seguintes características:
a) Início dos sinais clínicos do final do primeiro ano de vida aos 5 anos de idade;
b) Início da deambulação mais tardio: 50% dos meninos com DMD andam após 18
meses de idade enquanto que apenas 3% dos meninos normais andam após esta
idade;
c) Fraqueza da musculatura dos membros inferiores e da cintura pélvica;
d) Dificuldade em subir escadas e levantar característico do chão conhecido como
manobra de Gowers;
e) Andar basculante;
f) Hipertrofia de panturrilhas;
g) Envolvimento e fraqueza muscular simétricos com progressão ascendente (início
nos membros inferiores evoluindo para os membros superiores);
h) Incapacidade para andar entre 7 e 12 anos, com idade média de 9 anos e meio;
i) Aparecimento de contraturas nos joelhos, pulsos, cotovelos e quadril, (geralmente
após a parada da deambulação), além de deformidade da coluna decorrentes da má
postura;
j) Morte frequentemente causada por insuficiência respiratória crônica e problemas
cardíacos, geralmente antes da terceira década de vida.
1.7.4. ASPECTOS CLÍNICO-LABORATORIAIS
As enzimas creatino quinase e piruvato quinase catalisam a transferência reversível de
um grupamento fosfato para o ADP (difosfato de adenosina) para formar o ATP (trifosfato de
adenosina). Os níveis dessas enzimas estão extremamente elevados (dez a cem vezes) no soro
sanguíneo de pacientes com DMD em relação aos indivíduos normais (Shapira et al., 1960;
1963, Zatz, 1973, Alberts e Samaha, 1974, Dubowitz, 1978; Zatz et al., 1978, Pennington,
1980, Zatz et al., 1991). No entanto, como a doença é progressiva, o nível enzimático decai,
chegando a valores próximos ao normal em estágios tardios da doença. É a explicação para o
nível elevado dessas enzimas na DMD é que estas escapam do músculo para o soro sanguíneo
INTRODUÇÃO
49
devido ao processo de degeneração do tecido muscular. O nível mais baixo em estágios
tardios da doença se dá pela diminuição do tecido muscular e da atividade física.
Um nível extremamente elevado dessas enzimas não ocorre somente na DMD, mas
também em estágios iniciais da DMB (DMB) (Emery & Skinner, 1976), na necrose muscular
aguda e, ocasionalmente, em fases agudas de polimiosite (Thompson, 1971). Níveis
moderadamente elevados podem ocorrer em outras formas de Distrofia do tipo Cinturas.
O nível elevado da enzima CK no soro, além de confirmar o diagnóstico de DMD e
DMB, também detecta cerca de 50 a 70% das portadoras (Zatz et al., 1976; Emery, 1983;
Thompson, 1986).
1.7.5. RETARDO MENTAL NA DMD
O retardo mental (RM) tem sido descrito em 30 a 50% dos afetados pela DMD (Allen
& Rodgin, 1960, Worden & Vignos, 1962; Schorer, 1964; Dubowitz 1965; Zellweger &
Niedermeyer, 1965; Cohen et al., 1968; Desai et al.,1969; Leibowitz & Dubowitz, 1981;
Bortolini et al.,1983). Por outro lado, pacientes com DMB em geral apresentam um quociente
de inteligência (QI) normal (Karagan & Sorensen, 1981; Emery, 1993). A média de QI dos
meninos com DMD é menor do que a média da população.
A diminuição do QI dos pacientes com DMD é geralmente moderada e a maioria das
mães portadoras do gene da DMD apresenta QI normal (Prosser et al.,1969). Entretanto,
Murphy et al, (1965), Bortolini & Zatz (1986) e Zatz et al.(1987) mostraram que o
comprometimento intelectual pode ocorrer em portadoras do gene com manifestações clínicas
e/ou níveis séricos altos de CK.
Wilcox et al. (1986) estudaram dois primos afetados pela DMD que, apesar de
apresentarem, aparentemente, a mesma deleção molecular, eram discordantes quanto ao RM,
sendo um deles gravemente comprometido, enquanto que o outro apresentava um atraso
INTRODUÇÃO
50
intelectual moderado. Os pacientes não manifestavam outras doenças ligadas ao cromossomo
X, além do comprometimento mental e da baixa estatura.
Entretanto, de acordo com Emery (1993), a diminuição do QI na DMD poderia ser um
efeito pleiotrópico do gene mutante. Tal evento é corroborado pelo fato de irmãos normais de
pacientes com DMD terem inteligência normal enquanto que os QIs de irmãos afetados
geralmente se apresentam correlacionados.
Nudel et al. (1989) estudando células de cérebro e músculo de camundongo,
demonstraram que o gene da DMD se expressa de uma maneira específica para cada tecido.
Foram encontrados níveis significantes de RNAm do gene da DMD no cérebro, porém, o
transcrito e a região amino-terminal da proteína traduzida nesse tecido diferem daqueles
observados no músculo. Segundo esses autores, esta observação sugere que dois promotores
diferentes, um cerebral e um muscular, seriam ativados nos diferentes tecidos, produzindo
dois tipos de RNAm. No caso de pacientes com DMD, uma deleção no gene da distrofina
afetaria tanto a distrofina muscular quanto a cerebral, podendo este evento explicar a alta
freqüência de RM na DMD.
Assim, Jorde et al., (2000) observaram que uma forma ligeiramente alterada da
distrofina é normalmente encontrada nas células cerebrais. Sua ausência nos pacientes de
DMD ajuda explicar porque aproximadamente 25% têm quociente intelectual (QI) abaixo de
75. Nas células cerebrais o sítio de início da transcrição fica mais adiante no gene, sendo
usado um promotor diferente. Assim, o mRNA transcrito, e o produto gênico resultante,
diferem do produto gênico encontrado nas células musculares. Um terceiro promotor foi
identificado para os transcritos de DMD expressos nas células de Purkinje cerebelares. Este é
um exemplo de um único gene gerando produtos diferentes como resultados de transcrição
modificada.
INTRODUÇÃO
51
1.7.6. AÇÕES TERAPÊUTICAS
A terapia paliativa vigente para DMD baseia-se na reabilitação, na corticoterapia e na
orientação nutricional e caracteriza-se por assistência multidisciplinar. É de fundamental
importância a prevenção das deformidades ortopédicas e das complicações clínicas que se
acompanham as restrições físicas consequentes da moléstia. A corticoterapia com
prednisolona ou deflazacort (mostra menos efeitos colaterais), está sendo universalmente
empregada com o objetivo de diminuir o ritmo de perda da força muscular, retardar a época
do confinamento à cadeira de rodas, e, portanto a rápida progressão da escoliose (Parreira,
2005).
1.8. DISTROFIA MUSCULAR DE BECKER (DMB)
Outra forma de distrofia clinicamente semelhante à DMD, porém com um
desenvolvimento mais lento, na qual os pacientes sobrevivem frequentemente até meia idade,
foi descrita por Becker & Kiener (1955). Denominada como distrofia muscular tipo Becker,
em consideração ao Dr. Peter Emil Becker, que descreveu a DMB como uma doença clínica e
geneticamente distinta.
A DMB se inicia mais tardiamente, em média aos 11 anos, variando de 2,5 a 21 anos
de idade (England et al., 1990; Beggs et al., 1991). Cerca de 90% dos casos de DMD ficam
confinados a cadeira de rodas antes dos 11 anos de idade, enquanto que 90% dos casos de
DMB ficam confinados após esta idade. Entretanto, existem relatos na literatura de pacientes
que não apresentaram perda da capacidade de locomoção. A DMB é consideravelmente
menos frequente que a DMD, afetando apenas cerca de 1 /18.000 meninos.
Por algum tempo, suspeitou-se que o gene responsável pela DMB estivesse situado
perto do DMD no cromossomo X. Entretanto, não estava claro se as duas doenças eram
causadas por loci distintos ou por mutações diferentes no mesmo locus. A clonagem do gene
INTRODUÇÃO
52
mostrou que as duas doenças são de fato causadas por mutações diferentes no mesmo locus e
representam um exemplo de heterogeneidade alélica. Em geral, ambas as doenças resultam de
deleções (65% dos casos de DMD e 85% dos casos de DMB) ou duplicações (6 a 7% dos
casos de DMD e DMB). Porém, embora a grande maioria das deleções de DMD e duplicações
produzam mudanças de matriz de leitura, a maioria das mutações na DMB são alterações in-
frame (um múltiplo de três bases é deletado ou duplicado). (Kingston et al., 1983, 1984).
As consequências destas mutações diferentes podem ser observadas no produto
gênico. Enquanto a distrofina está ausente em quase todos os pacientes de DMD, ela está
geralmente presente em quantidade reduzida (ou uma forma encurtada da proteína) nos
pacientes de DMB. Assim, a triagem de distrofina pode ajudar a distinguir ambas as doenças
de outras formas de distrofia muscular, pois várias destas formas de membros e cinturas
resultam de mutações em gene que codificam proteínas do complexo distroglicana-
sarcoglicana, enquanto a distrofina parece ser afetada apenas na DMD e DMB.
1.9. RELEVÂNCIA DO PRESENTE ESTUDO
A multiplicidade de tipos de distúrbios e a variabilidade individual nas manifestações
clínicas fazem com que o diagnóstico clínico seja difícil e nem sempre feito corretamente
devido à similaridade sintomática entre doenças de origem genética diferente. Portanto, a
caracterização molecular de cada doença específica no menor tempo possível pode gerar
grandes benefícios, na escolha do tratamento mais adequado, acarretando uma melhora na
qualidade de vida dos pacientes.
Uma das principais dificuldades no diagnóstico das AMEs é diferenciá-las de outras
doenças que cursam um quadro clínico bastante semelhante, com hipotonia e prejuízo no
desenvolvimento motor. Já que a hipotonia muscular no período neonatal pode ser uma
manifestação clínica consequente a vários processos patogênicos, inclusive na Distrofia
Muscular de Duchenne e Distrofia Miotônica.
INTRODUÇÃO
53
O diagnóstico molecular representa mais um exame de escolha para AME devido à
simplicidade da coleta de sangue. No futuro é possível que este tipo de teste venha evitar que
outras crianças com problemas semelhantes sejam submetidas a outros exames que causam
desconforto como a eletroneuromiografia e biópsia muscular.
É importante salientar que embora ainda não exista cura, muitos tratamentos podem
ser utilizados para melhorar a qualidade de vida, tais como a fisioterapia e a ventilação
assistida.
OBJETIVOS
54
22.. OOBBJJEETTIIVVOOSS
2.1. OBJETIVO GERAL
Fazer a análise molecular dos genes relacionados ao desenvolvimento das doenças
neuromusculares degenerativas (DNMD) em crianças na população do Rio de Janeiro.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1. Análise epidemiológica dos genes envolvidos com a Distrofia Muscular de Duchenne,
Distrofia Muscular de Becker e Atrofia Muscular Espinhal.
2. Descrição das características clínicas da população em estudo (marcos do
desenvolvimento motor, história familiar, exame físico, exame complementar de
creatinofosfoquinase, eletroneuromiografia e biópsia muscular).
3. Determinação da freqüência de cada uma destas doenças neuromusculares nas diferentes
faixas etárias e de acordo com os primeiros sintomas.
4. Corroborar ou confrontar a suspeita diagnóstica do médico com o resultado do diagnóstico
molecular.
5. Utilizar as características clínicas dos pacientes para construção de um algoritmo e
fluxograma para direcionar o diagnóstico molecular, tornando-o mais eficiente e
econômico.
MATERIAL & MÉTODOS
55
33.. MMAATTEERRIIAALL && MMÉÉTTOODDOOSS
3.1. AVALIAÇÃO DO PROJETO PELO COMITÊ DE ÉTICA EM
PESQUISA
O projeto de pesquisa foi encaminhado para análise pelo Comitê de Ética e Pesquisa
(CEP) da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Após sua aprovação (anexo 1), o projeto
foi enviado para avaliação pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), que
também emitiu parecer favorável (anexo 2).
Com a aprovação do projeto de pesquisa, a equipe multidisciplinar do setor de
Neuropediatria do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG) da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) contatou os pacientes cadastrados para uma
revisão clínica. Nesse momento, os pacientes e seus familiares foram informados do estudo e
os que se mostraram interessados assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE), autorizando a investigação genética (anexo 3). Novos casos foram sendo convidados
a participar do estudo à medida que eram encaminhados ao Setor de Neuropediatria do
IPPMG/UFRJ e apresentassem os critérios de elegibilidade.
Este Setor de Neuropediatria apresenta um afluxo importante de crianças com doenças
neuromusculares, por poder oferecer o exame de biopsia muscular por imunohistoquímica e
pelo fato de um de seus membros ser referência para atendimentos de crianças com AME e
distrofia muscular pelas associações reginonais e nacionais de portadores destas doenças.
Também houve o convite para que diferentes serviços de neuropediatria do Estado do Rio de
Janeiro, ou encaminhassem os casos suspeitos de doença neuromuscular, ou mediante
contatos pudessem ter os mesmos incluídos no estudo caso apresentassem os critérios de
elegibilidade e os responsáveis assim o autorizassem.
MATERIAL & MÉTODOS
56
3.2. AMOSTRA DE ESTUDO
Para o desenvolvimento do presente estudo, foram utilizadas 117 amostras de sangue
periférico coletados de pacientes acompanhados em diferentes serviços de neuropediatria do
estado do Rio de Janeiro, sendo a sua maioria do Serviço de Neurologia do Instituto de
Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
3.2.1. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO/ EXCLUSÃO As alterações clínicas necessárias para a inclusão dos pacientes no presente estudo
foram: 1) atraso no desenvolvimento de marcos motores (não sustentar a cabeça após 4 meses,
ou não sentar sem apoio após 7 meses, ou não andar após 15 meses); e 2) queixa de fraqueza
muscular (dificuldade para correr, pular, subir escadas) por um período superior a 3 meses.
Os critérios de exclusão adotados neste estudo basearam-se nos seguintes parâmetros:
1) diagnóstico de neuropatia periférica ou presença de sintomas ou sinais de distúrbios de
sensibilidade; 2) diagnóstico de doença de placa motora ou flutuação dos sintomas sugestiva
de doença de placa motora; e 3) diagnóstico de doença do sistema nervoso central que curse
com paresia muscular crônica (paralisia cerebral, acidente vascular encefálico-AVE, sequela
de traumatismo cranioencefálico-TCE, seqüela de meningoencefalite, esclerose múltipla,
paraparesia espástica, esclerose lateral amiotrófica) ou presença de sinais de acometimento de
sistema nervoso central como sinais piramidais ou extrapiramidais.
3.3. AVALIAÇÃO CLÍNICA
Todos os pacientes com suspeita de doença neuromuscular foram avaliados pela
equipe de neuropediatras, chefiada pela Dra. Alexandra Prufer de Queiroz Campos Araújo,
que selecionaram os participantes com base nos critérios de elegibilidade do presente estudo.
Em seguida, os responsáveis receberam o termo de consentimento livre e esclarecido,
convidando seu (sua) filho (a) a participar da pesquisa e tiveram eventuais dúvidas em relação
MATERIAL & MÉTODOS
57
à mesma, que foram sanadas pelo médico assistente. O médico assistente (neuropediatra)
preencheu o formulário de coleta de dados que continha as principais informações sobre os
sintomas e sinais de seu paciente, algumas informações sobre exames complementares e
dados familiares. Este formulário bem como a cópia do termo de consentimento livre e
esclarecido permaneceu no poder de um dos orientadores, sendo as informações do formulário
repassadas somente ao término da pesquisa.
Ao término da avaliação clínica, os participantes do estudo foram submetidos a
exames bioquímicos necessários para avaliação clínica. Neste momento foram coletados 5 ml
de sangue periférico para a investigação molecular. O material coletado foi enviado a para o
Laboratório de Genética Humana - IOC/ FIOCRUZ, sem que a pesquisadora principal
conhecesse a suspeita clínica. Todas as amostras foram testadas para as doenças relacionadas
ao projeto (AME, DMD / DMB).
3.4. ANÁLISE LABORATORIAL
3.4.1. EXTRAÇÃO DE DNA GENÔMICO
A extração e purificação do DNA genômico compreendem várias etapas que incluem a
lise das células, extração de proteínas e do RNA e precipitação do DNA. A extração foi feita a
partir da camada de leucócitos de uma alíquota de aproximadamente 5ml de sangue
periférico, seguindo o protocolo salino descrito por Miller et al., (1998).
Para um volume de 5ml de sangue total, eram adicionados 10ml do tampão de lise de
hemácias (NH4Cl 155mM; KHCO3 10mM; EDTA 1mM, pH 7.4). e após a homogeneização
por inversão, os tubos foram centrifugados a 1.000rpm durante 4 minutos em centrífuga
clínica (Excelsa 2, Modelo 205 – N [FANEM]). Ao término deste período, o sobrenadante foi
descartado e adicionaram-se 5ml de tampão de lise de hemácias ao precipitado (células
nucleadas). O material foi homogeneizado suavemente e centrifugado por mais 4 minutos à
mesma velocidade. Esta etapa foi repetida por uma ou duas vezes, até que ocorresse a lise
MATERIAL & MÉTODOS
58
total das hemácias (precipitado claro). As células brancas purificadas foram ressuspensas em
1ml de tampão de lise de núcleo (Tris-HCl 10mM; NaCl 400mM; EDTA 2mM; pH 8.2). Em
seguida foram adicionados 50μl de dodecil sulfato de sódio 10% e 34μl de proteinase K
(20mg/ml). Após a homogeneização, essa solução foi encubada por 20 horas em banho de
aquecimento a 37°C (Banho-maria, B.M. 60 [TempTherm]). Após a digestão das proteínas, a
cada amostra foram adicionados 400μl de NaCl saturado (5,6M) e o homogeneizado foi
centrifugado por 10 minutos a 5.000 rpm (Excelsa 2, Modelo 205 – N [FANEM]). O
sobrenadante foi transferido para um novo tubo, onde foram acrescentados dois volumes de
etanol absoluto gelado para precipitação das fibras de DNA e após a formação da molécula, o
DNA foi transferido para um microtubo e centrifugado por 4 minutos a 14.000 rpm
(Microcentrifuga 5414C [Eppendorf]). O sobrenadante foi descartado e ao DNA foi
adicionado cerca de 1ml de etanol 75% gelado. Centrifugou-se DNA por igual período.
Posteriormente, descartou-se o sobrenadante e o DNA foi ressuspenso em 500μl de TE 1X
(Tris-HCl 10mM; EDTA 1mM; pH 7.4).
As amostras foram mantidas em banho de aquecimento (banho-maria com circulação,
NT-248 [Nova Técnica]) a 55°C por 30 minutos para a solubilização do DNA. Após essa
etapa, as amostras de DNA foram armazenadas em geladeira, a uma temperatura de 4°C.
3.4.2. ESTIMATIVA DA CONCENTRAÇÃO DE DNA: Para avaliar a quantidade do material extraído e estimar a concentração das amostras
de DNA, estas foram submetidas à eletroforese em gel de agarose 0,8% (GIBCO BRL)
diluída em tampão TBE 1X (Tris 89mM [AMERSHAM PHARMACIA BIOTECH], ácido
bórico 89 mM [ISOFAR], EDTA 2mM [GIBCO BRL]). No preparo das amostras, 1μl da
alíquota de DNA foi adicionado a 1μl de corante de corrida (azul de bromofenol 0,025%
[SIGMA], xileno-cianol 0,025% [MERK], glicerol 30% [MERK]) e 8μl de água Milli-Q. A
eletroforese foi realizada a 60V por uma hora em cuba horizontal (Horizon 58 – GIBCO
MATERIAL & MÉTODOS
59
BRL), usando-se como tampão de corrida o TBE 1X. O gel foi corado em solução de brometo
de etídeo 10μg/ml (SIGMA) por 10 minutos e visualizado em um transiluminador de luz
ultravioleta (ImagenMaster® VDS – PHARMACIA BIOTECH).
A quantidade de DNA foi estimada através da comparação de sua intensidade com a
de um marcador de peso molecular λ-DNA (GIBCO BRL).
3.4.3. DETERMINAÇÃO MOLECULAR
3.4.3.1. Investigação Molecular do gene SMN
Para a análise dos éxons 7 e 8 do gene SMN foi utilizada a técnica de Nested PCR
(Fallon et al., 1999). Para a primeira fase de PCR, utilizou-se o protocolo de amplificação que
incluiu 10ng de DNA genômico, tampão de reação 1X (10mM Tris-HCl, 50mM KCl
[BIOTOOLS], 1,5mM MgCl2 (BIOTOOLS), 0,2mM de dNTP (1mM de dATP, 1mM de
dTTP, 1mM de dGTP e 1mM de dCTP, [INVITROGEN], 3µM de cada um dos
oligonucleotídeos (tabela 7) e 0,3U de Taq DNA polimerase (BIOTOOLS) em um volume
final de 40µl. As amostras foram processadas no termociclador PTC-100 Programmable
Thermal Controller. As condições de ciclagem estabelecidas incluíram uma desnaturação
inicial a 96ºC por oito minutos, seguida por quatro ciclos com três etapas: desnaturação a
96ºC, por três minutos, pareamento dos oligonucleotídeos a 52ºC, por dois minutos, e
extensão a 72ºC, por um minuto , seguidos por 28 ciclos com tempo de desnaturação
diminuído 1 minuto por ciclo. A extensão final foi conduzida a 72ºC por 5 minutos. Dez
microlitros do produto amplificado foram misturados com 2µl de corante de corrida e
posteriormente submetidos à eletroforese em gel de agarose 1,5%. Os géis foram corados com
brometo de etídio por cinco minutos e os produtos visualizados em transluminador de luz
ultra-violeta ImagenMaster.
