Post on 08-Nov-2018
¹ Professora de Rede Estadual de Ensino do Paraná, licenciada pela Fundação Faculdade de Ciências e Letras de União da Vitória – PR, com especialização em História Social. Participante do Programa de Desenvolvimento Educacional- PDE (2008/2009), pela Universidade Estadual do Centro Oeste – Unicentro – Guarapuava. Trabalho realizado sob a orientação do Prof. Dr. Oséias de Oliveira.
Igreja São Miguel Arcanjo : a Monumentalização do Sagrado
Educação Patrimonial no Ensino Fundamental
Elisete Cristina Dias Iachak 1
Resumo
O presente artigo tem por objetivo aproximar os alunos da Educação Patrimonial
a fim de dar ênfase à relevância da construção do conceito de preservação,
memória e identidade, por meio do estudo da Igreja São Miguel Arcanjo,
localizada na Serra do Tigre, na cidade de Mallet (PR). Buscou-se trabalhar de
forma a fazer com que tal monumento, possa ser reconhecido enquanto lugar de
memória, bem como, um patrimônio digno de respeito. Nesses aspectos, o
presente projeto visou propiciar ao estudante o contato com fatos concretos,
próximos a sua realidade, e possibilitar aos mesmos um ensino de História mais
significativo e dinâmico.
Palavras-chave: Patrimônio; Memória; Preservação; Educação Patrimonial.
Miguel Arcanjo Church: the monumentalization of the Sacred
Patrimonial Education in Basic Education
Abstract
The present article has for objective to approach the pupils of the Patrimonial
Education in order to give emphasis to the relevance of the construction of the
concept of preservation, memory and identity, by means of the study of the Miguel
Arcanjo Church, located in the Serra do Tigre, in the city of Mallet (PR). One
searched to work of form to make with that such monument, can be recognized
while memory place, as well as, a worthy patrimony of respect. In these aspects,
the present project aimed at to propitiate to the student the contact with concrete,
next facts their reality, and to make possible them education, the biggest
significant and dynamic History.
Key-words: Patrimony; Memory; Preservation; Patrimonial education.
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1. Introdução
Há alguns anos o ensino de História tradicional, ou seja de história linear
e eurocêntrica, tem sido colocado em discussão por vários estudiosos dessa área
do conhecimento. Isso se dá, pelo fato de que nesse modelo de ensino-
aprendizagem, a História era tida como uma verdade pronta, a ser transmitida
pelo educador e memorizada pelo educando. Deste modo, vemos que não se
possibilitava, em sala de aula, a construção do processo histórico dos alunos, o
que acabava por restringir o acesso dos mesmos à riqueza de tal. Nesses
aspectos, pode-se dizer que o estudo de História deve contemplar diversas visões
e temporalidades, a fim de desenvolver a consciência critica e histórica dos
educandos. Torna-se, então, perceptível, a necessidade de novas práticas, que
contribuam com a apropriação dos conteúdos por parte dos alunos, para que
estes construam seu próprio conhecimento e possam assim, tornarem-se
cidadãos críticos, autônomos, realmente conscientes de seus direitos e deveres.
No que se refere à consciência histórica, tem-se que, segundo as
Diretrizes Curriculares do Ensino de História para a Educação Básica do Estado
do Paraná, esta é inerente ao homem, na sua diversidade, ao passo que é vista
como uma condição para a existência do pensamento humano, pois os indivíduos
se constituem a partir da sua vivência em sociedade, em qualquer tempo ou
espaço. Baseadas na concepção de Rüsen (2001), as Diretrizes Curriculares
conceituam a consciência histórica como o conjunto “das operações mentais com
as quais os homens interpretam sua experiência da mudança temporal, de seu
mundo e de si mesmos, de forma que possam orientar, intencionalmente, sua
vida prática no tempo”.
Considerando o fato de que a maioria dos alunos costuma achar as aulas
de História chatas e enfadonhas, faz-se necessária uma estratégia que traga uma
motivação maior, despertando o interesse pelos conteúdos estudados, que torne
o ensino de história mais dinâmico e significativo.
Sob esse enfoque para Miceli (apud PINSKI, 1991), é inevitável pensar
que toda mudança no ensino de história requer muita coragem, mas que estas se
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fazem necessárias para que a história se torne importante e respeitada, mesmo
que isso não pareça possível.
A estratégia proposta no presente artigo está baseada na aproximação
entre o saber didático e a realidade do educando, isto é, a intenção é ligar a
matéria distante com a história local, valorizando a cultura da comunidade.
Em nossa região, ou seja, no sul do Brasil, existem algumas construções
que, através do tempo, tornaram-se centros de cultura extremamente importantes
para a memória de um determinado segmento da sociedade os quais precisam
ser preservados, pois uma sociedade que não reconhece seu passado está
fadada a perda de sua identidade e enfraquecimento seus valores.
