Post on 03-Jul-2020
IMPACTOS DA MULTIMODALIDADE NA CONSTITUIÇÃO DO HIBRIDISMO
INTRA E INTERGENÉRICO
Cláudio Márcio do Carmo
UFSJ
claudius@ufsj.edu.br
RESUMO: Este trabalho procura refletir sobre os princípios da multimodalidade e seu impacto na constituição do hibridismo intra e intergenérico. Para tanto, analisamos três textos multimodais, tentando demonstrar como eles foram constituídos e o valor da multimodalidade na evocação e recontextualização de práticas sociais e de seus discursos, com base na Análise Crítica do Discurso e na Gramática do Design Visual. Por fim, nós procuramos algumas formas de evidenciar a importância de estudos sobre a relação entre hibridismo, gênero e multimodalidade também em educação. PALAVRAS-CHAVE: gênero, hibridismo, multimodalidade, multiletramento. ABSTRACT: This work aims at reflecting on the principles of the multimodality and on its impacts on the constitution of the hybridism intra and inter genres. In order to do that, we borrow the theoretical framework of Critical Discourse Analysis and Visual Grammar to analyze three multimodal texts attempting to demonstrate how they were constituted, and the value of the multimodality in the evocation and recontextualization of social practices and their discourses. Finally, we also try to point out the importance of studies focusing the relationship among hybridism, genre and multimodality in education. KEYWORDS: genre, hybridism, multimodality, multiliteracy.
1. Introdução
Neste trabalho, pretendemos fazer uma reflexão sobre os princípios da multimodalidade com
base na Gramática do Design Visual de Kress & van Leeuwen (1996, 2006) na análise da
constituição do texto multimodal, levando em consideração o conceito de hibridismo segundo
a Análise Crítica do Discurso, ou seja, como um processo de construção de sentidos
contemporâneo, definido pela alusão a limites tênues entre domínios que são tradicionalmente
distintos e passam a compartilhar práticas discursivas semelhantes (FAIRCLOUGH, 2000).
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Essas reflexões ancoram-se sobretudo em Kress & van Leeuwen (1996, 2006, 2001), van
Leeuwen (2005a, b), Helmers (2006), Fairclough (1999, 2000, 2001, 2003), dentre outros, e
provêm de um projeto maior de discussão dos estudos teóricos e aplicados da noção de gênero
do ponto de vista sociocultural, feito no interior do Mestrado em Letras: Teoria Literária e
Crítica da Cultura, da Universidade Federal de São João del-Rei, MG, (PROMEL/UFSJ),
mais especificamente devido a uma disciplina – Seminário de Tópico Variável em Práticas
Discursivas: gêneros discursivos na análise sociocultural. Por isso, faremos um recorte
analisando três exemplos, por nós considerados relevantes para problematização e
relativização do conceito de hibridismo com base na perspectiva multimodal.
Tais reflexões permitiram-nos, conforme discutiremos, levantar algumas questões teóricas e
práticas a partir da relação entre os textos, enquanto materialidades portadoras de uma
configuração específica e enquanto mecanismos de ação social, investidos de relações
ideológicas, crenças e valores provindos das diferentes práticas discursivas evocadas
lingüística, discursiva e visualmente.
Nesse sentido, a multimodalidade mostrou-se dialeticamente crucial para o levantamento
interdiscursivo e também para o provimento de um rico material para ajudar na constituição
do hibridismo intra e intergenérico. Por outro lado, também procuramos tecer algumas
considerações sobre o que foi levantado e suas possibilidades de uso no campo da educação e
da crítica sociocultural.
Este trabalho compõe-se então de mais três seções: (i) Tópicos acerca da Gramática do
Design Visual, em que, sem a pretensão de exaustão e pormenorização, resumimos seus
principais pressupostos, categorias e idéias; (ii) A multimodalidade e a constituição do
hibridismo intra e intergenérico, subdividida em Um estudo de casos e Multimodalidade e
multiletramento: reflexões sobre a contribuição da Gramática do Design visual ao campo
educacional, em que fazemos considerações sobre o valor da multimodalidade na constituição
dos gêneros, bem como a análise de três textos para exemplificar os impactos da
multimodalidade em sua constituição, procurando subsidiar as considerações e,
posteriormente, situar as reflexões no campo da educação. Seguem-se as considerações finais,
as referências bibliográficas e os textos em anexo.