MATERIAL & MÉTODOS
60
Tabela 7. Resumo dos oligonucleotídeos utilizados
para análise do gene SMN (1ª fase).
Com a constatação de amplificação da região-alvo, na 1º fase, os produtos de PCR
foram submetidos a uma segunda etapa de amplificação. Nesta fase utilizamos os
oligonucleotídeos descritos por Fallon et al., 1999 que permitiram a amplificação das
sequências genômicas referentes aos éxons 7 e 8 do gene SMN (tabela 8).
Tabela 8. Resumo dos oligonucleotídeos (primers) utilizados para análise do gene SMN (2ª
fase).
Região Alvo Seqência de Oligonucleotídeos Produto
Amplificado (pb)
R111: 5' AGA CTA TCA ACT TAA TTT CTG ATC A 3' Éxon 7
X7DRA: 5' CCT TCC TTC TTT TTG ATT TTG TTT 3' 190
541C960: 5' GTA ATA ACC AAA TGC AAT GTG AA 3' Éxon 8
541C1120: 5' CTA CAA CAC CCT TCT CAC AG 3' 192
As condições de amplificação para o éxon 7 seguiram o seguinte protocolo:
desnaturação inicial a 94°C por 5 minutos, seguido de 33 ciclos com três etapas: desnaturação
a 94°C por um minuto, pareamento dos oligonucleotídeos a 56°C durante um minuto e
extensão a 72°C por um minuto. A extensão final teve duração de 5 minutos a 72°C. Ao
término desta etapa quatro microlitros do produto amplificado foram submetidos à digestão
enzimática com 5U da enzima Dra I por 1 hora a 37ºC, de acordo com as instruções do
Óligos Seqência de Oligonucleotídeos
R111FO 5' AGA CTA TCA ACT TAA TTT CTG ATC 3' X7RO 5' CTT AAT TTA AGG AAT GTG AGC ACC 3' SMX8FO 5' TGG AAT GGG TAA CTC TTC TTG 3' SMX8RO 5' TTG CCA CAT ACG CCT CAC 3' AMXY1 5' CCC CTT TGA AGT GGT ACC AGA G 3' AMXY2 5' ACG GGG ATG ATT TGG TGG TG 3' DYZy1.1 5' TCC ACT TTA TTC CAG GCC TGT 3' DYZy1.2 5' TTG AAT GGA ATG GGA ACG AAT GG 3'
MATERIAL & MÉTODOS
61
fabricante (INVITROGEN). Após a obtenção dos fragmentos de estudo, o produto digerido
foi aplicado em gel de poliacrilamida 12%. Após a eletroforese, os géis foram corados com
brometo de etídio e os perfis de digestão foram visualizados sob luz ultravioleta. As imagens
dos géis foram capturadas pelo sistema ImagenMaster-VDS.
A figura 15 apresenta o gel de poliacrilamida 12%, com padrão de digestão do
fragmento com a enzima Dra I. Nessa figura, a coluna 1 corresponde ao marcador de peso
molecular, a coluna 2 a um indivíduo normal, a coluna 3 mostra a deleção do éxon 7, a coluna
4 é referente ao material não digerido e as colunas 5, 6 e 7 mostram ausência de deleção.
Del (Deleção) ↓
1 2 3 4 5 6 7
Figura 15. Gel de Poliacrilamida 12 %, éxon 7 do gene SMN.
As condições para amplificação do éxon 8 foram: desnaturação inicial a 94°C, por
cinco minutos, seguida de 30 ciclos com três etapas: desnaturação a 94°C por um minuto,
pareamento dos oligonucleotídeos a 59°C por um minuto, extensão por um minuto. Ao
término dos 30 ciclos seguiu-se a extensão final a 72°C durante cinco minutos.
Posteriormente, quatro microlitros do produto amplificado foram submetidos à digestão
enzimática pela enzima Dde I. As condições de digestão enzimática foram as mesmas
MATERIAL & MÉTODOS
62
descritas para o éxon 7. Após a obtenção dos fragmentos de estudo, o produto digerido foi
aplicado em gel de poliacrilamida 12%. Após a eletroforese, os géis foram corados com
brometo de etídio e os perfis de digestão foram visualizados sob luz ultravioleta. As imagens
dos géis foram capturadas pelo sistema ImagenMaster-VDS. A figura 16 apresenta o gel de
poliacrilamida 12% com padrão de digestão do fragmento com enzima Dde I
Del (Deleção) ↓ ↓
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Figura 16. Gel de Poliacrilamida 12 %, éxon 8 do gene SMN.
Na figura 16, a coluna 1 corresponde ao marcador de peso molecular (pBR/Hae III), as
colunas 2, 3 e 4 mostram ausência de deleção do éxon 8, as colunas 5 e 6 mostram presença
de deleção, as colunas 7, 8 e 9 mostram também ausência de deleção do éxon 8 e a coluna 10
é referente ao material não digerido.
3.4.3.2. Investigação Molecular do Gene NAIP
Para a investigação molecular do gene NAIP foram utilizados dois pares de
oligonucleotídeos que permitiram a amplificação diferencial das regiões que compreendem os
éxons 5 e 6 (tabela 9). Os oligonucleotídeos utilizados foram descritos por Roy et al., 1995.
MATERIAL & MÉTODOS
63
Tabela 9. Resumo dos oligonucleotídeos (primers) utilizados para análise do gene NAIP.
Região Alvo Seqência de Oligonucleotídeos Produto Amplificado (pb) 1863: 5' CTC TCA GCC TGC TCT TCA GAT 3'
Éxon 5 1864: 5' AAA GCC TCT GAC GAG AGG ATC 3' 435
1857: 5' CAT TTG GCA TGT TCC TTC CAA G 3'
Éxon 6 1910: 5' TGC CAC TGC CAG GCA ATC TAA 3' 241
As reações de amplificação incluíram 10ng de DNA genômico, tampão de reação 1X
(10mM Tris-HCl, 50mM KCl [BIOTOOLS]); 1,5mM MgCl2 (BIOTOOLS); 0,2mM de dNTP
(1mM dATP, 1mM dTTP, 1mM dGTP e 1mM de dCTP [INVITROGEN]); 1µM de cada
oligonucleotídeo e 0,3U de Taq DNA polimerase (BIOTOOLS) em um volume final de 40µl.
As amostras foram processadas no termociclador PTC-100 Programmable Thermal
Controller. As condições de ciclagem que foram estabelecidas incluíram uma desnaturação
inicial a 94ºC, por cinco minutos, seguida de 30 ciclos com três etapas: desnaturação a 94ºC,
por um minuto, pareamento dos oligonucleotídeos a 60ºC, por um minuto, e extensão a 72ºC,
por um minuto. A extensão final foi conduzida a 72ºC, por 10 minutos. Dez microlitos do
produto da amplificação foram adicionados a 2µl de corante de corrida e posteriormente
submetidos à eletroforese em gel de agarose 2%. Os géis foram corados com brometo de
etídio e os produtos visualizados sobre luz ultravioleta.
A figura 17 apresenta o resultado de uma corrida eletroforética com o padrão de
amplificação dos éxons 5 e 6 investigados.
MATERIAL & MÉTODOS
64
Del (Deleção)
↓ ↓ ↓
11 22 33 44 55 66 77 88
Figura 17. Gel de Agarose 2% do PCR-multiplex para os éxons 5 e 6 do gene NAIP.
Na figura 17, a coluna 1 apresenta o marcador de peso molecular, a coluna 2: o
controle interno, a coluna 3: deleções dos éxons 5 e 6, as colunas 4 e 5: ausência de deleções
nos éxons 5 e 6, a coluna 6: deleções nos éxons 5 e 6, a coluna 7: ausência de deleções e a
coluna 8: deleções nos éxons 5 e 6.
435 pb (éxon 5) controle interno
241 pb (éxon 6)
MATERIAL & MÉTODOS
65
3.4.3.3. Investigação Molecular do Gene da Distrofina
Para a investigação molecular do gene da distrofina foram utilizados dezoito pares de
oligonucleotídeos que permitiram a amplificação diferencial das regiões que compreendem os
éxons listados na tabela 10.
Tabela 10. Resumo dos oligonucleotídeos (primers) utilizados para análise do gene DMD.
(Beggs et al., 1990; Chamberlain et al., 1988).
Região Alvo
Sequência dos Oligonucleotídeos Produto
Amplificado (pb)
1F: 5’ GAA GAT CTA GAC AGT GGA TAC ATA ACA AAT GCA TG 3’ Éxon 1 1R: 5’ TTC TCC GAA GGT AAT TGC CTC CCA GAT CTG AGT CC 3’
535
3F: 5’ TCA TCC ATC ATC TTC GGC AGA TTA A 3’ Éxon 3 3R: 5’ CAG GCG GTA GAG TAT GCC AAA TGA AAA TCA 3’
410
6F: 5’ CCA CAT GTA GGT CAA AAA TGT AAT GAA 3’ Éxon 6 6R: 5’ GTC TCA GTA ATC TTC TTA CCT ATG ACT ATG A 3’
202
13F: 5’ AAT AGG AGT ACC TGA GAT GTA GCA GAA AT 3’ Éxon 13 13R: 5’ CTG ACC TTA AGT TGT TCT TCC AAA GCA G 3’
238
43F: 5’ GAA CAT GTC AAA GTC ACT GGA CTT CAT GG 3’ Éxon 43 43R: 5’ ATA TAT GTG TTA CCT ACC CTT GTC GGT CC 3’
357
47F: 5’ CGT TGT TGC ATT TGT CTG TTT CAG TTA C 3’ Éxon 47 47R: 5’ GTC TAA CCT TTA TCC ACT GGA GAT TTG 3’
181
50F: 5’ CAC CAA ATG GAT TAA GAT GTT CAT GAA T 3’ Éxon 50 50R: 5’ TCT CTC TCA CCC AGT CAT CAC TTC ATA G 3’
271
52F: 5’ AAT GCA GGA TTT GGA ACA GAG GCG TCC 3’ Éxon 52 52R: 5’ TTC GAT CCG TAA TGA TTG TTC TAG CCT C 3’
113
60F: 5’ AGG AGA AAT TGC GCC TCT GAA AGA GAA CG 3’ Éxon 60 60R: 5’ CTG CAG AAG CTT CCA TCT GGT GTT CAG G 3’
139
4F: 5’ TTG TCG GTC TCT GCT GGT CAG TG 3’ Éxon 4 4R: 5’ CCA AGC CCT CAC TCA AAC ATG AAG C 3’
196
8F: 5’ GGC CTC ATT CTC ATG TCT AAT TAG 3’ Éxon 8 8R: 5’ GTC CTT TAC ACA CTT TAC CTG TTG AG 3’
360
12F: 5’ GAT AGT GGG CTT TAC TTA CAT CCT TC 3’ Éxon 12 12R: 5’ GAA AGC ACG CAA CAT AAG ATA CAC CT 3’
331
17F: 5’ GAC TTT CGA TGT TGA GAT TAC TTT CCC 3’ Éxon 17 17R: 5’ AAG CTT GAG ATG CTC TCA CCT TTT CC 3’
416
19F: 5’ GAT GGC AAA AGT GTT GAG AAA AAG TC 3’ Éxon 19 19R: 5’ TTC TAC CAC ATC CCA TTT TCT TCC A 3’
459
44R: 5’ CTT GAT CCA TAT GCT TTT ACC TGC A 3’ Éxon 44 44F: 5’ TTC ATC ACC CTT CAG AAC CTG ATC T 3’
268
45F: 5’ AAA CAT GGA ACA TCC TTG TGG GGA C 3’ Éxon 45 45R: 5’ CAT TCC TAT TAG ATC TGT CGC CCT AC 3’
547
48F: 5’ TTG AAT ACA TTG GTT AAA TCC CAA CAT G 3’ Éxon 48 48R: 5’ CCT GAA TAA AGT CTT CCT TAC CAC AC 3’
506
51F: 5’ GAA ATT GGC TCT TTA GCT TGT GTT TC 3’ Éxon 51 51R: 5’ GGA GAG TAA AGT GAT TGG TGG AAA ATC 3’
388
Para cada reação de amplificação foi preparada uma solução de 50μl contendo: 250 ng
DNA genômico; 200μM de dNTPs; 1μM de cada iniciador; 1X de tampão de PCR (Perkin
MATERIAL & MÉTODOS
66
Elmer), 2,5mM de MgCl2 (Perkin Elmer); e 0.3U de Ampli Taq Gold (Perkin Elmer). Foi
utilizado o termociclador PTC-100 Programmable Thermal Controlleer (Peltier-Effeci
Cycling; Mj Research, Inc.) programado para uma desnaturação inicial de 94°C por 7
minutos, seguido de 25 ciclos de 94°C por 30 segundos, 65°C por 4 minutos, 72°C por 10
minutos e um ciclo final de 4 minutos por 72°C. Dez microlitros dos produtos da PCR foram
misturados com 2µl de corante de corrida e posteriormente submetidos à eletroforese em gel
de agarose 2,5%. A eletroforese ocorreu em cuba horizontal, usando-se como tampão de
corrida TBE 1X. Ao término da corrida eletroforética, o gel foi retirado da cuba e imerso em
solução de brometo de etídeo, por 5 minutos. Após a coloração, o gel foi colocado sob um
transluminador, que permitiu a visualização dos fragmentos obtidos pela PCR. Os géis foram
fotografados pelo sistema ImagenMaster VDS.
A figura 18 apresenta o esquema de amplificação de uma corrida eletroforética dos
éxons 4, 8, 12, 17, 19, 44, 45, 48 e 51 (Chamberlain et al., 1988) e dos éxons 1, 3, 6, 13, 43,
47, 50, 52 e 60 (Beggs et al., 1990) .
Figura 18. Esquema de Amplificação para os éxons analisados em pacientes com DMD ou DMB.
(Beggs et al, 1990 e Chamberlain et al, 1988)
MATERIAL & MÉTODOS
67
Del (Deleção)
↓
Figura 19. Gel de Agarose 2,5% do PCR-Multiplex
(éxons 4, 8, 12, 17, 19, 44, 45, 48, 51) do gene da distrofina.
Na figura 19, a coluna 1 apresenta o marcador de peso molecular (100pb), as colunas
2, 3, 4 e 6 não mostram deleção dos éxons analisados, na coluna 5, os éxons 8 e 12 estão
ausentes (pacientes com DMD/B).
RESULTADOS
68
44.. RREESSUULLTTAADDOOSS 4.1. SEXO E IDADE DOS PRIMEIROS SINTOMAS
Os resultados provenientes das avaliações clínicas e moleculares, realizadas nos
pacientes estão sumarizados nas tabelas a seguir. Todos os dados foram analisados, utilizando
o programa estatístico SPSS (Statistical Package for the Social Sciences, versão 12.0) que
permite ao usuário contagens de freqüência, ordenar dados, reorganizar a informação e serve
também como um mecanismo de entrada dos dados, com rótulos para pequenas entradas.
No nosso trabalho foram analisados 117 pacientes, sendo 33 do sexo feminino, 82 do
sexo masculino e 2 sem informação sobre sexo (identificados apenas pelo nome da mãe) .
Todos os pacientes com suspeita clínica de DMD ou DMB são do sexo masculino e a maioria
deles apresentou o início dos sintomas na última faixa etária da tabela (acima de 12 meses).
Já a maioria dos pacientes com suspeita clínica de AME apresentou o início dos sintomas
mais precocemente (primeira faixa etária), sendo estes de ambos os sexos (tabela 11).
Tabela 11. Sexo, Suspeita Clínica e Idade dos Primeiros Sintomas em Todos os Pacientes.
0-6 meses 7-12 meses acima de 12 Sem InformaçãoNão determinado 0 0 0 12 12AME 13 1 4 0 18MC 1 0 0 0 1AME ou DM 1 0 0 0 1Sem Informação 0 0 0 1 1Total 15 1 4 13 33Não determinado 0 0 0 12 12DMD 3 6 28 0 37DMB 0 0 3 0 3AME 9 1 6 0 16MC 2 1 0 0 3DMD ou B 0 0 7 0 7DMD ou AME 0 0 1 0 1AME ou DM 1 0 0 0 1AME ou DC 0 0 1 0 1Sem Informação 0 0 0 1 1Total 15 8 46 13 82
Sem Informação 0 0 0 2 2Total 30 9 50 28 117
* AME: Atrofia muscular espinhal/ MC: Miopatia congênita; DM: Distrofia miotônica; DMD: Distrofia muscular de Duchenne; DMB: Distrofia muscular de Becker; DC: Distrofia de cinturas
Suspeita Clínica*
Feminino
Masculino
TotalSexo Idade dos Primeiros Sintomas
RESULTADOS
69
Os 117 pacientes foram submetidos ao diagnóstico molecular para Distrofia Muscular
de Duchenne ou Becker e Atrofia Muscular Espinhal; por tal razão, na tabela 12, foi elaborada
com base aos 74 pacientes com suspeita clínica de DMD, DMB e AME. Reforçando o que
mostrou a tabela 11, todos os pacientes com suspeita de DMD ou DMB são do sexo
masculino, um resultado sem surpresas devido ao tipo de herança (ligada ao X) dessas
doenças. Já em relação à AME não foi obseravada nenhuma diferença estatística significativa
em relação ao sexo (χ2 = 0,117; p = 0,53).
Tabela 12. Suspeita Clínica e Sexo nos Pacientes com Suspeita Clínica de DMD/B e AME.
Suspeita Clínica Sexo DMD DMB AME
Total
Feminino 0 0 18 18
Masculino 37 3 16 56
Total 37 3 34 74
Qui-quadrado: 27,98 gl (graus de liberdade): 2 p: 0,000
Podemos observar na tabela 13, que a maioria dos pacientes com suspeita clínica de
AME, apresentou o início dos sintomas mais cedo, o que reforça a característica do grupo, já
os pacientes com suspeita clínica de DMD ou DMB, em geral, apresentam os primeiros
sintomas mais tardiamente.
Tabela 13. Idade dos Primeiros Sintomas em Pacientes com Suspeita Clínica de DMD/B e AME.
Suspeita Clínica Idade Primeiros Sintomas DMD DMB AME
Total
0-6 meses 3 0 22 25 7-12 meses 6 0 2 8
Acima de 12 28 3 10 41 Total 37 3 34 74
Qui-Quadrado: 27,91 gl: 4 p: 0,000
RESULTADOS
70
4.2. PSEUDO-HIPERTROFIA E MOVIMENTOS INTRAUTERINOS
Dos 117 pacientes analisados, 40 apresentaram pseudo-hipertrofia das panturrilhas,
sendo destes, 39 com suspeita clínica de DMD ou DMB, enquanto que outros 7 suspeitos de
DMD e os 34 pacientes suspeitos de AME não apresentaram essa característica (tabelas 14 e
15).
Tabela 14. Histórico de Pseudo-Hipertrofia nos Pacientes Analisados.
Pseudo-hipertrofia Suspeita Clínica
Não Sim Sem Informação
Total
Não Determinado 0 0 26 26 DMD 7 30 0 37 DMB 0 3 0 3 AME 34 0 0 34 MC 3 1 0 4 DMD-B 1 6 0 7 DMD-AME 1 0 0 1 AME-DM 2 0 0 2 AME-DC 1 0 0 1 Sem Informação 0 0 2 2 Total 49 40 28 117
Tabela 15. Histórico de Pseudo-Hipertrofia em Pacientes com Suspeita
Clínica de DMD ou DMB e AME.
Suspeita Clínica Pseudo Hipertrofia DMD DMB DMD ou
DMB AME Total
Sim 30 3 6 0 39 Não 7 0 0 34 41
Total 37 3 6 34 80
Qui-Quadrado 57,28 gl: 3 p: 0,000
Apenas 4 pacientes relataram ausência de movimentos-intra-uterinos, essa
característica é mais marcante em pacientes com Atrofia Muscular Espinhal do tipo I, 35
RESULTADOS
71
pacientes não souberam responder essa informação e 78 confirmaram a presença dos
movimentos (tabela 16).
Tabela 16. Suspeita Clínica e Movimentos Intra-Uterinos.
Movimentos Intra-Uterinos Suspeita Clínica
Não Sim Sem Informação
Total
Não Determinado 0 0 26 26 DMD 0 35 2 37 DMB 0 2 1 3 AME 3 29 2 34 MC 1 3 0 4 DMD-B 0 7 0 7 DMD-AME 0 1 0 1 AME-DM 0 1 1 2 AME-DC 0 0 1 1 Sem Informação 0 0 2 2 Total 4 78 35 117
4.3. MARCOS MOTORES
Todos os pacientes que não sustentaram a cabeça no tempo proposto pelo médico
especialista (4 meses) foram diagnosticados clinicamente com atrofia muscular espinhal. Dos
117 pacientes, 49 pacientes sustentaram a cabeça no tempo correspondente para este marco
(tabelas 17 e 18).
Tabela 17. Suspeita Clínica e o Marco Motor: Sustentar a Cabeça.
Sustentar a Cabeça Suspeita Clínica
Não Sim Sem Informação
Total
Não determinado 0 0 26 26 DMD 0 23 14 37 DMB 0 3 0 3 AME 9 16 9 34 MC 0 3 1 4 DMD-B 0 3 4 7 DMD-AME 0 1 0 1 AME-DM 2 0 0 2 AME-DC 0 0 1 1 Sem Informação 0 0 2 2 Total 11 49 57 117
RESULTADOS
72
Tabela 18. Marco Motor: Sustentar a Cabeça em Pacientes
com Suspeita Clínica de DMD ou DMB e AME.
