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GPR (Ground Penetrating Radar) Radar de penetração no solo, geo-radar,
1. Introdução O GPR é um método eletromagnético que utiliza ondas de rádio em
freqüências muito altas para localizar estruturas e feições geológicas rasas da
subsuperfície (ou localizar objetos enterrados pelo homem).
Faixa de Freqüências: 10 MHz – 2,5 GHz.
Profundidade de Penetração:
< 5 m em solos argilosos
< 50 m em areias de dunas, cascalhos e granitos
Segundo DAVIS & ANNAN (1989) na faixa de altas freqüências, a propagação
da onda eletromagnética em profundidade é similar a uma onda elástica (sísmica),
sofrendo, portanto, refração e reflexão de acordo com os contrastes de propriedades
elétricas, principalmente, de permissividades dielétricas (ε) dos materiais geológicos.
O método GPR consiste em obter uma imagem de alta resolução da
subsuperfície, através da transmissão de ondas eletromagnéticas (EM) para dentro da
Terra por uma antena transmissora colocada na superfície (Figura 1).
Figura 1. Diagrama de uma antena transmissora.
A propagação do sinal EM depende da freqüência do sinal transmitido e das
propriedades elétricas dos materiais (condutividade elétrica, permissividade dielétrica
e permeabilidade magnética). As mudanças nas propriedades elétricas em
subsuperfície fazem com que parte do sinal seja refletido. As ondas de radar refletidas
GPR
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e difratadas em subsuperfície são recebidas através de uma antena receptora (modo bi-
estático) também colocada na superfície do terreno (Figura 2). A energia refletida é
registrada em função do tempo de percurso (tempo duplo), que é amplificada,
digitalizada e gravada no disco rígido de um computador “notebook”, deixando os
dados prontos para o processamento posterior que se fizerem necessários.
Figura 2 – Princípio de funcionamento do GPR.
Histórico
1929 → Origem do GPR na Alemanha (Olhoeft, 1996).
Década de 60 → GPR empregado para determinar a espessura de placas de gelo no Ártico e na Antártica.
Década de 70 → GPR empregado em ambiente sem gelo.
Década de 80 → Emprego do GPR em diversos ambientes (reconhecimento como método de exploração geofísica).
Década de 90 → Consagração como método geofísico de muito alta resolução com aplicações na geologia, geotecnia, meio ambiente, planejamento urbano, arqueologia etc. A UFPA fez os primeiros estudos de GPR em sítios arqueológicos na Ilha do Marajó.
1994 → O Centro de Pesquisas da Petrobras iniciou os estudos sistemáticos com as aplicações do GPR em solos brasileiros, seguidos pela UFBA.
2009 → Várias instituições de pesquisas e universidades brasileiras estão estudando o GPR: IAG/USP, IPT, UNESP, CETESB, UFBA, UFPA, UFRGS, UFRJ, UFMT, UFRN, UnB, UFC, ON, etc. Além de empresas de prestação de serviços.
GPR
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2. Fundamentos teóricos
A teoria eletromagnética está fundamentada nas equações de Maxwell, que
descrevem o comportamento do campo eletromagnético em qualquer meio. As
relações constitutivas do meio relacionam o campo elétrico externo aplicado ao campo
interno pelas propriedades elétricas (condutividade elétrica e permissividade dielétrica)
e magnética (permeabilidade magnética) dos materiais (Stratton, 1941).
O campo EM tem dois componentes diretamente mensuráveis: o campo
elétrico e o campo magnético.
Esses campos são descritos em termos de vetores de intensidade de campo
elétrico E e do campo magnético H e em termos dos vetores densidade do fluxo
elétrico (ou deslocamento elétrico) D e densidade de fluxo magnético B (ou indução
magnética).
O acoplamento dos campos E e H são descritos pelas leis de Ampére e
Faraday.
A Lei de Ampére (1) mostra que o campo magnético é produzido pela corrente
de deslocamento e pela densidade de corrente elétrica.
J
tDH
+
∂∂
−=×∇ JtDH
+
∂∂
−=×∇ (1)
Para prospecção EM em altas frequências, o campo magnético gerado pelo
termo da corrente de deslocamento é mais importante.
Materiais geológicos podem ser caracterizados por três propriedades elétricas:
a) condutividade elétrica (σ);
b) permissividade dielétrica (ε);
c) permeabilidade magnética (μ).