2. Tópicos acerca da Gramática do Design Visual
A chamada Gramática do Design Visual (GDV) foi proposta com o objetivo principal de
compreender e apreender as regras que regem imagens e seu uso na produção de textos, no
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sentido de criar mecanismos descritivos de sua sintaxe, ou seja, da mesma forma que
possuímos gramáticas descritivas da sintaxe da linguagem verbal, Kress & Van Leeuwen
(1996) buscam criar uma gramática capaz de descrever a sintaxe visual.
Essa gramática baseia-se nos pressupostos gramaticais da Gramática Sistêmico-Funcional
(GSF) hallidayana, mais especificamente nas metafunções propostas por Halliday (1985): a
ideacional, relacionada às idéias e às experiências transmitidas pela linguagem; a
interpessoal, preocupada com o aspecto interativo da linguagem uma vez que seu objetivo
precípuo é a comunicação, a interação; e a textual, posto que é necessário conhecer os
mecanismos lingüísticos para estruturar e organizar os textos, seu conteúdo informativo. Cada
uma dessas metafunções seriam realizadas por sistemas diferentes, mas interligados: a
ideacional pelo sistema de transitividade, a interpessoal principalmente pelo modo e pela
modalidade e a textual pelo sistema de informação e pelos mecanismos de coesão.
Na visão de Kress & van Leeuwen (1996, 2006), estas metafunções são respectivamente
rebatizadas e descritas por três estruturas de representações diferentes umas das outras: a
metafunção representacional, que descreveria os participantes da ação; a metafunção
interacional que descreveria a interação social construída por meio da imagem; e a
metafunção composicional, para buscar apreender de que forma os elementos que constituem
a imagem são combinados e ajustados a uma proposição coesa e coerente.
Na metafunção representacional, as imagens são analisadas na busca dos participantes
representados, isto é, lugares, pessoas e objetos que são colocados como participantes. Estes,
por sua vez, podem ser interativos por falarem, ouvirem, escreverem, lerem ou visualizarem
algo ou representados por serem alvos das ações representadas nas imagens produzidas.
Dessa maneira, emergem duas estruturas, quais sejam, a narrativa no momento em que as
imagens apresentam vetores indicadores de ações ou conceitual quando há uma classificação
a partir da qual seja presumida uma exposição hierárquica dos participantes. Sendo assim, a
primeira está ligada a ações e eventos que se apresentam como móveis e a outra às
particularidades dos atores representados, por mostrar uma taxonomia, isto é, uma relação de
classe, estrutura ou significado em sua representação.
Em representações narrativas, podemos distinguir, com base no vetor (traço indicativo de
direção), ação (o vetor parte do ator), reação (o olhar de um participante incide sobre outro),
processo verbal (representa-se a fala do participante, o dizente) ou processo mental
(representa-se o pensamento, chamado fenômeno, do participante, o experienciador). Se
houver apenas um ator e, por isso, a ação não se direcionar para nada nem ninguém, ocorrerá
uma estrutura não-transacional. No caso de a ação ser direcionada, ocorrerá uma estrutura
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transacional, o que significa que o vetor estará dirigido a algo ou alguém denominado meta.
Havendo mútua participação (ator-meta), os participantes serão chamados de interatores e a
estrutura de bidirecional. As reações também poderão ser transacionais ou não-transacionais.
O reator – participante da reação – quando direciona seu olhar, o faz para o fenômeno, isto é,
para o alvo de seu olhar, que não deverá ser chamado de meta.
Nas representações conceituais, o processo é classificacional (focado na percepção de grupo
indicando relações entre os participantes que atuam como superordenado ou subordinados),
subdividido em analítico, cuja base de percepção é metonímica (parte e todo), tendo como
participantes o portador (todo) e vários atributos possessivos (partes). Os outros são os
processos chamados simbólicos (representados em termos de sua essência, isto é, os que
significam ou são).
As categorias da metafunção interativa são o contato, constituído principalmente pelo vetor
formado pelos olhos (olhar) dos participantes representados em relação ao leitor o qual é visto
como participante interativo. Daqui, partem a idéia de demanda, quando o olhar do
participante representado incide sobre o leitor como se requeresse algo dele e a oferta, quando
o participante é representado como objeto de observação e contemplação.
A distância social é marcada pelos planos fechado, médio ou aberto, percebidos
respectivamente quando o participante é representado colocando-se cabeça e ombros; do
joelho para cima; ou corpo todo.
