Post on 25-Aug-2018
INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE
CAMPUS AVANÇADO SOMBRIO
MARLON NUNES DO AMARAL
DIVULGAÇÃO E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO GEOLÓGICO DO
GEOSSÍTIO MALACARA – PRAIA GRANDE (SC)
Sombrio (SC)
2016
MARLON NUNES DO AMARAL
DIVULGAÇÃO E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO GEOLÓGICO DO GEOSSÍTIO
MALACARA – PRAIA GRANDE (SC)
Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito para obtenção do título de Tecnólogo em Gestão de Turismo, no Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Turismo, do Instituto Federal Catarinense – Campus Avançado Sombrio. Orientador: Profª Drª. Leila Maria Vasquez Beltrão
Sombrio (SC)
2016
MARLON NUNES DO AMARAL
DIVULGAÇÃO E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO GEOLÓGICO DO GEOSSÍTIO
MALACARA – PRAIA GRANDE (SC)
Esta Produção Técnica-Científica foi julgada adequada para
obtenção do título de Tecnólogo em Gestão de Turismo e
aprovada pelo Curso de Tecnologia em Gestão de Turismo do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
Catarinense – Campus Avançado Sombrio.
Área de Concentração: Turismo
Sombrio, 13 de dezembro de 2016.
Profª. Leila Maria Vasquez Beltrão, Drª
Instituto Federal Catarinense – Campus Avançado
Sombrio
Orientadora
Profª. Cristina Quartieiro Dalpiaz Soares, Esp.
Instituto Federal Catarinense – Campus Avançado
Sombrio
Membro
Prof. Eddy Ervin Eltermann, Me.
Instituto Federal Catarinense – Campus Santa Rosa do Sul
Sombrio
Membro
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE
Declaro, para todos os fins de Direito e que se fizerem necessários que assumo total
responsabilidade pelo material aqui apresentado, isentando o Instituto Federal
Catarinense, à Coordenação do Curso, a Banca Examinadora e o Orientador de
toda e qualquer responsabilidade acerca do aporte ideológico empregado ao
mesmo.
Conforme estabelece Regimento Geral, que trata de improbidade na execução dos
trabalhos escolares estou ciente que poderei responder civil, criminalmente e/ou
administrativamente, caso seja comprovado plágio integral ou parcial do trabalho.
Sombrio, _____ de ______________ de ___.
________________________________
Nome e Assinatura do Acadêmico
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha família, em especial a minha mãe, por estar e sempre me
incentivando e sempre me apoiando na realização dos meus sonhos, ao meu irmão
pelo companheirismo incentivo e amizade.
Em especial gostaria de agradecer a professora Leila Maria Vasquez Beltrão
por todo seu ensinamento passado, sua dedicação durante todo semestre e
principalmente nas orientações onde muito contribuiu na elaboração deste trabalho.
Também ao Professor Eddy Ervin Eltermann por seus ensinamentos e pela sua
amizade a qual sempre esteve presente comigo durante o curso.
As pessoas que tive a honra de conviver durante o período de faculdade,
pessoas as quais estabeleci um grande vínculo de amizade, em especial a meus
amigos: Anselmo Teles Sabino, Deivid de Mattos, Gilberto da Rosa Gonçalves,
Geanderson Ferreira Alves e Igor Christovão da Rocha pessoas proporcionaram
momentos únicos de alegria.
Também a minhas amigas e colegas de trabalho Carolini Ferreira Borges e
Daiani de Lima Bento por compreenderem minhas ausências, e por sempre estarem
apoiando e incentivando durante esta etapa.
Ao guia local Paulo Giovane Selau por seu comprometimento e ajuda durante
a elaboração da proposta, colocando-se à disposição com todo seu conhecimento
sobre a região assim, contribuindo de maneira muito positiva para elaboração da
presente proposta agradeço a todos os professores pelos seus ensinamentos e
experiências passadas, as quais me incentivam a sempre buscar o conhecimento.
Ao Instituto Federal Catarinense – Campus Avançado Sombrio, onde durante
este período de graduação tive o privilégio de conviver com pessoas dedicadas e
motivadas a ensinar visando sempre a excelência na educação.
“O homem não é nada além daquilo que a
educação faz dele”.
Immanuel Kant
RESUMO
O presente trabalho apresenta uma proposta elaborada após a realização do estágio
de conclusão de curso no município de Praia Grande (SC). Assim, após a
compreensão da importância dos atrativos naturais, principalmente os atrativos que
dispõem de relevância geológica e geomorfológica, para o desenvolvimento do
turismo na cidade, buscou-se elaborar um guia de visitação. Sendo este organizado
em um aplicativo móvel, disponível para aparelhos Smartphone. A ação surge
através da pretensão do autor em elaborar um material que contribua para
divulgação de informações relativas à geodiversidade do Geossítio Malacara e
região, ampliando o interesse da sociedade para com o atrativo. Através da
divulgação de informações sobre a origem, constituição e características do
Malacara, o guia de visitação pretende ainda contribuir para a preservação deste
patrimônio geológico, pois parte-se da premissa que o entendimento é primordial
para o desenvolvimento de ações conservacionistas. O material descritivo e
explicativo encontra-se disponível em uma versão digital de fácil acesso ao usuário,
bastando apenas baixar o aplicativo para o celular. Este material poderá auxiliar os
guias que realizam atividades no atrativo, os visitantes e comunidade em geral,
visando contribuir para o desenvolvimento do turismo e preservação do patrimônio
geológico existente no local.
PALAVRAS CHAVE: Geoturismo; Patrimônio Geológico; Geossítio Malacara; Praia
Grande (SC)
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 01 – Prefeitura Municipal ............................................................................... 21
Figura 02 – Sala de Turismo .................................................................................... 21
Figura 03 – Parte do mobiliário ................................................................................. 22
Figura 04 – Centro de informações turísticas ........................................................... 22
Figura. 05- Visão aérea do Parque Nacional ............................................................ 40
Figura 06 – Laurásia e Gondwana no Jurásico Superior - Era Mesozóica – 152
milhões de anos atrás ............................................................................................... 41
Figura 07 – Representação Meridional ..................................................................... 44
Figura 08 – Cânion Malacara visto do leito do rio Malacara ..................................... 45
Figura 09 – Paredes do Cânion Malacara visto dos campos de cima da serra ........ 46
Figura 10 – Diagrama com esquemas do derrame basáltico ................................... 47
Figura 11 – Seixos rolados trilha do Malacara.......................................................... 48
Figura 12 – Rochas arredondadas encontradas no geossítio .................................. 49
Figura 13–Layout do aplicativo ................................................................................. 50
Figura 14 – Primeira aba do aplicativo ..................................................................... 51
Figura 15 – Segunda aba do aplicativo .................................................................... 52
Figura 16 – Terceira aba do aplicativo ..................................................................... 53
Figura 17 – Quinta aba do aplicativo ........................................................................ 54
Figura 18 – Sexta aba do aplicativo ......................................................................... 55
Figura 19 – Sétima aba do aplicativo ....................................................................... 56
Figura 20 – Oitava aba do aplicativo ........................................................................ 57
Figura 21 – Nona aba do aplicativo .......................................................................... 58
Organograma 01 – Organograma da Prefeitura Municipal de Praia Grande /SC .... 23
Organograma 02 – Organograma da Secretaria de Esporte e Turismo .................. 24
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 – Constituição textural dos derrames magmáticos ................................. 47
LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS
Tabela 01 – Número de visitantes PARNA Serra Geral ............................................ 41
Gráfico 01 – Produto Interno Bruto por setores da economia de Praia Grande /SC 20
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AMESC Associação de Municípios do Extremo Sul Catarinense
C&T Ciência e Tecnologia
CPRM Serviço Geológico do Brasil
EA Educação Ambiental
ICMBio Instituto Chico Mendes de Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade
MMA Ministério do Meio Ambiente
OMT Organização Mundial do Turismo
PARNA Parque Nacional
SIGEP Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos
TIC Tecnologia da Informação e Comunicação
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13
1.1 Problemas da pesquisa .................................................................................... 14
1.2 Objetivos ............................................................................................................ 16
1.3 Objetivos Específicos ....................................................................................... 17
2 ESTÁGIO ............................................................................................................... 18
2.1. Dados da empresa ........................................................................................... 18
2.2 Histórico da empresa ........................................................................................ 18
2.3 Estrutura física da empresa ............................................................................. 21
2.4. Setores/ departamentos/ organograma .......................................................... 23
2.5 Setores estagiados na empresa ....................................................................... 24
2.6 Aspectos positivos, aspectos limitantes encontrados durante o período de
estágio ...................................................................................................................... 25
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 27
3.1 Turismo: contextualização e análise ............................................................... 27
3.2 Turismo e Educação Ambiental ....................................................................... 29
3.3 A Geodiversidade e o turismo ............................................................................. 30
3.4 O Turismo e o Patrimônio Geológico .............................................................. 31
3.5 Os recursos tecnológicos como instrumentos de divulgação e preservação
do patrimônio geológico ......................................................................................... 35
4. METODOLOGIA CIENTÍFICA E TÉCNICAS DE PESQUISA .............................. 37
5. PROPOSTA DE AÇÃO ......................................................................................... 40
5.1 A Geodiversidade do Parque Nacional da Serra Geral e do Geossítio
Malacara ................................................................................................................... 40
5.1.1 A origem geológica da região .................................................................... 41
5.1.2 A formação dos cânions ............................................................................ 44
5.1.3 Diferenciação dos derrames ...................................................................... 46
5.1.4 O leito do Malacara e os sedimentos ........................................................ 48
5.2 Descrição do Aplicativo Móvel ......................................................................... 49
5.2.1 Primeira aba do aplicativo: “Sobre a Trilha” .............................................. 50
5.2.2 Segunda aba “Conhecer para preservar” .................................................. 51
5.2.3 Terceira aba do aplicativo: “Como tudo começou” .................................... 52
5.2.4 Quarta aba do aplicativo: “De Pangeia até hoje” ....................................... 53
5.2.5 Quinta aba do aplicativo: “Diferenciando os derrames” ............................. 54
5.2.6 Sexta aba do aplicativo: “O que é um Cânion? ” ....................................... 54
5.2.7 Sétima aba do aplicativo: “Álbum de fotos” ............................................... 56
5.2.8 Oitava aba do aplicativo: “Sobre o Aplicativo” ........................................... 57
5.3 Resultados almejados com o aplicativo .......................................................... 59
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 60
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 62
13
1 INTRODUÇÃO
Com a elaboração do estágio em Praia Grande (SC) pode-se perceber que a
cidade dispõe de diversos elementos ligados à geodiversidade, sendo esses
responsáveis por atrair para a cidade diversos visitantes, para realização de
atividades turísticas. A partir da compreensão deste cenário, observou-se a
possibilidade de elaborar uma proposta de ação que favoreça os envolvidos, sejam
eles turistas, empreendedores do trade e comunidade em geral, na disponibilização
de informações sobre a importância da geodiversidade para região e o seu uso de
maneira sustentável, assim fomentando a educação ambiental.
Logo, o turismo de natureza transforma a própria geodiversidade em atrativo,
pois o turista busca o contato com a paisagem composta pelas formas de relevo,
hidrografia, flora e fauna. Compreender a complexidade envolvida no
desenvolvimento e interação entre esses elementos naturais, promove uma
experiência turística mais significativa, bem como desperta um sentimento de
cumplicidade com a preservação ambiental.
Desta forma há que se considerar que, muitas vezes, os visitantes que vêm à
cidade, acabam interagindo com diversos elementos de grande relevância para
compreensão de toda formação atual da região, como a zona de contato entre a
planície litorânea e a Serra Geral, suas escarpas, cânions, seixos rolados dentre
outras características peculiares da região. Mas, não sabem o porquê determinados
vestígios se fazem presentes em determinado local, e, que todas estas
características além de formarem uma beleza cênica de grande valor paisagístico,
também são evidências de um complexo processo geológico que transcende os
aspectos locais e que está relacionado ao desenvolvimento do próprio planeta.
No intuito de informar a sociedade sobre a importância dos aspectos
geológicos e geomorfológicos pretéritos, formadores dos atuais atrativos, é que
essa proposta de ação se enquadra, considerando que o turismo é, atualmente,
uma das principais alavancas econômicas do município, com indicativos de
crescimento e consolidação. Assim observou-se a necessidade da elaboração de
um guia informativo digital que visa disponibilizar aos visitantes, guias de turismo e
comunidade local, ferramentas que auxiliem na contemplação de um de seus
14
atrativos, possibilitando maior interação e conscientização sobre a necessidade de
preservação da geodiversidade, de maneira sustentável.
Considerando que o avanço das tecnologias impacta diretamente a relação
entre o homem e o meio onde vive, buscou-se uma compreensão da utilização de
recursos tecnológicos como aliados da preservação e divulgação de atrativos.
Assim considerou-se o envolvimento entre os aplicativos e o uso dos mesmos como
ferramentas de auxílio na resolução de problemas e desenvolvimentos de
atividades.
