Post on 20-Nov-2015
Religies Afro-Brasileiras:
So consideradas Religies Afro-Brasileiras, todas as religies que tiveram origem nas
religies africanas, que foram trazidas para o Brasil pelos escravos.
Candombl
Umbanda
Batuque
Catimb
Culto aos Egungun
Culto de If
Jurema sagrada
Quimbanda
Macumba
Tambor de Mina
Xang do Nordeste
Xamb
As Religies Afro-Brasileiras so relacionadas com a Religio Yorub e outras Religies
africanas, e diferentes das Religies Afro-Caribenhas como a Santeria e o Vodu.
A lngua oficial nos cultos Ktu, gb, Ifn e js, o Yorb, que apesar disso tambm
muito utilizada nos cultos de origem Angola e Jeje, que so oriundos de pases e culturas
diferentes.
A religio afro-brasileira, trazida por africanos ou originada de tradies culturais de povos
que entraram no Brasil como escravos, nem sempre foi professada livremente. Sua
organizao e expresso foram impedidas no perodo colonial pela Inquisio, que atuou em
Portugal de 1536 a 1820, punindo os "crimes contra a f", e quando foi encarada como
feitiaria e prtica diablica. No Imprio, embora tenha havido mais liberdade, foi encarada
como divertimento de negro, sujeito autorizao da autoridade, e a ser perseguido como
feitiaria e curandeirismo, objeto de penalidade em Cdigos de Postura municipais, como os
de So Lus (1866), Cod (1848) e Guimares (1856), estabelecidos no reinado de D. Pedro II.
Depois da proclamao da Repblica, apesar da apregoada "liberdade de crena", os terreiros
continuaram a ser considerados como casas de diverso (por causa da realizao de festas,
rituais com toque e dana etc), acusados da realizao de prticas mgicas e curandeirismo,
enquadrados como crime no Cdigo Penal brasileiro de 1890 e posteriores, e passaram a ser
tambm acusados de crimes contra a sade pblica, sendo encarados como centros geradores
de loucura (em virtude de o transe ser visto por eles como uma alucinao, como um estado
mrbido). Em decorrncia disso, a religio afro-brasileira enfrentou por muitas dcadas severo
controle e perseguio da polcia e de rgos governamentais. Hoje, apesar das conquistas
realizadas, continua sendo encarada de forma preconceituosa, o que impede que os terreiros
recebam do poder pblico o mesmo tratamento que dispensado a outras religies e tem
levado muitos dos seus adeptos a negar a sua crena e a sua vinculao a terreiros. O
preconceito contra a religio afro-brasileira encorajou tambm prticas discriminatrias de
catlicos (principalmente no passado), de espritas (apesar de o espiritismo ter sido tambm
enquadrado nos Cdigos Penais brasileiros de 1890 a 1940) e de evanglicos (hoje
principalmente pela Igreja Universal do Reino de Deus - IURD). Entre os fatores determinantes
dessa situao enfrentada pela religio afro-brasileira tm sido apontados:
1) a sua associao escravido, que aparece como uma marca negativa irremovvel e que
tem justificado para muitos a sua "estigmatizao"; e,
2) a falta de conscientizao de seu carter de religio por muitos dos seus ministros e
adeptos que so tambm catlicos praticantes, que os levam a considerar a religio afro-
brasileira: uma obrigao sria e penosa, deixada por ancestrais a afrodescendentes; um culto
s entidades espirituais que protegem especificamente os negros (vodus, orixs e outros
encantados - os santos dos negros); e, s vezes, uma forma de afrodescendentes cultuarem
santos catlicos. O preconceito e a discriminao contra a religio afro-brasileira tm sido
denunciados e combatidos em diferentes pocas, com estratgias diversas.
Candombl:
Il Ax Iya Nass Ok - Terreiro da Casa Branca - casa mais antiga de Salvador Bahia
Candombl uma das Religies Afro-Brasileiras praticadas principalmente no Brasil mas
tambm em pases adjacentes como Uruguai, Argentina, e Venezuela.
A religio foi desenvolvida no Brasil com o conhecimento dos sacerdotes africanos que
foram escravizados e trazidos da frica para o Brasil, juntamente com seus Orixs/Inquices/
Voduns, sua cultura, e seus dialetos, entre 1549 e 1888.
Embora confinado originalmente populao de escravos, proibido pela igreja Catlica, e
criminalizado mesmo por alguns governos, o candombl prosperou nos quatro sculos, e
expandiu consideravelmente desde o fim da escravatura em 1888. agora uma das religies
principais estabelecidas, com seguidores de todas as classes sociais e dezenas de milhares de
templos. Em levantamentos recentes, aproximadamente 3 milhes de brasileiros (1,5% da
populao total) declararam o candombl como sua religio. Na cidade de Salvador existem
2.230 terreiros registrados na Federao Baiana de Cultos Afro-brasileiros. Entretanto, na
cultura brasileira as religies no so vistas mutuamente como exclusivas, e muitos povos de
outras crenas religiosas at 70 milhes, de acordo com algumas organizaes culturais
Afro-Brasileiras participam em rituais do candombl, regularmente ou ocasionalmente.
Orixs do Candombl, os rituais, e as festas so agora uma parte integrante da cultura e uma
parte do folclore brasileiro.
O Candombl no deve ser confundido com Umbanda e Macumba, duas outras religies
Afro-Brasileiras com similar origem; e com religies Afro-derivadas similares em outros pases
do Novo Mundo, como o Voo doo Haitiano, a Santeira Cubana, e o Obeah, os quais foram
desenvolvidos independentemente do Candombl e so virtualmente desconhecidos no Brasil.
Naes
Os escravos brasileiros pertenciam a diversos grupos tnicos, incluindo os Yoruba, os Ewe,
os Fon, e os Bantu. Como a religio se tornou semi-independente em regies diferentes do
pas, entre grupos tnicos diferentes, evoluram diversas "divises" ou naes, que se
distinguem entre si principalmente pelo conjunto de divinda-des veneradas, o atabaque
(msica) e a lngua sagrada usada nos rituais.
A lista seguinte uma classificao pouco rigorosa das principais naes e sub-naes, de
suas regies de origem, e de suas lnguas sagradas:
Nag ou Iorub
Ketu ou Queto (Bahia) e quase todos estados - Lngua Yoruba (Iorub ou Nag em
Portugus)
Efan na Bahia, Rio de Janeiro e So Paulo
Ijex principalmente na Bahia
Nag Egb ou Xang do Nordeste no Pernambuco, Paraba, Alagoas, Rio de Janeiro e So
Paulo
Mina-nag ou Tambor-de-Mina no Maranho
Xamb em Alagoas e Pernambuco (quase extinto).
Bantu, Angola e Congo (Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, Minas Gerais, So Paulo, Gois,
Rio Grande do Sul), mistura de Bantu, Kikongo e Kimbundo lnguas.
Candombl de Caboclo (entidades nativas ndios)
Jeje A palavra Jeje vem do yorub adjeje que significa estrangeiro, forasteiro. Nunca existiu
nenhuma nao Jeje na frica. O que chamado de nao Jeje o candombl formado pelos
povos fons vindo da regio de Dahom e pelos povos mahins. Jeje era o nome dado de forma
pejorativa pelos yorubs para as pessoas que habitavam o leste, porque os mahins eram uma
tribo do lado leste e Saluv ou Savalu eram povos do lado sul. O termo Saluv ou Savalu, na
verdade, vem de "Sav" que era o lugar onde se cultuava Nan. Nan, uma das origens das
quais seria Bariba, uma antiga dinastia originria de um filho de Odudu, que o fundador de
Sav (tendo neste caso a ver com os povos fons). O Abomei ficava no oeste, enquanto Ashantis
era a tribo do norte. Todas essas tribos eram de povos Jeje.(Bahia, Rio de Janeiro e So Paulo) -
lngua Ewe e lngua Fon (Jeje)
Jeje Mina lngua Mina So Luiz do Maranho
Babau no Par
Crenas
Candombl no uma religio politesta, embora alguns defendam que cultua um deus
principal (Olorum/Zambi/Mawu) e, na prtica diria, outros deuses. Os
Orixs/Inquices/Voduns recebem homenagens regulares, com oferendas, cnticos, danas e
roupas especiais. Ento, podemos dizer que o Candombl uma crena em diversas
divindades, tendo um Deus maior e criador.
os Orixs da Mitologia Yoruba foram criados por um deus supremo, Olorun (Olorum) dos
Yoruba;
os Voduns da Mitologia Fon ou Mitologia Ewe, foram criados por Mawu, o deus supremo
dos Fon;
os Inquices da Mitologia Bantu, foram criados por Zambi, Zambiapongo, deus supremo e
criador.
O Candombl cultua, entre todas as naes, umas cinquenta das centenas de deidades
ainda cultuadas na frica. Mas, na maioria dos terreiros das grandes cidades, so doze as mais
cultuadas. O que acontece que algumas divindades tm "qualidades", que podem ser
cultuadas como um diferente Orix/Inquice/Vodun em um ou outro terreiro. Ento, a lista de
divindades das diferentes naes grande, e muitos Orixs do Ketu podem ser "identificados"
com os Voduns do Jej e Inquices dos Bantu em suas caractersticas, mas na realidade no so
os mesmos; seus cultos, rituais e toques so totalmente diferentes.
Orixs tm individuais personalidades, habilidades e preferncias rituais, e so conectados
ao fenmeno natural especfico (um conceito no muito diferente do Kami do japons
Xintosmo). Toda pessoa escolhida no nascimento por um ou vrios "patronos" Orix, que
um babalorix identificar. Alguns Orixs so "incorporados" por pessoas iniciadas durante o
ritual do candombl, outros Orixs no, apenas so cultuados em rvores pela coletividade.
Alguns Orixs chamados Funfun (branco), que fizeram parte da criao do mundo, tambm
no so incorporados.
Sincretismo
No tempo das senzalas os negros para poderem cultuar seus Orixs, Inkices e Voduns
usaram como camuflagem um altar com imagens de santos catlicos e por baixo os
assentamentos escondidos, segundo alguns pesquisadores este sincretismo j havia comeado
na frica, induzida pelos prprios missionrios para facilitar a converso.
Depois da libertao dos escravos comearam a surgir as primeiras casas de candombl, e
facto que o candombl de sculos tenha incorporado muitos elementos do Cristianismo.
Crucifixos e imagens eram exibidos nos templos, Orixs eram freqen-temente identificados
com Santos Catlicos, algumas casas de candombl tambm incorporam entidades caboclos,
que eram consideradas pagans como os Orixs.
Mesmo usando imagens e crucificos inspiravam perseguies por autoridades e pela Igreja,
que viam o candombl como paganismo e bruxaria.
No ltimos anos, tem aumentado um movimento "fundamentalista" em algumas casas de
candombl que rejeitam o sincretismo aos elementos Cristos e procuram recriar um
candombl "mais puro" baseado exclusivamente nos elementos Africanos.