O que é chamado de perspectiva deve ser analisado em termos do ângulo indicativo do ponto
de vista como os participantes são representados, ou seja, frontal o qual sugere envolvimento
com o observador; oblíquo, perfilando o participante representado; e vertical, tomando o
participante de cima para baixo, mostrando uma relação de poder deste em relação ao
observador.
A modalidade, por sua vez, é mostrada na utilização da cor com base em conceitos como os
de saturação, modulação e diferenciação; contextualização, quando demonstrar ou sugerir
profundidade; iluminação – gradação e escala de luz; e brilho, quando se puderem perceber
pontos específicos de luz.
A última metafunção é a composicional a qual intenta fornecer as bases para o estudo do
ajustamento em termos da organização e combinação dos elementos visuais que compõem a
imagem. As categorias para essa análise são o valor da informação, uma vez que lugares
específicos em que são dispostos os elementos da imagem – topo (ideal) e base (real); direita
(dado) e esquerda (novo), centro ou margem – podem imprimir valoração. A saliência é
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percebida nos elementos que são usados para chamar atenção, como o plano, tamanho,
contrastes de cores e de seus tons, tamanho e tipo de letras, dentre outros.
O chamado enquadramento é visto a partir do que é capaz de indicar conexão ou desconexão
dos elementos que compõem a imagem, tais como, linhas, bordas ou outros tipos de
divisórias.
Kress & van Leeuwen (2001) reconhecem o domínio que a monomodalidade sempre teve nos
estudos semióticos, mas afirmam que isso tem mudando recentemente. Os autores criticam
inclusive a Gramática do Design Visual, porque, de certa forma, ainda tinham “um pé no
mundo das disciplinas monomodais” (p. 01). E deixam claro que, dentro de um domínio
sociocultural específico, o “mesmo” significado pode ser expresso por modos semióticos
diferentes, razão pela qual procuram princípios capazes de fornecer elementos para análise da
comunicação multimodal, contribuindo com todos os campos da sociedade, uma vez que a
imagem tem se inserido e se tornado um elemento constante da comunicação humana.
3. A multimodalidade e a constituição do hibridismo intra e intergenérico
Com base em Kress & van Leeuwen (1996), pode-se considerar um texto multimodal quando
seu significado provier e se realizar por meio de mais que um código semiótico. A partir desse
conceito inicial, podemos iniciar nossas reflexões sobre o impacto que a multimodalidade
pode ter/tem na constituição de um gênero e, portanto, sobre o hibridismo intra e
intergenérico.
Fairclough (2001) concebe gênero como “um conjunto relativamente estável que é associado
com, e parcialmente representa, um tipo de atividade socialmente aprovado, como a conversa
informal, comprar produtos em uma loja, uma entrevista de emprego, um documentário de
televisão, um poema ou um artigo científico.” (p. 161). Nessa concepção, os gêneros seriam
aspectos discursivos específicos para serem utilizados na ação social, na interação em eventos
sociais (cf. FAIRCLOUGH, 2003, p. 65) e é por isso e para isso que os gêneros precisariam
de certa estabilidade, ou seja, aquele elemento reconhecível que garantiria seu
reconhecimento, sua compreensão e sua apreensão como um artefato sociocultural e
interacional, historicamente situado, legítimo no contexto em que fosse utilizado.
Sobre a constituição dos textos, Fairclough destaca que a interdiscursividade e a
intertextualidade é que dão corpo ao processo de hibridização – mistura de textos, gêneros
discursivos e discursos – na produção dos eventos discursivos, sendo que a intertextualidade
mostra a presença de outros textos numa articulação local no texto e a interdiscursividade, de
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forma mais complexa, estaria presente na imbricação global de gêneros discursivos e
discursos, gerando uma rearticulação que pode incidir sobre o discurso em si e sobre o próprio
gênero, transformando-o (cf. FAIRCLOUGH, 1999, 2001).
Na perspectiva da Semiótica Social, van Leeuwen (2005a, b) acentua o caráter do gênero
como prática social recontextualizadora de outras práticas, pela sua capacidade e volaticidade
de tradução e importação de práticas sociais, ou seja, ele é capaz de tirar e transferir uma
prática de seu contexto de origem para um outro, representando e reapresentando-a a outros
participantes discursivos, segundo os interesses de quem está recontextualizando os discursos
nelas presentes, de acordo com seus interesses e propósitos comunicativos.
