Post on 06-Jan-2017
INOVAO EM CADEIA DE VALOR
22 CASOS
INOVAO EM CADEIAS DE VALOR
DE GRANDES EMPRESAS
22 CASOS
Braslia2013
9 788579 570995
ISBN 978-85-7957-099-5
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CONFEDERAO NACIONAL DA INDSTRIA CNI
Robson Braga de Andrade
Presidente
Diretoria de Comunicao
Carlos Alberto Barreiros
Diretor
Diretoria de Desenvolvimento Industrial
Carlos Eduardo Abijaodi
Diretor
Diretoria de Educao e Tecnologia
Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti
Diretor
Diretoria de Inovao
Paulo Ml Junior
Diretor
Diretoria Jurdica
Hlio Jos Ferreira Rocha
Diretor
Diretoria de Polticas e Estratgia
Jos Augusto Coelho Fernandes
Diretor
Diretoria de Relaes Institucionais
Mnica Messenberg Guimares
Diretora
Diretoria de Servios Corporativos
Fernando Augusto Trivellato
Diretor
INSTITUTO EUVALDO LODI IEL
Conselho Superior
Robson Braga de Andrade
Presidente
IEL Ncleo Central
Paulo Afonso Ferreira
Diretor-Geral
Paulo Ml Junior
Superintendente
INOVAO EM CADEIA DE VALOR
DE GRANDES EMPRESAS
22 CASOS
Braslia2013
2013. CNI Confederao Nacional da Indstria.
2013. IEL Ncleo Central.
Qualquer parte desta obra poder ser reproduzida, desde que citada a fonte.
CNI
Diretoria de Inovao DI
CNI
Confederao Nacional da Indstria
Setor Bancrio Norte
Quadra 1 Bloco C
Edifcio Roberto Simonsen
70.040-903 Braslia DF
Tel.: (61) 3317-9000
Fax: (61) 3317-9994
http://www.cni.org.br
FICHA CATALOGRFICA
Confederao Nacional da Indstria.
Inovao em cadeias de valor de grandes empresas:
22 casos. Braslia : CNI : IEL, 2013.
449 p. : il.
ISBN 978-85-7957-099-5
1. Inovao. I. Ttulo. II. CNI
CDU: 62
C748i
Servio de Atendimento ao Cliente SAC
Tels.: (61) 3317-9989 / 3317-9992
sac@cni.org.br
APRESENTAO
1 ALTUS ...................................................................... 11
2 BASF ........................................................................ 25
3 BOSCH ..................................................................... 45
4 BRASKEM ................................................................ 65
5 CAMARGO CRREA ............................................... 85
6 CPFL ........................................................................ 101
7 CRISTLIA ............................................................... 121
8 EMBRAER ................................................................ 147
9 FORD ....................................................................... 165
10 FIAT .......................................................................... 183
11 GE ............................................................................ 205
12 IBM .......................................................................... 221
13 JOHNSON & JOHNSON .......................................... 241
14 KLABIN .................................................................... 259
15 MARCOPOLO .......................................................... 275
16 MICROSOFT ............................................................ 293
17 NATURA ................................................................... 313
18 OXITENO .................................................................. 335
19 PETROBRAS ............................................................ 355
20 SIEMENS ................................................................. 381
21 THYSSENKRUPP ..................................................... 399
22 3M ............................................................................ 438
ANEXO AUTORES E COLABORADORES ...................... 439
SUMRIO
AGRADECIMENTO
A Confederao Nacional da Indstria (CNI) agradece
s 22 grandes empresas e suas equipes na realizao
destes estudos de casos de inovao.
APRESENTAO
INOVAR ESSENCIAL
O aprofundamento da concorrncia global, ampliado pela
crise econmica internacional, tem promovido intensas
transformaes nas estratgias, mtodos e processos
das empresas. Aliado a esse cenrio, o desenvolvimento
de novas mdias e da internet, a consolidao das redes
sociais, os avanos quase dirios da tecnologia, e a
sofisticao e o rigor dos consumidores resultaram numa
nova organizao da produo industrial.
Por tudo isso, inovar absolutamente essencial. A
inovao abre e consolida mercados, ajuda a superar os
concorrentes, reduz custos, aumenta a produtividade, cria
novas competncias na empresa e d sustentabilidade.
No se trata apenas de promover o progresso tecnolgico,
embora isso seja fator intrnseco inovao. A empresa
tambm inova quando desenvolve novos produtos e
processos ou melhora radicalmente aqueles j existentes,
quando d nova organizao produo, e quando agrega
mais valor ou implementa novas formas de comercializao
e relacionamento com clientes e fornecedores.
Inovar, em suma, questo de sobrevivncia para
as empresas.
O governo brasileiro, felizmente, definiu a inovao como um
dos pilares da estratgia de promoo da competitividade.
Essa importante deciso, colocada em prtica por uma srie
de iniciativas como a chamada Lei do Bem, a ampliao
das fontes de fomento e financiamento, a modernizao do
Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), a criao
do programa Cincia sem Fronteiras, o foco do BNDES na
inovao, o reposicionamento estratgico da Financiadora
de Estudos e Projetos (Finep) , certamente contribuir
para colocar o Brasil em posies melhores nos rankings
internacionais de competitividade e inovao.
A Mobilizao Empresarial pela Inovao (MEI) est no
centro dessa evoluo. Criado em 2008 e coordenado pela
Confederao Nacional da Indstria (CNI), o movimento
rene regularmente dirigentes de empresas de ponta, as
federaes de indstrias, e instituies pblicas para sugerir
medidas de estmulo prtica da inovao nas empresas,
e estreitar o dilogo entre iniciativa privada e governo no
campo da inovao.
A mensurao de como a inovao nas grandes empresas
impacta sua cadeia de valor um dos projetos executados
pela MEI. Isso resultou no estudo que rene neste livro 22
casos, todos exemplares.
Encontram-se desde novos conceitos de nibus, avies
executivos e locomotivas a esponja de fibras naturais,
mquina de produo de fio dental, aplicaes de PVC
na construo civil e fabricao de solventes com baixa
emisso de gases volteis. Incluem-se a criao de
embalagens para exportao de frutas frescas, o estmulo
sociobiodiversidade, novas tecnologias de automao
e o primeiro transformador seco submersvel do mundo.
Comprova-se, com estes casos, que o Brasil consegue, sim,
inovar com esforo, ousadia e brilhantismo.
Esperamos que as experincias de sucesso aqui relatadas
se multipliquem por milhares de outras empresas e
intensifiquem a adoo de polticas pblicas de inovao que
coloquem o pas, com firmeza, na rota do desenvolvimento.
Robson Braga de Andrade
Presidente da Confederao Nacional da Indstria (CNI)
altus 1
altus: o sucesso de uma trajetria baseada em desenvolvimento tecnolgico
Em junho de 2011, a empresa gacha Altus surpreendeu
o mercado industrial e o mundo dos negcios no Brasil
ao conquistar um dos mais importantes contratos de
fornecimento de solues em automao do pas nos
ltimos anos. Um total de dez plataformas de petrleo da
Petrobras passariam a contar com as solues integradas,
que foram concebidas, fabricadas e implantadas por essa
empresa localizada no parque tecnolgico da Universidade
do Vale dos Sinos.
Fornecedores tradicionais multinacionais foram suplantados
pela Altus, que durante muito tempo estivera na posio de
fornecedora de produtos e servios para segmentos que
as grandes empresas deixavam em segundo plano. Aps
uma trajetria de trinta anos desenvolvendo tecnologias
e formando competncias em torno do seu negcio de
automao, a empresa, finalmente, tinha chegado l.
Novidade para muitos, essa conquista era tudo, menos
uma zebra na corrida pelos contratos de fornecimento
Petrobras. Por trinta anos, desde a sua fundao, em
1982, a Altus preparou-se para esse desafio galgando
paulatinamente todos os degraus de uma trajetria que , a
esta altura, nica no mercado de tecnologia de automao
do Brasil. E se os planos no estavam traados de modo
preciso, nem os passos seguiram o rigor do planejamento
detalhado. Sob o comando de seus dois dirigentes, a
empresa contava, desde o incio, com os componentes que
lhe permitiriam alcanar esse resultado. O ncleo central
da sociedade e da estratgia empresarial rene dois perfis
muito diferentes: enquanto um dos scios, Luiz Gerbase,
respira tecnologia, o outro, Ricardo Felizzola, pulsa no ritmo
do mercado. Essa complementaridade vem funcionando h
trinta anos.
Nascida sob o perodo da chamada reserva de mercado,
a empresa conviveu com a transio abrupta do incio da
dcada de 1990 e preparou-se para o seu grande salto, no
comeo dos anos 2000. Foi sob a reserva de mercado que
o embrio das competncias empresariais e tecnolgicas
da empresa se formou. Porm, foi no novo ambiente de
abertura e globalizao que a empresa vislumbrou suas
necessidades e definiu os desafios que lhe permitiram alar-
se a um novo patamar.
Entre esses dois mundos to distintos, h um elemento
de continuidade na trajetria da empresa: a tecnologia
como chave mestra de oportunidades. Essa opo nem
sempre a mais fcil, pois raramente os investimentos
em novas tecnologias frutificam na mesma velocidade de
12
CNI INOVAO EM CADEIAS DE VALOR DE GRANDES EMPRESAS 22 CASOS
outros. As incertezas tambm so mais significativas. Por
isso, a escolha da tecnologia prpria como vetor central
do desenvolvimento e da expanso da Altus representa
um elemento de suma importncia na sua estratgia
empresarial, to mais relevante quando se tem em mente
que as opes costumeiras de tantas outras empresas so
as tecnologias de terceiros, por meio de licenciamento e,
eventualmente, de mera representao comercial.
A seguir, mostra-se o caminho percorrido por essa empresa
cujo nome uma referncia h muitos anos. Essa evoluo
e as transformaes que ela produziu criaram a mais
importante empresa brasileira de automao industrial, fato
(ou feito) que a histria do setor torna ainda mais notvel:
contemporneas de nascimento da Altus, muitas outras
empresas h muito desapareceram da cena industrial ou
foram relegadas a posies secundrias, por razes diversas.
a empresa
A visita ao museu dos produtos da Altus oferece uma
perspectiva bastante ilustrativa sobre a sua extraordinria
evoluo nos ltimos trinta anos: as caixas metlicas muito
rsticas que mal escondiam tecnologia com limites
evidentes deram lugar a produtos compactos, de design
funcional e uso prtico, contendo eletrnica e software
capazes de controlar desde equipamentos muito simples a
uma plataforma de petrleo. Mais importante, entretanto,
que foi esse embrio que permitiu Altus acumular
conhecimentos, desenvolver competncias e criar uma
base de clientes que seriam, no futuro, vitais para sua
sobrevivncia e consolidao.
