Post on 16-Nov-2015
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Cotaes
Prova-Modelo de Portugus
Ensino Secundrio
73
PROVA 16 4 Pginas
DURAO DA PROVA: 120 minutos | TOLERNCIA: 30 minutos
20(12+8)
20(12+8)
15(9+6)
15(9+6)
GRUPO I
A
L, atentamente, o texto.
Sete-Sis e Sete-Luas, se nome to belo lhe puseram, bom que o use, no desceram de S. Se-
bastio da Pedreira ao Rossio para ver o auto de f, mas no faltou o povo geral festa, e de alguns
que l estiveram, mais os registos que sempre ficam apesar de incndios e terramotos, ficou memria
do que viram e a quem viram, queimados ou penitentes, a preta de Angola, o mulato da Caparica, a
freira judia, os religiosos que diziam missa, confessavam e pregavam sem terem ordens para tal, o
juiz de fora de Arraiolos com partes de cristo-novo por ambas as vias, ao todo cento e trinta e sete
pessoas, que o Santo Ofcio, podendo, lana as redes ao mundo e tr-las cheias, assim peculiarmente
praticando a boa lio de Cristo quando a Pedro disse que o queria pescador de homens.
A grande tristeza de Baltasar e Blimunda no haver uma rede que possa ser lanada at s
estrelas e trazer de l o ter que as sustenta, conforme afirma o padre Bartolomeu Loureno, que
vai partir um destes dias e no sabe quando volta. A passarola, que parecia um castelo a levantar -
-se, agora uma torre em runas, uma babel cortada a meio voo, cordas, panos, arames, ferros con-
fundidos, nem sequer ficou a consolao de abrir a arca e contemplar o desenho, porque j o padre
o leva na sua bagagem, amanh partir, vai por mar e sem maior risco que o natural de viagens, porque
finalmente foram as pazes com a Frana apregoadas, com solene procisso de juzes, corregedores e
meirinhos, todos muito bem montados, e atrs os trombeteiros, de trombetas bastardas, depois os
porteiros do pao com as suas maas de prata ao ombro, e por fim sete reis-de-armas, com as sobre-
vestiduras ricas, e o ltimo deles levava na mo um papel, que era o prego das pazes, primeiramente
lido no Terreiro do Pao, debaixo das janelas onde estavam majestades e altezas, vista do mar de
povo que enchia a praa, formada a companhia da guarda, e, depois de deitado aqui o prego, foram
deit-lo outra vez ao adro da S, e dali terceiro ao Rossio, no adro do hospital, enfim estas pazes com
a Frana esto feitas, agora venham as outras com os mais pases, Mas nenhumas me tornam a dar a
mo que perdi, diz Baltasar, Deixa l, tu e eu temos trs mos, isto responde Blimunda.
Jos Saramago, Memorial do Convento, Editorial Caminho, 2002
Responda s questes de forma completa e contextualizada.
No excerto destaca-se uma das linhas de ao (ou planos narrativos) do romance saramaguiano.
1.1 Identifique-a e explicite-a fundamentadamente.
Um quadro social referenciado.
2.1 Apresente-o e justifique-o luz dos hbitos culturais do sculo XVIII.
Baltasar e Blimunda so o par ficcional que atravessa vrios planos narrativos.
3.1 Explique em que moldes tal acontece.
A construo da passarola adquire um valor simblico especfico.
4.1 Descodifique-o.
1
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3
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Cotaes
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30(18+12)
B
A ao de Baltasar e Blimunda foi determinante na concretizao do sonho de voar. Tambmem Felizmente h luar! h personagens cuja atuao ser preponderante para a condenao deGomes Freire.
Apresente, num texto de oitenta a centro e trinta palavras, as personagens que se unem emprol da consecuo desse objetivo, referindo as suas atuaes.
Observaes:
Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequncia delimitada por espaos em branco, mesmoquando esta integre elementos ligados por hfen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer nmero conta como uma nica palavra,independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2012/).