Suspeita Clínica Sustentar a Cabeça DMD DMB AME
Total
Sim 23 3 16 42 Não 0 0 9 9
Total 23 3 25 51
Qui-Quadrado 11,37 gl: 2 p: 0,003
Todos os pacientes que não sentaram no tempo normal (7 meses) foram
diagnosticados clinicamente com atrofia muscular espinhal. Dos 117 pacientes, 58 pacientes
sentaram no tempo correspondente para este marco, esses dados sugerem que os pacientes
com suspeita clínica de DMD ou DMB, apresentam os marcos motores no tempo correto,
mostrando que na AME o aparecimento dos sintomas é mais precoce (tabelas 19 e 20).
Tabela 19. Suspeita Clínica e o Marco Motor: Sentar.
Sentar Suspeita Clínica
Não Sim Sem Informação
Total
Não Determinado 0 0 26 26 DMD 0 27 10 37 DMB 0 3 0 3 AME 13 18 3 34 MC 0 3 1 4
DMD-B 0 5 2 7 DMD-AME 0 1 0 1 AME-DM 2 0 0 2 AME-DC 0 1 0 1
Sem Informação 0 0 2 2 Total 15 58 44 117
Tabela 20. Marco Motor: Sentar em Pacientes com Suspeita Clínica de DMD ou DMB e AME.
Suspeita Clínica Sentar DMD DMB AME
Total
Sim 27 3 18 48 Não 0 0 13 13
Total 27 3 31 61
Qui-Quadrado 15,99 gl: 2 p: 0,00
RESULTADOS
73
Como pode ser observado nas tabelas 21 e 22, a grande maioria dos pacientes com
suspeita clínica de atrofia muscular espinhal não ficou em pé no prazo correspondente para
este marco motor (72%) diferentemente do que ocorre na DMD ou na DMB (4,5%).
Tabela 21. Suspeita Clínica e o Marco Motor: Ficar em Pé.
Ficar em pé Suspeita Clínica
Não Sim Sem Informação
Total
Não Determinado 0 0 26 26 DMD 1 19 17 37 DMB 0 3 0 3 AME 21 8 5 34 MC 0 2 2 4 DMD-B 0 3 4 7 DMD-AME 0 1 0 1 AME-DM 2 0 0 2 AME-DC 0 0 1 1 Sem Informação 0 0 2 2 Total 24 36 57 117
Tabela 22. Marco Motor: Ficar em Pé em Pacientes
com Suspeita Clínica de DMD ou DMB e AME.
Suspeita Clínica Ficar em pé DMD DMB AME
Total
Sim 19 3 8 22 Não 1 0 21 30
Total 20 3 29 52
Qui-Quadrado 24,37 gl: 2 p: 0,00
Nas tabelas 23 e 24 observamos que a grande maioria dos pacientes com suspeita
clínica de atrofia muscular espinhal não andou antes dos 14 meses, tempo considerado normal
para esta característica (de acordo com a escala de Denver II, anexo 5).
RESULTADOS
74
Tabela 23. Suspeita Clínica e o Marco Motor: Andar antes dos 14 meses.
Andar Suspeita Clínica
Não Sim Sem Informação
Total
Não Determinado 0 0 26 26 DMD 2 31 4 37 DMB 0 3 0 3 AME 23 10 1 34 MC 1 3 0 4 DMD-B 0 5 2 7 DMD-AME 0 1 0 1 AME-DM 2 0 0 2 AME-DC 0 1 0 1 Sem Informação 0 0 2 2 Total 28 54 35 117
Tabela 24. Marco Motor: Andar em Pacientes
com Suspeita Clínica de DMD/B e AME.
Suspeita Clínica Andar DMD DMB AME
Total
Sim 31 3 10 44 Não 2 0 23 25
Total 33 3 33 69
Qui-Quadrado 30,7 gl: 2 p: 0,000
4.4. HISTÓRICO FAMILIAR E CONSANGUINIDADE
Dentro de uma mesma família, é muito comum a concordância do quadro clínico
particularmente na AME I e tem sido relatada similaridade de quadro clínico entre gêmeos
monozigóticos (Brandt, 1950; Leyrer, 1954; Marquardt et al., 1962; Zellweger et al., 1969).
RESULTADOS
75
Tabela 25. Suspeita Clínica e História Familiar.
História Familiar Suspeita Clínica
Não Sim Sem Informação
Total
Não Determinado 0 0 26 26 DMD 27 10 0 37 DMB 1 2 0 3 AME 27 7 0 34 MC 3 1 0 4 DMD-B 3 4 0 7 DMD-AME 1 0 0 1 AME-DM 1 1 0 2 AME-DC 1 0 0 1 Sem Informação 0 0 2 2 Total 64 25 28 117
Nos casamentos consangüíneos há uma probabilidade maior de nascerem filhos com
caráter recessivo, pois indivíduos aparentados têm maior probabilidade do que os não
parentes, de serem heterozigotos para o mesmo gene mutante. Desta forma, há uma proporção
maior de casamentos consangüíneos entre os progenitores de afetados por um caráter
recessivo, do que entre progenitores de pessoas normais (McKusick, 1971). Como o principal
objetivo do presente trabalho era utilizar características que ajudavam na diferenciação da
DMD/B e AME, a consanguinidade e a história familiar (tabelas 25 e 26), não foram
utilizadas nessa diferenciação, e sim na avaliação individual de cada doença. Observamos 7
crianças nascidas de casamentos consanguíneos, 5 dos quais com suspeita clínica de AME.
Tabela 26. Suspeita Clínica e Consangüinidade.
Consangüinidade Suspeita Clínica
Não Sim Sem Informação
Total
Não Determinado 0 0 26 26 DMD 36 1 0 37 DMB 3 0 0 3 AME 29 5 0 34 MC 4 0 0 4 DMD-B 6 1 0 7 DMD-AME 1 0 0 1 AME-DM 2 0 0 2 AME-DC 1 0 0 1 Sem Informação 0 0 2 2 Total 82 7 28 117
RESULTADOS
76
Como era de se esperar a presença de atrofia é uma característica mais evidente em
pacientes com suspeita clínica de AME (tabelas 27 e 28)
.
Tabela 27. Suspeita Clínica e Atrofia.
Atrofia Suspeita Clínica
Não Sim Sem Informação
Total
Não Determinado 0 0 26 26 DMD 32 5 0 37 DMB 3 0 0 3 AME 12 20 2 34 MC 3 1 0 4 DMD-B 5 2 0 7 DMD-AME 0 1 0 1 AME-DM 0 2 0 2 AME-DC 1 0 0 1 Sem Informação 0 0 2 2 Total 56 31 30 117
Tabela 28. Histórico de Atrofia em Pacientes com Suspeita Clínica de DMD/B e AME.
Suspeita Clínica Atrofia DMD DMB AME
Total
Sim 5 0 20 47 Não 32 3 12 25
Total 37 3 32 72
Qui-Quadrado 19,83 gl: 2 p: 0,000
4.5. AUSÊNCIA DE TONUS MUSCULAR E DE REFLEXOS
O tônus muscular é um estado de tensão permanente do músculo estriado, mesmo quando
em repouso, ou seja, é a resistência encontrada ao movimento passivo dos membros. Essa
característica de ausência de tonus foi mais presente em pacientes com suspeita de DMD
(tabelas 29 e 30).
RESULTADOS
77
Tabela 29. Suspeita Clínica e Tonus Muscular.
Tônus Muscular Suspeita Clínica
Não Sim Sem Informação
Total
Não Determinado 0 0 26 26 DMD 12 25 0 37 DMB 0 3 0 3 AME 4 30 0 34 MC 0 4 0 4 DMD-B 0 6 1 7 DMD-AME 0 1 0 1 AME-DM 0 2 0 2 AME-DC 1 0 0 1 Sem Informação 0 0 2 2 Total 17 71 29 117
Tabela 30. Observação de Tônus Muscular em Pacientes
com Suspeita Clínica de DMD/B e AME.
Suspeita Clínica Tonus Muscular DMD DMB AME
Total
Sim 25 3 30 58 Não 12 0 4 16
Total 37 3 34 74
Qui-Quadrado 5,33 gl: 2 p: 0,07
Nos dois grupos (suspeita clínica de DMD/B e AME) foram observados alterações nos
reflexos, no entanto a hiporreflexia se mostrou mais característico nos pacientes com DMD/ B
enquanto que a ausência de reflexos (arreflexia) é mais comum nos pacientes com AME
(tabelas 31 e 32).
RESULTADOS
78
Tabela 31. Suspeita Clínica e Reflexos.
Reflexos Suspeita Clínica
Normal Hiporreflexia Arreflexia Sem Informação
Total
Não Determinado 0 0 0 26 26 DMD 0 26 9 2 37 DMB 0 2 1 0 3 AME 1 7 24 2 34 MC 0 2 2 0 4
DMD-B 0 2 5 0 7 DMD-AME 0 0 1 0 1 AME-DM 0 0 2 0 2 AME-DC 0 0 0 1 1
Sem Informação 0 0 0 2 2 Total 1 39 44 33 117
Tabela 32. Observação dos Reflexos em Pacientes com Suspeita Clínica de DMD/B e AME.
Suspeita Clínica Reflexos DMD DMB AME
Total
Normal 0 0 1 1 Hiporreflexia 26 2 7 35 Arreflexia 9 1 25 35 Total 35 3 33 71
Qui-Quadrado 19,84 gl: 4 p: 0,0005
RESULTADOS
79
4.6. FASCICULAÇÕES
As fasciculações são contrações visíveis, finas e rápidas, algumas vezes vermiculares,
espontâneas e intermitentes das fibras musculares. Estas são frequentemente observadas no
grupo de pacientes com suspeita clínica de AME (tabelas 33 e 34).
Tabela 33. Suspeita Clínica e Fasciculações.
Fasciculações Suspeita Clínica
Não Sim Sem Informação
Total
Não Determinado 0 0 26 26 DMD 37 0 0 37 DMB 3 0 0 3 AME 17 17 0 34 MC 4 0 0 4 DMD-B 7 0 0 7 DMD-AME 0 1 0 1 AME-DM 2 0 0 2 AME-DC 1 0 0 1 Sem Informação 0 0 2 2 Total 71 18 28 117
Tabela 34. Observação de Fasciculações em Pacientes com Suspeita Clínica de DMD/B e AME.
Suspeita Clínica Fasciculações DMD DMB AME
Total
Não 37 3 17 57 Sim 0 0 17 17
Total 37 3 34 74
Qui-Quadrado 25,96 gl: 2 p: 0
RESULTADOS
80
4.7. MIOTONIA
A miotonia se caracteriza pela falência prolongada do relaxamento muscular após
contração. Essa característica clínica não foi observada em nenhum dos grupos (tabela 35).
Em geral a miotonia está presente nos pacientes com Distrofia Miotônica Steinert.
Tabela 35. Observação de Miotonia em Todos os Pacientes Analisados.
Miotonia Suspeita Clínica
Não Sem Informação
Total
Não Determinado 0 26 26 DMD 37 0 37 DMB 3 0 3 AME 34 0 34 MC 4 0 4 DMD-B 7 0 7 DMD-AME 1 0 1 AME-DM 2 0 2 AME-DC 1 0 1 Sem Informação 0 2 2 Total 89 28 117
4.8. ALTERAÇÕES NOS NERVOS CRANIANOS
O processamento neural da informação sensitiva (percepção) possibilita a experiência
consciente dos objetos e acontecimentos do mundo externo. É possível examinar a função dos
12 pares de nervos cranianos com um simples exame neurológico. Um nervo craniano pode
ser afetado em qualquer ponto de seu trajeto em decorrência de lesões tumorais, infecções,
processos inflamatórios, traumatismos ou mesmo doenças degenerativas. Por essa razão, é
necessário que seja determinada com exatidão o sítio da lesão. Na nossa casuística apenas
dois pacientes com suspeita clínica de atrofia muscular espinhal apresentaram alterações de
nervos cranianos (tabela 36).
RESULTADOS
81
Tabela 36. Observação de Alterações de Nervos Cranianos em
Todos os Pacientes Analisados.
Alterações de Nervos Cranianos Suspeita Clínica
Não Sim Sem Informação
Total
Não Determinado 0 0 26 26 DMD 37 0 0 37 DMB 3 0 0 3 AME 32 2 0 34 MC 4 0 0 4 DMD-B 7 0 0 7 DMD-AME 1 0 0 1 AME-DM 0 1 1 2 AME-DC 1 0 0 1 Sem Informação 0 0 2 2 Total 85 3 29 117
4.9. A ELETRONEUROMIOGRAFIA A eletroneuromiografia é um exame diagnóstico da função dos nervos e músculos. O perfil
miopático se mostrou comum nos pacientes com DMD e o neurogênico nos pacientes com AME, já
que no primeiro o comprometimento é muscular e no segundo no neurônio motor (tabelas 36 e 37).
Tabela 37. Eletroneuromiografia nos Pacientes Analisados.
ENMG Suspeita Clínica Normal Miopático Neurogênico Sem
Informação Total
DMD 1 10 0 26 37 DMB 0 0 0 3 3 AME 3 3 6 22 34 MC 0 3 0 1 4 DMD-B 0 2 0 5 7 DMD-AME 0 0 1 0 1 AME-DM 0 0 0 2 2 AME-DC 0 1 0 0 1 Sem Informação 0 0 0 2 2 Total 4 19 7 61 91
Tabela 38. Eletroneuromiografia em Pacientes com Suspeita Clínica de DMD/B e AME.
Suspeita Clínica ENMG DMD AME
Total
Normal 1 3 4 Miopática 10 3 13 Neurogênica 0 6 6 Total 11 12 23
Qui-Quadrado 10,75 gl: 2 p: 0,005
RESULTADOS
82
4.10. TESTES MOLECULARES
Foram confirmados pelo diagnóstico molecular 31 pacientes com Atrofia Muscular Espinhal.
Tabela 39. Pacientes com AME confirmados pelo
diagnóstico Molecular, distribuídos por sexo.
Sexo Número de Pacientes (AME)
Feminino 20
Masculino 10
Não Determinado 1
Total 31
Foram confirmados pelo diagnóstico molecular 39 pacientes com Distrofia Muscular de
Duchenne/ Becker (tabela 40).
Tabela 40. Pacientes com DMD/B confirmados pelo
diagnóstico Molecular, distribuídos por sexo.
Sexo Número de Pacientes (DMD)
Feminino 0
Masculino 39
Não Determinado 0
Total 39
No gráfico 1 pode ser observado que 13 dos 48 pacientes com suspeita clínica de Distrofia
Muscular de Duchenne/ Becker não foram confirmados pelo diagnóstico molecular. Além disso, esse
gráfico mostra a distribuição de pacientes de acordo com o número de éxons ausentes. No gráfico 2
podemos observar um panorama de distribuição dos éxons ausentes nos pacientes que apresentaram
confirmação pelo diagnóstico molecular de Distrofia Muscular de Duchenne/ Becker. No que se refere
RESULTADOS
83
à distribuição, onde se observou a maior frequência de deleções foram nos éxons 48, 45 e 52,
respectivamente.
Distribuição DMD/B x Número de Deleções
13
45
11
5 5
2 21
0
2
4
6
8
10
12
14
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Número de deleções
Gráfico 1. Distribuição DMD/B x Número de Deleções.
RESULTADOS
84
Distribuição de DMD/B x Exon Deletado
1012
1
96 6
3 35
75
15
3
20
1210
13
10
5
10
15
20
25
Exon 01
Exon 03
Exon 04
Exon 06
Exon 08
Exon 12
Exon 13
Exon 17
Exon 19
Exon 43
Exon 44
Exon 45
Exon 47
Exon 48
Exon 50
Exon 51
Exon 52
Exon 60
Gráfico 2. Distribuição de DMD/B x Exon Deletado.
RESULTADOS
85
No gráfico 3 podemos observar que 18 dos 36 pacientes com suspeita clínica de Atrofia
Muscular Espinhal apresentaram diagnóstico molecular confirmado para essa patologia. Além disso,
mostra a combinação dos éxons 7 e 8 do gene SMN e dos éxons 5 e 6 do gene NAIP nos pacientes. A
combinação de deleção dos éxons 7 e 8 é a mais frequente entre os pacientes, isso corrobora com
dados da literatura que mostram que o gene SMN é determinante para essa doença.
Distribuição dos Pacientes x Haplótipos
18
1 1 2 1
12
1
02468
101214161820
0000 0011 0100 1000 1011 1100 1111Combinação Haplotípica*
Gráfico 3. Combinação Haplotípica dos Pacientes com Suspeita Clínica com AME.
[*Primeira Posição do Haplótipo - Del no éxon 7 de SMN; Segunda Posição do Haplótipo - Del
no éxon 8 de SMN; Terceira Posição do Haplótipo - Del no éxon 5 de NAIP; Quarta Posição do
Haplótipo - Del no éxon 6 de NAIP ( 0 = Ausência da Deleção; 1 = Presença da Deleção)]
Dentre os 36 indivíduos clinicamente suspeitos de apresentar Atrofia Muscular Espinhal, 18
foram confirmados molecularmente, dentre estes observamos que 66% apresentam deleções em ambos
os éxons 7 e 8 do gene SMN (Gráfico 4).
RESULTADOS
86
Distribuição de AME x Combinações de deleções
5,56 5,5611,11
5,56
66,67
5,56
0
10
20
30
40
50
60
70
0011 0100 1000 1011 1100 1111
Gráfico 4. Frequência das Combinações dos Éxos Deletados em Pacientes com AME.
No presente trabalho, todos os pacientes com suspeita de doença neuromuscular foram
avaliados pela equipe de neuropediatras, que selecionaram os participantes com base nos
critérios de elegibilidade do estudo. O material coletado foi enviado a para o Laboratório de
Genética Humana - IOC/ FIOCRUZ, sem indicação da suspeita clínica, com isso todos os
pacientes foram testados para DMD/B e AME. A partir desse estudo, com o intuito de
direcionar o diagnóstico molecular, tornando-o mais eficiente e econômico, formulamos um
algoritmo, um fluxograma e um programa computacional, usando as características clínicas
analisadas e apresentadas nas tabelas anteriores. Desta forma, essa ferramenta poderá ser para
utilizada pelos especialistas, proporcionando ao paciente um diagnóstico mais rápido.
RESULTADOS
87
4.11. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE DISTROFIAS E ATROFIAS
Um algoritmo é uma sequência finita de instruções bem definidas e não ambíguas,
cada uma das quais pode ser executada mecanicamente num período de tempo finito e com
uma quantidade de esforço finita. Um algoritmo não representa, necessariamente, um
programa de computador, e sim os passos necessários para realizar uma tarefa. Sua
implementação pode ser feita por um computador ou mesmo por um ser humano. Diferentes
algoritmos podem realizar a mesma tarefa usando um conjunto diferenciado de instruções em
mais ou menos tempo, espaço ou esforço do que outros. Tal diferença pode ser reflexo da
complexidade computacional aplicada, que depende de estruturas de dados adequadas ao
algoritmo.
4.11.1. ALGORITMO “DISAME”
1. Faça SA = 0 SA = (Somatório AME)
2. Faça SD = 0 SD = (Somatório DMD/B)
3. Sexo: Se feminino, faça SA = SA + 1 e continue
4. Se apresenta Pseudo-Hipertrofia, faça SD = SD + 1
5. Se CK > 10 x Normal, faça SD = SD + 1 e continue
6. Se apresenta Hipotonia, faça SA = SA + 1 e continue
7. Se a idade dos Primeiros sintomas é < 6 meses, faça SA = SA + 1 e continue
8. Se sustenta a cabeça, faça SD = SD + 1 e continue
9. Se tiver atrofia, faça SA = SA + 1 e continue
10. Se apresenta fasciculações, faça SD = SD + 1 e continue
11. Se apresentar ENMG Normal ou não tiver informação, vá para 13
12. Se apresentar ENMG Neurogênico, faça SA = SA + 1 e continue
13. Se tiver reflexos normais ou não tiver informação vá para 15
RESULTADOS
88
14. Se apresenta Hiporeflexia, faça SD = SD + 1 e continue
15. Se apresenta problemas relacionados a nervos craniais, faça SA = SA + 1 e
continue
16. Se não apresentou Movimentos Intra-Uterinos durante a gravidez, faça SA = SA +
1 e continue
17. Se não sentou a tempo, faça SA = SA + 1 e continue
18. Se não ficou em pé, faça SA = SA + 1 e continue
19. Se andou, faça SD =SD +1 e continue
20. Se SD < SA, vá para 23
21. Testar para DMD/B
22. Se DMD/B (+) vá para 26
23. Testar para AME
24. Se AME (+) vá para laudo
25. Testar outras doenças
26. Emitir laudo
27. Fim
Baseado neste algoritmo foi elaborado o fluxograma que é um tipo de diagrama e pode
ser entendido como uma representação esquemática de um processo, muitas vezes feito
através de gráficos que ilustram de forma descomplicada a transição de informações entre os
elementos que o compõem. Podemos entendê-lo, na prática, como a documentação dos passos
necessários para a execução de um processo qualquer. A construção desse fluxograma tem
como objetivo principal facilitar a escolha do diagnóstico molecular a ser realizado, visando a
otimização do tempo e menor gasto de recursos.
RESULTADOS
89
Avaliação preliminar do Paciente
SEXO FEMININO ?
Recebimento das informações do
paciente
PSEUDOHIPERTROFIA ?