O trabalho irá abordar os aspectos relativos à elaboração e descrição das
etapas da criação de um aplicativo móvel, que servirá como um guia informativo de
visitação do Geossítio Malacara. A proposta visa fomentar, de modo geral, um
sentimento de pertencimento para assim, buscar uma preservação deste patrimônio
para as gerações futuras.
1.1 Problemas da pesquisa
O município de Praia Grande apresenta uma gama de belezas naturais que
compõem uma paisagem diferenciada. Seu território, que dispõe de cachoeiras, rios
e cânions, possui grande valor estético não só para o autóctone, como também para
visitantes, sendo um dos indutores regionais para o fomento do turismo internacional
e nacional.
Dada à importância paisagística e ambiental, a região, conta com duas
unidades de proteção integral gerenciadas pelo Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio), no âmbito do Ministério do Meio Ambiente
(MMA): o Parque Nacional1 (PARNA) de Aparados da Serra e o PARNA da Serra
Geral, constituindo uma rede de proteção ambiental e de reconhecimento
governamental da importância geológica, geomorfológica, hidrológica e botânica dos
limites entre o nordeste do Estado do Rio Grande do Sul e do extremo sul de Santa
Catarina. O município de Praia Grande se destaca, neste contexto, por estar incluído
1 Os parques nacionais são áreas de proteção integral destinada à preservação dos ecossistemas
naturais e sítios de beleza cênica. O parque é a categoria que possibilita uma maior interação entre o visitante e a natureza, pois permite o desenvolvimento de atividades recreativas, educativas e de interpretação ambiental, além de permitir a realização de pesquisas científicas (BRASIL, 2016). O PARNA de Aparados da Serra criado em 1959 e o PARNA da Serra Geral, criado em 1992, formam uma extensa área de preservação com mais de 27 mil hectares (WILDNER; ORLANDI FILHO; GIFFONI, 2009)
15
no perímetro de ambos os parques e por estar desenvolvendo, nas últimas décadas,
receptivos de fomento à atividade turística. Assim:
O turismo nos cânions teve um impulso nas duas últimas décadas, e atualmente conta com uma rede de hospedagem diversificada. Na região dos Campos de Cima da Serra (RS), o foco é em hospedaria familiar rural; já na região litorânea se destacam as pousadas, em especial as localizadas no município de Praia Grande (SC). (GODOY; BINOTTO; WILDNER, 2011, p.02).
Durante a pesquisa pode-se compreender que o território do município de
Praia Grande e de toda região tem aspectos de grande valor geológico. E que
mesmo já desenvolvendo atividades turísticas em grande parte dessas áreas, tais
locais possuem um grande potencial para desenvolvimento de atividades relativas a
geoturismo.2 Porém ainda é necessário desenvolver uma conscientização sobre a
real importância desses locais por parte da comunidade, guias e visitantes.
Praia Grande dispõe atrativos reconhecidos, por apresentarem “elevado
interesse geológico, pelo seu valor singular do ponto de vista científico, pedagógico,
econômico, cultural, estético, são classificados como geossítios” (CEARÁ, sd. p.31).
Esses locais são de grande importância não só para a comunidade local, mas para
toda a humanidade, visto constituírem-se em exemplares de processos essenciais
na evolução do planeta, O incentivo à geoeducação apresenta-se como alternativa
capaz de minimizar possíveis impactos ambientais e permitir o desenvolvimento de
atividades turísticas sem prescindir da necessária e essencial preservação.
Para Brilha (2005, p. 126) “a sociedade não é ainda suficientemente sensível
às questões relativas ao Patrimônio Geológico”. Esse comportamento precisa ser
revisto pela sociedade e alternativas que sirvam de instrumento educativo e que
contribuam com o acesso à informação, são imprescindíveis em uma área que
deseja desenvolver uma atividade turística que vise a sustentabilidade.
O trabalho poderá contribuir, para o fortalecimento da identidade de um
atrativo, buscando valorizar e divulgar suas características naturais sejam elas de
relevância geológica, geomorfológica, botânica e/ou hidrológica. Para tal, propõe-se
2 De forma geral, o geoturismo é aceito como uma atividade que evidencia a geodiversidade de uma
região, como um segmento potencial de interesse turístico (CEARÁ, sd). A seguir no capitulo 3 o tema será abordado com maior amplitude.
16
a elaboração de um material, acessível e didático que favoreça o interesse da
população local e visitante pela preservação da geodiversidade.
Entende-se como geodiversidade:
A natureza abiótica (meio físico) constituída por uma variedade de ambientes, fenômenos e processos geológicos que dão origem às paisagens, rochas, minerais, águas, solos, fósseis e outros depósitos superficiais que propiciam o desenvolvimento da vida na Terra, tendo como valores intrínsecos a cultura, o estético, o econômico, o científico, o educativo e o turístico. (BRASIL, 1999).
A Educação Ambiental, entendida como a comunicação realizada para a
melhor compreensão do ambiente natural (MOREIRA, 2008) como uma ferramenta
de valorização do patrimônio, ao propiciar que as pessoas passem a entender a
importância daquele local. A partir de tal compreensão, fomenta-se o interesse pela
preservação. O ICMBio definiu através da Política Nacional de Educação Ambiental
(instituída pela Lei nº 9.795 /1999), os princípios básicos para educação ambiental.
São eles a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a
interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque
da sustentabilidade E o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade
individual e cultural.
Reconhecendo a importância da educação ambiental, como instrumento de
valorização e preservação do patrimônio, a presente pesquisa visa fortalecer o
comprometimento dos citadinos e visitantes com os geomonumentos aumentando o
sentimento de pertencimento para com o local, minimizando possíveis impactos que
possam ser prejudiciais e possibilitando à comunidade uma maior compreensão
sobre o patrimônio e a importância de sua preservação.
Consoante com a ideia de preservação e valorização do patrimônio geológico
surge uma reflexão: De que forma elaborar uma ferramenta que possa contribuir no
fomento da educação ambiental, com o intuito de evidenciar a importância de um
Geossítio da região?
1.2 Objetivos
17
O presente trabalho tem como intuito elaborar um material explicativo sobre o
processo de formação e de constituição geológica e geomorfológica da região, tendo
como base as marcas visíveis em um dos geossítios do município de Praia Grande
(SC): o Cânion Malacara. Desta forma elaborar, em linguagem acessível ao público
leigo, um material que aponte o porquê aquela área apresenta relevância geológica
e geomorfológica, enfatizando as marcas que testemunham os processos pretéritos
que esculpiram a forma atual do geossítio. O foco é contribuir para a disseminação
de informações e sensibilizar os envolvidos com a área sejam eles: moradores,
visitantes, guias e o trade turístico de modo geral a entenderem o sentido,
valorizarem e preservarem o local. Esse material poderá se constituir em um modelo
a ser seguido e aplicado nos demais geossítios do município e região.
1.3 Objetivos Específicos
Compreender a geodiversidade da região e sua importância para o
desenvolvimento do turismo;
Analisar a importância da Geoconservação e da Educação Ambiental para o
desenvolvimento de uma atividade turística sustentável:
Realizar uma análise do Geossítio Cânion Malacara, descrevendo suas
características:
18
2 ESTÁGIO
Neste capítulo serão apresentadas as atividades desenvolvidas no período de
estágio, como aspectos positivos, conhecimentos adquiridos, e limitantes
observados durante esta etapa. Também serão apresentadas informações sobre a
empresa onde foi realizado o estágio.
O estágio é uma etapa relevante para o acadêmico, um momento onde pode-
se vivenciar, na prática, as demandas do mundo do trabalho e compreender, de
forma concreta e dinâmica as especificidades da profissão. De acordo com a Lei Nº
11.788, de 25 de setembro de 2008 é “um ato educativo escolar supervisionado,
desenvolvido no ambiente de trabalho produtivo” (BRASIL, 2008).
2.1. Dados da empresa
Nome: Prefeitura Municipal de Praia Grande
Endereço: Rua Irineu Bornhausen, nº320, Centro de Praia Grande/ SC
CNPJ: 82.913.211/0001
Telefone: (48) 3532-0132
Supervisora de estágio: Joice Aguiar
Área de atuação: Secretaria de Esporte e Turismo
Duração: 300 horas
2.2 Histórico da empresa
A região onde a cidade situa-se teve como primeiros habitantes, comunidades
indígenas de Carijós e Xoklengs. Esses povos habitavam todo o sul do Brasil e
sempre conviveram numa relação harmônica com o ambiente. Porém por volta do
século XIX e XX, quando se inicia o processo mais intenso de ocupação da encosta
litorânea, o governo provincial de Santa Catarina decidiu agir para combater esses
grupos, organizando “Companhias de Pedestres” ou “batedores do mato” (SANTOS,
2003), designados para realizar incursões nas florestas com o intuito de proceder a
desocupação do território.
19
Em meados de 1890 fixaram-se italianos, germânicos e poloneses, dentre
outras etnias também provenientes da Europa (BRASIL, 2001), em toda a encosta
litorânea catarinense. Em Praia Grande a população indígena então, aos poucos foi
afastada dos locais mais populosos, fixando residência em comunidades de difícil
acesso nas encostas da Serra Geral, como Pedra Branca, Mãe dos Homens, Alto da
Esperança e Fundo do Rio do Boi (RONSANI, 1999).
Também se destaca no início da criação da identidade do município o
troperismo como fator relevante, não apenas para Praia Grande, mas também a
região de um modo geral. Durante a passagem dos tropeiros eram comercializados
diversos produtos como farinha de milho, farinha de mandioca, cachaça, rapaduras,
açúcar mascavo e fumo em corda (RONSANI, 1999 p.61).
Às margens do rio Mampituba foram estabelecidas as primeiras residências
por volta de 1890, assentadas às margens do curso inferior do rio, em um grande
despraiado de seixos rolados, o que gerou a toponímia do local.
A Prefeitura Municipal de Praia Grande deu início a suas atividades em 19 de
julho de 1958, logo após o antigo distrito ter sido elevado à categoria de município,
através do decreto de lei nº 348 no dia 21 de junho de 1958, desmembrando-se do
município de Turvo- SC (BRASIL, 2001). Atualmente a Prefeitura Municipal
responde pela administração do distrito sede (Praia Grande) e do distrito de
Cachoeira de Fátima (BRASIL, 2001).
Praia Grande, desde então, organizado em pequenas propriedades,
desenvolveu como principal atividade econômica a agricultura tendo como destaque
o cultivo de: arroz, milho, trigo, fumo e banana. Posteriormente, teve início a
indústria, hoje representada pela transformação de fibras de vidro e esquadrias de
madeira O comércio da cidade abastece cidades vizinhas como Cambará do Sul,
Mampituba e São João do Sul (PRAIA GRANDE SC, 2014). Possui ainda diversas
empresas que atuam na prestação de serviços como hotéis, pousadas, restaurantes,
operadoras de turismo receptivo dentre outras. Tais empresas são de grande
importância. pois representam parte crescente da economia municipal. O gráfico 01
ilustra a distribuição do Produto Interno Bruto por setores, destacando-se a
20
participação dos serviços3 que, em 2013, alcançou a cifra de R$ 48.289.000,00
(BRASIL,2016).
Gráfico 01 - Produto Interno Bruto por Setores da Economia Praia Grande/SC (em mil reais) – 2013.
Fonte: IBGE, 2016.
O município de Praia Grande pertence a Associação dos Municípios do
Extremo Sul Catarinense- AMESC, entidade criada para fortalecer a estrutura
técnica e administrativa dos municípios filiados, que antes atuava meramente no
caráter reivindicatório. Hoje, exerce atividades no setor de prestação de serviços e
atua no planejamento regional (AMESC, 2016). Com a presença dos Parques
Nacionais de Aparados da Serra e e da Serra Geral e seus atrativos naturais, o
número de visitantes que desejam conhecer as paisagens características dos
cânions aumenta a cada ano.
Atualmente Praia Grande possui 58 anos de emancipação política, sendo um
indutor do turismo na região, por situar-se em uma área que dispõe de diversos
aspectos naturais, que fazem desse município um atrativo em potencial de grande
relevância.
3 Segundo a metodologia aplicada pelo IBGE (2016), o setor de serviços inclui as atividades
tradicionalmente consideradas comerciais, de serviços, de administração pública e geração de impostos. Assim, o turismo como atividade comercial e de prestação de serviços inclui-se nesse setor.
21
2.3 Estrutura física da empresa
A Prefeitura Municipal de Praia Grande (Figura 01) situa-se na rua Irineu
Bornhausen, nº 320, Centro. Atualmente dois blocos compõem a Prefeitura, um
destinado ao gabinete do prefeito, Secretaria de Administração e Finanças, e
Secretaria de Educação, e um segundo bloco, o qual conta com a Secretaria de
Esporte e Turismo, as salas de Tributação e Exatoria e o Conselho Tutelar.
Figura 01 - Prefeitura Municipal de Praia Grande.