Um desvio dos limites de extenso indicados implica uma desvalorizao parcial (at cinco pontos) do textoproduzido.
GRUPO II
Leia, agora, o texto que se segue.
Jos Saramago vivia desde h anos em Lanzarote, e do jardim frente sala gostava de apreciar
a paisagem. H as montanhas vulcnicas que caracterizam a ilha e o mar que a rodeia. O escritor
no se conseguia decidir sobre o elemento natural que mais gostava: se o mar extenso, se a mon-
tanha. Parece que preferia um pouco mais a encosta, apesar de reclamar da sujidade que os turistas
ali deixavam, como que a "imitar os alpinistas do Evereste".
Bastava-lhe atravessar a rua para estar no interior da sua biblioteca, aquela onde ontem ficou
a ser velado na ltima noite que o seu corpo passou em Lanzarote. Do porto da residncia a que
chamou "A Casa" at biblioteca, que parece uma catedral onde os santos so os livros, era um
passeio rotineiro quando estava de boa sade, e, s vezes, era interrompido nos passos por leitores
que, ao chegarem a Lanzarote, perguntavam pelo seu endereo, e logo lhes era indicado o lugar da
casa de Dom Jos. Alis, a localidade onde morava era conhecida por Tias, e o novo habitante fez
questo de a voltar a chamar antiga Tias de Fajardo , tal como o fizera com a Azinhaga, agora
sempre acrescentada de do Ribatejo. ()
Comia na cozinha e gostava de gro cozido, sobre o qual ajuizava se estava mais ou menos no
ponto que da ltima vez que lhe fora servido. Lia os jornais de referncia espanhis e um ou outro
desportivo para saber como ia o futebol. ()
Quanto ao exlio que diziam viver em Lanzarote, Saramago fazia questo de ser direto: "Que
disparate! Sou uma pessoa que mudou de bairro ou o que decidiu ir para outra casa porque o vizinho
do patamar de cima fazia muito barulho." E era to verdade que na primeira oportunidade voltou a
procurar onde ter pouso em Portugal "onde pago os meus impostos", dizia e comprou uma casa
no Bairro do Arco Cego, Lisboa.
No pequeno jardim interior, havia uma cadeira para apanhar o sol de abril, de que tanto gostava.
Sobre a porta da casa, um painel de azulejos de Rogrio Ribeiro sinalizava a casa com uma Blimunda
com um po na mo.
Joo Cu e Silva, in Dirio de Notcias, 19/06/2010
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Cotaes
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5
5
5
5
Selecione, em cada um dos itens, a nica alternativa que permite obter uma afirmao adequada
ao sentido do texto.
1.1 O 1.o pargrafo destaca
(A) o ambiente em que vivia Jos Saramago.
(B) a preferncia do escritor pelo mar.
(C) a crtica de Saramago aos turistas de Lanzarote.
(D) a indeciso do escritor relativamente ao ambiente.
1.2 Pelo final do 2.o pargrafo antev-se que o escritor
(A) sempre viveu em Tias de Fajardo.
(B) se dividiu entre Portugal e Espanha.
(C) recebia os leitores em sua casa.
(D) frequentava a catedral frente biblioteca.
1.3 O segmento Jos Saramago vivia desde h anos em Lanzarote (l. 1) corresponde auma
(A) frase complexa com uma subordinada adverbial temporal.
(B) frase simples com uma referncia temporal imprecisa.
(C) frase complexa onde a subordinada expressa uma concesso.
(D) frase simples com complemento direto e indireto.
1.4 Quando afirma Sou uma pessoa que mudou de bairro () porque o vizinho do patamarde cima fazia muito barulho. (ll. 18-19), Saramago alude, metaforicamente,
(A) ao facto de viver afastado do centro urbano de Lanzarote.
(B) ao jardim da sua casa onde tinha uma oliveira.
(C) catedral onde os santos so os livros.
(D) sua mudana de Portugal para Espanha.
Identifique as afirmaes verdadeiras (V) e as falsas (F).