Assim, os gêneros podem ser compreendidos, acima de tudo, como recursos semióticos, para
o funcionamento social da linguagem, para a comunicação. Entretanto, é importante frisar que
sua volaticidade, sua versatilidade, assomada aos propósitos comunicativos que lhes forem
atribuídos imprimem neles valores, ideologias e, por isso, podem produzir, reproduzir,
articular e rearticular, bem como desafiar relações de poder social, cultural e historicamente
estabelecidas nas estruturas da sociedade da qual os participantes do discurso fazem parte ou
que nela estejam inseridos.
Nesse sentido, o aparato da Gramática do Design Visual traz importantes ferramentas de
análise dos textos vistos a partir de sua composição genérica e, por isso, são de relevante
contribuição para a sociedade, já que o hibridismo pode ser considerado uma ferramenta de
sua constituição, inclusive quando visto em seu sentido lato, negando a pureza e trazendo a
imbricação de sistemas semióticos, de códigos diferentes na produção de uma mensagem
materializada no texto como ação social.
Dessa maneira, é lícito e importante sempre verificar o valor do hibridismo apontado nas
pistas do texto, procurando destacar as razões pelas quais, da mesma forma que uma palavra e
não outra foi utilizada, uma imagem específica foi usada na composição de um texto
multimodal.
De forma integrada, verbal e não-verbal passam a limitar interpretações e fortalecer outras em
função de como hibridamente trazem à tona discursos, formas de pensamento e crença na
forma de práticas sociais contemporaneizadas, presentificadas por meio do processo de
recontextualização.
3.1. Um estudo de casos
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Para visualizarmos o que estamos dizendo, tomemos um primeiro exemplo – o texto Aleluia.,
publicado na Revista Manchete (cf. figura 1, em anexo). O ano em que esse volume da revista
foi publicado – 1969 – coincide com um momento importante da história: a primeira vez em
que um ser humano pisa a superfície da lua. Essa publicação é, inclusive, dedicada a esse
feito.
Nesse volume da revista, explica-se que a Apollo 11 foi a quinta missão tripulada do
Programa Apollo e também a primeira a pousar na Lua, no dia 20 de julho de 1969.
O texto foi constituído em sua maior parte em preto e branco, de forma que fique destacada
apenas a fumaça em branco indo para o amarelo e cinza, misturando-se com o azul do céu,
sendo que o foguete é que está em destaque pela modalidade, impressa por meio do brilho e
da cor azulada que transmite a idéia de que ganhará o céu, a liberdade de conhecer o que
ninguém ainda conhecia, conforme expectativas do projeto. O próximo destaque colorido está
no logotipo da Shell, em vermelho e amarelo. Ambas as fotografias estão enquadradas, mas
esse enquadramento não gera desconexão, a qual apenas é sugerida pela força das cores do
logotipo da empresa.
A constituição do texto é feita da integração entre elementos imagéticos e verbais. A
fotografia da decolagem do foguete está centralizada em relação ao topo e à base e
enquadrada por meio da claridade. Mais à esquerda está o início do texto verbal em letras
brancas por causa do fundo preto, ao lado da fotografia, um pouco mais à direita. A outra é o
símbolo da Shell na base, totalmente à direita.
Na foto do lançamento do foguete, estão quatro homens de costas, olhando para o foguete que
é a meta indicada pelo vetor nessa estrutura transacional. Dentre eles, destacam-se um com
os braços abertos, como agradecendo a algo grandioso que estava acontecendo, e outro
segurando a bandeira dos EUA, erguida na mão direita como se este fizesse a posição de
sentido, o que sugere um cumprimento e a exaltação à proeza realizada pelo país. Nesse
sentido, pode-se dizer que indicam os objetivos sendo alcançados, em conformidade tanto
com o feito histórico, quanto com a vontade do governo e de todo povo estadunidense à
época.
Essa atmosfera de espetacularização é percebida logo no título, que tanto pode chamar a
atenção para a superação das dificuldades e o retorno dos astronautas, quanto trazer uma
atmosfera mística, o que também pode ser corroborado pelo híbrido de dois gêneros diferentes
na composição daquilo que, sobretudo, é uma propaganda da Shell: a publicidade e a oração,
perpassadas por felicitações/agradecimento pelo feito.