Os primeiros produtos da empresa so avaliados hoje
como muito rudimentares. No obstante, eles ainda esto
operacionais vinte anos ou mais aps serem desenvolvidos
e instalados. Essa , possivelmente, uma caracterstica
especfica dos produtos e servios da Altus: a capacidade
de definir solues adequadas aos clientes, sem excessos
tecnolgicos, com funcionalidades adequadas s demandas
dos usurios, assegurando uma longa vida til e sem
surpresas. Foi assim que a empresa conseguiu, na difcil
passagem da reserva de mercado (que vigorou at o
incio do governo Collor) ao mercado aberto, defender o seu
mercado e sobreviver.
13
1 altus
Breve histrico
A Altus Sistemas de Automao S/A, fundada em 1982 por
Luiz Gerbase e Ricardo Felizzola, no Rio Grande do Sul, atua
nos segmentos de automao e controle de processos
industriais. A origem da empresa remete universidade e
nesse ambiente que a Altus ainda hoje encontra pessoas
interessadas em colaborar com suas necessidades de
pesquisa e desenvolvimento, buscando solues para os
seus problemas presentes e futuros.
A sede da empresa est hoje localizada no Tecnosinos, o
Parque Tecnolgico da Universidade do Vale do Rio dos
Sinos, em So Leopoldo cidade at ento conhecida pela
indstria de calados, mas onde se respira o dinamismo da
indstria e o empreendedorismo do tecido industrial formado
por muitas empresas.
Suas filiais esto situadas nas cidades de So Paulo,
Campinas, Rio de Janeiro, Maca, Belo Horizonte,
Salvador, Curitiba e Sapucaia do Sul. Seu processo de
internacionalizao j criou unidades em outros pases:
Argentina e Chile, na regio mais prxima; Estados
Unidos e Alemanha, dois polos continentais que permitem
proximidade com mercados relevantes e com pases de
produo muito expressiva. A percepo do mundo como
dimenso de oportunidades para a empresa a despeito de
sua localizao numa pequena cidade no entorno de Porto
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CNI INOVAO EM CADEIAS DE VALOR DE GRANDES EMPRESAS 22 CASOS
Alegre e de suas razes brasileiras possivelmente um dos
elementos diferenciadores da Altus com relao a tantas
outras empresas com vocao para o dinamismo.
reas de atuao
A empresa possui diferentes linhas de produtos para
automao industrial (Controladores Lgicos Programveis
CPs, Interfaces Homem-Mquina IHMs e Inversores)
e integrao de sistemas. Atravs dos processos de
integrao, a Altus fornece sistemas de automao em
setores como produo e distribuio de petrleo, gerao,
distribuio e transmisso de energia, saneamento,
siderurgia, transporte e produo de manufaturados.
A Altus hoje controlada por uma sociedade holding
(PARIT Participaes em Inovaes e Tecnologia) que
controla duas outras empresas de tecnologia, sendo uma
delas a sociedade com uma empresa da Coreia do Sul
para encapsulamento e teste de semicondutores no
Brasil. Este parece ser o passo mais ousado do conjunto
empresarial da PARIT, pois a entrada num segmento
industrial mais avanado, no qual o pas possui condies
preexistentes em evoluo, envolve riscos muito distintos
da trajetria gradualista (e sem rupturas) da Altus. Na
rea de automao, as principais tecnologias da empresa
envolvem uma evoluo relativamente lenta, mas
segura, ao longo das trajetrias de automao industrial,
sobretudo nas reas de petrleo e de energia, ao passo
que o grupo ento se apresenta para novos e importantes
desafios tecnolgicos.
a estratgia alinhamento do projeto com o negcio
Durante muitos anos, a Altus sobreviveu e cresceu
apoiada em fatores relacionados ao fechamento do
mercado brasileiro e s especificidades dos mercados
locais. Mas t-lo feito desse modo no nega a matriz
da empresa, calcada em tecnologia, em conhecimento
adquirido inicialmente no mbito universitrio, que depois
foi reunindo novos elementos, numa combinao de
fatores que vo da proximidade com os clientes s feiras
internacionais, passando pela engenharia reversa e pelos
esforos genunos.
O elemento que a Altus valoriza no seu processo de
crescimento e desenvolvimento precisamente a sua
capacidade de captar e consolidar novos conhecimentos.
Foi assim que a empresa conseguiu construir novas
solues, sejam elas mais avanadas ou simplesmente
melhor adaptadas.
15
1 altus
CNI INOVAO EM CADEIAS DE VALOR DE GRANDES EMPRESAS 22 CASOS
16
o elemento que
a altus valoriza
no seu processo
de crescimento e
desenvolvimento
precisamente
a sua capacidade
de captar e
consolidar novos
conhecimentos.
o projeto
O projeto que a Altus definiu como mais emblemtico
de sua histria e de sua trajetria o do controlador
programvel Nexto. A histria do desenvolvimento desse
produto tambm a da transformao da Altus, de
empresa gacha com atuao no mercado brasileiro em
uma empresa com insero internacional e aspiraes
mais amplas: a nova famlia de programadores um
produto classe mundial, desenvolvido para ser integrado
em solues de qualquer origem e em muitas diferentes
atividades de uso.
Em meados da dcada de noventa, a Altus tinha resistido
abertura, mas ainda no tinha perspectivas de futuro muito
claras. Foi ento que a empresa compreendeu alguns dos
problemas que afetavam os seus produtos e o seu negcio:
seus controladores tinham limitadas possibilidades de
utilizao fora do mercado brasileiro. Mesmo neste, com a
abertura do mercado e a forte presena de empresas globais
compradoras desses produtos em muitos pases, somadas
presena local de vrios fornecedores internacionais,
tornavam muito reduzida a possibilidade de sobrevivncia
com produtos customizados. Foi a que a empresa
encontrou, dentro dela, uma reserva de informaes,
conhecimentos e capacidades ainda pouco exploradas: a sua
experincia internacional.
Por um bom perodo (tipicamente, os anos 80), a Altus
foi capaz de sobreviver no seu mercado natural. Apesar
disso, os fundadores da empresa olhavam para o ambiente
externo naquela poca, principalmente para o Japo
como fontes de informao, conhecimento e aprendizado.
A Altus era uma empresa brasileira, mas queria aprender
com o que havia l fora. Era assim que ela definia,
naquela poca, o que fazer aqui dentro. Nessa fase
inicial, o mercado brasileiro era fechado, mas a empresa
era aberta; e essa abertura facilitava a absoro de novas
competncias e possibilidades.
Foi ento que a empresa construiu a ideia de que precisaria
ter um produto capaz de falar a lngua do mundo, capaz de
se comunicar com mquinas e com processos industriais
e de produo em outros pases. S assim poderia ampliar
suas oportunidades no Brasil e criar novas em outros pases.
Entre o reconhecimento dessa necessidade e os meios para
viabiliz-la, era grande a distncia. Foi a que a experincia
internacional, lentamente acumulada, jogou um papel
importante: a Altus firmou uma parceria com empresas
de outros pases para viabilizarem juntas uma estratgia
de desenvolvimento de produtos capazes de encontrar
mercados em todos os pases.
17
1 altus
As empresas que definiram, junto com a Altus, uma
estratgia de cooperao para desenvolvimento de soluo
prpria provinham de trs pases: ndia, Repblica Tcheca
e Taiwan. Sendo empresas de dimenses relativamente
similares, o projeto apresentava, para todas elas, a evidente
vantagem do compartilhamento de custos, mas tambm
oferecia, a cada uma, a possibilidade de contribuir com a sua
melhor competncia, ao mesmo tempo em que facilitava,
pela participao das demais, um atalho eficaz para a
superao de deficincias. Ademais, sendo empresas de
origens muito distintas, o projeto tinha, desde partido incio,
horizontes mais amplos. Tudo isso lhes permitiria defender o
seu mercado de atuao nacional (para todas, o principal at
ento) e conquistar novos mercados.
Metodologia
No se pode afirmar que a Altus possua metodologia
de inovao estabelecida de forma ortodoxa, apesar
de processos bem definidos relativos pesquisa e
desenvolvimento de novos processos e produtos, posto
que ainda existe certo grau de flexibilidade e fluidez nos
processos internos da empresa. Entretanto, possvel
constatar que ela tem forte compromisso com a mudana
em direo a produtos que possam agregar funcionalidades
e desempenho a seus sistemas e, por meio deles, aos
processos de seus clientes.
No caso do seu produto principal, o Nexto, o elemento
divisor de guas foi a percepo de desafio de grande
envergadura, associado a uma grande oportunidade. A
transformao dos controladores da Altus em produtos
de classe mundial era evidentemente um grande desafio,
mas esse desafio estava em correspondncia com as
oportunidades. Se havia muito a fazer, havia tambm frutos
importantes a colher. E o principal deles era a transformao
da Altus: de empresa confinada ao mercado nacional (e
pouco mais) em empresa brasileira com possibilidades de
atuao em mltiplos mercados.
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CNI INOVAO EM CADEIAS DE VALOR DE GRANDES EMPRESAS 22 CASOS
Havia ainda dois conjuntos de circunstncias que favoreciam
uma avaliao positiva das possibilidades. O primeiro
era a experincia acumulada tanto no desenvolvimento
tecnolgico das geraes anteriores de produtos e nos
sistemas integrados como na experincia internacional,
fruto de numerosas viagens para feiras, congressos, visitas
tcnicas e prospeco de oportunidades. O segundo
elemento favorvel foi construdo no prprio caminho, por
meio das parcerias firmadas com empresas congneres de
outros pases.
resultados para a empresa
O projeto do novo controlador alou a Altus da condio
de empresa dedicada ao mercado brasileiro, com poucas
oportunidades externas, para uma empresa com potencial
de atuao global. Com seu novo produto, a Altus pode
atuar hoje no mercado europeu, por meio de seu parceiro e
acionista sueco. tambm com ele que os produtos da Altus
conseguem compor sistemas de automao e controle com
desempenho capaz de atender s necessidades de clientes
mais exigentes como a Petrobras. Foi assim que a empresa
conseguiu superar fornecedores tradicionais (grandes
empresas multinacionais) e conquistar, por desempenho
tcnico, um contrato que todos cobiaram e se empenharam
para conquistar.
