Post on 19-Apr-2018
CINTIA MARTINS NARDI LUCIANA FÁVERO BONAPARTE
FITOTERAPIA CHINESA - BREVE HISTÓRICO DE USO
COMPLEMENTAR A TRATAMENTOS DE SAÚDE NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA: REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA
São José dos Campos 2014
CINTIA MARTINS NARDI
LUCIANA FÁVERO BONAPARTE
FITOTERAPIA CHINESA - BREVE HISTÓRICO DE USO COMPLEMENTAR A TRATAMENTOS DE SAÚDE NA
MEDICINA TRADICIONAL CHINESA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Monografia apresentada à Faculdade de Educação, Ciência e Tecnologia – UNISAÚDE/CENTRO DE ESTUDOS FIRVAL – como requisito a conclusão do Curso de Formação de Especialista em Acupuntura. Orientado pelo Prof. Especialista Carlos Magno Scotto.
São José dos Campos 2014
Bonaparte, Luciana Fávero; Nardi, Cintia Martins Fitoterapia Chinesa - Breve Histórico de Uso Complementar a Tratamentos de Saúde na Medicina Tradicional Chinesa: Revisão Bibliográfica São José dos Campos – 2014 25 p. Registro nº.......................... Orientador: Prof. Dr. Carlos Magno Scotto Monografia (Pós-Graduação) Faculdade de Educação, Ciência e Tecnologia UNISAÚDE – São José dos Campos – Curso de Especialização em Acupuntura 1- Fitoterapia Chinesa 2- Medicina Tradicional Chinesa 3- Fitoterapia
FOLHA DE APROVAÇÃO
A monografia
Fitoterapia Chinesa - Breve Histórico de Uso Complementar a Tratamentos Orientais
de Saúde: Revisão Bibliográfica.
Elaborada por
Cintia Martins Nardi e Luciana Fávero Bonaparte
Orientada por
Prof. Dr. Carlos Magno Scotto
( ) aprovada ( ) reprovada
Pelos membros da Banca Examinadora da Faculdade de Educação, Ciência e
Tecnologia – UNISAÚDE/ CEFirval, com conceito
............................................................
São José dos Campos, ........... de ................................... de 2014.
Nome: ............................................................................................................................
Titulação:........................................................................................................................
Assinatura:......................................................................................................................
Nome: ............................................................................................................................
Titulação:........................................................................................................................
Assinatura:......................................................................................................................
RESUMO
O homem é visto, na Medicina Tradicional Chinesa como parte integrante da natureza, um elemento regido por leis. A base desta Medicina parte do principio da mutação e da constante transformação. Para a Fitoterapia Chinesa, é necessário que haja um equilíbrio, pois a mesma não se baseia na cura, mas sim na busca do organismo pela auto cura. Cada planta pode possuir capacidades energéticas, curativas ou sinérgicas. Como uma alquimia, deve-se conhecer profundamente sua capacidade, para que ocorra uma interação correta de uma planta com outra. A eficácia da prática fitoterápica chinesa pode ser observada no tratamento diário dos pacientes, baseado na associação de várias plantas, podendo cada planta potencializar a outra, reduzindo ou eliminando possíveis reações tóxicas. Desse modo, é essencial a participação dos profissionais de saúde no conhecimento da Fitoterapia Chinesa, pois as terapias alternativas têm muito a oferecer, contribuindo com a saúde da população, possibilitando ao indivíduo relativa autonomia em relação ao cuidado com sua saúde. Por estes motivos, a pesquisa tem como objetivos analisar e investigar por meio de revisão bibliográfica, a aplicação da fitoterapia chinesa e seu uso complementar a tratamentos orientais de saúde. A pesquisa foi realizada por meio de revisão bibliográfica que se constitui de uma pesquisa descritiva e exploratória com o intuito de divulgar informações por meio de material já elaborado, contemplando como objetivos analisar e investigar a utilização da Fitoterapia Chinesa no tratamento oriental complementar de saúde, segundo a Medicina Tradicional Chinesa. Foram incluídas as publicações em português e inglês, coletadas em bancos de dados informatizados como: SciELO, LILACS e MEDLINE, e também consulta on-line de jornais e livros publicados no período de 2002 a 2014. A escolha dos materiais foi pautada na relevância dos artigos com o tema proposto. Os profissionais de saúde que utilizam a Fitoterapia Chinesa enxergam o corpo um organismo único, tratam de forma integrada, tanto no diagnóstico quanto na prescrição do tratamento; consideram a história de vida, da patologia, estado emocional, mental, hábitos sociais e até mesmo aspectos biológicos, anatômicos e fisiológicos do paciente. Com o reconhecimento da Organização Mundial de Saúde, a Fitoterapia Chinesa surge como uma alternativa viável e importante para as populações de países em desenvolvimento, principalmente pelo seu custo reduzido. Ao analisar e investigar os materiais selecionados, concluiu-se que os fitoterápicos quando utilizados corretamente, proporcionam menos toxicidade e efeitos colaterais em longo prazo no tratamento e controle de doenças, podendo ser utilizado na prevenção de doenças e na manutenção da saúde. Os profissionais de saúde deveriam considerar a ampliação do conhecimento sobre as práticas de cuidado à saúde que envolvem o uso de plantas medicinais, e refletir sobre a relação custo/benefício desta terapia para os cuidados em saúde. Palavras Chaves: Fitoterapia Chinesa, Medicina Tradicional Chinesa, Fitoterapia.