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O título destacado no topo, no espaço do ideal, indica e exalta ao mesmo tempo as
dificuldades superadas, apontando para a possibilidade de que poderiam não obter êxito. O
ponto final, incomum em títulos, pode indicar exatamente que a missão foi cumprida. Assim,
justifica-se o uso de itens lexicais ou expressões que misturam os campos da tecnologia
(foguete, módulo lunar, ciência, máquina, televisão) e da religião (aleluia, louvado seja,
manifestação) para a promoção da empresa, ou seja, essa é a razão pela qual se nota um
discurso autopromocional tanto dos EUA quanto da própria Shell.
O símbolo da Shell está no espaço do real e do novo, pois, como está verbalizado no texto,
não é a mesma Shell de antes do feito, porque ela amadureceu: “Nós amadurecemos muito
nestes dias em que vocês estiveram no espaço”. Note-se que o uso do pronome nós traz uma
ambigüidade na percepção de inclusão nele contida. Ou seja, o nós pode indicar a inclusão da
empresa no feito dada sua natureza e especificidade na área de combustíveis.
Como se pode ver, de maneira um pouco diferente do que afirmou Fairclough (2000) quanto à
contemporaneidade do fenômeno chamado hibridismo, na constituição dos gêneros, este texto
é um exemplo de que existem formas de hibridização antigas que impactuam na produção
desse gênero tanto nos códigos semióticos utilizados quanto na relação que estabelecem,
traçando um caminho que os mantém unidos na construção da mensagem, inclusive
restringindo as possibilidades de abstração quanto àquelas que poderiam ser talvez
sustentadas pelos seus componentes intragenéricos se tivessem sido tomados sozinhos,
isoladamente.
No texto 2 – Os novos tropicalistas (cf. figura 2) –, o qualificativo novo se incumbe de
distinguir o que seria apresentado no texto sobre o Tropicalismo, um movimento cultural
brasileiro surgido sob a influência de correntes artísticas de vanguarda e da cultura pop
nacional e estrangeira, misturando tradição e inovações artísticas e estéticas. Esse movimento
chamou e chama atenção por seus objetivos sociais e políticos, com vistas a causar um
impacto comportamental numa época de repressão, a época do regime militar. O movimento
de vanguarda citado no texto é o Movimento Antropofágico, cujo principal pensamento se
baseava na deglutição em sentido metafórico daquilo que era considerado externo à nossa
cultura brasileira, isto é, daquilo que pudesse ser considerado estrangeiro.
Dos movimentos vanguardistas, artistas plásticos, poetas, cantores e atores, dentre outros,
participaram, engajados em um projeto crítico, artístico e cultural desarticulador e
reconstrutor de pensamentos. Ao trazer o Tropicalismo e o Movimento Antropofágico para o
texto, parece haver uma facilitação da apresentação dos participantes colocados com foto e
pequena biodata ao lado direito. O espaço da direta representa o novo que, por isso, deve ser
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apresentado dessa forma e nesse exato lugar: Lawrence Lessig (idealizador do Creative
commons), James Jimmy Wales (fundador da Wikipédia), Juichi Ito (presidente da Creative
Commons) e James Borges (fundador da Creative Commons).
Nesse texto, temos todos os participantes em plano fechado, sugerindo intimidade devido ao
enquadramento. Os dois primeiros participantes estão em ângulo frontal, enquanto os dois
participantes de baixo estão em ângulo oblíquo. Como todos estão em distância de
proximidade, ocorre maior envolvimento com o leitor, embora chame a atenção o fato de que
temos os três primeiros em demanda, como reatores no processo transacional, uma vez que
olham diretamente para o observador, e apenas o último indicando oferta, ou seja, como
sujeito do olhar do observador.
Como se pode notar, há uma profusão de elementos nessa estrutura transacional que é
extremamente complexa. Os movimentos trazidos ao diálogo são movimentos que já
ocorreram com objetivos bem definidos. Entretanto, há uma apropriação de suas
características, pois o quadro Abaporu, em destaque do lado esquerdo – posição do dado –
pelo nome constituído da junção das palavras do tupi-guarani aba e poru, significando
"homem que come", foi pintado por Tarsila do Amaral em 1928, objetivando, pelos traços,
mostrar um exagero do corpo em contraste com a cabeça que é extremamente pequena. Aqui,
podemos abstrair e entender as novas formas de divulgação do conhecimento com menos
direitos autorais como uma apropriação e, por isso, uma forma de antropofagia reinterpretada,
monstrando também que essa é uma postura que aumenta e pode alimentar as possibilidades
do conhecer, para que a cabeça – simbolo do pensamento e do conhecimento – não seja
tomada como ínfima em relação à força física, braçal e ao próprio corpo em si.