Em geral, a condutividade é dominante para ondas eletromagnéticas de baixa
freqüência e a permissividade é dominante para altas freqüências.
No método GPR utiliza-se um dipolo elétrico horizontal como fonte do campo
de ondas eletromagnéticas (Annan & Cosway, 1992). As frentes de ondas básicas
para uma fonte dipolar sobre a superfície da Terra são ondas esféricas (Annan, 1973).
Qualquer onda esférica pode ser descrita por uma superposição de ondas planas
(Stratton, 1941).
GPR
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A equação da onda plana para o campo elétrico, supondo o fluxo de corrente
na direção-x, é dada por:
x2
2x
2Ek
zE
=∂∂
(2)
E x é o campo elétrico na direção-x e “k” é o número de onda complexo:
σµω−εµω= ik 22 (3)
β+α= ik (4)
onde: α corresponde à constante de atenuação e β corresponde à constante de
propagação. Para as freqüências do radar (10MHz – 2,5GHz), α e β são expressos
por:
εµσ
=α2
(5)
εµω=β (6)
Os fatores mais importantes que governam a propagação da onda EM num
determinado meio são a velocidade e a atenuação.
Para materiais geológicos com baixa perda, o campo EM propaga-se com uma
velocidade de fase dada por:
v c
r
=ε '
(7)
Corrente de Deslocamento
Corrente de Condução
Método GPR Métodos EMs
GPR
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onde “c” é a velocidade da luz no vácuo ( 3,0c ≅ m/ns) e ε r ' é a constante dielétrica
dos materiais.
A constante de atenuação é normalmente expressa por:
ασε
= 1 636 0,'r
(8)
em dB/m e σ 0 é a condutividade elétrica em corrente contínua em mS/m.
Como citado anteriormente, na faixa de frequência de operação do GPR a
onda EM comporta-se de maneira semelhante a onda elástica. Assim, A reflexão e a
refração de ondas planas são governadas pela lei de Snell e pelas equações de
Fresnel. A lei de Snell especifica uma relação angular entre a onda EM incidente, a
onda refletida e a onda refratada. As equações de Fresnel relacionam as amplitudes
dos campos elétrico e magnético (Ward & Hohmann, 1987).
No método GPR, a freqüência de operação é tão elevada, que se supormos (
∞→ω ) ⇒ Não há dependência de 2k (2) em σ . Portanto, na prática a amplitude do
coeficiente de reflexão GPR ( rgpr ) para uma incidência normal, pode ser escrito como:
''''
gprr21
21
ε+ε
ε−ε= (9)
onde ε ε1 2' 'e são as constantes dielétricas dos meios 1 e 2.
A condutividade elétrica dos materiais geológicos varia entre largos limites,
como pode ser visto na Tabela 1.
GPR
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Tabela 1 – Faixa de variação da condutividade elétrica dos materiais geológicos.
A constante dielétrica também varia de acordo com o material geológico, tendo,
portanto, interferência na velocidade de propagação e na atenuação da onda EM nos
materiais geológicos. Na Tabela 2 são apresentados os valores de constante
dielétrica, condutividade elétrica, velocidade de onda e constante de atenuação para
vários materiais geológicos.
GPR
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Tabela 2 – Tipos de materiais Geológicos e valores de εr’ , σ0 , v e α .
3. O sistema GPR Os sistemas GPR são projetados em módulos para dar maior flexibilidade nas
operações de campo. Eles consistem de 6 módulos: 2 antenas (uma transmissora e
uma receptora), uma unidade eletrônica do transmissor, uma unidade eletrônica do
receptor, uma unidade de controle central e um computador “notebook”. Todos os
módulos são acessados via computador (Figura 3).
Figura 3. Os módulos do sistema GPR.
GPR
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Na Figura 4 é mostrado um sistema GPR da Ramac (Suécia) fabricado na
década de 1990, onde podem ser observados esses módulos.
Figura 4 – GPR Mala Ramac.
Na Figura 5 é apresentado um sistema GPR fabricado pelas GSSI (USA). Com
a evolução tecnológica os sistemas se tornaram mais versáteis e de manuseio no
campo mais fácil, e com maior gama de antenas de diferentes frequências. Com esse
tipo de sistema caminha-se com o equipamento sobre a linha de ensaio, e a aquisição
é realizada de forma automatizada.
Figura 5 – Sistema GPR da GSSI.