Orientar um processo educativo para o conhecimento e a valorização da
herança cultural do município, através do acesso a instrumentos que permitam a
construção de conceitos e pensamento histórico e promovam o reconhecimento
do patrimônio histórico local é a principal meta desse trabalho, além de objetivar o
desenvolvimento da capacidade os alunos no que se refere a percepção a história
da construção da Igreja São Miguel Arcanjo como algo relevante para a história
do Município.
Nesta perspectiva, este trabalho visou a utilização de novas práticas,
objetivando a construção do conhecimento histórico, instrumentalização e
sensibilização dos alunos para a preservação da identidade local, bem como da
memória coletiva, representadas pelo patrimônio cultural. Para tanto, foi
necessária uma maior aproximação dos mesmos com a realidade, possibilitando
o contato destes, com objetos de estudo concretos, de mais fácil compreensão,
permitindo aos estudantes o seu reconhecimento enquanto sujeitos participantes
da História. Sendo assim,
quanto mais o aluno sentir a História como algo próximo dele, mais terá vontade de interagir com ela, não uma coisa externa, distante, mas como uma prática que sentirá qualificado e inclinado a exercer. (PINSKI, 2003, p.28)
Sob esse enfoque, realizou-se uma pesquisa-ação em uma turma da 5ª
série do Ensino Fundamental da Escola Estadual Nicolau Copérnico da cidade de
Mallet- PR, tomando-se como intrumento para a prática pedagógica, a Igreja São
Miguel Arcanjo da Serra do Tigre. Teve-se por objetivo a inserção da educação
patrimonial no Ensino Fundamental, bem como a construção do conceito de
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preservação, de memória e de identidade, nos alunos, por meio do estudo desse
monumento local.
2. Patrimônio
Para se discutir, claramente a questão de preservação, valorização e
Educação Patrimonial é necessário identificar o que é patrimônio e quais são suas
expressões.
Desse modo, podemos dizer que, atualmente, ao pensarmos no termo
patrimônio, de imediato nos vêm a lembrança, duas concepções diferentes ao
passo que, convergentes. A primeira se trata da herança que se transmite aos
filhos, as quais podem ter valor material, emocional ou ainda espiritual, como as
lições de vida, ensinamentos, receitas, entre outras. Esses, seriam os patrimônios
individuais, aos quais cada individuo agrega valor e atribui importância. A outra
ideia refere-se ao patrimônio coletivo, o qual é definido por outros indivíduos,
portanto algo mais complexo e remoto.
Nesses aspectos, entrar num consenso sobre valor patrimonial torna-se
difícil, tendo em vista que este se direciona a bens pertencentes a uma
comunidade específica, cujos membros, geralmente possuem ideias e interesses
diferentes, o que, de forma quase que automatizada, gera uma diversidade de
opiniões, cada qual buscando obter benefícios em relação à escolha deste ou
daquele patrimônio.(FUNARI & PELEGRINI, 2006)
Como nem tudo o que restou do passado pode ser considerado
patrimônio, o que vai servir de referência para que isso ocorra é a relação
existente entre a comunidade e o elemento em questão isto é, a cadeia de
relações que se forma entre as partes. Sendo assim pode ser considerado como
um revelador de identidades e ser tratado como um
conjunto de bens produzidos por outras gerações, ou seja, os bens resultantes da experiência coletiva que um grupo deseja manter como perene. Nesse sentido patrimônio supera a definição estreita de um conjunto estático de objetos, construções, documentos, obras, etc., sendo uma marca, um vestígio cultural, que individualiza os homens em momentos temporal e culturalmente diferentes. (MACHADO, 2004. p. 69)
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Sob outro ponto de vista vemos que patrimonium, em latim, significa
“bens herdados do pai”, algo de valor que se herda, e, como já foi mencionado até
os dias de hoje representa os bens que são transmitidos aos filhos. Com o passar
do tempo o significado do termo patrimônio foi ampliado aos bens de
determinados grupos sociais, que eram passados como forma de transmissão de
conhecimentos às gerações futuras.
Cabe ressaltar que, patrimônio cultural, refere-se a inúmeros pertences,
bens, objetos, locais, construções pertencentes a um povo ou nação. É um
conceito muito amplo que engloba os recursos da humanidade e os recursos
naturais, ou seja, é composto basicamente do meio natural do homem, do
conjunto de conhecimentos acumulados e do conjunto de bens culturais, que
seria tudo aquilo que o homem produziu com a intenção de sanar suas
necessidades e de seu desenvolvimento.
A Constituição Federal de 1988 define, em seu artigo 216, o que é o
patrimônio cultural brasileiro, a partir da seguinte concepção:
Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira... (BRASIL. Constituição, 1989, p. 141).