Fonte: O Autor, 2016.
A Secretaria Municipal de Esporte e Turismo é dividida em duas áreas, uma
dedicada ao diretor de esporte, onde são elaborados os projetos no âmbito do
esporte municipal, reuniões e também o atendimento ao público em geral. Na outra
parte da sala, destinada à direção de turismo, onde parte do estágio foi
desenvolvido, são realizadas reuniões, projetos, planejamento de eventos,
atendimento de representantes do trade local, gestores de cidades vizinhas e púbico
em geral.
Esse local é administrado pela diretora de turismo, que atua no atendimento e
também no planejamento das atividades relativas ao turismo na cidade. O local
dispõe de equipamentos de comunicação, impressão, computador de mesa,
conforme ilustrado na Figura 02.
22
Figura 02 - Sala de Turismo.
Fonte: O Autor, 2016.
Também há um espaço onde as pessoas aguardam atendimento, com dois sofás,
uma mesa onde ficam revistas. (Figura 03)
Figura 03 - Parte do Mobiliário.
Fonte: O Autor, 2016.
A outra parte do estágio foi realizada junto ao Centro de Informações
Turísticas (Figura 04). Localizado às margens da rodovia SC 290, o local foi criado
pela Prefeitura Municipal com o intuito de ser um ponto de orientação e informações
turísticas para os visitantes que chegam na cidade.
Figura 04 - Centro de Informações Turísticas.
Fonte: O autor, 2016.
23
O local dispõe de uma estrutura com área de recepção, espaço para reuniões
e palestras, espaço para acomodação dos visitantes, sanitários e internet Wi-Fi. No
local o atendimento é realizado por três colaboradores, sendo um profissional
bilíngue que trabalha de segunda a sexta também com a atribuição de administrar o
centro de informações, e dois outros estagiários que atuam aos finais de semana,
feriados e dias de semana. No local encontram-se disponíveis diversos materiais de
divulgação dos atrativos e dos serviços turísticos oferecidos pelo município, bem
como os materiais de divulgação disponibilizados pelos empresários da cidade e
região.
2.4. Setores/ departamentos/ organograma
A administração pública no município de Praia Grande é organizada em torno
de secretarias e órgãos de apoio, como pode ser observado no Organograma 01. O
Prefeito, em conjunto com a Chefia de Gabinete, o Procurador Jurídico e os
Secretários compõem o alto escalão administrativo do município.
Secretaria de Esporte e Turismo: essa atua no fomento ao turismo junto ao
trade local e em conjunto com os demais municípios do entorno. Atua em ações de
divulgação e de incentivo à atividade turística, bem como atua na promoção dos
esportes, sobretudo através da realização de campeonatos no âmbito municipal.
Organograma 01 - Organograma da Prefeitura Municipa de Praia Grande
Fonte: O Autor, 2016.
Prefeito
Administração e Finanças
Setor de Engenharia e Planejamento
Cultura Assistência
Social e CRAS Educação Saúde
Desenvolvimento Urbano
Esporte e Turismo
Procudaria e Assessoria
Jurídica
Chefia de Gabinete
Sistema Nacional de Emprego - SINE
Junta de Serviço Militar - Ministério
do Trabalho
24
Organograma 02 - Organograma Secretaria de Esporte e Turismo
Fonte: O Autor, 2016.
O estágio foi realizado no âmbito da Secretaria de Esporte e Turismo, sendo
essa composta por: Secretário de esporte e turismo, diretor de esporte e diretora de
turismo. As atividades foram desenvolvidas tanto na sala da Secretaria de esporte e
turismo, em anexo à Prefeitura Municipal, sob a supervisão direta da diretora de
Turismo, bem como no Centro de Informações Turísticas, situado na entrada da
cidade, às margens da rodovia SC 290, onde trabalham três colaboradores, que
alternam entre si os horários conforme o período de funcionamento diário do
empreendimento que fica aberto todos os dias das 8 horas até as 18 horas.
2.5 Setores estagiados na empresa
O estágio teve início no dia 11 de agosto de 2016 e término no dia 28 de
outubro de 2016, concluindo assim 300 horas de atividades. Nesse período pode-se
ter um contato com as atividades cotidianas da Secretaria de Esporte e |Turismo, e
também do Portal de Informações Turísticas da cidade, que de certa forma foram de
grande importância para o processo de aprendizagem e para a compreensão do
funcionamento de uma secretaria e suas atribuições. No período foram realizadas
as seguintes atividades:
Secretaria de Esporte e Turismo
SECRETÁRIO
Departamento de Esporte
DIRETOR
Departamento de Turismo
DIRETORA
Centro de Informações
Turísticas 01 Profissional Bilingue,
02 Estagiários
25
Atualização de informações sobre empreendimentos turísticos via telefone
ou por meio de visitas.
Acompanhamento e auxílio nas atividades do centro de informações
turísticas da cidade.
Visita a propriedades, no dia 20 de agosto de 2016, junto ao fotógrafo,
contratado para fotografar propriedade rural atrativos do município, e a
diretora de turismo da cidade, que estiveram durante o dia coletando fotos
dos atrativos turísticos do interior do município com o intuito de
posteriormente criar um novo roteiro.
Tabulação de dados coletados por uma pesquisa realizada nos meses de
abril e maio de 2016, criando gráficos a partir das informações já coletadas e
ligando para empreendimentos que ainda não estavam na pesquisa,
aplicando questionário de perguntas com os responsáveis dos
empreendimentos para posteriormente também acrescentá-los junto aos
empreendimentos já pesquisados.
Durante o período foram também efetuadas outras atividades, como
atendimento ao público, organização de materiais dentre outros.
2.6 Aspectos positivos, aspectos limitantes encontrados durante o período de
estágio
Nesse período de realização de estágio pode-se observar a maneira em que
são desenvolvidas as atividades no âmbito de um órgão público municipal,
conseguindo assim ter o conhecimento de como o setor atua e suas atribuições para
a comunidade, trade e região de modo geral.
Como um dos aspectos positivos pode-se considerar a recepção dos
colaboradores. Houve notável empenho e postura pró ativa, apresentando
informações, colocando-se sempre à disposição com dados relativos à cidade,
sempre que possível proporcionando saídas a campo com intuito de apresentar as
ações da atual administração no que se refere ao turismo municipal.
Outro aspecto positivo foi a compreensão de como ocorre a atuação do setor
público no que diz respeito ao turismo, a partir da vivência propiciada pelo município
de Praia Grande no âmbito do setor. Também se observou a maneira como os
26
profissionais da Secretaria de Esporte e Turismo atuavam e de que forma agiam ao
representar a gestão pública municipal no segmento turístico, bem como os esforços
realizados para o funcionamento do turismo na cidade.
Durante o período de estágio e elaboração do trabalho de conclusão de curso
pode-se considerar um aspecto positivo também todo o aprendizado passado
durante as orientações e adquirido por meio de pesquisas e publicações que
norteiam a temática desta proposta.
Em contrapartida, durante o período de estágio pode-se observar alguns
aspectos limitantes. O que mais destacou-se durante a etapa, foi a dificuldade de
integração e comunicação entre a gestão pública e o setor privado na definição de
estratégias para o segmento do turismo. Tal diálogo não flui de maneira muito eficaz
pois, por vezes, há desencontros entre os interesses dos empreendedores privados
e o poder público na divulgação dos atrativos, na definição de ações e políticas,
entre outros.
Outro aspecto digno de nota é que a distância física entre o Centro de
Informações Turísticas e a secretaria de turismo também é um aspecto limitante,
não para realização do estágio propriamente dito, mas, para a articulação das ações
da pasta. Observou-se que a distância entre o centro gerencial (Secretaria) e o
portal (onde as demandas ocorrem na prática) representa um fator que limita a
agilidade e o fluxo de informações.
Assim, considera-se que estágio obrigatório foi uma etapa importante, onde
se pode ter uma compreensão de como o turismo é administrado pela gestão
pública, em um pequeno município que, não obstante seu potencial turístico
encontra aspectos limitantes para o pleno desenvolvimento do setor. Pode-se
observar que nem sempre as expectativas e estratégias conseguem ser cumpridas
na prática e que o diálogo entre o poder público, o trade turístico e a comunidade
local apresenta desafios para um pleno desenvolvimento. Pode-se observar ainda
que, apesar das dificuldades, percebe-se a dedicação dos profissionais da pasta
para vencer os obstáculos e desafios do cotidiano.
27
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A fundamentação teórica consiste na contextualização e revisão literária
pertinente com o tema do trabalho. Essa fundamentação busca embasar e dar
consistência teórica a presente proposta, apresentando o debate que envolve o
turismo, o patrimônio geológico e a educação ambiental.
3.1 Turismo: contextualização e análise
O turismo é reconhecido no meio acadêmico e institucional como uma ciência
social aplicada (BRASIL, 2012). Sua definição é motivo de uma série de debates e
discussões entre pesquisadores que, por vezes, o definem como um fenômeno.
Neto (2011, p. 25) relata que o turismo necessita de uma análise minuciosa,
fugindo assim de uma visão reducionista e buscando a definição de turismo como
algo complexo e abrangente. Porém para o autor, em diversas produções
acadêmicas o turismo é fragmentado e debatido em partes sendo abordado não
como um fenômeno em sua totalidade. Cisne (2011, p. 361) retrata que “a redução
do complexo para o simples se dá quando o turismo é ignorado enquanto fenômeno
para ser analisado apenas com viés econômico, atribuindo-lhe um valor de
produto/mercado.
O turismo é visto por Goulart; Santos (1998) como um fenômeno complexo,
abrangente e que envolve não apenas aspectos econômicos, mas contribui
diretamente nos aspectos sociais e nos valores culturais da sociedade.
Através do turismo é possível reviver o que é separado pelas barreiras culturais, impostas pelo etnocentrismo, e que gera o preconceito entre os membros das diversas sociedades, autores das múltiplas formas de sistemas socioculturais. A constatação e o respeito pela diversidade humana expressa nos valores éticos e morais das sociedades, conduzem a um processo de autores conhecimento do homem. A outra cultura funciona como um espelho na reflexão e compreensão dos próprios valores culturais (idem, 1998 p.22).
28
Segundo a Organização Mundial do Turismo OMT4 apud Dias (2011, p.18) o
‘‘turismo é descrito como as atividades que realizam as pessoas durante suas
viagens e estadias em lugares distintos do seu entorno habitual, por período de
tempo consecutivo inferior a um ano’’. O turismo acontece através do constante
movimento de pessoas que ao se deslocarem de seu lugar habitual acabam por
interagir com diversos aspectos que, para Beni (2008) compõem um sistema. Este
autor o define como um sistema aberto, sendo composto por três conjuntos inter-
relacionados. São eles:
Conjunto das relações ambientais: engloba aspectos culturais,
ecológicos, econômicos e sociais.
Conjunto da organização estrutural: comportando os subsistemas de
infraestrutura e superestrutura.
Conjunto das ações Operacionais: inclui oferta, demanda, distribuição e
consumo, ou seja, os componentes do mercado.
Esses elementos para o autor são interdependentes e atuam de maneira
interligada. Assim, o turismo acontece nas constantes trocas decorrentes desse
sistema, compondo um fenômeno inter e transdisciplinar. Tal definição aborda o
turismo como um fenômeno complexo.
O turismo acaba por relacionar-se direta e indiretamente nos aspectos
econômicos, sociais, culturais e ecológicos de uma determinada região. Ao
relacionar-se, o turismo de certa forma impacta de maneira positiva ou negativa.
Esse contato é caracterizado por Beni (2008, p. 55) como um ‘‘confronto de forças,
as humanas contra as físicas e ambientais’’.
Tal perspectiva é fundamental para essa proposta de ação, visto que se trata
exatamente de buscar fomentar o turismo visando o desenvolvimento d comunidade
e a preservação, incentivando a integração entre as forças ambientais através de
ações que busquem a educação ambiental.
4
Adesão da OMT inclui 157 países, 6 membros associados e 500 membros afiliados que representam o setor privado, instituições educacionais, associações de turismo e autoridades de turismo locais. Como a principal organização internacional no domínio do turismo, a OMT promove o turismo como motor do crescimento económico, o desenvolvimento inclusivo e sustentabilidade ambiental e oferece liderança e apoio ao setor no avanço políticas do conhecimento e do turismo a nível mundial (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO TURISMO,2016).
29
3.2 Turismo e Educação Ambiental
Consoante com a ideia de que a ação humana sobre o meio ambiente acaba
alterando os aspectos sociais, econômicos, culturais e ecológicos, “é preciso que o
turismo e o meio ambiente encontrem um ponto de equilíbrio, a fim de que a
atratividade dos recursos naturais não seja a causa de sua degradação”
(RUSCHMANN, 2012). Assim o foco da presente proposta deve se concentrar em
preservar e valorizar a geodiversidade local e também fazer com que os envolvidos
passem a ter uma maior compreensão de sua importância. A Educação Ambiental
(EA) reveste-se de grande importância nesse processo, sendo entendida como:
Os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL, 1999)
Assim, a EA surge como uma alternativa para tentar minimizar possíveis
impactos que possam comprometer o atrativo turístico. Cabe aqui abordar a
relevância da elaboração de trabalhos que possam contribuir e ao mesmo tempo
servir como uma ferramenta que atue no fomento da valorização desses atrativos.