GPR
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Freqüência central x profundidade máxima de penetração
A tabela 3 serve como um guia prático para os trabalhos de campo onde pouca
ou nenhuma informação geológica, a priori, é conhecida. Os valores obtidos foram
estimados com base em nossa experiência em solos brasileiros e nos experimentos
práticos das empresas (Ramac, Sensors & Software e GSSI).
Freqüência Central
(MHz)
Profundidade
Máxima de
Penetração (m)
1000 1
400 2
200 8
100 15
50 25
25 40
10 50
Tabela 3 - Frequência central das antenas versus profundidade máxima de
penetração.
A resolução vertical é a habilidade de distinguir as reflexões provenientes do
topo e da base de camadas de pequena espessura (Davis & Annan, 1989). A
resolução teórica é 4λ (Sheriff, 1991). O limite de resolução teórica é de 2a4 λλ .
A Tabela 4 mostra a faixa de resolução teórica versus freqüência central das antenas.
O comprimento de onda é dado pela equação:
λ = vfc
(9)
onde v é a velocidade (foi assumido v = 0,1m/ns), e cf é a freqüência central das
antenas.
GPR
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Frequência Central
(MHz)
Resolução Teórica
(m)
200 0,125 - 0,25
100 0,25 - 0,5
50 0,5 - 1
25 1 – 2
Tabela 4 - Frequência central das antenas versus resolução teórica.
De acordo com as Tabelas 3 e 4, pode-se tirar uma importante conclusão: “as
antenas com frequências mais altas proporcionam melhor resolução vertical”,
enquanto que “as frequências mais baixas permitem maiores profundidades de
penetração”.
4. Aquisição dos dados A aquisição de dados é feita normalmente em perfis de reflexão com
afastamento constante. A geometria das antenas transmissora e receptora é mantida
com uma distância fixa constante, sendo transportada ao longo do perfil (Figura 5). O
resultado obtido é um perfil onde no eixo horizontal estão as posições das antenas
(distâncias) em função do tempo duplo dos refletores no eixo vertical (tempo de ida e
volta do sinal GPR).
Figura 5 - Perfil de reflexão com afastamento constante, no procedimento passo a
passo.
GPR
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Figura 6 – Perfil GPR obtido. Tempo de percurso da onda (travel time = tempo duplo,
tempo de ida e de volta do sinal GPR). Os traços esquemáticos mostram a chegada
da onda aérea, da onda direta na Terra e da onda refletida na subsuperfície.
A figura 7 mostra um perfil GPR com as ondas refletidas em várias interfaces.
Essa imagem mostra a reflexão das ondas em interfaces com diferentes propriedades
elétricas, sendo a imagem utilizada para interpretação, onde os diferentes refletores
serão associados a alvos geológicos.
GPR
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Figura 7 – Perfil GPR e reflexões nas interfaces com diferentes propriedades.
É necessário converter o tempo em profundidade. Para converter o tempo
duplo dos perfis de reflexão em profundidade, é necessário primeiramente conhecer a
velocidade da onda de radar no meio.
Existem 3 maneiras para se calcular a velocidade (m/ns):
1) Medindo-se a constante dielétrica do solo e substituindo-a na expressão da
velocidade (5):
v c
r
=ε ' (10)
2) Através de poços ou escavações. Para isto, basta medir a profundidade do
refletor no poço (h) e o tempo da reflexão no radargrama (t):
th2v =
(11)
3) Através de Sondagens CMP - “Common Mid Point” ou WARR - “Wide Angle
Reflection and Refraction”. Essas técnicas são usadas para estimar a
velocidade do sinal de radar, através da variação do espaçamento das antenas
para uma localização fixa e medindo-se a mudança do tempo duplo das
reflexões de subsuperfície. Na técnica CMP a abertura entre as antenas é
crescente em sentidos opostos partindo de um ponto central fixo (Figura 8a).
Na técnica WARR (Figura 8b) uma das antenas é mantida fixa, enquanto a
outra é sucessivamente afastada da primeira.
GPR
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Figura 8 – Técnica de aquisição CMP (a). Técnica WARR (b).