ABSTRACT
The man is seen in Traditional Chinese Medicine as an integral part of nature, an element ruled by laws. The base of this Medicine part of the principle of constant transformation and mutation. For the chinese herbs, there needs to be a balance, because it is not based on a cure, but rather in the seeking of the organism by the self healing. Each plant may possess energy healing, or synergistic skills. As an alchemy, must be fully conversant with their ability, so that a correct interaction of one plant with another. The effectiveness of chinese herbal medicine practice can be observed in the daily treatment of patients, based on the association of various plants, and each plant to enhance the other, reducing or eliminating possible toxic reactions. Thus, it is essential the participation of health professionals in the knowledge of chinese herbs, since the alternative therapies have a lot to offer, contributing to the health of the population, allowing the individual relative autonomy in relation to the care of your health. For these reasons, the research aims to analyze and investigate through literature review, the application of chinese herbal medicine and its use to complement the Eastern health treatments. The survey was conducted through literature review that constitutes a descriptive and exploratory research with the aim of disseminating information by means of material already prepared, contemplating as a aims to analyse and investigate the use of chinese herbs in the treatment of complementary health, East according to Traditional Chinese Medicine. The publications were included in portuguese and english, collected in computerised databases as: SciELO, LILACS and MEDLINE, and also queries on-line newspapers and books published during the period from 2002 to 2014. The choice of materials was based on relevance of articles with the theme proposed. Health professionals who use chinese herbs see the body with a single organism, treated in an integrated manner, both in diagnosis and prescription of treatment; consider the story of life, of pathology, in emotional, mental, social habits and even biological, anatomical and physiological aspects of the patient. With the recognition from the World Health Organization, the chinese herbs emerges as a viable alternative and important for the populations of developing countries, mainly by its reduced cost. By analyzing and investigating the materials selected, it was concluded that the herbal medicines when used correctly, provide less toxicity and long-term side effects in the treatment and control of diseases, and can be used in disease prevention and health maintenance. Healthcare professionals should consider the expansion of knowledge about health care practices involving the use of medicinal plants, reflect on the cost-benefit ratio of this therapy for health care.
Keywords: Chinese Herbal Medicine, Traditional Chinese Medicine, Herbal Medicine.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Os 5 elementos. Energia Vital – Qi ............................................... 13
Figura 2. Manipulação de Fitoterápicos Chinês............................................ 15
SUMÁRIO
1. Introdução....................................................................................................... 08
2. Revisão de literatura....................................................................................... 10
2.1 Fitoterapia............................................................................................... 10
2.2 Medicina Tradicional Chinesa................................................................ 12
2.3 Fitoterapia Chinesa................................................................................ 14
3. Discussão........................................................................................................ 17
3.1 Pesquisas Internacionais e Abordagens de Universidades
Estrangeiras............................................................................................
20
4. Conclusão....................................................................................................... 22
Referências Bibliográficas............................................................................... 23
8
1. Introdução
A palavra fitoterapia deriva do grego, no qual phyton significa “vegetal” e
therapeia “tratamento”, podendo ser de uso interno ou externo, “in natura” ou sob a
forma de medicamento para o tratamento de doenças (TEIXEIRA et al., 2012).
Os produtos naturais são utilizados desde a antiguidade, com o poder de
curar ou aliviar as enfermidades, sendo a Medicina Tradicional Chinesa uma das
precursoras da utilização de plantas medicinais (CARVALHO et al., 2010).