Neste contexto Kundlatsch & Moreira (2016) descrevem que uma das formas
de as pessoas adquirirem consciência se dá por meio da educação ambiental. O
grande desafio é estimular mudanças de atitudes e comportamentos nas
populações, uma vez que as capacidades intelectuais, morais e culturais do homem
nos impõem responsabilidades para com os outros seres vivos e para com a
natureza como um todo.
O uso da Educação Ambiental ainda, precisa ser compreendido como um
processo de aprendizagem permanente, e que a preservação para as mudanças
necessárias depende da compreensão coletiva da natureza e das crises que
ameaçam o futuro do planeta (MOREIRA, 2008). Para preservar o patrimônio natural
é evidente a necessidade de ações que possam contribuir para a preservação, pois
como aponta Brilha (2005, p. 11).
É cada vez mais urgente conscientizar o cidadão do lugar que ocupa na bio e na geodiversidade e do modo como melhor se articular com
30
elas, no respeito pelo equilíbrio ambiental, pela melhoria da qualidade de vida e pela preservação do patrimônio a legar aos vindouros.
Compreendendo a necessidade da preservação da biodiversidade e da
geodiversidade, passa-se para a reflexão sobre quais ações podem servir como
instrumento para uma maior conscientização das pessoas em prol de uma visão
holística. É fundamental desenvolver práticas que explorem a complexidade e
interação entre os elementos naturais e humanos, resultando em ações de
preservação dos recursos ambientais. Assim Moreira (2008, p. 79) ressalta que “é
importante que a Terra seja entendida e interpretada como um todo, tanto pelos
seus aspectos de biodiversidade, quanto de geodiversidade”
3.3 A Geodiversidade e o turismo
O meio ambiente inevitavelmente é alterado constantemente pelo homem. O
turismo, como já ressaltou Beni (2008) é um dos fenômenos que impactam a
relação do homem com a natureza. Logo, a geodiversidade é diretamente afetada
pela ação humana sobre os recursos ambientais.
Geodiversidade é compreendida por Araújo (2005, apud Moreira, 2008, p. 56)
como “o conjunto de elementos geológicos e geomorfológicos da paisagem”. Tal
conceito, apesar de aparentemente simples, é dotado de ampla complexidade, pois
engloba “uma multiplicidade de fatores e da relação entre eles” (BRILHA, 2005 p.
25). Para uma compreensão mais ampla, o Serviço Geológico do Brasil define
geodiversidade como:
[...] o estudo da natureza abiótica (meio físico) constituída por uma variedade de ambientes composição, fenômenos e os processos geológicos que dão origem às paisagens, rochas, minerais, águas, fósseis, solos, clima e outros depósitos superficiais que propiciam o desenvolvimento da vida na Terra, tendo como valores intrínsecos a cultura, o estético, o econômico, o científico, o educativo e o turístico. (BRASIL, 2016)
A geodiversidade é algo bastante abrangente, envolvendo diversos
elementos, alguns utilizados como matéria-prima. São exemplos as rochas usadas
para construção civil e os recursos extraídos do solo usados como combustível para
31
geração de energia. A geodiversidade também possui grande valor paisagístico
(BRILHA, 2005).
O turismo utiliza espaços naturais que possuem relevância geológica
sobretudo nas práticas de turismo de natureza ou ecoturismo (CRUZ, 2005). Essas
práticas de turismo passaram a se popularizar a partir dos anos de 1990, quando o
ecoturismo surge como uma atividade não predatória, potencialmente capaz de ser
uma alternativa para geração de renda para comunidades (PIRES, 2008).
Juntamente com o turismo em áreas naturais, um novo segmento turístico
“denominado de geoturismo passou a ser divulgado mundialmente, tendo como seus
atrativos os aspectos abióticos da paisagem, muitas vezes negligenciados pelo
ecoturismo e pelos programas de conservação da natureza” (BENTO; RODRIGUES,
2010, p. 55). O geoturismo sendo planejado visando a sustentabilidade contribui
uma compreensão mais ampla que diretamente contribui para uma melhor interação
entre o homem e o ambiente em que vive.
O geoturismo propõe ao visitante um aprofundamento sobre as origens do ambiente em que vive, sendo a informação geológica um dos fundamentos para o conhecimento ambiental. É essencial por inserir as pessoas em uma das principais discussões atuais: a relação do homem com o planeta em que vive (BRASIL, 2016).
Para Moreira (2008) o geoturismo está relacionado com a necessidade de
entendimento das áreas visitadas por parte dos turistas e com a possibilidade de
divulgação e valorização de aspectos representativos da história geológica da Terra,
bem como sua evolução geomorfológica. Acedendo com a ideia do autor, e
considerando a importância geológica e geomorfológica do território praiagrandense,
a proposta de ação busca integrar a preservação do patrimônio com a execução da
atividade turística.
3.4 O Turismo e o Patrimônio Geológico
O patrimônio geológico é constituído de elementos notáveis da
geodiversidade. Consequentemente, esta diversidade de elementos também nos
permite vislumbrar os distintos tipos de patrimônio, de acordo com o tipo de
elemento que é destacado, como por exemplo, patrimônio mineralógico, patrimônio
petrológico, patrimônio paleontológico, patrimônio geomorfológico, patrimônio
32
estratigráfico, patrimônio tectônico, entre outros (LIMA; VARGAS; BRILHA, 2014 p.
25).
Rochas, minerais e fósseis são os arquivos da história do planeta e também
da história da própria vida. Eles são a evidência da passagem do tempo geológico,
revelando as mudanças que deram forma à superfície da Terra durante bilhões de
anos (BRASIL, 2012). Esses locais são de grande relevância para humanidade, pois
é através deles é que o homem passa a ter uma compreensão da origem e
formação de seu planeta. A Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e
Paleobiológicos5 SIGEP ressalta que:
Certas ocorrências geológicas são muito especiais e importantes porque registram a origem e evolução da Terra naqueles locais e que podem ser correlacionados com locais de outros países ou porque apresentam aspectos estéticos excepcionais como belas paisagens por exemplo. São os Sítios Geológicos que merecem/devem ser preservados (BRASIL, 1999, n.p.).
Já para (LIMA; VARGAS; BRILHA, 2014) o Patrimônio geológico é parte
integrante do patrimônio natural e engloba os lugares e elementos especiais que têm
um papel fundamental na compreensão da história da Terra, em suas rochas,
minerais, fósseis, paisagens dentre outros. O Serviço Geológico do Brasil ressalva
que “os geossítios, que incluem a ocorrência de um ou mais elementos da
geodiversidade, são vulneráveis e representam patrimônio não renovável que
pertence à humanidade” (BRASIL, 2012).
Esses locais precisam ser preservados para que as gerações futuras possam
também, através deles, ter a oportunidade de entender a importância da
preservação das feições e dos elementos que contribuem para uma compreensão
da Terra.
Os sítios geológicos ou geossítios são locais-chaves para o entendimento da história da dinâmica da Terra e da história da vida, desde a sua formação, e por isso devem ser preservados, não só
5 Em março de 1997, o Departamento Nacional de Produção Mineral DNPM promoveu a reunião de
diversas instituições em sua sede, em Brasília, para a efetivação de uma participação brasileira mais ampla, dentro dos objetivos propostos por aquele Grupo de Trabalho. Assim foi instituída a Comissão Brasileira dos Sítios Geológicos e Paleobiológicos - SIGEP, hoje representada pelas seguintes instituições: Academia Brasileira de Ciências-ABC, Associação Brasileira para Estudos do Quaternário-ABEQUA, Departamento Nacional de Produção Mineral-DNPM, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-IBAMA, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN, Petróleo Brasileiro SA - Petrobras, Serviço Geológico do Brasil-CPRM, Sociedade Brasileira de Espeleologia-SBE, Sociedade Brasileira de Geologia-SBG, Sociedade Brasileira de Paleontologia-SBP (BRASIL, 2016).
33
para o presente (pesquisas, ensino e divulgação popular das geociências, apreciação, turismo), como para futuras gerações (geoconservação) (BRASIL, 2012 p. 03).
Nos últimos anos o homem passou a ter uma visão mais focada para a
preservação, passando assim a ter um interesse maior pelo contato junto à
natureza. DIAS (2003) ressalta que no início do século XXI o turismo de natureza
obteve um dos maiores índices de crescimento.
Assim, diversos locais que possuem grande relevância geológica começaram
a receber visitantes com mais assiduidade. Nessa perspectiva, houve como
resultante uma interação maior com a geodiversidade. “Os atrativos turísticos
naturais que possuem atratividade por seus valores geológicos e geomorfológicos
passaram a ser mais evidenciados, o que resultou numa interação com a
geodiversidade” (SILVA; PERINOTTO, 2007 apud BENTO; RODRIGUES, 2010
p.56).
Moreira (2011) descreve que a geologia passou a ser mais evidenciada,
embora anteriormente já desempenhasse um papel importante no reconhecimento
do passado geológico. Nesta nova fase, passou também a enfatizar a preservação
dos patrimônios geológicos. A mesma autora ressalta que:
Neste cenário de preocupação com a qualidade ambiental, a geologia ganhou novas áreas de atuação, entre as quais uma delas se refere ao reconhecimento de que o passado geológico impresso nos registros fósseis, nos minerais, nas rochas e no relevo constitui, além de um recurso econômico, um patrimônio que deve ser conservado. (idem, p. 82)
Com o aumento da procura pelo contato junto à natureza, o Geoturismo surge
como uma forma de turismo sustentável com “[...] o foco primário nas feições
geológicas da Terra, numa visão cultural, de conservação e busca de benefícios
para as populações locais” (PARANÁ, 2016).
O Geoturismo é desenvolvido então com intuito de evidenciar e preservar o
patrimônio geológico. Brilha (2005), um dos principais estudiosos do tema ressalta
que o “Geoturismo é definido como um tipo de turismo que mantém e reforça as
principais características do local a ser visitado, concretamente seu ambiente,
cultura, estética, patrimônio, sem esquecer o bem-estar dos seus residentes” (idem,
p. 123).
34
O turismo sendo planejado junto a geodiversidade evidentemente possui
contato direto em áreas que possuem patrimônio geológico. Para MOREIRA (2008).
o este patrimônio é constituído por
Um conjunto de recursos naturais não renováveis que tendo um valor científico, cultural ou educativo, permite conhecer, estudar e interpretar a história geológica da Terra, bem como os processos que amodelaram e continuam modelando (idem, p.243)
Tal conceito, como pode-se observar, não exclui a sociedade dos frutos
decorrentes da atividade turística baseada na exploração do patrimônio geológico.
Ao contrário, visa introduzir o princípio de que o respeito ao patrimônio e o turismo
ambiental e socialmente responsável são compatíveis e que a divulgação da
importância do patrimônio geológico deve servir como alavanca para o
desenvolvimento e a sustentabilidade da população local.
Ruchkys (2009) destaca que para a interpretação do patrimônio geológico
deve-se apresentar a informação em um nível de compreensão apropriado ao
público, e deve envolver e fascinar, indicando a importância daquele patrimônio e de
sua conservação. Brilha, por sua vez, complementa indicando que
Para transmitir uma determinada mensagem é necessário que o destinatário se interesse por ela. Daí a captação da atenção do público alvo deve ser a primeira preocupação de quem planeia uma ação de interpretação. A mesma deve ser agradável e relevante para o destinatário, devendo procurar-se estabelecer relações entre o quotidiano e os conhecimentos do cidadão comum (BRILHA, 2005, p. 110).
Concordando com as definições ressaltadas anteriormente, a interpretação do
patrimônio geológico necessita apresentar a informação que possa ser envolvente e
fascinante para o público. Além disto, deve apresentar-se de maneira atrativa e
consoante com as tecnologias que se usa na atualidade. Daí, a necessidade de
traduzir os conhecimentos geológicos para uma ferramenta ágil, aliando uso da
tecnologia da informação com a educação ambiental. Tem-se então um elo prático
entre os princípios da geoconservação a sociedade atual e seus hábitos. Por tal é
que o pressente trabalho visa agregar o uso de uma ferramenta tecnológica para
disponibilizar os conhecimentos sobre o patrimônio geológico do geossítio Malacara,
divulgando sua importância geológica e contribuindo para a educação ambiental.
35
3.5 Os recursos tecnológicos como instrumentos de divulgação e preservação
do patrimônio geológico
Tecnologia da informação e comunicação ou TIC consiste em um conjunto de
ferramentas e recursos tecnológicos que permitem administrar ou armazenar
variadas quantidades de informações (PORTAL EDUCAÇÃO, 2013).