No Brasil, o órgão responsável pelo Patrimônio é o IPHAN – Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – o qual surgiu durante o governo Vargas
como o SPHAN – Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, cujo ideal
preservacionista objetivava a junção de um bem arquitetônico a um
acontecimento memorável, conhecido como “patrimônio de pedra e cal”. A
primeira lei que oficializa a proteção dos bens culturais nacionais é o Decreto-lei
nº 25 de 30.11.37:
Constitui o Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o conjunto de bens de interesse público, que por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, que por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico; bibliográfico ou artístico. (Lei nº 25/37 citada por BITTENCOURT, 1998, p.131)
Com base nessa citação, podemos perceber que foram excluídos do
processo de preservação os modos de expressão e os fazeres do povo, com o
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intuito de forjar uma identidade ao promover uma memória de uma só voz, de um
passado sem contradições, sem conflitos sociais, sem diferenciações.
(BITTENCOURT, 1998, p. 131).
Atualmente, é função do IPHAN, atuar na concretização do processo de
valorização e resgate do Patrimônio, pela sociedade. De acordo com Funari &
Pelegrini (2006, p.45) este órgão se encarrega “da identificação, catalogação,
restauração, conservação, preservação, fiscalização e difusão dos bens culturais
em todo o território brasileiro”.
Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
patrimônio cultural não se limita apenas a imóveis oficiais, mas na sua concepção
atual se estende a imóveis particulares, trechos urbanos e até ambientes naturais
de importância paisagística. (IPHAN, 2008)
De acordo Lemos, o patrimônio cultural é o acervo maior de um país ou
de um povo, compreende todo o conjunto de bens denominados “culturais”
porque, “entre todos eles, quaisquer que sejam os atributos que se lhes der,
existe forte travamento de relações estabelecidas”. (LEMOS, 2006, p.8)
Sob a ótica do estudo proposto por Hugues de Varine-Boham, Lemos,
afirma que o patrimônio cultural pode ser dividido em três grandes grupos de
elementos: o primeiro refere-se ao habitat natural do homem, ou seja, ao meio
ambiente; o segundo, às técnicas de confecção dos artefatos, o saber fazer; e o
terceiro, mais importante, dos bens culturais que é, na verdade o produto da
junção dos dois primeiros.
2.1. Patrimônio, Memória e História
Patrimônio, Memória e História são conceitos indissociáveis, sob esta
perspectiva, torna-se possível partir para a análise da relação existente entre
estes termos.
De acordo com Le Goff, (2003) a memória é alimentada pela história, que
dela cresce e tenta resgatar o passado para servir ao presente e ao futuro. A
memória coletiva deve servir de instrumento de libertação e não de escravização
do homem, sendo que, segundo o autor, a memória é a essência da identidade,
quer individual ou coletiva, essência essa, cuja procura é uma das principais
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atividades dos homens de hoje. Deste modo a memória coletiva pode se referir a
um “instrumento e um objeto de poder” (LE GOFF, 2003, p. 470).
Conforme Nora (1993) a memória é vida, por isso está em constante
evolução, pois é sempre levada por grupos vivos, estando sujeita à lembrança e
ao esquecimento, a sofrer deformações, a ser manipulada, usada, a passar por
longos períodos de latência e sofrer bruscas revitalizações.
Nessa perspectiva, este autor explica que de cada grupo surge uma
memória, portanto existe paridade entre os grupos e memórias, e que ela é
naturalmente coletiva, plural e individualizada, enquanto que a história, ao
contrário, tem aspectos universais, pertence a todos e ao mesmo tempo a
ninguém. Vale ressaltar que a história, sob esse ponto de vista, é tida como algo
que se ancora naquilo que é concreto, no palpável, por exemplo, no gesto, na
imagem, e que o objeto a história só se liga nas mudanças, nas relações das
coisas, nas temporalidades. “A memória é um absoluto e a história só conhece o
relativo”. (NORA, 1993, p.9)
A partir dessas considerações, torna-se possível o levantamento do
seguinte questionamento: Qual é, afinal, a função da memória?
Pollak (1989) encara a memória como uma forma coletiva de
salvaguardar ou reforçar o sentimento de pertencimento a um determinado grupo
social. Para ele, a alusão ao passado ajuda a manter a harmonia e defender as
fronteiras dessa comunidade. Sendo assim, a memória é construída em grupo, ao
passo que individualmente, constituindo assim a identidade individual e coletiva,
sendo esta, um fator importantíssimo para o sentimento de continuidade na
construção de um indivíduo ou de um grupo.
