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HÁBITOS DE ATIVIDADE FÍSICA EM ALUNOS DO
ENSINO MÉDIO DO COLÉGIO ESTADUAL MONTEIRO
LOBATO DO MUNICÍPIO DE DOIS VIZINHOS
SOLANGE GODOI 1
ENEIDA MARIA TROLLER CONTE2
Resumo: Este estudo tem como objetivo apresentar resultados sobre o comportamento adotado por jovens e adolescentes de uma escola pública, em relação ao nível de atividade física, bem como sobre os níveis de aptidão física. Procurou-se também estabelecer uma relação entre os níveis de atividade física, aptidão física e o uso das tecnologias (o computador, o celular...). Evidenciando as possíveis implicações que a diminuição da atividade física pode desencadear no corpo humano, e buscando deste modo sensibilizar os alunos sobre a importância da prática regular de atividade física, como forma de contribuir para a saúde. Inicialmente, para determinar o nível de atividade física aplicou-se aos alunos do 1º ano A e 1º ano C o IPAQ (Questionário Internacional de Atividade Física) na versão curta e o seu protocolo de pontuação para avaliar o nível de atividade física dos mesmos. Para avaliar a aptidão física utilizou-se do protocolo do Projeto Esporte Brasil (GAYA, 2009) a bateria de testes de aptidão física relacionada à saúde, onde foram aplicados os seguintes testes: a) massa corporal; b) medida da estatura; c) índice de massa corporal (IMC); d) flexibilidade (sentar e alcançar com e sem o banco de Wells); e) teste de força-resistência (abdominal); f) teste de capacidade cardiorrespiratória (6 minutos). Os resultados dos testes de aptidão física e o questionário foram analisados juntamente com os alunos, sendo proposto a eles sequencias de atividades físicas. Palavras-chave: Aptidão Física. Atividade Física. Tecnologia.
1 INTRODUÇÃO
A inatividade física e a relação desta com o uso crescente de diversos
recursos tecnológicos é um problema que está cada vez mais presente na
sociedade atual.
A partir da revolução vivida nos últimos anos no campo da informática, das
telecomunicações, em especial com a proliferação de celulares, tablets e outros, e
ainda com a maior acessibilidade das pessoas a computadores pessoais, vê-se o
desencadeamento de um estilo de vida pouco saudável.
1Especialista em Educação Física Escolar pela FAFIPAR, Graduada em Educação Física pela
FACEPAL, professora do quadro próprio da SEED, município de Dois vizinhos – PR. 2 Professora Mestra do curso de Educação Física da Universidade Estadual do Oeste do Paraná –
UNIOESTE, Campus de Marechal Cândido Rondon – PR.
Neste sentido, as facilidades proporcionadas pela tecnologia, trazem revezes
para o corpo, pois antes, este tinha maiores possibilidades de movimentação, visto
que a dependência dos artefatos tecnológicos era menor, em contraposição a
situação vivenciada na atualidade, onde predomina a lei do menor esforço. Este fato
é constatado de maneira expressiva entre os adolescentes e jovens, que pela
própria formação intelectual ainda em construção são facilmente atraídos pelo
consumismo presente na sociedade.
Sendo assim, e considerando a linha de pesquisa da Educação Física ligada
ao diálogo entre teoria e metodologia, este projeto foi desenvolvido com
adolescentes e jovens do 1º ano A e 1º ano C do Colégio Estadual Monteiro Lobato,
Ensino Fundamental e Médio, localizado no município de Dois Vizinhos.
Norteou este trabalho o objetivo de determinar o nível de atividade física dos
alunos e a aptidão física relacionada à saúde dos mesmos, a fim de que com os
resultados obtidos possam ser propostas ações de melhoria da condição física.
Isto posto, torna-se fato que o projeto demonstra seu caráter de contribuição
para a ampliação do conhecimento científico na medida em que propõe uma
metodologia fácil de ser aplicada aos alunos e que permite a obtenção de
importantes dados de como se encontra a condição física dos mesmos.
Como forma de medir a condição física dos alunos foram utilizados como
métodos de qualificação e quantificação o questionário do IPAQ (Questionário
internacional de atividade física) na sigla em inglês, e da aplicação da bateria de
testes de aptidão física relacionada à saúde elaborada pelo PROESP-BR (GAYA,
2009).