SA = SA + 1
S
SA = 0SD = 0
SD = SD + 1
CK > 10 X SD = SD + 1
HIPOTONIA ? SA = SA + 1
ID 1º SINTOMAS< 6 MESES SA = SA + 1
SUSTENTACABEÇA ? SD = SD + 1
ATROFIA ? SA = SA + 1
FASCIC ? SD = SD + 1
ENMGANORMAL ?
REFLEXOANORMAL ?
HIPOREFLEX ? SD = SD + 1
PROB NERVCRAN SA = SA + 1
MOV INTRAUTER ? SA = SA + 1
Ñ SENTOUA TEMPO ? SA = SA + 1
FICOU EM PÉA TEMPO ? SA = SA + 1
ANDOU ? SD = SD + 1
SA = SA + 1
C
SD < SA TESTAR AME
AMEPOSITIVO ?
TESTAR OUTROS
LAUDO
FIM
TESTAR DMD / B
DMD / BPOSITIVO ?
TESTAR OUTROS
N
S
S
S
S
S
S
S
N
N
N
N
N
N
N
N
N
S
S
S
S
S
S
S
S
N
N
N
N
N
N
N
N
N
S
S
S
Legenda:
SA = somatório AME, SD = somatório DMD/B, S = sim, N = não, CK = creatino quinase, ID = idade,
Fascic = fasciculações, ENMG = eletroneuromiografia, Hiporeflex = hiporreflexia, Prob Nerv Cran =
problemas nos nervos cranianos, Mov Intra Uter = movimentos intra-uterinos.
DISCUSSÃO
90
55.. DDIISSCCUUSSSSÃÃOO
Os aspectos clínicos utilizados para estabelecer o diagnóstico diferencial de doenças
neuromusculares, bem como entre estas e as causas de hipotonia muscular, em um grupo de
117 pacientes serviram como base para a formulação de um algoritmo e um programa
computacional que permitiria ao médico especialista ter uma ferramenta que facilite a escolha
do teste molecular adequado. A ênfase deste trabalho está voltada para o diagnóstico
diferencial através de técnicas de Biologia Molecular, inicialmente para Distrofia Muscular de
Duchenne/Becker e Atrofia Muscular Espinhal e posteriormente deverá ser estendido para
outras doenças neuromusculares, observamos que quanto maior o número de evidências
clínicas coletadas pelo especialista, melhor será a escolha de qual doença deve ser testada
primeiramente.
O diagnóstico definitivo proporcionado pelo teste molecular visa minimizar o tempo, o
custo e principalmente determinar quais os procedimentos ou tratamento mais adequados para
o paciente.
Na década passada, inúmeros avanços na área da genética molecular vieram facilitar o
diagnóstico e o aconselhamento genético, incluindo técnicas de diagnóstico fetal. Espera-se
que tais avanços contribuam para a implantação de técnicas de terapia gênica, aparentemente
a única perspectiva de tratamento para parte das doenças neuromusculares hereditárias da
infância. Até o presente momento estas doenças vêm sendo tratadas com métodos paliativos
de reabilitação motora e cirurgias ortopédicas corretivas para deformidades esqueléticas.
Ainda assim, o diagnóstico precoce traz grandes benefícios para os pacientes, pois os mesmos
podem fazer tratamentos específicos que retardam o progresso da patologia e
consequentemente melhora a qualidade de vida.
Nas crianças, a maior parte das afecções neuromusculares é geneticamente
determinada, sendo as mais comuns, a Distrofia Muscular de Duchenne, a Atrofia Muscular
DISCUSSÃO
91
Espinhal, a Distrofia Muscular Congênita, a Distrofia Miotônica de Steinert, e as Miopatias
Congênitas, estruturais ou não estruturais (Reed, 2002). No presente trabalho estudamos a
Distrofia Muscular de Duchenne/Becker e Atrofia Muscular Espinhal (as mais frequentes em
crianças que procuram o IPPMG) por uma necessidade apontada pela equipe de neurologia do
Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira, em função de sua maior prevalência.
A idade e a forma de instalação das manifestações clínicas são fatores importantes no
diagnóstico diferencial entre as doenças neuromusculares das crianças. Essa informação é
corroborada por nossos dados, onde foi observado que em pacientes com Distrofia Muscular
de Duchenne o início dos sintomas começou depois do que os dos pacientes com Atrofia
Muscular Espinhal. Além de possibilitar o diagnóstico diferencial, a idade dos primeiros
sintomas, associada a outras características podem distinguir as diferentes formas da mesma
doença, como ocorre com a AME.
No recém-nascido, observa-se essencialmente a síndrome da criança hipotônica, que
compreende dois grupos semiológicos: o decorrente do acometimento primário da unidade
motora (doenças neuromusculares), e o decorrente de afecções do sistema nervoso central, ou
de causas sistêmicas não-neurológicas. No primeiro grupo, a hipotonia muscular, associa-se a
déficit motor e a hiporreflexia ou ausência dos reflexos profundos, entretanto permanecendo
em um estado de alerta normal. No segundo grupo frequentemente observa-se um grau de
alerta precário, resposta pobre a estímulos auditivos e visuais, sucção e deglutição não
coordenadas, crises epilépticas, ou ainda antecedentes pré e perinatais que sugerem
sofrimento cerebral. Tanto os pacientes com DMD e AME, fazem parte do primeiro grupo e a
hipotonia, em geral, é uma característica presente, assim como reflexos anormais; porém a
grande maioria dos pacientes com DMD/B apresenta hiporreflexia, enquanto que a maioria
dos pacientes com AME tem como característica a arreflexia, ou seja, ausência de reflexos.
Todas essas manifestações devem ser abordadas para que o fluxograma se aproxime da
realidade, ou seja, a construção consciente dessa ferramenta, certamente ajudará na melhor
DISCUSSÃO
92
escolha do teste molecular. Vale à pena ressaltar que a mesma doença pode ter uma grande
variabilidade de manifestações, mas de um modo geral, existem evidências que são bem
peculiares de cada patologia, por isso se faz necessário a análise de um conjunto de
características clínicas.
Dependendo do tipo de doença neuromuscular, além da hipotonia e o retardo ou não
aquisição das etapas do desenvolvimento motor, algumas crianças podem apresentar ainda,
falta de resistência a movimentação passiva, além da dificuldade para sugar e deglutir, bem
como insuficiência respiratória. Grande parte dos pacientes com AME apresenta atraso nos
marcos motores, além do comprometimento nos nervos cranianos, levando a características
como a disartria e disfagia.
Nas crianças com doença neuromuscular de acometimento mais tardío, é peculiar a
manifestação da síndrome de cinturas, que consiste de déficit motor e hipotrofia na cintura
escapular e/ou pélvica. Nas fases iniciais dos processos distróficos, é comumente referido o
andar deambulante, além de quedas frequentes, dificuldade para correr e subir escadas, e
alterações da marcha. O comprometimento preferencialmente proximal, afetando a
musculatura das coxas, da bacia e da coluna, acarreta acentuação da lordose lombar e o
característico sinal do levantar miopático (manobra de Gowers). A manobra de Gowers é
observada na grande maioria dos pacientes com DMD/B, razão pela qual torna-se difícil o
diagnóstico clínico diferencial entre estes dois grupos.
Existem outras manifestações que em qualquer idade, são altamente sugestivas de
doença neuromuscular, e constituem dados importantes para o diagnóstico diferencial, entre
elas, dimorfismo facial, palato em ogiva, comprometimento da musculatura facial e ocular,
sobretudo ptose palpebral.
As fasciculações são contrações involuntárias das fibras musculares de unidades
motoras, que podem ser observadas espontaneamente ou provocadas pela contração muscular,
sobretudo nas musculaturas da língua e do peito, são comuns em pacientes com Atrofia
DISCUSSÃO
93
Musculares Espinhal e na Distrofia Miotônica. Nos nossos pacientes, as fasciculações estão
presentes no grupo com AME.
Ainda na avaliação da criança com doença neuromuscular, é preciso estar atento à
possível associação com alterações sistêmicas, sobretudo hepáticas ou cardíacas. Entre as
entidades que compõem o grupo da distrofia muscular progressiva (DMP), em geral o quadro
é muscular puro, ocasionalmente acompanhado de acometimento cardíaco, exceto na forma
mais comum e mais grave (Distrofia Muscular de Duchenne), que frequentemente pode
evoluir com deficiência mental e alterações cardíacas.
Ao tentar estabelecer o diagnóstico diferencial das doenças neuromusculares, vale
lembrar que a maioria destas entidades pode exibir um curso clínico altamente variável quanto
ao espectro de gravidade. Esta grande variabilidade pode ser observada tanto dentro como
entre os grupos de doenças, dificultando ainda mais a compreensão da relação genótipo-
fenótipo.
As causas da hipotonia são classicamente avaliadas através da determinação das
enzimas musculares, principalmente CK, da ENMG, da biópsia muscular e ainda através de
marcadores moleculares. Na investigação das doenças neuromusculares os níveis de CK
podem ajudar a diferenciar o comprometimento muscular miopático do neurogênico. A
ENMG permite distinguir se o acometimento é do neurônio motor, de raízes ou nervos
periféricos, auxiliando no possível diagnóstico da Atrofia Muscular Espinhal. A biópsia
muscular é particularmente importante para o diagnóstico das diferentes formas de miopatias
congênitas. No entanto a biópsia em um procedimento invasivo, e às vezes por se tratar de
crianças muito pequenas, deve-se avaliar o benefício da realização.
Por isso a caracterização molecular é essencial para confirmação diagnóstica da
maioria das doenças neuromusculares, tendo como vantagem a simplicidade da coleta de
sangue e sua especificidade.
DISCUSSÃO
94
Com relação a proporção sexual e a gravidade do quadro clínico Smith & Patel (1965),
Pearn (1978c) e Emery et al. (1976) encontraram predomínio do sexo masculino entre os
afetados com AME. Outros autores como Brandt, 1950 e Windsor et al., 1971 não
observaram diferença de prevalência entre sexos.
Pearn (1978a), no estudo de 141 casos (67 masculinos e 74 femininos) de AME II e
III, não observou diferença na prevalência de afetados de acordo com o sexo, porém
encontrou quadro clínico mais grave em afetados masculinos. No presente estudo observamos
20 pacientes com AME do sexo feminino e 10 do sexo masculino. Apesar do número de
pacientes femininos ser o dobro dos masculinos esta diferença não foi estatisticamente
significante (χ2 = 3,33; gl = 1) o que confirma a maior parte dos trabalhos feitos neste sentido
(Brandt, 1950; Windsor et al., 1971; Pearn, 1978a).
A Distrofia Muscular de Duchenne em geral afeta meninos, por ter sua herança ligada
ao X, com isso a maioria das portadoras não exibe qualquer manifestação clínica. Há
exemplos raríssimos de meninas com DMD (Boland et al. 1996). No nosso estudo, todos os
pacientes com DMD ou DMB confirmados pelo diagnóstico molecular são do sexo
masculino.
No presente estudo não pudemos calcular a média das idades materna e paterna, pois
não tínhamos esses dados, logo esse fator não foi avaliado, em um estudo realizado por Ferraz
(1993), encontrou-se a idade média materna de 23,4 anos na análise de 1382 gestantes de
baixo risco, de sete hospitais, de diferentes regiões brasileiras. Esses dados estão de acordo
com o estudo de Pearn (1978a), que mostrou que a faixa etária dos progenitores não tem
relação com a AME.
A maioria dos pacientes por nós estudados nasceu de primeira gestação, o que reforça
ainda mais a importância do diagnóstico correto para o aconselhamento genético nas futuras
gestações do casal. Durante a gestação dos afetados, a maioria das mães não percebeu
anormalidades nos movimentos fetais (Pearn, 1973a; Chong, 2001).
DISCUSSÃO
95
Em geral, como dito anteriormente, a ausência de movimentos intra-uterinos está
relacionada a Atrofia Muscular Espinhal do tipo I. Essa anormalidade nos movimentos não foi
observada nos pacientes com DMD.
A expectativa de vida dos pacientes acometidos pela AME varia muito e depende
basicamente do acometimento da musculatura respiratória (Pearn et al., 1978a).
Na AME I, raramente os pacientes sobrevivem além dos dois primeiros anos (Pearn &
Wilson, 1973). Segundo Bundey & Lovelace (1975) os pacientes afetados pela AME II
conseguem sentar-se sem apoio, mas geralmente não conseguem deambular sem auxílio e
raramente o faz após os 10 anos. A sobrevida dos pacientes com AME II é muito variável. Há
relatos de vários casos que sobreviveram até a 3ª ou 4ª década de vida (Dubowitz, 1964;
Gamstorp, 1967; Gardner-Medwin et al., 1967; Munsat et al., 1969; Fried & Emery, 1971;
Pearn, 1973a; Pearn & Wilson, 1973).
A maioria dos nossos pacientes com AME apresentou níveis séricos de CK normais ou
levemente aumentados (Dubowitz, 1964; Tsukagoshi et al., 1966; Hausmanowa-Petrusewicz,
1970). Os valores de CK geralmente são normais ou discretamente aumentados. Se o valor da
enzima for superior a 10 vezes o limite normal pode-se excluir a possibilidade de AME.
Na Distrofia Muscular de Duchenne os primeiros sinais clínicos manifestam-se em
geral entre os 3 e os 5 anos, na forma de quedas freqüentes, dificuldade para subir escadas,
correr, levantar do chão e hipertrofia das panturrilhas. O comprometimento muscular é
simétrico e inicia pelos músculos da cintura pélvica (quadril e pernas), atingindo mais tarde os
membros superiores. Ocorre uma acentuação da lordose lombar e uma marcha anserina.
Contraturas e retrações dos tendões levam alguns pacientes a andar na ponta dos pés. A
debilidade muscular agrava progressivamente, levando à incapacidade de andar dentro de dez
anos a partir do início dos sintomas. O óbito deve ocorrer antes dos 20 anos de idade. O
retardo mental ocorre em pelo menos 30% dos casos.
DISCUSSÃO
96
Apesar do melhor entendimento sobre a DMD na atualidade e da melhora das
ferramentas diagnósticas, uma pesquisa, publicada em 1999 por Bushby et al., sugere que a
média de idade para o diagnóstico da DMD no Reino Unido é de 4 anos e 10 meses,
virtualmente idêntica à idade em que era realizado o diagnóstico no início dos anos oitenta.
Num estudo realizado no Brasil com 78 crianças com DMD, foi observado que a idade média
da percepção do início dos sintomas pela família foi de 2 anos e a idade do diagnóstico
definitivo de 7 anos, próxima à época da perda da marcha. Isto demonstra que, apesar de uma
melhora de técnicas de diagnóstico, como por exemplo, a pesquisa da deleção por amostras
sangüíneas, não houve uma redução significativa no tempo do diagnóstico definitivo no Brasil
(Araújo et al., 2004). Estas características serviram como base para a montagem do algoritmo
e programa DisAme (anexo 7) cujo objetivo foi verificar se estes eram capazes de discriminar
as distrofias das atrofias musculares. A aplicação deste algoritmo sobre os dados clínicos dos
117 pacientes mostrou que ele é capaz de discriminar com razoável segurança as atrofias das
distrofias, pois todos os 36 pacientes com suspeita clínica de AME foram indicados como
negativos para DMD/B e todos os 48 DMD/B foram negativos para AME.
Por outro lado, os testes moleculares diagnosticaram 31 indivíduos com AME, sendo
que, 18 destes tinham sido previamente suspeitos clinicamente para esta desordem (50% dos
indivíduos clinicamente suspeitos) e 13 não tinham diagnóstico clínico.
Em relação a DMD/B, 48 pacientes tinham essa suspeita clínica, dos quais 35 (73%)
foram confirmados molecularmente.Além disso, outros 4 indivíduos (sem suspeita clínica
prévia) foram diagnosticados como DMD/B pelos testes moleculares.
Estes resultados nos mostram que o algoritmo gerado tem poder discriminatório,
porém não é uma ferramenta conclusiva, ela pode ser utilizada para auxiliar ou direcionar o
estudo molecular que sim tem caráter de definição. É claro que o aperfeiçoamento do
algoritmo pode ser obtido com a introdução de um maior número de dados acerca do paciente
DISCUSSÃO
97
e até possibilitando sua extensão para a discriminação de um grupo maior de doenças
neuromusculares.
Discute-se a possibilidade que deleções no SMN associadas a deleções no NAIP,
possam explicar a variabilidade clínica encontrada em pacientes com a mesma deleção no
gene SMN. Além disso, outros mecanismos genéticos podem estar envolvidos na variabilidade
clínica na AME. A elucidação da função do produto final do gene deve ser fundamental para a
compreensão da patogênese da doença (Burlet et al., 1996; Rodrigues et al., 1996; Velasco et
al., 1996). Resta ainda muito a esclarecer quanto à correlação genótipo-fenótipo na AME, mas
é tentador sugerir uma hipótese que o NAIP, em conjunto com genes próximos ao SMN,
modificam o fenótipo da AME, assim justificando os diferentes subtipos da doença.
O DMD é o maior gene humano conhecido e apresenta diferentes tipos de mutações,
mais comumente deleções, e mais raramente, inserções-duplicações ou mutações de ponto,
evidenciáveis em 70% dos casos de DMD e 75% dos casos de DMB. As deleções que
ocorrem na posição central e não alteram o quadro de leitura, resultam em uma proteína de
tamanho reduzido e parcialmente funcional, o que leva a um quadro mais brando e mais
tardio, que corresponde a DMB (Parreira, 2005).
O exame molecular consiste em analisar os 18 éxons (segmentos ou partes da
seqüência codificadora de um gene) mais freqüentemente deletados, o que permite identificar
98% das deleções do gene.
Infelizmente ainda não foi possível estabelecer uma relação direta do tipo ou da
extensão da deleção com a gravidade da doença, casos familiais e esporádicos e níveis de
inteligência em diversos países (Franco et al., 2007).
Com relação ao histórico familiar e consanguinidade, a análise de genealogias
relatadas na literatura mostra que existe aumento de consangüinidade nas famílias de afetados
por AMEs. Brandt (1949) encontrou uma taxa de consangüinidade em 6%, entre as 70
famílias estudadas, um valor considerado 8 vezes superior ao observado para o grupo
DISCUSSÃO
98
controle. Pearn (1973b) observou uma taxa de consangüinidade em torno de 2 a 3% na AME.
Burlet et al. (1996) no estudo de 106 pacientes encontraram uma taxa de consangüinidade de
24% sendo 14/44 com AME I, 3/31 com AME II e 9/31 com AME III.
A realização do teste molecular para DMD/B é importante para a confirmação do
diagnóstico clínico e é fundamental para a estimativa precisa dos riscos de repetição na futura
prole dos pais ou parentes do afetado. Uma vez detectada uma deleção em um afetado, pode-
se identificar quais mulheres de sua família são portadoras da deleção. As mulheres
portadoras têm um risco de 50% de transmitir o gene mutado para a sua prole: 50% dos filhos
são afetados e 50% das filhas, portadoras assintomáticas.
Neste estudo somente 89 pacientes forneceram informação sobre a consangüinidade e
histórico familiar da doença. Dentre estes, 7,9% eram filhos de casamento consangüíneo e
28,1% apresentaram histórico familiar. Estudos prévios mostram uma variação heterogênea
da taxa de consangüinidade entre populações.
O diagnóstico clínico da AME I foi mais simples devido ao início precoce e à
gravidade do quadro clínico. Nas formas intermediárias e tardias, houve dúvidas quanto à
classificação. Em alguns casos, o início dos sintomas foi precoce, compatível com AME II,
mas a habilidade motora estava mais preservada, portanto mais compatível com AME III. Por
outro lado, alguns pacientes tiveram o início da sintomatologia mais tardio, compatível com
AME III, porém, com habilidade motora muito comprometida.
Em 1995, Zerres & Rudnik-Schöneborn analisaram retrospectivamente 445
pacientes com AME. Encontraram 106 pacientes (24%) não classificáveis pelos critérios de
Munsat & Davies (1992). A idade de início das manifestações, a sobrevida e a função motora
nem sempre coincidiam com as utilizadas na classificação de Munsat & Davies. Nesse
sentido, Zerres & Rudnik-Schöneborn (1995) sugeriram uma mudança na classificação, para
quatro tipos de AMEs, com subdivisão em dois grupos da AME III. Acredita-se que pesquisas
de correlações genótipo-fenótipo através de estudos moleculares possam ser decisivas para
DISCUSSÃO
99
uma futura classificação mais abrangente das AMEs. A utilização do fluxograma pode ajudar
também na classificação das diferentes formas de AME, e sua associação com o diagnóstico
molecular pode reforçar qual o tipo da doença.
Depois da formulação do fluxograma, todos os pacientes foram testados para verificar
sua aplicação e foi observado que ele funciona com boa segurança para discriminar as atrofias
das distrofias, se faz necessário uma ampliação dessa ferramenta para diferenciar doenças de
um mesmo grupo. Todos esses resultados demonstram a complexidade das doenças e a
importância desse estudo ser continuado. Estabelecer um padrão de comparação das
diferenças observadas pode ser um bom começo para o incremento de terapias ou tratamentos
complementares mais eficientes, em um menor tempo possível, visando sempre um progresso
mais lento de cada enfermidade e consequentemente o bem estar dos pacientes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
100
66.. CCOONNCCLLUUSSÕÕEESS
1. Não foi possível afastar a hipótese diagnóstica de AME nos casos em que não se
encontrou deleção em homozigose nos éxons 7 ou 8 do gene SMN e deleção dos éxons
5 e 6 do gene NAIP.
2. O estudo do éxon 7 e do éxon 8 do gene SMN foi extremamente importante para
confirmação diagnóstica.