Quando Nora caracteriza a memória, ele distingue dois tipos: a verdadeira
(imediata) e a que se transformou em história (indireta). A memória transformada
em história difere da primeira porque ter sofrido intervenções, ser arquivística, ter
necessidade de sustentação externa e referencial. É a partir desta memória que
passou a ser história, é que se estabelecem os “lugares de memória”. Segundo o
autor
Os lugares de memória nascem e vivem do sentimento que não há memória espontânea, que é preciso criar arquivos, que é preciso manter aniversários, organizar celebrações, pronunciar elogios fúnebres, notariar atas, porque essas operações não são naturais. (NORA, 1993, p.13).
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Sendo assim “lugares da memória” são espaços construídos para a
preservação, o uso e a transmissão de uma determinada herança cultural. Nesse
sentido, para manter a identidade de um povo e impedir que seus costumes se
percam, faz-se necessário a preservação desses locais. Para Lemos (2006), o
termo preservação é muito mais abrangente do que aparenta, ou seja, vai muito
além do simples ato de guardar um objeto ou proteger um bem histórico, mas
refere-se a registrar, gravar, manter vivos usos e costumes, mesmo que sofram
modificações; fazer levantamentos, para garantir informações do que é
significativo.
Nora utiliza a expressão “aceleração de história”, para caracterizar essa
situação em que o passado vai perdendo lugar para o presente eterno. Daí a
importância da consciência no que se refere a quê, e porquê, se preserva e quais
as regras que permeiam a escolha deste, ou daquele bem a ser preservado,
quem decide o que é, ou o que não é patrimonial.
Uma das formas de conservação, proteção e preservação, segundo a
legislação atual do Brasil, é o tombamento:
(...) Um ato administrativo realizado pelo Poder Público com o objetivo de preservar por intermédio da aplicação de uma legislação específica, bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e também de valor afetivo que venham a ser destruídos ou descaracterizados. (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, 2008)
Tombamento, como registro, tem o mesmo sentido de guardar, preservar.
A perpetuação da memória é garantida por meio da salvaguarda do bem
tombado, escolhido entre muitos. Tal bem não pode ser descaracterizado nem
destruído e qualquer modificação que se faça necessária deve ser previamente
analisada e autorizada. O proprietário continua sendo o legítimo dono, pois
tombamento não é desapropriação e esse bem pode ser transferido.
Podemos dizer que, somente através da conscientização acerca da
importância desses bens para a manutenção da cultura de um determinado
segmento da sociedade, será possível a preservação dos mesmos. Nesse
sentido, Aloísio Magalhães (apud Campos, 2005, p.159) explicita que “a
comunidade é a melhor guardiã de seu patrimônio. Só se preserva aquilo que se
ama e só se ama aquilo que se conhece”.
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Segundo Horta, Grunberg &Monteiro (1999)
O conhecimento crítico e a apropriação consciente pelas comunidades do seu patrimônio são fatores indispensáveis no processo de preservação sustentável desses bens, assim como no fortalecimento dos sentimentos de identidade e cidadania.(HORTA, GRUNBERG &MONTEIRO, 1999, p.6)
Tendo em vista a estreita relação entre monumentos e memória, Nora
(1993, p.9), afirma que a memória se “enraíza no concreto, no espaço, no gesto,
na imagem, no objeto”. Justifica-se, então, a grande preocupação com a difícil
tarefa de preservação, cujo objetivo maior é o resguardo da identidade de um
povo.
Mário de Andrade ( apud BITTENCOURT, 2005, p.141) defende com
grande propriedade a preservação e a valorização patrimonial “a que se
reverenciar e defender especialmente as capelinhas toscas, as velhices de um
tempo de luta e o restos de luxo esburacado que o acaso se esqueceu de
destruir”.
Analisando sob outro ponto de vista, vemos que um dos grandes desafios
enfrentados pelo poder público e pela educação é o de fazer com que a
preocupação com a preservação dos bens culturais seja partilhado entre o maior
número de indivíduos, pois observa-se que, muitas vezes, a própria comunidade é
responsável pela degradação dos monumentos os quais lhe pertencem, quer seja
por desinformação, desconhecimento ou até mesmo pela opressão originária do
progresso, a qual obriga, muitas vezes, a destruição dos patrimônios para dar
lugar a prédios mais modernos. Portanto, para que se preserve a memória de um
povo, faz-se necessário, o envolvimento de todos os sujeitos da sociedade, na
questão do reconhecimento da importância dos mesmos, para a manutenção de
sua própria história.
A partir dessas considerações, deduz-se que é de extrema necessidade o
resgate dessa memória cultural, através de trabalhos que objetivem a análise das
sociedades e os aspectos culturais em risco de se perderem.