As plantas medicinais são utilizadas no tratamento de várias doenças pelo
seu uso terapêutico, além disso, possuem substâncias que continuam sendo uma
fonte rica para obtenção de fármacos, como os glicosídeos cardiotônicos obtidos da
Digitalis, utilizados na insuficiência cardíaca (FOGLIO et al., 2006).
A Medicina Tradicional Chinesa tem como base a interação entre o ser
humano, a natureza, a manutenção e a prevenção da saúde, que visam harmonizar
o estado de saúde, que corresponde a um estado de equilíbrio, que por sua vez é
responsável pela harmonia entre corpo, mentem e espírito (CINTRA; PEREIRA,
2012).
A eficácia da prática fitoterápica chinesa pode ser observada no tratamento
diário dos pacientes, baseado na associação de várias plantas, possibilitando cada
planta potencializar a outra, reduzindo ou eliminando possíveis reações tóxicas
(CARVALHO et al., 2008).
Desse modo, é essencial a participação dos profissionais de saúde no
conhecimento da Fitoterapia Chinesa, pois as terapias alternativas têm muito a
oferecer, contribuindo com a saúde da população, possibilitando ao indivíduo relativa
9
autonomia em relação ao cuidado com sua saúde. Por estes motivos, a pesquisa
tem como objetivos analisar e investigar por meio de revisão bibliográfica, a
aplicação da fitoterapia chinesa e seu uso complementar a tratamentos orientais de
saúde.
A pesquisa foi realizada por meio de revisão bibliográfica que se constitui de
uma pesquisa descritiva e exploratória com o intuito de desenvolver informações por
meio de material já elaborado, para o qual, procura descobrir conhecimentos sobre a
produção cientifica já existente, por meio de artigos de revistas, jornais, livros,
periódicos, dissertações, teses, entre outros, contemplando como objetivo analisar e
investigar a utilização da Fitoterapia Chinesa no tratamento sistêmico, segundo a
Medicina Tradicional Chinesa (RAUPP; BEUREN, 2006).
Foram incluídas, na presente pesquisa, as publicações em português e inglês,
coletados em bancos de dados informatizados como: SciELO, LILACS e MEDLINE,
e também consulta on-line de jornais e livros publicados no período de 2002 a 2014.
A escolha dos materiais foi pautada na relevância dos artigos com o tema proposto,
utilizando os seguintes descritores: Fitoterapia Chinesa, Medicina Tradicional
Chinesa, Fitoterapia.
10
2. Revisão de Literatura
2.1 Fitoterapia
Fitoterapia é a utilização de plantas medicinais ou bioativas, plantadas de
forma tradicional, preparadas conforme as experiências populares ou métodos
científicos.
Pode-se usar qualquer parte das plantas, como raízes, folhas, cascas, frutos
e sementes, podendo ocorrer diferentes formas de preparação, sendo o chá a mais
empregada, por meio da decocção ou infusão (REZENDE; COCCO, 2002).
A Fitoterapia faz parte da cultura da população, sendo difundida há gerações.
A ênfase nos estudos das plantas medicinais e sua influência na manutenção da
saúde têm canalizado esforços para a comprovação da ação terapêutica (TEIXEIRA
et al., 2012).
Conforme Teixeira et al. (2012), o primeiro herbário que se tem notícia, foi
criado no período de 3000 a.C. por um imperador chinês que catalogou cerca de 365
ervas medicinais e venenos utilizados na época.
O poder e o saber curativo das plantas são antigos, pois as primeiras
civilizações perceberam algumas plantas contendo substâncias que combatiam as
doenças, revelando empiricamente seu poder curativo (BADKE, 2008).
Devido à dificuldade no acesso a assistência de saúde, a população procurou
suprir suas necessidades com o uso das práticas complementares, mesmo
ocorrendo conflitos entre as formas de cura alternativa e o saber científico
(REZENDE; COCCO, 2002).
11
Segundo a legislação sanitária brasileira, fitoterápico é todo medicamento
obtido de matérias-primas ativas de vegetais, caracterizado pelo conhecimento de
sua eficácia e dos riscos de seu uso (CARVALHO et al., 2008).
A Fitoterapia foi reconhecida no ano de 1991 pelo Conselho Federal de
Medicina, desde que desenvolvida com a supervisão do profissional médico. Em
1992 foi reconhecida como método terapêutico e em 1995 a Vigilância Sanitária do
Ministério da Saúde normatizou o registro de produtos fitoterápicos (TEIXEIRA et al.,
2012).