O resultado da sondagem CMP/WARR é um gráfico da distância (eixo-x)
versus tempo (eixo-y) (Figura 9). A estimativa da velocidade para as ondas diretas na
Terra é feita através da inclinação da reta que é inversamente proporcional à
velocidade. Para as ondas refletidas, o procedimento é similar, a estimativa da
velocidade para as ondas refletidas é feita através da análise da hipérbole de “move-
out” no espaço X2 - T2. A plotagem dos dados na forma T2 versus X2 resultará numa
função linear cuja coeficiente angular e a constante linear serão 1/Vs2 e T2 (0). Assim,
pode-se usar essa equação para calcular a velocidade Vs a partir da inclinação da
curva de melhor ajuste.
Figura 9. Eventos idealizados do tempo de chegada em função da separação das
antenas numa sondagem do tipo CMP/WARR (adaptado de Annan, 1992).
A conversão do tempo duplo (t) dos perfis de reflexão em profundidade (d) é
realizada partindo-se da velocidade (v) da onda adquirida na CMP, como mostra a
equação:
d = vt2
(12)
onde:
v = velocidade da onda de radar
d = “depth” - profundidade (m)
t = tempo (ns).
GPR
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Dessa forma, obtem-se uma seção de GPR ou radargrama como o da Figura
10, onde podem ser observados os refletores em suas profundidades estimadas.
Figura 10 – Radargrama com os tempos convertidos em profundidade.
5. Processamento dos dados O fluxograma básico das etapas envolvidas no processamento dos dados GPR
está mostrado na Figura 11.
GPR
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Dados de Campo
Edição dos Dados
Filtragem DC
( Dewowing)
Filtragens
(Temporal/Espacial)
Migração
Conversão Tempo/Profundidade
Seção Final
Ganhos (AGC/SEC)
Figura 11. Fluxograma do Processamento básico de dados GPR.
1) Edição dos dados
- Inclusão da topografia
- Edição dos traços
- Reverter a direção do perfil, etc. 2) “Dewonwing” (filtragem DC)
- remove as componentes de baixa frequência dos dados que estão associados
com a saturação eletrônica do receptor.
3) Ganho em Tempo (AGC/SEC)
- Ganho AGC - amplifica ou atenua todos os pontos ao longo de um traço para
um nível especificado. Destrói as informações de amplitudes. - Ganho SEC - Compensação Esférica e Exponencial - procura compensar a
atenuação sofrida pelo sinal, à medida que se propaga em subsuperfície preservando
a hierarquia de amplitude do sinal.
- Ganho Constante multiplica o traço por um fator constante. 4) Filtragem Temporal
GPR
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- As filtragens mais comuns são:
i) Passa Banda
ii) Passa Baixa
iii) Passa Alta
5) Filtragem Espacial
- Permite remover ou realçar os diferentes tipos de variação espacial.
- As filtragens mais comuns são:
i) Passa Baixa – Média Móvel – realça a continuidade lateral dos refletores
horizontais (estratigrafia), enquanto elimina os refletores inclinados, os pontos de
difração e os ruídos aleatórios.
ii) Passa Alta – Remoção do Background - realça os refletores localizados, tais
como, os refletores pontuais e os refletores inclinados, enquanto elimina os refletores
horizontais dominantes.
6) Análise de Velocidade (CMP/WARR)
- São importantes para a conversão tempo/profundidade e na etapa de
migração.
7) Migração
- Permite reconstruir uma imagem que melhor representa a subsuperfície.
- As reflexões aparentes identificadas nos perfis GPR são reposicionadas em
sua verdadeira posição espacial de subsuperfície e as hipérboles de difração são
colapsadas em um ponto.
6. Vantagens e limitações do GPR
Principais Limitações:
1) A presença de camadas argilosas condutivas, blinda a penetração da onda de
radar.
2) Baixa profundidade de penetração nos materiais geológicos terrestres.
Principais Vantagens :
1) As técnicas de aquisição, processamento e interpretação dos dados GPR são
semelhantes às do método sísmico; mas muito mais rápidas, práticas e versáteis;
2) O equipamento GPR é portátil, pesa aproximadamente 20kg, e é fácil de operar.
Uma equipe de campo composta por 3 pessoas é suficiente para a aquisição de
dados;
3) O método GPR apresenta ampla aplicabilidade;
GPR
17
4) Antenas com freqüência central mais alta proporcionam melhor resolução vertical,
enquanto que as freqüências mais baixas permitem maiores profundidades de
penetração;
5) O GPR é a metodologia geofísica não destrutiva de mais alta resolução
desenvolvida até o presente momento.
As principais fontes de ruídos:
1) Objetos na superfície - casas, edifícios, cercas metálicas, árvores de grande porte
etc.