Cabe ressaltar aqui, a necessidade de se fazer com que cada indivíduo se
perceba enquanto sujeito atuante na história, pois, geralmente, a maioria da
população se sente excluída do processo de escolha dos bens a serem
preservados, o que acaba por gerar nesses sujeitos a idéia de não pertencimento
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a esse mesmo processo de escolha e, portanto, os fazem desconhecidos de seu
passado, de seus direitos e de sua própria identidade. Corrobora com esse
pensamento a afirmação que, “como todos os homens são determinados pela
história vivida, todos são sujeitos da própria história; isso equivale a entender que
História é feita por todos.” (CAINELLI & SCHIMIDT, 2005, p.125)
3. Educação Patrimonial
A educação patrimonial é um instrumento importantíssimo que colabora
no sentido ao de fazer com que a comunidade em geral conheça e aprenda a dar
valor ao patrimônio, a princípio, de sua localidade.Segundo Murta & Albano (2002,
p.10) faz-se necessário “convencer as pessoas do valor de seu patrimônio,
encorajando-as a conservá-lo”.
Segundo Lemos, o segredo da preservação está “na elucidação popular, na
educação sistemática que difunda entre toda a população, dirigentes e dirigidos, o
interesse maior que há na salvaguarda de bens culturais.(LEMOS, 2006, p. 109)
Conforme Horta, Grunberg &Monteiro (1999), a Educação Patrimonial é o
processo permanente do estudo baseado no Patrimônio Cultural, sendo este, a
fonte primária da produção do conhecimento de cada indivíduo e da coletividade,
que parte da experiência e evidencia as manifestações culturais, em muitos
aspectos, sentidos e significação do trabalho referente à Educação Patrimonial,
que visa direcionar crianças e adultos à apropriação e valorização da herança
cultural, assim como o uso desses bens, bem como favorecer a formação e
produção de novos conhecimentos.
É pertinente a ressalva de que a Educação Patrimonial pode ocorrer em
qualquer setor da sociedade. A análise do patrimônio como uma forma de
preservação da memória social e da coletividade, os quais contribuem para a
formação de cidadãos conscientes de seus direitos e cumpridores de seus
deveres, é papel da escola.
Sob este aspecto é oportuna a inserção da educação patrimonial como
ferramenta de apoio no processo ensino-aprendizagem de História. Como explica
Bittencourt (2005):
Por educação patrimonial entende-se a utilização de museus, monumentos históricos, arquivos, bibliotecas – os lugares e suportes de memória – no processo educativo, a fim de
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desenvolver a sensibilidade e a consciência dos educandos e futuros cidadãos da importância da preservação desses bens
culturais. (BITTENCOURT, 2005, p. 141)
A educação patrimonial é uma das mais importantes áreas de atuação da
história, pois instrumentaliza os educandos no sentido da conscientização quanto
à preservação da identidade local e da memória coletiva, representadas pelo
patrimônio historico e cultural.
A metodogia de educação patrimonial, proposta por Horta, Grunberg e
Monteiro (1999, p.12) segue quatro etapas: 1-) Observação: referente a
identificação de um bem cultural, bem como sua finalidade e significado por meio
de recursos como exercícios de percepção, questionamentos, experimentação,
anotações, entre outros; 2-) Registro: trata-se da fase de análise dos
conhecimentos adquiridos para melhor fixação do mesmo, aprofundamento da
observação, desenvolvimento da lógica e da memória; 3-) Exploração: esta
etapa possibilita a análise e discussão do problema, confrontando as observações
com o conhecimento científico, por meio de pesquisas em diferentes fontes; 4-)
Apropriação: por meio de diferentes atividades, como pintura, desenhos,música,
entre outras. Neste caso, percebe-se o envolvimento afetivo do aluno com o bem
cultural e, consequentemente, a valorização do mesmo, vemos então que, sob
essa abordagem, o objetivo da Educação Patrimonial é alcançado.
A meta da educação patrimonial é disseminar conhecimento e informação
sobre o patrimônio cultural e sua apropriação pelas comunidades escolares e
locais através de ações educativas planejadas de acordo com as metodologias da
Educação Patrimonial. A partir disso há necessidade de envolver o futuro cidadão
na valorização do patrimônio cultural, despertando em tal cidadão, um sentimento
de responsabilidade e respeito pelos monumentos públicos e bens patrimoniais
de sua cidade. No inicio das atividades, em uma conversa informal os discentes
revelaram o desconhecimento da temática do patrimônio cultural local, deixando
evidenciar a necessidade da implantação deste trabalho de inserção da Educação
Patrimonial. Por outro lado conceitos como o de patrimônio cultural, preservação,
memória, tombamento, entre outros, foram utilizados na elaboração do projeto e
do material didático-pedagógico utilizado nas aulas.
Um dos grandes desafios enfrentados pelo poder público e pela educação
é o de fazer com que a preocupação com a preservação dos bens culturais seja
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partilhada entre o maior número de indivíduos, para que se preserve a
diversidade cultural que é o tesouro maior das comunidades e do país. Com isso,
evita-se o prevalecimento do desejo e da memória de uma minoria, como
aconteceu no passado.
A partir dessas considerações, torna-se possível a descrição do
patrimônio estudado.