Alguns profissionais de saúde podem exercer a Fitoterapia e são divididos
em:
Profissionais que podem prescrever fitoterápicos: médicos, nutricionistas,
cirurgiões dentistas, médicos veterinários, farmacêuticos e enfermeiros (cada
qual em seu campo de conhecimento);
Profissionais legalmente habilitados a recomendar fitoterápicos: terapeutas
holísticos (somente fitoterápicos de venda livre, não manipulados); e
Profissional sem legislação específica: psicólogos (com especialização em
acupuntura) (LYRA, 2010).
Os fisioterapeutas estão habilitados a prescrever fitoterápicos conforme o
Novo Código Deontológico de Fisioterapia, atualizado em 12/01/2012: CAPÍTULO II,
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS, Artigo 3º, Inciso IV – Prescrever substâncias
químicas fitoterápicas e homeopáticas, no âmbito de sua atuação (CREFITO, 2012).
12
2.2 Medicina Tradicional Chinesa
Com o surgimento de um novo estilo de vida, as tradições orientais
adentraram no Brasil, principalmente nos anos 1960, devido às tendências
naturalistas. Com esse estilo de vida alternativo, as tradições orientais como o
Taoísmo, Zen-Budismo, a Medicina Ayurveda e a Medicina Tradicional Chinesa
despertaram interesse no país na área da saúde (CINTRA; PEREIRA, 2012).
A Medicina Tradicional Chinesa abrange a concepção fisiológica e o
funcionamento dos órgãos do corpo humano, proporcionando um vasto
conhecimento sobre a saúde e o processo de adoecimento e envolve do diagnóstico
à intervenções diretas no corpo humano, sendo considerada uma cosmologia
vitalista, ou seja, originada na ideia de que a energia organiza a matéria (FOGLIO et
al., 2006; ROSS, 2003).
O homem é visto como parte integrante da natureza, um elemento regido por
leis. A base da Medicina Tradicional Chinesa parte do princípio da mutação e da
constante transformação (MARTINI; CARDOSO; SANTOS, 2009).
A interpretação dos sinais e sintomas está relacionada aos órgãos, vísceras,
tendões, músculos, etc., desencadeando alterações funcionais, emocionais ou
processos dolorosos organizados na forma de síndromes energéticas, indicando o
tipo de desequilíbrio daquele corpo no momento da investigação. O diagnóstico
pode ser realizado pela inspeção da língua, unhas e cabelos, também pela palpação
do pulso, apetite, paladar, características das fezes e urina, entre outros; e o estado
emocional e de saúde do paciente também deve ser observado (CARVALHO, M. et
al., 2010).
13
O diagnóstico pode ser realizado a partir do toque do corpo do paciente pelo
terapeuta, podendo empregar qualquer um dos sentidos: tato, olfato, audição ou
visão. Para alguns médicos chineses, é necessário provar pelo paladar, o gosto das
secreções (CARVALHO et al., 2010).
Para a execução do diagnóstico completo, a medicina tradicional chinesa leva
em consideração as condições socioculturais em que a pessoa se encontra, seu
estado emocional, hábitos alimentares, sexuais e atividades físicas. O processo
terapêutico é pautado na compreensão taoísta de cosmos em três teorias: a Teoria
do Yin /Yang (aspectos opostos complementares); a Teoria dos Meridianos (canais
de energia) e a Teoria dos Cinco Elementos (Fogo, Metal, Terra, Água e Madeira)
(CARVALHO, M. et al., 2010).
Figura 1.: Os 5 elementos. Energia Vital – Qi Fonte: http://supremaharmoniaterapias.blogspot.com.br
A Medicina Tradicional Chinesa possui três vertentes: a Medicina Clássica
Chinesa, onde as formulações de obras clássicas surgiram no período de formação
14
da Medicina Tradicional Chinesa na dinastia Han (206 a.C. a 221). A medicina
tradicional chinesa, sendo a prática da medicina disseminada no Ocidente e Oriente,
é uma extensão da Medicina Tradicional Clássica Chinesa, com novas formulações.
A Medicina Chinesa Contemporânea, que é a unificação da Medicina Tradicional
Chinesa, exercida no Ocidente e naquele país, busca a legitimação pela ciência
ocidental (FERREIA; LUZ, 2009).
A Medicina Clássica Chinesa tem papel fundamental nas concepções de
origem do universo e da vida, enquanto a Medicina Chinesa Contemporânea tem
suas funções ligadas à neurologia, psicologia e psiquiatria (FERREIA; LUZ, 2009).