O novo, enquanto espaço no texto em que quatro figuras são colocadas, também é novo pela
criação contemporânea do Creative Commons e da Wikipédia. Por isso, os participantes
representados e suas idéias estão à direita, como “figuras de ponta na versão atual do
Movimento Antropofágico”. O quadro é o dado porque representa e recontextualiza o já
conhecido, enquando os itens lexicais se incumbem de trazer à tona os discursos que dialogam
na construção e negociação do sentido textual.
Dessa forma, institui-se, na integração entre verbal e não-verbal, um diálogo entre passado e
presente numa nova forma de conceber os direitos autorais. Não se “respeitarão” “todos os
direitos reservados”, mas apenas “alguns” deles. Por isso, a apropriação de certos direitos e
disponibilidade de conteúdo faz com que se justifique a recontextualização do discurso
tropicalista e antropofágico e o uso do quadro de Tarsila do Amaral – Abaporu.
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Esse hibridismo também acontece de outra forma no texto 3 (cf. figura 3). O chefe de cozinha
Eduardo Guedes (um dos apresentadores do programa Hoje em Dia, da Rede Record), está em
plano médio no lado direito do texto, mostrando aquilo ao redor do qual tudo gira: uma
“receita”, mas não em sentido lato, e sim no sentido de promover um show de prêmios da
cooperativa mineira de lácteos Cemil, indicando como participar e ganhar. Por isso, a receita
está enquadrada e centralizada, pois é o foco do texto. Em outras palavras, pela centralidade,
pode-se dizer que, como a receita é o elemento posicionado no centro, ela é o núcleo da
informação, estando os outros elementos ao seu redor subordinados a ela. Esses elementos
posicionados nas margens passam a ser dependentes desse elemento central, mas apontando
para e corroborando o construto intragenérico dessa publicidade.
Eduardo Guedes, como um dos elementos subordinados, está demandando algo, uma vez que
seu olhar incide sobre o leitor e à esquerda estão as informações referentes ao que se pode
ganhar como meta indicada pelo vetor que parte de sua mão, juntamente com o sítio da
internet em que outras informações poderiam ser encontradas.
Os itens lexicais e o formato do gênero também estão híbridos, como se verifica no padrão
retórico injuntivo da receita, mostrado especificamente pelos verbos no modo imperativo
(junte, envie, concorra) que traz destacado pela saliência indicada na cor amarela que sugere
um marca-texto para informações importantes: a pergunta a ser respondida e o endereço para
o qual a carta-resposta da promoção deve ser enviada. Ou seja, há um destaque para que o
leitor aja conforme a receita que é, na verdade, uma propaganda, com os passos esperados do
leitor. Ao mesmo tempo, a frase “Receita boa assim não pode esfriar...” faz sobressaltar o
aspecto híbrido dos discursos evocados, bem como as reticências, indicando a possibilidade
de leitura continuada pelo leitor, partindo desse imput inicial.
Ou seja, conforme se verifica na isotopia dos textos, nos três casos analisados, as imagens são
fontes indicadoras de práticas discursivas que só podem ser interpretadas corretamente de
forma integrada com o elemento verbal. Existem recontextualizações de práticas discursivas e
sociais provindas tanto de um código quanto de outro, mas que só fazem sentido quando um
cerceia, instiga e/ou corrobora o outro, devido ao hibridismo que os constitui.
Apesar da ênfase normalmente dada ao verbal, é importante dar espaço ao impacto que a
multimodalidade pode ter sobre o hibridismo que constitui um texto multimodal, com suas
especificidades e características advindas de sua constituição intra e intergenérica, o que nos
leva a corroborar e crer na importância do multiletramento tanto social quanto
educacionalmente.
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Todos os códigos utilizados se unem na ressemiotização de velhas práticas que são
recontextualizadas e, por isso, trazidas para o momento presente da leitura dos textos. Por
isso, vários teóricos, dentre os quais destacamos Lemke (2003), demonstram a importância e
advogam a necessidade de se teorizarem e trabalharem as novas tecnologias do discurso,
demonstrando seu valor para além da linguagem em si, isto é, para o seu valor na dinâmica
social.