O Nexto parte de uma nova plataforma de hardware que
possibilitou a incluso de mltiplas funcionalidades que
os controladores programveis anteriores no forneciam.
O processamento de dados, novos perifricos e uma
nova tecnologia no barramento baseada em Ethernet
de alta velocidade, foram essenciais para fornecer uma
nova experincia aos usurios. Alm disso, o sistema de
diagnsticos avanados disponibiliza informaes dos
mdulos em vrios nveis: estruturas de dados para uso
na aplicao, pginas web da UCP e atravs do boto de
diagnstico dos mdulos pode ser identificado o problema
no visor grfico da UCP (Unidade Central de Processamento).
19
1 altus
O MasterTool IEC XE, ferramenta de programao e
configurao da Altus, oferece simulao e depurao da
aplicao e suporta as cinco linguagens de programao
da norma IEC 61131-3 e uma linguagem adicional. Alm
de tornar muito simples a configurao e a incluso
dos mdulos da srie atravs de um editor grfico, a
configurao PROFIBUS realizada na mesma ferramenta
sem a necessidade de softwares adicionais.
Outras caractersticas inovadoras includas foram o
armazenamento do cdigo fonte no prprio controlador,
os nveis de direitos de acesso tanto na UCP quanto no
projeto, as reas de memria para armazenamento de
dados do usurio, a expanso de memria de dados
atravs de carto de memria, a reutilizao de cdigos
(uso de blocos funcionais), a atualizao do firmware das
UCPs em campo, as UCPs com um elevado desempenho
com capacidade de executar 1000 laos PID (Proporcional
Integral Derivative) em menos de 5ms, a no utilizao
de bateria para manuteno de memria e a operao
do relgio de tempo real. A Srie Nexto tambm permite
a utilizao de maior quantidade de expanses de
barramento e mdulos, e os mdulos de entrada e sada
possuem um mecanismo inovador patenteado para
insero e extrao de conectores.
Foram investidos milhares de horas em especificao,
desenvolvimento e validao em todas as partes que
compem os mdulos, como hardware, mecnica, firmware
embarcado, assim como na ferramenta de programao/
configurao. Foram necessrias viagens nacionais e
internacionais para tratar diretamente com os fornecedores
os detalhes sobre como deveria ser o projeto e se havia
viabilidade nas especificaes propostas. Tambm um
esforo muito grande foi empregado nas comunicaes
entre os envolvidos no projeto para, no fim, gerar os
produtos. Todo esse esforo envolveu uma participao
mais intensa da universidade na concepo da srie e
durante a fase de testes dos produtos. Durante o tempo de
desenvolvimento, houve a integrao de novas tecnologias
que foram incorporadas aos produtos. A parceria com
diversos fornecedores envolveu um trabalho muito forte
de diferentes procedncias nacionais com o propsito de
garantir que as especificaes fossem atendidas.
Com a Srie Nexto, a Altus consegue se firmar e competir
em igualdade com os grandes fabricantes com posies de
destaque no mercado em que atua. Os produtos gerados
no so inferiores aos dos concorrentes e, por ser um
produto de classe mundial, a Srie Nexto abre as portas do
mercado mundial de automao para a Altus.
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CNI INOVAO EM CADEIAS DE VALOR DE GRANDES EMPRESAS 22 CASOS
ao longo da sua
trajetria, a altus
nunca deixou
de desenvolver
um elo de
relacionamento,
presente
desde a sua
fundao, com a
universidade.
21
1 altus
resultados para a cadeia de valor
Uma empresa como a Altus depende de fornecedores
qualificados, capazes de acompanhar a sua evoluo. A
trajetria de expanso internacional da empresa colaborou
para que ela pudesse dispor de solues adequadas aos
padres globais. Isso ajuda a trazer para dentro de casa
necessidades novas e diferenciadas. O atendimento
dessas necessidades exige relacionamento prximo
com fornecedores e, por vezes, um desenvolvimento
cooperativo que assegure o alcance desses padres. A
internacionalizao da Altus representa uma promoo da
indstria local a padres superiores de capacitao tcnica,
eficincia e competitividade.
Adicionalmente, a presena de tecnologia brasileira no
mercado internacional contribui para a construo de uma
imagem mais forte em mercados aplicveis, onde a presena
de muitos possveis fornecedores torna o processo de
venda necessariamente mais qualificado. Assim, a indstria
brasileira desenvolve, mesmo que de forma incipiente,
uma imagem de capacitao que pode transbordar para
outras empresas. Quanto mais empresas do pas tiverem
tal presena internacional e puderem estar associadas a
atributos de tecnologia, qualidade e eficincia tcnica, tanto
menores tendero a ser as barreiras penetrao de outras
empresas nesses mercados.
22
CNI INOVAO EM CADEIAS DE VALOR DE GRANDES EMPRESAS 22 CASOS
Ao longo da sua trajetria, a Altus nunca deixou de
desenvolver um elo de relacionamento, presente desde a
sua fundao, com a universidade. Sua origem no ambiente
universitrio de pesquisa e a familiaridade de seus scios
com os usos e costumes desse universo permitiu evitar
a formao do estranhamento que frequentemente existe
entre os dois ambientes. Por um lado, a empresa possui
como regra necessidades e demandas com horizontes
temporais mais estreitos, mesmo quando sua viso de longo
prazo est bem estabelecida. Por outro lado, a universidade
(ou as instituies de pesquisa de maneira geral) possui
horizontes temporais mais dilatados e objetivos especficos
menos delimitados. Construir convergncias entre esses
dois mundos, organizados em torno de objetivos que
podem ser muito diferentes, exige, por parte de ambos
os lados, a compreenso das diferenas. Evidentemente,
o conhecimento prvio do funcionamento da pesquisa
cientfica e tecnolgica no ambiente universitrio, no qual
os objetivos concretos so muitas vezes mais difusos
ou difceis de apreender, contribui para a superao das
distncias e para a fixao de objetivos realistas. A origem da
Altus facilita que a comunicao ocorra de modo mais fcil e
que os mecanismos de cooperao possam funcionar com
agilidade e eficincia.
Ainda no tocante aos recursos humanos, uma das
caractersticas diferenciadas da empresa a sua
familiaridade com o ambiente externo, com o mundo dos
negcios em outros pases. Essa experincia acumulada,
a partir da iniciativa pioneira de seus fundadores, permitiu
formar um corpo de pessoas executivos, gerentes e
tcnicos com facilidade de trnsito internacional. Esse
um ativo que a Altus possui em intensidade muito superior
ao de outras empresas, mesmo empresas com proporo de
exportaes mais elevada que ela.
fotografias
Foto 1 (abertura) Pgina 11 Laboratrio de testes. Crdito: Divulgao Altus.
Foto 2 Pgina 14 Verificao de produtos. Crdito: Divulgao Altus.
Foto 3 Pgina 16 Testes e Simulaes do CLP Nexto. Crdito: Divulgao Altus.
Foto 4 Pgina 18 Foto ilustrativa: placa de circuito impresso. Crdito: Canstock.
Foto 5 Pgina 21 este de Funcionalidades da Srie Nexto. Crdito: Divulgao Altus.
Foto 6 Pgina 22 Montagem de mecnica diferenciada do CLP Nexto. Crdito: Divulgao Altus.
23
1 altus
perspectivas futuras
A principal lio aprendida pela Altus envolve a
necessidade de adaptao a ambientes institucionais
muito volteis: nascida na reserva de mercado, a empresa
adaptou-se ao ambiente da abertura do mercado. Essa
abertura teve, alis, uma dimenso dupla. Inicialmente,
produtos do mundo todo passaram a ter acesso ao
mercado brasileiro, ampliando o leque de escolhas das
empresas locais usurias. Em segundo lugar, mas no
menos importante, empresas multinacionais lderes
do mercado de automao e com presena local
(industrial ou no) passaram a poder apresentar as suas
solues globais aos clientes brasileiros e s empresas
multinacionais aqui instaladas.
Essa dupla fonte de competio reforou e acelerou a
busca, pela Altus, de um padro global de produtos e
tambm de parcerias. Nesse processo de busca, a empresa
continua inserida de modo muito ativo. Os mercados de
tecnologia ou de produtos com forte dimenso tecnolgica
envolvem escolhas de natureza fortemente tcnica. Isso
vlido, sobretudo, quando os produtos possuem uso
industrial e determinam a competitividade e a segurana dos
processos de outras empresas. Segurana e confiabilidade
so elementos-chave nos processos de automao, visto
que qualquer falha envolve custos e riscos extremamente
elevados. Por esta razo, riscos antecipados pelas empresas
compradoras de solues precisam ser superados ou
mitigados com elementos objetivos consistentes.
A experincia internacional da Altus pode ser considerada
precoce, pelo menos para os padres brasileiros. O mercado
interno (relativamente avantajado) e a geografia brasileira
(afastada dos grandes eixos de comrcio) facilitaram
o isolamento e a dependncia das empresas de quase
todos os setores do seu mercado interno. por isso
que a internacionalizao particular da Altus constitui uma
singularidade importante. Como foi que aquela ento
pequena empresa gacha foi se lanar no empreendimento?
A ousadia da experincia internacional revelou-se muito
importante quando o mercado brasileiro foi aberto e,
em seguida, quando a Altus concebeu o seu plano de
desenvolver e fabricar produtos classe mundial.
possvel que mesmo o vislumbre dessa necessidade e
das oportunidades oferecidas pelo ambiente internacional
sequer fosse percebido se a empresa no possusse na sua
constituio essa sua vocao internacional. E de onde ela
vinha? A resposta mais provvel, a julgar pelas entrevistas
e depoimentos das pessoas que conhecem o ambiente da
empresa e a sua dinmica, a existncia de certa dose de
arrojo por parte dos fundadores: mesmo sem uma agenda
internacional clara e objetiva, a empresa compreendia que
deveria frequentar esse ambiente para se capacitar a voos
mais ousados. E assim o fez.
rEfErNCias
CASAIS, Rosana. Os desafios do processo de internacionalizao de novos produtos. 1 abr. 2013. Entrevista concedida Elabora Consultoria.