2.3 Fitoterapia Chinesa
O governo chinês publicou um dicionário com 5767 plantas medicinais, mas
na realidade, apenas 300 ervas são empregadas regularmente (ESMOT – ESCOLA
DE MEDICINA ORIENTAL E TERAPÊUTICAS, 2007).
A Fitoterapia Chinesa é mal compreendida no Ocidente devido à carência de
material bibliográfico, dificultando o entendimento sobre o assunto por erros básicos
devido à má interpretação de suas regras gerais (ESMOT – ESCOLA DE MEDICINA
ORIENTAL E TERAPÊUTICAS, 2007).
Entre os profissionais médicos, a busca por novos conhecimentos sobre os
efeitos das plantas medicinais, faz com que a Fitoterapia Chinesa seja bem
difundida (CARVALHO et al., 2010).
15
Para a Fitoterapia Chinesa é necessário que haja um equilíbrio, já que não se
baseia na cura, mas sim na busca do organismo pela auto cura (LOBOSCO, 2008).
Cada planta pode possuir capacidades energéticas, curativas ou sinérgicas.
Como uma alquimia, deve-se conhecer profundamente sua capacidade, para que
ocorra uma interação de uma planta com outra (LOBOSCO, 2008).
Nas fórmulas da Fitoterapia Chinesa existe a erva Imperador, que determina a
ação, a erva Ministro, que potencializa a ação da erva Imperador, e a erva
Assistente, que ajuda no bem-estar e cuida do estômago. Há também erva
mensageira que faz com que as outras plantas ajam no local desejado (LOBOSCO,
2008).
Uma fórmula fitoterápica pode compreender seis ou mais plantas; cada uma
com seu objetivo; desde plantas que impedem os efeitos colaterais a plantas que
encaminham os principais agentes para o local determinado da ação da patologia
(ESMOT – ESCOLA DE MEDICINA ORIENTAL E TERAPÊUTICAS, 2007).
Figura 2.: Manipulação de Fitoterápicos Chinês Fonte: acupuntura-medicina.blogspot.com
16
A Medicina Tradicional Chinesa é uma ciência fundamentada sobre a
experiência empírica acumulada, dividindo os medicamentos de acordo com suas
propriedades e suas ações (ESMOT – ESCOLA DE MEDICINA ORIENTAL E
TERAPÊUTICAS, 2007).
Foglio et al. (2006, p.15) afirmam que: “A cultura chinesa utiliza o
conhecimento popular das ervas há cinco séculos, com mais de 5 mil espécies
utilizadas”.
17
3. Discussão
A técnica de levantamento bibliográfico proporciona maior familiaridade com o
objetivo do estudo, pois o pesquisador se encontra em contato direto com os
materiais de pesquisa, auxiliando nas descrições de suas características (GIL, 2002)
e favorecendo a observação do processo de desenvolvimento, proporcionando a
obtenção de dados verdadeiros na hora necessária (SÁ-SILVA; ALMEIDA
GUINDANI, 2009).
A utilização dos materiais deve ser apreciada e valorizada, realizando uma
avaliação crítica, pois a riqueza de informações que se pode extrair justifica seu uso
possibilitando ampliar a compreensão da contextualização histórica e sociocultural
(SÁ-SILVA; ALMEIDA; GUINDANI, 2009).
Segundo suas propriedades, as plantas podem ser classificadas quanto:
Propriedades Térmicas – quente, frio, morno, fresco e neutro; Sabores – azedo,
doce, amargo, salgado e picante; e Direções – ascendente, descendente,
submersão e circulante (ESMOT – ESCOLA DE MEDICINA ORIENTAL E
TERAPÊUTICAS, 2007).
As plantas consideradas mornas ou quentes são o Yang na natureza.
Aquecem o baço e o estômago, reestabelecendo assim o Yang, com ações
estimulantes e fortificantes, como por exemplo, o acônito, gengibre seco e a canela.
Já as plantas com propriedades fria ou fresca, removem o calor da inflamação
patogênica, possuem ações inibidoras e também antibióticas, sedativas e
antiflogísticas das patologias febris (ESMOT – ESCOLA DE MEDICINA ORIENTAL
E TERAPÊUTICAS, 2007).
