Post on 14-Nov-2018
Universidade Federal de GoiásFaculdade de História
PLANO DE CURSO
CURSO: Programa de Pós-Graduação em HistóriaDISCIPLINA: Interculturalidades e História Ambiental
PROFESSOR: Alexandre Martins de Araújo e Elias Nazareno
ANO/SEMESTRE 2013-1 Carga horária: 60
“Nem a ciência nem a racionalidade são medidas universais de excelência. São tradições particulares, não tendo consciência de sua base histórica”.
Contra o método. Paul Feyerabend
EMENTA
Entender a interculturalidade crítica como um processo e projeto social, político, ético
e epistêmico que, além do reconhecimento e respeito às diferenças, revela a tensão entre
centro e periferia gerando a possibilidade de um diálogo verdadeiramente intercultural,
entendido como uma forma extremamente complexa de tradução, com a perspectiva
epistemológica ocidental vinculada à “Hybris do ponto zero”1, revelando espaços
pluriepistemológicos e trazendo à superfície saberes outros que historicamente foram
negligenciados e subalternizados. Perceber o Giro De-Colonial como possibilidade de
1 Denomina Santiago Castro-Gómez la «hybris del punto cero», la pretensión desmesurada del pensar cartesiano de situarse más allá de toda perspectiva particular. Como el artista renacentista que al trazar la línea del horizonte y el punto de fuga en la perspectiva de todos los objetos que pintará, el artista mismo no aparece en el cuadro, pero siempre es subjetivamente «el que mira y constituye al cuadro» (es el «punto de fuga» a la inversa), y que pasa como el «punto cero» de la perspectiva. Sin embargo, lejos de ser un [punto de mira «sin compromiso», es el punto que constituye todos los compromisos. M. Weber, con su pretensión de una visión objetiva «sin valores» presupuestos es el mejor ejemplo de esa pretensión imposible del «punto cero». El ego cogito inaugura en la Modernidad esta pretensión (DUSSEL, 2008, p. 165).
desprendimento e de abertura às possibilidades encobertas pela racionalidade moderna,
montada e fechada nas categorias do grego e do latim e das seis línguas imperiais europeias
modernas (italiano, castelhano, português, inglês, francês e o alemão). Revelar como o
pensamento de-colonial emerge e é constitutivo do projeto modernidade/colonialidade.
OBJETIVOS GERAIS
Estabelecer, desde a perspectiva da Interculturalidade, um campo dialógico de
articulação pluriepistemológica que leva em conta a hermenêutica dos múltiplos saberes nas
relações homem natureza.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Compreender a presença dos processos de Interculturalidade constitutivas de diferentes
dimensões da existência humana;
Entender a De-Colonialdade como processo de desprendimento e abertura à saberes outros
que foram apropriados e hierarquizados no interior do discurso Ocidental;
Perceber as diferentes formas de relação homem-natureza desde a perspectiva da
interculturalidade.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Unidade I:
a) Cultura e Natureza: Razões epistêmicas da distinção e as razões epistêmicas da negação da distinção;
b) Interculturalidade crítica;c) Da Colonialidade do Poder às Pluriepistemologias;
Unidade II:a) Genealogia da De-Colonialidade – Modernidade/Colonialidade - Matriz colonial de
poder – Séc. XVI a economia é parte da sociedade; séc. XXI a sociedade é parte da economia;
b) Epistemologias em trânsito;c) Relação entre as perspectivas do curso e os Projetos de Pesquisa dos alunos.
PROGRAMAÇÃO
Dinâmica geral das aulas:
1º- Apresentação da temática por parte dos professores;
2º - Alunos apresentam aspectos dos textos lidos que contribuam para a problematização e
criticidade dos saberes acadêmicos e práticas sociais análogas ao texto;
3º - Mostra áudio-visual de temas correlatos;
4º - Debate inetercultural entre alunos e professores.
1º e 2 º encontro: 08/03 (pág. 27) e 15/03 – Apresentação do programa e discussão do texto
de Enrique Dussel: Meditaciones anti-cartesianas: sobre el origen del anti-discurso
filosófico de la Modernidad. Tabula Rasa. Bogotá - Colombia, No.9: 153-197, julio-
diciembre 2008. Tema, texto e vídeo.
3º encontro: 22/03 - Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina, 107. Aníbal
Quijano. In: A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas
latinoamericanas. Edgardo Lander (org). Colección Sur Sur, CLACSO, Ciudad
Autónoma de Buenos Aires, Argentina. Setembro 2005. Vídeo: Colonialidade do
Saber.
3º encontro: 22/03 - La poscolonilidad explicada a los ninos. CASTRO-GÓMEZ,
Santiago. Editorial Universidad del Cauca Instituto Pensar, Universidad Javeriana,
Colombia, 2005.