FELIZZOLA, Ricardo Menna Barreto. Insero da indstria nacional no mercado de microeletrnica. 1 abr. 2013. Entrevista concedida Elabora Consultoria.
GERBASE, Luiz Francisco. Estratgia de inovao da Altus: evoluo e novos desafios. 1 abr. 2013. Entrevista concedida Elabora Consultoria.
TREIN, Fernando. O processo de P&D e inovao da Altus. 1 abr. 2013. Entrevista concedida Elabora Consultoria.
24
CNI INOVAO EM CADEIAS DE VALOR DE GRANDES EMPRESAS 22 CASOS
BASF 2
26
CNI INOVAO EM CADEIAS DE VALOR DE GRANDES EMPRESAS 22 CASOS
EFicinciA EnErgticA E SuStEntABilidAdE nA conStruo civil: A casaE
A BASF uma das empresas mais inovadoras do mundo,
como testemunham seu compromisso secular com
pesquisa e desenvolvimento (P&D), seu contingente de
pesquisadores e seu portflio de patentes. O lema atual
da empresa reafirma o compromisso com a tecnologia e
a inovao ao propor transformar a qumica para oferecer
solues inovadoras1. No mbito de sua atuao em
inovao, a BASF priorizou no mundo investimentos no
mercado da construo, campo estratgico para a empresa
nos prximos dez anos2.
No Brasil, o investimento que simboliza essa opo a
construo da CasaE, um projeto desenvolvido com a
reunio de tecnologias mais eficientes e sustentveis. A
casa brasileira foi a primeira construda em clima subtropical,
apresentando condies diversas de suas congneres em
pases como Alemanha, Argentina, Coreia do Sul, Estados
Unidos, Frana, Inglaterra, Itlia, Hungria e Polnia. A CasaE
1 Fonte:
27
2 BASF
tecnologias de demanda global, classificadas pela BASF
como grandes desafios para os prximos anos, que serviro
como direcionadores da expanso da empresa. O projeto
envolveu quase duas dezenas de parceiros. Em vrios
casos, a aplicao das tecnologias foi realizada em parceria
com empresas brasileiras e estrangeiras. Algumas dessas
tecnologias eram inditas no mercado brasileiro, outras
existiam no portflio local da BASF e foram incorporadas
CasaE. Alm disso, cada parceiro identificou junto BASF as
solues mais aderentes proposta da CasaE.
O principal diferencial da casa concebida e construda
pela BASF sua eficincia energtica. De acordo com
a empresa, e baseado no World Business Council for
Sustainable Development3 (WBCSD), a etapa de construo
e os materiais de um edifcio representam 40% do gasto
total de energia ao longo do ciclo de vida da edificao. Por
isso, todos os esforos para projetar e implantar solues
eficientes, desde a concepo do projeto, passando pela
execuo e operao, so altamente compensadores em
termos de sustentabilidade. O maior desafio que a BASF
visualiza para a CasaE e para a disseminao das tecnologias
da empresa voltadas para a construo civil no Brasil a
superao de uma cultura conservadora, na qual imperam
prticas bastante arraigadas, influenciadas pela permanncia
de formas tradicionais de construo.
A CasaE pretende contribuir para que a indstria de
construo civil e toda a sua cadeia dos arquitetos
aos compradores, passando pelas construtoras, pelos
trabalhadores que executam a construo, pelos
rgos certificadores e organismos reguladores
possam incorporar os novos produtos, difundindo-os
e contribuindo para edificaes mais confortveis,
duradouras e cada vez mais sustentveis. Este o grande
desafio da BASF para desenvolver os novos mercados que
priorizou em sua estratgia.
3 Fonte:< http://www.wbcsd.org/work-program/sectorprojects/buildings/eeb-manifesto.aspx>
28
CNI INOVAO EM CADEIAS DE VALOR DE GRANDES EMPRESAS 22 CASOS
A EmprESA
A BASF uma das maiores empresas qumicas do mundo.
De origem alem, com sede em Ludwigshafen, foi fundada
em 1865. Suas unidades de produo esto distribudas
em 39 pases, incluindo quase todos os que compem
a Amrica do Sul, e mantm relaes comerciais com
clientes em mais de 170 pases. A empresa possui um
portflio de mais de 8.000 produtos (plsticos, poliuretanos,
qumicos industriais, produtos de performance, tintas e
qumica fina, at petrleo cru e gs natural), atuando nos
setores de agricultura e nutrio, qumicos, produtos de
performance, plsticos e petrleo e gs.
A BASF atua em 13 principais mercados: Care Chemicals;
Nutrio e Sade; Qumicos Industriais; Qumicos de
Performance; Qumicos para Papel; Tintas; Poliuretanos;
Petrleo e Gs; Polmeros de Performance; Disperses
e Pigmentos; Proteo de Cultivos; Catalisadores e
Qumicos para Construo.
Atualmente, a empresa possui mais de 110.000
colaboradores4, dos quais cerca de 5% so funcionrios da
BASF Amrica do Sul5 e 4.352, do Brasil, onde sua atuao
remonta a 1911. Com sede em So Paulo, a empresa possui
fbricas e filiais na Bahia (Camaari), Pernambuco (Jaboato
dos Guararapes) e outras oito unidades no estado de So
Paulo (Guaratinguet, So Bernardo do Campo no bairro do
Demarchi e na Anchieta , Indaiatuba, Mau, Santo Antnio
de Posse, Paulnia, Vila Prudente e Jacare).
Alm das unidades industriais e comerciais, a BASF Brasil
detm uma dentre as seis estaes experimentais6 da
empresa no mundo, a nica localizada na Amrica Latina (em
Santo Antnio de Posse, SP). Ela possui ainda sete centros
experimentais avanados7 no pas: em Mato Grosso (Lucas
do Rio Verde), Minas Gerais (Uberlndia), Gois (Goinia), So
Paulo (Ribeiro Preto), Paran (Ponta Grossa e Bandeirantes)
e Rio Grande do Sul (Santa Brbara).
4 Fonte: http://www.BASF.com/group/about-BASF/employees
5 Fonte: http://www.BASF.com.br/ra2011/portugues/indexhtml#/60/zoomed
6 As estaes experimentais da BASF operam como centros de pesquisa e desenvolvimento de proteo de culturas agrcolas. Os centros conduzem estudos laboratoriais e testes de menor escala e de campo.
7 Os Centros Experimentais Avanados (CEA) conduzem estudos de eficcia biolgica e fitotoxicidade de agroqumicos para o controle de doenas, plantas daninhas e pragas. Os centros podem emitir laudos para fins de registro junto ao Ministrio da Agricultura.
29
2 BASF
Em 2012, as vendas globais da BASF superaram 72 bilhes
de euros. Em conjunto, Amrica do Sul, frica e Oriente
Mdio (agregao utilizada pela BASF na divulgao de seus
resultados) responderam por mais de 4 bilhes de euros.
A Amrica do Sul se destaca pela relevncia geogrfica e
econmica no segmento de proteo de cultivos, tambm
com forte crescimento dos investimentos em inovaes
dirigidas para os segmentos ligados construo.
EStrAtgiA dE inovAo
A necessidade da sociedade por construes mais
sustentveis e a projeo de contnuo crescimento desse
mercado so duas das principais razes que levaram a BASF
a investir no desenvolvimento da CasaE. O propsito da
empresa transformar a qumica para um futuro sustentvel
to vlido para o mercado da construo civil como
para outras reas de atuao da empresa no Brasil. Para a
aplicao de solues nesse mercado, e em especial no
projeto da CasaE, parcerias com clientes e outros atores
foram muito importantes.
A BASF, por meio da cincia e da inovao, possibilita o
atendimento das atuais e futuras necessidades de seus
clientes e da sociedade em geral8. No mundo todo, a BASF
8 Fonte: http://www.BASF.com.br/?id=7618
investe cerca de 1,4 bilho de euros por ano em Pesquisa e
Desenvolvimento (P&D), dos quais aproximadamente 25%
so destinados a pesquisas na rea de proteo de cultivos.
Essa uma das divises da empresa com maior crescimento
na Amrica do Sul em termos de faturamento. No Brasil, so
cerca de R$ 100 milhes investidos anualmente em P&D. A
empresa vem investindo principalmente em inovaes em
qumicos para os setores de minerao, petrleo, construo
e higiene pessoal e cosmticos9.
A estratgia global de inovao da BASF envolve o
desenvolvimento conjunto de projetos e tecnologias com
parceiros. Existem 600 parcerias da BASF no mundo com
universidades, institutos de pesquisa e outras organizaes10.
No Brasil, a BASF conta com parcerias voltadas inovao
de produtos e processos com a Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuria (Embrapa) e, mais recentemente,
o convnio de cooperao com a Universidade Estadual
de Maring, com o Centro de Tecnologia Canavieira, e um
protocolo de inteno para a construo de um Parque de
Inovao em Braslia, com a Universidade de Braslia e com a
Building Research Establishment BRE.
9 Fonte: http://exame.abril.com.br/gestao/noticias/por-quena-BASF-inovacao-e-palavra-chave
10 BASF. Report 2012. Disponvel em: . Acesso em: 2013.
A estratgia
global de
inovao da
BASF envolve o
desenvolvimento
conjunto de
projetos e
tecnologias com
parceiros.
30
CNI INOVAO EM CADEIAS DE VALOR DE GRANDES EMPRESAS 22 CASOS
o projEto
A CasaE uma iniciativa global da BASF para o
desenvolvimento de solues capazes de integrar produtos
qumicos avanados e tcnicas de construo mais
sustentveis. No Brasil, a CasaE foi desenvolvida pela unio
de tecnologias de cinco unidades de negcio da BASF, em
parceria com diversas outras empresas do segmento de
construo, envolvendo empresas multinacionais de origem
brasileira e estrangeiras instaladas no Brasil. As unidades de
negcio foram coordenadas por um lder responsvel pela
construo da casa. Cada uma dessas unidades de negcio
da BASF e parceiros devero se beneficiar do mtodo de
divulgao e promoo comercial propiciado pela CasaE.