4. A Igreja São Miguel Arcanjo e a imigração ucraniana
O avanço de Napoleão sobre a Europa e a escassez de terras para a
prática da agricultura, fizeram com que muitas pessoas saíssem de suas pátrias
em busca de uma vida melhor. Nesse mesmo momento o Brasil com grande
extensão de terras e que vivia o período de pós-abolição, aparece como uma
excelente opção para esses povos. Por volta de 1890, chega à região da Serra do
Tigre, a primeira leva de imigrantes ucranianos, que se estabelecem em uma
comunidade na qual já habitavam poloneses. Ambas as culturas possuíam como
característica marcante, a religiosidade, trazida como herança de seus países.
Uma das primeiras atitudes que tomaram foi a de construir igrejas, mesmo com
poucos recursos e com ferramentas rudimentares.
Nesses aspectos, vemos que a Igreja São Miguel Arcanjo possui
cobertura de telhas de barro e de madeira (tabuinhas), com 20 metros de altura,
15 metros de comprimento e 12 metros de largura é toda feita em madeira de lei
(pinheiro, imbuia e cedro) serrada a mão. Construída a partir da técnica de
encaixe de madeira, a igreja possui paredes triplas, nas quais quase não se usou
pregos.
Diferentemente das igrejas de outros ritos, em lugar de torres com cruzes
voltadas para o alto, na Igreja São Miguel Arcanjo há uma cúpula, que, segundo
os ucranianos demonstra o zelo de Deus sobre seus seguidores, ao redor da
mesma existe uma espécie de cobertura, uma aba com detalhes em madeira que
tem a denominação de “hutsul”.
No que se refere à fachada da igreja, pode-se dizer que esta é composta
por uma legenda, escrita em ucraniano, a qual, traduzida, significa “Deus está
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conosco, entenda nação e reverenciai-O, porque Deus está conosco".2 Em seu
interior há apenas ícones, sem a presença de esculturas. Uma curiosidade é que
toda a madeira utilizada na obra foi doada pelos colonos e trazida pelos mesmos
em carroças ou nas costas, pois o acesso ao lugar era bastante difícil.
Acredita-se que, a Igreja São Miguel Arcanjo foi a segunda igreja do rito
ucraíno-católico a ser construída no Brasil, cuja obra teve início em 1897 e foi
concluída em 1903, sob o comando do padre Nikon Rozdolsky. Cabe comentar
que a primeira igreja desse mesmo rito também pertencia ao município de Mallet,
localizava-se na Colônia 5 e tinha sido construída em 1895, porém, já não existe
mais.
A centenária edificação, apesar de tombada, (registrada como patrimônio
arquitetônico e a mais antiga igreja ucraniana do rito bizantino do Brasil) se
mantém razoavelmente conservada graças às iniciativas da comunidade que com
seus próprios recursos tem conseguido preservá-la, protegendo-a da melhor
maneira possível contra a ação do tempo. No entanto, está em trâmite um
processo para liberação de verba para uma restauração parcial da mesma.
Em homenagem ao centenário da imigração ucraniana (1995) foi
inaugurado, no parque Tinguí em Curitiba, o Memorial Ucraniano. Nele, a
construção mais importante é uma réplica da Igreja São Miguel Arcanjo, também
feita toda em madeira encaixada, mas que não tem função religiosa.
Figura 1- Igreja São Miguel Arcanjo – Mallet fotos: Elisete C. D. Iachak
2 "Бог з нами, розуміти народ і повагу, тому що Бог з нами"
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5. Implementação: conhecer para preservar
Como já foi comentado, o termo patrimônio cultural, tradicionalmente,
refere-se aos bens entendidos como pertencentes a um povo ou nação e que
atualmente procura incluir os bens referenciais para toda a sociedade. A
Educação Patrimonial se apresenta como uma metodologia apropriada ao
desenvolvimento do conceito de patrimônio cultural, permitindo a assimilação de
novas atribuições para sua seleção e a democratização das práticas culturais.
Sabendo-se que uma intervenção pedagógica exige o envolvimento de
sujeitos faz-se necessária a descrição dos participantes da pesquisa.
Os sujeitos do trabalho são alunos de uma escola pública, pré-
adolescentes com idade entre 11 e 12 anos, de classe média baixa. A
composição da turma é de 21 meninos e 11 meninas.
A escola onde foi desenvolvida a atividade é a Escola Estadual Nicolau
Copérnico, situada na cidade de Mallet (PR), onde a mediadora leciona e é
conhecedora dos estudantes e de suas necessidades. Para o desenvolvimento
das atividades foram necessários nove encontros, os quais ocorreram nos meses
de abril e maio de 2009.