Com isso foi possível à produção de dados individuais, permitindo aos
próprios alunos perceberem sua condição física, e se sensibilizarem para a
necessidade de atividades físicas regulares, a fim de contribuir para a manutenção
da saúde do corpo.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O ser humano ao longo de sua existência tem buscado incessantemente
desenvolver vários equipamentos tecnológicos que facilitem sua vida, com o intuito
de poupar tempo, encurtar distâncias e dar mais agilidade as tarefas do seu dia-a-
dia. Todos estes equipamentos criados pelo ser humano acabam por provocar
mudanças significativas nos seus hábitos de vida.
Nas civilizações modernas, a mecanização, a automação e a tecnologia dos computadores nos têm eximido, em grande parte, das tarefas físicas mais intensas no trabalho e nas atividades da vida diária. Da mesma forma, as muitas opções do chamado lazer passivo – como a televisão e os jogos eletrônicos – têm reduzido muito a parcela de tempo livre em que somos ativos fisicamente (lazer ativo – esportes, dança, caminhadas, jogos ao ar livre etc.) (NAHAS, 2010, p. 26).
Este novo estilo de vida tem proporcionado, de maneira gradual, um
desequilíbrio ao organismo humano, levando à considerável diminuição da atividade
física. Para Saba (2008, p. 31) “[...] o comportamento do homem reflete, benéfica ou
maleficamente, no seu corpo, na sua psique, nos seus sentimentos. Sua saúde
deriva da sua condição global, uma vez que o estado do seu físico interfere no seu
estado mental e vice-versa”.
Como consequência negativa do desenvolvimento tecnológico, percebe-se
em larga escala que a saúde do ser humano moderno está mais vulnerável a
algumas doenças bem presentes neste século XXI. Dentre elas: a diabete, a
hipertensão, a obesidade, o câncer e as doenças cardiovasculares, que estão
intimamente ligadas ao sedentarismo, ao estresse e a alimentação inadequada.
Estes meios de poupar esforço, apesar de proporcionarem conforto e maior produtividade, não diminuem a necessidade de exercitarmos regularmente nosso organismo para que os males do sedentarismo não prejudiquem nosso estado geral de saúde física e mental, reduzindo a capacidade de realizar tarefas rotineiras e a qualidade de nossas vidas, a médio e longo prazo (NAHAS, 2010, p. 26).
Contudo, não se está negando a revolução tecnológica, como enfatiza Nahas
(2010, p. 37): “não se pode negar a importância dos produtos tecnológicos e da
informática para a humanidade, proporcionando conforto, segurança e rapidez em
processos que não aconteceriam sem eles”. Porém é necessário saber usá-los para
promover a qualidade de vida e não produzir mais problemas para a vida das
pessoas.
Sendo assim, as atividades físicas que tem como foco o movimento corporal,
compõe o elo na busca de um equilíbrio entre a carência de movimento, provocada
pelo novo estilo de vida das pessoas e a aptidão física tão necessária ao bom
funcionamento do organismo em sua complexidade física. Como explica Weineck
(2003, p. 37): “O homem necessita de movimento. Todos os seus sistemas
orgânicos e do sentido precisam ser estimulados através do movimento, da atividade
física [...]”.
Partindo deste contexto, a disciplina de educação física como componente
curricular da educação básica, por meio dos seus conteúdos estruturantes –
esportes, danças, ginásticas, lutas, jogos e brincadeiras - tem um papel fundamental
perante a sociedade, que é proporcionar ao aluno através da cultura corporal de
movimento uma educação para um modelo de vida ativo, contemplando os aspectos
afetivos, sociais, cognitivos e motores. Segundo as diretrizes curriculares da
educação básica de Educação Física - PARANÁ (2008, p. 72): “[...] a educação
física tem a função social de contribuir para que os alunos se tornem sujeitos
capazes de reconhecer o próprio corpo, adquirir uma expressividade corporal
consciente e refletir criticamente sobre as práticas corporais”.
A Educação Física enquanto componente curricular da Educação básica deve assumir então uma outra tarefa: introduzir e integrar o aluno na cultura corporal de movimento, formando o cidadão que vai produzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir do jogo, do esporte, das atividades rítmicas e danças, das ginásticas e práticas de aptidão física, em benefício da qualidade de vida ( BETTI e ZULIANI, 2002, p. 75).
Pensando assim, cabe uma atenção especial ao ensino médio, pois se
percebe que esta fase – passagem da adolescência/juventude à vida adulta - é
marcada por muitas dúvidas, mudanças físicas, psicológicas e de comportamento.