O projeto consiste no desenvolvimento de solues que
atendam a todas as etapas previstas em obras civis.
A existncia, em muitas dessas etapas, de processos
e mtodos muito distintos do processo convencional
empregado no Brasil representou um importante desafio
para a BASF. A empresa precisou ainda investir em esforos
para criar essas solues.
A CasaE brasileira uma dentre dez casas da BASF
construdas no mundo e a segunda a ser erigida na Amrica
do Sul a primeira foi na Argentina. O principal desafio da
BASF Brasil foi a aplicao de produtos que no existiam
no mercado brasileiro, tendo sido necessrio respeitar as
condies especficas do pas, em especial as climticas
muito diversas daquelas encontradas nos pases que
abrigam as outras nove casas. As condies da mo de obra
local, treinada em mtodos tradicionalmente empregados
e nem sempre preparada para lidar com outras tecnologias,
tambm representaram um desafio de ordem prtica.
Ainda mais desafiador o contexto geral das prticas de
construo no Brasil, por exemplo, na opo corriqueira de
se utilizar a laje cermica para construo: pesada, difcil de
instalar, incapaz de produzir conforto trmico ou acstico, que
sobrecarrega a estrutura e induz a desperdcio de materiais
e, posteriormente, de energia e, portanto, de alto impacto
ambiental. Ciente desse quadro de desconhecimento de
solues mais contemporneas e efetivas, com o emprego
de materiais qumicos com propriedades superiores, a BASF
props a construo da CasaE para apresentar suas solues
e inovaes para esse tema ao pblico e mercados, decidindo
inseri-la na malha urbana da cidade de So Paulo.
O desenvolvimento desta casa-conceito tem a finalidade de
difundir informao e conhecimento sobre diversos produtos
e solues inovadoras da BASF para o ramo da construo
civil. A casa rene, em um nico espao, tecnologias que
atendem s demandas globais que, segundo avaliao da
empresa, so grandes desafios para os prximos anos. A
BASF decidiu ento adot-las como direcionadores dos seus
processos de inovao e sustentabilidade.
2 BASF
31
32
CNI INOVAO EM CADEIAS DE VALOR DE GRANDES EMPRESAS 22 CASOS
O mercado de construo considerado prioritrio e vem
recebendo investimentos no Brasil como parte da estratgia
da BASF para os prximos dez anos. So exemplos a
inaugurao, em 2008, da primeira fbrica de PCE (ter
policarboxilato) da Amrica do Sul, em Guaratinguet, So
Paulo; a construo, em 2012, do novo complexo Acrlico
de Camaari, Bahia, com investimentos de cerca de 500
milhes de euros; e o investimento de R$ 100 milhes na
plataforma de P&D aplicada ao desenvolvimento industrial e
competitividade.
A CasaE brasileira possibilita ao mesmo tempo
funcionalidade residencial ou no escritrio. Nesse ambiente,
as cinco unidades de negcios da BASF podero mostrar
aos potenciais clientes e outros parceiros do mercado da
construo civil as vantagens dos 33 produtos integrados
a diversas solues para o setor civil, alm das solues
dos parceiros. A CasaE est localizada na zona sul de So
Paulo. Sua construo demandou cerca de treze meses,
ao passo que seu planejamento, um ano. Foram investidos
cerca de R$ 3 milhes. A casa possui elementos tipicamente
residenciais (quartos, cozinha, varanda com churrasqueira)
combinados com elementos do ambiente empresarial
(auditrio para 40 pessoas e sala de reunies executiva).
O projeto de construo contou com 18 parceiros nacionais
e internacionais: Tigre, Leroy Merlin, Deca, Elevadores Atlas
Schindler, Grupo Bosch, Gerdau, Guardian, Grupo Knauf,
Daikin, Leicht, Arquivo Vivo Locao, Supermix, Veka, Philips,
OWA, Isoeste, Whirlpool e Nespresso. Com alguns desses
parceiros, foi realizada transferncia de tecnologia da BASF
e foram desenvolvidos ou adaptados produtos. O projeto foi
executado pelo escritrio de arquitetura e gerenciamento
da obra Athi Wohnrath. Para a construo da CasaE, foi
necessrio tambm o desenvolvimento de fornecedores
locais, por exemplo, a PLM Construo e a Obraplan.
O principal diferencial da casa sua eficincia energtica.
Placas solares captam energia solar para aquecimento da
gua e painis fotovoltaicos que fornecem parte da energia
consumida na casa e vidros especiais garantem a entrada de
luz natural sem aquecer demais o local. Alm disso, a casa
proporciona maior conforto trmico, sendo que as tcnicas
utilizadas permitem uma rpida construo, sem comprometer
o design e a arquitetura do projeto. O principal objetivo do
projeto mostrar que mtodos, tcnicas e produtos utilizados
na CasaE podem ser utilizados tanto em construes de
grande porte como em moradias comum, sendo acessveis
ao mercado brasileiro e apresentando vantagens ambientais
e econmicas (menor consumo de energia e outros recursos
naturais, aumento da produtividade, reduo do tempo de
construo e de mo de obra).
A casaE brasileira
possibilita ao
mesmo tempo
funcionalidade
residencial ou
no escritrio.
33
2 BASF
O projeto de construo proposto pela BASF consiste em
blocos de poliestireno expandido da BASF em Sistema ICF
(Insulated Concrete Formwork) e lajes fabricadas com o mesmo
material. Tais solues proporcionam um isolamento trmico
muito eficiente. As peas de poliestireno expandido (EPS, na
sigla em ingls) so fabricadas na empresa industrial (que
expande a matria-prima da BASF), montadas no canteiro,
recheadas por armaduras de concreto usinado de modo
rpido e fcil (em balde ou bombeado por mangueira), sendo
depois lixadas para alinhamento e colocao de uma tela de
polipropileno (PP) sobre a qual aplicado o reboco (formado
por cimento ou argamassa com aditivos) para adeso ao bloco
de EPS e tela de PP. Espumas especiais, no propagadoras de
chama, so aplicadas no teto para conforto acstico.
As disperses e os pigmentos da BASF apresentam
diferenciais para as tintas, vernizes, adesivos e materiais de
construo aplicados na CasaE, bem como no controle da
temperatura, proporcionando conforto trmico e contribuindo
diretamente para a economia de energia. Os arquitetos
podem, com esta soluo, usar, por exemplo, a cor preta em
ambientes expostos ao sol sem temer os efeitos trmicos.
A linha de produtos base poliuretano ajudam no conforto
trmico, na reduo no consumo de energia e oferecem
compostos para a construo de pisos drenantes que evitam
34
CNI INOVAO EM CADEIAS DE VALOR DE GRANDES EMPRESAS 22 CASOS
o acmulo de gua no piso. O ambiente externo possui
dois tipos de piso: o concreto permevel e um composto
aglutinante base poliuretano. Esses pisos no somente
evitam o acmulo de gua como tambm permitem a
recuperao da gua drenada para reso, por exemplo, na
limpeza geral ou rega de plantas. O concreto permevel
possui elevada resistncia e presta-se, entre outras
finalidades, a reas de baixa circulao de veculos, enquanto
o piso de composto aglutinante destina-se principalmente a
reas tipicamente residenciais, para a circulao de pessoas.
Os produtos qumicos para construo aumentam a
eficincia da hidratao do cimento, reduzindo o uso de
gua e emisses de CO2 e garantem maior flexibilidade
s operaes. Tambm esto presentes produtos para
revestimento, impermeabilizantes e antiderrapantes.
Foram utilizadas tintas imobilirias do segmento premium,
Suvinil, pertencente BASF. A tinta com propriedade
antibacteriana, aprovada pela Anvisa, foi utilizada na parte
interna da residncia, levando preveno de colonizao
de 99% das bactrias nas paredes e na fachada da casa foi
utilizada tinta antifissura. As tintas possuem baixos teores
de compostos orgnicos volteis (VOC, na sigla em ingls),
uma tendncia mundial que a BASF tambm pratica no
mercado brasileiro.
Metodologia
As estruturas das paredes e da laje da CasaE foram
inteiramente construdas com blocos de poliestireno expandido
contendo microcpsulas de grafite, que possuem a capacidade
de refletir a radiao infravermelha, responsvel pela gerao
de calor. Com isso, o composto capaz de proporcionar
isolamento trmico 20% superior ao do poliestireno expandido
(isopor) convencional. A utilizao desse material em
associao a outros mtodos para controle de temperatura,
como esquadrias de PVC, vidros duplos e tinta base de
pigmento frio, permite alcanar um nvel superior de conforto
trmico e, ao mesmo tempo, reduzir o consumo de energia.
Portanto, os benefcios do produto e da tcnica associada
consistem na possibilidade de construir uma parede
estrutural convencional, bem como fechamento regular
substituto alvenaria, mas com maior conforto trmico,
reduzindo custos com o uso reduzido do ar condicionado
ou da calefao. A tecnologia ainda permite que as paredes
sejam mais finas e leves. A montagem dos blocos de EPS
cerca de quatro vezes mais rpida do que a de blocos
convencionais de cermica ou concreto, diminuindo
sobremaneira o impacto e o volume dos resduos de
construo. A tecnologia com microcpsulas de grafite
possui benefcios adicionais, como repelncia gua, boa
rigidez, estabilidade dimensional e elevada resistncia
degradao e ao envelhecimento.
35
2 BASF
Alm da estrutura de EPS, algumas paredes dos quartos e da
guarita foram construdas com a utilizao de uma espuma
rgida de poliuretano. O uso desse material proporciona:
economia de energia, pois mantm a temperatura estvel
por mais tempo sem a necessidade de utilizao de ar
condicionado ou outras formas de resfriamento;
agilidade de construo, pois pode ser empregado na
fabricao de peas pr-fabricadas, que substituem
o uso de tijolos e concreto, que exigem maior tempo
de secagem;
leveza na construo, pois seu uso dispensa a utilizao
de outros materiais como trelias, por exemplo, reduzindo
tambm o custo da obra. Uma placa desse material
tem eficincia equivalente de placas de l de vidro ou
concreto com espessuras muito maiores.
Outra estratgia empregada na estrutura da CasaE para
proporcionar conforto trmico foi a aplicao de materiais
que incorporam composto de transio de fase (Phase
Change Material PCM) em algumas paredes internas.