3. Não foi possível afastar a hipótese do diagnóstico de DMD/B nos casos em que não se
encontrou deleção nos 18 éxons analisados, tendo em vista que estas correspondem a
70% das mutações.
4. O diagnóstico molecular é extremamente importante, para caracterização da patologia,
além de não ser invasivo como alguns exames complementares.
5. Os pacientes devem ser periodicamente revisados para aumentar a expectativa e
melhorar a qualidade de vida. É útil para os médicos como uma abordagem
estruturada e monitorar todos os sistemas e órgãos afetados.
6. Parte dos casos com suspeita clínica de DMD/B e AME não foi confirmado pelo
diagnóstico molecular, isso pode caracterizar uma mutação que não foi analisada ou
até mesmo outra doença neuromuscular, já que estas cursam um quadro clínico
semelhante.
7. Pacientes que não tinham suspeita clínica para essas doenças tiveram seu diagnóstico
confirmado. Isso reforça a importância do diagnóstico molecular para essas doenças,
mostrando que elas apresentam grande variabilidade nas manifestações clínicas.
8. O fluxograma ajudou a discriminar com razoável segurança as atrofias das distrofias.
9. A aplicação do fluxograma foi realizada com os nossos pacientes e pudemos observar
que funciona.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
101
77.. RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS BBIIBBLLIIOOGGRRÁÁFFIICCAASS
ABERFELD DC, NAMBA T. Progressive ophthalmoplegia in Kugelberg-Welander disease.
Arch Neurol 1969. 20: 253.
ALBERTS MC & SAMAHA FJ. Serum pyruvate kinase in muscle disease and carrier states.
Neurology. 1974. 4: 462-464.
ALLEN JE & RODGIN DW. Mental retardation in association with progressive muscular
dystrophy. Am J of Diseases in Childhood. 1960. 100: 208-211.
AMEISEN JC. On the origin, evolution, and nature of programmed cell death: a timeline of
four billion years. Cell Death Differ. 2002. 9(4): 367-93.
ANDREASSI C, JARECKI J, ZHOU J, COOVERT DD, MONANI UR, CHEN X,
WHITNEY M, POLLOK B, ZHANG M, ANDROPHY E, BURGHES AH. Aclarubicin
treatment restores SMN levels to cells derived from type I spinal muscular atrophy
patients. Hum Mol Genet. 2001. 10(24): 2841-2849.
ANDREASSI C, ANGELOZZI C, TIZIANO FD, VITALI T, DE VINCENZI E,
BONINSEGNA A, VILLANOVA M, BERTINI E, PINI A, NERI G, BRAHE C.
Phenylbutyrate increases SMN expression in vitro: relevance for treatment of spinal
muscular atrophy. Eur J Hum Genet. 2004. 12(1): 59-65.
ARAÚJO AP & FONTENELLE LM. A Criança Hipotônica. Doenças Genéticas em
Pediatria. Editora Guanabara Koogan 2001. p. 442-446.
ARAÚJO APQC, DECO MC, KLÔH BS, COSTA MR, GÓIS FV, GUIMARÃES AFCM.
Diagnosis delay of Duchenne muscular dystrophy. Rev Bras Saúde Matern Infant. 2004.
4(2):179-183.
ARMAND S, MERCIER M, WATELAIN E, PATTE K, PELISSIER J, RIVIER F. A
comparison of gait in spinal muscular atrophy, type II and Duchenne muscular
dystrophy. Gait Posture. 2005 Jun;21(4):369-78.
AUBRY HL, McKENZIE AE, SURTH LC. Delineating the mutations in spinal muscular
atrophy: improved molecular detection and genotype-phenotype correlations. Am J Hum
Genet. 1995. 57: 234.
BAROIS A, ESTOURNET B, DUVAL-BEAUPÈRE G, BATAILLE J, LECLAIR-
RICHARD D. Amyotrophie spinale infantile. Rev Neurol. 1989. 145: 299-304.
BATTAGLIA G, PRINCIVALLE A, FORTI F, LIZIER C, ZEVIANI M. Expression of the
SMN gene the spinal muscular atrophy determining gene in the mammalian central
nervous system. Hum Mol Genet. 1997. 11: 1961-1971.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
102
BEGGS AH & KUNKEL LM. Improved diagnosis of Duchenne/Becker muscular dystrophy.
Journal of Clinical Investigation. 1990. 85: 613-619.
BEGGS AH, HOFFMANN EP, SNYDER JR, ARAHAT K, SPECHT L, SCHAPIRO F,
ANGELIN C, SUGITA H, KUNKEL LM. Exploring the molecular basis for variability
among patients with Becker muscular dystrophyn gene and protein studies. Am J Hum
Genet. 1991. 49: 54-67.
BECKER PE and KIENER F. Eine neue X-chromosomale muskeldystrophie. Archiv fuer
Psychiatrie und Nervenkrankheiten. 1955. 193: 427-428.
BECKER PE. Atrophia musculorum spinalis pseudomyopathica. Hereditaere neurogene
proximale Amyotrophie von Kugelberg und Welander. Z Menschl Vererb Konstitutions
1964. 37:193-220.
BEEVOR CE. A case of congenital spinal muscular atrophy (family type) and a case of
halmorrhage into the spinal cord at birth giving similar symptoms. Brain. 1902. 25: 85-
102.
BELL C. The nervous system of the human body: as explained in a series of papers read
before the Royal Society of London. Adam and Charles Black, Edinburgh. 1830.
BENNET AH. On chronic atrophy spinal paralysis in children. Brain. 1883. 6: 289-301.
BERTINI E, BURGHES A, BUSHBY K, ESTOURNET-MATHIAUD B, FINKEL RS,
HUGHES RA, IANNACCONE ST, MELKI J, MERCURI E, MUNTONI F, VOIT T,
REITTER B, SWOBODA KJ, TIZIANO D, TIZZANO E, TOPALOGLU H, WIRTH
B, ZERRES K. 134th ENMC International Workshop: Outcome Measures and
Treatment of Spinal Muscular Atrophy, 11-13 February 2005, Naarden, The
Netherlands. Neuromuscul Disord. 2005. 11: 802-816.
BIES RD, FRIEDMAN D, ROBERTS R, PERRYMAN MB, CASKEY CT. Expression and
localization of dystrophin in human cardiac Purkinje fibers. Circulation. 1992.86(1):
147-153.
BOLAND BJ, SILBERT PL, GROOVER RV, WOLLAN PC, SILVERSTEIN MD. Skeletal,
cardiac, and smooth muscle failure in Duchenne muscular dystrophy. Pediatr Neurol.
1996. 14(1): 7-12.
BORTOLINI ER. Pesquisa sobre uma possível heterogeneidade genética na distrofia de
Duchenne. Tese de Mestrado. Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo.
São Paulo. 1983.
BORTOLINI ER & ZATZ M. Investigation on genetic heterogeneity in Duchenne muscular
dystrophy. Am J of Medical Genetics. 1986. 24: 111-117.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
103
BOTSTEIN D, WHITE RL, SKOLNICK M, DAVIS RW. Construction of a genetic linkage
map using restriction fragment length polymorphisms. Am J Hum Genet. 1980. 32: 314-
331.
BOUWSMA G, LESCHOT NJ. Unusual pedigree patterns in seven families with spinal
muscular atrophy; further evidence for the alelic model hypothesis. Clin Genet. 1986. 30:
145-149.
BRANDT S. Hereditary factors in infantile progressive muscular atrophy. Am J Dis Child.
1949. 28: 226
BRANDT S. Werdnig-Hoffmann’s infantile progressive muscular atrophy: clinical aspects,
pathology, heredity and relation to Oppenheim’s amyotonia congenita and other morbid
conditions with laxity of joints of muscles in infants. Copenhagen, Munksgaard. 1950.
BROOKE MH. A clinician’s view of neuromuscular diseases. Williams; Wilkins. Eds.
Baltimore. 1986.
BRZUSTOWICZ LM, LESHNER T, CASTILLA LH, PENCHASZADEH GK,
WILHELMSEN KC, DANIELS R, DAVIES KE, LEPPERT M, ZITER F, WOOD D,
DUBOWITZ V, ZERRES K, HAUSMANOWA-PETRUSEWICZ I, OTT J, MUNSAT
TL, GILLIAM TC. Gene mapping of chronic childhood-onset spinal muscular atrophy to
chromosome 5q11.2-13.3. Nature. 1990. 344: 540-541.
BRZUSTOWICZ LM, KLEYN PW, BOYCE FM, LIEN LL, MONACO AP,
PENCHASZADEH GK, DAS K, WANG CH, MUNSAT TL, OTT J, KUNKEL LM,
GILLIAM TC. Fine-mapping of the spinal muscular atrophy locus to the region flanked
by MAP1B and D5S6. Genomics 1992. 13:991-998.
BUCHTAL F, CLEMMENSEN. On the differentiation of muscle atrophy by
electromyography. Acta Psychiatr. 1941. 16: 143-181.
BUCHTAL F, OLSEN PZ. Electromyography and muscle biopsy in infantile spinal muscular
atrophy. Brain. 1970. 93: 15-30.
BUNDEY S & LOVELACE RE. A clinical and genetic study of chronic proximal spinal
muscular atrophy. Brain. 1975. 98: 455-472.
BURD L, SHORT SK, MARTSOLF JT, NELSON RA. Prevalence of type I spinal muscular
atrophy in North Dakota. Am J Med Genet. 1991. 41: 212-225.
BURGHES AHM, INGHAHAM SE, MCLEAN M, THOMPSON TG, MCPHERSON JD,
KOTE-JARAI Z, CARPTEN JD, DIDONATO CJ, IKEDA JE, SURCH L, WIRTH B,
SARGENT CA, FERGUSON-SMITH MA, FUERST P, MOYSIS RK, GRASDY DL,
ZERRES KI, KORNELUX R, MACKENZIE A, WASMITH JJ. A multicopy
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
104
dinucleotide marker that maps close to the spinal muscular atrophy gene. Genomics.
1994a. 21: 394-402.
BURGHES AHM, INGHAHAM SE, KOTE-JARAI Z, ROSENFELD S, HERTA N,
NACLKARNI N, DIDONATO CJ, CARPTEN J, HURKO O, FLORENCE J. Linkage
mapping of the spinal muscular atrophy gene. Hum Genet. 1994b. 93: 305-312.
BURLET P, BÜRGLEN L, CLERMONT O, LEFEBVRE S, VIOLLET L, MUNNICH A
AND MELKI J. Large scale deletions of the 5q13 region are specific to Werdnig-
Hoffmann disease. J Med Genet 1996. 33:281-283.
BUSHBY KM, HILL A, STEELE JG. Failure of early diagnosis in symptomatic Duchenne
muscular dystrophy. Lancet 1999. 353 (9152) 557-558.
CANADO AASC, CARVALHO MS, BROTO M, SALUM PM, LEVY J. Amiotrofia
espinhal crônica juvenil simulando distrofia muscular / the chronic spinal muscular
atrophy juvenile simulating muscular dystrophy. Rev Bras Neurol. 1990. 26: 154-156.
CARMO EH, BARRETO MI, BARBOSA SJ. Mudanças nos padrões de morbimortalidade da
população brasileira: os desafios para um novo século. Epidemiologia e Serviços de
Saúde. 2003. 12 (2): 61-73.
CASKEY CT, PIZZUTI A, YING-HUI FU, RAYMOND G, FENWICK JR., DAVID L,
NELSON. Triplet repeat mutations in human disease. Science. 1992; 256:784-787.
CHAMBERLAIN JS, GIBSS RA, RANIER JE, BGUYEN PN, THOMAS C. Deletion
screening of the Duchenne muscular dystrophy locus via multiplex DNA amplification.
Nucleic Acids Res. 1988. 16: 11141-11156.
CHONG AE KIM. Estudo genético e clínico das Amiotrofias Espinhais Progressivas. 1996.
Dissertação (Doutorado em Medicina) – Universidade de Medicina.
CHONG AE KIM. As Amitrofias Espinhais Progressivas. Doenças Genéticas em Pediatria.
Editora Guanabara Koogan 2001. 296-299.
CLERMONT O, BURLET P, BÜRGLEN L, LEFEBVRE S, PASCAL F, MCPHERSON J,
WASMUTH J, COHEN D, LE PASLIER D, WEISSENBACH J, LATHROP M,
MUNNICH A, MELKI J. Use of genetic and physical mapping to locate the spinal
muscular atrophy locus between two new highly polymorphic DNA markers. Am J Hum
Genet. 1994. 54: 687-694.
COHEN HJ, MOLNAR GE, TAFT LT. The genetic relationship of progressive muscular
dystrophy (Duchenne type) and mental retardation. Developmental Medicine and Child
Neurology. 1968. 10: 754-765.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
105
COLLEBAUT I & MORNON JP. The human EBNA-2 coactivator p100: multidomain
organization and relationship to the staphylococcal nuclease fold and to the tudor protein
involved in Drosophila melanogaster development. Biochem J. 1997. 1:125-132.
COLLIER & WILSON, 1908 apud PEARN J. 1990.
CONTE G & GIOJA L. Scrofola del sistema musculare. Annali Clinici dell’ospedale degli
incurabili da Napoli. 1836. 2: 66-79.
CZEIZEL A. High incidence of acute infantile spinal atrophy in Hungrya. Hum Genet. 1991.
86: 539.
CZEIZEL A & HAMULA J. A hungarian study on Werdnig-Hofmann disease. J Med
Genet.1989. 26: 761-763.
DAMIANI D. Mecanismos da Apoptose. Manual de Patologia e Citopatologia Oncológica
2004. http://www.sistemanervoso.com/
DANIELS RJ, SUTHERS GK, MORRISON KE, THOMAS NH, FRANCIS MJ, MATHEW
CG, LOUGHLIN S, HEIBERG A, WOOD D, DUBOWITZ V, DAVIES KE. Prenatal
prediction of spinal muscular atrophy. J Med Genet 1992a. 29:165-170.
DANIELS RJ, THOMAS NH, MACKINNON RN, LEHNER T, OTT J, FLINT TJ,
DUBOWITZ V, IGNATIUS J, DONNER M, ZERRES K, RIETSCHEL M, COOKSON
WOC, BRZUTOWICZ LM, GILLIAM TC, DAVIES KE. Linkage analysis of spinal
muscular atrophy. Genomics 1992b. 12:335-339.
DAVIES KE, PEARSON PL, HARPER PS. Linkage analysis of two cloned DNA sequences
flanking the Duchenne muscular dystrophy locus on the short arm of the human X
chromosome. Nucleic Acids Research. 1983. 11: 2303-2312.
DEN DUNNEN JT, GROOTSCHOLTEN PM, BAKKER E, BLONDEN LAJ, GINJAAR
HB, WAPENAAR MC, VAN PAASSEN HMB. Topography of the Duchenne muscular
dystrophy (DMD) gene: FIGE and cDNA analysis of 194 cases reveals 115 deletions and
13 duplications. Am Journ of Hum Genet. 1989. 45: 835-847.
DESAI AD, JAYAM AV, BANERJI AP, KHIYAR FN E ARDHAPURKAR I. Study of the
central nervous system in Duchenne type of muscular dystrophy. Neurology. 1969. 184-
190.
DEYMEER F, SERDAROĞLU P, PODA M, GÜLŞEN-PARMAN Y, OZÇELIK T,
OZDEMIR C. Segmental distribution of muscle weakness in SMA III: implications for
deterioration in muscle strength with time. Neuromuscul Disorder. 1997. 7 (8): 521-528.
DICKSON G, LOVE DR, DAVIES KE, WELLS KE, PEPER TA, WALSH FS. Human
dystrophin gene transfer: production and expression of a functional recombinant DNA-
based gene. Human Genetics. 1991. 88: 53-58.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
106
DIDONATO CJ, MORGAN K, CARPTEN JD, FUERST P, INGRAHAN SE, PRESCOTT
G, McPHERSON JD, WIRTH B, ZERRES K, HURKO O, WASMUTH JJ, MENDELL
JR, BURGHES AHM, SIMARD LR. Association between AgI-CA alleles and severity
of autosomal recessive proximal spinal muscular atrophy. Am J Hum Genet. 1994. 55:
1218-1229.
DREYFUS JC, SCHAPIRA G, DEMOS J. Étude de la créatine-kinase sérique chez lês
myopathies et leurs familles. Revue Française Étude Clinique et Biologie. 1960. 5: 384-
386.
DUBOWITZ V. Infantile muscular atrophy. A prospective study with particular reference to
slowly progressive variety. Brain. 1964. 87: 707-718.
DUBOWITZ V. Intellectual impairment in muscular dystrophy. Arch of Diseases in
Childhood. 1965. 40: 296-301.
DUBOWITZ V. Muscle Disorders in Childhood. Philadelphia. WB Saunders. 1978.
DUBOWITZ V. Diseases of the lower motor neurone. In: Dubowitz V. Muscle biopsy a
pratical approach. Baillière Tindall. 1985. 254-257.
DUBOWITZ V, DANIELS RJ, DAVIES KE. Olivopontocerebellar hypoplasia with anterior
horn cell involvement (SMA) does not localize to chromosome 5q. Neuromuscul Disord.
1995 5(1):25-9.
DUCHENNE BGBA (1861) apud MOSER H. Duchenne muscular dystrophy: patogenetic
aspects and genetic prevention. Human Genetics. 1984. 66: 17-40.
DUCHENNE BGBA (1868) apud MOSER H. Duchenne muscular dystrophy: patogenetic
aspects and genetic prevention. Human Genetics. 1984. 66: 17-40.
EBASHI S, TOYOKURA Y, MOMOI H and SUGITA H. High creatine phosphokinase
activity of sera of progressive muscular dystrophy. Journal of Biochemistry (Tokio).
1959. 46: 103-104.
EMERY AEH &SKINNER R. Clinical studies in begin (Becker type) X-linked muscular
dystrophy. Cardiomiology. 1976. 2: 13-23.
EMERY AEH. The muscular dystrophies. In Principles and practice of medical genetics.
Emery AEH and Rimoin D. 1983. Chuchill Livingstone, Edinburg, London, New york.
392-413.
EMERY AE. Duchenne muscular dystrophy. 2 ed. Oxford Uniersity Press. 1993.
EMERY AE. Muscular dystrophy into the new millennium. Neuromuscul Disord. 2002
12(4):343-9. Review.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
107
ENGLAND SB, NICHOLSON LVB, JOHNSON MA, FORREST SM, LOVE DR,
ZUBRZYCKA-GAARN EE, BULMAN DE, HARRIS JB, DAVIES KE. Very mild
muscular dystrophy associated with the deletion of 46% of dystrophyn. Nature. 1990.
343: 180-182.
ERB WH. Über die “juvenile form” der progressiven muskelatrophie und ihre Beziehungen
zur sogenannten pseudohypertrophie der muskeln. Deutsches Archiv für Klinische
Medizin. 1884. 34: 467-519.
ERB W (1891) apud Gardner Medwin D. Clinical features and classification of the muscular
dystrophies. British Medical Bulletin. 1980. 36 (2): 109-115.
ERVAST JM, KAHL SD, CAMPBELL KP. Purification of dystrophin from skeletal muscle.
Journal of Biological Chemistry. 1991. 226: 9191-9165.
ESPERON LC, ESPERON PSM, ESPERON CTM, KLUJSZO MCC. Atrofia muscular
espinhal progressiva infantil (Doença de Werdnig-hoffmann). Pediatr Mod. 1988. 23:
267-276.
FALLON L, HARTON GL, SISSON ME, RODRIGUEZ E, FIELD LK, FUGGER, EF,
GELTINGER M, SUN Y, DOFFMANN A, SCHOENER C, BICK D, SCHULMAN J,
LEVINSON G AND BLACK SH. Peimplantation genetic diagnosis for spinal muscular
atrophy type I. Neurology 1999. 53:1087-1090.
FELDKOTTER M, SCHWARZER V, WIRTH R, WIENKER TF, WIRTH B. Quantitative
analyses of SMN1 and SMN2 based on real-time light cycler PCR: fast and highly
reliable carrier testing and prediction of severity of spinal muscular atrophy. Am J Hum
Genet. 2002. 2: 358-368.
FENG W, GUBITZ AK, WAN L, BATTLE DJ, DOSTIE J, GOLEMBE TJ, DREYFUSS G.
Gemins modulate the expression and activity of the SMN complex. Hum Mol Genet. 2005
(12): 1605-1611.
FEENER CA, KOENIG M, KUNKEL LM. Alternative splicing of human dystrophin mRNA
generates isoforms at the carboxy terminus. Nature. 1989. 338: 509-511.
FERRAZ EM. Estudo multicêntrico para construção de curvas de dilatação cervical, em
função do tempo em gestantes brasileiras. Conferência proferida durante o III Congresso
Latino Americano de Perinatologia, SP. 1993.
FONTANA MH, PÖRTNER MR, SALIM PAK, BOBEK PR, ROZA PR. Atrofia muscular
espinhal infantil progressiva. Arq Neuropsiquiatr. 1990. 48: 26-31.
FRANCIS MJ, MORRISON KE, CAMPBELL L, GREWAL PK, CHRISTODOULO Z,
DANIELS RJ, MONACO AP, FRICHAUF AM, MCPHERSON J, WASMUTH J,
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
108
DAVIES KE. A contig of non-chimeric YACs containing the spinal muscular atrophy
gene in 5q13. Hum Mol Genet. 1993. 2: 1161-1167.
FRANCO CR. Caracterização do diagnóstico clínico e detecção de portadoras de deleções no
gene na Distrofia Muscular de Duchenne/Becker no Rio Grande do Sul por PCR
quantitativo em tempo real. Dissertação apresentada a Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. 2007.