18
Plantas com sabores picantes promovem efeitos de dispersão e promoção,
enquanto as de sabor doce tonificam e regulam, como o Ginseng que nutre o Qi
(energia) e o Alcaçuz que alivia a dor; já as de sabor amargo possuem efeito
fortificante e purgante, como o Coptis e o Melão amargo com a ação purgante; as de
sabor azedo são adstringentes, e as salgadas, com efeitos suavizante e purgantes,
como as Algas Marinhas que tratam fleuma estagnado e escrófula. O Gengibre
fresco, a Perilla e a Menta são ervas com sabores picantes que dispersam os
patógenos externos, entretanto as planta suaves, sem sabor tais como Hoelen e
Akebia possuem ações diuréticas (ESMOT – ESCOLA DE MEDICINA ORIENTAL E
TERAPÊUTICAS, 2007).
Com propriedades ascendentes e circulantes, as plantas que possuem essa
determinação são classificadas com o efeito para cima e para fora, usadas na
ativação do Yang, que induz a transpiração e dispersam o frio e o vento. Já as
plantas descendentes e de submersão, com o efeito para baixo e para dentro,
tranquilizam, causam contração, auxiliam no alivio da tosse, interrompem a êmese e
promovem a diurese e a purgação (ESMOT – ESCOLA DE MEDICINA ORIENTAL E
TERAPÊUTICAS, 2007).
As combinações das diversas plantas sobre o organismo humano
estabelecem influências muito complexas, demonstrando que a Fitoterapia Chinesa
na sua complexidade se mostrou eficiente na decorrer dos séculos, assim como na
atualidade.
Os profissionais de saúde que utilizam a Fitoterapia Chinesa enxergam o
corpo com um organismo único, tratam de forma integrada, tanto no diagnóstico
quanto na prescrição do tratamento, consideram a história de vida, da patologia,
19
estado emocional, mental, hábitos sociais e até mesmo aspectos biológicos,
anatômicos e fisiológicos do paciente (CINTRA; PEREIRA, 2012).
As Políticas de descentralização, controle social e crescimento da autonomia
municipal promovida pelo SUS, promoveram no início dos anos 80 a legitimação e
institucionalização das Práticas Complementares de Saúde. Contudo, em 1985 foi
celebrado o ato da Institucionalização da Homeopatia nas redes públicas de saúde e
com isso, muitos atos para a inclusão das Medicinas Alternativas Complementares e
Integrativas foram registrados (CINTRA; PEREIRA, 2012).
Para Cintra e Pereira (2012, p. 197):
Um marco nesse processo foi a produção do diagnóstico nacional da oferta de práticas complementares no SUS e a criação de grupos de trabalho multi-institucionais para tratar da Homeopatia, da Medicina Tradicional Chinesa-Acupuntura, da Medicina Antroposófica e de Plantas Medicinais e Fitoterapia.
As indústrias farmacêuticas incentivam o uso de medicamentos
industrializados, mas grande parte da população recorre a práticas complementares
para cuidar da saúde (BADKE, 2008).
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), autarquia do Ministério
da Saúde é o órgão competente e responsável pela regulamentação de plantas
medicinais e seus derivados no Brasil, com a função de proteger e promover a
saúde da população garantindo a segurança sanitária de produtos e serviços
(CARVALHO et al., 2008).
Com o reconhecimento da Organização Mundial de Saúde, a Fitoterapia
Chinesa surge como uma alternativa viável e importante para as populações de
20
países em desenvolvimento, principalmente pelo seu custo reduzido (REZENDE;
COCCO, 2002).
3.1 Pesquisas Internacionais e Abordagens de Universidades
Estrangeiras
A Medicina Tradicional Chinesa proporciona um vasto campo de pesquisas,
entretanto alguns fitoterápicos tradicionais da Medicinal Tradicional Chinesa são
comercializados no Ocidente como suplementos alimentares, ocasionando
considerável controvérsia sobre sua eficiência e eficácia.
Apesar desse fato, a maioria das pesquisas se concentra em Universidades
dos Estados Unidos com parceria de Universidades Chinesas. Dentre as pesquisas
realizadas nos Estados Unidos, encontra-se um estudo sobre os efeitos benéficos
da Fitoterapia Chinesa no controle dos sintomas de HIV, elaborada pela
Universidade da Califórnia, onde relata que no experimento foi encontrado um
composto químico na raiz da planta Astragalus, que demonstrou evitar e atrasar o
encurtamento progressivo dos telômeros (são estruturas constituídas por fileiras
repetitivas de proteínas e DNA não codificante que formam as extremidades
dos cromossomos), pois quanto menor, maior é a capacidade do organismo se
defender de patologias. Já com os telômeros longos as células se dividem sem
muitos problemas, mas isso não acontece com o portador do HIV, pois o organismo
ao combater continuamente a infecção, desencadeia um estresse oxidativo, o qual
resulta numa sobrecarga ao processo de divisão celular e, desencadeia
21
consequentemente o encurtamento dos telômeros e envelhecimento celular (A VOZ
DE ERMESINDE, 2012).