Rituais
O ritual do Candombl (toque, festa) tem duas partes: a preparao, que comea uma
semana antes de cada festa, com muita gente na casa lavando, passan-do, cozinhando,
limpando e enfeitando, quando voc entra no barraco e v as bandei-rinhas no teto da cor do
Orix que est sendo homenageado, algum teve que comprar, cortar e colar as bandeirinhas
e coloc-las no lugar para que o barraco fique bonito. Durante a semana diversas obrigaes
so feitas, de acordo com a determina-o do jogo de bzios, animais so sacrificados Exs,
Eguns e aos Orixs homena-geados. Os animais tem que ser limpos e preparados por algum,
pois ser servido uma parte para os Orixs e outra parte para todos os presentes na festa. Na
"parte pblica" que a festa, os filhos-de-santo (iniciados) danam e entram em transe
"incorporando" seu Orix. O babalorix evoca cantigas que lembram os feitos do Orix e este
executa uma dana simblica recordando seus atributos. A cerimnia termina com um
banquete.
A msica do Candombl uma parte essencial do ritual; ela deriva da msica africana e
teve uma influncia forte em outros estilos brasileiros (no religiosos) da msica popular
brasileira.
Templos
Os Templos de Candombl so chamados de casas, roas ou Terreiros. As casas podem ser
de linhagem matriarcal, patriarcal ou mista:
Casas pequenas, que so independentes, possudas e administradas pelo babalorix ou
ialorix dono da casa e pelo Orix principal respectivamente. Em caso de falecimento do dono,
a sucesso na maioria das vezes feita por parentes consanguineos, caso no tenha um
sucessor interessado em continuar a casa desativada. No h nenhuma administrao
central.
Casas grandes, que so organizadas tem uma hierarquia rgida, no de propriedade do
sacerdote, nem toda casa grande tradicional, uma Sociedade Civil ou Beneficente.
Casas de linhagem matriarcal: (s mulheres) assumem a liderana da casa como Iyalorix.
Il Ax Iy Nass Ok - Casa Branca-Engenho Velho - considerada a primeira casa a
ser aberta em Salvador, Bahia
Il Iy Omi Ax Iymase do Gantois - Terreiro do Gantois - Salvador, Bahia
Il Ax Op Afonj - Op Afonj - Salvador, Bahia
Il Maroialaji - Terreiro do Alaketu - Salvador, Bahia
Zoogod Bogum Mal Rond - Terreiro do Bogum - Salvador, Bahia
Querebentan de Zomadnu - Casa das Minas - fundada +/- 1796 - So Luiz, Maranho
Terreiro So Jorge Filho da Gomia - Terreiro do Porto - Lauro de Freitas, Bahia
Casas de linhagem patriarcal: (s homens) assumem a liderana da casa como Babalorix
no Culto aos Orix ou Babaoj no Culto aos Egungun.
Il Agboul - Ilha de Itaparica
Sociedade Cultural e Religiosa Il Axip - Il Axip - Salvador, Bahia
Casas de linhagem mista: tanto homens como mulheres podem assumir a liderana da
casa.
Il Ax Oxumar - Casa de Oxumare - Salvador, Bahia
Il Ax Od Og - Terreiro Pilo de Prata - Salvador, Bahia
Ob Ogunt - Sitio de Pai Ado - Recife, Pernambuco
Kwe Ceja Und - Roa do Ventura - Cachoeira e So Felix, Bahia
Terreiro da Gomia
A progresso na hierarquia condicionada ao aprendizado e ao desempenho dos rituais
longos da iniciao. Em caso de morte de uma ialorix, a sucessora escolhida, geralmente
entre suas filhas, na maioria das vezes por meio de um jogo divinatrio Opele-Ifa ou jogo de
bzios. Entretanto a sucesso pode ser disputada ou pode no encontrar um sucessor, e
conduz frequentemente a rachar ou ao fechamento da casa. H somente trs ou quatro casas
em Brasil que viram seu 100 aniversrio.
Sacerdcio
Nas Religies Afro-brasileiras o sacerdcio dividido em:
Babalorix ou Iyalorix - Sacerdotes de Orixs
Dot ou Don - Sacerdotes de Voduns
Tateto e Mameto - Sacerdotes de Inkices
Babalawo - Sacerdote de Orunmila-Ifa do Culto de If
Bokonon - Sacerdote do Vodun Fa
Babalosaim - Sacerdote de Ossaim
Babaoj - Sacerdote do Culto aos Egungun
Lista sacerdotes do candombl
Umbanda:
A Umbanda uma religio, ou seja, composta de elementos Divinos (Orixs e Guias);
Doutrinrios (linhas de atuao, reencarnao, lei do karma, atuao e direcio-namento dos
mdiuns, assistenciados e guias, composta de princpios (amor, carida-de, respeito ao
prximo, f); tem rituais (abertura e encerramento das sesses, pontos cantados, feituras);
tem elementos msticos (a forma de atuao dos Orixs e Guias); elementos divinatrios (jogo
de bzios); e, de elementos Humanos (seus mdiuns, Babs, Babalorixs, Sacerdotes).
Cabe salientar que esses elementos so variveis e podem ser vistos com mais ou menos
intensidade de acordo com a linha doutrinria da casa (Linhas doutrinrias ou Escolas
Doutrinrias existentes na Umbanda). Como so muitas as ramificaes e suas formas, isso
torna difcil agrup-las em suas peculiariedades, ritos, doutrina, fundamentos, filosofia,
prticas. Pretendemos olhar de maneira geral os elementos mais comuns a cada ramificao
dentro do possvel.
A Umbanda uma religio de cunho espiritualista (contato e/ou interferncia de espritos,
manipulaes magsticas, prticas de cura atravs dos espritos e/ou ervas/poes/conjuros,
utilizao de elementos ou instrumentos msticos), medinica (instrumento pelo qual a
prtica religiosa se faz presente, especificamente, a incorpo-rao) que agrega elementos de
bases africanas (culto aos Orixs e ao esprito dos antepassados: Pretos-Velhos), indgenas
(Caboclos), que recebeu influncia oriental (indiana, inerente reencarnao, o kharma e o
dharma), e adquiriu elementos do cristianismo (judasmo) como a caridade, o auxilio ao
prximo e outros ditos por Jesus Cristo que no sincretismo religioso (associao dos Santos
Catlicos aos Orixs africanos) consideramos como o Orix Oxal. Tambm recebeu influncias
do Espiritismo, existindo ramificaes que se baseiam nos escritos de Kardec sem serem, por
isso, considerados autenticamente espritas, livros doutrinrios, como sendo seus livros de
aconselhamento e doutrina.
Origem
Etimologia:
Segundo a Linha Doutrinria da Umbanda Esotrica: a maioria das lnguas hoje faladas no
mundo so heranas de uma lngua me h muito perdida, onde o Snscrito, o Hebraico e o
Neengatu (Tupi), entre outras, so as suas mais antigas descendentes que conhecemos. Assim
sendo, para a Umbanda Esotrica e outras Linhas Doutrinas Umbandistas, o termo Umbanda
tem sua origem nesta antiga lngua me, em que; AUM (UM por contrao na transliterao
do Snscrito para o portugus, mas que representaria o som do mantra OM), significa Deus,
ou, que vem de Deus, o Seu Verbo, o Som da Criao, o Ternrio Divino; BAN significa
Conjunto, e DA ou DAM ou ADM significa Lei ou Regra. Assim, AUMBANDAM ou UMBANDA,
quer dizer CONJUNTO DAS LEIS DEUS ou LEI MAIOR DIVINA, a LEI MATER, um Mantra, um
Som Sagrado, pois a sua vibrao sonora imprime no ter a idia da manifestao de Deus e
Suas Leis de Criao e Evoluo, predispondo quem a pronuncia sentir esta vibrao e
sintonizar-se com ela.
Ancestralidade Espiritual:
A ancestralidade espiritual dentro do conjunto religioso da Umbanda permeia vrias vises
dependendo da Linha Doutrinria.
Na viso da Linha Doutrinria da Umbanda Esotrica e de outras escolas a ela relacionadas
(que no representam uma viso do todo Umbandista, mas apenas uma parte desse todo
religioso), d a Umbanda origem nos primrdios da humanidade:
Em um passado muito distante, onde a histria no conseguiu reunir elementos para
registros, Escolas Iniciticas alcanaram altos estudos sobre a natureza e suas manifestaes,
sobre os fundamentos da existncia humana, compreendendo, atravs da Cincia do Verbo, a
manifestao do Princpio Inteligente Absoluto. Dotados de uma maior sensibilidade psquica,
estudaram a Alma e sua natureza, a relao dos nmeros com a Criao de Deus, reunindo
Cincia, Religio, Filosofia e Arte em um s bloco, onde o esforo do conhecimento humano
no se conflitava e nem se dispersava. Mas, devido ao fenmeno da transmigrao das almas,
o conhecimento transmitido foi sofrendo alteraes em suas bases originais, chegando a um
ponto de se ter a chave e no saber entrar. Personificava-se e dava-se aspecto teatral aos
Princpios Divinos para que, aqueles que no compreendiam aquilo que precisava ser sentido
em esprito, conseguissem digerir um conhecimento com um sabor mais agradvel sua
capacida-de intelectiva. Ainda podemos ver alguma coisa desses esforos nas mitologias dos
povos da ndia, da frica, da Grcia e das Amricas.
Nos tempos ureos da raa vermelha, estes conhecimentos fizeram a felicidade de muitas
almas, a fonte jorrava e muitos puderam beber, saciando uma sede inerente ao ser humano.
Negros, Brancos e Amarelos tambm tiveram acesso a esta fonte, contribuindo para a
fragmentao de um conhecimento que deu suporte espiritual a existncia de um povo por
muitos e muitos anos.
O homem j atingiu por diversas vezes adiantados estgios de cultura e desen-volvimento
espiritual, e a dificuldade de se comprovar estas conquistas deve-se a constantes alteraes na
geografia do planeta causadas por cataclismas peridicos que em geral apagam os vestgios
das culturas anteriores aos mesmos, alm da ignorncia e do preconceito do homem, que
destri o que no conhecem. Mesmo assim muitos destes conhecimentos chegaram at ns
nos dias de hoje, embora fragmentados, cabendo a ns o esforo de reunir estes fragmentos,
redescobrir o que foi perdido e organizar o que nos for revelado.
A tradio religiosa do Oriente, da frica e das Amricas, contm fragmentos desta Cincia
Me, e hoje, a Umbanda no Brasil, solo frtil para o trabalho de reunir esses fragmentos,
selecionando e organizando as verdadeiras peas que um dia fizeram parte da estrutura da
Tradio Antiga do Saber Humano.