Para Gallahue (2005, p. 414): “O termo adolescência é difícil de definir. Não é
apenas um período de rápida alteração física, mas também de transição social e
psicológica da infância à idade adulta”. Porém, ao mesmo tempo, apresenta maior
maturidade e uma consciência crítica mais direcionada, não aceitando de pronto
tudo que lhe é apresentado. Ainda segundo Gallahue (2005, p. 414): “trata-se de um
período de questionamentos, desafios, de exploração e de exame crítico das ações
de colegas, amigos e adultos”.
Perante o quadro que se apresenta, nota-se que à educação física do ensino
médio, urge em atender os novos interesses deste público, contemplando assuntos
e práticas pertinentes a esta nova fase, levando em consideração os aspectos
afetivos, sociais e cognitivos. Deste modo a educação física precisa integrar o aluno
a cultura corporal de movimento com ênfase no lazer, saúde e esporte.
[...] no ensino médio pode-se proporcionar ao aluno o usufruto dessa cultura, por meio das práticas que ele identifique como significativas para si próprio. Por outro lado, o desenvolvimento do pensamento lógico e abstrato, a capacidade de análise e de crítica já presentes nessa faixa etária permitem uma abordagem mais complexa de aspectos teóricos (aspectos socioculturais e biológicos), requisitos indispensável para a formação do cidadão capaz de usufruir, de maneira plena e autônoma, a cultura corporal de movimento (BETTI e ZULIANI, 2002, p. 76).
Deste modo, é importante que o professor de educação física ao trabalhar no
ensino médio, leve em conta as alterações pelas quais os alunos passam,
procurando assim, apesar das resistências, elaborar aulas que vislumbrem a prática
regular de atividades físicas.
[...] um dos objetivos é fazer com que os alunos venham a incluir hábitos de atividades físicas em suas vidas, é fundamental que compreendam os conceitos básicos relacionados a saúde e a aptidão física, que sintam prazer na prática de atividades físicas e que desenvolvam um certo grau de habilidade motora, o que lhes dará a percepção de competência e motivação para essa prática (NAHAS, 2010, p. 158).
Assim sendo, torna-se importante o estudo sobre o nível de atividade física e
de aptidão física dos alunos do ensino médio, sendo possível identificar através de
testes, comportamentos de inatividade, além de avaliar as capacidades funcionais e
motoras. Sabe-se que independente da idade, de acordo com Nahas (2010)
atividade física e a aptidão física estão diretamente ligadas à saúde, ao bem estar e
a qualidade de vida das pessoas.
Para tanto é necessário definir o que é atividade física, exercício físico,
aptidão física e aptidão física relacionada à saúde. Para Gaspersen (apud NAHAS,
2010, p. 46); define-se atividade física como: “qualquer movimento corporal
produzida pela musculatura esquelética – portando voluntária, que resulte num gasto
energético acima dos níveis de repouso”. Já o exercício físico é definido como: “uma
das formas de atividade física planejada, estruturada, repetitiva, que objetiva o
desenvolvimento (ou manutenção) da aptidão física, de habilidades motoras ou
reabilitação orgânico-funcional” (Nahas, 2010, p. 46). A aptidão física segundo
Nieman (1999, p. 4): “[...] é uma condição na qual o indivíduo possui energia e
vitalidade suficientes para realizar as tarefas diárias e participar de atividades
recreativas sem fadiga”. Enquanto aptidão física relacionada à saúde segundo
Nahas (2010, p. 47): “congrega características que, em níveis adequados,
possibilitam mais energia para o trabalho e o lazer, proporcionando, paralelamente,
menor risco de desenvolver doenças ou condições crônico-degenerativas
associadas a baixos níveis de atividade física habitual”.
