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14 O Agronômico, Campinas, 55(1), 2003
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esde o início da germinação atéa fase final do ciclo, o feijoeiropode ser afetado por inúmeras
do feijoeiro, como escolha da época de se-meadura, local, calagem e adubação, rota-ção de culturas, adubos verdes, solodescompactado, cultivar e uso de sementessadias. O uso de cultivares de feijoeiro re-sistentes às doenças é o método ideal decontrole, no entanto são disponíveis ape-nas cultivares resistentes a algumas doen-ças. Dependendo do histórico da área, daépoca de semeadura, do cultivar de feijão eda sanidade das sementes, pode utilizar-sedo tratamento de sementes com produtosquímicos como medida preventiva de con-trole de doenças. Alguns produtos quími-cos encontram-se registrados para o con-trole dos principais patógenos transmitidospelas sementes de feijão. Esses produtospodem proporcionar o controle dospatógenos das sementes e dar proteção ini-cial aos patógenos sobreviventes no solo ourestos culturais.
Principais doenças da cultura do feijoeirotransmitidas por sementes
Doenças causadas por bactérias. Asduas principais doenças bacterianas da cul-tura do feijoeiro são o crestamentobacteriano comum e murcha de curtobac-terium. A doença fogo selvagem já foiconstatada, porém sem relatos de grandesprejuízos em cultivos comerciais e suatransmissão por semente é desconhecida.No quadro 1 encontram-se as bactérias cau-sadoras de doenças, condições ideais parao seu desenvolvimento e sobrevivência.
Doenças causadas por fungos – par-te aérea. Muitas doenças da parte aérea do
Importância do uso de sementessadias de feijão e tratamento químico
Ddoenças, causadas principalmente porfungos, bactérias e freqüentemente porvírus e nematóides, mas principalmentepelos primeiros. Muitos dos patógenoscausadores de doenças em feijoeiro, se-não todos, podem ser transmitidos e outransportados pelas sementes. Dessa for-ma, as sementes constituem-se em impor-tantes veículos de disseminação ou intro-dução de patógenos numa área. Semen-tes de feijão contaminadas podem intro-
duzir patógenos aindainexistentes numa região,ou ainda introduzir umaraça de um patógeno quevenha a provocar danosconsideráveis à cultura.No Estado de São Paulo,por volta de 1980-1990, aantracnose encontrava-sepraticamente controladacom o uso de sementes li-vres do patógeno Colle-totrichum lindemuthia-
num, fungo causador da doença.
Com a introdução de sementes/grãosde outras regiões, até de outros Estados,houve o aumento da ocorrência dessa do-ença nas principais regiões produtoras defeijão no Estado, com danos consideráveisem algumas regiões com condições climá-ticas favoráveis ao seu desenvolvimento.Alguns pré-requisitos são muito importan-tes para o bom estabelecimento da cultura
Margarida
feijoeiro já foram descritas no Brasil, po-rém as de ocorrência mais comum e quetêm causado maiores danos à cultura são aantracnose, a mancha-de-alternaria e amancha-angular. Em algumas regiões podeocorrer a mancha-de-ascoquita. No quadro2 encontram-se os fungos causadores des-sas doenças, condições ideais para seu de-senvolvimento e sobrevivência.
Doenças causadas por fungos – fun-gos habitantes de solo. As principais do-enças do feijoeiro, causadas por fungos ha-bitantes do solo são mofo branco, murchade fusarium, murcha de sclerotium, podri-dão cinzenta do caule, podridão radicularseca e podridão radicular de rizoctonia. Noquadro 2 também encontram-se os fungoscausadores dessas doenças, condições ide-ais para o seu desenvolvimento e sobrevi-vência.
Tratamento químico de sementes
O tratamento de sementes, com obje-tivo de controlar seus patógenos e darproteção contra os do solo, é consideradocomo um dos métodos de baixo custo; re-presenta de 0,1 % a 0,5 % do custo total daprodução; é aplicado de forma localizadae em pouco volume. É de fácil aplicação,além de ser pouco poluente; causa menorimpacto ao ambiente, se comparado compulverizações da parte aérea.
O tratamento de sementes traz como be-nefícios a manutenção ou melhoria da quali-dade sanitária da semente, evita a dissemina-ção ou introdução de patógenos, como fontede inóculo primário e pode proporcionar bomestande inicial da cultura do feijoeiro.
Mas, o tratamento de sementes nãoconsegue proporcionar controle total; ospatógenos que causam infecção interna sãode difícil controle.
A decisão quanto ao tratamento de se-mentes deve ser tomada levando-se em con-sideração vários fatores: a sanidade das se-mentes, cultivar do feijoeiro, destino dassementes, histórico da área onde serãosemeadas, condições climáticas da região,dentre outros. É de conhecimento que otratamento de sementes não melhora a ger-minação e vigor comprometidos pela açãode microrganismos. Tem-se recomendadoo tratamento químico de sementes antes dasemeadura para controle de patógenos de
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campo, que podem permanecer de formalatente nas sementes e causar doenças nagerminação. Esse procedimento pode tam-bém dar proteção contra patógenos de soloque estejam presentes, evitando, eventual-mente, problemas de infecção de plântulas,de podridão da semente ou damping off emcondições de solo muito frio e encharcado,ou clima muito quente e seco. A recomen-dação do tratamento químico logo após obeneficiamento tem como objetivo prote-ger as sementes contra fungos dearmazenamento, como algumas espécies deAspergillus e Penicillium. O quadro 3 apre-senta os fugicidas registrados para o trata-mento de sementes de feijão para controlede patógenos.
De maneira geral, o tratamento de se-mentes visa ao controle de:
a) Patógenos associados às sementes:Alternaria spp., Colletotrichum linde-muthianum, Phaeoisariopsis griseola,Fusarium oxysporum f. sp. phaseoli, F.solani f. sp. phaseoli, Macrophominaphaseolina, Rhizoctonia solani, Sclerotiniasclerotiorum, Sclerotium rolfsii e outros.Na Figura 1 encontram-se alguns fungosde sementes de feijão.
b) Patógenos habitantes ou invasoresde solo: Fusarium oxysporum f. sp.phaseoli, F. solani f. sp. phaseoli, Macro-phomina phaseolina, Rhizoctonia solani,
Sclerotinia sclerotiorum, Sclerotium rolfsiie outros.
c) Patógenos de armazenamento:Aspergillus spp., Penicillium spp. eRhizopus sp.
Margarida Fumiko Ito 1, Jairo Lopes deCastro2, José Otávio Machado Menten3e Maria Heloisa D. de Moraes31IAC – Fitossanidade. 2Pólo Regional deDesenvolvimento Tecnológico dosAgronegócios do Sudoeste Paulista/APTA. 3Escola Superior de Agricultura“Luiz de Queiroz”/USPfone: (19) 3241-5188 ramal 385endereço eletrônico: mfito@iac.sp.gov.br
Figura 1. Fungos em sementes de feijão
Aspergillus sp.
Aspergillus sp.
Penicillium sp. e Aspergillus sp.
Colletotrichum lindemuthianum sp.
Escleródios de Sclerotinia sclerotiorum
Fusarium sp.