Atualmente, a Umbanda est encarregada de fazer esta corrente interpenetrar o campo
astral e humano do Brasil, e UMBANDA foi a palavra de fora que abriu os caminhos dos
espritos "ponta de lana", pois Ela expressa a sntese da Cincia Espiritual, levando a
mensagem do Cristo aos terreiros, aos centros, as cabanas, etc., encontrando, de incio, forte
resistncia por fora de uma tradio religiosa, mas que aos poucos foi cedendo, dando espao
aos espritos que foram arregimentados para o trabalho nesta corrente por questes de
afinidades espirituais, provando que na seara do Cristo, todos tem oportunidade ao trabalho,
onde no h discriminao e nem preconceito, onde permeia a humildade e a simplicidade ,
que exemplarmente Jesus viveu.
Surgimento no Brasil:
Existem algumas verses para origem da Umbanda no Brasil.
Tentaremos mostrar uma face dessa origem, salientando que no importa as formas variveis
da origem, e sim, como ela atua e o que tm em comum: sua essncia. (O incio do movimento
Umbandista se coloca entre a primeira e a segunda metade do sculo XIX, junto ao
candombl.) -- errado A Umbanda, uma religio 100 % brasileira, veio ao plano fsico trazida
pelo Caboclo Sete Encruzilhadas, atravs do medium Zelio de Moares, no distrito das Neves
em Niteroi-RJ, em novembro de 1911. (Os negros nas senzalas cantavam e danavam em
louvor aos Orixs, embora aos olhos dos brancos eles estavam comemorando os Santos
catlicos. Em meio a essas comemoraes eles comearam a incorporar espritos ditos Pretos-
Velhos (reconhecidos como espritos de ancestrais, sejam de antigos Babalas, Babalorixs,
Yalorixs e antigos "Pais e Mes de senzala": escravos mais velhos que sobreviveram senzala
e que, em vida, eram conselheiros e sabiam as antigas artes da religio da distante frica) que
iniciaram a ajuda espiritual e o alvio do sofrimento material, queles que estavam no
cativeiro.)
Embora houvesse uma certa resistncia por parte de alguns, pois consideravam os espritos
incorporados dos Pretos-Velhos como Eguns (esprito de pessoas que j morreram e no so
cultuados no candombl), tambm houve admirao e devoo.
Com os escravos foragidos, forros e libertados pelas leis do Ventre Livre, Sexagenrio e
posteriormente a Lei urea, comeou-se a montagem das tendas, posteriormente terreiros.
Em alguns Candombls tambm comearam a incorporar Caboclos (ndios das terras
brasileiras como Pajs e Caciques) que foram elevados categoria de ancestral e passaram a
ser louvados. O exemplo disso so os ditos "Candombls de Caboclo". Muito comuns no norte
e nordeste do Brasil at hoje.
No incio do sec. XX surgiram as Macumbas no sudeste do Brasil, mas precisamente no Rio
de Janeiro (sendo que tambm existiam em So Paulo) que mesclavam ritos Africanos, um
sincretismo Afro-catlico e outros mistos magsticos e influncias espritas (kardecistas). Isso
era feito isoladamente, por indivduos e seus guias, ou em grupamentos liderados pelo
Umbanda ou embanda que era o chefe de ritual.
De certa forma, com o passar do tempo, tudo que envolvia algo que no se enquadrava no
catolicismo, protestantismo, judasmo ou no espiritismo, era considera-do macumba. Virou um
termo pejorativo e as pessoas que a praticavam, o que podemos rotular como uma "Umbanda
rudimentar", no estavam muito interessadas ou preocupadas em dar-lhe um nome. Porm, o
termo Umbanda j era utilizado dentro de uma forma de culto ainda meio dispersa e sem uma
organizao precisa como vemos hoje.
A mais antiga referncia literria e denotativa ao termo Umbanda de Heli Chaterlain,
Contos Populares de Angola, de 1889. L aparece a referncia palavra Umbanda.
UMBANDA: Banto - Kimbundo = arte de curar.
Segundo Heli Chatelain, tem diversas acepes correlatas na frica (ref.: Cultura Bantu):
1 - A faculdade, cincia, arte, profisso, negcio:
1a) de curar com medicina natural (remdios) ou sobrenatural (encantos);
1b) de adivinhar o desconhecido pela consulta sombra dos mortos ou dos gnios,
espritos que no so humanos nem divinos;
1c) de induzir esses espritos humanos que no so humanos a influenciar os homens e a
natureza para o bem ou para o mal;
Com o passar do tempo a Umbanda foi se individualizando e se modificando em relao ao
candombl, ao Catolicismo e ao Espiritismo. Atravs dos Pretos-Velhos e Caboclos, que
guiaram seus "cavalos" (mdiuns), a Umbanda foi adquirindo forma e contedo prprios e
caractersticos (identidade cultural e religiosa) e que a difencia daquela "Umbanda
rudimentar" ou Macumba.
A incorporao de guias tambm ocorreu em outras religies como no Candombl de
Caboclos ( desde de 1865 - as primeiras manifestaes de Caboclos, Boiadeiros, Marinheiros,
Crianas e Pretos-velhos aconteceram dentro do Candombl de Caboclos ), no Catimb, no
Espiritismo. Em 1908 (outros relatos dizem 1920), na Federao Esprita, em Niteri, um jovem
de 17 anos, Zlio Fernandino de Moraes, foi convidado a participar da Mesa Esprita. Ao serem
iniciados os trabalhos, manifesta-ram-se em Zlio espritos que diziam ser de ndio e escravo.
O dirigente da Mesa pediu que se retirassem, por acreditar que no passavam de espritos
atrasados (sem doutrina).
As entidades deram seus nomes como Caboclo das Sete encruzilhadas e Pai Antnio. No dia
seguinte, as entidades comearam a atender na residncia de Zlio todos queles que
necessitavam, e, posteriormente, fundaram a Tenda esprita Nossa Senhora da Piedade.
Zlio foi o precursor de um "trabalho Umbandista Bsico" (voltado caridade, assistencial,
sem cobrana e sem fazer o mal e priorisando o bem), uma forma "bsica de culto" (muito
simples), mas aberta juno das formas j existentes (ao prprio Candombl nos cultos
Nags e Bantos, que deram origem s Umbandas mais africanas - Umbanda Omoloko,
Umbanda de pretos-velhos-; ou aquelas formas mais vinculadas ao espiritismo - Umbanda
Branca-; ou aquelas formas oriundas da Pajelana do ndio brasileiro - Umbanda de Caboclo -;
ou mesmo formas mescladas com o esoterismo de Papus - Grard Anaclet Vincent Encausse -,
esoterismo teosfico de Madame Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891), de Joseph
Alexandre Saint-Yves dAlveydre - Umbanda Esotrica, Umbanda Inicitica, entre outras) que
foram se mesclando e originando diversas correntes ou ramificaes da Umbanda com suas
prprias doutrinas, ritos, preceitos, cultura e caractersticas prprias dentro ou inerentes
prtica de seus fundamentos.
Hoje temos vrias ramificaes da Umbanda (Linhas Doutrinrias) que guardam razes
muito fortes das bases iniciais, e outras, que se absorveram caractersticas de outras religies,
mas que mantm a mesma essncia nos objetivos de prestar a caridade, com humildade,
respeito e f.
Alguns exemplos dessas ramificaes so:
Umbanda Popular - Que era praticada antes de Zlio e conhecida como Macumbas ou
Candombls de Caboclos; onde podemos encontrar um forte sincretismo - Santos Catlicos
associados aos Orixas Africanos;
Umbanda tradicional - Oriunda de Zlio Fernandino de Moraes;
Umbanda Branca e/ou de Mesa - Com um cunho esprita - "kardecista" - muito expressivo.
Nesse tipo de Umbanda, em grande parte, no encontramos elementos Africanos - Orixs -,
nem o trabalho dos Exus e Pomba-giras, ou a utilizao de elementos como atabaques, fumo,
imagens e bebidas. Essa linha doutrinaria se prende mais ao trabalho de guias como caboclos,
pretos-velhos e crianas. Tambm podemos encontrar a utilizao de livros espritas como
fonte doutrinria;
Umbanda Omolok - Trazida da frica pelo Tat Trancredo da Silva Pinto. Onde
encontramos um misto entre o culto dos Orixs e o trabalho direcionado dos Guias;
Umbanda Traada ou Umbandombl - Onde existe uma diferenciao entre Umbanda e
Candombl, mas o mesmo sacerdote ora vira para a Umbanda, ora vira para o candombl em
sessoes diferenciadas. No feito tudo ao mesmo tempo. As sesses so feitas em dias e
horrios diferentes;
--200.103.116.18 23:06, 28 Agosto 2005 (UTC)
Umbanda Esotrica - diferenciada entre alguns segmentos oriundos de Oliveira Magno,
Emanuel Zespo e o W. W. da Matta (Mestre Yapacany), em que intitulam a Umbanda como a
Aumbhandan: "conjunto de leis divinas";
Umbanda Inicitica - derivada da Umbanda Esotrica e foi fundamentada pelo Mestre
Rivas Neto (Escola de Sntese conduzida por Yamunisiddha Arhapiagha), onde h a busca de
uma convergncia doutrinria (sete ritos), e o alcance do Ombhandhum, o Ponto de
Convergncia e Sntese. Existe uma grande influncia Oriental, principalmente em termos de
mantras indianos e utilizao do sanscrito;
Umbanda de Caboclo - influncia do cultura indgina brasileira com seu foco principal nos
guias conhecidos como "Caboclos";
Umbanda de pretos-velhos - influncia da cultura Africana, onde podemos encontrar
elementos sincrticos, o culto aos Orixs, e onde o comando e feito pelos pretos-velhos;
Outras formas existem, mas no tm uma denominao apropriada. Se diferen-ciam das
outras formas de Umbanda por diversos aspectos peculiares, mas que ainda no foram
classificadas com um adjetivo apropriado para ser colocado depois da palavra Umbanda.
Os Fundamentos
A Umbanda se fundamenta nos seguintes conceitos:
Um Deus nico e superior Zmbi, Olorum ou simplesmente Deus - Em sua benevoln-cia e
em sua fora emanada atravs dos Orixs e dos Guias, auxiliando os homens em sua
caminhada para a elevao espiritual e social.
Os Orixs
Os Orixs no so Deuses como muitas pessoas podem conceber como em outras religies,
mas sim Divindades criadas por um nico Deus: Olorun (dentro da corrente Nag) ou Zambi
(dentro da corrente Bantu).
Na Umbanda Esotrica e Inicitica temos a seguinte interpretao:
Os Orixs so vibraes de Deus, vem Dele, mas no so Ele, so princpios irradiados da
Suprema Inteligncia, regem a Criao e a Evoluo em todo o Cosmos. Sete so as vibraes,
que imprime na natureza um ritmo setenrio que pode ser visto nas cores, no som, nas
formas, nos seres e em todos os elementos da natureza . So os Sete Espritos de Deus, e os
termos que o definem so os seguintes: ORIXAL, OGUM, YEMANJ, XANG, OXOSI, YORI e
YORIM.