2) Objetos sobre a cabeça - torres de alta tenção, postes de iluminação etc.
3) Transmissores de sinais EM - estações de rádio FM, antenas de microondas,
“walkie-talkie”, celulares etc.
4) Ressonância da antena (“ringing”)
7. Aplicações O GPR tem inúmeras aplicações em geofísica rasa, com destaque para
estudos ambientais, mapeamento de interferências e arqueologia.
Em geologia ambiental, tem mostrado sucessso no mapeamento de plumas de
contaminação de depósitos de resíduos urbanos, resíduos industriais e derrames e
vazamentos de hidrocarbonetos.
Meios muito condutivos atenuam de forma marcante o sinal, o que possibilita a
aplicação dessa metodologia na identificação de plumas de contaminação. Davis &
Annan (1989) descreveram o uso de um sistema de radar de penetração no solo na
delimitação da pluma de contaminação gerada por um aterro sanitário, no Canadá. A
técnica mostrou um alto grau de resolução na definição da pluma, como pode ser
observado na Figura 12. Pode ser observado que devido a alta condutividade da zona
contaminada o sinal de radar é totalmente atenuado. Uma linha de poços de
monitoramento foi utilizada para medir a condutividade, e houve uma perfeita
correlação entre a pluma definida pelo radar e os valores de condutividade elétrica
superiores a 10 mS/m.
GPR
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Figura 12 - Mapa esquemático de ensaio realizado próximo a um aterro sanitário e
registro de radar obtido por Davis & Annan (1989). A área abaixo da linha de 10 mS/m
é interpretada como a pluma de contaminação.
Na Figura 13 é apresentado o resultado de uma linha adquirida a jusante do
Aterro Controlado de Rio Claro, por Porsani et al (2002). Podem ser observadas a
base de uma das bordas do aterro, a pluma de contaminação (atenuação do sinal) e
uma interferência na superfície (poste de linha elétrica).
GPR
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Figura 13 – Linha de GPR realizada no Aterro Controlado de Rio Claro (Porsani et al. 2002).
Também são conhecidos casos de mapeamento de pluma de resíduos
industriais (Aquino et al. 1998). A seção de GPR da Figura 14 mostra as plumas de
contaminação causadas por diferentes tipos de resíduos industriais (borra ácida,
organoclorados, sais, inclusive em estado líquido) depositados em valas sem
impermeabilização de fundo.
Figura 14 – Mapeamento de plumas geradas por resíduos industriais.
Vazamentos de derivados de petróleo, como diesel e gasolina, formam, entre
outras fases, uma fase livre, que normalmente é caracterizada por uma fina camada
de contaminante sobre a zona saturada. Esse filme de hidrocarboneto reflete
GPR
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totalmente a onda EM gerando as zonas de sombra. Um exemplo de caso é
apresentado na Figura 15, onde vazamento de combustível é detectado na seção de
GPR realizado com antenas de 100 MHz por Sauck et al., 1998).
Figura 16 – Zonas de sombra causadas por vazamento de óleo combustível na seção
de GPR (Sauck,et al., 1998).
Outra aplicação do GPR em problemas ambientais é no mapeamento de
tanques enterrados com substâncias perigosas. Na Figura 17 é apresentando uma
imagem esquemática de como os topos dos tanques são identificados por hipérboles
na seção de GPR.
Porsani et al. (2012) mostram os resultados obtidos com GPR no mapeamento
de tanques metálicos enterrados em um sítio controlado. Na Figura 18 pode ser
observada as posições de dois tanques enterrados (a). A modelagem númerica
realizada para prever os resultados é mostrada em (b) e (c) mostra a seção obtida em
campo com a antena de 200 MHz. A seção é perpendicular aos alvos que foram
claramente mapeados.
GPR
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Figura 17 - GPR na detecção de Tanques Enterrados com substâncias perigosas.
Figura 18 – Tanques enterrados (a); seção modelada numericamente (b); resultado de perfil realizado com antenas de 200 MHz no local (c).
GPR
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O GPR tem sido utilizado com sucesso no mapeamento de interferências
enterradas em ambiente urbano. Porsani (2018) realizou testes para mapeamento de
objetos enterrados em controlado e mostrou o potencial de uso de GPR. Na Figura 19
são mostradas a seção com os objetos enterrados (tambores plásticos, tambores
metálicos, canos de ferro fundido e manilhas de concreto) e a seção de GPR obtido
com antenas de 200 MHz. Podem ser observados os diversos alvos com precisão em
seu posicionamento horizontal e vertical.
Figura 19 – Resultados de GPR (antenas 200 MHz) no mapeamento de objetos
enterrados em sitio controlado.
Estudos em sítios controlados permitem avaliar a eficiência do GPR no
mapeamento de diferentes alvos e a partir disso as companhias que utilizam
instalações no subsolo urbano encorporam o método para o planejamento de suas
GPR
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obras. Na Figura 20 é mostrado uma seção de GPR em ambiente urbano,
identificando várias interferências enterradas.
Figura 20 – Mapeamento de interferências enterradas em ambiente urbano (RS Specialist Services, 2018).
O GPR também tem sido utilizado com sucesso no mapeamento de feições
causadas por fenômenos de erosão subterrânea - processos de piping e tunnel
erosion originam dutos. Na Figura 21 é apresentado um duto com colapso parcial do
teto e o resultado de uma linha de GPR (antena 200 MHz) realizada a 10 metros,
mostrando sua contunuidade em subsuperfície (Augustim e Aranh, 2006).
GPR
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Figura 21 – mapeamento de estruturas de erosão subterrânea. (Augustim e Aranha, 2006).
Além dessas aplicações, o GPR também é utilizado em exploração mineral
(localização de depósitos de “placers”,localização de zonas mineralizadas em
“greisens”, desenvolvimento de minas subterrâneas e a céu aberto); em geologia
básica (estudos de reservatórios análogos ou equivalentes, localização de estruturas
tectônicas como diques, zonas de falhas e fraturas); em hidrogeologia (determinação
da profundidade do nível freático, localização de paleocanais, estudos de
assoreamentos de rios e lagos,estudos de intrusão salina em áreas litorâneas);
pesquisa arqueológica (localização de sítios arqueológicos como sambaquis, túneis e
utensílios, fundações de igrejas históricas, urnas funerárias); em aplicações militares
(localização de minas explosivas); aplicações forenses (localização de cadáveres).
GPR
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8. Referências.
Aquino , W.F., Gandolfo, O.C.B., Botelho, M.A.B., Mendes, J.M.B.l, 1998, II Workshop
de Geofísica Aplicada, Rio Claro
Augustim, C.H.R.R.; Aranha, P.R.A. 2006. Piping em área de voçorocamento,
noroeste de Minas Gerais. Revista Brasileira de Geomorfologia 7(1). Pp. 9 - 18.
Daniels, D.J. 1996. Surface Penetrating Radar. The Institution of Electrical Engineers,
London, United Kingdon, 300p.
Davis, J.L & Anann, A.P. - 1989 - Ground Penetrating Radar for high resolution
mapping of soil and rock stratigraphy. Geophysical Prospecting 37 (5), pp. 531-
552
Porsani, J.L., 1999. Ground Penetrating Radar (GPR): Proposta metodológica de
emprego em estudos geológico-geotécnicos nas regiões de Rio Claro e
Descalvado – SP. Tese de Doutorado, Instituto de Geociências e Ciências Exatas,
UNESP, Campus de Rio Claro - SP, 145pp.
Porsani, J.L.; Almeida, E.R; Poluha, B.; Santos, V.R.N. 2017. GPR Tomographic
maging of Concrete Tubes and Steel/Plastic Tanks Buried in IAG/USP
Geophysical Test Site, Brazil. International Journal of Geosciences 8, pp.647-658
Reynolds, J.M., 1997. An introduction to applied and environmental geophysics.
JohnWiley & Sons Ltd., Baffins Lane, Chichester. West Sussex P019 1UD,
Englad, p. 681-749.
RS Specialist Services. 2018. Ground Penetrating Radar Survey and Services.
Available on http://www.rsspecialistservices.co.uk/ground-penetrating-radar.html.
Access in 01.24.2019.
Sauck, W.; Atekwana E.A.; Nash M.S. 1998. High conductivities associated with an
LNAPL plume imaged by integrated geophysical techniques Journal of
Environmental and Engineering Geophysics 2(3): 203-212.
Ward, S.H. & Hohmann, G.W., 1987. Electromagnetic theory for geophysical
applications. Investigations in Geophysics, no 3. Electromagnetic Methods in
Applied Geophysics. Society of Exploration Geophysicists, Ed. Misac N.
Nabighian, v.1, p.131-311.
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