Com os avanços tecnológicos cada vez mais evidentes no cotidiano da
sociedade, denota-se uma mudança da geração atual e o uso da tecnologia da
informação e comunicação (TIC). A maneira de disseminar a informação e a forma
de compreendê-la fez com que os meios de comunicação tradicionais também
sofressem mudanças (RAMPAZZO, 2014).
Essas alterações para Rodrigues; Colesanti, (2008) refletem na compreensão
de mundo, no modo de representá-lo, e geralmente vêm acompanhadas por uma
série de mudanças culturais, presentes no cotidiano, seja no espaço de trabalho, de
lazer e/ou de ensino. Tais autores ressaltam ainda que “a educação, de fato, sempre
se constituiu em um processo de comunicação. Desde tempos remotos da nossa
civilização, educação, informação e comunicação sempre caminharam juntas” (idem,
2008, p.64)
Entre os recursos tecnológicos, a portabilidade por meio de notebooks,
ultrabooks, celulares, tablets, smartphones e outros que estão surgindo possibilitam
a comunicação e interação por meio de redes sociais. Essa capacidade de interação
ocasionou uma grande flexibilidade, fazendo com que os indivíduos passassem a ter
um acesso maior à comunicação e à informação (RAMPAZZO,2014).
Nesta perspectiva, o uso demasiado dos recursos de Ciência e Tecnologia
(C&T) acabaram ocasionando uma série de alterações no comportamento da
sociedade, pois:
À medida que o uso abusivo de aparatos tecnológicos se torna mais evidente, com os problemas ambientais cada vez mais visíveis, a tão aceita concepção exultante de C&T, com a finalidade de facilitar ao homem explorar a natureza para o seu bem-estar começou a ser questionada por muitos (ANGOTTI; AUTH, 2001, p.15).
Assim, mesmo considerando que o crescente consumo de equipamentos
tecnológicos tem um custo ambiental alto, o seu uso pode favorecer a disseminação
de informações que promovem a preservação. Assim,
36
Ainda que as tecnologias de informação tenham participação no consumo de recursos naturais e na geração de resíduos no meio ambiente, acredita-se que as tecnologias podem contribuir substancialmente no processo de educação ambiental e geração de soluções sustentáveis. (SOUZA, 2013, sp)
Para Rampazzo, (2014) as tecnologias avançam em necessidades criadas
pelo homem, isto é, de sua própria criação, mas por si só a tecnologia não preserva
nem modifica a sociedade. É o emprego que o homem faz dessa tecnologia que
provoca as mudanças.
Uma maneira de utilizar a tecnologia em favor da busca pelo desenvolvimento
sustentável é fazer o uso das ferramentas tecnológicas em favor da educação
ambiental. Souza (2013) relata que as tecnologias possuem papel fundamental na
geração de mudanças nos modelos de produção e na criação de estilos de vida
mais sustentáveis.
Sob essa perspectiva o uso da tecnologia pode contribuir diretamente no
desenvolvimento de um meio de comunicação que seja eficaz e atraente ao público
receptor, sendo esse atualizado as necessidades e costumes atuais.
Nesse caso, o uso das novas tecnologias de comunicação com enfoque na Educação Ambiental representa um avanço, já que por meio da integração da informática e dos multimeios pode haver a sensibilização e o conhecimento dos ambientes e dos seus problemas intrínsecos. A virtualidade nesse sentido pode representar um novo esforço na construção e incorporação de conhecimentos ambientais por meio de estratégias mais atrativas de comunicação (RODRIGUES; COLESANTI, 2008, p. 64)
Acordando com a ideia dos autores, o presente trabalho buscará enfatizar por
meio de uma ferramenta tecnológica, ou seja, um aplicativo móvel para aparelhos
smartphone, a geodiversidade, enfatizando e contextualizando as características e
evidenciando os aspectos geológicos, geomorfológicos hidrológicos de um geossítio
do município de Praia Grande (SC). Na oportunidade a proposta de ação irá abeirar-
se de maneira clara e objetiva, visando uma abordagem didática compreensível para
sociedade de maneira geral. Desta maneira busca-se contribuir para o
desenvolvimento sustentável de Praia Grande.
37
4. METODOLOGIA CIENTÍFICA E TÉCNICAS DE PESQUISA
Na elaboração de um trabalho científico é de grande importância o uso de
métodos científicos “o método é uma atitude e um posicionamento do pesquisador
no desenvolvimento da pesquisa”. (NETO, 2011 p. 145). Assim, o método constitui-
se por um conjunto de atividades que auxilia na construção de um conhecimento,
traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do
cientista (MARCONI; LAKATOS, 2010).
Acordando com a ideia dos autores os métodos são diferenciados por alguns
fatores como: “[...] sua inspiração filosófica, ao seu grau de abstração, a sua
finalidade mais ou menos explicativa, a sua ação nas etapas mais ou menos
concretas da investigação ao momento em que se situam” (idem, 2010 p. 89). Para
a construção de uma proposta de ação há necessidade de aplicar uma determinada
metodologia que contribua para que se possa atingir os objetivos propostos, dentro
de um conjunto de normativas e procedimentos reconhecidos no ambiente
acadêmico.
Contudo, antes de descrever os passos metodológicos que nortearam a
realização do presente trabalho, é necessária uma rápida reflexão acerca da
importância do conhecimento, produzido nos parâmetros do saber científico. Fachin
(2009) nos destaca a importância do conhecimento como resultante da forma como
a sociedade relaciona-se com o mundo. O conhecimento é a síntese a partir da qual
a sociedade evolui e faz evoluir os meios em que vive, transformando-os. O
conhecimento científico, por sua vez, para a mesma autora, “caracteriza-se pela
presença do acolhimento metódico e sistemático dos fatos da realidade sensível”
(idem, p.15). Logo, diferencia-se da forma como o senso comum elabora e interpreta
a realidade, pois geralmente se baseia numa análise parcial e/ou superficial dos
fatos. Mesmo reconhecendo a impossibilidade de abarcar a totalidade da realidade,
o conhecimento científico busca captá-la e interpretá-la da forma mais abrangente
possível. O caminho para atingir esse objetivo passa pela pesquisa científica.
A pesquisa para Marconi e Lakatos (2010 p. 01) “é um procedimento formal,
com método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico e se
constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir novas
verdades”. Tendo como ponto de partida tais pressupostos, a presente proposta de
ação buscou balizar-se em um conjunto de procedimentos sistemáticos onde, a
38
abordagem teórica, serviu como subsídio para que a leitura da realidade observada
pudesse ser interpretada a luz de um conjunto de raciocínios e conceitos lógicos,
possibilitando uma proposta de intervenção no real que contribua para atingir o
objetivo maior: divulgar e fomentar a importância da geodiversidade em um geossítio
do município de Praia Grande/SC.
A pesquisa bibliográfica “abrange toda bibliografia em relação ao tema de
estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas,
monografias teses, material cartográfico entre outros. (MARCONI; LAKATOS, 2012
p. 57). Na presente proposta de ação, a pesquisa bibliográfica, buscou fornecer uma
fundamentação teórica que auxiliasse na análise da realidade em questão. Nesse
percurso, buscou-se não somente a apropriação conceitual, como também, em
alguns momentos, o desenvolvimento de uma análise crítica sobre as produções
teóricas já existentes na área do turismo, educação ambiental, patrimônio geológico
e preservação e comunicação. Pode-se dizer, que a pesquisa bibliográfica forneceu
as “lentes” a partir das quais passou-se a analisar e buscar compreender o objeto de
ação.
Nesta pesquisa o apoio bibliográfico foi baseado em artigos, livros,
monografias e dissertações de autores que desenvolvem trabalhos voltados a temas
que coincidem com a proposta de ação. Lançou-se mão também de informações
coletadas em sites de órgãos oficiais ligados ao desenvolvimento do turismo,
educação, preservação do meio ambiente e patrimônio geológico, bem como
informações disponibilizadas pelo setor turístico municipal, entre outros. Durante
esta pesquisa foram coletadas informações pertinentes ao trabalho, buscando
através dos conceitos e definições coletadas, dar embasamento teórico para
elaboração da presente proposta.
Munidos do arcabouço para “enxergar” a realidade, partiu-se para uma
vivência de campo. Esse tipo de pesquisa é definido para Marconi e Lakatos (2012
p. 69) como: “Aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou
conhecimentos acerca de um problema para o qual se procura uma resposta, ou de
uma hipótese que se queira comprovar, ou, ainda descobrir novos fenômenos ou as
relações entre eles”
Assim no dia 7 de outubro de 2016, no intuito de compreender a maneira em
que as atividades turísticas são desenvolvidas no geossítio Malacara, foi realizado o
39
acompanhamento de uma trilha realizada no local, essa trilha foi conduzida pelo guia
credenciado pelo Parque Nacional da Serra Geral, Deivid Matos. Na ocasião pode-
se observar a percepção dos visitantes perante ao atrativo, e ao mesmo tempo
observar como atua o guia no processo de condução. Ao mesmo tempo realizou-se
o monitoramento da trilha através do aplicativo Strava6, e foram capturadas algumas
fotografias do percurso.
Após esta primeira saída de campo, no dia 9 de novembro de 2016, foi
realizada juntamente com a orientadora dessa proposta e o guia credenciado pelo
PARNA Paulo Giovane Selau, uma segunda visita ao atrativo, na oportunidade pode
observar in loco as características geológicas do Geossítio e também através das
informações transmitidas pelo guia compreender os principais aspectos do mesmo.
Nesta oportunidade ainda foram captadas imagens importantes para elaboração do
trabalho e gravadas as informações que posteriormente foram inseridas no
aplicativo.
6 Strava é a palavra sueca para "esforço". O Strava é uma rede social desenvolvida para praticantes
de atividades esportivas. Através do aplicativo desta rede social, é possível controlar corridas, pedaladas e cross trainings. Nele há funcionalidades como: mapeamento, monitoramento de tempo distância e obter as principais estatísticas como, ritmo, velocidade, ganho de elevação e calorias queimadas dentre outros (STRAVA, 2016).
40
5. PROPOSTA DE AÇÃO
A presente proposta de ação buscou evidenciar a importância da
geodiversidade e dos aspectos geológicos e o seu uso turístico, em uma busca pelo
desenvolvimento do turismo sustentável no Geossítio Cânion Malacara. Para tal
utilizou como ferramenta um aplicativo móvel disponível para aparelhos smartphone.
Assim, são abordados neste capítulo os procedimentos utilizados para elaboração
da atual proposta. Enfatizar-se-á ainda os aspectos ligados à geodiversidade da
região no que tange o Geossítio Cânion Malacara, descrevendo o processo de
formação da paisagem atual. Finalizando, ainda serão apresentados os
procedimentos que culminaram com a elaboração do aplicativo móvel.
5.1 A Geodiversidade do Parque Nacional da Serra Geral e do Geossítio
Malacara
O geossítio Malacara está inserido no território do Parque Nacional (PARNA)
da Serra Geral (Figura 05), criado pelo Decreto nº 531, de 20 de maio de 1992, com
área de 17.300 hectares. Além do geossítio citado, as trilhas do Mirante do
Fortaleza, da Pedra do Segredo e da Borda dos Cânions são outras atrações do
Parque (BRASIL, 2016).
Figura 05 - Visão aérea do Parque Nacional da Serra Geral.
Fonte: Sociedade Pública, 2016.
O relevo e os aspectos naturais característicos da região, como já apontado,
refletem uma série de atributos cênicos, histórico-culturais e de biodiversidade que
41
justificaram a criação do PARNA, como instrumento de conservação e o manejo
sustentável de seus recursos (idem).
Segundo o controle de visitação do Parque, o local recebe uma média anual
de 32.500 turistas, configurando junto com o Parque Nacional Aparados da Serra, o
maior produto turístico da região (LIMA; VARGAS; PIMENTA, 2014).
Tabela 01 - Número de visitantes PARNA Serra Geral
Fonte: Lima; Vargas; Pimenta, 2014.
A região onde hoje estão instalados ambos PARNAs, possui aspectos de
grande importância na história evolutiva da Terra, pois abriga representativas
evidências do passado geológico e geomorfológicos do planeta, percebidas através
de uma observação das características do relevo do território. Contudo, quais são
tais elementos? Quais processos que explicam os cenários presentes no geossítio
Malacara e região?
5.1.1 A origem geológica da região
A área em estudo é parcela do grande ‘Planalto Arenito-basáltico’ onde entre
152 e 145 milhões anos atrás, tinha-se como característica um ambiente desértico,
onde os ventos transportavam a areia e formavam grandes dunas (ROSA; ROCHA,
2009). Em tal período da evolução do planeta, a América do Sul ainda estava
conectada ao continente africano, Antártida, Índia e Oceania (Figura 06), formando o
pretérito continente de Gondwana.
42
Figura 06 - Laurásia e Gondwana no Jurássico Superior, era Mesozóica-152
milhões de anos atrás.
Fonte: Paleomap Project.