4º encontro: 29/03 -. Interculturalidade Crítica e Pedagogia Decolonial: in-surgir, re-surgir
e re-viver. WALSH, Catherine. In: Educação intercultural na América Latina: entre
concepções, tensões e propostas. Tema, texto, vídeo.
5º, 6º e 7º encontro: 05 e 12/04- Giro decolonial, teoría crítica y pensamiento heterárquico.
CASTRO-GÓMEZ. In. El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica
más allá del capitalismo global / compiladores Santiago Castro-Gómez y Ramón
Grosfoguel. Bogotá: Siglo del Hombre Editores; Universidad Central, Instituto de
Estudios Sociales Contemporáneos y Pontificia Universidad Javeriana, Instituto
Pensar, 2007.
MIGNOLO, W. La opción de-colonial: desprendimiento y apertura. Un manifiesto y
un caso. Tabula Rasa. Bogotá - Colombia, No.8: 243-281, enero-junio 2008.
8 º encontro: 19/04 - CAJIGAS-ROTUNDO, Juan Camilo La biocolonialidad del poder.
Amazonía, biodiversidad y ecocapitalismo. In: El giro decolonial: reflexiones para
una diversidad epistémica más allá del capitalismo global / compiladores Santiago
Castro-Gómez y Ramón Grosfoguel. Bogotá: Siglo del Hombre Editores;
Universidad Central, Instituto de Estudios Sociales Contemporáneos y Pontificia
Universidad Javeriana, Instituto Pensar, 2007.
9 º encontro – 26/04 – Epistemologias em trânsito. Saberes outros.
A partir do 10 º encontro (03/05 até o dia 21/06) caberá aos alunos estabelecer a
relação entre as perspectivas epistemológicas e metodológicas apresentadas no curso e
os seus respectivos projetos de Pesquisa dos alunos. Os alunos apresentarão uma
releitura de seus projetos.
METODOLOGIA
Em relação à definição do que seria a de-clonialidade, Mignolo adverte que a definição é uma
das formas normativas de controle do conhecimento científico. A definição pressupõe a
determinação de algo, de um objeto, e o controle da definição pelo enunciante. A ciência, em
suas variedades naturais e sociais, é uma forma de fazer orientada ao objeto e não ao sujeito,
ao enunciado e não à enunciação. A opção de-colonial se volta até o sujeito enunciante; se
desprende da fé em que o conhecimento válido é aquele que se sujeita às normas
disciplinarias, isto é, ao conhecimento por gestão empresarial mediante as regras impostas
pelo grupo de seres humanos que aceitam jogar este jogo. (MIGNOLO, 2008, p. 247,
tradução minha)
Fieis à perspectiva de-colonial de desprendimento e abertura, durante o curso, para que flua o
diálogo verdadeiramente intercultural, serão valorizadas, além do conhecimento (projetos de
pesquisa e outros) de cada um dos enunciantes (alunos e professores), as experiências de vida
de cada um.
O curso contará com aulas expositivas dialogadas, oferecimento de uma seleção de textos
para leitura, recursos audiovisuais, realização de pesquisa bibliográfica, produção de textos e
elaboração de seminários temáticos.
O conteúdo programático é constituído de textos nucleares, propositalmente desobrigados de
linearidades e privilégios quanto à seleção dos recortes temporais e espaciais. Os
entrecruzamentos dar-se-ão a partir de olhares plurais que mantêm em comum a historicidade
dos fenômenos estudados.
AVALIAÇÃO
O processo de avaliação será contínuo, levando-se em consideração os seguintes quesitos:
desenvolvimento intelectual, senso crítico, organização, responsabilidade, frequência,
participação e desempenho nas atividades propostas ao longo do curso. Será solicitado do
aluno a produção de um artigo que contemple criticamente a relação entre as perspectivas
do curso e os Projetos de Pesquisa dos alunos.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
CAJIGAS-ROTUNDO, Juan Camilo La biocolonialidad del poder. Amazonía, biodiversidad y ecocapitalismo. In: El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global / compiladores Santiago Castro-Gómez y Ramón Grosfoguel. Bogotá: Siglo del Hombre Editores; Universidad Central, Instituto de Estudios Sociales Contemporáneos y Pontificia Universidad Javeriana, Instituto Pensar, 2007.
CASTRO-GÓMEZ, Santiago. La poscolonilidad explicada a los niños Editorial Universidad del Cauca. Instituto Pensar, Universidad Javeriana, Colombia, 2005.
CASTRO-GÓMEZ, Santiago. Giro decolonial, teoría crítica y pensamiento heterárquico. In. CASTRO-GÓMEZ , Santiago y GROSFOGUEL, Ramón El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global / compiladores. Bogotá: Siglo del Hombre Editores; Universidad Central,
Instituto de Estudios Sociales Contemporáneos y Pontificia Universidad Javeriana, Instituto Pensar, 2007.