Na Umbanda (de uma maneira geral, pois existem variaes referentes s diversas
ramificaes existentes), os Orixs so cultuados como divindades de um plano astral superior,
ARUANDA, que na Terra representam s foras da natureza (muitas vezes confunde-se a fora
da natureza com o prprio Orix):
Oxum as guas doces; Iemanj as guas salgadas; Ians os ventos, chuvas fortes, os
relmpagos; Xang a fora do trovo e o fogo provocado pelos relmpagos etc.
A cada Orix est associada uma personalidade e um comportamento diante do mundo e
com seus filhos, os quais so seus protegidos e uma parte das emanaes do Orix presentes
no Or ou Camatu (Camatua) desses filhos.
Orix, dentro do culto Umbandista (de uma maneira geral) no so incorporados (no se
incorpora o fogo de Xang, os ventos de Ians, as guas doces de Oxum). O que se v dentro
dos vrios terreiros, centros, tendas etc, so os Falangeiros dos Orixs (ou tambm conhecidos
como encantados); ou seja, espritos (no reencarna-cionais) de grande luz espiritual que vm
trabalhar sob as Ordens de um determinado Orix; de outro lado existem os capangueiros de
Orixs que so Caboclos que trabalham em nome dos Orixs, como: Caboclo Ogum Beira-Mar,
Caboclo Ogum Yara, etc. Em algumas casas existe uma confuso entre o que o Orix e o que
capangueiro, conundindo os capangueiros com os Orixs.
Existe a compreenso do trabalho dos Orixs na Umbanda em suas diversas Linhas
Doutrinrias. Variando a forma como esse trabalho feito e os Orixs que as compem. Em
algumas Linhas doutrinrias existe a crena em Sete Linhas de
Trabalho com os Orixs que seriam:
Concepes da Linha Doutrinria de Umbanda Popular:
Tipo I
Linha de Oxal ou Obatal
Linha de Ogum
Linha de Yemanj
Linha de Xang
Linha de Oxossi
Linha de Africana
Linha de Oriental
Tipo II
Linha de Oxal ou Obatal
Linha de Ogum
Linha de Oxum
Linha de Xang
Linha de Oxossi
Linha das Almas
Linha de Obaluay
Tipo III
Linha de Oxal ou Obatal
Linha de Ogum
Linha das guas
Linha de Xang
Linha de Oxossi
Linha de So Cipriano
Linha de Oriente
Seguindo a determinao do Caboclo das Sete Encruzilhadas, os Orixs de Umbanda so:
Oxal
Xang
Ogum
Oxssi
Yemanj
Ians
Ex
Dentro do seguimento da Doutrina da Umbanda Esotrica, temos:
A partir da Vibrao Original, cada Orix expande-se para sete, e cada um dos sete para
mais sete, num descenso vibratrio setenrio at chegar ao nosso plano de existncia fsica,
procedendo-se desta forma uma adaptao das foras divinas a nossa capacidade de absorver
e suportar Sua irradiao.
Linha de Orixal
Linha de Ogum
Linha de Yemanj
Linha de Xang
Linha de Oxossi
Linha de Yori*
Linha de Yorim*
Na Umbanda Popular e em outras formas, os Orixs foram associados com santos catlicos,
como:
Olorun ou Zambi (Deus/Adonai)
Oxal (Jesus Cristo)
Yemanj (Nossa Senhora da Glria)
Ogum (So Jorge)
Oxum (Nossa Senhora da Conceio)
Xang (So Jernimo)
Yans (Santa Brbara)
Oxssi (So Sebastio)
Ibeiji (So Cosme e So Damio)
Exu (Santo Antnio)
Obs.: * Yori e Yorim so referncias, respectivamente, s Crianas e aos Pretos-Velhos.
So termos lingsticos prprios, oriundos, da Umbanda Esotrica, no encontrando similar
lingsticos no Yorub, no Banto ou no Snscrito. Tambm no existe correlao dentro do
Culto Africano dos Orixs, ou seja, em frica no existem os Orixs Yori e Yorim.
Os Guias
Espritos de Luz e plenitude que vm Terra para ensinar e ajudar todas as pessoas,
encarnadas e desencarnadas.
Guias: Pretos-Velhos, Caboclos, Marinheiros, Crianas, Baianos, Boiadeiros, Orientais, Exus
...
Os Espritos (generalizao)
Seres desencarnados que atuam de vrias maneiras no mundo em que vivemos: maneiras
positivas (so os Guias da Umbanda; os espritos de Luz do Espiritismo - Kardecismo). Maneira
negativa: espritos malficos ou perdidos (os Kiumbas - nome dado na Umbanda); obsessores
ou espiritos sem Luz (nome dado no Espiritismo). Para estes espritos malficos tambm
damos o nome de EGUNS.
A Reencarnao
Ato natural do cliclo de vida (vida - morte - renascimento); aperfeioamento do esprito e
do propro homem.
Consiste na crena de que vrias existncias so necessrias para se chegar ao equilbrio
evolutivo e aos diversos planos da espiritualidade.
A origem dessa crena indiana e penetrou em vrias religies ao longo dos sculos:
Religies Hindus, Budismo, Umbanda, Candombl, Espiritismo etc
O Kharma
Lei reencarnatria a qual todos estamos subordinados que dita a forma e os meios pelos
quais ser dado o retorno a um corpo material afim de resgatarmos nosso erros (de existncias
passadas) e fazer cumprir boas aes (na existncia futura).
O Kharma, por vzes, ultrapassa as barreiras temporais da materialidade fazendo com que
o esprito cumpra sua passagem pela Terra no reencarnando, mas sim, como um Guia (Preto-
Velho, Caboclo, etc; no caso da Umbanda). O qual tem como comprometimento, misso ou
provao guiar e ajudar os seres humanos e outros espritos.
Exemplo em termos genricos do Kharma:
Uma pessoa A que por pura ganncia e egosmo prejudicou a vida de B colocando-a na
sarjeta e levando-a a cometer atos esprios e em conseqncia a morte, sendo que B morreu
nutrindo um dio muito grande por A que a prejudicou.
O Kharma que A poderia ter seria vir (reencarnar) como me de B. E B, por sua vez, poderia
aceitar um Kharma de vir como filho deficiente de A, para que ambas pudessem cumprir seus
Kharmas e evoluir e aprenderem juntas o sentido da solidariedade e do amor.
O Dharma
De vrias modos os Umbandistas, em geral, vem o Dharma embutido dentro do Kharma e,
por vzes, fazem referncias ao Dharma em formas de Kharma e vice-versa. Por isso, eu preferi
fazer a referncia ao Dharma em separado, mas resaltando que no h o Dharma sem o
Kharma, mas que ambos tm seu prprio significado.
Lei de conduta na qual o esprito j encarnado, ou no, tangem sua existncia, afim de
cumprir seus Kharmas. Quando h a quebra do Dharma ou sua deturpao camos em novos
Kharmas.
Exemplo genrico do Dharma:
Utilizando o exemplo acima, teramos como Dharma de A o cuidado materno que ele teria
que dar a B como seu filho, o comprometimento e a ateno.
J o Dharma de B seria o respeito, a ateno e o carinho que ele teria que dar a A como sua
me.
A Mediunidade
a qualidade que algumas pessoas tm para poder interagir com os Espritos (mortos).
Essa interao pode ser vista como um instrumento; quando essas pessoas se do como
meio para a ao dos Espritos (Espritos no Espiritismo; Guias na Umbanda). em que o
mdium podera interagir com os Espritos pela incorporao, pela psicografia, pela viso, pela
audio e por outros meios. Mas pode ser vista como um incmodo, um desconforto e como
um infortneo, quando a pessoa de uma religio em que essa qualidade no bem vista, ou
sendo uma forma "diablica" de ao de seres demonacos.
A PES (Percepo Extra Sensorial) no mediunidade, pois, para assim o ser, dever haver
intereo da pessoa com os Espritos. A PES tambm uma qualidade, uma qualidade
psquica, que s pode ser considerada mediunidade se houver interao com os Espritos, caso
contrrio, a pessoa apenas um paranormal. Por exemplo:
Ver ETs e falar com eles no mediunidade; Materializar objetos ou os desmaterializ-los
no mediunidade, a no ser, que tenha um Esprito envolvido.
Algumas pessoas dizem que mediunidade um Dom, um Dom inato, como tocar
instrumentos musicias sem conhecimento prvio, ou saber escrever sem ter ido a escola ou
coisas parecidas, mas no existe base cientca para o Dom, s o acreditar, o crer e a f. E para
quem assim sente, realmente um Dom. Se ele dado por Deus ou apenas uma casualidade
gentica, ainda no sabemos.
O Caminho
Os Umbandistas crem na caridade, no amor e na f, como os elementos bsicos na
evoluo espiritual e material do Homem em seus vrios estgios no Ciclo da vida.
A relao do Kharma e do Dharma na caminhada espiritual pode direta os indireta, pois
cada um est sujeito a reveses do kharma, mas tambm tm suas prprias escolhes diante
desses kharmas.
A Umbanda no discrimina nenhuma religio, visto que todas, desde que alicersadas pelas
mo divinas (e no por interesses econmicos e/ou mesquinhos e materialistas), so vlidas na
caminhada ao encontro da f.
Cada pessoa, cada ser humano, deve procurar a Religio que mais o complete; com a qual
se identifique nos seus fundamentos, preceitos, doutrina e rituais, ou meramente nos aspectos
filosficos e cientficos.
Referncias
Africanas, Indgenas, Europias e Indianas. A Umbanda uma juno de elementos
Africanos (Orixs e culto aos antepassados), Indgenas (culto aos antepas-sados e elementos
da natureza), Brancos (o europeu que trouxe seus Santos e a doutrina crist que foram
siscretizados pelos Negros Africanos) e de uma doutrina Indiana de reencarnao, Kharma e
Dharma, associada a concepo de esprito empregada nas trs Raas que se fundiram (Negro,
Branco e ndio).
A Umbanda prega a existncia pacfica e o respeito ao ser humano, a natureza e a Deus.
Respeitando todas as manifestaes de f, independentes da religio.
A mxima dentro da Umbanda "D de graa, o que de graa recebestes: com amor,
humildade, caridade e f".
O culto umbandista
A Umbanda tem como lugar de culto o templo, terreiro ou Centro, que o local onde os
Umbandistas se encontram para realizao de suas giras, sesses.
O chefe do culto no Centro o Sacerdote (a B, ou Iyalorix, ou a Diretora de culto, ou
Mestra, ou a Me de Santo - para o Sacerdote feminino; ou o Bab, Babalorix, os Diretor de
culto, ou o Mestre, ou o Pai de Santo - para o Sacerdote masculino) ] que quem coordena as
sesses/giras e que ir incorporar o guia chefe que comandar a espiritualidade e a
materialidade do local dos trabalhos. Normalmente esse guia, que comanda, um Preto-Velho
ou Caboclo (varia de casa para casa, de Linha Doutrinria para Linha Doutrinria).