FRIED K, EMERY AEH. Spinal muscular atrophy type II. A separate genetic and clinical
entity from type I (Werdnig-Hoffmann disease) type III Kugelberg Welander disease.
Clin Genet. 1971. 2: 203-209.
FRIED K, MUNDEL G. High incidence of spinal muscular atrophy type I (werdnig-
Hoffmann disease) in the Kararite comunity in Israel. Clin Genet. 1977. 12: 250-251.
GAMSTORP I. Progressive spinal muscular atrophy with onset in infancy or early childhood.
Acta Paediatr Scand. 1967. 56: 408-423.
GARDNER-MEDWIN D, HUDGSON P, WALTON JN. Benign spinal muscular atrophy
arising in childhood and adolescence. J Neurol Sci. 1967. 5: 121-158.
GILLIAM TC, BRZUSTOWICZ LM, CASTILLA LH, LESHNER T, PENCHASZADEH
GK, DANIELS RJ, BYTH BC, KNOW LES J, HISIOP JE, SHAPIRA Y, DUBOWITZ
V, MUNSAT TL, OTT J, DAVIES KE. Genetic homogeneity between acute and chronic
forms of spinal muscular atrophy. Nature. 1990. 345: 823-825.
GOWERS WR. Clinical lecture on pseudo-hypertrophic muscular paralysis. Lancet. 1879. 2:
1-2, 37-39, 73-75, 113-116.
GRUBER H, ZEITLHOFER J, PRAGER J, PILS P. Complex oculomotor dysfunctions in
Kugelberg-Welander disease. Neuroophthalmology. 1983. 3: 125-128.
GUBITZ AK, FENG W, DREYFUSS G. The SMN complex. Exp Cell Res. 2004. 296(1):51-
56. Review.
GUYER MS, COLLINS FS. The human genome project and the future of medicine. Am J Dis
Child. 1993. 147: 1145-1152.
HAHNEN ET, WIRTH B. Frequent DNA variant in exon 2a of the survival motor neuron
gene (SMN): a further possibility for distinguishing the two copies of the gene. Hum
Genet. 1996.1: 122-123.
HAMMONDS RG. Protein sequence of DMD gene is related to actin-binding domain of α-
actin. Cell. 1987. 51:1.
HAUSHALTER P. 1898 apud PEARN J. 1990.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
109
HAUSMANOWA-PETRUZEWICZ I. Infantile and juvenile spinal muscular atrophy. In:
WALTON JN; CONAL N; SCARLATO G. Eds. Muscle Diseases. Amsterdam. Excepta
medica ics. 1970. 558-567.
HITOMI Y, KIZAKI T, WATANABE S, MATSUMURA G, FUJIOKA Y, HAGA S. Seven
skeletal muscles rich in slow muscle fibers may function to sustain neutral position in the
rodent hindlimb. Comparative Biochemistry and Physiology. 2005. 140(1): 45-50.
HOFFMANN J. 1883 apud PEARN J. 1990.
HOFFMANN EP, BROWN JR, KUNKEL LM. Dystrophin: The protein product of the
Duchenne muscular dystrophy locus. Cell. 1987. 51: 919-928.
HUTTENHOWER C, HALEY EM, HIBBS MA, DUMEAUX V, BARRETT DR, COLLER
HA, TROYANSKAYA OG. Exploring the human genome with functional maps.
Genome Res. 2009. 19(6):1093-106..
IANNACCONE ST, BURGHES A. Spinal muscular atrophies. Adv Neurol. 2002. 88:83-98.
Review.
IBRAGHIMOV-BESKROVNAYA O, ERVASTI JM, LEVEILLE CJ, SLAUGHTER CA,
SERNETT SW, CAMPBELL KP. Primary structure of dystrophin-associated
glycoproteins linking dystrophin to the extracellular matrix. Nature. 1992. 6362:696-702.
IMAI T, MINAMI R, NAGAOKA M, ISHIKAWA Y, KAMEDA K, OKABE M,
MATSUMOTO H. Proximal and distal nerve conduction velocities in Werdnig-
Hoffmann disease. Pediatr Neurol. 1980. 6: 82-86.
JUNQUEIRA LC, CARNEIRO J. Basic Histology 1980. 3a edição, Editora Lange, Los
Altos- CA.
KARAGAN NJ & SORENSEN JP. Intellectual functioning in non-Duchenne muscular
dystrophy. Neurology. 31: 448-452.
KARLSTRÖM F, WOHLFART G. Klinische und histopathologische studien über infantile
spinale muskelatrophie (Oppenheimsche und Werdnig-Hoffmannsche Krankheit). Acta.
Psychiatr. 1939. 14: 453-488.
KARPATI G. Possible treatment of Duchenne muscular dystrophy by non-dystrophic
myoblast implantation into dystrophic muscles. Pathogenesis and therapy of Duchenne
and Becker muscular dystrophy. 1990. 59-63.
KASPAR RW, ALLEN HD, MONTANARO F. Current understanding and management of
dilated cardiomyopathy in Duchenne and Becker muscular dystrophy. J Am Acad Nurse
Pract. 2009. 21(5): 241-9. Review.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
110
KINGSTON HM, THOMAS NST, PEARSON PL, SARFARAZI M, HARPER PS. Genetic
linkage between Becker muscular dystrophy and a polymorphic DNA sequence on the
short arm of the X chromosome. Journal of Medical Genetics. 1983. 20: 255-258.
KINGSTON HM, SARFARAZI M, THOMAS NST, HARPER PS. Localization of the
Becker muscular dystrophy gene on the short arm of the X chromosome by linkage to
cloned DNA sequences. Human Genetics. 1984. 67: 6-17.
KLEYN PW, WANG CH, LIEN LL, VITALE E, PAN J, ROSS BM, GRUNM A, PALMER
DA, WARBURTON D, BRZUSTOWICZ LM, KUNKEL LM, GILLIAM TC.
Construction of a yeast artificial chromosome contig spanning the spinal muscular
atrophy disease gene region. Proc. Natl Acad Sci. 1993. 90: 6801-6805.
KOENIG M, HOFFMAN EP, BERTELSON CJ, MONACO AP, FEENER C, KUNKEL LM.
Complete cloning of the Duchenne muscular dystrophy (DMD) cDNA and preliminary
genomical organization of the DMD gene in normal and affected individuals. Cell. 1987.
50: 509-517.
KOENIG M, MONACO AP, KUNKEL LM. The complete sequence of dystrophin predicts a
rod shaped cytoskeletal protein. Cell. 1988. 53: 219-228.
KOENIG M & KUNKEL LM. Detailed analysis of the repeat domain of dystrophin reveals
four potential hinge segments that may confer flexibility. Journ of Biological Chemistry.
1990. 265: 4560-4566.
KOSTOVA FV, WILLIAMS VC, HEEMSKERK J, IANNACCONE S, DIDONATO C,
SWOBODA K, MARIA BL. Spinal muscular atrophy: classification, diagnosis,
management, pathogenesis, and future research directions. J Child Neurol. 2007. 22(8):
926-945.
KUNKEL LM, MONACO AP, MIDDLESWORTH W, OCHS HD, LATT SA. Specific
cloning of DNA fragments from the DNA from a patient with an X chromosome
deletion. Proceedings of the National Academy of Sciences USA. 1985. 82: 4778-4782.
LAW PK, BERTORINI TE, GOODWIN TG. Dystrophin production induced by myoblast
transfer therapy in Duchenne muscular dystrophy. Lancet. 1990. 336: 114-115.
LEFEBRVE S, BÜRGLEN L, REBOULLET S, CLERMON O, BURLET S, VIOLLET L,
BEENICHOU B, CRUAUD C, MILLASSEAU P, ZEVIANI M, LE PASLIER D,
FRÉZAL J, COHEN D, WELSSEN BACH J, MUNNICH A, MELKI J. Identification
and characterization of a spinal muscular atrophy-determining gene. Cell 1995; 80:155-
165.
LEHRMAN EJ. Birth in the left lateral position--an alternative to the traditional delivery
position. J Nurse Midwifery. 1985. 30(4): 193-197.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
111
LEIBOWITZ D, DUBOWITZ V. Intellect and behaviour in Duchenne muscular dystrophy.
Developmental Medicine and Child Neurology. 1981. 23: 577-590.
LEYRER RH. Case reports of progressive infantile muscular atrophy (Werdnig-Hoffmann) in
fraternal twins. Am J Dis Child. 1954. 88: 604.
LIEN LL, BOYCE FM, KEIN P, BRZUSTOWICZ LM, MENNINGER J, WARD DC,
GILLIAM TC, KUNKEL LM. Mapping of a gene encoding a dystrophin cross-reactive
protein in close proximity to the spinal muscular atrophy locus. Am J Hum Genet. 1991.
49: 412.
LIN JJ, HWANG MS, HSIA SH, CHUNG HT, CHANG YS, LIN KL. Pericardial effusion
with cardiac tamponade as a cardiac manifestation of Duchenne muscular dystrophy.
Muscle Nerve. 2009. 40(3): 476-80.
LINDENBAUM RH, CLARKE G, PATEL C, MONCRIEFF M, HUGHES JT. Muscular
dystrophy in an X, 1 translocation female suggests that Duchenne locus is on X
chromosome short arm. Journal of medical genetics. 1979. 16: 389-392.
LO CS, CAPON F, MELCHIONDA S, GANNARELLI M, NOVELLI G, DALLAPICCOLA
B. First trimester prenatal of spinal muscular atrophy using microsatellite markers. Prenat
Dian. 1994. 14: 459-462.
LUGARESI E, GAMBETTI P, ROSSI PG. Chronic neurogenic muscle atrophies of infancy.
Their nosological relationship with Werdnig-Hoffman’s disease. J Neurol Sci. 1966. 3:
399-409.
LUYS, 1860 apud PEARN J. 1990.
MAILMAN MD, HEINZ JW, PAPP AC, SNYDER PJ, SEDRA MS, WIRTH B, BURGHES
AH, PRIOR TW. Molecular analysis of spinal muscular atrophy and modification of the
phenotype by SMN2. Genet Med. 2002. 1: 20-26.
MARQUARDT JE. MAC LOWRY J, PERRY RE. Infantile progressive spinal muscular
atrophy in identical negro twins. N Engl J Med. 1962. 23: 386-388.
McKUSICK VA. Genética Humana. Editora da Universidade de São Paulo.1971.
McLEAN MD, ROY N, MACKENZIE AE, SALIH M, BURGHES AHM, SIMARD L,
KORNELUK RG, IKEDA JE, SURCH L. Two 5q13 simple tandem repeat loci are in
linkage disequilibrium with type I spinal muscular atrophy. Hum Mol Genet. 1994. 3:
1951-1956.
MEHLER MF. Brain dystrophin, neurogenetics and mental retardation. Brain Research. 2000.
32 (1): 277-307.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
112
MELKI J, SHETH P, ABDELHAK S, BURLET P, BACHELOT MF, LATHROP MG,
FREZAL J, MUNNICH A. Mapping of acute (type I) spinal muscular atrophy to
chromosome 5q12-q14. Lancet 336, 1990. 271-273.
MELKI J, ABDELHAK S, BURLET P, RACLIN V, KAPLAN J, SPIEGEL R,
GILGENKRANTZ S, PHILIP N, CHAUVET ML, DUMEZ Y, BRIARD ML, FREZAL
J, MINNICH A. Prenatal prediction of Werdnig-Hoffmann disease using linked
polymorphic DNA probes. J Med Genet 1992. 29:171-174.
MELKI J, LEFEBVRE S, BURGLEN L, BURLET P, CLERMONT O, MILLASSEAU P,
REBOULLET S, BÉNICHOU B, ZEVIANI M, LE PASLIER D, ET AL. De novo and
inherited deletions of the 5q13 region in spinal muscular atrophies. Science. 1994.
264(5164):1474-7.
MERYON E. On granular and fatty degeneration of the voluntary muscles. Medico-
chirurgica, Transactions (London). 1852. 35: 73-84.
MILLER RG, MOORE DH, DRONSKY V, BRADLEY W, BAROHN R, BRYAN W,
PRIOR TW, GELINAS DF, IANNACCONE S, KISSEL J, LESHNER R, MENDELL J,
MENDOZA M, RUSSMAN B, SAMAHA F, SMITH S. SMA Study Group. A placebo-
controlled trial of gabapentin in spinal muscular atrophy. J Neurol Sci. 2001. 191(1-2):
127-131.
MILLER SA, DYKES DD, POLESKY HFA. A simple salting out procedure for extracting
DNA from human nucleated cells. Nucleic Acids Res. 1998. 16(3): 1215.
MOKRI B, ENGEL AG. Duchenne dystrophy: electron microscopic findings pointing to a
basic or early abnormality in the plasma membrane of the muscle fiber. Neurology. 1998.
51(1): 1-10.
MONACO AP, BERTELSON CJ, MIDDLESWORTH W, COLLETTIFRUNER C,
ALDRIDGE J, FISCHBECK KH, BARTLETT R, PERICAK-VANCELL MA, ROSES
AD, KUNKEL LM. Detection of deletions spanning the Duchenne muscular locus using
a tightly linked DNA segment. Nature. 1985.316: 842-845.
MOOSA A, DUBOWITZ V. A motor nerve conduction velocity in spinal muscular atrophy
of childhood. Arch Dis Child. 1976. 51: 974-977.
MORRISSON KE, DANIELS RJ, SUTHERS GK, FLYN GA, FRANCIS MJ, BUCKLE VJ,
DAVIES KE. High resolution genetic map around the spinal muscular atrophy (SMA)
locus on chromosome 5. Am J Hum Genet. 1992. 50: 520-527.
MOSER H. Duchenne muscular dystrophy: pathogenetic aspects and genetic prevention.
Human Genetics. 1984. 66(1): 17-40.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
113
MOSTACCINOLO ML, DANIELI GA, TREERSAN C, MULLER E, ANGELINI C.
Epidemiology of spinal muscular atrophies in a sample of the Italian population.
Neuroepidemiology. 1992. 11: 34-38.
MULLER B, MELKI J, BURLET P, CLERGET-DARPOUX F. Proximal spinal muscular
atrophy (AME) types II e III in the same sibship are not cauded by different alleles at the
AME locus on 5q. Am J Hum Genet 1992. 50:892-895.
MULLER J, VAYSSIERE N, ROYUELA M, LEGER ME, MULLER A, BACOU F.
Comparative evolution of muscular dystrophy in diaphragm, gastrocnemius and masseter
muscles from old male mdx mice. Journal of Muscle Research and Cell Motility. 2001.
22(2): 133-139.
MUNSAT TL, WOODS R, FOWLER W, PEARSON CM. Neurogenic muscular atrophy of
infancy with prolonged survival. Brain. 1969. 92: 9-24.
MUNSAT TL, DAVIES KE. Spinal muscular atrophy. Neuromuscular Disorders. 1992. 2:
423-428.
MUNSAT TL, DAVIES KE. Spinal muscular atrophy. In: Emeru AEHE. Diagnostic criteria
for neuromuscular disorders. Bear Netherlands. European neuromuscular Centre. 1994.
48-54.
MUNTONI F, TORELLI S, FERLINI A. Dystrophin and mutations: one gene, several
proteins, multiple phenotypes. Lancet Neurol. 2003. 2(12): 731-740.
MURPHY EG, COREY PNJ, CONEN PE. Varying manifestations of Duchenne muscular
dystrophy in a family with affected female. In Muscle. 1965. 529-545.
MURRAY JM, DAVIES KE, HARPER PS, MEREDITH L, MUELLER CR, WILLIANSON
R. Linkage relationship of a cloned DNA sequence on the short arm of the X
chromosome to Duchenne muscular dystrophy. Nature. 1982. 300: 69-71.
NAMBA L, ABERFELD DC, GROB D. Chronic proximal spinal muscular atrophy. J Neurol
Sci. 1970. 11: 401.
NISHIO H, TAKESHIMA Y, NARITA N, YANAGAWA H, SUZUKI Y, ISHIKAWA Y.
Identification of a novel fisrt exon in the human dystrophin gene and of a new promoter
located more than 500kb upstream of the nearest known promoter. The Journal of
Clinical Investigation. 1994. 94(3): 1037-1042.
NUDEL U, ZUK D, EINAT P, ZEELON E, LEVY Z, NEUMAN S, YAFFE D. Duchenne
muscular dystrophy gene product is not identical in muscle and brain. Nature. 1989. 337:
76-78.
OGINO S, WILSON RB. Genetic testing and risk assessment for spinal muscular atrophy
(SMA). Hum Genet. 2002. 6: 477-500.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
114
OZAWA E. Dystrophin, dystrophin-associated protein and dystrophinopathy. Nihon Shinkei
Seishin Yakurigaku Zasshi. 1995. (3):289-293. Review.
OPPENHEIM, 1900 apud PEARN J. 1990.
PARREIRA SLS. Quantificação da força e habilidades motoras de pacientes com Distrofia
Muscular de Duchenne, em tratamento com corticoterpia. Dissertação apresentada à
faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. 2005.
PARSONS DW, McANDREW PE, IANNACCONE ST, MENDELL JR, BURGHES AH,
PRIOR TH. Intragenic telSMN mutations: frequency, distribution, evidence of a founder
effect, and modification of the spinal muscular atrophy phenotype by cenSMN copy
number. Am J Hum Genet. 1998. 6: 1712-1723.
PASCALET-GUIDON MJ, BOIS E, FEINGOLD J, MATTEI JF, COMBES JA, HAMON C.
Cluster of acute infantile spinal muscular atrophy (Werdnig-Hoffmann disease) in a
limited area of Reunion Island. Clin Genet. 1984. 26: 39-42.
PASCUAL-CASTROVIEJO I. Ctary: clinical aspects of spinal muscular atrophy. In:
Gamstorp I, sarnat HB. Eds progressive spinal muscular atrophies. New York. Raven
Press. 1984. 43-54.
PARTRIDGE TA, MORGAN JE, COULTON GR, HOFFMANN EP, KUNKEL LM.
Conversion of mdx myofibres from dystrophin-negative to positive by injection of
normal myoblast. Nature. 1989. 337: 176-179.
PEARN JH, WILSON J. Chronic generalised spinal muscular atrophy of infancy and
childhood: arrested Werdnig-Hoffmann disease. Arch Dis Child. 1973. 48: 768.
PEARN JH. The gene frequency of acute Werdnig-Hoffmann disease (SMA type I). A total
population survey in North-Eart England. J Med Genet. 1973b. 10: 260-265.
PEARN JH. Fetal moviments and Werdnig-Hoffmann disease. J Neurol Sci. 1973a. 18: 373-
379.
PEARN J. Autossomal dominant spinal muscular atrophy. A clinical and genetic study. J
Neurol Sci. 1978b. 38: 263-275.
PEARN J. Genetic studies of acute infantile spinal muscular atrophy (SMA type I). An
analysis of sex ratios, segregation ratios and sex influence. J med Genet. 1978c. 15: 414-
417.
PEARN J. Incidence, prevalence and gene frequency studies of chronic childhood spinal
muscular atrophy. J Med Genet. 1978d. 15: 409-413.
PEARN J. Spinal muscular atrophies. In: Emery AEH, Rimoin DL. Eds. Principles and
Practice of medical genetics. New York. Churchill Livingstone. 1990. 565-578.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
115
PENNINGTON RJT. Clinical biochemistry of muscular dystrophy. British Medical Bulletin.
1980. 36: 123-126.
PIERI PDE C, NOGUEIRA JDE A, MARQUES-DIAS MJ, RESENDE B, KIM CA, REED
UC, OKAY TS. A duplex allele-specific amplification PCR to detect SMN1 deletion.
Genet Test Mol Biomarkers. 2009. 13(2):205-208.
PÖCH H & BECKER PE. Eine muskeldystrophie auf einem altagyptishen Relief. Nervenarzt.
1955. 26: 528-530.
PRIOR TW, BIASCO PA, DOVE JL, LESHNER RT AND GRUEMER HD. Use of DNA
probes in detecting carriers of Duchenne Muscular Dystrophy: Selected case studies.
Clinical Chemistry 1989; 35(4):679-683.
PROSSER EJ, MURPHY EG, THOMPSON MW. Intelligence and the gene for Duchenne
muscular dystrophy. Archives of Disease in childhood. 1969. 44: 221-230.
RAGOT T, VINCENT N, CHAFEY F, VIGNE E, GILGENKRANTZ H, COUTON D,
CARTAUD J, BRIAND P, KAPLAN JC, PERRICAUDET M, KAHAN A. Efficient
adenovirus-mediated transfer of a human minidystrophin gene to skeletal muscle of mdx
mice. Nature. 1993. 361: 647-650.
RAY PN, BELFALL B, DUFF C, LOGAN C, KEAN V, THOMPSON MW, SYLVESTER
JE, GORSKY JL, SCHMICKEL RD, WORTON RG. Cloning of the breakpoint of an X,
21 translocation associated with Duchenne muscular dystrophy. Nature. 1985. 318:672-
675.
REED UC. Neuromuscular disorders. J Pediatr. 2002. 78 Suppl 1: 89-103.
REED UC. Síndrome da criança hipotônica. In Diament A.; Cypel S. 4º Edição. São Paulo.
Editora Atheneu. 2005. 1431-1462.
ROCHETTE CF, GILBERT N, SIMARD LR. SMN gene duplication and the emergence of
the SMN2 gene occurred in distinct hominids: SMN2 is unique to Homo sapiens. Hum
Genet. 2001. 3: 255-266.