Esse composto de microcpsulas de polmero recheadas
com ceras de parafina se liquefaz (derrete) a temperaturas
prximas da ambiente. Para que isso ocorra, a cera
utiliza a energia do ambiente, provocando assim queda
de temperatura. Durante a noite, quando em geral a
A boa fluidez
do concreto
aditivado
dispensa a
utilizao de
mquinas e
outras tcnicas
para assent-lo.
temperatura mais baixa, ocorre o processo inverso: a cera
se solidifica, liberando para o ambiente o calor armazenado
durante o dia.
Os blocos de poliestireno expandido utilizadas para a
construo da estrutura da CasaE demandam um concreto
mais fluido, capaz de preencher toda a extenso da
cavidade dos blocos. Na CasaE foi utilizado um aditivo
base de ter policarboxilato para garantir boa fluidez
ao concreto, favorecendo o rpido preenchimento da
cavidade do bloco. Outras vantagens atribudas ao uso do
aditivo incluem: aumento de at 20% na resistncia do
concreto; exigncia de menor quantidade de gua (at 30%
de reduo) e de concreto, contribuindo para a reduo
de custos e uso de recursos naturais. A boa fluidez do
concreto aditivado dispensa a utilizao de mquinas e
outras tcnicas para assent-lo, diminuindo tambm gastos
com mo de obra.
Para adequar as propriedades do aditivo s caractersticas
do concreto brasileiro, a BASF realizou um trabalho de
desenvolvimento durante dois anos, avaliando diferentes
molculas de derivados policarboxilatos. O cimento
comumente produzido no Brasil possui caractersticas
prprias muito diversas do mesmo produto em outros
pases. Para o projeto da CasaE, foram criados dois novos
grades de molculas de policarboxilatos que possuem
tamanho de cadeia e densidade de carga diferenciados. As
36
CNI INOVAO EM CADEIAS DE VALOR DE GRANDES EMPRESAS 22 CASOS
molculas foram testadas por instituies nacionais, como
a Universidade de So Paulo (USP), o Instituto de Pesquisas
Tecnolgicas (IPT) e a Associao de Cimento Portland.
Na calada e no passeio da CasaE foi aplicado um
composto aglutinante de poliuretano, cujo principal objetivo
era tornar as superfcies altamente permeveis, permitindo
o reso da gua drenada na irrigao do jardim ou limpeza
geral, por exemplo. Enquanto o tempo de cura do concreto
convencional de sete a dez dias, o uso do composto
aglutinante de apenas 24 horas aps a aplicao. A
permeabilidade da superfcie com o composto aglutinante
de poliuretano pode alcanar 87%, dependendo do
substrato onde aplicado.
J os blocos monolticos, principal soluo utilizada no Brasil
para a construo de pavimentos permeveis, possuem
capacidade de drenagem de 40 a 50%. Alm dessa
vantagem, o composto aglutinante permite a confeco de
um piso monoltico, sem emendas, no necessitando de
juntas de dilatao. Isso proporciona reduo de custos,
porque no necessrio transportar blocos grandes e
pesados. Essa soluo tambm confere liberdade ao
projetista, pois, sendo transparente, permite maior variedade
de cores e formatos do pavimento. A porosidade conferida
s superfcies pelo uso do composto permite a troca gasosa
do solo com o ambiente e a captao de gua por meio da
instalao de um sistema de coleta, por exemplo.
37
2 BASF
A ltima etapa da construo a aplicao dos
revestimentos tambm contou com a aplicao de
produtos sustentveis. As tintas convencionais, mesmo
base gua, possuem substncias que liberam Volatile Organic
Compounds (VOC).
Em alguns cmodos, utilizou-se tintas produzidas a partir
de uma resina acrlica com baixssimo teor de VOC. O
alto custo desse tipo de resina inviabilizava sua venda no
mercado brasileiro. A sada encontrada pela BASF foi o
desenvolvimento de uma emulso com duas tcnicas de
desodorizao, que contribuem para a reduo de VOC: a
qumica, que consiste na prolongao do tempo reacional
com o objetivo de consumir ao mximo os resduos de
VOC presentes no meio reacional; e a desodorizao fsica,
que proporciona a vaporizao do subproduto da primeira
etapa, contribuindo para a reduo de compostos orgnicos
volteis residuais.
Produzir essa resina a um preo competitivo para o mercado
nacional foi o grande diferencial atingido pela BASF a partir
da combinao de tcnicas j conhecidas. Com a aplicao
dessas tcnicas, a empresa trilha uma trajetria convergente
com as tendncias regulatrias mundiais que devero
tambm ser implantadas no Brasil.
38
CNI INOVAO EM CADEIAS DE VALOR DE GRANDES EMPRESAS 22 CASOS
Nas tintas aplicadas na CasaE, tambm foram utilizados
pigmentos especiais que contribuem para a propriedade
de conforto trmico. Um dos pigmentos utilizados um
pigmento inorgnico de cor preta tendo sua composio
baseada em um xido de ferro e cromo que permite que
o substrato apresente um aquecimento substancialmente
inferior ao aquecimento de uma cor equivalente com
pigmento convencional, pois possui propriedades refletivas
que levam menor gerao de calor pela absoro no
infravermelho. Em outras palavras, o pigmento faz com que
grande parte da luz que incide sobre a tinta seja refletida
para o ambiente, evitando a elevao da temperatura da
superfcie onde a tinta aplicada. Esta uma propriedade
interessante, principalmente no caso de tons mais escuros,
onde a absoro de radiao infravermelha maior (maior
gerao de calor). A reduo de temperatura, segundo os
ensaios realizados pela BASF, pode chegar a at 20 C. Alm
desse pigmento, foi aplicada na fachada externa uma cor
vermelha intensa, formulada com outros pigmentos, que foi
produzida com base no software de gerenciamento de calor,
utilizando os mesmos princpios, para mostrar na prtica que
qualquer cor pode ser produzida de forma a mostrar uma
otimizao no seu aquecimento.
No terrao externo de madeira da CasaE foi aplicado um
verniz para madeira formulado com uma emulso 100%
acrlica, base de gua, com propriedades especiais. Para
suportar a movimentao natural da madeira e apresentar
boas propriedades superficiais, esta emulso entrega duas
propriedades antagnicas: dureza superficial e flexibilidade
do filme. Isso possvel graas avanada tecnologia de
produo. O resultado um produto base de gua, de
fcil aplicao, com baixssima emisso de componentes
orgnicos volteis e alta durabilidade.
A rea de tintas para construo civil da BASF s existe
no Brasil, pois em outros pases a BASF possui tintas para
segmentos industriais. Esse segmento brasileiro est
associado a uma equipe de pesquisa e desenvolvimento
importante (mais de meia centena de pesquisadores e
tcnicos), como, alis, ocorre tambm na rea agrcola,
onde a BASF realiza no Brasil a maior parte dos seus
esforos tecnolgicos.
A CasaE lanou mo de esforos dessa importante rea
da BASF Brasil. A principal inovao foi o uso de uma tinta
imobiliria com propriedade antibactria. O fator decisivo do
sucesso dessa tinta, utilizada tambm na CasaE, decorreu
da adoo de um padro de certificao adotado pela Anvisa
(Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria).
A iniciativa da
BASF tem papel
importante na
criao e no
desenvolvimento
de um mercado que
deve crescer nos
prximos anos.
39
2 BASF
rESultAdoS pArA A EmprESA
A CasaE foi inaugurada no final de maio de 2013, aps
investimentos da ordem de R$ 3 milhes, incluindo
terreno, obra, novas tecnologias e produtos aplicados
na construo, mobilirio e paisagismo. Com o projeto
da CasaE, a BASF espera atingir relevantes resultados
comerciais e tem a expectativa de que o projeto contribua
para alavancar sua atuao no mercado de construo
civil brasileiro nos prximos anos, introduzindo elementos
essenciais de sustentabilidade.
Dentro do propsito de transformar a qumica para um
futuro sustentvel, a BASF espera atingir com a CasaE os
seguintes resultados: (i) a promoo dos produtos BASF e
das solues que os integram, alm do fortalecimento da
posio de mercado da empresa; (ii) a difuso de tcnicas
de construo civil modernas e mais sustentveis; (iii) a
capacitao de pessoas e profissionais em novas tcnicas
para a construo civil para seguir padres regulatrios
futuros; (iv) a reduo dos riscos integridade e sade dos
trabalhadores; e (v) o aumento da produtividade do trabalho,
elevando, potencialmente, a remunerao dos trabalhadores.
Alm disso, a BASF espera suscitar a criao de normas
tcnicas brasileiras adequadas a modernos padres
de construo, associados eficincia energtica e
sustentabilidade, consolidando sua estratgia para esse
setor no Brasil.
A CasaE brasileira foi planejada e construda seguindo
requisitos para obteno da certificao LEED Leadership
in Energy and Environmental Design, principal selo de
construo sustentvel do Brasil. Alm disso, ser realizado
um estudo de ecoeficincia pela Fundao Espao ECO
comparando as tcnicas construtivas utilizadas na CasaE
com as convencionais.
A iniciativa da BASF tem papel importante na criao e no
desenvolvimento de um mercado que deve crescer nos
prximos anos. A CasaE da BASF pretende contribuir para
que toda a cadeia da indstria de construo civil dos
arquitetos aos compradores, passando pelas construtoras e
pelos trabalhadores que executam a construo, pelos rgos
certificadores e organismos reguladores possa incorporar os
novos produtos, difundindo-os e contribuindo para edificaes
mais confortveis, duradouras e cada vez mais sustentveis.
Este o grande desafio da BASF para desenvolver os novos
mercados que priorizou em sua estratgia.
40
CNI INOVAO EM CADEIAS DE VALOR DE GRANDES EMPRESAS 22 CASOS
rESultAdoS pArA A cAdEiA dE vAlor
A empresa avalia que as tecnologias utilizadas na CasaE,
algumas inditas no Brasil, certamente traro impactos
positivos para o meio ambiente e para a cadeia da
construo civil nacional.
Em relao cadeia, o principal transbordamento do projeto
foi a capacitao de empresas e profissionais, necessria
para que os produtos fossem utilizados corretamente
durante a construo da casa. O aprendizado gerado
contribuiu para o desenvolvimento da cadeia como um todo,
bem como para o treinamento de profissionais na aplicao
de tcnicas e produtos inovadores.