Tendo em vista que a aptidão física relacionada à saúde é importante para os
seres humanos, cabe então explicar os conceitos que se ligam a este termo. A
começar pela aptidão cardiorrespiratória que é a capacidade de continuar ou
persistir em tarefas extenuantes envolvendo grandes grupos musculares por
períodos de tempo prolongados. Também denominada aptidão aeróbica, é a
capacidade dos sistemas circulatório e respiratório de se ajustar e de se recuperar
dos efeitos de atividades como: andar acelerado, corrida, natação, ciclismo e outras
atividades de intensidade moderada ou vigorosa. Já a composição corporal refere-se
a quantidade relativa de gordura corpórea e tecido corpóreo magro ou massa
corporal magra (músculos, ossos, água, pele, sangue e outros tecidos não
gordurosos). Outro conhecimento fundamental é sobre a aptidão musculoesquelética
que corresponde à flexibilidade que é a capacidade das articulações de se mover
por uma grande amplitude de movimento (por exemplo, tocar os dedos dos pés com
as pernas estendidas quando sentado no chão), a força muscular que é a força
máxima num só esforço que se pode ser exercida contra uma resistência (por
exemplo, levantar o maior peso possível na posição supina ou com a flexão das
pernas) e ainda a resistência muscular que é a capacidade dos músculos de suprir
uma força submáxima repetidamente (por exemplo, abdominais, flexões de braços
no solo, flexões de braços na barra, levantamento de pesos, 10 a 15 vezes, na sala
de musculação). Nieman (1999).
Para atingir os objetivos propostos deste estudo, aplicaram-se questionário
(IPAQ) e testes de aptidão física relacionada à saúde do PROESP-BR (GAYA,
2009), para determinar qual era a condição física dos alunos do 1º ano A e 1º ano C
do Colégio Estadual Monteiro Lobato.
O IPAQ (Questionário Internacional de Atividade Física) – versão curta,
proposto pela Organização Mundial da Saúde é um instrumento de fácil aplicação e
tem como objetivo medir o nível de atividade física das pessoas, fornecendo dados
importantes para elaboração de programas voltados para a promoção da saúde e
melhoria da qualidade de vida.
O PROESP-BR (GAYA, 2009) é um programa desenvolvido no âmbito da
educação física escolar, e esporte educacional, com o objetivo de auxiliar os
professores de educação física na avaliação dos indicadores de crescimento
corporal, do estado nutricional, da aptidão física relacionados à saúde e ao
desenvolvimento esportivo, em crianças e jovens entre 7 a 17 anos.
3 METODOLOGIA
Este estudo teve como público alvo os alunos matriculados no 1º ano A e 1º
ano C do ensino médio do Colégio Estadual Monteiro Lobato, do município de Dois
Vizinhos – PR, com o objetivo de identificar o nível de atividade física dos alunos,
bem como a aptidão física relacionada à saúde, a fim de que com os resultados
obtidos possam ser propostas ações de melhoria da condição física.
Foram utilizados métodos de qualificação e quantificação, para isso aplicou-
se o questionário do IPAQ (Questionário internacional de atividade física) e seu
protocolo de pontuação, e a bateria de testes de aptidão física relacionada à saúde,
seguindo o protocolo de testes e medidas do PROESP-BR (GAYA, 2009).
A pesquisa ocorreu no 1º semestre do ano letivo de 2013, sendo entregue a
cada aluno para responder o questionário do IPAQ versão curta, que consistia em
estimar o tempo semanal gasto em atividade física de intensidade moderada e
vigorosa, em diferentes contextos do dia-a-dia e ainda o tempo despendido em
atividades passivas realizadas na posição sentada.
O IPAQ versão curta utiliza para identificar o nível de atividade física dos
envolvidos os seguintes critérios:
Muito Ativo: aquele que cumpriu as recomendações de:
a) Atividade VIGOROSA: ≥ 5 dias na semana e ≥ 30 minutos por sessão;
b) Atividade VIGOROSA: ≥ 3 dias na semana e ≥ 20 minutos por sessão +
atividade MODERADA e/ou CAMINHADA: ≥ 5 dias por semana e ≥ 30
minutos por sessão.
Ativo: aquele que cumpriu as recomendações de:
a) Atividade VIGOROSA: ≥ 3 dias na semana e ≥ 20 minutos por sessão.
b) Atividade MODERADA e/ou CAMINHADA: ≥ 5 dias por semana e ≥ 30
minutos por sessão.
c) Qualquer atividade somada: ≥ 5 dias na semana e ≥ 150 minutos na
semana (caminhada+atividade moderada+atividade vigorosa).
Irregularmente Ativo: aquele que realiza atividade física, porém insuficiente
para ser classificado como ativo, pois não cumpre as recomendações quanto à
frequência ou duração. Para realizar essa classificação soma-se a frequência e a
duração dos diferentes tipos de atividades (caminhada+atividade
moderada+atividade vigorosa).
Sedentário: aquele que não realiza nenhuma atividade física por pelo menos
10 minutos contínuos durante a semana.