Os templos onde os "comandantes" so Pretos-Velhos seguem a corrente africana e os que
tm os Caboclos como "comandantes" seguem a linha indgena. Mas, isso no regra e pode
variar de templo para templo.
As pessoas que recebem, incorporam entidades dentro dos terreiros, so ditos mdiuns,
cavalos ou "burros". Pessoas que tm o Dom de incorporar os Orixs e Guias.
"As entidades" que so incorporadas pelos mdiuns podem ser divididas entre:
Orixs: Xang, Ogum, Exu, Oxum, Nan, Iemanj, Ians, Obaluay, Oxumar, entre outros.
Guias: Pretos- velhos, Caboclos, Boiadeiros, Crianas, Exus, Marinheiros e Orientais.
Kiumbas, espritos sem luz: esses, normalmente, so incorporados quando se est fazendo
algum descarrego ou quando existe algum obsediado no local.
As sesses
O culto nos terreiros dividido em sesses, normalmente de desenvolvimento e de
consulta, e essas, so sub-divididas em giras.
Os dias da semana que acontecem as sesses variam de Centro para Centro. No nosso, elas
se do as segundas-feiras e as sextas-feiras.
Nas segundas, so feitas as sesses de consulta com Pretos-Velhos, onde as pessoas
conversam com nossas entidades, afim de obter ajuda e conselhos para suas vidas, curas,
desobsesses e para resolver problemas espirituais diversos.
As ocorrncias mais comuns nestas sesses so o passe e o descarrego. No passe, os
Pretos-Velhos, rezam a pessoa energizando-a e retirando toda a parte negativa que nela possa
estar. O descarrego, feito com o auxlio de um mdium de descarrego, o qual, ir incorporar
o obsessor, ou captar a energia negativa da pessoa. Ento, o Preto-Velho faz com que essa
energia seja deslocada para o astral. Caso seja um obsessor, o esprito obsediador retirado e
encaminhado para a luz ou para um lugar mais adequado no astral inferior; caso ele no aceite
a luz que lhe dada. Nesses casos pode-se pedir a presena de um ou mais Exus para auxiliar o
Preto-Velho.
Nas sextas-feiras, ocorrem as giras de Caboclos, Boiadeiros, Orixs, Marinhei-ros, Pretos-
Velhos, Crianas e Exus. Nessas giras so feitos os desenvolvimentos dos mdiuns do terreiro.
Nelas, so cantados os pontos e tocados os atabaques. As giras de Marinheiros e Exus so
festivas, e, alm de serem feitos os desenvolvimentos dos mdiuns, so realizadas consultas
com esses guias. Existem terreiros onde, alm dos Pretos-Velhos, Marinheiros e Exus, tambm
os Caboclos e Boiadeiros do consultas e trabalham com o descarrego e a desobsesso.
Os dias de Consulta e/ou Desenvolvimento podem variar de casa para casa, de Linha
Doutrinria para Linha Doutrinria. Normalmente so feitos as segundas-feiras e nas sextas-
feiras, mas isso no regra.
MDIUNS
Mdium toda pessoa que tm a qualidade de incorporar espritos, ou de escutar
(audio) espritos, ou de falar com os espritos, ou de escrever movido pelos espritos, ou de
ver espritos, entre outros.
O mdium tem como grande responsabilidade na vida ser um instrumento nas mos dos
guias e Orixs. Ele deve ter e seguir em sua vida, os conceitos de elevao moral e espiritual,
aprendizagem, respeito 'a hierarquia de sua casa, o respeito aos guias e Orixs, ter assiduidade
e compromisso com sua casa, ter caridade em seu corao, amor e f em sua mente e esprito,
e saber que a Umbanda prtica, mas tambm estudo.
Para muitos dado a entender que o mdium sofre, mas tambm se alegra em seu
trabalho por estar dando uma parte se s aos guias e Orixs. Recebendo os benefcios desse
trabalha pelo seus mritos e comprometimento, sem nada querer em troca.
Ser mdium na concepo maior, no dor e sim provao. Pode-se dizer que a vida de
quem mdium 24 horas por dia, 7 dias na semana, realmente no fcil, mas no chega a
ser castigo, como algumas pessoas entendem, e sim, como se pode dar em benefcio do
prximo, encarnado ou desencarnado.
Mas, existem mdiuns que sofrem muito, realmente sofrem muito: por sua prpria culpa,
por sua prpria ignorncia, porque acham que os guias devem-lhes dar de tudo, ou se
envaidecem, ou agem de maneira errada e leviana em suas vidas, ou no levam a srio a vida
espiritual, ou por ignorncia sentem vergonha da forma como se d a incorporao e
"prendem os Guias". Esses mdiuns acabam sendo recrimina-dos pelos seus Guias e Orixs,
como alguns dizem: "tomando uma surra".
Existem aqueles mdiuns que so como "pra-raios" das foras negativas, basta estar uma
pessoa muito carregada no terreiro ou passar por perto de algum que esteja com alguma
demanda ou obsessor para comear a passar mal. Mas esses, com o tempo, vo aprendendo a
se controlar com a ajuda dos Guias e acabam resolvendo o problema.
O mdium deve tangir sua vida como um mensageiro de Deus, dos Orixs e Guias. Ter um
comportamento moral e profissional dgnos, ser honesto e ntegro em suas atitudes. Nos dias
de hoje, difcil ser tudo isso, mas vale a pena e pode ser feito.
As pessoas que so mdiuns devem levar sempre a srio suas misses e ter muito amor e
dar valor ao que fazem, ter sempre boa vontade nos trabalhos de seu terreiro e na vida do dia
a dia.
O mdium deve tomar, sempre que necessrio, os banhos de descarrego adequados aos
seus Orixs e Guias, estar pontualmente no terreiro com sua roupa sempre limpa, conversar
sempre com o chefe espiritual do terreiro quando estiver com alguma dvida, problema
espiritual ou material.
"Deve deixar, na medida do possvel, seus problemas materias sempre do lado de fora do
terreiro", ou seja, tentar entrar no terreiro com a cabea mais arejada e limpa, fazendo com
que haja uma diviso entre o material e o espiritual, embora eu saiba que deixar os problemas
l fora seja difcil, mas no impossvel.
O mdium deve estar sempre atento as obrigaes que ele deve fazer, todos os anos, para
seu Orix de cabea (Orix que rege sua vida e sua coroa, mente, do mdium). Essa obrigao
deve ser passada pelo Guia chefe do terreiro ou pela Bab do Centro.
Outra considerao importante com relao a mediunidade, e, ao terreiro, que o mdium
deve abster-se de relaes sexuais no dia das sesses. Pois isso, alm de enfraquecer a energia
psquica, pode levar a falta de concentrao e disperso no decorrer das sesses.
Hino da Umbanda
Refletiu a luz divina
Com todo o seu esplendor
do reino de Oxal
Onde h paz e amor
Luz que refletiu na terra
Luz que refletiu no mar
Luz que veio de Aruanda
Para tudo iluminar
A Umbanda paz e amor
Um mundo cheio de luz
a fora que nos d vida
a grandeza nos conduz
Avante filhos de f
Com a nossa lei no h
Levando ao mundo inteiro a bandeira de Oxal
Levando ao mundo inteiro a bandeira de Oxal.
Hino da Umbanda.
Autor: J. M. Alves - 1960
Batuque:
Batuque uma Religio Afro-brasileira de culto aos Orixs encontrada principalmente no
estado do Rio Grande do Sul, Brasil, de onde se estendeu para os pases vizinhos tais como
Uruguai e Argentina.
Batuque fruto de religies dos povos da Costa da Guin e da Nigria, com as naes Jje,
Ijex, Oy, Cabinda e Nag.
Histria
A estruturao do Batuque no estado do Rio Grande do Sul deu-se no inicio do sculo XIX,
entre os anos de 1833 e 1859 (Correa, 1988 a:69). Tudo indica que os primeiros terreiros
foram fundados na regio de Rio Grande e Pelotas. Tem-se notcias, em jornais desta regio,
matrias sobre cultos de origem africana datadas de abril de 1878, (jornal do comrcio,
Pelotas). J em Porto Alegre, as noticias relativas ao Batuque, datam da segunda metade do
sculo XIX, quando ocorreu a migrao de escravos e ex-escravos da regio de pelotas e Rio
Grande para Capital.
Os rituais do Batuque seguem fundamentos, principalmente das razes da nao Ijex,
proveniente da Nigria, e d lastro as outras naes como o Jje do Daom, hoje Benim,
Cabinda (enclave Angolano) e Oy, tambm, da regio da Nigria. O Batuque surgiu como
diversas religies afro-brasileiras praticadas no Brasil, tem as suas razes na frica, tendo sido
criado e adaptado pelos negros no tempo da escravido. Um dos principais fundadores do
Batuque foi o Prncipe Custdio de Xapan. O nome batuque era dado pelos brancos, sendo
que os negros o chamavam de Par. da Juno de todas estas naes que se originou esta
cultura conhecida como Batuque, e os nomes mais expressivos da antiguidade, que de uma
maneira ou de outra contriburam para a continuidade dos rituais foram:
Ijex Paulino de Oxal Efan, Maria Antonia de Assis (Me Antonia de Bar), Manoel
Matias (Pai Manoelzinho de Xapan), e Pai Idalino de Ogum entre outros.
Oy Me Andrezza Ferreira da Silva, Pai Antoninho da Oxum, Me Moa de Oxum e Tim
de Ogum, entre outros.
Jje Me Chininha de Xang, Prncipe Custdio de Xapan, Joo Correa de Lima
(Joozinho de Bar) responsvel pela expanso do Batuque no Uruguai e Argentina.
Cabinda Waldemar Antnio dos Santos de Xang Kamuk; Maria Madalena Aurlio da
Silva de Oxum, Palmira Torres de Oxum, Pai Henrique de Oxum, entre outros.
As entidades cultuadas so as mesmas em quase todos terreiros, os assentamentos tem
rituais e rezas muito parecidos, as diferenas entre as naes basicamente em respeito as
tradies prprias de cada raiz ancestral, como no preparo de alimentos e oferendas sagradas.
O Ijex atualmente a nao predominante, encontra-se associado aos rituais de todas
naes.
Crenas
O batuque uma religio onde se cultuam vrios Orixs, oriundos de vrias partes da
frica, e suas foras esto em parte dentro dos terreiros, onde permanecem seus
assentamentos e na maior parte na natureza: rios, lagos, matas, mar, pedreiras, cachoeiras
etc., onde tambm invocamos as vibraes de nossos Orixs.
Todo ser humano nasce sob a influencia de um Orix, e em sua vida ter as vibraes e a
proteo deste Orix que est naturalmente vinculado e rege seu destino, com caractersticas
individuais, em que o Orix exige sua dedicao, onde este poder ser um simples colaborador
nos cultos, ou at mesmo se tornar um Babalorix ou Iyalorix.
Orixs
O culto, no Batuque, feito exclusivamente aos Orixs, sendo o Bar o primeiro a ser
homenageado antes de qualquer outro, e encontra-se seu assentamento em todos os
terreiros, no Candombl o chamam de Ex.