Uma planta utilizada há séculos na Medicina Tradicional Chinesa é a raiz da
flor Corydalis, da família da papoula. Em pesquisa recente da Universidade da
Califórnia em parceria com estudantes chineses, ficou comprovada sua eficácia para
o alívio de dores crônicas, atuando com um analgésico potente, similar a morfina
(ZHANG et al., 2014).
Um artigo publicado no periódico Journal of Clinical Endocrinology &
Metabolism e pesquisa realizada pela Universidade de Chicago, relata que o uso de
um composto de dez ervas da Medicina Tradicional Chinesa, conhecido com Tianqi
diminui o risco de desenvolver diabetes tipo II. Para portadores de diabetes tipo II, a
redução da taxa de glicose no sangue é equivalente à utilização de medicamentos
alopáticos, mas com a redução dos efeitos colaterais (FENGMEI et al., 2014).
Em Portugal a Medicina Tradicional Chinesa ganhou muitos adeptos e se
tornou uma prática complementar recorrente no país, com clínicas especializadas
em técnicas e tratamentos e cursos em Universidades.
22
4. Conclusão
Ao analisar e investigar os materiais selecionados, concluiu-se que os
fitoterápicos quando utilizados corretamente, proporcionam menos toxicidade e
efeitos colaterais em longo prazo no tratamento e controle das doenças, podendo
ser utilizado na prevenção de doenças bem como na manutenção da saúde. Os
profissionais de saúde devem considerar a ampliação do conhecimento sobre as
práticas de cuidado à saúde que envolve o uso de plantas medicinais e refletir sobre
a relação custo/benefício desta terapia para os cuidados em saúde.
23
Referências Bibliográficas
A VOZ DE ERMESINDE. Investigação internacional revela efeitos benéficos da fitoterapia no controle dos sintomas do HIV. Edição de 23 nov 2012. Disponível em:<http://www.avozdeermesinde.com/noticia.asp?idEdicao=266&id=8527&idSeccao=2837&Action=noticia>. Acesso em 14 fev 2014. BADKE, M.R. Conhecimento popular sobre o uso de plantas medicinais e o cuidado de enfermagem. 2008. 96f. Dissertação (Mestrado em Cuidado, Educação e Trabalho em Enfermagem em Saúde) – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSM, RS), Santa Catarina. 2008. CARVALHO, A.C.B.; BALBINO, E.E,; MACIEL, A.; PERFEITO, J.P.S. Situação do registro de medicamentos fitoterápicos no Brasil. Revista Brasileira de Farmacologia, n.18, v.2, p. 314-19, abr/jun. 2008. CARVALHO, M.C.G.; PIRES, R.L.; FLORINDO, W.S.; CAVALCANTI, A.S.S. Evidências para o uso de Indigo naturalis no tratamento da psoríase tipo placa: uma revisão sistemática. Natureza on line, v.8, n.3, p.127-131. 2010. Disponível em: <http://www.naturezaonline.com.br/natureza/conteudo/pdf/06_CarvalhoMCGetal_127131.pdf>. Acesso em 17 out 2013. CINTRA, M.E.R.; PEREIRA, P.P.G. Percepções de Corpo Identificadas entre Pacientes e Profissionais de Medicina Tradicional Chinesa do centro de Saúde Escola do Butantã. Saúde Soc., São Paulo, v.21, n.1, p.193-205. 2012. CREFITO. Proposta de texto para o novo código deontológico da fisioterapia. Disponível em: <http://www.crefito5.org.br/wp-content/uploads/2012/03/Minuta-do-novo-c%C3%B3digo-de-%C3%A9tica-da-Fisioterapia.pdf>. Acesso em 13 Jun 2014. ESMOT – Escola de Medicina Oriental e Terapêuticas. Fitoterapia Chinesa. Portugal. 2007. Disponível em: <http://www.medicinachinesapt.com/fitoterapia_chinesa.html>. Acesso em 18 out 2013. FERREIRA, C. dos S.; LUZ, M.T. Shen: Categoria estruturante da racionalidade chinesa. História, Ciências, Saúde – Manguinhos. Rio de Janeiro, v.14, n.3, p.863-875, jul-set. 2007.