Para avaliar o crescimento corporal e o nível de aptidão física relacionada à
saúde, este estudo utilizou-se da bateria de testes, normas e critérios de avaliação
do protocolo do PROESP-BR, com a intenção de levantar dados mensuráveis da
condição física dos alunos. Sendo este um sistema de medidas e testes que
possibilita a avaliação dos indicadores de saúde associados ao gênero, à idade
cronológica, ao crescimento corporal e a aptidão física.
Os testes e medidas realizados no âmbito da avaliação para aptidão física
relacionada à saúde, do protocolo PROESP-BR foram os seguintes:
a- Medidas de crescimento corporal: massa corporal (peso) e estatura
(altura).
b- Composição corporal - Índice de massa corporal (IMC). É determinado
através do cálculo da razão (divisão) entre a medida de massa corporal total
em quilogramas (peso) pela estatura (altura) em metros elevada ao quadrado.
A medida deve ser anotada com uma casa decimal.
IMC= Massa (Kg) / estatura (m)².
c- Aptidão cardiorrespiratória - Teste da corrida/caminhada dos 6 minutos.
Material: Local plano com marcação do perímetro da pista, trena métrica,
cronômetro e ficha de registro.
Orientações: Dividir os alunos em grupos adequados às dimensões da pista.
Informa-se aos alunos sobre a execução dos testes dando ênfase ao fato que
devem correr o maior tempo possível, evitando piques de velocidade intercalados
por longas caminhadas. Durante o teste, informa-se ao aluno a passagem do tempo
2, 4 e 5 (“atenção: falta 1 minuto”). Ao final do teste soará um apito, sendo que os
alunos deverão interromper a corrida, permanecendo no lugar onde estavam (no
momento do apito) até ser anotada ou sinalizada a distância percorrida. Os
resultados serão anotados em metros com uma casa após a vírgula.
d- Flexibilidade - Teste de sentar e alcançar com banco de Wells.
Material: Utilizar um banco em forma de cubo construído com peças de 30 x
30 cm, uma peça tipo régua de 53 cm de comprimento por 15 cm de largura,
escrevendo na régua uma graduação ou colando sobre ela uma trena métrica entre
0 a 53 cm, por fim coloque a régua no topo do cubo na região central fazendo com
que a marca de 23 cm fique exatamente em linha com a face do cubo onde os
alunos apoiarão os pés.
Orientação: Os alunos devem estar descalços. Sentam-se de frente para a
base da caixa, com as pernas estendidas e unidas. Colocam uma das mãos sobre
a outra e elevam os braços à vertical. Inclinam o corpo para frente e alcançam com
as pontas dos dedos das mãos tão longe quanto possível sobre a régua graduada,
sem flexionar os joelhos e sem utilizar movimentos de balanço (insistências). Cada
aluno realizará duas tentativas. O avaliador permanece ao lado do aluno, mantendo
lhe os joelhos em extensão. O resultado é medido a partir da posição mais
longínqua que o aluno pode alcançar na escala com as pontas dos dedos.
Registra-se o melhor resultado entre as duas execuções com anotação em uma
casa decimal.
e- Flexibilidade - Teste de sentar e alcançar sem o banco de Wells.
Material: Fita métrica e fita adesiva.
Orientação: Os alunos devem estar descalços. Estenda uma fita métrica no
solo. Na marca de 38 cm desta fita coloque um pedaço de fita adesiva de 45 cm em
perpendicular à fita métrica. A fita adesiva deve fixar a fita métrica no solo. O sujeito
a ser avaliado senta-se com a extremidade zero da fita métrica entre as pernas. Os
calcanhares devem quase tocar a fita adesiva na marca dos 38 cm e estarem
separados cerca de 30 cm. Com os joelhos estendidos e as mãos sobrepostas, o
avaliado inclina-se lentamente e estende as mãos para frente o mais distante
possível. O avaliado deve se manter nesta posição o tempo suficiente para a
distância ser anotada pelo avaliador. O resultado é medido em centímetros a partir
da posição mais longínqua que o aluno pode alcançar na escala com as pontas dos
dedos. Registra se o melhor resultado entre duas execuções com anotação em uma
casa decimal.
f- Resistência muscular localizada (Nº de abdominais em 1 minuto sit-up).
Material: colchonetes de ginástica e cronômetro.