Entre os Orixs no h hierarquia, um no mais importante do que o outro, eles
simplesmente se completam cada um com determinadas funes dentro do culto. Os
principais Orixs cultuados so: Bar, Ogum, Oi-Ians, Xang, Ibeji (que tem seu ritual ligado
ao culto de Xang e Oxum), Od, Otim, Oba, Ossain, Xapan, Oxum, Iemanj, Oxal e Orunmil
(ligado ao culto de Oxal).
E h tambm divindades que nem todas naes cultuam como: Ex Elegbara, Gama (ligada
ao culto de Xapan), Zna, Zambir e Xangun (qualidade rara de Bar) que s os mais antigos
tem conhecimentos suficientes para fazer seus rituais.
Templos
No Rio grande do Sul a rea de conservao das religies africanas vai de Viamo
fronteira do Uruguai, com os dois grandes centros de Pelotas e de Porto Alegre.
No batuque, os templos terreiros so quase que em sua totalidade vinculados as casas de
moradia. destinado um cmodo, geralmente na parte da frente da construo onde so
colocados os assentamentos dos Orixs. Neste local so feitos todos os fundamentos de
matanas e trabalhos determinados, oferendas para os Orixs, e o local considerado sagrado,
pessoas vestidas de preto, mulheres em dias de menstruao no entram. Junto esta parte
da casa, chamada de quarto de Santo ou Peji, h o salo onde so realizadas as festas para os
orixs.
O estado do Rio Grande do Sul foi o maior responsvel pela exportao dos rituais africanos
para outros pases da Amrica do Sul, entre eles Uruguai e Argentina, que tambm procuram
seguir a maneira de cultuar os Orixs; e a construo dos templos seguem exemplos dos seus
sacerdotes.
Todos os Orixs so montados com ferramentas, Okuts (pedras) etc. e permanecem
dentro da mesma casa, com exceo do Bar Lod e do Ogum Avagn, que tem seus
assentamentos numa casa separada, ficando frente do templo onde recebem suas oferendas
e sacrifcios. A casa dos Eguns tambm tem lugar definido, uma construo separada da casa
principal, na parte dos fundos do terreiro, onde so feitos diversos rituais.
Em caso de falecimento do Babalorix ou Yalorix, dono do terreiro, fica a crit-rio da
famlia o destino do templo, geralmente no tendo um familiar que possa suceder o morto o
templo fechado. Na maioria dos casos na morte de um sacerdote, todas as obrigaes so
despachadas num ritual especifico chamado de Erissum (Axex), por este motivo muito difcil
encontrar ils com mais de 60 anos, so muito poucos os sacerdotes que destinam seus axs
um sucessor, para dar prosseguimento raiz.
Rituais
Os rituais so prprios e originais e embora tenha alguma semelhana com o "Xang de
Pernambuco", muito diferente do Candombl da Bahia.
Os rituais de Jje tem suas rezas prprias (fon), e ainda se v este belo ritual em dois
grandes terreiros na cidade de Porto Alegre, as danas so executadas de par, um de frente
para o outro. H tambm muitas casas que seguem os fundamentos da nao Oy que se
aproxima muito do ijex, j que, estas duas provem de regies prximas na Nigria.
A principal caracterstica do ritual do Batuque o fato do iniciado no poder saber em
hiptese alguma que foi possudo pelo seu Orixa, sob pena de ficar louco.
Cada Babalorix ou Iyalorix tem autonomia na prtica de seus rituais, no existem
nomenclaturas de cargos como tem no Candombl, exercem plenos poderes em seus ils. Os
filhos de santo se revezam nos cumprimentos das obrigaes.
No mnimo uma vez por ano so feitos homenagens com toques para os Orixs, mas as
festas grandes so de quatro em quatro anos. Chamamos de festa grande a obrigao que tem
eb, ou seja quando h sacrifcios de animais de quatro patas aos Orixs, cabritos, cabras,
carneiros, porcos, ovelhas, acompanhados de aves como galos, galinhas e pombos.
Esta obrigao serve para homenagear o Orix "dono da casa" e dos filhos que ainda no
possuem seu prprio templo. A data geralmente a mesma que aquele sacerdote teve
assentado seu Orix, a data de sua feitura. As festas tm um ciclo ritual longo, que
antigamente duravam 32 dias de obrigaes, hoje diante das dificuldades duram no mximo
16. O comeo de tudo so as limpezas de corpo e da casa, para descarregar totalmente o
ambiente e as pessoas, de toda e qualquer negatividade; em seguida so preparados as
oferendas e sacrifcios ao Bar. A partir deste momento, os iniciados j ficam confinados ao
templo, esquecendo ento o cotidiano e passam a viver para os Orixs por inteiro at o final
dos rituais. No dia do sero (dia da obrigao de matana), todos Orixs recebem sacrifcios de
animais. Os cabritos e aves so preparados com diversos temperos e servidos a todos que
participarem dos rituais, tudo aproveitado, inclusive o couro dos animais, que sevem para
fazer os tambores usados nos dias de toques.
No dia da festa o salo enfeitado com as cores dos Orixs homenageados. A abertura se
d com a chamada (invocao aos Orixs), feita pelo sacerdote em frente ao peji (quarto de
santo), usando a sineta (adj), saudando todos Orixs. Ao som dos tambores, as pessoas
formam uma roda de dana em louvor aos Orixs, a cada um com coreografias especiais de
acordo com suas caractersticas.
No final das cerimnias so distribudos os mercados, (bandejas contendo todo tipo de
culinria dos Orixs como: acaraj, axox (milho cozido e fatias de coco), farofa de aves, carnes
de cabritos (cozidas ou assadas), frutas, fatias de bolos etc.), alguns consomem ali mesmo,
outros levam para comer em casa.
Durante a semana so feitos outros rituais de fundamentos para os Orixs, inclusive a
matana de peixe, que para os batuqueiros significa fartura e prosperidade, os peixes
oferecidos so da qualidade Jundi e Pintado; estes so trazidos vivos do cais do porto ou do
mercado pblico, onde o comrcio de artigos religiosos intenso.
No sbado seguinte feito o encerramento das obrigaes, com mesa de Ibejes e toque,
novamente em homenagem aos Orixs, neste dia so distribudos mercados com iguarias e o
peixe frito, significando a diviso da fartura e prosperidade com os participantes das
homenagens aos Orixs. Aps o encerramento, o sacerdote leva os filhos que estavam de
obrigaes ao rio, igreja, ao mercado pblico e casa de alguns sacerdotes, que fazem parte
da famlia religiosa, para baterem cabea em sinal de respeito e agradecimento; este passeio
faz parte do cumprimento dos rituais. Aps o passeio todos esto liberados para seguirem
normalmente o cotidiano de suas vidas.
Egun
No Batuque tambm temos a parte dos rituais destinados ao culto dos Eguns. Este um
ritual cheio de magia e segredos onde poucos sacerdotes tm o completo domnio.
A casa dos Eguns (espritos dos mortos) fica numa construo separada da casa principal,
nos fundos do terreno, onde so feitos diversas obrigaes em determinadas datas e quando
morre algum ligado ao terreiro; este local denominado Bal.
Aos Eguns tambm so oferecidos sacrifcios de animais, e comidas diversas que fazem parte
somente deste ritual, no podendo ser usados em outras ocasies.
Os Eguns, assim como os Orixs, tem suas rezas (cnticos) prprias, feitos na linguagem
yorub, e em dias de obrigaes recebem toques ao som de tambores frouxos e sem o
acompanhamento de ag (instrumento feito com uma cabaa inteira tranada com cordo e
contas diversas).
Cada nao tem rituais diferentes para este tipo de obrigao.
Sacerdcio
O babalorix ou Iyalorix tem a responsabilidade de formar novos sacerdotes, que daro
continuidade aos rituais. Para isto preciso preparar novos filhos de santo, que durante um
certo perodo de tempo aprendero todos os rituais para preservao dos cultos.
O sacerdote chefe deve passar aos futuros Pais ou Mes de Santo, todos os segredos
referente aos rituais tais como: uso das folhas (folhas sagradas), execuo de trabalhos e
oferendas, interpretao do jogo de bzios, e at mesmo como preparar um novo sacerdote.
Geralmente o futuro sacerdote j nasce no meio religioso, onde conviver acompanhando
todos os diversos rituais que daro suporte a seus afazeres dentro do culto, e ter pleno
conhecimento de todos os tipos de situaes que enfrentar em seu futuro templo.
O tempo de aprendizado longo, no se forma um verdadeiro sacerdote de Orixs com
menos de sete anos de feitura, e os ensinamentos so passados de acordo com a evoluo da
capacidade de aprendizado que o novio tem, j que os ensinamentos so feitos oralmente,
no h livros para ensinar os rituais, a melhor maneira de aprender tudo conviver desde
cedo dentro dos terreiros.
A partir do momento que um novio se torna um sacerdote de Orix, ter as mesmas
responsabilidades daquele que lhe passou os ensinamentos.
Catimb:
Catimb - Magia e misticismo no Nordeste Brasileiro
O Catimb uma prtica de magia baseada no Cristianismo, onde apia toda a sua
doutrina religiosa. O Catimb no inventa deuses ou os importa da frica porque no faz parte
das religies afro-brasileiras. O Catimb no afro, no Umbanda e muito menos
Candombl.
O Catimb no uma religio mas pode ser classificado como uma seita derivada do
catolicismo, por mais imprecisa que possa parecer esta definio. Apesar de catlico uma
prtica esprita porque trabalha com a incorporao de almas de pessoas j falecidas e neste
sentido que se afasta da religio base. O Catimb se apia totalmente na religio catlica,
apesar de guardar um pouco das prticas pags, vindas da bruxaria europia.
Ele pode se parecer um pouco com a Umbanda, mas, nem um pouco com o Candombl. A
semelhana com a Umbanda devido ao trabalho com entidades incorporadas. Entretanto, os
Mestres do Catimb possuem uma teatralidade de incorporao muito tpica e discreta, e o
Catimb esta longe do trabalho de palco da Umbanda. Outra infeliz coincidncia a presena
da entidade Z Pelintra que no Catimb dito como mestre e na Umbanda muito cultuado
como Exu e malandro. Catimb no Umbanda!
O Catimb tem uma raiz ndia que foi se perdendo com o tempo. No h dvida que o
Catimb xamanista com muita prticas de pajelana, mas, no baseados em Caboclos e sim
em Mestres, apesar de os Caboclos tambm terem participao. O Catimb no muito
diferente ou melhor do que estes cultos que citamos, no podemos dizer inclusive que suas
entidades sejam de nvel superior, pelo contrrio, sob o ponto de vista esprita-kardecista so
ainda entidades de baixa energia e que guardam muitas referncias com a ltima vida que
tiveram em "terra fria".