Sob condições de um paleoclima seco e quente, o gigantesco deserto deu,
em sua evolução, origem aos arenitos, produto da diagênese7 na areia, formando
depósitos porosos e permeáveis (MAACK, 2001). Entre o Brasil, Argentina, Paraguai
e Uruguai, tal deserto deu origem à Bacia Sedimentar do Paraná, com 1,5 milhão de
quilômetros quadrados, estendendo-se também pelo continente africano, no planalto
de Etendeka, na Namíbia, com 78 mil quilômetros quadrados (MILANI et all., 2007).
Os agentes externos de relevo eram os principais atuantes naquele momento.
Na continuação do processo, contudo, se adicionaram forças internas, através da ação de movimentos tectônicos, responsáveis pela abertura do Oceano Atlântico, através da formação da grande cadeia mesoatlântica. Tal movimentação deu origem a diversos falhamentos e fraturas, por onde houve saída de lava através de vulcanismos fissurais. Neste ambiente, imensos falhamentos foram abertos pela movimentação do terreno. Destes falhamentos, de tempos em tempos, saíam grande quantidade de lavas vulcânicas, que se espalhavam em direção a oeste. Quando estas erupções cessavam, as lavas resfriavam e solidificavam, formando as rochas denominadas basaltos, que eram recobertas pelas areias do deserto. O planalto ficou composto por camadas de arenito (mais friáveis), alternadas com camadas de basalto (mais resistente). (ROSA; ROCHA, 2009, p. 09).
7 Diagênese ou cimentação é o processo de agregação de grãos ou fragmentos de rocha através da
ação de um cimento de natureza silicosa, argilosa, calcária ou ferruginosa (GUERRA, 1980, p. 94). No caso em questão foi o processo responsável pela transformação dos depósitos de areia em rocha arenítica.
43
A extensão desses derramamentos chegou a 1,2 milhão de quilômetros
quadrados na Bacia do Paraná, sendo que os derramamentos foram extravasados
em cerca de 10 milhões de anos, com clímax entre 133 e 129 milhões de anos atrás
(MILANI et al., 2007). No continente africano, por sua vez, a extensão dos
derramamentos foi menor, não ultrapassando um total de 106 mil quilômetros
quadrados. Assim,
estas áreas apresentam características geológicas semelhantes nos dois continentes, sendo um dos argumentos utilizados como indicador da presença de um continente único, existente antes da abertura do Oceano Atlântico e da deriva continental .(WILDNER; ORLANDI FILHO; GIFFONI, sd, p.161) .
Toda a movimentação tectônica envolvida na abertura do oceano Atlântico e o
extravasamento de milhões de toneladas de material magmático, alterou o equilíbrio
das placas. Assim, no centro da grande bacia do Paraná “o peso do grande derrame
eruptivo” gerou uma “depressão que teve como efeito, o soerguimento da borda
oriental do continente” (MAACK,2001,p. 206), como resposta à busca do equilíbrio
isostático8. Tal movimentação explica o corte abrupto da Serra Geral que representa,
uma escarpa de borda de planalto. Tal levantamento processou-se, provavelmente,
a partir do final do Cretáceo e ao longo de todo o Terciário, produzindo
desnivelamentos superiores a 1.000 metros” (GODOY; BINOTTO; WILDNER, 2011).
Tal corte, cuja orientação das camadas mergulha para oeste, recebe o nome de
“cuestas” e faz a transição entre o planalto propriamente dito e a área rebaixada,
denominada depressão periférica. A Figura 07 mostra um bloco diagrama do
Planalto Meridional.
8 Segundo Guerra (1980, p. 239), a isostasia é a condição de equilíbrio que se realiza entre a crosta
continental (menos densa, formada predominantemente de silício e alumínio) que flutua sobre crosta oceânica (mais densa, formada de silício e magnésio). A alteração no peso aplicado sobre a placa continental (como o ocorrido no centro da Bacia do Paraná, com o derramamento de material vulcânico) gera um afundamento da placa continental. Como resposta e em decorrência da necessidade em manter o equilíbrio, a borda leste da placa continental sofreu um soerguimento.
44
Figura 07 - Representação do Planalto Meridional.
Fonte: Adaptado de BELTRÃO; DALPIAZ, 2016.
Consoante, Oliveira (2014, p.50) indica que “geologicamente, esse trecho do
litoral brasileiro resgata a história dos eventos tectônicos distensivos que marcaram
o processo de abertura do Oceano Atlântico e de separação dos continentes sul-
americano e africano”.
Esta fragmentação foi acompanhada de um amplo soerguimento de toda a borda leste do recém-criado continente da América do Sul e da borda sudoeste da África, fazendo com que o conjunto de derrames vulcânicos, e as rochas colocadas abaixo, fossem soerguidas topograficamente, formando o que posteriormente denominou-se de Serra Geral e Serra do Mar, no continente sul americano (GODOY; BINOTTO; WILDNER, 2011 p.18).
Soerguida a borda de escarpa, teve início o processo de erosão. A ação dos
agentes externos, sobretudo o trabalho dos rios tem esculpido, ao longo do tempo
geológico o paredão da encosta, formando verdadeiras gargantas. Estas formam os
cânions.
5.1.2 A formação dos cânions
A escarpa da Serra Gera possui como característica diversos recortes em sua
formação, essas falhas são produzidas pelo constante trabalho erosivo das redes de
drenagem que esculpem profundos vales em “V”. A escarpa da Serra Geral
evidencia todo o processo de fragmentação do supercontinente Gondwana, e possui
grande valor geológico.
Os cânions, são definidos pelo SIGEP como “desfiladeiros ou vale profundos,
estreito e longo, com paredes verticalizadas, cortando altiplanos ou regiões
45
montanhosas, e em cujo talvegue normalmente flui a drenagem” (BRASIL, 2016,
sp.). Outra forma de definir cânion é caracterizá-lo como desfiladeiro que,
morfologicamente, é análogo à garganta, mas com a diferença de extensão; um
desfiladeiro pode ter extensão de quilômetros, enquanto que uma garganta
corresponde a um vale com paredes abruptas que corta uma crista ou uma faixa
montanhosa de pequena largura (idem, 2016).
O fator de desenvolvimento dos cânions na escarpa da Serra Geral é a
presença de fraturas e falhas nas rochas vulcânicas. Tais falhas e fraturas
resultantes dos esforços tectônicos e dos processos de resfriamento do material,
constituem-se em zonas de fraqueza, onde a percolação da água é mais intensa
(SCHMIGUEL; VARGAS & TRATZ, 2009). Os mesmos autores destacam que:
Os falhamentos gerados durante o evento e registrados na área são do tipo escalonado sendo responsável pela existência da escarpa original em diversas cotas topográficas da plataforma atlântica e orientando alguns canais, sub-bacias e gargantas ocupadas por rios. (idem, p. 04)
Na área em destaque, o cânion Malacara, o rio Malacara e seus afluentes de
primeira e segunda ordem, são os principais responsáveis pelo entalhamento das
encostas, como observado na Figura 08. Assim, o geosssítio Malacara constitui-se
em patrimônio geológico porque retrata não só os processos internos como os
externos de formação da América do Sul a partir da era Mesozóica.
Figura 08 - Cânion Malacara visto do leito do rio Malacara
Fonte: O Autor, 2016.
Assim paredões rochosos do Cânion Malacara, são de origem vulcânica,
sobretudo basáltica, decorrente do processo ocasionado pelo afloramento de lavas,
46
que ascenderam do manto terrestre com o deslocamento das placas tectônicas no
processo de fragmentação do supercontinente Gondwana. “Este processo foi gerado
pelas diferenças de temperatura existentes entre o manto aquecido, que tende a
subir, e a base da crosta, pouco aquecida, que tende a descer” (GODOY; BINOTTO;
WILDNER, 2011), tal movimento do material, magmático no manto superior recebe o
nome de movimentos de convecção.
5.1.3 Diferenciação dos derrames
Os derrames, que se sucederam ao longo de 10 milhões de anos,
atingiram pacotes de centenas de metros de espessura. Leinz & Amaral (1989, p.
286) descrevem que “na escarpa do sul de Santa Catarina, podem ser
individualizados 25 derrames, pelo reconhecimento das zonas de vesículas, tendo o
primeiro deles, o da base, uma espessura de 90 metros”. Como apontam Wildner;
Orlandi Filho & Giffoni (sd. p. 07), a melhor visualização dos empilhamentos é dada
no cânion Fortaleza, onde é possível contabilizar 13 derrames aflorantes. Tal
sucessão não é tão perceptível no cânion Malacara, porém a compreensão de como
se pode distinguir os derrames, já é o suficiente para ter noção da complexidade
envolvida no processo de resfriamento.
Figura 09 - Paredes do cânion Malacara a partir dos campos de cima da serra.
Fonte: Adaptado pelo autor a partir de AZEVEDO, 2010.
Na paisagem, como mostra a figura 09, pode-se distinguir os derrames de
lava vulcânica a partir da existência de faixas horizontais onde desenvolvem-se
cordões de vegetação. Trata-se de pequenos patamares ou degraus, onde as
47
condições são propícias ao desenvolvimento vegetal, incluindo exemplares de
grande porte, como a araucária (Araucaria angustifolia). Leinz & Amaral (1989)
descrevem a constituição textural de cada derrame. Apesar dos estágios não serem
visíveis em sua totalidade na imagem anterior, cada derrame, normalmente, varia da
seguinte forma:
Quadro 01: Constituição Textural dos Derrames Magmáticos da Serra Geral 1. BASE: Constituição vítrea, graças ao rápido resfriamento da lava em contato com o substrato frio, gerando o basalto vítreo, onde a infiltração da água é mais difícil.
2. DIÁCLASES HORIZONTAIS: presença de um basalto microcristalino onde as diáclases (linhas de fratura) apontam que os gases descreveram uma trajetória horizontal durante o processo de resfriamento. A estrutura microcristalina permite maior retenção de água, dando origem a fontes de água e gerando condições para desenvolvimento vegetal, daí as “faixas verdes” que podem ser facilmente visualizadas na encosta.
3. DIÁCLASES VERTICAIS: a parte mais espessa do derrame, é constituída de um basalto de granulação mais grosseira, onde predominam as diáclases verticais. Tais linhas de fratura facilitam a infiltração de água gerando uma erosão que reforça a escarpa.
4. TOPO: é uma faixa onde houve maior acúmulo de gases, aprisionados pelo resfriamento. Formaram vesículas ocas ou preenchidas, geralmente por quartzo pouco ou bem desenvolvido. Fonte: elaborado com base em Leinz & Amaral (1989, p. 289-290).
A representação dos derrames pode ser assim esquematizada:
Figura 10: Diagrama com o esquema do derrame basáltico.
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Leinz; Amaral (1989, p. 290)
O processo erosivo que causa o desgaste das paredes e constrói o cânion é
orientado, sobretudo, pela ação da rede hidrográfica local (rio Malacara e seus
48
afluentes), alimentado pelo regime pluviométrico elevado, considerando a presença
das chuvas orográficas comuns na encosta.
5.1.4 O leito do Malacara e os sedimentos
O geossítio pode ser acessado a partir do vale do cânion, através do curso do
rio Malacara (figura 11) a partir da comunidade de Vila Rosa - Praia Grande- SC
Através da trilha que adentra o leito do rio é possível observar “a deslumbrante
formação geomorfológica que se harmoniza com os diferentes tons de verde da
vegetação atlântica que cobre até mesmo as encostas mais íngremes” (VERDES
CANYONS, 2016).
Figura 11 - Seixos rolados trilha do Cânion Malacara.
Fonte: O autor, 2016.
É possível observar através do percurso da trilha, que as rochas se
encontram arredondadas (figura 12), em decorrência dos processos hídricos que
transportam o material erodido do patamar superior do cânion até o leito do rio. Tais
rochas, em função do turbilhonamento da água e do choque com as demais, vão
perdendo as arestas, atulhando o leito do rio de seixos rolados (Figura 14). O
material transportado e acumulado no leito do rio faz com que, sobretudo nos
momentos de grandes enxurradas, as águas transbordem o leito normal e passem a
construir novos caminhos, alterando comumente o percurso para novos traçados.
49
Figura 12 - Rochas arredondadas encontradas no geossítio.
Fonte: O Autor, 2016.
Todos estes aspectos apresentados fazem do PARNA Serra Geral e do
Geossítio Cânion Malacara áreas que merecem respeito e preservação, e acima de
tudo a compreensão da sociedade sobre sua relevância. A divulgação desse atrativo
e seu uso de maneira sustentável, pode contribuir para a preservação deste local, e
também para o desenvolvimento de um sentimento de pertencimento da sociedade
frente ao patrimônio geológico.
Analisando este contexto cabe nesta proposta de ação buscar contribuir para
essa possibilidade. Assim, este trabalho busca servir como ferramenta de interação
entre a sociedade e a geodiversidade evidenciando as características que fazem do
Geossítio Malacara um patrimônio. Busca ainda incentivar o uso do local como um
atrativo onde a população respeite, preservando-o para as gerações futuras.