RODRIGUES NR, OWEN N, TALBOT K, PATEL S, MUNTONI F, IGNATIUS J,
DUBOWITZ V, DAVIES KE. Gene deletions in spinal muscular atrophy. J Med Genet.
1996. 33: 93-96.
ROMANISH MT, NAKAMURA H, LAI CB, WANG Y, MAGER DL. A novel protein
isoform of the multicopy human NAIP gene derives from intragenic Alu SINE
promoters. PLoS One. 2009. 4(6): e5761.
ROSS MH, ROMRELL LJ. Histology: A text and Atlas 1993. Editora Panamericana, SP.
ROY N, MAHADEVAN MS, MCLEAN M, SHUTLER G, YARAGHI Z, FARAHANI R,
BAIRD S, BESNER-JOHNSTON A, LEFEBVRE C, KANG X, SALIH M, AUBRY H,
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
116
TAMAI K, GUAN X, IOANNOU P, CRAWFORD TO, DE JONG PJ, SURCH L,
IKEDA JE, KORNELUX RG, MACKENZIE A. The gene for neuronal apoptosis
inhibitory protein is partially deleted in individuals with spinal muscular atrophy. Cell
1995. 80:167-178.
RUSSMAN BS, BUNCHER CR, WHITE M, SAMAHA FJ, IANNACCONE ST. Function
changes in spinal muscular atrophy II and III. The DCN/SMA group. Neurology. 1996.
47: 973-976.
SCHORER CE. Muscular dystrophy and the mind. Psychosomatic Medicine. 1964. 26: 5-13.
SELIG S, BRUNO S, SCHARF JM, WANG CH, VITALE E, GILLIAM TC, KUNKEL LM.
Expressed cadherin pseudogenes are localized to the critical region of the spinal
muscular atrophy gene. Proc Natl Acad Sci USA. 1995. 92: 3702-3706.
SHAPIRA F, DREYFUSS JC, SHAPIRA G, DEMOS J. Étude de l’aldolase et de la créatine
kinase du sérum chez les mères de myopathes. Revue Française Étude Cliniques et
Biologiques. 1960. 5: 990-994.
SHAPIRA F & DREYFUSS JC. Biochemistry of progressive muscular dystrophy. In
Muscular dystrophy in man and animal. 1963. 47-48.
SHETH P, ABDELHAK S, BACHELOT MF, BURLET P, MASSET M, HILLAIRE H,
CLERGET-DARPOUX F, FREZAL J, LATHROP GM, MUNNICH A, MELKI J.
Linkage analysis in spinal muscular atrophy, by six closely flanking markers on
chromosome 5. Am J Hum Genet. 1991. 48: 764-768.
SILVESTRE M. 1899 apud PEARN J. 1990.
SMITH JB, PATEL A. The Wohlfart-Kugelberg-Welander disease. Neurology. 1965. 15:
469.
SOARES VM, BRZUSTOWICZ LM, KLEYN PW, KNOWLES JA, PALMER DA,
ASOKAN S, PENCHASZEDEH GK, MUNSAT TL, GILLIAM TC. Refinement of the
spinal muscular atrophy locus to the interval between D5S435 and MAP-1B. Genomics.
1993. 15: 365-371.
SOSSI V, GIULI A, VITALI T, TIZIANO F, MIRABELLA M, ANTONELLI A, NERI G,
BRAHE C. Premature termination mutations in exon 3 of the SMN1 gene are associated
with exon skipping and a relatively mild SMA phenotype.
Eur J Hum Genet. 2001. 2: 113-120.
SPIEGLER AWJ, HAUSMANOWA-PETRUSEWICZ I, BORKOWSKA J, KLOPOCKA A.
Population data on acute infantile and chronic childhood spinal muscular atrophy in
Warson. Hum Genet. 1990. 85: 211-214.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
117
STEWART H, WALLACE A, MCGAUGHRAN J, MOUNTFORD R, KINGSTON H.
Molecular diagnosis of spinal muscular atrophy. Arch Dis Child. 1998. 6: 531-535.
SUGITA H, ARAHATA K, ISHIGURO T, SUHARA Y, TSUKAHARA T, ISHIURA S,
EGUCHI C, NONAKA I, IZAWA E. Negative immunostaining of Duchenne muscular
dystrophy (DMD) and mdx muscular surface membrane with antibody against synthetic
peptide fragment predicted from DMD cDNA. Proceedings of the Japan Academy. 1988.
64: 37-39.
SUMNER CJ, HUYNH TN, MARKOWITZ JA, PERHAC JS, HILL B, COOVERT DD,
SCHUSSLER K, CHEN X, JARECKI J, BURGHES AH, TAYLOR JP, FISCHBECK
KH. Valproic acid increases SMN levels in spinal muscular atrophy patient cells. Ann
Neurol. 2003. 54(5):647-654.
SURA T, EU-AHSUNTHORNWATTANA J, PINGSUTHIWONG S, BUSABARATANA
M. Sensitivity and frequencies of dystrophin gene mutations in Thai DMD/BMD patients
as detected by multiplex PCR. Dis Markers. 2008. 25(2):115-121.
SURONO A, TAKESHIMA Y, WIBAWA T, IKEZAWA M, NONAKA I, MATSUO M.
Circular dystrophin RNAs consisting of éxons that were skipped by alternative splicing.
Human molecular Genetics. 1999. 8(3): 493-500.
TALBOT K, DAVIES KE. Spinal muscular atrophy. Semin Neurol. 2001. 21(2): 189-197.
Review.
TAKEMASA T, SUGIMOTO K, MIYAZAKI M, MACHIDA M, IKEDA S, HITOMI Y.
Simple method for the identification of oxidative fibers in skeletal muscle. European
Journal of Applied Physiology. 2004. 91: 357-359.
THEODOSIOU AM, MORRISON KE, NESBIT AM, DANIELS RJ, CAMPBELL L,
FRANCIS MJ, CHRISTODOULOU Z, DAVIES KE. Complex repetitive arrangements
of gene sequence in the refined candidate region of the spinal muscular atrophy gene in
5q13. Am J Hum Genet. 1994. 55: 1209-1217.
THOMPSON MW. The genetic transmission of muscle disease. In mycology (eds AG Engel
& BQ Banker). McGraw-Hill Book Co, New York. 1986. (1): 1151-1184.
THOMPSON MW, MC INNES RR, WILLARD HF. Genética Médica. Rio de Janeiro,
Guanabara. 1993.
THOMPSON WHS. Serum enzyme studies in acquired disease of skeletal muscle. Clinica
Chimica Acta. 1971. 35: 193-199.
TIZIANO FD, PINTO AM, FIORI S, LOMASTRO R, MESSINA S, BRUNO C, PINI A,
PANE M, D'AMICO A, GHEZZO A, BERTINI E, MERCURI E, NERI G, BRAHE C.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
118
SMN transcript levels in leukocytes of SMA patients determined by absolut real-time
PCR. Eur J Human Genet. 2009.
TSUKAGOSHI H, SUGITA H, FURUKAWA T, TSUBAKI T, ONO E. Kugelberg-
Welander syndrome with dominant inheritance. Arch Neurol. 1966. 14: 378-381.
VELASCO E, VALERO C, VALERO A, MORENO F, HERNÁNDEZ-CHICO C. Molecular
analysis of the SMN and NAIP genes in spanish spinal muscular atrophy (SMA) families
and correlation between number of copies BCD541 and SMA phenotype. Hum Mol
Genet. 1996. 5: 257-263.
VERELLEN C, MARKOVIC V, DE MEYER R, FREUND M, LATERRE C, WORTON R.
Expression of an X-linked recessive disease in a female due to non-random inactivation
of the X chromosome. American Journal of Human. 1978. 30: 97 A (Abstract).
WALLAR PH, REECE JM. Ocular findings in a patient with Kugelberg-Welander syndrome:
a case report. J Pediatr Ophthalmol Strabismus. 1978. 15: 15-18.
WANG CH, XU J, CARTER TA, ROSS BM, SUGARMAN EA, ALITTO BA,
PENCHASZADEH GK, MUNSAT TL, GILLIAM TC. Analysis of the survival motor
neuron (SMN) gene in spinal muscular atrophy families. Am J Hum Genet. 1995. 57:
253.
WANG H, YANG I, JONG Y. Evaluation of muscle strength in pacients with spinal muscular
atrophy. Kaohsiung J Med. 2002. 18: 241-247.
WEISS A, LEINWAND LA. The mammalian myosin heavy chain gene family. Annual
Review of Cell and Developmental Biology. 1996. 12: 417-439.
WELLS DJ, WELLS KE, WALSH FS. Human dystrophin expression corrects the myopathic
phenotype in transgenic mdx mice. Human Molecular Genetics. 1992. 1: 35-40.
WERDNIG G, 1891 apud PEARN J. 1990.
WHEWAY JM, ROBERTS RG. The dystrophin lymphocyte promoter revisited: 4.5-
megabase intron, or artifact? Neuromuscul Disord. 2003. 13(1): 17-20.
WHITTLE MR. Famílias brasileiras diagnosticadas com atrofia muscular espinhal proximal
crônica (tipo Kugelberg-Welander). Estudo de ligação genética com marcadores do
cromossomo 5. São Paulo. 1991. Tese de Mestrado – Instituto de Química da
Universidade de São Paulo.
WILCOX DE, COOKE A, COLGAN J, BOYD E, AITKEN DA, SINCLAIR L, GLASGOW
L, STEPHENSON JBP, FERGUSON-SMITH MA. Duchenne muscular dystrophy due to
familial Xp21 deletion detectable by DNA analysis and flow cytometry. Human
Genetics. 1986. 73: 175-180.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
119
WINDSOR EJ, MURPHY EG, THOMPSON MW, REED TE. Genetics of childhood spinal
muscular atrophy. J Med Genet. 1971. 8: 143-148.
WINTER RM, PEMBREY ME. Does unequal crossing over contribute to the mutation rate in
Duchenne muscular dystrophy? Am J Med Genet. 1982.12(4): 437-41.
WIRTH B, VOOSEN B, ROHRIG D, KNAPP M, PIECHACZEK B, RUDNIK-
SHONEBORN S, ZERRES K. Fine mapping and narrowing of the genetic interval of the
spinal muscular atrophy region by linkage studies. Genomics 1993. 15:113-118.
WIRTH B, RUDNIK-SHONEBORN S, HAHNEN E, ROHRIG D, ZERRES K. Prenatal
prediction in families with autossomal recessive proximal spinal muscular atrophy
(5q11.2-q13.3): molecular genetics and clinical experience in 109 cases. Prenatal Diag
1995. 15:407-417.
WIRTH B. An update of the mutation spectrum of the survival motor neuron gene (SMN1) in
autosomal recessive spinal muscular atrophy (SMA). Hum Mutat. 2000. 3: 228-237.
WOLFF JÁ, MALONE RW, WILLIAMS P. Direct gene transfer into mouse muscle in vivo.
Science. 1990. 247: 1465-1468.
WORDEN DK & VIGNOS PJ. Intellectual function in childhood progressive muscular
dystrophy. Pediatrics. 1962. 29: 968-977.
YASUDA N, KONDO K. The effect of parental age on rate of mutation for Duchenne
Muscular dystrophy. Am J Med Genet. 1982. 13(1): 91-99.
YOSHIDA M, MIZUNO Y, NONAKA I, OZAWA E. A dystrophin-associated glycoprotein,
A3a (one of 43DAG doublets), is retained in Duchenne muscular dystrophy muscle. J
Biochem. 1993. 114(5):634-639.
ZATZ M. Atividade de creation-fosfoquinase (CPK) e estudos de ligação em distrofias
musculares progressivas de herança ligada ao X. Tese de Doutorado, Instituto de
Biociências, USP. 1973. São Paulo, Brasil.
ZATZ M, FROTA-PESSOA O, LEVY JÁ, PERES CA. Creatine-phosphokinase (CPK)
activity in relatives of patients with X-linked muscular dystrophies: a Brazilian study.
Journal de Genetique Humain. 1976. 24(2): 153-168.
ZATZ M, SCHAPIRO LJ, CAMPION DS, ODA E, KABACK MM. Serum pyruvate-kinase
(PK) and creatine-phosphokinase (CPK) in progressive muscular dystrophies. J of Neurol
Sciences. 1978. 36: 349-362.
ZATZ M, VIANNA-MORGANTE AM, CAMPOS P, DIAMENT AJ. Translocation (X;6) in
a female with Duchenne muscular dystrophy: implications for the localization of DMD
locus. Journal of Medical Genetics. 1981. 18: 442-447.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
120
ZATZ M, RAPAPORT D, PASSOS MR, LEVY JA. Becker-type muscular dystrophy in a
mother of three boys affected by Duchenne muscular dystrophy: a follow-up study.
Revista Brasileira de Genética. 1987. 2: 375-384.
ZATZ M, RAPAPORT D, VAINZOF M, PASSOS-BUENO MR, BORTOLINI ER,
PAVANELLO RCM, PEPES CA. Serum creatine-kinase (CK) and pyruvate-kinase (PK)
activities in Duchenne (DMD) as compared with Becker (BMD) muscular dystrophy. J
Neurol Sci. 1991. 102: 190-196.
ZELLWEGER H & NIEDERMEYER E. Central nervous system manifestations in childhood
muscular dystrophy I. Annales of Paediatrics. 1965. 205: 25-42.
ZELLWEGER H, SCHNEIDER DR, SCHULDT DR, MERGNER W. Heritable spinal
muscular atrophies. Helv Pediatr Acta. 1969. 24: 92-105.
ZELLWEGER H. The genetic heterogeneity of spinal muscular atrophy (SMA). In: Bergsma
D. Ed. The 2nd conf clin delineation of birth defects, original article series. New York.
The National Foundation. 1971. 82-89.
ZERRES K, GRIMM T. Genetic counseling in families with spinal muscular atrophy type
Kugelberg-Welander. Hum Genet. 1983. 65: 74-75.
ZERRES K, RUDNIK-SHÖNEBORN S. Natural history in proximal spinal analysis of 445
patients and suggestions for a modification of existing classifications. Arch Neurol. 1995.
52: 518-523.
ZERRES K, WIRTH B, RUDNIK-SHÖNEBORN S. Spinal muscular atrophy-clinical and
genetic correlations. Neuromuscul Disord. 1997. 7(3): 202-207.
ZUBRZYCKA-GAARN EE, BULMAN DE, KARPATI G, BURGHES AHM, BELFALL B,
KLAMUT HJ, TALBOT J, HODGES RS, RAY PN, WORTON RG. The Duchenne
muscular dystrophy gene product is localized in sarcolemma of human skeletal muscle.
Nature. 1988. 333: 466-469.
ANEXOS
121
88.. AANNEEXXOOSS
8.1. ANEXO 1: APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA (CEP).
ANEXOS
122
8.2. ANEXO 2: AVALIAÇÃO DA COMISSÃO NACIONAL DE ÉTICA EM PESQUISA.
ANEXOS
123
8.3. ANEXO 3: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE). Investigador principal no IPPMG: Dra. Alexandra Prufer de Queiroz Campos Araújo Serviço de Neuropediatria. Demais Investigadores: Vivianne Galante Ramos e Dr. Pedro Hernán Cabello Laboratório de Genética Humana DGEN-IOC.
CARTA DE CONSENTIMENTO Eu _______________________________________ permito que meu (minha) filho (a) _______________________________ faça parte deste grupo de estudo. Discuti com o médico responsável pelo acompanhamento do (a) meu (minha) filho (a) sobre o estudo, recebendo todas as orientações. Entendi o propósito do estudo, sabendo tratar-se de pesquisa que visa estudar a caracterização genética e molecular da Atrofia Muscular Espinhal (AME), nas crianças e seus familiares diretos (mãe e pai). Sei que meu (minha) filho (a) irá à sua próxima coleta de sangue de rotina, ter parte deste sangue (um total de 5 ml) reservado para um exame especial, que será realizado no Laboratório de Genética Humana DGEN-IOC. O mesmo acontecerá com os demais membros da família. Informações do prontuário serão resumidas em uma ficha. A assistência médica não será modificada em função da aceitação ou não em participar desta pesquisa. A participação de meu (minha) filho (a) nesta pesquisa não envolverá custo adicional. As informações obtidas através dessa pesquisa manterão o seu anonimato, serão confidenciais, serão divulgadas apenas sob forma de publicação científica. O sangue do (a) meu (minha) filho (a) colhido e enviado para este exame de análise genética molecular para os genes envolvidos na AME não será usado de outra maneira. Caso haja resto desse sangue, o mesmo será jogado fora. Caso venha ser necessário, em função do resultado deste exame qualquer modificação nos cuidados recebidos, isto será feito. O desenvolvimento de técnicas e métodos de diagnóstico molecular específico ajuda em um melhor aconselhamento genético e a aplicação do tratamento adequado das doenças. É possível que este tipo de exame no futuro venha evitar que outras crianças com problemas semelhantes sejam submetidas a exames que causam desconforto, como a eletroneuromiografia e a biópsia muscular. Posso desistir de sua participação a qualquer momento sem que isto interfira no tratamento futuro do (a) meu (minha) filho (a) neste hospital (Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira - IPPMG). Estou ciente de poder fazer quaisquer perguntas a qualquer momento. Compreendo que no caso de dano físico que resulte diretamente dos procedimentos da pesquisa, o pesquisador principal bem como o IPPMG assumirão a responsabilidade de fornecer a assistência integral às complicações e danos decorrentes dos riscos previstos neste estudo. Sei que esta pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa Humana do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira. Assinatura do Paciente: __________________________________________ Assinatura do Responsável: __________________________________________ Assinatura da Testemunha: __________________________________________
ANEXOS
124
8.4. ANEXO 4: FICHA DE ANAMNESE.
PRONTUÁRIO: ___________ NÚMERO NA PESQUISA DATA DE NASCIMENTO: DATA DA PRIMEIRA CONSULTA NA NEURO/IPPMG: BIÓPSIA MUSCULAR
sim não Data: Local: Resultado: ELETRONEUROMIOGRAFIA
sim não Data: Local: Resultado: HISTÓRIA FAMILIAR
sim não CONSANGÜINIDADE
sim não HEREDOGRAMA Data e Idade da Percepção dos 1os Sintomas: (Idade ______ ) Data e Idade do Diagnóstico Definitivo: (Idade ______ ) MARCOS DO DESENVOLVIMENTO:
Movimentos intra-uterinos presentes sim não Sustentar à cabeça sim não (idade em meses ___) Sentar sim não (idade em meses ___) Ficar de pé sim não (idade em meses ___) Andar sim não (idade em meses ___)
COMPLICAÇÕES CLÍNICAS
sim não Pneumonia sim não (quantas?____) Internação sim não (quantas?____) Gastrostomia sim não (data ) Traqueostomia sim não (data ) Outras complicações sim não (quais?)