No Catimb faz se o bem, atravs de curas, problemas sentimentais, mas, tambm o mal,
dependendo da cabea de que o dirige, infelizmente, como em outras prticas. O Catimb
influenciado pela feitiaria europia de onde adotou vrias prticas.
O Catimb uma reunio alegre e festiva quando em sua forma de roda (ou gira), mas,
pela falta da corrente doutrinaria formal vrios formatos sero encontrados, dependendo da
cincia, vidncia, maturidade e tica de quem o dirige e realiza, podendo ser prticas bem
soturnas.
O Catimb e as religies Afro-Brasileiras
O Catimb no est ligado aos Orixs africanos. No Catimb trabalham os Mestres, que
foram pessoas que viveram e ao morrerem se "encantaram". Geralmente os mestres so ex-
Catimbozeiros. O Catimb no era cultuado na frica e o Catimb no cultua os Orixs das
naes, de forma que os Mestres no lhes fazem ou devem obedincia hierrquica. claro que
se o consulente ou o discpulo j for do Povo de Santo ento existe um enredo, fundamento
maior que o Catimb, que deve ser respeitado devido ao nvel espiritual maior dos Orixs.
Catimb no umbanda e se desenvolveu de forma paralela e independente. E encontrou
a umbanda nos grandes centros e ao receber pessoas que se desenvolveram na Umbanda,
estas podem passar a receber suas entidades tambm no Catimb, principalmente os Caboclos
e Exus de Umbanda. Pelo mesmo processo no qual as pessoas que atuam na Umbanda vo
agregando ao seu ritual prtica de outros que eles encontram, o Catimb foi confundido com a
Umbanda.
De fato existem algumas similaridades na forma entre um e outro, mas a essncia outra.
Considerar o Catimb uma forma de umbanda, pode ser uma simplificao grosseira ou at
mesmo um preconceito. O Catimb uma manifestao puramente Brasileira sem a
importao de africanismos.
Mas at certo ponto esta confuso justificvel, ainda mais partindo da base de quem
escreve sobre estas manifestaes de grandes centros e nestes locais vai encontrar muitas
vezes os mestres misturados com os cablocos e exus de Umbanda.
Mas o Catimb bem diferente das religies afro-brasileiras. Todo o trabalho e a fora esta
na Fumaa, e nas ervas, sendo o fumo, especialmente preparado, a sua forma primria de
trabalho. O Catimb no "arria" trabalho no cho de a sua magia vai pelo ar, no tempo, junto
com sua fumaa. Muitos tem, com razo o que temer do Catimb, mas, pessoas do bem nunca
devem temer a ningum.
No Catimb So Pedro So Pedro e no Xang. Santo Antnio Santo Antnio, Santa
Terezinha Santa Terezinha e assim por diante.
O Catimb cultua ervas, smbolos e santos catlicos, mas se tivermos que caracterizar qual
o principal objeto de culto no ha dvida que so as ervas. O Catimb tem como principal
elemento a rvore da Jurema e todos os Mestres tem um erva de fundamento.
claro que podem dizer que o Candombl tambm fundamentado em ervas e sem erva
no se faz santo, mas, observe que apesar de importante as ervas (Ew) no Candombl, estas
so um dos elementos que compe o fundamento de cada Orix. No Catimb este o
elemento principal.
O Catimb o culto Jurema
O Catimb o culto a rvore da Jurema. A jurema uma rvore que floresce no agreste e
na caatinga nordestina. Da casca de seu tronco e de suas razes faz-se uma bebida mgico
sagrada que alimenta e d fora aos encantados do outro mundo.
Acredita-se tambm que essa bebida que permite aos homens entrar em contato com o
mundo espiritual e os seres que l residem, mas o Catimb existe sem que seja necessrio
fazer ou beber a Jurema, Catimb no Santo Daime. Tal rvore smbolo e ncleo de vrias
prticas mgico-religiosas de origem amerndia. De fato, entre os diversos povos indgenas que
habitaram o Nordeste, se fazia e em alguns deles ainda se faz o uso ritual desta bebida.
Este culto se difundiu dos sertes e agrestes nordestinos em direo s grandes cidades do
litoral, onde elementos das outras matrizes tnicas entraram em cena. Desse modo, o smbolo
da rvore que liga o mundo terreno ao alm, embora amarga (muito amarga...), d sapincia
aos que dela se alimentam, ganha novos significados, surgindo um mito com traos cristos.
Neste sentido a Jurema surge como a rvore que escondeu a sagrada famlia dos soldados
de Herodes, durante a fuga para o Egito, ganhando desde ento suas propriedades mgico
religiosas.
Onde Jesus descansou, que d fora e cincia, A jurema um pau sagrado, ao bom
Mestre curador.
Ainda nessa perspectiva, juntaram-se na constituio desta forma de religiosidade popular
outros elementos de origem europia como a magia e o culto aos santos do catolicismo
popular.
Apesar de encontrarmos nos pontos de umbanda a referncia a jurema o catimb que
tem a jurema como o centro e principal elemento de seu culto.
O que afinal o Catimb
O Mito, o preconceito e o erro na definio
Entre muitos que freqentam terreiros de Umbanda e Candombl, Catimb sinnimo da
prtica ou seja da macumba em s. Para outros, de Umbanda, trabalhar no Catimb est
associado ao uso de foras e energias de esquerda ou negativa. Esta uma viso equivocada.
Qualquer prtica mgica pode ser usada com qualquer finalidade, mas, o objetivo do Catimb
a evoluo dos seus Mestres atravs do bem e da cura. Se o mal feito, isto pode ocorrer
pelo erro do medium ou pela necessidade de justia a quem pede.
Catimb de base religiosa catolica e no afro-brasileiro
O Catimb uma prtica ritualista mgica com base na religio catlica de onde busca os
seus santos, leos, agua benta e outros objetos litrgicos. tambm uma prtica espirita que
trabalha com a incorporao de espritos de ex-vivos (eguns ou egunguns) chamados Mestres
e atravs deles que se trabalha principalmente para cura, mas tambm para a soluo de
alguns problemas materiais (como a Umbanda) e amorosos, mas, importante destacar que a
prtica da cura a principal finalidade.
No se encontra no Catimb, nas suas prticas e liturgias os elementos das naes
africanas de forma que classificar o Catimbs como uma seita afro-brasileira um erro.
Mestres no se subordinam a Orix e fora o aspecto de que certamente ele , tambm,
praticado por Negros no existe outra relao direta com a religio africana.
Para aqueles que consideram o Catimb afro-brasileiro eu apenas pergunto: Onde esto os
elementos Afro-brasileiro?
De fato a mitologia e teogonia do Candombl rica e complexa, a do Catimb pobre e
incipiente, seja porque a antiga mitologia indgena perdeu-se na desintegrao das tribos
primitivas, na passagem da cultura local para a cultura dos brancos, que estavam dispostos a
aceitar os ritos, porm no os dogmas pagos, na sua fidelidade ao catolicismo seja porque o
Catimb foi, mais, concebido como magia do que como religio propriamente dita, devido
sobretudo aos elementos perigosos e temveis e s perseguies primeiro da igreja e depois da
polcia.
Alm dos dogmas da religio catlica o Catimb incorpora componentes europeus como o
uso do caldeiro e rituais de magia muito prximos das praticas Wiccanas. Tanto dos europeus
como dos brasileiros o uso de ervas e razes bsico e fundamental nos rituais. Cada Mestre se
especializa em determinada erva ou raiz.
No existe Catimb sem santo catlico, sem tero, sem agua benta, sem reza, sem fumaa de
cachimbo e sem bebida, que pode nem sempre ser a Jurema (como eu disse Catimb no o
Santo Daime).
Mediunidade e incorporao
Sob o ponto de vista espiritualista a incorporao medinica pode ser considerada de baixa
energia, no sentido de no ser profunda, mas, no que falte qualidade. Os Mestres so
entidades que guardam muito os reflexos, comportamento e personalidade de sua ltima vida
de forma que os torna muito caracterizados e ligados na caracterizao fsica.
O uso de bebida e fumo comum e difundido, no existe Catimb sem isso. Entretanto
esta ligao fortemente carnal, faz dos Mestres entidades muito alegres, naturais e
expontneos, muito diferentes das entidades fortemente, s vezes grotescamente,
teatralizadas da Umbanda.
No existem Mestres do bem ou do mal. Os Mestres tanto podem trabalhar para o bem
como para o mal, diferente a Umbanda que especializa as entidades. Os feitios do Catimb
so mais temidos do que a Quimbanda, mas, no quero aqui iniciar uma polmica, porque isso
de importncia menor. A magia negra uma corrruptela da magia e pode ser praticado por
qualquer um. No existe necessidade de se estar na Umbanda ou no Catimb para se fazer
magia negra. Ela existe desde o incio dos tempos e est associada a ndole de quem a faz.
Assim dependo da orientao da casa e do medium os mestres podero trabalhar para o mal,
para a reparao, para a vingana ou para a justia, como se queira denotar. Quem faz o mal
precisa apenas de um motivo ou justificativa qualquer. Mas os Mestres so pau para toda a
obra.
Eventualmente a presena no Catimb de ex-Umbandistas vai trazer com estes as suas
entidades de Umbanda que iro trabalhar dentro do Catimb, mas, isso no faz do Catimb
uma Umbanda, como tambm no se vai impedir que entidades de Umbanda que j
pertenam aos mdiuns trabalhem nas rodas de Catimb. O Catimb existe sem a Umbanda
apesar de como estas ir se incorporando, eventualmente, de entidades e prticas.
importante compreender que diferente da Umbanda e do Candombl os Mestres no
respondem a Orixs ou falangeiros. A Jurema tem sua prpria hierarquia e Mestres respeitam
outros Mestres maiores e mais fortes.
Considerar Catimb uma Umbanda dar uma conotao preconceituosa, como se tudo o que
fosse espiritita fosse Umbanda ou tudo o que envolvesse negros e mulatos ou ento gente
simples fosse macumba ou afro-brasileiro.
Dito isto, reafirmo, Catimb no Umbanda! Os Umbandistas que fiquem com ela.
Tambm no tem nada haver com o Candombl. Nunca foi ou ser Kardecista. Catimb
Catimb!
Finalmente no existe padro para o Catimb. Cada um tem o seu.
Origem do Catimb
O Catimb , sem duvida nenhuma, de origem ndia. Sem voltar s descries antigas da
pajelana e aos primeiros contatos entre o catolicismo e a religio dos ndios, inclusive queles
fenmenos de santidade que conhecemos to bem atravs das informaes do Tribunal do
Santo Ofcio, sem tentar traar a genealogia histrica do Catimb, encontramos ainda hoje
entre o puro ndio e o homem do Nordeste toda a gradao que nos conduz pouca a pouco do
paganismo do Catimb.
O Catimb de hoje o resultado desta fuso da prtica pag inicial dos ndios com o
catolicismo sobre o qual construiu a base da religio . impossvel dissociar o Catimb do
catolicismo e de outras tradies europias, provavelmente adquiridas dos holandeses,
mesmo aps as influncias que recebeu do Candombl e do kardecismo.