5.2 Descrição do Aplicativo Móvel
O aplicativo móvel (figura 13) que foi desenvolvido nesta proposta de ação,
tem o intuito de divulgar o Cânion Malacara como um atrativo turístico e apresentar
as características principais que o fazem importante para o planeta e para a
humanidade. Busca também, a partir de uma interação entre a sociedade e as
informações contidas no aplicativo, um aumento no interesse de possíveis visitantes
e comunidade local em conhecer o Cânion Malacara, e contribuir para preservação
do mesmo. O aplicativo conterá informações que também poderão auxiliar guias e
operadores que desenvolvem atividades no atrativo, complementando o
conhecimento sobre o local.
50
Figura 13: Layout do aplicativo.
Fonte: O Autor, 2016.
O aplicativo foi desenvolvido pelo site “Fábrica de Aplicativos”, e está
disponível de forma gratuita para aparelhos smartphone com sistema operacional
Android. Esse trabalho reveste-se de primeira experiência que poderá ser
posteriormente expandido, em uma plataforma mais ampla e com maiores
funcionalidades. Inicialmente o mesmo conta com oito abas informativas. Estas abas
dispõem de conteúdo informativo e servem como instrumento de divulgação do
atrativo turístico, e também como um guia digital, informando sobre o que há no
atrativo a ser visitado.
Buscou-se, ao longo da elaboração do conteúdo informar de maneira clara,
didática e atrativa, buscando fazer com que o usuário tenha interesse pelas
informações contidas. Assim, o instrumento contribui não apenas para divulgação do
geossítio e região e como um guia digital, mas também como instrumento atuante no
fomento da educação ambiental e preservação do atrativo.
5.2.1 Primeira aba do aplicativo: “Sobre a Trilha”
A primeira aba (Figura 14) tem o título “sobre a trilha”, e busca recomendar o
usuário com informações pertinentes à trilha. Informa-se as características básicas
do percurso, como localização, extensão, duração e grau de dificuldade, o que levar,
51
como repelente, protetor solar, água, alimentos leves, e ainda qual o vestuário mais
adequado ao percurso, dentre outras informações. Estes dados úteis para usuários
e permitem que os mesmos possam otimizar a visitação ao atrativo, organizando-se
com antecedência e entendendo do que se trata atividade e o que precisará levar
para realizá-la.
Figura 14: Primeira aba do Aplicativo.
Fonte: O Autor, 2016.
Nesta primeira aba foram coletadas informações com guias da região,
credenciados pelo PARNA e que possuem experiência no guiamento de visitantes
na trilha do Cânion Malacara.
Os dados de distância e tempo de duração da atividade foram informados
pelo STRAVA, um aplicativo móvel utilizado para o acompanhamento de atividades
como ciclismo, caminhadas, trilhas e outros esportes. Para obter tais informações,
realizou-se a trilha utilizando o aplicativo, que dispõe de coordenadas de GPS,
permitindo informar as localizações de maneira precisa.
5.2.2 Segunda aba “Conhecer para preservar”
52
Nesta etapa (Figura 15) o aplicativo busca informar alguns aspectos relativos
à importância da geodiversidade. A proposta contribui na difusão do conceito e a
noção de geodiversidade e de sua importância, porém sem recorrer a terminologias
técnicas e informações elaboradas, pois o principal objetivo desta aba é atrair o
interesse dos usuários para esse tema contribuindo para uma melhor compreensão
do usuário sobre o assunto.
Figura 15: Segunda aba do aplicativo.
Fonte: O Autor, 2016.
5.2.3 Terceira aba do aplicativo: “Como tudo começou”
Esta parte do aplicativo (Figura 16) apresenta, em um material objetivo e
didático, todo o processo de formação do Planalto Meridional. A ênfase está em
apresentar, de forma resumida, a existência de um deserto pretérito, ainda durante a
existência do continente de Gondwana. A posterior ocorrência de extensos derrames
de lavas vulcânicas decorrentes da abertura do oceano Atlântico e os movimentos
da placa continental, dando origem à escarpa da Serra Geral. Assim, esta etapa do
trabalho busca trazer ao usuário do aplicativo a complexidade da geodiversidade da
53
região como o produto de forças endógenas de grande alcance, como os
movimentos das placas tectônicas e de extensos vulcanismos. Com essas
informações, espera-se que o usuário possa conectar as paisagens que visualiza
com os processos que lhe deram origem.
Figura 16 - Terceira aba do Aplicativo
Fonte: O Autor, 2016.
5.2.4 Quarta aba do aplicativo: “De Pangeia até hoje”
O objetivo desta aba é apresentar, através de um vídeo ilustrativo, a
movimentação da crosta continental, desde o Pangeia, ou seja, a posição dos
continentes a cerca de 200 milhões de anos atrás, até o presente. Desprezou-se,
portanto, os posicionamentos continentais anteriores a Pangeia, visto que os efeitos
desses momentos não são abordados no aplicativo. O intuito e fornecer uma visão
dinâmica do processo, propiciando um melhor e mais rápido entendimento.
54
5.2.5 Quinta aba do aplicativo: “Diferenciando os derrames”
Esta aba (Figura 17) apresenta, de forma resumida, os estágios de
diferenciação dos derrames de lavas vulcânicas. Alguns desses estágios podem ser
facilmente visualizados pelo visitante do geossítio. Por tal, a aba visa fornecer
instruções para que o mesmo possa reconhecer partes dos derrames, seja
visualizando os paredões do cânion, seja reconhecendo algumas amostras entre as
pedras depositadas na trilha.
Figura 17 – Quinta aba do aplicativo
Fonte: O Autor, 2016.
O principal objetivo deste espaço e ampliar a capacidade de interação entre o
visitante e o atrativo, fazendo-o observar detalhes antes desapercebidos.
5.2.6 Sexta aba do aplicativo: “O que é um Cânion? ”
A sexta aba do aplicativo tem como título “O que é um Cânion? ” Esta aba
apresenta informações pertinentes ao processo de formação do cânion propriamente
55
dito, desde sua formação e até suas características atuais, descrevendo suas
feições geológicas e o processo evolutivo.
A aba traz informações que permitem ao usuário relacionar a ação dos
elementos externos, como o vento, a chuva e a rede hidrográfica como agentes que
esculpem a encosta da Serra Geral. No percurso o trilheiro observa a sedimentação
do leito fluvial com seixos rolados e a constante alteração do seu percurso durante
os períodos de cheias e chuvas intensas e torrenciais. Entendendo melhor a
paisagem, espera-se que os visitantes possam ter uma compreensão do que o
atrativo representa para humanidade, para a partir dessa compreensão entenderem
sua importância e buscar o interesse pela visitação e sua preservação.
Figura 18 - Sexta aba do Aplicativo
Fonte: Fábrica de Aplicativos, 2016.
Será utilizado uma abordagem desses dados de maneira didática e
compreensível, sendo assim, acessível para o entendimento da sociedade de
maneira geral, com o intuito de fazer com que o usuário consiga uma compreensão
clara e objetiva sobre o atrativo com facilidade. O foco principal é fazer com que o
56
usuário se interesse por essa leitura, fomentando no leitor um sentimento de
pertencimento e preservacionista junto ao atrativo.
5.2.7 Sétima aba do aplicativo: “Álbum de fotos”
A sétima aba do aplicativo será o “álbum de fotos”. Nesta parte o usuário do
aplicativo contará com um acervo de imagens coletadas no Geossítio. O intuito
deste álbum de fotografias é apresentar a beleza cênica do atrativo e as
características do Cânion Malacara, assim fazendo com que a partir da observação
dessas imagens, visitantes em potencial possam aumentar seu interesse em
conhecer o local e também a região. Assim, tal banco de imagens busca contribuir
para a divulgação do atrativo.
Figura 19- Sétima aba do Aplicativo
Fonte: O Autor, 2016.
57
5.2.8 Oitava aba do aplicativo: “Sobre o Aplicativo”
A Oitava aba terá como título “sobre o aplicativo” e apresentará o aplicativo
em um contexto geral, sua finalidade e o porquê de sua elaboração. O intuito de
disponibilizar estas informações é retratar ao usuário do aplicativo o motivo da
elaboração do mesmo, e quais as pretensões do autor com a ferramenta.
Figura 20 - Oitava Aba do Aplicativo
Fonte: Fábrica de Aplicativos, 2016.
58
5.2.7 Nona aba “Mural”
A aba Mural foi desenvolvida com o intuito de ser um local onde o usuário
poderá deixar seu comentário sobre o aplicativo e sua sugestão de melhoria. O
intuito do mural é ter as informações do usuário do aplicativo, e também do visitante,
como um feed-back que permite, aperfeiçoar a ferramenta bem como repassar as
sugestões e críticas sobre o atrativo para os órgãos responsáveis, no intuito de
aprimorar a gestão aproximando o visitante do local.
Figura 21: Nona aba do Aplicativo
Fonte: Fábrica do Aplicativo, 2016.
59
5.3 Resultados almejados com o aplicativo
Este aplicativo já foi pré-programado pela Fábrica de Aplicativos, nele foram
acrescentadas as informações e imagens, pertinentes à geodiversidade da região,
com algumas informações mais específicas de um atrativo que já recebe visitantes
com certa frequência. O intuito principal de sua elaboração foi servir de base para
posterior inclusão de outros geossítios da região. A ideia foi levar uma informação
acessível e ampla para sociedade em um meio de comunicação atual, e servindo
como um guia de visitação, onde o visitante, guia ou qualquer interessado em
conhecer um pouco sobre o geossítio possa acessar essas informações de maneira
clara e objetiva.
O aplicativo móvel atuará evidenciando as características pertinentes a
geodiversidade e a importância de locais como o Cânion Malacara, locais estes com
grande potencial turístico, porém, ainda carecendo de diversas iniciativas não
apenas para sua preservação, mas também melhorias na percepção da sociedade
em uma maneira geral sobre sua importância. Assim, o atuará divulgando um com
potencial para uma atividade ainda pouco explorado pela região que é o Geoturismo.
60
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em vista os dados abordados neste trabalho, a presente produção
buscou a compreensão dos principais aspectos geológicos da região do PARNA
Serra Geral e do Geossítio Malacara, considerando a importância dos mesmos para
o desenvolvimento do turismo. Assim, buscou-se propor uma alternativa para
preservação do patrimônio geológico através da divulgação do processo de
constituição de alguns elementos da geodiversidade. Isso porque partiu-se da
premissa que o conhecimento é um elemento fundamental para o desenvolvimento
da consciência preservacionista. Por tal, a presente proposta é também uma
iniciativa de educação ambiental, que visa contribuir para o desenvolvimento de uma
atividade turística sustentável.
A veiculação da informação através de meios de comunicação ágeis e de fácil
acesso se constituem em uma ferramenta que pode contribuir de forma efetiva para
preservação e divulgação do patrimônio, auxiliando na compreensão, por parte da
sociedade, sobre a importância dos atrativos turísticos. Pode ainda desenvolver, na
comunidade do entorno, o sentimento de pertencimento, incentivando o
engajamento na luta pela preservação e exploração sustentável do patrimônio.
A geodiversidade é um elemento de grande relevância para o turismo na
cidade de Praia Grande (SC) e região. Desta forma, salvaguardá-la é uma forma de
manter a identidade de elementos que representam muito para compreensão
humanidade sobre um importante processo evolutivo da Terra. Neste contexto, a
elaboração deste trabalho buscou enfatizar este tema e a partir da disseminação de
informações compreensíveis para leigos, contribuindo para uma compreensão de
que tais elementos são de grande importância e precisam ser conhecidos e
preservados.
A elaboração do presente guia, disponível em meio eletrônico, surge como
uma alternativa para alcançar a sociedade, adequando-se aos hábitos
contemporâneos. A disseminação da informação pode ser fundamentalmente
importante no processo de interação da sociedade com a temática do turismo
sustentável. A geodiversidade evidentemente é de grande importância não apenas
como um produto de uso exploratório, mas também como um registro fundamental
para a compreensão da humanidade sobre o planeta onde vive. Deste modo deixa-
61
se em aberto o aprimoramento desta iniciativa, e a partir da mesma, apresenta-se a
possibilidade da elaboração de material semelhante para os demais atrativos da
região.
62
REFERÊNCIAS
ANGOTTI, José André Peres; AUTH, Milton Antonio. Ciência e tecnologia: implicações sociais e o papel da educação. Ciência & Educação, Bauru, v. 7, n. 1, p.15-27, 2001. Disponível em: <file:///C:/Users/User/Desktop/Estágio/Dados Trade Turístico/educação ambiental e tecnologia.pdf>. Acesso em: 20 out. 2016.
ASSOCIAÇÃO DO DOS MUNICÍPIOS DO EXTREMO SUL CATARINENSE (Santa Catarina). A História da Amesc. 2016. Disponível em: <http://www.amesc.com.br/cms/pagina/ver/codMapaItem/71114>. Acesso em: 08 set. 2016.