Orientação: O sujeito avaliado posiciona-se em decúbito dorsal com os
joelhos flexionados a 45 graus e com os braços cruzados sobre o tórax. O avaliador,
com as mãos, segura os tornozelos do estudante fixando-os ao solo. Ao sinal o
aluno inicia os movimentos de flexão do tronco até tocar com os cotovelos nas
coxas, retornando a posição inicial (não é necessário tocar com a cabeça no
colchonete a cada execução). O avaliador realiza a contagem em voz alta. O aluno
deverá realizar o maior número de repetições completas em 1 minuto. O resultado é
expresso pelo número de movimentos completos realizados em 1 minuto.
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.1 Apresentação e Discussão dos Resultados relativos ao Nível de Atividade
Física.
Após análise dos questionários se observou que 33,33% dos meninos
encontram-se na situação de muito ativos, 33,33% ativos, 22,22% irregularmente
ativos e 11,12% sedentários. Já entre as meninas se observou que 10,8% são muito
ativas, 53,5% ativas, 32,14% irregularmente ativas e 3,6% sedentárias.
Isto nos mostra, conforme indicado no gráfico abaixo, que a maioria dos
alunos inclui-se nas categorias muito ativo e ativo. Porém, chama atenção o fato de
34,90% dos alunos situarem-se nas categorias irregularmente ativos e sedentários.
Deste modo, cabe destacar a preocupação em relação a estes jovens, que podem
se tornarem adultos sedentários, representando assim um risco para a saúde.
Gráfico 1 – Nível de Atividade Física
Fonte: Solange Godoi
4.2 Apresentação e Discussão dos Resultados relativos à Aptidão Física
Relacionada à Saúde.
No teste do índice de massa corporal os alunos foram classificados segundo
os critérios presentes na tabela 1, onde se consideram valores abaixo dos pontos de
corte como parâmetros de normalidade. Os valores acima aos dos pontos de corte
como indicadores de risco à presença de níveis elevados de colesterol e pressão
arterial, além da provável ocorrência de obesidade.
Tabela 1 – Índice de massa corporal (IMC)
IDADE MENINOS MENINAS
14 22,2 22
15 23 22,4
16 24 24
17 25,4 24 Fonte: GAYA (2009)
Observou-se que 50% dos meninos com 14 anos estavam com o peso normal
e 50% estavam acima do peso. Já os meninos com 15 anos atingiram um índice de
90% com peso normal e 10% acima do peso. Enquanto os meninos com 16 anos
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Muito ativo Ativo Irregularmente ativo
Sedentário
Meninos 33,33% 33,33% 22,22% 11,12%
Meninas 10,80% 53,50% 32,14% 3,60%
Geral 19,50% 45,60% 28,30% 6,60%
atingiram 77,8% com o peso normal e 22,2% acima do peso. Quanto ao resultado
das meninas de 14 anos, observou-se que 100% estavam com o peso normal. Já as
meninas de 15 anos atingiram um índice de 93,3% peso normal e 6,7% acima do
peso. Enquanto as meninas de 16 anos encontravam-se 100% com o peso normal.
Analisando o gráfico abaixo, pode-se perceber que a maioria dos alunos
encontrava-se no peso ideal para sua idade.
Gráfico 2 – Índice de massa corporal
Fonte: Solange Godoi
Para avaliar a aptidão cardiorrespiratória, considerou-se a tabela abaixo.
Sendo que os valores abaixo do ponto de corte são considerados zona de risco à
saúde, e os valores acima dos pontos de corte são considerados zonas saudáveis.
Tabela 2 – Teste dos 6 minutos
IDADE MENINOS MENINAS
14 1100 1060
15 1155 1120
16 1190 1160
17 1190 1160 Fonte: GAYA (2009)
No teste de aptidão cardiorrespiratória 50% dos meninos com 14 anos
encontravam-se na zona saudável, e os outros 50% estavam na zona de risco. Já os
meninos com 15 anos, 20% estavam na zona saudável e 80% encontravam-se na
zona de risco. Dos meninos de 16 anos, 44,4% ficaram na zona saudável e 55,6%
estavam na zona de risco. Os testes realizados pelas meninas de 14, 15 e 16 anos,
mostraram que 100% delas encontravam-se na zona de risco à saúde.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Peso normal Acima do peso
Meninos 81% 19%
Meninas 96% 4%
Geral 89% 11%
Conforme se verifica no gráfico 3 abaixo pode-se dizer que a maioria dos
alunos estavam na zona de risco à saúde.