3.2 Multimodalidade e multiletramento: reflexões sobre a contribuição da Gramática do
Design Visual ao campo educacional
Conforme visto, uma leitura multimodal pode, a uma primeira vista, não ser considerada
linear, devido às múltiplas possibilidades para se iniciá-la e pela própria forma como o texto
pode ser/é composto. Entretanto, segundo Kress & Van Leeuwen (1996, 2006), textos
multimodais podem ser considerados lineares, se se entender linearidade como constituindo
uma estrutura sintagmática para o leitor, colocando nas imagens uma seqüência coesiva entre
seus elementos que podem ser vistos e apresentados de acordo com uma lógica paradigmática.
O que se dever ressaltar é que a relação entre os elementos semióticos provindos de códigos
diferentes deverá ser sempre feita pelo leitor, conforme Kress & van Leeuwen (1996, p. 223)
chamam enfaticamente a atenção. E isso frisa a necessidade de mudança no conceito
tradicional de letramento de forma a contemplar o letramento visual por eles proposto.
Dionísio (2005), especificamente trabalhando com gêneros multimodais e focalizando o livro
didático, enfatiza a necessidade de o professor conhecer e saber lidar com gêneros
multimodais, uma vez que novas tecnologias têm sido desenvolvidas e utilizadas, constituindo
e ganhando um espaço importante na produção dos materiais didáticos.
É nesse exato espaço que a multimodalidade tem se fortalecido por trazer luz a uma relação
pouco clara no uso de diferentes códigos semióticos na constituição dos textos. Segundo a
autora, não existe um texto que seja monomodal, uma vez que, quando falamos ou
escrevemos, usamos no mínimo dois modos diferentes de representação (ex.: palavras e
gestos, palavras e entonações, palavras e imagens, dentre outros). Por isso ela corrobora a
necessidade de revisão do conceito de letramento e também a ampliação da formação do
professor, para capacitá-lo a trabalhar com o multiletramento.
A autora destaca que “todo professor tem convicção de que imagens ajudam a aprendizagem,
quer seja como recurso para prender a atenção dos alunos quer seja como portador de
informação complementar ao texto verbal” (DIONÍSIO, 2005, p. 172). E afirma a necessidade
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de se relacionar a Teoria de Gêneros com a Teoria da Cognição da Aprendizagem Multimídia
que pode ser utilizada na avaliação dos materiais didáticos e como suporte para o tratamento
da multimodalidade dos gêneros textuais nesse campo. Ou seja, está-se destacando a
importância dos diferentes códigos na construção textual. Nesse sentido, é importante
perceber os variados códigos como constituindo e trazendo visões de mundo na relação
intersemiótica que caracteriza as diferentes sociedades e que são representadas nos textos,
inclusive demonstrando o processo de ressemiotização (IEDEMA, 2003) o qual pressupõe
movimentos entre práticas e processos sociais quando da translação desses e a consequente
tradução de valores, ideologias e crenças para novos espaços, devido às recontextualizações
inerentes a esse processo.
Para Helmers (2006, p. 1-2), existe uma cultura visual e isso fortalece as bases para o
investimento em ferramentas para o letramento visual no universo da educação. Para a autora,
imagens são criadas para expressarem uma idéia ou emoção usadas para imaginar alternativas,
criar novas formas de se ver algo, gravando porções do mundo. E como as imagens
comunicam, elas são motivadas, persuadem ou advertem. Por isso, analisar o caráter híbrido
de um gênero multimodal deve ser uma prioridade educacional.
Ao trabalhar o hibridismo e seu impacto na constituição intra e intergenérica, o professor
deverá procurar capacitar o aluno a compreender as porções do mundo que os textos
representam e carregam, o que só é possível com a expansão do conceito de letramento, ou
seja, com um multiletramento. Esse, por sua vez, precisa ser trabalhado com ferramentas
adequadas, como as propostas pela Gramática do Design Visual.
Conforme Helmers, cultura visual é um termo recente derivado de trabalhos na área de
História da Arte, Sociologia e Estudos Culturais e se liga a outro – retórica visual – referente
às formas como as imagens persuadem seus espectadores, procurando levá-los a adotar
atitudes ou desempenharem certas ações. Isso reforça a perspectiva de se trabalharem os
textos multimodais em todos os campos, especialmente no educacional, para fornecer meios
de os alunos poderem fazer leituras críticas dos materiais visuais que os cercam, adentrando
no universo potencial de seu significado, mas com condições para buscar as ideologias e
visões de mundo neles subjacentes, embutidas e representadas.