24
FENGMEI, L.; GUANGWEI, L.; XINYAN, C.; XIUZHI, W.; CHUNLI, P.; JINGFEI, W.; YUZHI, H.; ZHUOMA, B.; SHENTAO, W.; XIAOYAN, Z.; JIANGMING, L.; YAJUN, L.; RONGFANG, Z.; JIANJUN, H.; ZHANGZHI, Z.; HUILIN, L.; HONG, F.L.; AIMEI, C.; ZHU, Y.; YALI, A.; YUJING, B.; QIANG, W.; ZHONG, Z.; CHUNHAO, Y.; CHONG-ZHI, W.; CHUN-SU, Y.; XIAOLIN, T. Chinese Herbal Medicine Tianqi Reduces Progression From Imparired Glucose Tolerance to Diabetes: A Double-Blind, Randomized, Placebo-Controlled, Multicenter Trial. The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism. V.99, n.2, 2014. Disponível em: <http://press.endocrine.org/doi/abs/10.1210/jc.2013-3276>. Acesso em 14 fev 2014. FOGLIO, M.A.; QUEIROGA, C.L.; SOUSA; M. de O.; RODRIGUES, R.A.F. Plantas Medicinais como Fonte de Recursos Terapêuticos: Um Modelo Multidisciplinar. MultiCiência: Construindo a História dos Produtos Naturais, n. 7, out, 2006. Disponível em: <http://www.multiciencia.unicamp.br/artigos_07/a_04_7.pdf>. Acesso em 20 out 2013. GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Editora Atlas, 4. ed., 2002. 176 p. LOBOSCO; M. Fitoterapia Chinesa. 2008. Disponível em: <http://magali.lobosco.com.br/>. Acesso em 24 out 2013. LYRA, C.S. de. Legislação e prescrição de fitoterápicos. Disponível em: <http://lyraterapeutica.com.br:8180/materiais/fitoterapia-legislacao-prescricao-LT.pdf>. Acesso em 10 Jun 2014. MARTINI, L.; CARDOSO, M.; SANTOS, M.C. dos. Medicina Tradicional Chinesa no Tratamento da Obesidade. 2009. Disponível em: <http://siaibib01.univali.br/pdf/Laraine%20Martini%20e%20Maisa%20Cardoso.pdf>. Acesso em 23 out 2013. RAUPP, F.M.; BEUREN, I.M. Metodologia da Pesquisa Aplicável às Ciências Sociais. In: BEUREN, I.M. (org.). Como Elaborar Trabalhos Monográficos em Contabilidade: Teoria e Prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2006. p. 76-97. REZENDE, H.A. de; COCCO, M.I.M. A utilização de fitoterapia no cotidiano de uma população. Rev. Esc. Enferm. USP, São Paulo, v. 36, n.3, p.282-8. 2002. ROSS, J. Combinação dos pontos de acupuntura: A chave para o êxito clínico.
25
São Paulo: Ed. Roca, 2003. SÁ-SLIVA, J. R.; ALMEIDA, C. D. de; GUINDANI, J. F. Pesquisa documental: pistas teóricas e metodológicas. Revista Brasileira de História & Ciências Sociais. Ano I - Número I - Julho de 2009. Disponível em: <http://rbhcs.com/index_arquivos/Artigo.Pesquisa%20documental.pdf>. Acesso em 24 out 2013. TEIXEIRA, J.B.P.; BARBOSA, A.F.; GOMES, C.H.C.; EIRAS, N.S.V. A Fitoterapia no Brasil: da Medicina Popular à regulamentação pelo Ministério da Saúde. 2012. Disponível em: <http://www.ufjf.br/proplamed/files/2012/04/A-Fitoterapia-no-Brasil-da-Medicina-Popular%C3%A0-regulamenta%C3%A7%C3%A3o-pelo-Minist%C3%A9rio-da-Sa%C3%BAde.pdf>. Acesso em 15 out 2013. ZHANG, Y.; WANG, C.; WANG, L.; PARKS, G.S.; ZHANG, X.; ZHIMOU, G.; YANXIONG, K.; KANG-WU, L.; MI, K.K.; VO, B.; BORRELLI, E.; GE, G.; YANG, L.; WANG, Z.; GRACIA-FUSTER, M.J.; LUO, Z.D.; LIANG, X.; CIVELLI, O. A Novel Analgesic Isolated from a Traditional Chinese Medicine. Current Biology, v.24, n.2, p.117-123, Jan. 2014.