A construo da CasaE pela BASF Brasil reafirmou a
importncia das parcerias para o desenvolvimento de
projetos. Seus resultados foram fruto do trabalho conjunto
das unidades da BASF com clientes, fornecedores e
parceiros estratgicos que tiveram papel fundamental para a
aplicao das tecnologias na CasaE. Do lado dos parceiros, o
projeto possibilitou o aprendizado sobre tcnicas e produtos
inovadores, que devem ter, segundo a empresa, forte
demanda no Brasil nos prximos anos.
Os transbordamentos da CasaE no se limitaram
cadeia de construo civil nacional, pois o projeto criou
oportunidades para a troca de conhecimento e experincia
entre empresas de diferentes portes, tanto brasileiras como
estrangeiras. O projeto objetiva disseminar a concepo
da construo como estratgia sustentvel e como meio
de garantir a eficincia energtica do edifcio ao longo de
toda a sua vida til. Desta forma, possvel consolidar
no Brasil a viso de que o mercado de construo civil
possui solues sustentveis. Alm disso, a CasaE confere
visibilidade a este mercado no Brasil e, principalmente, s
inovaes que ele pode oferecer, relacionadas agilidade
na construo, eficincia trmica, economia de energia e de
materiais e reaproveitamento de gua.
A iniciativa da BASF de construo e divulgao de uma
casa com conceitos de sustentabilidade na prtica consolida
e fortalece a posio da empresa e de seus parceiros no
mercado nacional de construo civil.
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2 BASF
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dESAFioS E riScoS EnvolvidoS
A BASF e seus parceiros enfrentaram importantes desafios
para a construo da CasaE. Os parceiros responsveis pela
aplicao dos produtos BASF no possuam experincia
anterior na utilizao desses materiais e tcnicas, portanto,
tiveram que adaptar as tecnologias ao contexto brasileiro.
As equipes foram treinadas e foram feitos testes de seleo
de equipamentos, pois algumas mquinas utilizadas
comumente no exterior ainda no o so no Brasil. Alm
disso, foram realizados testes de medio de componentes,
controle de mistura, tempo de aplicao e compactao,
simulaes de condies de campo e condies
desfavorveis, pois as matrias-primas brasileiras tm
composies e caractersticas prprias que as diferenciam.
A qualificao de mo de obra consistiu em outro
desafio importante. No Brasil, a falta de capacitao dos
trabalhadores gera dificuldades quando a obra necessita
de manipulao de produtos qumicos sensveis e/ou
especializados. Por isso, foi necessrio conscientizar os
colaboradores sobre os cuidados especficos necessrios e
capacitar os profissionais envolvidos. A BASF disponibilizou
profissionais para orientar e acompanhar essas aplicaes.
FOTOGRAFIAS
Foto 1 (abertura) Pgina 25 Fbrica BASF Guaratinguet. Crdito: Joo Athade.
Foto 2 Pginas 26 e 27 Fachada da CasaE. Crdito: Artur Calazans.
Foto 3 Pgina 31 Fbrica BASF Guaratinguet. Crdito: Joo Athade.
Foto 4 Pgina 33 Placas fotovotaicas da CasaE. Crdito: Artur Calazans.
Foto 5 Pginas 36 e 37 Laboratrio BASF Guaratinguet. Crdito: Joo Athade.
Foto 6 Pgina 41 Armazm BASF Guaratinguet. Crdito: Joo Athade.
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2 BASF
pErSpEctivAS FuturAS
A construo da CasaE reforou a viso de negcios da BASF
Brasil de que propor solues, mtodos e produtos mais
sustentveis para a sociedade um importante alicerce para o
sucesso do setor da construo civil no longo prazo. A BASF
constatou que o mercado de construo civil brasileiro possui
um grande potencial de crescimento, cada vez mais orientado
por questes de eficincia energtica e economia de matrias-
primas e recursos. Nesse sentido, o planejamento e a
construo da CasaE proporcionaram grande conhecimento
sobre a dinmica do mercado brasileiro de construo civil. A
empresa pde identificar os principais desafios do mercado
e as limitaes dos profissionais que nele atuam, bem como
pde estruturar estratgias prprias e propostas polticas
com o intuito de superar esses desafios e contribuir para a
modernizao do setor.
Uma das mais significativas lies proporcionadas pela CasaE
foi a percepo da importncia da capacitao da mo de
obra no Brasil. No pas, os profissionais do setor civil ainda
necessitam de muita especializao, principalmente para
lidar com produtos e tecnologias de ponta. O contato com
tcnicas modernas e com especialistas contribuiu para o
desenvolvimento de habilidades e aquisio de conhecimento
que os profissionais do setor levaro para o seu dia a dia.
A construo da CasaE reforou a estratgia da BASF de
envolvimento de parceiros no desenvolvimento de projetos.
A experincia das empresas parceiras e o know-how da BASF
em tecnologias modernas do setor promoveram aprendizado
mtuo. O maior desafio que a BASF visualiza para a CasaE
e para a disseminao das novas tecnologias no setor de
construo civil a superao de uma cultura tradicional e
conservadora, na qual imperam tcnicas bastante arraigadas,
transmitidas informalmente e desprovidas de estudos
tcnicos de apoio.
Uma das principais barreiras entrada de produtos de
gerenciamento de temperatura, reaproveitamento de
recursos e reduo de nveis de substncias nocivas no Brasil
o desconhecimento dos benefcios dessas tecnologias no
mercado local, que se somam reduzida preocupao com
questes voltadas ao meio ambiente, como a caracterstica
de permeabilidade gua e a disposio de materiais que
aumentam a eficincia energtica na construo civil ainda
incipientes no pas.
Em particular, a falta de legislaes que regulem o isolamento
trmico de construes e baixos nveis de emisso de
compostos orgnicos volteis no estimula o desenvolvimento
desse mercado nem o consumo desses produtos.
REFERNCIAS
BASF. BASF apresenta a sua primeira Casa de Eficincia Energtica no Brasil. Disponvel em: . Acesso em: 5 abr.2013.
BASF. BASF participa de evento de eficincia energtica no incio das comemoraes do ano da Alemanha no Brasil. Disponvel em: . Acesso em: 5 abr. 2013.
BASF. Colaboradores BASF. Disponvel em: . Acesso em: 29 abr.2013.
BASF. O custo da inovao. Disponvel em: . Acesso em: 5 abr. 2 2013.
BASF. Por que, na BASF, inovao a palavra-chave. Disponvel em: . Acesso em: 5 abr. 2013.
BASF. Relatrio 2011 BASF na Amrica do Sul. Disponvel em: . Acesso em: 5 abr. 2013.
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CNI INOVAO EM CADEIAS DE VALOR DE GRANDES EMPRESAS 22 CASOS
Evidentemente, a dimenso econmica do problema constitui
um elemento determinante das prticas adotadas e, portanto,
dos padres culturais. No Brasil, diferentemente de outras
naes como China e Estados Unidos, no h legislao que
exija edificaes projetadas com controle de temperatura e
reduo de absoro de calor, o que curioso, visto que o
pas predominantemente tropical. A recm-publicada NBR
15575 indica uma tendncia de orientao do setor para
temas como o conforto trmico e acstico.
Finalmente, num projeto complexo e de longo prazo, como
o da CasaE, as interaes com o ambiente de negcio
local, as aspiraes da nossa sociedade e as necessidades
de nossos clientes so fundamentais para o seu contnuo
sucesso. Assim, esse projeto envolve no s os atores de
mercado como tambm a academia e rgos pblicos,
uma vez que ao entregar esse presente para a cidade de
So Paulo, um dos objetivos fundamentais da BASF a
disseminao do valor para a sociedade das solues,
mtodos e produtos mais sustentveis empregados. Por
isso, a BASF orgulhosamente firmou dois protocolos de
governo envolvendo as questes de educao ambiental
e de reconhecimento de valor de suas solues para a
construo sustentvel nos municpios.
Em meio a este projeto, foi desenvolvida uma parceria com
o Ministrio do Meio Ambiente que resultou no caderno da
construo sustentvel, elaborado pela BASF em funo
de sua reconhecida expertise tcnica, que traz dicas e
orientaes simples que esto ao alcance do consumidor
no momento de planejar a obra. So informaes que
ajudaro as pessoas a entenderem melhor como possvel
economizar recursos, evitar desperdcio, otimizar tempo e
minimizar impactos ao meio ambiente na hora da execuo.
A BASF est confiante de que a CasaE vai estimular no
somente a iniciativa pblica para o estabelecimento de novas
prticas e regulamentos sobre o assunto, mas tambm o
interesse particular em construir de forma mais sustentvel.
BUZETO, Fabrcio. Qumicos BASF para construo. 18 abr. 2013. Entrevista concedida Elabora Consultoria.
CERVENKA, Dbora. Marketing e inovaes em espumas. 3 jun. 2013. Entrevista concedida Elabora Consultoria.
FELTRAN, Murilo. Negcios BASF de especialidades plsticas e espumas. 26 abr. 2013. Entrevista concedida Elabora Consultoria.
FERNANDES, Marcos; IGEGNERI, Eric. Desenvolvimento e aplicaes de poliuretanos na construo civil. 16 mai. 2013. Entrevista concedida Elabora Consultoria.
HACKENBERGER, Alfred. A inovao no mercado de construo como estratgia fundamental da BASF Brasil. 9 mai. 2013. Entrevista concedida Elabora Consultoria.
KITA, Arlene. Negcios para construo industrial: as disperses qumicas. 3 mai. 2013. Entrevista concedida Elabora Consultoria.
MERTENS, Michel. Alta tecnologia para construes sustentveis. 17 abr. 2013. Entrevista concedida Elabora Consultoria.
VITORIANO, Leonardo. As tecnologias inovadoras da casa E. 17 abr. 2013. Entrevista concedida Elabora Consultoria.
bosch 3
Do Flex Fuel ao Flex start: inovao tecnolgica e mercaDolgica na bosch
O mercado automotivo brasileiro lidera as iniciativas
mundiais de utilizao de combustveis renovveis e o
etanol est consolidado na matriz de combustveis do pas.
Dos veculos leves licenciados no Brasil em 2012, mais
de 3 milhes possuam motor Flex Fuel (bicombustvel),
representando 87% do total. Com 10 anos de histria, os
veculos flex superam a metade da frota nacional, com mais
de 18 milhes de veculos.