Quanto aos materiais utilizados, cabe a seguinte descrição: cadernos
para o registro das informações, folhas de papel, CD-ROM contendo informações
acerca do tema patrimônio cultural, data-show utilizado para repassar o conteúdo
do CD aos alunos, caixas de papelão, as quais serviram de material para a
realização da atividade “Caixa dos Tesouros”, câmera fotográfica para registrar
imagens do trabalho realizado, revistas e jornais para recorte
No que se refere à metodologia ressalta-se que se fez necessária a
utilização de um cronograma pré-elaborado para que o trabalho se desenvolvesse
com organização:
1ª Aula
Apresentação do projeto aos alunos, dos objetivos do mesmo e
das atividades, por meio de aula expositiva- teórica.
2ª Aula
Introdução ao estudo do patrimônio individual por meio da
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história da origem do nome de cada um dos alunos. Solicitou-se
que os alunos realizassem uma pesquisa com os pais sobre o
assunto.
3ª Aula
Discussão sobre a pesquisa realizada. Reflexão sobre
patrimônio coletivo, realizada a partir de conversas com os
alunos. Trabalho com recorte de figuras retiradas de revistas,
jornais e posterior colagem no caderno, com a intenção de que
os alunos reconheçam patrimônios culturais da humanidade.
Nesta aula, foi solicitado que os alunos trouxessem, na próxima
aula, objetos antigos estimados por suas famílias.
4ª Aula
Realização da atividade “Caixa de Tesouros da 5ª A”-,
utilizando-se dos objetos trazidos pelos alunos. Objetivou-se
que os alunos relacionassem Patrimônio e memória,
preservação e conservação. Essa atividade consistiu em cada
um relatar a história do objeto que havia trazido de casa e
depositá-lo em uma caixa que logo após foi levada por uma
funcionária que supostamente a jogaria no lixo para que fosse
levada pelo caminhão (ato previamente combinado). Os alunos
ficaram temerosos. Depois de certo tempo a caixa retorna para
a sala os bens são devolvidos e é feito o registro do sentimento
que os assolou no momento.
5ª Aula
Trabalho com o material didático-pedagógico CD-ROM, por
meio da utilização do data show ,fez-se a explanação do
conteúdo presente no CD, buscou-se a participação ativa dos
alunos nessa atividade.
6ª Aula
Pelo fato do material ser muito extenso fez-se necessário a
utilização de mais uma aula para o trabalho com o material
didático-pedagógico, foi dada continuidade as explicações
sobre as informações contidas no CD-ROM.
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7ª Aula
Visita a Igreja São Miguel Arcanjo. Objetivo: Conhecer o
monumento estudado. Aconteceu no dia 21 de maio de 2009 e
participaram todos os alunos da classe.
8ª Aula
Registro das observações feitas durante a visita à igreja por
meio de texto e desenhos. Discussão sobre essas observações
realizada ainda no local, enquanto esperávamos o ônibus para
o retorno à escola.
9ª Aula
Montagem de um mural pelos alunos, no foram expostas fotos
da visita à Igreja, os desenhos, algumas frases sobre
patrimônio, retirados dos textos que haviam produzidos
anteriormente.
No que se refere a metodologia utilizada, pode-se dizer que, em primeiro
lugar, fez-se um levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos, em relação
a Patrimônios. A atividade inicial foi uma conversa com os alunos a fim de
descobrir a descendência de cada um, essa descoberta foi possível por meio do
sobrenome que cada um possui, a partir desse levantamento ficou óbvio que a
maioria desconhecia sua origem. Propôs-se então, uma pesquisa com os pais ou
responsáveis sobre o assunto e esta foi registrada. Essa atividade foi importante
para que se fizesse a construção do conceito de patrimônio individual. Os alunos
tiveram a oportunidade de transmitir sua história aos colegas num momento rico
de interação e protagonismo.
A fim de dar continuidade ao processo de construção de conhecimento, foi
realizada uma atividade3 na qual os alunos trouxeram objetos de suas famílias e
cada um deles contou para a classe a história de tal objeto e o colocou numa
caixa. Ao final das apresentações foi pedido para que uma funcionária jogasse a
caixa no lixo para que fosse levada pelo caminhão (ato previamente combinado).
Todos ficaram extremamente alvoroçados com a atitude tomada. Nesse meio
tempo, numa conversa, procurou-se verificar os conhecimentos prévios dos
alunos sobre patrimônios e preservação. Depois de certo tempo a caixa retorna
3 Baseada em uma das atividades do Guia de Atividades do Projeto Tesouros do Brasil. Disponível
em :<www.tesourosdobrasil.com.br>.
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para a sala os bens são devolvidos e é feito o registro do sentimento que os
assolou no momento. Uma das crianças relatou: “... eu me senti apavorada,
assustada, com medo pensando quando nossos pais descobrissem, eles ficariam
angustiados pensando no que iam ter de lembrança dos parentes”.