DUSSEL, Enrique. Meditaciones anti-cartesianas: sobre el origen del anti-discurso filosófico de la Modernidad. Tabula Rasa. Bogotá - Colombia, No.9: 153-197, julio-diciembre 2008.
FLEURI, Reinaldo M. Intercultura e educação. Revista Brasileira de Educação. Maio/Jun/Jul/Ago 2003 Nº 23.
LEFF, H. Construindo a História Ambiental da América Latina. ESBOÇOS – Revista do
Programa de Pós-Graduação em História da UFSC, Florianópolis, Nº 13, p. 11-26, 2005.
MIGNOLO, W. La opción de-colonial: desprendimiento y apertura. Un manifiesto y un caso. Tabula Rasa. Bogotá - Colombia, No.8: 243-281, enero-junio 2008.
MIGNOLO, Walter. El lado más oscuro del Renacimiento. Universitas humanística no.67 enero-junio de 2009 pp: 165-203, Bogotá – Colombia, issn 0120-4807.
PÁDUA, Jose Augusto. As Bases Teóricas da História Ambiental. Estudos Avançados. São Paulo, v. 24, n. 68, p. 81-101, 2010.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas
latinoamericanas. Edgardo Lander (org). Colección Sur Sur, CLACSO, Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina. Setembro 2005. Vídeo: Colonialidade do Saber.
RAPPAPORT, Joanne, PACHO, Abelardo Ramos. Una historia colaborativa: retos para el dialogo indigena-academico. História Crítica, No. 29, Enero-Junio, 2005.
SANTOS, B. V de S. MENESES, M: P. (Orgs.) Epistemologias do sul. Editora: Almedina, Colecção CES: 2009.
VIAÑA, Jorge, TAPIA, Luis, WALSH, Catherine. Construyendo Interculturalidad Crítica. La Paz: Instituto Internacional de Integración, 2010.
WALSH, Catherine. Interculturalidade Crítica e Pedagogia Decolonial: in-surgir, re-surgir e re-viver. In: Educação intercultural na América Latina: entre concepções, tensões e propostas. In. CADAU, Vera Maria (org.) Educação Intercultural na América Latina: entre concepções, tensões e propostas. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2009, p.12-42.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
ALCOFF, Linda Martín. Mignolo’s Epistemology of Coloniality. CR: The New Centennial Review, Volume 7, Number 3, Winter 2007, pp. 79-10.
DAMÁSIO, António R. O Erro de Descartes: Emoção, Razão e o Cérebro Humano. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
DAMÁSIO, António R. E o Cérebro Criou o Homem. São Paulo, Companhia das Letras, 2011.
DUSSEL, Enrique. Europa, modernidad y eurocentrismo, en Lander, Edgardo (org.) La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales. Perspectivas latinoamericanas (Buenos Aires: CLACSO/UNESCO), 2000.
HERCEG, José Santos. De la Filosofía latinoamericana a la africana. Pistas para un diálogo filosófico intercultural. Estudios Avanzados, 13, 2010, 131-149.
FEYERABEND, Paul. Contra o método. São Paulo: Unesp, 2007.
PAGET, Henry. Caliban’s Reason. Introducing Afro-Caribbean Philosophi. New York: Routledge, 2000.
LIMA, Betina Stefanello. Teto de vidro ou labirinto de cristal? As margens femininas das ciências. Dissertação de Mestrado em História, UnB, 2008.
MIGNOLO, Walter. El lado más oscuro del Renacimiento. universitas humanística no.67 enero-junio de 2009 pp: 165-203, Bogotá - Colombia issn 0120-4807.
RESTREPO, Paula. Some Epistemic and Methodological Challenges within an Intercultural Experience. Journal of Historical Sociology Vol. 24 No. 1 March 2011
DOI: 10.1111/j.1467-6443.2011.01388.x
SEARLE, John R. Liberdade e Neurobiologia. Reflexões sobre o livre-arbítrio, a linguagem e o poder político. São Paulo, Unesp, 2007.
SHAKESPEARE, William. A Tempestade. Acesso em http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/tempestade.html
SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Estudios de la Subalternidad: Deconstruyendo la Historiografía. En: Debates Post Coloniales: Una introducción a los Estudios de la Subaltenidad. Compilación de Silvia Rivera Cusicanqui, Rossana Barragán. Traducciones de Raquel Gutierrez, Alison Speeding, Ana Rebeca Prada y Silvia Rivera Cusicanqui. SEPHIS; Ediciones Aruwiyiri; Editorial Historias. La Paz, Bolivia, 2002.
SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte. Editora UFMG, 2010.