Gráfico 3 – Aptidão cardiorrespiratória
Fonte: Solange Godoi
Para o teste de flexibilidade (sentar e alcançar com o banco de Wells) dos
alunos foram usados os valores da tabela abaixo. Onde os valores abaixo dos
pontos de corte são considerados como indicadores de risco à ocorrência de desvios
posturais e queixa de dores nas costas. Os valores acima dos pontos de corte são
considerados como níveis desejados a saúde.
Tabela 3 - Teste de Flexibilidade com o Banco Wells
IDADE MENINOS MENINAS
14 18 20
15 19 20
16 20 20
17 20 20
Fonte: GAYA (2009)
No teste de flexibilidade, 100% dos meninos com 14 anos estavam acima do
ponto de corte. Enquanto os de 15 anos, 60% estavam acima do ponto de corte e
40% estavam abaixo do ponto de corte. Os alunos com 16 anos, 88,9% estavam
acima do ponto de corte e 11,1% encontravam-se abaixo do ponto de corte. Quanto
às meninas, 60% das alunas de 14 anos estavam acima do ponto de corte e 40%
abaixo do ponto de corte. Do total de alunas com 15 anos, 73,3% encontravam-se
acima do ponto de corte e 26,7% abaixo do ponto de corte. Enquanto meninas de 16
0% 20% 40% 60% 80%
100%
Níveis desejados de ApRS
Indicadores de risco
Meninos 33% 67%
Meninas 0% 100%
Geral 15,20% 84,80%
anos, 80% estavam acima do ponto de corte e 20% se encontravam abaixo do ponto
de corte.
O gráfico 4 demonstra que a maioria dos meninos e das meninas atingiram
níveis desejados no teste de flexibilidade com o banco de Wells.
Gráfico 4 – Flexibilidade com o banco de Wells
Fonte: Solange Godoi
Para o teste de flexibilidade (sentar e alcançar sem o banco de Wells) dos
alunos foram usados os valores da tabela abaixo. Onde os valores abaixo dos
pontos de corte são considerados como indicadores de risco à ocorrência de desvios
posturais e queixa de dores nas costas. Os valores acima dos pontos de corte são
considerados como níveis desejados a saúde.
Tabela 4 – Teste de flexibilidade sem o banco de Wells
IDADE MENINOS MENINAS
14 22,9 24,3
15 24,3 24,3
16 25,7 24,3
17 25,7 24,3 Fonte: GAYA (2009)
Neste teste 100% dos meninos com 14 e 16 anos estavam acima dos pontos
de corte. Já os meninos de 15 anos, 70% encontravam-se acima do ponto de corte e
30% estavam abaixo do ponto de corte. Quanto às meninas, 60% das alunas de 14
anos encontravam-se acima do ponto de corte e 40% estavam abaixo do ponto de
corte. Os testes das meninas de 15 e 16 anos, demonstraram que 80% estavam
acima dos pontos de corte e 20% estavam abaixo dos pontos de corte.
0% 20% 40% 60% 80%
100%
Níveis desejados de ApRS
Indicadores de risco
Meninos 76,20% 23,80%
Meninas 72% 28%
Geral 73,91% 26,09%
Analisando o gráfico 5, pode-se dizer que a maioria dos meninos e das
meninas atingiram níveis desejáveis no teste de flexibilidade sem material.
Gráfico 5 – Flexibilidade sem o banco de Wells
Fonte: Solange Godoi
Para o teste de resistência muscular localizada (nº de abdominais em 1
minuto–set-up), foram usados os valores da tabela abaixo. Sendo que os resultados
inferiores aos pontos de corte indicam a probabilidade aumentada de indicadores de
riscos à presença de desvios posturais e queixas de dores nas costas. E os pontos
iguais ou superiores dos pontos de corte sugerem níveis desejados de aptidão física
relacionada à saúde.
Tabela 5 – Abdominal
IDADE MENINOS MENINAS
14 35 23
15 35 23
16 40 23
17 45 23 Fonte: GAYA (2009)
Neste teste, 50% dos meninos de 14 e 15 anos apresentaram resultado igual
ou superior dos pontos de corte e 50% resultados inferiores aos dos pontos de corte.
Já os meninos de 16 anos apresentaram resultados 100% inferiores ao do ponto de
corte. Enquanto 60% das meninas de 14 e 15 anos apresentaram um resultado igual
ou superior aos dos pontos de corte, 40% apresentaram resultado inferior aos dos
pontos de corte. Já as meninas de 16 anos, 80% apresentaram resultados igual ou
superior ao do ponto de corte e 20% apresentaram resultados inferiores ao do ponto
de corte.