Cabe relatar que além desse comentário, surgiu também, o de outro aluno,
o qual afirmou o seguinte: “Eu me senti muito culpado porque é um tesouro de
família. Meu pai e minha mãe guardam com muito com carinho há muitos anos.
Meu pai iria ficar muito triste.”
A partir dessas colocações pode-se trabalhar com conceitos de
conservação e preservação.
O trabalho com material didático-pedagógico mostrou-se muito relevante,
por ser um CD-ROM auto-executável, com uma linguagem bastante acessível e
imagens muito atraentes. A idéia inicial era permitir que os próprios alunos
utilizassem o CD no laboratório de informática, o que seria muito interessante,
porém, dos 20 computadores apenas quatro deles possuíam entrada para CD,
portanto o trabalho ficou impossibilitado de ser realizado. Fez-se necessário
então, o uso do data-show, em duas aulas sequenciais. Após essa atividade
foram propostas, aos educandos, algumas questões sobre o viram no material
pedagógico.
Tendo em vista que, nas aulas anteriores já tinham sido estudadas as
questões teóricas sobre patrimônio cultural e suas expressões, o próximo passo,
que foi a visita ao bem cultural estudado, no caso a Igreja São Miguel Arcanjo, foi
fundamental para a concretização do projeto. Depois de agendada a visita e
autorizada pelos pais dos alunos, fez-se o trajeto até a Serra do Tigre, e aí os
participantes, munidos de material para anotações, inclusive um questionário para
ser respondido por meio da observação, puderam perceber o bem cultural
estudado, como algo real e acessível, vivenciando o que fora discutido em sala de
aula.
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Figura 2 – Alunos observando os detalhes Figura 3 – Visitação ao bem cultural
Figura 4 – Visitação ao bem cultural Figura 5 – Registros das observações
Após a visitação, para sintetizar o aprendizado fez-se conveniente que os
alunos participassem de uma conversa, na qual todos puderam expor suas
opiniões, suas observações, registros e mostrar os desenhos que fizeram durante
a visita.
Vale ressaltar que, em meio às considerações feitas pelos alunos, surgiu a
seguinte: “A Igreja é um patrimônio histórico. Ela é importante para todos nós,
pois guarda a memória de um povo.” A partir disso foi possível observar que, nas
falas dos estudantes a concretização da proposta da educação patrimonial, que é
a apropriação, a relação afetiva que se estabelece entre o observador e o bem
estudado passa a ter valor, ou seja, aquele monumento que parecia insignificante
no contexto social passa a ter um reconhecimento pelo indivíduo.
Como havia sido planejado para finalizar o trabalho foi montado um mural,
para expor os resultados para a comunidade escolar.
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Considerações Finais
Há uma crescente preocupação em difundir e valorizar o patrimônio cultural
do país, constatação feita a partir da leitura da bibliografia que trata do assunto.
Neste contexto, a educação patrimonial apresenta-se como uma
metodologia muito eficaz para o desenvolvimento do espírito crítico por parte dos
indivíduos e de toda a comunidade, pois o contato com um bem cultural permite a
elaboração dos conhecimentos históricos, possibilita a compreensão da
necessidade de interpretar os bens culturais e os valores básicos de identidade
de um povo para que estes se perpetuem através de gerações.
Sob este ponto de vista, percebeu-se a necessidade de colaborar para a
valorização do patrimônio cultural local, para tanto, a ação pedagógica, aqui
descrita, teve como princípio desenvolver, nos educandos, uma consciência
histórica por meio do estudo de um monumento local, a Igreja São Miguel
Arcanjo. A intenção foi propiciar condições para que estes construam os conceitos
históricos partindo de sua própria realidade, podendo assim, tornarem-se
cidadãos conscientes e crítico.
Os resultados mostraram-se positivos, os objetivos foram plenamente
alcançados. Por meio desse trabalho, os alunos puderam construir seus conceitos
sobre Patrimônio Cultural, memória, preservação. Tal resultado é extremamente
importante para a manutenção da identidade social para que seus costumes, suas
raízes não se percam com o passar do tempo.
Após a realização das atividades, os estudantes passaram a reconhecer o
monumento estudado como uma fonte de informação que tem contribuído para
revelar a história do município. O sentimento de afeição despertado certamente
fará com que passem a defendê-lo e valorizá-lo como pertencente à história do
povo que o construiu.
Em suma, a inserção da educação patrimonial no Ensino Fundamental é
necessária, possível e contribui grandemente para o desenvolvimento dos
indivíduos nos mais diferentes aspectos. A confirmação dessa afirmativa vem das
palavras dos envolvidos no processo, como é o caso de um aluno de 12 anos que
fez o seguinte comentário: “Os patrimônios são nossos, nós é que temos que
cuidar deles, senão o que teremos para lembrar no futuro?”
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