Por isso, tem havido um interesse cada vez maior na multimodalidade o que tem gerado
diferentes publicações em torno do multimodal, do ponto de vista da tecnologia,
(multi)letramento e aprendizado (VIEIRA et. al, 2007; JEWITT, 2006; HULL & NELSON,
2005, DIONÍSIO, 2005), da interação multimodal (NORRIS, 2004), de diferentes
perspectivas em análise visual (ALMEIDA, 2008), da criação de uma pedagogia multimodal
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(STEIN, 2008), de análise de filmes/cinema (IEDEMA, 2001; ARAGÃO, 2004), de gêneros
sociais (MOTA-RIBEIRO & PINTO-COELHO, 2005; PINTO-COELHO & MOTA-
RIBEIRO, 2007) e de relações raciais (PINHEIRO & MAGALHÃES, 2006), dentre outros,
refletindo a importância do tema nacional e internacionalmente.
Deve-se ressaltar, a partir desses trabalhos e do desenvolvimento/crescimento do próprio uso
dos diferentes códigos semióticos na constituição dos textos, que a multimodalidade é uma
realidade inquestionável que faz parte das tecnologias discursivas e demonstra seu valor na
construção dos sentidos textuais. Dessa forma, precisa ser estudada no bojo da sociedade,
como ponte para se ter acesso às estruturas sociais, aos diferentes campos que a constituem e
à sua dinâmica sociocultural.
4. Considerações finais
As mensagens transmitidas pelos textos multimodais, em especial pelos textos aqui
analisados, portanto, são construídas por meio do hibridismo que a intersemiose característica
dos gêneros multimodais permite e facilita. Assim, recontextualizam-se discursos, gêneros e
práticas sociais, que são ressemiotizadas e presentificadas para que gerem uma nova ação
social específica no contexto em que são evocadas.
Segundo Kress & van Leeuwen (2001), discursos são conhecimentos da realidade socialmente
construídos, por serem desenvolvidos em contextos específicos, podendo ser realizados de
formas diferentes. Logo, cada elemento, vindo de qualquer código semiótico, trará discursos
que hibridamente constituirão a mensagem, mediada pelo design que, por sua vez, medeia
conteúdo e expressão no texto multimodal. Ou seja, o design é uma fonte de delineamento e
mediação da ação social, imbricado tanto na produção quanto na distribuição da mensagem,
por constituir, juntamente com elementos de outros códigos semióticos, como os itens
lexicais, uma forma de acesso aos discursos evocados no texto.
E isso nos leva a compreender a preocupação dos autores em explicitar e criar formas de
acesso a como nós somos capazes de importar signos de outros contextos (prominance) e a
perceber o significado experiencial potencial que provém do fato de seu significado advir do
que nós fazemos quando os produzimos e de nossa habilidade de transformar ação em
conhecimento, de estender nossa experiência metaforicamente e captar extensões produzidas
por outros (cf. KRESS & VAN LEEUWEN, 2001, p. 10).
14
Aqui, procuramos empreender uma análise de constituição global dos textos na tentativa de
trazer à tona alguns mecanismos que compunham sua multimodalidade, uma vez que se
mostram extremamente ricos em termos de discursos, gêneros e práticas sociais.
Sobretudo, é relevante destacar o valor das imagens na recontextualização das práticas sociais
que não podiam nem podem ser consideradas inerentes a algum texto, mas derivadas das
relações que podem ser estabelecidas entre elas, na interação entre os códigos semióticos
usados.
Também esperamos ter trazido à tona e valorizado trabalhos que têm se debruçado sobre o
tema em todos os campos, especialmente no da educação, na tentativa de fomentar discussões
e, quiçá, provocar uma mudança que tenha impacto para além dos muros de nossas escolas e
universidades.
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16
VIEIRA, J. A. et. al. Reflexões sobre a língua portuguesa: uma análise multimodal.
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6. ANEXO
17
Fonte: Revista Manchete, nº especial, Rio de Janeiro, agosto de 1969, p. 115.
Fonte: Revista Veja, ed. 2091, ano 41, n. 50, 17 de dezembro de 2008, p. 44.
18
Fonte: Revista Época, n. 422, 19 de junho de 2006, p. 103.