Lder mundial no fornecimento de tecnologia de ponta
automotiva, o Grupo Bosch tem no Brasil seu Center of
Competence mundial em sistemas a etanol. Esta definio
da matriz, feita em 2006, reconhecia as competncias
adquiridas pela diviso de Sistemas a Gasolina para a
Amrica Latina instalada no pas, pioneira em pesquisa
e desenvolvimento na tecnologia do sistema Flex Fuel,
apresentado ao mercado em 1994. Seu lanamento
comercial ocorreria apenas 9 anos depois, em 2003, quando
a conjuntura tornou-se favorvel ao etanol e o governo
federal definiu vantagens fiscais aos veculos com motor flex,
despertando o interesse das montadoras.
Como evoluo do Flex Fuel, o Center of Competence
brasileiro desenvolveu o Flex Start, tecnologia que
proporciona aos carros flex abastecidos com etanol maior
eficincia na partida a frio em baixas temperaturas. A
soluo permite o aquecimento do etanol injetado no motor,
dispensando a necessidade de um reservatrio de gasolina
na dianteira do veculo. Com isso, a Bosch introduziu
mundialmente um novo conceito de sistema de partida a frio
nos veculos flex.
Sendo desenvolvido por uma empresa sistemista sem
a demanda do cliente, a histria do Flex Fuel se repetia:
o produto levou anos at ser oferecido ao consumidor
final. Isso s aconteceu quando a empresa passou a focar
esforos em aes B2C (business-to-consumer) com o
cliente de seu cliente, entrando em contato direto com o
usurio de carros flex para obter sua viso e utilizando-a
depois para: a) convencer as montadoras de que o
consumidor final atribua valor ao produto; e b) aperfeioar as
caractersticas da soluo em desenvolvimento.
Entretanto, se os feitos mercadolgicos da Bosch se
destacam como abordagem inovadora para uma empresa
de B2B (business-to-business) porque a fase principal,
a inovao tecnolgica em si, encontrou na estrutura da
empresa condies favorveis ao seu desenvolvimento.
A existncia de um ambiente orientado para a inovao,
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com recursos, ferramentas de desenvolvimento e processos
maduros, foi ingrediente sem o qual no haveria um produto
robusto a ser oferecido.
Enquanto o convencimento de stakeholders quanto
viabilidade econmica do projeto era dificultado pela ausncia
de clientes interessados na tecnologia, no aspecto tcnico, o
entrave foi a dificuldade de a equipe em encontrar fornecedores
nacionais que pudessem participar do desenvolvimento
tecnolgico necessrio ao projeto como, p. ex., tecnologias
de estampos profundos, conexes eltricas de alta corrente,
modelamentos complexos de temperatura etc.
A criao do Flex Start nico sistema de aquecimento
de etanol no mundo fortaleceu o Center of Competence
da Bosch no Brasil como liderana mundial no
desenvolvimento de tecnologia flex. Isso importante
para inovaes futuras, j que o fato de ser um Center of
Competence foi crtico para o sucesso do projeto. Resta,
contudo, o desafio de manter-se na vanguarda, o que
depende de sua competitividade como centro de gerao
de tecnologia com plataformas de desenvolvimento de
baixo custo.
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3 bosch
histrico De Desenvolvimento e estratgia
Com 264 fbricas instaladas globalmente, o Grupo Bosch
o maior fornecedor de tecnologia automotiva de ponta
do mundo. Esse segmento representa a maior parte do
faturamento do grupo (59%), que tambm um lder mundial
em outros trs segmentos: tecnologia industrial; energia
e tecnologia predial; e bens de consumo. Em 2012, seu
faturamento totalizou 52.5 bilhes de euros.
Fundada em 1886 por Robert Bosch, a empresa herdou
de seu fundador a inquietao pela busca constante de
novas solues tcnicas. Conforme a empresa cresceu
mundialmente, houve a preocupao de manter o conceito
de inovao como elemento central, permeando os principais
pilares que norteiam sua atuao. O grupo tem como viso
a melhoria da qualidade de vida atravs de solues teis
e inovadoras e a conquista de clientes por meio da fora
inovadora. A importncia da inovao tambm explicitada
nos valores da empresa, como o que trata de orientao para
o futuro e resultados: a empresa busca garantir seu sucesso
no longo prazo atravs do ativo envolvimento nas mudanas
tcnicas e mercadolgicas e com o objetivo de fornecer
solues inovadoras a seus clientes.
Essa orientao, na prtica, se reflete em mais de um sculo
de marcos mundiais de inovao, onde se destacam o
lanamento do magneto de alta voltagem e a vela de ignio,
em 1902, que tornaram os motores mais seguros, e produtos
pioneiros, como a injeo eletrnica a gasolina, em 1967;
o sistema antibloqueio de frenagem (ABS), em 1978; e as
unidades de segurana airbag, em 1980 para citar apenas
exemplos do setor automotivo.
Este setor representou cerca de 70% do faturamento da
Bosch na Amrica Latina em 2012, que concentra sua rea
de pesquisa e desenvolvimento (P&D) no Brasil. No pas,
so cerca de 9.700 colaboradores, sendo aproximadamente
440 engenheiros em P&D, distribudos em trs Centros
de Competncia para a toda a America Latina: Sistemas
a Gasolina; Sistemas a Diesel; Motores de Partida e
Alternadores. No Brasil, o faturamento da Bosch em 2012 foi
de R$ 4,1 bilhes, o que representou 82% do faturamento
total da Amrica Latina.
A Bosch faz parte do primeiro nvel de fornecimento na
cadeia da indstria automotiva brasileira, representado
pelos sistemistas, geralmente grandes empresas que
possuem sofisticao tecnolgica para o fornecimento de
subconjuntos prontos para a montagem e interao com
as demais partes do automvel ou seja, oferecem s
montadoras solues sistmicas.
Enquanto sistemista, a Bosch procura atender s
necessidades da indstria automobilstica mundial, que nas
o grupo tem
como viso a
melhoria da
qualidade de
vida atravs de
solues teis e
inovadoras.
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ltimas dcadas passou a focar em produtos com maior
eficincia energtica e menor emisso de poluentes. Em
1985, iniciava no Brasil o desenvolvimento de componentes
para etanol e sistemas de injeo e ignio eletrnica
analgica, e, com base nesta competncia impulsionada
pelo domnio tecnolgico brasileiro da produo de etanol
derivado da cana-de-acar , j em 1994 a empresa
apresentava ao mercado o sistema Flex Fuel. O motor era
capaz de reconhecer e adaptar seu funcionamento para
qualquer proporo de mistura de etanol e gasolina no tanque.
Embora representasse uma grande inovao para o mercado
global, passaram-se quase 10 anos sem que a tecnologia
despertasse o interesse dos clientes. At que em 2003, com
a conjuntura nacional favorvel ao uso do etanol, a empresa
lanou com a Volkswagen o primeiro modelo comercial com
a tecnologia Flex Fuel. Em 2007, o sistema era lanado na
Europa, atestando a competncia mundial da diviso brasileira
para levar a tecnologia a pases como Sucia, Noruega e
Finlndia, que rodavam com at 85% de etanol.
O Brasil o nico mercado onde os carros conseguem
rodar com 100% de etanol. Ainda que pases como EUA,
Frana e Sucia possuam carros flex, eles no vivenciam
as dificuldades relacionadas operao a 100% do
biocombustvel. Dentro da Bosch, isso requer que a
engenharia brasileira seja capaz de desenvolver avanos
na tecnologia Flex Fuel de modo independente da matriz
como ocorreu com o Flex Start.
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3 bosch
Tendo em vista os diferenciais do contexto brasileiro, a matriz
alem definiu que a regional da Amrica Latina pode ter no
Brasil sua orientao de P&D local for local, ou seja, ter uma
estrutura de P&D local para atender ao mercado local. Como
o mercado brasileiro caminhou para o biocombustvel, essa
definio permitiu o reconhecimento das competncias
conquistadas ao longo de 20 anos no Brasil. Isso permitiu a
ampliao de sua estrutura de P&D, hoje com cerca de 440
pesquisadores e uma mdia de investimento de 3,5% do
faturamento nos ltimos 3 anos.
estratgia De inovao
Para sistematizar suas aes para a inovao, a Bosch
dispe de algumas metodologias. Por meio do Banco de
Ideias, que mundial, tanto colaboradores quanto inventores
externos podem submeter sua ideia inovadora. O website
da empresa disponibiliza orientaes para o envio de
propostas. As atividades de P&D seguem o processo Product
Engeneering Process (PEP), baseado no conceito de stage-
gates. Projetos de desenvolvimento globais podem utilizar
a infraestrutura da rea corporativa de pesquisa, que conta
com aproximadamente 2.800 engenheiros e cientistas.
A diretriz mundial da Bosch para inovao estimula a busca
por ideias alinhadas estratgia e refinadas atravs de filtros
de avaliao a cada estgio da inovao (stage-gates).
O objetivo evitar que a ideia se encaminhe diretamente
para o desenvolvimento sem os devidos estudos, gerando
custos desnecessrios.
A partir do monitoramento de tendncias e da elaborao
de cenrios, a matriz define sua viso sobre o futuro do
mercado automobilstico. Essa fase gera diretrizes para
o desenvolvimento de novos produtos voltados, por
exemplo, s reas de economia de combustvel e reduo
de emisses. A viso global ento alinhada viso do
contexto brasileiro com suas peculiaridades, o que resulta na
viso da Bosch para a Amrica Latina, e esta desdobrada
em cada diviso. Nesse caso, a estratgia para a diviso de
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Sistemas a Gasolina passa ento a alimentar o processo de
gesto da inovao.
Esse processo parte da definio dos campos de busca
definidos na estratgia (fase 1), em funo dos quais se inicia
a gerao de ideias, o que inclui a explorao do Banco de
Ideias (disponvel pela intranet) (fase 2). Cada ideia passa por
um processo de filtros, sendo o primeiro deles a avaliao
de seu potencial por um especialista na rea (fase 3).
Sobrevivendo a esse filtro, a ideia ingressa na fase seguinte,
quando so avaliadas suas chances como negcio (BI
Business Idea fase 4). Na fase BI, feito um pr-estudo,
onde so avaliadas a atratividade