Podemos considerar que a mesma falta de fora tnica que fez com que os ndios fossem
antropologicamente sobrepujados por outras culturas fez com que o Catimb perde-se a sua
identidade ndia original (pajelana) e adquirisse os rituais importados de outras prticas
religiosas mais fortes. Neste caso contribuiu muito a falta da cultura escrita que fez com que
na medida em que os prprios ndios eram extintos a prtica religiosas Xamanista fosse sendo
perdida ou diluda.
Entretanto do Xamanismo original foram preservadas as ervas e razes nativas como base
de todos os trabalhos e na prtica da fumigao com fumaa de cachimbos e fumos
especialmente preparados o elemento mgico de difuso.
Para o ndio, o fumo a planta sagrada e a sua fumaa que cura as doenas,
proporcionando e xtase, d poderes sobrenaturais, pe o paj em comunicao com os
espritos.
Os primeiro elementos do Catimb que devemos lembrar o uso da defumao para curar
doenas, o emprego do fumo para entrar em estado de transe, a idia do mundo dos espritos
entre os quais a alma viaja durante o xtase, onde h casa e cidades anlogas s nossas. A
grande diferena que a fumaa na pajelana absorvida, enquanto no Catimb ela
expelida. O poder intoxicante do fumo substitudo aqui pela ao da jurema.
O Catimb se desenvolveu diferentemente no interior e no litoral, nas capitais. As
influncias de outras prticas religiosas mais fortes em cada um deste locais acabam
determinando o formato do Catimb. Podemos dizer que quanto mais para o interior mais
simples ele ser devido a menor influncia das religies africanas.
Catimb no macumba nem candombl
No Catimb no h promessas, votos, unidade do protocolo sagrado. um consultrio
tendendo, cada vez mais, para a simplificao ritual. No h festas votivas, no h corpo de
filhos-de-santo para louvor divino dos Orixs nem preparao obediente de las.
De instrumentos musicais resta a marca-Mestre, cabacinha na ponta de uma vareta, com
que o Mestre divide o compasso das linhas. Contudo os Catimbs absorveram facilmente os
atabaques da umbanda trazendo o seu ritmo e musicalidade. No h cores formais, vestidos ,
contas (apesar de existirem fios-de-conta de Catimb, feitos com a cabaa e lgrimas de Nossa
Senhora), enfeites especiais nem alimentos privativos, fetiches de representao.
Catimb no Macumba nem Candombl, permanece isolado, diverso, distinto. No
Catimb, os que acostam so catimbozeiros falecidos. No h um s Mestre que no tenha
vivido na Terra. Nas Macumbas e Candombls passa o sopro alucinante das potestades
africanas, deuses nascidos misteriosamente, com poderes espantosos.
No Catimb no se louvam orixs africanos e raro so trabalhos de cho. As coisas no
Catimb so simples e baratas feitas para serem acessveis populao que o Catimb serve.
O Catimb se serve de uma vela, fitas, cascas, folhas, fumo e bebida para realizar os seus
trabalhos. Normalmente as coisas so resolvidas na prpria roda de Catimb.
Os caboclos podem ser vistos no Catimb, mas, no so eles a base ou o objetivo principal.
Catimb trabalha atravs de Mestres.
Como j citado o fato de entidades tpicas de Umbanda aparecerem no Catimb devido a
origem do mediuns e ao fato de existir uma entidade comum chamada de Z Pelintra faz com
que se imagine que Catimb seja uma forma de Umbanda no Nordeste. Como explicado
neste stio, no . Muito se tem pesquisado sobre a origem do Z Pelintra da Umbanda no
Catimb, uma vez que esta uma entidade urbana que nada tem com a origem dos mestres.
Tudo no Catimb se faz com a linha de licena, onde se fala, sisudamente: Com o poder de
Jesus Cristo, vamos trabalhar. Das centenas canes recolhidas no arquivos catimbozeiro,
nenhuma alude a um encantado e infalivelmente a Deus, Santssima Trindade, Santos, s
almas. S encontrei duas que se dirigiam s estrelas e ao sol. O esprito religioso,
formalstico, disciplinado, respeitoso da hierarquia celestial. Ningum numa Macumba ou
terreiro de Candombl, admite licena de Jesus Cristo para Xang, nem santo catlico atende
ao chamamento insistente dos tambores.
Catimb no tem Exu e no tem Orix sincretizado em Santo. No Catimb Santo Santo e
Mestre Mestre. Mestre trabalha na direita e a esquerda, faz e desfaz
Liturgias do Catimb
Abertura de trabalhos
A abertura da mesa uma liturgia simples, mas significativa e bonita. Lidamos com uma
pratica ritual pouco elaborada de forma que algumas poucas coisas podem ser destacadas
como de beleza prpria.
A abertura de mesa deve ser um ritual importante e solene. claro que cada jurema uma
jurema e cada um pode ter sua forma de trabalhar com o mundo espiritual, mas a solenidade
da abertura da mesas sempre tocante.
Deve-se louvar o nosso senhor Jesus Cristo, pedindo licena para abrir a mesa e exaltando a
fora da Jurema. Podem ser recitadas preces como a de Critas e entoados cantos de abertura
como o seguinte:
Bate asa e canta o galo dizendo cristo nasceu canto os anjos nas alturas Rei nuino Gloria
no cus se deu.
Gloria nos cu se deu nas portas do Jurem abre e de licena Santa Tereza para os mestres
trabalhar.
Oh minha Santa Tereza pelo amor de meu Jesus abre a mesa e de licena Santa Tereza pelo
irmo Joo da Cruz
Por deus eu te chamo por Deus eu mandei chamar [ mestre tal ] da Jurema para vir trabalhar.
Depois disso inicia-se as cantigas em roda, sempre alegres e animadas e os mestres viro um a
um se acostar para trabalhar.
Iniciao
A iniciao no Catimb se faz com rituais simples porm com muita significao. O primeiro
ritual que passa um discpulo a jura no qual ele deve se confirmar como um discpulo da
Jurema. Com o passar do tempo e sua evoluo ele ir receber o seu cachimbo que ser
consagrado por um Mestre. Ser atravs deste cachimbo que ele far os seus trabalhos.
Finalmente aps alguns anos ele dever realizar o tombo onde se confirmar como um Mestre
em vida do Catimb.
Tombo
O tombo de jurema constitui-se no processo pelo qual muitos dos Mestres que hoje esto
no mundo espiritual passaram para ganhar cincia. Tombam no p da jurema e ao acordar
esto prontos para trabalhar. Foi o caso do Mestre Carlos, famoso por seu dom de cura nas
mesas de jurema de todo o Nordeste.
Contudo nos terreiros o rito foi tornado bem mais complexo que sua referncia mstica. O
tombamento consiste ento no oferecimento de alimentos e sacrifcios s correntes espirituais
do iniciante. Nele comem o caboclo, o Mestre, a mestra, o exu e a pombagira do iniciante.
Acontece ainda a juremao com a implantao da semente atravs do corte na pele e a
viagem espiritual. A viagem deve acontecer no perodo que se intercala entre a oferta dos
sacrifcios ao caboclo e a preparao das comidas oferecidas em banquete ritual. Ainda
durante o sacrifcio o iniciante levado durante o transe para correr as cidades espirituais. O
interessante e singular neste transe que os adeptos acreditam que enquanto a pessoa
levada para realizar a viagem espiritual, o caboclo permanece no corpo do iniciante.
Concludo o sacrifcio passa-se preparao das carnes dos animais e partio das frutas
e alimentos oferecidos aos encantados. O caboclo alimentado com uma pequena poro de
tudo que foi oferecido. Findo o banquete, o caboclo ento mandado de volta a sua cidade e
o filho dever contar ao seu iniciador o que viu. Se a viagem for considerada vlida seguem-se
os sacrifcios s demais entidades: o Mestre, a mestra, o exu e a pombagira.
No dia posterior, em animada festa o caboclo vestido a carter dever como na iniciao do
candombl gritar o seu nome e tambm cantar a sua toada (cantiga). O iniciante tambm
poder vestir as demais entidades quem deu de comer. A riqueza deste ritual completa est
intrinsecamente ligada s condies financeiras do iniciante. Sem dvida este ritual segue o
formato do Candombl.
Juremao
Muitos juremeiros dizem que um bom Mestre ja nasce feito; contudo, alguns ritos so
utilizados para fortificar as correntes e dar mais conhecimento mgico-espiritual aos
discpulos. O ritual mais simples, porm de muita cincia, o conhecido como juremao,
implantao da semente ou cincia da jurema. Este ritual consiste em plantar no corpo do
discpulo, por baixo de sua pele, uma semente da arvore sagrada.
Existem 3 procedimentos para a juremao dos discpulos. No primeiro, o prprio Mestre
espiritual o responsvel pela implantao da semente. Esse Mestre promete ao discpulo e
aps algum tempo, misteriosamente, surge a semente em uma parte qualquer do corpo. O
segundo procedimento aquele em que o lder religioso, o juremeiro, realiza um ritual
especial, em que d a seus afilhados a semente e a bebida de jurema para beber. Aps este
rito, o iniciante deve abster-se de relaes sexuais por sete dias consecutivos, perodo em que
todas as noites ele devr ser levado em sonhos, por seus guias espirituais, para conhecer as
cidades e aldeias onde aqueles residem. Ao final deste perodo, a semente ingerida dever
reaparecer embaixo de sua pele. Caber ainda ao iniciante contar ao seu iniciador o que viu
em sonho para que este reconhea ou no a validade de viagens espirituais e por conseguinte
da juremao. Em um terceiro procedimento o juremeiro implanta a semente da jurema
atravs de um corte realizado na pelo do brao. piru
Mestres do Catimb
Quem so os mestres do Catimb
O termo Mestre de origem portuguesa, onde tinha o sentido tradicional de mdico, ou
segundo Cmara Cascudo, de feiticeiro. Este o primeiro elemento de ligao do Catimb com
tradies europias, provavelmente cabalistas e mostra tambm nestes 2 significados a
expresso semntica do trabalho do Mestre, a cura e a magia.
De forma geral os Mestres so descritos como espritos curadores de descendncia escrava
ou mestia, que em suma a caracterstica dos habitantes das regies onde o Catimb
floresce, mas que no deve ser tratado como um dogma. Dizem os juremeiros que os Mestres
foram pessoas que quando em vida trabalharam nas lavouras e possuam conhecimentos de
ervas e plantas curativas Po outro lado algo trgico teria acontecido e eles teriam se passado,
isto , morrido, encantando-se, podendo assim voltar a acudir os que ficaram neste vale de
lgrimas.
No existe Mestre do bem ou do mal. O Mestre uma entidade que pode fazer o bem ou o
mal de acordo com a sua convenincia, a ordem da casa e a ocasio.
A funo dos Mestres e do Catimb
Nesta generalizao podemos entender muito be