0% 20% 40% 60% 80%
100%
Níveis desejados de ApRS
Indicadores de risco
Meninos 85,70% 14,30%
Meninas 76% 24%
Geral 80,44% 19,56%
Gráfico 6 – Abdominal
Fonte: Solange Godoi
Conforme foi possível visualizar no gráfico 6 as meninas estavam em
melhores condições de aptidão abdominal relacionada a saúde que os meninos.
Após analisar os dados obtidos sobre o nível de atividade física, a partir da
tabulação dos questionários, foram percebidas algumas divergências entre o que os
alunos relataram sobre sua condição física e os seus resultados dos testes de
aptidão física relacionados à saúde.
Em relação aos testes de aptidão física relacionado à saúde os alunos
apresentaram resultados positivos no teste de IMC, onde 89% estavam com a
massa corporal (peso e altura) ideal para sua idade. Já nos testes de flexibilidade
com e sem o banco de Wells respectivamente 73,91% e 80,44% se encontravam
com níveis desejáveis de flexibilidade.
Porém, no teste de aptidão cardiorrespiratória os resultados apresentados são
preocupantes, pois, 100% das meninas e 67% dos meninos estão abaixo do ponto
de corte, ou seja, encontravam-se na zona de risco à saúde. Também chamaram
atenção os resultados do teste de resistência muscular localizada (nº de abdominais
em 1 minuto), onde 71,40% dos meninos encontravam-se abaixo do ponto de corte,
ou seja, estavam na zona de indicadores de risco à saúde. Enquanto as meninas
36% encontravam-se abaixo do ponto de corte.
Deste modo, é preocupante que um percentual tão elevado de alunos tenham
ficado abaixo do nível mínimo, nos testes de aptidão cardiorrespiratória e resistência
muscular. Isto nos faz intuir, que os alunos de fato realizam poucas atividades físicas
durante a semana.
0% 20% 40% 60% 80%
100%
Níveis desejados de ApRS
Indicadores de risco
Meninos 28,60% 71,40%
Meninas 64% 36%
Geral 47,83% 52,17%
Sendo assim, é necessário considerar que, em especial no ensino médio, as
aulas de educação física tenham como objetivo, atividades que contemplem a
movimentação do corpo em sua totalidade.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A problemática apresentada neste trabalho – atividade física e tecnologia –
constitui-se em um tema de extrema atualidade, haja visto, que é nítido no cotidiano
escolar o número crescente de alunos que dispõem de diversos instrumentos
tecnológicos, que os distrai e os “aprisiona”, tornando-se um desafio, não só para
educadores físicos, mas para a sociedade em geral fazer com que os jovens
percebam os malefícios, não do uso das tecnologias, mas do fato de estes ficarem,
muitas vezes, por horas a frente de um dispositivo eletrônico.
Por isso, torna-se imprescindível demonstrar as pessoas, em especial aos
alunos, os benefícios que a prática regular de atividades físicas promove ao corpo
humano, bem como os prejuízos trazidos pela falta ou diminuição do movimento.
Porém, não basta apenas conhecer as vantagens de se praticar a atividade física
regularmente, é preciso que a pessoa mude de atitude e de fato pratique alguma
atividade.
Deste modo, a prática de atividade física regular deve ser estimulada desde
cedo, para que este hábito possa tornar-se constante na fase adulta. Sendo assim, o
educador físico na escola pode contribuir de maneira substancial para sensibilizar os
alunos quanto à situação apresentada acima.
Cabe destacar também que este estudo teve o mérito de, no âmbito de sua
proposta inicial, trazer conhecimentos sobre um tema fundamental para a vida na
modernidade, explicitando o aumento do sedentarismo relacionado com o estilo de
vida das pessoas.
6 REFERÊNCIAS
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Normas e Critérios de Avaliação. PROESP, CENESP-UFRGS: Porto Alegre, 2009.
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PROJETO ESPORTE BRASIL. Disponível em <http://www.proesp.ufrgs.br> Acesso em: 18 jun. 2012.
SABA, F. Mexa-se: atividade física, saúde e bem-estar. 2ed. Phorte: São Paulo, 2008.
WEINECK, J. Atividade Física e Esporte para quê? Barueri: Manole, São Paulo,
2003.