EXAME FÍSICO Cor da pele/etnia Branco Negro Mulato Indígena Oriental
Atrofia sim não (localização _______) Paresia sim não (localização _______) Hipo/arreflexia sim não (localização _______) Fasciculações sim não (localização _______)
ANEXOS
125
Alterações de Nervos Cranianos sim não (quais? ___________) Alterações de Sensibilidade sim não (quais/localização___)
OUTROS EXAMES COMPLEMENTARES
DATA EXAME (RESULTADO)
FORMA DE ATROFIA MUSCULAR ESPINHAL
(caso a suspeita seja Atrofia Muscular Espinhal)
Tipo I
Tipo II
Tipo III
Outro (qual _________________________________________________)
ANEXOS
126
8.5. ANEXO 5: IDENTIFICAÇÃO DE FAMILIARES CUJO SANGUE FOI COLHIDO IDENTIFICAÇÃO
Nome: ________________________________________________________
Parentesco: ____________________ Número: F
Nome: ________________________________________________________
Parentesco: ____________________ Número: F
Nome: ________________________________________________________
Parentesco: ____________________ Número: F
Nome: ________________________________________________________
Parentesco: ____________________ Número: F
ANEXOS
127
8.6. ANEXO 6: ESCALA DOS MARCOS MOTORES DENVER II
ANEXOS
128
8.7. ANEXO 7: PROGRAMA DISAME (EM LINGUAGEM PERL) #!/usr/bin/perl use strict; ########################################################################### # Vivianne Galante Ramos - Pedro H. Cabello # # # (21/10/09) # # # Script para executar o algoritmo “DisAme” # # # # # ########################################################################### # Declarando variaveis my $SA = ""; my $SD = ""; # $SA = 0; #1.- Faça SA = 0 #$ SD = 0; #2.- Faça SD = 0 print $SD; print $SA; print "Digite o sexo: F ou M (femenino/masculino):\n"; my $sexo = <STDIN>; print "Apresenta Pseudo-Hipertrofia: S ou N (sim/nao)\n"; my $pse_hiper = <STDIN>; print "Digite o valor de CK: (en XXX unidades):\n"; my $CK = <STDIN>; print "Apresenta Hipotonia: S ou N (sim/nao)\n"; my $hipot = <STDIN>; print "Digite a idade dos primeiros sintomas: (en meses):\n"; my $idade = <STDIN>; print "Sustenta a cabeça: S ou N (sim/nao)\n"; my $sust_cab = <STDIN>; print "Tem atrofia: S ou N (sim/nao)\n"; my $atrof = <STDIN>; print "Apresenta fasciculações: S ou N (sim/nao)\n"; my $fasci = <STDIN>; print "Apresenta ENMG: L ou G (normal ou nao_tiver_informacao/neurogênico)\n"; my $enmg = <STDIN>;
ANEXOS
129
print "Apresenta reflexos: L ou H (normal ou nao_tiver_informacao/hiporeflexia)\n"; my $reflexo = <STDIN>; print "Apresenta problemas relacionados a nervos craniais: S ou N (sim/nao)\n"; my $nervo_cranial = <STDIN>; print "Apresenta movimentos Intra-Uterinos durante a gravidez: S ou N (sim/nao)\n"; my $movim_intraut = <STDIN>; print "Sentou a tempo: S ou N (sim/nao)\n"; my $sentar = <STDIN>; print "Ficou em pé: S ou N (sim/nao)\n"; my $ficou_pe = <STDIN>; print "Andou: S ou N (sim/nao)\n"; my $andou = <STDIN>; if ($sexo =~ /F/i) { #3.- Sexo: Se feminino, faça SA = SA + 1 e continue $SA = $SA + 1} #else { # print "sexo M, que faco... ou paro(exit)"} print $SA."aaaa\n"; if ($pse_hiper =~ /S/i) { #4.- Se apresenta Pseudo-Hipertrofia, faça SD = SD + 1 $SD = $SD + 1} if ($CK =~ /\d/) { if ($CK > 10) { #5.- Se CK > 10xNormal, faça SD = SD + 1 e continue $SD = $SD + 1 } #}else { # print "Error, deve ingresar um numero para CK, deve exit\n" #} if ($hipot =~ /S/i) { #6.- Se apresenta Hipotonia, faça SA = SA + 1 e continue $SA = $SA + 1} if ($idade =~ /\d/) { #7.- Se a idade dos Primeiros sintomas é < 6 meses, faça SA = SA + 1 e 1 continue if ($idade < 6){ $SA = $SA + 1 } } else { print "Error, deve ingresar um numero para idade, deve exit\n" } if ($sust_cab =~ /S/i) { #8.- Se sustenta a cabeça, faça SD = SD + 1 e continue $SD = $SD + 1} if ($atrof =~ /S/i) { #9.- Se tiver atrofia, faça SA = SA + 1 e continue $SA = $SA + 1}
ANEXOS
130
if ($fasci =~ /S/i) { #10.- Se apresenta fasciculações, faça SD = SD + 1 e continue $SD = $SD + 1} if ($enmg =~ /L/i) { #11.- Se apresenta ENMG Normal ou não tiver informação, vá para 13 print "ENMG normal ou não tem informação\n"} if ($enmg =~ /G/i) { #12.- Se apresentar ENMG Neurogênico, faça SA = SA + 1 e continue $SA = $SA + 1} if ($reflexo =~ /L/i) { #13.- Se tiver reflexos normais ou não tiver informação vá para 15 print "Reflexo normal ou nao tem informacao\n"} if ($reflexo =~ /H/i) { #14.- Se apresenta Hiporeflexia, faça SD = SD + 1 e continue $SD = $SD + 1} if ($nervo_cranial =~ /S/i) { #15.- Se apresenta problemas relacionados a nervos craniais, faça SA = SA + 1 e continue $SA = $SA + 1} if ($movim_intraut =~ /N/i) { #16.- Se não apresentou Movimentos Intra-Uterinos durante a gravidez, faça SA = SA + 1 e continue $SA = $SA + 1} if ($sentar =~ /N/i) { #17.- Se não sentou a tempo, faça SA = SA + 1 e continue $SA = $SA + 1} if ($ficou_pe =~ /N/i) { #18.- Se não ficou em pé, faça SA = SA + 1 e continue $SA = $SA + 1} if ($andou =~ /S/i) { #19.- Se andou, faça SD =SD +1 e continue $SD = $SD + 1} if ($SD < $SA) { #20.- Se SD < SA, vá para 23 print "emitir laudo de atrofia\n".$SA;} if ($SD > $SA) { print "emitir laudo de distrofia\n".$SD;} if ($SD eq $SA) { print "fazer testes aternativos\n";} print "BYE"; ####21.- Testar para DMD/B #22.- Se DMD/B (+) vá para 26 ###if ($dmdb = "+") { ### print "emitir laudo"} ####23.- Testar para AME ####24.- Se AME (+) vá para laudo ###if($ARG_AME = "+") { ### print "emitir laudo"} ####25.- Testar outras doenças ####26.- Emitir Laudo #27.- Fim
APÊNDICE
131
9. APÊNDICE
Molecular Analysis of the SMN and NAIP genes in Brazilian Spinal Muscular Atrophy
Patients
Vivianne Galante Ramos1, Flávia Lima dos Santos1, Silvia Regina Sampaio Freitas1,2,
Alexandra Prufer Araújo3, Pedro Hernán Cabello1
Authors’s institutional affiliation:
1 Laboratory of Human Genetics, Oswaldo Cruz Institute, Oswaldo Cruz Foundation, Rio de
Janeiro, RJ, Brazil
2 Laboratory of Genetics and Molecular Cardiology, Heart Institute/InCor, University of São
Paulo Medical School, São Paulo, Brazil;
3 Martagão Gesteira Pediatrics Institute, Rio de Janeiro Federal University, Rio de Janeiro,
RJ, Brazil
Running Title: Molecular investigation of SMA
Key Words: Polymorphism, Genetics, Nested-PCR, Survival motor neuron, Neuronal
apoptosis inhibitory protein
Correspondence to:
Pedro Hernan Cabello, PhD.
Laboratório de Genética Humana, Instituto Oswaldo Cruz, FIOCRUZ
Pavilhão Leônidas Deanne, 6° andar, sala 615
Av. Brasil, 4365 – Manguinhos, Rio de Janeiro, RJ, Brazil, 21045-900
APÊNDICE
132
Telephone: (+55 21) 3865-8214, Fax number: (+55 21) 2260-4282
e-mail: cabello@ioc.fiocruz.br
Abstract:
Spinal muscular atrophy (SMA) is an autossomal recessive disorder which results in
progressive muscle weakness and atrophy due to the anterior horn cells of the spinal cord
degeneration. Three types of SMA are recognized depending on the age of onset and clinical
severity: SMA-I, SMA-II and SMA-III. Two candidate genes, the survival of motor neuron
(SMN) has been identified as a SMA determining gene, whereas the neuronal apoptosis
inhibitory protein (NAIP) is considered to be a modifying factor of the severity of SMA. The
main objective of this study was to analyse the deletion of SMN and NAIP genes in a sample
of Brazilian children with clinical symptoms of SMA. With this purpose, polymerase chain
reaction (PCR) combined with restriction fragment length polymorphism (RFLP) was
performed to detect the deletion of both genes in twenty-five patients (3 SMA-I, 9 SMA-II
and 13 SMA-III). Deletion of exons 7 and/or 8 of the SMN gene was found in 67% of patients
with SMA-II and in 62% of SMA-III. Homozygous deletion for both exons in SMN and NAIP
genes were detected in 100% of SMA-I patients, 33% SMA-II and 15% SMA-III. Moreover,
no deletion of SMN and NAIP genes was found in 11 parents, 2 unaffected sibs and 40 normal
controls evaluated. The findings of homozygous deletion of exons 7 and 8 of SMN gene
confirmed the diagnosis of SMA, and suggested that the deletion of SMN exon 7 is a major
cause of SMA in Brazilian patients, and NAIP gene may be a modifying factor for disease
severity. According with our results, we suggested that molecular diagnosis system based on
PCR-RFLP analysis could conveniently be applied in the clinical testing, genetic counseling,
prenatal diagnosis of SMA.
APÊNDICE
133
Spinal muscular atrophy (SMA) is a disorder characterized by degeneration of the anterior
horn cells of the spinal cord. The worldwide prevalence of SMA is one in 6000 newborns
(Darras and Kang 2007), making it the most common autossomal recessive disorder after
cystic fibrosis and the second most common neuromuscular disorder after Duchenne muscular
dystrophy. SMA has been traditionally classified into three clinical forms according to the age
of onset and clinical severity (Munsat and Davies 1992): a) SMA-I is the most severe form
with onset in utero or within the few months of life. Affected patients never achieve the
ability to sit unsupported and usually die from respiratory complications before two years of
age; b) SMA-II usually manifests within the first two years of life and although affected
children may sit unaided, they never achieve the ability to walk independently. The survival
of these patients depends on the degree of respiratory complications; and c) SMA-III or
Kugelberg-Welander disease is the mildest form of the disorder and is characterized by a later
age of onset (after 24 months) and variable clinical severity. Affected individuals may walk
independently and have a normal life expectancy.
Linkage analysis mapped all three SMA types to chromosome 5q11.2–13.3 (Brzustowicz et
al. 1990; Lefebvre et al. 1995; Melki et al. 1990; Roy et al. 1995), a complex and unstable
region harbouring a 500kb duplication which results in two copies (a telomeric and a
centromeric) of any gene found within the duplication. Telomeric copies of the survival motor
neuron (SMN1) gene (exon 7 and 8 in particular) have been shown to be deleted in
approximately 95% of SMA patients. Single base exchanges (840C<T) in exons 7 and 8 allow
one to distinguish centromeric (SMN2) from telomeric SMN copies through polymerase chain
reaction (PCR) followed by restriction enzyme analysis assay. Molecular studies have shown
that a vast majority of SMA patients have homozygous deletions of exons 7 and/or 8 on the
SMN1 telomeric copy independent of the severity of the disease (Lefebvre et al. 1995). On the
other hand, deletions events in neuronal apoptosis inhibitory protein gene (NAIP) are
APÊNDICE
134
apparently higher in SMA-I patients than SMA-II and SMA-III, and therefore seem to affect
the disease severity (Roy et al. 1995).
In this study, we aim to confirm clinical diagnosis of Brazilian SMA patients and to correlate
the frequency of genetic variants within SMN and NAIP genes with spinal muscular atrophy.
With this purpose, twenty-five patients (aged 3 months to 8 years) with a characteristic SMA
clinical picture were screened for deletions in SMN and NAIP genes. Affected patients were
classified into three subgroups according to the criteria of the International SMA Consortium
(Munsat and Davies 1992) as follows: 3 were grouped as SMA-I, 9 as SMA-II and 13 as
SMA-III. All patients were submitted to neurological and clinical examinations and detailed
information including age at onset, motor development as well as respiratory complications
were recorded. Complementary exams included serum creatine kinase analysis and
electromyography. Patients with an uncertain diagnosis were also submitted to muscle biopsy.
In addition to the 25 affected patients, 11 parents, 2 unaffected sibs and 40 control individuals
were tested for SMN and NAIP genes. Ethics Committee for Research on Human Subject of
Pediatrics Institute of Rio de Janeiro Federal University approved this study and all subjects
gave written informed consent to participate.
The presence of exons 7 and 8 for either SMN1 or SMN2 genes were determined using nested-
PCR followed by restriction enzyme analysis (Fallon et al. 1999). PCR products of exon 8
from SMN1 and SMN2 were readily distinguishable by the presence of the recognition site for
DdeI, which is absent in SMN1 but present in SMN2. For exon 7, a mismatched downstream
oligonucleotide primer, directly adjacent to the variant site that contains the restriction site to
create DraI site in the PCR product of SMN2 exon 7. Amplified products were
electrophoresed on 1% agarose gel for further analysis. PCR-digested products with DraI for
exon 7 and DdeI for exon 8 were electrophoresed on 3% agarose gel. NAIP gene analysis was
APÊNDICE
135
performed by PCR amplification of exons 5, 6 and 13 (which was used as a positive PCR
control) using specific oligonucleotide primers previously described (Roy et al. 1995). PCR
products were visualized by ethidium bromide stained on 2% agarose gels and scored for the
presence or absence of exon 5 and 6 using exon 13 as a positive control.
Genotype-phenotype correlations from SMA patients are summarized in Table 1. Deletions of
exon 7, exon 8 or both in the SMN gene were observed in 54% of the patients with the
following distribution: 3/3 of SMA-I, 6/9 of SMA-II and 8/13 of SMA-III. Among the 14
patients with deletion, 8 had both exons deleted while 4 had deletion only of exon 7: one
SMA-II and three SMA-III. We also found two patients, one SMA-II and one SMA-III, with
only exon 8 deleted. Deletion of both 5 and 6 exons from NAIP gene were found in 3/3 SMA-
I, 1/9 SMA-II and 2/13 SMA-III. No SNM or NAIP gene deletions were found in three SMA-
III patients, 13 parents and 40 controls individuals. By using the genotypes of SMN and NAIP,
three principal haplotypes were identified (Table 1). Haplotype A was seen in 100% of SMA-
I, 33% of SMA-II, and 15% of SMA-III patients. Haplotype B is the most common haplotype
that is observed in 67% of SMA-II patients and 62% of SMA-III. Finally, haplotype C
appears to be the least common among the 3 haplotypes. It is seen in 23% of SMA-III, but it
is not seen among SMA-I and II patients.
Although the role of SMN1and SMN2 genes in the pathogenesis of SMA is still uncertain, the
deletion of SMN1 is the most important clue for diagnosing SMA. Transcripts of the two 20-
kb genes differ only at 2 nucleotides in the terminal exons 7 and 8, but these differences do
not change the sequence of the coded protein. The majority of the SMA patients are
characterized by homozygous deletions of exons 7 and 8 for SMN1 (Kim AC 1999; Liang et
al. 2009; Swaminathan et al. 2008; Watihayati et al. 2007a; Watihayati et al. 2007b). Deletion
of the SMN in the absence of NAIP is sufficient to give the SMA phenotype. Patients with
APÊNDICE
136
additional deletions are more likely to belong to a more severe phenotype. In the present
study, Brazilian SMA patients were analyzed for alterations in the SMN and NAIP genes. Our
results show homozygous deletion of SMN gene exons 7 and 8 in 88% of SMA patients,
which is in agreement with the majority of previous studies (Kim AC 1999; Liang et al. 2009;
Swaminathan et al. 2008; Watihayati et al. 2007a; Watihayati et al. 2007b). The frequency of
homozygous SMN deletion was found in 100% of SMA-I patients, which is similar to some
reports on adult-onset SMA (Kim AC 1999; Liang et al. 2009; Swaminathan et al. 2008;
Watihayati et al. 2007a; Watihayati et al. 2007b). The frequency of homozygous SMN
deletion in SMA-II and SMA-III patients were 67% and 62% respectively. All NAIP-deleted
patients also lacked the SMN gene. We observed a strong correlation between NAIP deletion
and the severity of SMA. The overall frequency of NAIP exons 5 and 6 in our study was 32%.
Deletions of the NAIP gene were seen more frequently in SMA-I patients (100%) compared
with SMA-II (33%) and SMA-III (15%), which is in accordance with previously reported
observations (Kim AC 1999; Liang et al. 2009; Swaminathan et al. 2008; Watihayati et al.
2007a; Watihayati et al. 2007b). Haplotype A that could be formed with SMN and NAIP
deletions was seen in 100% of the SMA-I patients. Interestingly, all SMA-I patients with this
haplotype had a very early onset of symptoms (i.e., at less than 1 month of age). Our results
provide an additional dimension for the phenotype-haplotype correlation in SMA-I.
The PCR-RFLP test used in this study is fast, sensitive, and inexpensive, and forgoes the need
for invasive diagnostic procedure like a muscle biopsy from the patients (mostly children).
Also, it is particularly applicable for prenatal diagnosis and pre-implantation genetic
diagnosis. The limitation of this method is that smaller rearrangements or point mutations of
SMN gene can also result in a large series of SMA patients (Su et al. 2005). Further analyses
revealed that SMN2 copy number has been well established as a modifying factor of clinical
severity. The absence of SMN gene in SMA-I is associated with gene dosage effect, whereas
APÊNDICE
137
no gene dosage effect was detected in SMA-II or SMA-III (Yamashita et al. 2004). These
observations raised the hypothesis of a gene deletion event in SMA-I and a gene conversion
event in SMA-II or SMA-III, which would result in an increased number of SMN2 copies
(Yamashita et al. 2004). Therefore, the copy numbers of SMN1 and SMN2 genes should be
determined by the point mutation and gene dosage analysis. In addition, PCR-based assay for
determining the presence or absence of SMN1 is not quantitative, and therefore, cannot
identify SMA carriers. The genomic complexity of the SMN region and its high degree of
variability hamper the ability to directly screen the SMA carriers. Thus the comprehensive
SMA tests including SMA deletion analysis, linkage analysis, and SMA heterozygosity
detection should be the most complete evaluation of the clinical diagnosis of SMA (Chen et
al. 1999).
APÊNDICE
138
REFERENCES
Brzustowicz LM, Lehner T, Castilla LH, Penchaszadeh GK, Wilhelmsen KC, Daniels R,
Davies KE, Leppert M, Ziter F, Wood D, et al. (1990) Genetic mapping of chronic childhood-
onset spinal muscular atrophy to chromosome 5q11.2-13.3. Nature 344:540-541
Chen KL, Wang YL, Rennert H, Joshi I, Mills JK, Leonard DG, Wilson RB (1999)
Duplications and de novo deletions of the SMNt gene demonstrated by fluorescence-based
carrier testing for spinal muscular atrophy. Am J Med Genet 85:463-469
Darras BT, Kang PB (2007) Clinical trials in spinal muscular atrophy. Curr Opin Pediatr
19:675-679
Fallon L, Harton GL, Sisson ME, Rodriguez E, Field LK, Fugger EF, Geltinger M, Sun Y,
Dorfmann A, Schoener C, Bick D, Schulman J, Levinson G, Black SH (1999)
Preimplantation genetic diagnosis for spinal muscular atrophy type I. Neurology 53:1087-
1090
Kim AC P-BM, Marie SK, Cerqueira A, Contil U, Marques-Dias MJ, Gonzalez CH, Zatz M
(1999) Clinical and molecular analysis of spinal muscular atrophy in brazilian patients.
Genetics and Molecular Biology, pp 487-492
Lefebvre S, Burglen L, Reboullet S, Clermont O, Burlet P, Viollet L, Benichou B, Cruaud C,
Millasseau P, Zeviani M, et al. (1995) Identification and characterization of a spinal muscular
atrophy-determining gene. Cell 80:155-165
Liang YH, Chen XL, Yu ZS, Chen CY, Bi S, Mao LG, Zhou BL, Zhang XN (2009) Deletion
analysis of SMN1 and NAIP genes in Southern Chinese children with spinal muscular
atrophy. J Zhejiang Univ Sci B 10:29-34
Melki J, Abdelhak S, Sheth P, Bachelot MF, Burlet P, Marcadet A, Aicardi J, Barois A,
Carriere JP, Fardeau M, et al. (1990) Gene for chronic proximal spinal muscular atrophies
maps to chromosome 5q. Nature 344:767-768
APÊNDICE
139
Munsat TL, Davies KE (1992) International SMA consortium meeting. (26-28 June 1992,
Bonn, Germany). Neuromuscul Disord 2:423-428
Roy N, Mahadevan MS, McLean M, Shutler G, Yaraghi Z, Farahani R, Baird S, Besner-
Johnston A, Lefebvre C, Kang X, et al. (1995) The gene for neuronal apoptosis inhibitory
protein is partially deleted in individuals with spinal muscular atrophy. Cell 80:167-178
Su YN, Hung CC, Li H, Lee CN, Cheng WF, Tsao PN, Chang MC, Yu CL, Hsieh WS, Lin
WL, Hsu SM (2005) Quantitative analysis of SMN1 and SMN2 genes based on DHPLC: a
highly efficient and reliable carrier-screening test. Hum Mutat 25:460-467
Swaminathan B, Shylashree S, Purushottam M, Taly AB, Nalini A (2008) Deletion analysis
of spinal muscular atrophy in southern Indian population. Neurol India 56:348-351
Watihayati MS, Zabidi-Hussin AM, Tang TH, Matsuo M, Nishio H, Zilfalil BA (2007a)
Deletion analyses of SMN1 and NAIP genes in Malaysian spinal muscular atrophy patients.
Pediatr Int 49:11-14
Watihayati MS, Zabidi AM, Tang TH, Nishio H, Zilfalil BA (2007b) NAIP-deletion analysis
in Malaysian patients with spinal muscular atrophy. Kobe J Med Sci 53:171-175
Yamashita M, Nishio H, Harada Y, Matsuo M, Yamamoto T (2004) Significant increase in
the number of the SMN2 gene copies in an adult-onset Type III spinal muscular atrophy
patient with homozygous deletion of the NAIP gene. Eur Neurol 52:101-106
APÊNDICE
140
Table 1: Genotype-phenotype correlation of 25 Brazilian SMA patients.
Anthropological characteristics SMN and NAIP Haplotypes
Gender Family History EMG* Muscle
biopsy
Haplotype
A
Haplotype
B
Haplotype
C SMA types (n) Age
Male Female Positive Negative Positive
SMA1 (3) 0 – 3 months 2 1 1 2 1 1 3/3 (100%) - -
SMA2 (9) 0 - 18 months 4 5 6 3 3 1 3/9 (33%) 6/9 (67%) -
SMA3 (13) 6 – 84 months 6 8 5 8 3 5 2/13 (15%) 8/13 (62%) 3/13 (23%)
*EMG - electromiography
Haplotype A - deletion in SMN exons 7 and 8, as well as NAIP exons 5 and 6.
Haplotype B - deletion in SMN exons 7 and 8.
Haplotype C - none abnormalities in the examined regions.
APÊNDICE
141
Forwarded message ---------- From: Editor/GMB <editor@gmb.org.br> Date: 2009/11/13 Subject: RE: submissão de manuscrito To: Pedro Hernan Cabello Acero <cabello@ioc.fiocruz.br>
Dear Author,
Within few days we will send you another correspondence to inform the manuscript submission number.
We thank you for submitting to Genetics and Molecular Biology
Cristina de Morais
Assistant
Genetics and Molecular Biology
http://scielo.br/gmb
http://www.gmb.org.br
Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas
Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo