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GESTÃO INTEGRADA DE EDUCAÇÃO DA ESCOLA: IMPLANTAÇÃO DA
METODOLOGIA COMO POLÍTICA PÚBLICA NAS ESCOLAS DO MUNICÍPIO DE
MANAUS. Ronilda Rodrigues Couto da Silva
1
ronildacrodrigues@gmail.com
Mirna do Carmo Ribeiro Ordones2
mirnaordones@gmail.com
Rubia Lemos de Oliveira3
rubialemosdeoliveira@gmail.com
RESUMO: O artigo apresenta as fases da implantação da metodologia de Gestão Integrada de
Educação da Escola (GIDE) do Instituto Áquila e os reflexos da implantação desse sistema nas escolas
públicas do município de Manaus. Trás reflexões oriundas de revisão bibliográfica sobre as
concepções de gestão escolar, além da análise documental do manual de formação GIDE, Gestão
Educacional do Instituto Áquila, o Índice de Formação de Cidadania e Responsabilidade Social das
escolas públicas do município e os resultados alcançados com essa metodologia no ano de 2014 e
2015. A partir de um estudo detalhado desenvolvido sobre os instrumentos de gestão da rede de ensino
das escolas públicas do município no ano de 2014 e 2015 identificaram-se pontos de redundância e
contribuição especificamente na gestão escolar, com foco em resultados do processo ensino-
aprendizagem. A história da educação no Brasil é marcada por avanço da democratização do direito e
acesso à educação. Diante disso, faz-se necessário além do estabelecimento de leis, o investimento em
políticas públicas que fomentem os resultados dos índices educacionais no país. Neste sentido, foi
estabelecida a cultura do planejamento, da execução, avaliação e correção da política educacional e
gerenciamento das escolas públicas do município.
Palavras-chave: Políticas públicas. Gestão Educacional. GIDE. SEMED/Manaus.
ABSTRACT: The article presents the stages of implementation of the methodology for the
Management of School Education Integrated (GIDE) of L'Aquila Institute and the effects of the
implementation of this system in public schools in the city of Manaus. Back reflections coming from
literature review on the concepts of school management, as well as documentary analysis of the
training manual GIDE, Educational Management Institute Aquila, the Citizenship Education Index
and Social Responsibility of public schools in the municipality and the results achieved with this
methodology in 2014 and 2015. From a detailed study carried out on the management tools of
teaching network of public schools in the city in 2014 and 2015 were identified points of redundancy
and contribution specifically in school management, focusing on results of the teaching-learning
process. The history of education in Brazil is marked by advancing the democratization of law and
access to education. Therefore, it is necessary in addition to the establishment of laws, investment in
policies that promote the results of educational indicators in the country. In this sense, the planning
culture was established, implementation, evaluation and correction of educational Statecraft and
management of public schools in the city.
Key Words: Public Statecraft . Educational Management. GIDE. SEMED / Manaus.
1 Mestre em Educação pela Universidade Federal do Amazonas/UFAM; Pedagoga da Secretaria Municipal de Educação/
SEMED. 2 Mestre em Educação pela Universidade Federal do Amazonas– UFAM; Professora de Graduação da Rede Privada;
Assessora Técnica da Secretaria Municipal de Educação – SEMED. 3 Especialista em Educação Infantil pela Universidade Federal do Amazonas– UFAM; Assessora de Gestão da Rede
Municipal de Educação – SEMED.
1. INTRODUÇÃO
O Estado do Amazonas tem se destacado negativamente quando se trata da
Educação Pública e vem sendo evidenciado desde a criação da série histórica de
indicadores como o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) que reúne
dados de dois conceitos essenciais para o desenvolvimento da Educação Nacional: o
Fluxo Escolar que define a concordância idade/ano escolar e as Médias de Desempenho
nas Avaliações periódicas.
Segundo dados publicados em 2014 pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), desde o início da série histórica em 2005, nas
séries iniciais o Amazonas foi o décimo primeiro pior estado do país e o segundo pior
da região Norte com nota 2,9 e nas séries finais, foi o sexto pior do país e o pior estado da
região Norte com nota 2,6.
No levantamento de 2014, apesar de se observar uma melhora considerável nos
índices das séries iniciais, o Amazonas continuou sendo o décimo primeiro pior Estado
do país e o terceiro pior da região Norte com nota 4,5 e nas séries finais, foi o décimo
segundo pior Estado do país e o terceiro melhor estado da região Norte com nota 3,8.
Manaus, capital do Amazonas registrava baixo desempenho escolar diante de
resultados de outras capitais. Teve problemas no fluxo escolar dos alunos, apesar de um
pequeno avanço nos últimos anos, refletida no Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica (IDEB).
Percebe-se que o nível educacional da Rede Pública do Estado do Amazonas tem
se mantido entre os piores do país tanto nas séries iniciais quanto nas séries finais da
Rede Pública Municipal.
Apesar de ter apresentado melhoras ao longo dos anos, no entanto, apenas segue
a tendência nacional, assim, evidencia-se que as ações realizadas nestes anos, foram
apenas corretivas e/ou não foram suficientemente eficazes a ponto de proporcionar
elevação de posição no cenário nacional.
Foram elencadas diversas falhas como deficiências no processo de ensino e
aprendizagem do Ensino Fundamental, insuficiente taxa de cobertura na Educação Infantil
e recursos pedagógicos inapropriados para a fase das creches, espaços físicos deficitários
prejudicando a aprendizagem, recreação e convívio social, práticas pedagógicas
ineficazes, rendimento insuficiente dos alunos, formação prejudicada de docentes,
cobertura limitada de programas de correção e fragilidade na gestão das unidades escolares.
Em meados da década de 90, após determinadas às metas de cobertura no
Ensino Fundamental definidas pelo então Fundo de Desenvolvimento do Ensino
Fundamental – FUNDEF, a solução mais prática visualizada e executada pela gestão
municipal foi a de alugar prédios particulares, visto que o tempo para construir novas
unidades tornaria inviável o atendimento das metas, além disso, estas ações também
possibilitaram o encerramento do turno intermediário, um turno instituído entre o
matutino e o vespertino que além de ser realizado em horário desfavorável (hora do
almoço), não atingia a quantidade de horas-aula exigida pela legislação brasileira.
Quanto às deficiências de Rendimento e Fluxo Escolar deve-se perceber que a
dimensão da Cobertura da rede reflete bem o alcance do sistema de ensino, porém, pouco
se revela sobre a qualidade desse sistema. Assim, foram desenvolvidas medidas de
rendimento e fluxo para esta problemática poder ser revelada de maneira mais clara.
Com o intuito de extinguir as deficiências do sistema educacional, a Prefeitura de
Manaus pleiteou um Programa que visa dar continuidade aos esforços que tiveram início
recentemente com os objetivos de expandir a cobertura e melhorar o desempenho da
Educação Básica, por meio de uma série de atividades interligadas, aproximar o
município de Manaus da média nacional dos principais indicadores educacionais, senão
superá-los.
2. METODOLOGIA UTILIZADA NA PESQUISA
Com o objetivo de identificar as técnicas e processos utilizados nesta pesquisa, o
que determinou a investigação da realidade dos fatos de modo que fosse alcançado o seu
foco principal que é o entendimento com profundidade da parceria público-privada em
prol da melhoria dos indicadores da educação. Deste modo, foram analisados os diferentes
tipos de métodos científicos desde os mais usuais, bem como outros mais específicos,
permitindo então chegar à conclusão de que o método que mais reflete os objetivos desta
pesquisa é o Método Fenomenológico.
O método Fenomenológico é indicado nesta pesquisa por ser de teor qualitativo
e descritivo, ou seja, a medida dos resultados e os passos da construção do projeto
não se baseiam em fatores de dedução ou indução, pois houve uma preocupação em
esclarecer e interpretar a realidade como ela é, por meio de indicadores expressados
numericamente, onde estes indicadores foram utilizados como ferramentas para a tomada
de decisões em diversas problemáticas ou desvios na base da Educação, pois, nesta
pesquisa em específico, retrataram-se fatores da administração escolar pública municipal
de Manaus.
Quanto à classificação, a pesquisa é de natureza aplicada, pois possibilitou a
geração de conhecimento para a correta execução de aplicações práticas.
No aspecto da forma de abordagem à problemática, pode-se esclarecer as razões
desta pesquisa ser de cunho qualitativo e não quantitativa, pois, mesmo que esteja
baseada em indicadores aritméticos, tais indicadores apenas são ferramentas tradutoras
dos níveis de qualidade da Educação no município, dando assim, mais do que a
interpretação de números, e sim, o que representam e quais os impactos a curto, médio
e longo prazo na qualidade da educação pública municipal de Manaus. É importante
frisar que os objetivos principais estão em torno do conhecimento dos processos da
parceria público privada, que fenômenos se manifestam a partir do ponto de vista dos
participantes.
Do ponto de vista dos objetivos, esta pesquisa é descrita como exploratória, em
vista da busca por conhecer ou ampliar os conhecimentos que permeiam o problema,
reunindo dados e transformando-os em informação interpretada a partir de
levantamentos bibliográficos, análise de casos e entrevistas.
Dos procedimentos técnicos a pesquisa é considerada como Pesquisa Ação, pois, o
pesquisador faz parte do corpo gerenciador da problemática, onde está envolvido de
maneira cooperativa ao andamento do projeto.
Quanto aos procedimentos adotados na coleta de dados, determina-se esta
pesquisa como Bibliográfica onde se utiliza de fontes científicas e documentais
referentes à problemática onde o material bibliográfico será todo o procedimento utilizado
nos processos da parceria a SEMED e o Instituto ÁQUILA na execução do projeto de
melhoria da qualidade da Educação Pública Municipal.
Quanto aos instrumentos e técnicas utilizados na coleta e na análise de dados
esta pesquisa utilizou a Observação e a Pesquisa documental.
Na Observação, o participante pesquisador observa o desenvolvimento dos
processos do projeto, buscando entender as razões dos fenômenos ocorridos a partir de
seu ponto de vista próprio.
Por fim, na Pesquisa Documental desenvolveu-se a investigação por meio dos
documentos oficiais do projeto, bem como procedimentos, relatórios, tomada de
decisões, atas, no entanto, será observado e selecionado todo conteúdo que exige
confidencialidade e proteção das informações, para isso, lançará mão dos registros
públicos, ou seja, de toda a informação veiculada interna ou externa pertencente ao grupo
de dados públicos.
3 . GESTÃO NA EDUCAÇÃO
Refletir sobre a organização escolar referindo-se a gestão exige um maior
entendimento sobre o mesmo. Entende-se por gestão e a organização escolar, a
racionalização dos recursos disponíveis na escola, como por exemplo, humanos, materiais,
financeiros e intelectuais, contemplando o interior e o exterior da instituição escolar, as
normas que regem o trabalho administrativo e pedagógico, ações e planejamentos, e
principalmente, os sujeitos que compõem a escola: corpo docente, discente, pais, demais
funcionários da escola e a comunidade local. Um dos objetivos da gestão escolar é garantir
as condições para o oferecimento de um ensino de qualidade a todos os membros da
comunidade escolar.
No que se refere à organização e gestão, Libâneo (2008), traz a distinção entre duas
concepções em relação às finalidades sociais e políticas da educação: a concepção científico-
racional e a concepção sociocrítica.
Na concepção científico-racional prevalece uma visão mais burocrática e tecnicista
de escola. A escola é tomada como uma realidade objetiva e neutra, que deve
funcionar racionalmente e, por isso, pode ser planejada, organizada e controlada de
modo a alcançar melhores índices de eficácia e eficiência. (LIBÂNEO, 2008,
P.120).
As escolas que seguem essa vertente focam na estrutura organizacional, definindo
cargos e funções, às normas e regulamentos, à direção centralizada e ao planejamento com
pouca participação de pessoas. Segundo Libâneo (2008), esse modelo é o mais comum na
realidade educacional do país.
Sobre a concepção sociocrítica o autor esclarece que é concebida como um sistema
que agrega pessoas, destacando-se o caráter intencional de suas ações, importância das
interações sociais no seio do grupo e as relações da escola como o contexto sociocultural e
político.
A partir de observações e outros estudos, foi possível identificar mais estilos de
gestão como técnico-científica, autogestionária, interpretativa e democrático-participativa.
A técnico-científica tem uma versão mais recente é conhecida como modelo de
gestão da qualidade total, com utilização de métodos e práticas de gestão da administração
empresarial.
Na autogestionária, a responsabilidade é coletiva, acentuando para uma participação
mais direta. Visa a capacidade do grupo de criar e instituir suas próprias normas. Na
concepção interpretativa, Libâneo (2008, p. 123) esclarece que esta concepção considera
como elemento prioritário na análise dos processos de organização e gestão, os significados
subjetivos, as intenções e a interação entre as pessoas.
Na concepção democrático-participativa, Libâneo (2008, p. 123) explica que é
baseada na relação orgânica entre a direção e a participação dos membros da equipe. Esta
concepção defende a coletividade na tomada de decisões, porém não desobriga as pessoas da
responsabilidade individual.
Verifica-se que todas as formas de gestão apresentadas anteriormente, refletem
diretamente no âmbito escolar e que são reflexos de diferentes posições políticas que afetam
o papel da escola e da formação dos alunos. No entanto, independente da concepção de
gestão, todas têm o mesmo objetivo no que se refere a alcançar resultados satisfatórios.
Gerir uma escola é atingir metas, atuar de forma intensa nas causas para se atingir
resultados. A busca incessante por bons resultados da Educação Pública no país tem sido um
desafio diário. No entanto, não adianta sabermos que existem vários entraves que atrapalham
o bom andamento das atividades nas escolas, mas sim bloqueá-los de forma que sejam
extintos das mesmas.
4. GESTÃO INTEGRADA DA ESCOLA - GIDE
Esse sistema de gestão foi desenvolvido pelo Instituto de Desenvolvimento Gerencial
– INDG com experiência em consultoria, o qual integra aspectos estratégicos, políticos e
gerenciais à área educacional, focando nos resultados no processo ensino-aprendizagem.
O sistema de Gestão Integrada da Escola é orientado pelo Método Gerencial de
Solução de Problemas- PDCA e associado ao indicador Índice de Formação de Cidadania e
Responsabilidade Social- IFC/RS. Na imagem a seguir registra-se o método PDCA na Gestão
Integrada da Escola.
O termo “método” vem do grego Mèthodos”, que significa caminho para a meta.
Segundo Godoy e Murici ( 2009, p.15) o caminho utilizado pela GIDE para ajudar a escola a
alcançar suas metas e resolver os problemas que restringem os seus resultados é o método
PDCA, apresentado a seguir:
P= Plan=Planejar.
1. Estabelecer as metas.
2. Elaborar os planos de ação.
D=Do= Executar o plano.
3. Educar e treinar para executar os planos.
4. Executar o trabalho conforme os planos elaborados.
C= Check= Verificar os resultados.
5. Avaliar a execução das ações.
6. Avaliar os resultados.
A= Act= Agir corretivamente ou padronizar as boas práticas
7. Padronizar as ações bem-sucedidas
8. Tratar os desvios de resultado.
Segundo as autoras (2009, p. 16) a observação sistemática dessas etapas é fator
determinante para o alcance das metas traçadas.
O indicador IFC/RS foi desenvolvido a partir dos dados coletados em escolas parceiras
(aproximadamente 3 mil escolas de diferentes estados do país). Para Godoy e Murici (2009, p.
16-17) esses dados foram coletados no processo ensino-aprendizagem e nas condições
ambientais e referem-se a resultados pedagógicos (fins) e causas (meios) que mais
influenciaram esses resultados.
Esse indicador tem como objetivo de determinar as dimensões do desempenho da
escola no cumprimento de sua missão. O IFC/RS é composto pelas dimensões finalísticas e
processuais.
A dimensão finalística corresponde aos resultados da atividade fim da educação e as
dimensões processuais correspondem aos meios que devem ser trabalhados para que os
resultados sejam alcançados. Para que isso aconteça é necessário levar em consideração as
condições ambientais que estão relacionadas ao ambiente de qualidade e ao ensino-
aprendizagem que são os meios que influem fortemente nos resultados.
Dentre os benefícios propostos pelo sistema de Gestão Integrada da Escola – GIDE
destacam-se segundo Godoy e Murici (2009) redução do trabalho, dispersão de energia e
talento nas escolas com a implementação de um instrumento de gestão focado na integração
das dimensões estratégica, pedagógica e gerencial no planejamento, alinhado as pessoas e
potencializando os resultados; conversão do esforço da equipe escolar para o aluno;
implementação do gerenciamento científico baseado em fatos e dados, previsibilidade de
resultados, acompanhamento sistemático e possibilidade de agir corretivamente; identificação
correta e precisa dos fatores que influenciam negativamente os resultados da escola e que
precisam ser trabalhados.
5. IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADA NAS ESCOLAS
PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE MANAUS.
Para implementação da GIDE nas escolas a SEMED no período de fevereiro de 2014
realizou um processo seletivo interno com os professores e pedagogos de sua Rede para
definição dos profissionais que seriam os Assessores de Gestão das escolas. Este processo foi
composto das seguintes fases eliminatórias: inscrição dos candidatos; análise de
currículo/títulos; avaliação individual do conhecimento de gestão, informática e educação;
avaliação de perfil; programa de capacitação e certificação em gestão e divulgação do
resultado.
Enquanto acontecia o processo de definição dos assessores a SEMED realizava outras
atividades para estruturação das novas estratégias de melhoria da qualidade e dos índices da
Educação de Manaus uma das ações foi realizar reuniões estratégicas nas Divisões Distritais
Zonais Educacionais (DDZ) com os gestores de todas as unidades, no período de 18 a 24 de
fevereiro de 2014, eles expressaram as expectativas que tinham sobre a educação em Manaus
assim como os problemas que enfrentavam no cotidiano escolar, outra ação foi uma pesquisa
de satisfação por meio de um link no site SEMED para alunos, professores e diretores visando
conhecer e apresentar os anseios da comunidade escolar às lideranças.
Os principais problemas apresentados pelos diretores nas reuniões estratégicas foram a
lacuna de profissionais para a composição do quadro das escolas, infraestrutura inadequada e
manutenção insuficiente, excesso de demanda da SEMED e da DDZ para as escolas; e
formações que não contemplam as reais necessidades dos profissionais.
Diante do exposto, a SEMED realizou uma reunião no mês de março de 2014 com
todos os diretores das escolas municipais de Manaus, nesta reunião o secretário de Educação
na época Humberto Michilies apresentou os consultores do Instituto liderados por Michelle
Souza e informou que em resposta aos anseios apresentados pelos diretores a Secretaria
Municipal de Educação elaborou ações, definiu metas e prazos para que seja elevado o Índice
de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e como meta alcançar a 10ª posição até
2015 entre as capitais brasileiras, pois em relação ao resultado do IDEB referente a 2011
Manaus configurava um dos últimos lugares com a 20ª posição, para isso solicitou empenho e
comprometimento dos diretores das unidades escolares. Nesta reunião a consultora Michelle
se posicionou informando que o Instituto Áquila possui como objetivo aprimorar o sistema de
gestão da Semed, implementando ferramentas gerenciais para que os gestores possam
trabalhar de maneira mais direcionada e com foco no resultado.
Em abril de 2014 são definidos os assessores de gestão, após enquadramento desses
profissionais foi realizado reunião para alinhar as suas principais atividades, postura nas
escolas e repasse de instrumentos para que todos soubessem e estivessem prontos para o seu
trabalho nas unidades de ensino. O trabalho deve ser realizado nas escolas com a comunidade
escolar e suas principais atribuições contemplam a elaboração do Marco Referencial, Matriz
Estratégica Força, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças (F.O.F.A), a Aplicação bimestral da
Avaliação do Ambiente (Padrão Mínimo), o IFC/RS e a projeção de metas, elaboração do
Plano de Ação Pedagógico e Ambiental, atualização do Sistema GIDE, Levantamento
bimestral e elaboração do Plano de Ação da Monitoria Preventiva, realização e elaboração do
Plano de Ação nas reuniões de bimestrais de RADM (Relatório de Análise de Desvio de
Metas), acompanhamento dos alunos potenciais abandonos e transferidos, acompanhamento e
padronização das Práticas bem sucedidas e participar das reuniões quinzenais formativas e
informativas com o Instituto Áquila.
Neste mesmo mês, foi realizada outra reunião com todos os diretores na qual
assinaram o Termo de compromisso com o Programa da Gestão Integrada de Educação na
Escola Avançada (GIDE) e cada um recebeu o Termo de metas específico da escola que
trabalha, na ocasião foram apresentados os assessores de gestão selecionados e qualificados,
cada um seria responsável por cinco escolas, cada um com um dia de visita fixo da semana
considerando Creches, CMEIS (Centros Municipais de Educação Infantil) e escolas de Ensino
Regular e EJA.
Os gestores foram informados que os alunos seriam avaliados bimestralmente pela
SEMED para que houvesse o acompanhamento da aprendizagem e fossem identificadas as
disciplinas e aspectos que dificultam a aprendizagem, assim a escola pode trabalhar as causas
que impactam seus resultados e melhorar o desempenho de seus alunos. O formato das
avaliações serão similares ao da Prova Brasil, com isso os alunos já serão também preparados
para os exames nacionais. Todo o processo da metodologia GIDE seria monitorado pelo
Instituto Áquila por meio de um software online, no qual há o acompanhamento e a
implementação da metodologia, os resultados parciais internos e externos (Avaliação de
Desempenho do Estudante= ADE) e o desenvolvimento dos planos de ações de todas as
escolas.
Antes de iniciarem seu trabalho nas escolas, no mês de maio os assessores de gestão
realizaram formação de capacitação para diretores, secretários e pedagogos sobre a
metodologia GIDE para orientá-los sobre os procedimentos e ações que seriam desenvolvidas
nas escolas. Este treinamento foi realizado com divisão de turmas no decorrer do mês para
abranger todas as escolas, cada grupo de turmas ficaram em formação por três dias em tempo
integral.
Com a conclusão da capacitação dos diretores, os assessores começaram seu trabalho
nas escolas. De acordo com o método PDCA, na primeira etapa P (Plan=planejamento),
elaboraram junto à escola o Marco Referencial e a Matriz Estratégica F.O.F.A, a Aplicação da
Avaliação do Ambiente (Padrão Mínimo) o levantamento das variáveis do IFC/RS e a
projeção de metas para o ano seguinte. Apresentaram esse diagnóstico inicial e explicitaram o
trabalho da metodologia GIDE à comunidade escolar, em seguida elaboraram o Plano de
Ação Pedagógico e Ambiental no qual foram contempladas as variáveis críticas no simulador
IFC/RS com as cores amarelas e vermelhas.
Na etapa do D (Do=fazer) do método realizaram o acompanhamento das
Implementações das Ações planejadas, esta atividade é permanente e realizada com a equipe
diretiva nas visitas semanais do assessor na escola e devem ser atualizadas no Sistema GIDE
on line, para que a SEMED tenha conhecimento do andamento das ações na escola e possa
contribuir para o desenvolvimento do processo.
Com a Gide, 100 assessores de gestão atuam nas escolas da rede municipal. Cada
assessor é responsável direto por 5 (cinco) escolas e visitam uma por dia de segunda a sexta-
feira. Os assessores atuam como apoio, orientando para o aprimoramento no sistema de
gestão, identificam os itens que necessitam de melhorias, seja no âmbito pedagógico ou no
administrativo, que trazem reflexos negativos no desempenho dos estudantes.
Na etapa C (CHECK= verificar) avaliaram os resultados e a execução das ações
planejadas por meio dos resultados internos e externos e apresentam nas reuniões bimestrais
de RADM com a comunidade escolar. Neste processo realizam também a etapa A (Act= agir),
com o tratamento dos desvios das metas bimestrais, por meio de elaboração de ações
corretivas e padronização das práticas bem sucedidas na escola. E com a elaboração do
Relatório de análise de desvio de metas (RADM) reiniciaram o método realizando novamente
as etapas. O ciclo de realização do método PDCA é contínuo e dinâmico no cotidiano escolar.
A partir da implementação da GIDE nas escolas a SEMED teve uma maior
aproximação com as escolas, por meio do Sistema online, passou a adotar a reunião de Painel
Gerencial onde são apresentados a consolidação dos dados e andamento das ações nas
escolas. Outro modo de estreitar essa parceria com as escolas foi através das reuniões mensais
com os gestores nas DDZs, pois, nos meses seguintes do ano de 2014 foi recorrente a
participação de representantes da SEMED, inclusive com a participação do Secretário de
Educação na época onde houve debate sobre melhorias educacionais e informações sobre os
encaminhamentos realizados pela Secretaria de Educação do Município por meio dos
problemas identificados.
Tornou-se uma prática também encontros de socialização de experiências bem
sucedidas, houve diversos encontros no qual as escolas que apresentaram os melhores
resultados da Avaliação de Desempenho do Estudante (ADE) e que conseguiram atingir a
meta na Prova Brasil de 2013 compartilharam exemplos de boas práticas em gestão. Uma das
estratégias da SEMED é a padronização das práticas exitosas e o incentivo do uso de boas
práticas nas unidades de ensino.
O Relatório de Análise e Desvio de Meta (RADM), é feito em um dia previsto em
calendário escolar e ao final de cada bimestre, com o objetivo de analisar os resultados
alcançados e desempenho dos alunos. A partir dos dados levantados, são desenvolvidos
planos de ação que são trabalhados no bimestre seguinte para tentar solucionar as lacunas
encontradas.
6. OS RESULTADOS
A Secretaria de Educação de Manaus – SEMED é a terceira maior rede de ensino do
Brasil, ficando apenas atrás de São Paulo e do Rio de Janeiro, com um quantitativo de 489
escolas e atendendo a aproximadamente 232 mil alunos, desde 2014, a administração
municipal trabalha em parceria com o Instituto Aquila.
A proposta é avaliar por bimestre os alunos da rede municipal nos seguintes
aspectos:
1- Verificar se os alunos alcançaram os 70% de aproveitamento das avaliações
internas que são aplicadas durante o ano letivo;
2- Conhecer o desempenho de 75% dos estudantes que são submetidos a avaliação
da Prova Brasil e na Avaliação do Desempenho do Estudante (ADE).
Os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira-
INEP apresenta os resultados do ano de 2014 em que Manaus aparece com um crescimento de
mais de 89% em relação aos demais municípios do Amazonas em 2013 no item evasão
escolar.
Manaus reduziu de forma significativa, pois em 2011 apresentava 6,8%, 2012 5,4%,
2013 4,6% e no ano de 2014 2, apresentou 7%. Observa-se que a redução em 2014 foi de 41%
em relação aos anos de 2011,2012 e 2013.
No que se refere a aprovação escolar, Manaus apresentou 78,9% em 2011, 80,3% em
2012, 83,6% em 2013 e em 2014 89%, o que representa um crescimento de 6% em relação
aos anos citados anteriormente. Comparado aos demais municípios do estado, nota-se um
crescimento de 73%.
A melhoria da qualidade da aprendizagem dos alunos também apresentou um
percentual significativo. Fazendo um comparativo entre o 1⁰ e 4⁰ bimestre do ano de 2014,
verificou-se um crescimento de 26% a mais referente a aprendizagem.
O índice de Formação de Cidadania e Responsabilidade Social - IFC/RS apresenta
também outras dimensões que precisam aqui ser apresentadas:
Dimensão Ensino e Aprendizagem:
- Registro das práticas bem sucedidas – 293,49%;
- Recuperação dos alunos – 114,51%;
- Presença dos servidores nas formações – 78,97%;
- Atratividade das aulas – 54,97%;
- Execução dos planos de curso – 44,34%.
Dimensão Condições Ambientais
- Ambiente da qualidade – 17,49%;
- Aceitação das diferenças – 0,55%
- Prevenção da violência – 2,18%
Os resultados apresentados acima refletiram nos resultados finais como na aprovação
sem recuperação final – 12,2%, permanência na escola – 1,55% e Alunos Alfabetizados no 3⁰
ano – 3,46%.
Em 2015, no item de aprovação, Manaus cresceu mais 2% em relação a 2014. O
crescimento total entre os períodos de 2013 a 2015 foi de 9% (dados preliminares antes dos
resultados divulgados pelo MEC).
A taxa de abandono também caiu em relação a 2014, reduzindo mais 26%. Esta
redução representa no período total 63% em relação aos anos anteriores (dados preliminares
antes dos resultados divulgados pelo MEC).
O IDEB de 2015 indica o crescimento Manaus que no período de 2007 a 2009, tinha
perdido posições no IDEB dos anos Iniciais entre as redes municipais do país, ganhou 634
posições comparando o Ranking de 2013 com o de 2015.
No período de 2007 a 2009, Manaus perdeu posições no IDEB dos anos Iniciais entre
as redes municipais do Amazonas, em 2015 está na segunda posição entre as redes municipais
do Estado, atrás apenas de Boca do Acre que o IDEB Anos Iniciais é igual a 6.0.
Os dados apontam um crescimento de 1,9% na nota do IDEB de 2015. Manaus
superou a meta estabelecida para 2017 (5.2), alcançando a nota 5,4 em 2015. Isso indica que
pela primeira vez, a capital do Amazonas alcançou a meta do MEC em 2013.
Quando comparado ao Estado (IDEB 4.8 em 2011), Manaus (IDEB 4.1 em 2011)
apresenta um crescimento maior que a rede estadual desde 2011. Em 2015 o Estado do
Amazonas aparece com nota 5.5 e Manaus com 5.4, diminuindo a diferença para a rede
estadual que em 2011 era de 0,7 em 2011 para 0,1 em 2015. Os dados do INEP também
apontam que 96% das escolas do município aumentaram sua nota do IDEB em 2015.
Desdobramento do IDEB de Manaus nos Anos Iniciais
Fonte: INEP/ Estatística da SEMED.
Nos anos finais, o crescimento da rede municipal cresceu 26% no período de 2013 a
2015, conforme os dados do INEP. A capital do Estado do Amazonas nunca tinha obtido
um crescimento tão expressivo quanto o obtido no ano de 2015. Desde a criação do IDEB,
o município aparece como a capital que mais cresceu apresentando um percentual de 65%,
ficando atrás apenas de Fortaleza com 76%.
No Ranking IDEB, Manaus saiu de 18 para 11 em 2015. No período de 2007 a
2009, a capital tinha perdido posições no IDEB dos Anos Finais entre as redes municipais
do pais, atualmente ganhou 846 posições comparando o Ranking de 2013 com o de 2015.
No Ranking redes municipais do Amazonas, Manaus que no período e 2007 a 2011,
está em 2015 na 3 posição entre as redes municipais, atrás apenas de Boca do Acre (com
nota 5.2) e Tefé (4.5).
A meta proposta pelo MEC para os anos finais era de 4.1, Manaus obteve nota que
atingiu a meta estabelecida para 2019 (4.3).
Manaus vem apresentando crescimento maior que a rede estadual desde 2013 e
diminuindo a diferença para a rede estadual que antes era de 0.8 em 2011 e passou a ser de
0.1 em 2015. Em 2015 92% das escolas de Manaus cresceram no IDEB dos Anos Finais em
relação a 2013.
3,5
3,5
3,5
4,1
4,6
5,4
2005 2007 2009 2011 2013 2015
0,0%
1,0%
2,0%
3,0%
4,0%
5,0%
6,0%
Desdobramento do IDEB de Manaus nos Anos Finais
Fonte: INEP/ Estatística da SEMED.
É preciso refletir que o estabelecimento de metas pelo MEC para todos os Estados e
municípios é uma ótima resolução, porém o simples fato de a escola ter a sua meta, não
garante grandes resultados. Faz-se necessário que a escola elabore de forma coletiva seu
plano levando sempre em consideração a sua realidade. A comunidade escolar deve estar
preparada para os desafios, disposta a pesquisar as causas dos problemas e sempre buscando
saná-los.
Estabelecer metas é preciso, mas nunca além do real, para que se evite a frustração da
equipe envolvida, pois é preciso ter consciência que muitos problemas que refletem
diretamente nos resultados das escolas fogem às ações que a escola pode sanar.
Para um melhor desempenho ainda deverão ser solucionadas fragilidades como:
processo de ensino aprendizagem do ensino fundamental; baixa taxa de cobertura na
Educação Infantil e recursos pedagógicos insuficientes para a fase creche; rendimento
insuficiente dos alunos, gerando altas taxas de abandono e reprovação entre outros pontos
deficitários.
A delimitação das responsabilidades também passa a ser um fator imprescindível,
pois, é importante que haja um ambiente de cooperação entre os envolvidos e que seja o
mais transparente possível os limites de autonomia e responsabilidades de cada setor
responsavel. Qualquer turbulência no sentido de competitividade ou interesses secundários
aos objetivos principais podem comprometer significativamente o cumprimento das metas.
2005 2007 2009 2011 2013 2015
2,6
2,8
2,9
3,1
3,4
4,3
BIBLIOGRAFIA
BRASIL. IDEB - Apresentação. Disponível em: www.portal.mec.gov.br . Acesso em 10 de
julho de 2016.
__________. Índice de Desenvolvimento da Educação Básica 2015. Disponível em:
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gestores sabem? Belo Horizonte (MG): Libretteria, 2015.
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ampliada – Goiânia: MF livros, 2008.