AZEVEDO, Beatriz. Outras cachoeiras do Malacara. In: Alta Montanha, 2010. Disponível em: http://altamontanha.com/Aventura/2587/outras-cachoeiras-do-malacara. Acessado em 27 nov, 2016.
BELTRÃO, Leila Maria Vasquez; DALPIAZ, Maurício. Curso de capacitação de profissionais de turismo e docentes de Educação Básica. Sombrio: IFC, 2015. 48 slides, color.
BENI, Mario Carlos. Análise estrutural do turismo. 13. ed. São Paulo: Senac, 2008. 556 p.
BENTO, Lilian Carla Moreira; RODRIGUES, Sílvio Carlos. O geoturismo como instrumento em prol da divulgação, valorização e conservação do patrimônio natural abiótico: uma reflexão teórica. Turismo e Paisagens. Campinas, v. 3, n. 2, p.55-65, dez. 2010.
BRASIL, Serviço Geológico do Brasil. Ministério do Meio Ambiente. Geodiversidade. sd. Disponível em: <http://www.cprm.gov.br/publique/Gestao-Territorial/Geodiversidade-162>. Acesso em: 26 out. 2016.
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Ministério de Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. Cidades: Praia Grande/SC. 2001.. Disponível em: http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=4213807>. Acesso em: 26 setembro 2016.
BRASIL. Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos.. Geossítios. 2016. Disponível em: <. Acesso em: 01 nov. 2016.>. Acesso em: 01 nov. 2016.
BRASIL. Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos. Ministério de Minas e Energia. O que é um sítio geológico? 1999. Disponível em: <http://sigep.cprm.gov.br/apresenta.htm>. Acesso em: 24 out. 2016.
BRASIL. Fundação Capes. Ministério da Educação. Tabela de Áreas de Conhecimento/Avaliação. 2012. Elaborado por CAPES/CNPq. Disponível em: <http://www.capes.gov.br/avaliacao/instrumentos-de-apoio/tabela-de-areas-do-conhecimento-avaliacao>. Acesso em: 25 jul. 2016.
63
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades: Praia Grande SC. 20102013. Disponível em: <http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=421380&search;=||infograficos:-informaçoes-completas>. Acesso em: 03 out. 2016.
BRASIL. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Ministério do Meio Ambiente. Unidades de Conservação. 2016. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/portal/unidades-de-conservacao>. Acesso em: 26 set. 2016.
BRASIL. Instituto Chico Mendes De Conservação Da Biodiversidade. . Política Nacional de Educação Ambiental - PNEA: Educação Ambiental. 1999. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/educacaoambiental/politicas/pnea.html>. Acesso em: 06 out. 2016.
BRASIL. Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008. Classificação e Relações de Estágio. Brasília, 25 set. 2008. v. 1, n. 1, Seção 1. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11788.htm>. Acesso em: 16 nov. 2016.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Educação Ambiental. 1999. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/educacao-ambiental>. Acesso em: 03 out. 2016.
BRILHA, José. Patrimônio Geológico e Geoconservação: A conservação da natureza e sua vertente geológica. Braga: Palimage, 2005. 186 p.
CEARÁ. Coordenação Executiva do Geopark Araripe. Secretaria das Cidades. Geopark Araripe: histórias da terra, do meio ambiente e da cultura. Fortaleza: S.e, . 167 p.
CISNE, Rebecca. Por um pensar complexo do turismo: O roteiro turístico sob a lógica dos fluxos. Rosa dos Ventos: Revista do Programa de Pós-Graduação Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, v. 3, n. 3, p.359-367, jul. 2011. Semestral.
CRUZ, Rita de Cássia Ariza da. Políticas públicas de turismo no Brasil: território usado, território negligenciado. Geosul, Florianópolis, v. 20, n. 40, p.27-43, 2005.
DIAS, Reinaldo. Sociologia do Turismo. São Paulo: Atlas, 2008. 251 p.
FACHIN, Odília. Fundamentos de Metodologia. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. 210 p.
GODOY, Michel Marques; BINOTTO, Raquel Barros; WILDNER, Wilson. GEOPARQUE CAMINHOS DOS CÂNIONS DO SUL: Proposta. Brasília: Serviço Geológico da Brasil, 2011. 109 p.
GUERRA, Antônio Teixeira. Dicionário geológico-geomorfológico. 6ªed. Rio de Janeiro: IBGE, 1980.
IGNARRA, Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. 2. ed. São Paulo: CENGACE, 2003. 205 p.
64
KUNDLATSCH, César Augusto; MOREIRA, Jasmine Cardozo. Painéis interpretativos: ferramentas de educação ambiental no turismo em áreas naturais. Caderno de Estudos e Pesquisas em Turismo, Curitiba, v. 5, n. 7, p.34-50, jul. 2016. Semestral.
LEINZ, Viktor; AMARAL, Sérgio Estanislau do. Geologia Geral. 11ed. São Paulo: Editora Nacional, 1989.
LIMA, Flavia Fernanda de; VARGAS, Jean Carlos; BRILHA, José. Geoconservação, geoturismo e geoparques. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2014. 53p.
LIMA, Flavia Fernanda de; VARGAS, Jean Carlos; PIMENTA, Luiz. Projeto geoparque Caminhos do Sul: Diagnóstico do território e recomendações para candidatura. Curitiba: Geodiversidade Soluções Geológicas, 2011. 190 p.
MAACK, Reinhard. Breves notícias sobre a geologia dos estados do Paraná e Santa Catarina. Brazilian Archives of Biology and Technology. Curitiba . Jubilee Volume (1946-2001), pp. 169 - 288, dez. 2001.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de Pesquisa: - Planejamento e execução de pesquisas - Amostragens e técnicas de Pesquisa - Elaboração, análise e interpretação de dados. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012. 277 p.
MELLO, Alessandro de Bona. Os Xokleng de Santa Catarina: Uma breve revisão etnográfica. In: SCHWENGBER, Valdir Luiz; NOVASCO, Raul Viana. Um olhar sobre o processo de ocupação de Porto União: da pré-história aos dias atuais. Tubarão: COPIART, 2014. Cap. 3. p. 77-89.
MILANI, Edison José; MELO, José Henrique; SOUZA, Paulo Alves de; FERNANDES, Luiz Alberto; FRANÇA, Almério Barros. Bacia do Paraná. Boletim de Geociências da Petrobrás. Rio de Janeiro, v.15, n.2, p. 265-287, mai./nov.2007.Semestral.
MOREIRA, Jasmine Cardozo. Patrimônio geológico em unidades de conservação: atividades interpretativas, educativas e geoturísticas. 2008. 429 f. Tese (Doutorado) - Curso de Geografia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2008. Cap. 5.
NASCIMENTO, Marcos Antonio Leite do. Diferentes ações a favor do patrimônio geológico brasileiro. Estudos Geológicos, Natal, v. 20, p.81-92, fev. 2010. Disponível em: <https://www.ufpe.br/estudosgeologicos/paginas/edicoes/2010202/2010202t06.pdf>. Acesso em: 19 out. 2016.
NETTO. Alexandre Panosso. Filosofia do turismo: Teoria e epistemologia. 1 ed. São Paulo. Aleph. 2011.195 p.
OLIVEIRA, Antônio Pereira. Turismo e Desenvolvimento: Planejamento e Organização. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2001. 225 p.
65
OLIVEIRA, José Carlos da Silva. Geoparques no BrasiL: foco geográfico na superação dos desafios. 2014. 124 f. TCC (Graduação) - Curso de Graduação em Geografia, Departamento de Geografia, Universidade de Brasília, Brasília, 2014.
PORTAL EDUCAÇÃO ( Brasil). TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO. Conceito.2013. disponível em https//www.portaldaeducação.com.br/artigos48271/ tecnologia da informaçãoconceito. Acesso em 20 ou. 2016.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO TURISMO. Quem somos. 2016. Disponível em: <http://www2.unwto.org/content/who-we-are-0>. Acesso em: 10 out. 2016.
PARANÁ. Serviço Geológico do Paraná. Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Geoturismo e Geoconservação: conceitos. Curitiba: Mineropar: s.d. Disponível em: <http://www.mineropar.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=134>. Acesso em: 19 out. 2016.
PEREIRA, Ricardo Galeno Fraga de Araújo. Geoconservação e desenvolvimento sustentável na Chapada Diamantina (Bahia - Brasil). 2010. 295 f. Tese (Doutorado) - Curso de Geologia, Universidade do Minho, Braga, 2010. Disponível em: <http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/10879/1/Tese.pdf>. Acesso em: 17 out. 2016.
PIRES, Paulo dos Santos. Dimensões do Ecoturismo. 3 ed. São Paulo: Senac,2008. 272.
PRAIA GRANDE SC. . Ambiente Econômico. 2014. Disponível em: <http://www.praiagrande.sc.gov.br/cms/pagina/ver/codMapaItem/42430>. Acesso em: 29 set. 2016.
RAMPAZZO, Sandra Regina dos Reis. Educação e Tecnologias. 1 ed. Londrina: Educacional S.A, 2014. 176 p.
ROSA, Tarcísio Roldão da; ROCHA, Isa de Oliveira. Proposta de planejamento regional no extremo sul de Santa Catarina: projeto geoparque Caminhos dos Cânions do Sul. In: Seminário Nacional de Planejamento e Desenvolvimento, 2, 2014, Florianópolis. XIV Simpósio de Geografia da UDESC. Florianópolis: Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), 2014. v. 1, p. 1 - 17.
RODRIGUES, Gelze Serrat de Souza Campos; COLESANTI, Marlene T. de Muno. Educação ambiental e as novas tecnologias de informação e comunicação. Sociedade & Natureza, Uberlândia, v. 20, n. 1, p.51-66, jun. 2008. Disponível em: <file:///C:/Users/User/Desktop/Estágio/Dados Trade Turístico/tecnologia e educação ambiental.pdf>. Acesso em: 20 out. 2016.
RONSANI, Gilberto. Praia Grande: Cidade dos Canyons. Praia Grande: s.n, 1999. 171 p.
RUCHKYS, Úrsula Azevedo. Geoparques e a Musealização do Território: um Estudo estudo sobre o Quadrilátero Ferrífero. Revista do Instituto de Geociências -– USP., São Paulo, v. 5, p.35-46, out. 2009.
66
RUSCHMANN, Doris. Turismo e Planejamento Sustentável: A proteção do Meio Ambiente. 16. ed. Campinas: Papirus, 2012. 192 p.
SANTOS, Silvio Coelho dos. Encontro de estranhos além do “mar oceano”. Etnográfica, Lisboa, v. 2, n. 7, p.432-448, nov. 2003. Semestral. Disponível em: <http://ceas.iscte.pt/etnografica/docs/vol_07/N2/Vol_vii_N2_431-448.pdf>. Acesso em: 09 out. 2016.
SCHMIGUEL, Karla; VARGAS, Karine Bueno; TRATZ, Eliza de Belém. Configuração geológico-geomorfológica e evolução da paisagem dos canyons da região de Campos de Cima da Serra -Sul do Brasil. Observatório Geográfico da América Latina. México, 2009. Disponível em: www. observatoriogeograficoamericalatina.org.mx/egal12/Procesosambientales/.../21.pdf
SOUZA, Alan Pinheiro de. O posicionamento das tecnologias de informação no processo de educação ambiental e sustentabilidade na sociedade. Conexão Eletrônica, Três Lagoas, v. 10, n. 1/1, p.301-308, 2013. Disponível em: <http://www.aems.edu.br/conexao/edicaoanterior/>. Acesso em: 01 nov. 2016.
STRAVA. Sobre: Funcionalidades. 2016. Disponível em: <https://www.strava.com/mobile>. Acesso em: 16 nov. 2016.
TRIGO, Luiz Gonzaga Godoi. Turismo Básico. 8. ed. São Paulo: Senac, 2009. 229 p. p.229.
VERDES CANYONS (Praia Grande). Trilha das Piscinas Canyon Malacara. 2016. Disponível em: <http://www.verdescanyons.com.br/detalhes-atividades/5/trilha-das-piscinas-do-canion-malacara/saber-mais/>. Acesso em: 10 nov. 2016.
WILDNER, Wilson; ORLANDI FILHO, Vitório; GIFFONI, Luís Edmundo. Itaimbezinho e Fortaleza: RS e SC. In: WINGE, Manfredo et al (ed.). Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil. 2. ed. Brasília: CPRM, 2009. Cap. 4. p. 99-110. (Volume 2). Disponível em: <http://sigep.cprm.gov.br/>. Acesso em: 26 set. 2016.
WILDNER, Wilson; ORLANDI FILHO, Vitório; GIFFONI, Luís Edmundo. Itaimbezinho e Fortaleza, RS e SC: Magníficos canyons esculpidos nas escarpas Aparados da Serra do planalto vulcânico da Bacia do Paraná. s.d. Disponível em: <http://sigep.cprm.gov.br/sitio050/sitio050_impresso.pdf>. Acesso em: 16 nov. 2016.