(A) Na frase Jos Saramago vivia () em Lanzarote (l. 1), o segmento sublinhado corresponde ao complemento oblquo.
(B) Na expresso H as montanhas vulcnicas que caracterizam a ilha e o mar que a rodeia. (l. 2) so utilizados dois que pertencentes classe das conjunes.
(C) Na frase apresentada em (B) verifica-se o recurso a uma anfora de natureza pro-nominal.
(D) Na forma verbal Bastava-lhe (l. 6) utilizado um pronome com a funo de com-plemento direto.
(E) O segmento sublinhado em onde os santos so os livros (l. 8) corresponde ao pre-dicativo do sujeito.
(F) As frases Comia na cozinha e gostava de gro cozido (l. 14) so coordenadas disjuntivas.
2
1
Afirma-es Pontos
64 ou 52 ou 3
1
151050
Cotaes
76
50(30+20)
Faa corresponder a cada um dos cinco elementos da coluna A um elemento da coluna B, demodo a obter afirmaes corretas.
GRUPO III
O padre Bartolomeu empreendeu inmeros esforos para poder concretizar o sonho de voar.
Tal como ele, a generalidade dos homens deixa-se mover pela ambio ou pelo desejo de al-
canar determinados objetivos.
Produza um texto expositivo-argumentativo de duzentas a trezentas palavras, onde exponhaa sua perspetiva relativamente ao papel da ambio e do desejo na concretizao dos objetivos
pessoais, apresentando dois argumentos e, pelo menos, um exemplo significativo para cada um
deles.
Observaes:
Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequncia delimitada por espaos em branco, mesmoquando esta integre elementos ligados por hfen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer nmero conta como uma nica palavra,independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2012/).
Relativamente ao desvio dos limites de extenso indicados um mnimo de duzentas e um mximo de trezentas pa-lavras, h que atender ao seguinte: um desvio dos limites de extenso requeridos implica uma desvalorizao parcial (at cinco pontos) do texto pro-
duzido; um texto com extenso inferior a oitenta palavras classificado com 0 (zero) pontos.
3
Coluna A Coluna B
a) Em gostava de gro cozido (l. 14),
b) Na frase E era to verdade que na primeira
oportunidade (l. 19),
c) Em No pequeno jardim interior (l. 22),
d) Atravs da frase para apanhar o sol de abril
(l. 22),
e) No segmento sublinhado em sinalizava a casa
(l. 23),
1. o enunciador expressa uma lgica consecutiva.
2. o enunciador utiliza dois adjetivos com a fun-
o de modificadores.
3. o enunciador exprime uma finalidade.
4. o enunciador emprega um complemento obl-
quo.
5. o enunciador apresenta o complemento direto.
6. o enunciador introduz o sujeito, servindo-se de
um pronome.
7. o enunciador utiliza dois adjetivos com a fun-
o de complemento do nome.
8. o enunciador expressa uma lgica concessiva.
Correspon-dncias Pontos
4 ou 52 ou 3
1
1593
# Propostas de correo
Baltasar que, nessa manh, vai querer desvendar osegredo junto de Blimunda, uma vez que a respostaque obtivera do padre Bartolomeu no fora suficien-temente esclarecedora.
B
A obra Felizmente h luar! apresenta um carterdual tanto ao nvel da forma como do contedo.
Efetivamente, a pea est dividida em dois atos queexploram situaes distintas: no primeiro realam-se asiniciativas dos governadores com vista a encontrar ochefe da conjura que presumivelmente se estaria a pre-parar para derrubar o regime vigente, enquanto no se-gundo se assiste s diligncias de Matilde para libertaro general que fora, no final do ato I, indicado como res-ponsvel pela conspirao.
Porm, para alm desta dualidade, percecionam-seoutras, nomeadamente em torno da figura de GomesFreire (odiado por uns e idolatrado por outros), na opo-sio opressores / oprimidos e at no ttulo, proferidoduas vezes com intenes opostas.
Pelo exposto, confirma-se o carter dual deste textodramtico de Sttau Monteiro.
(129 palavras)
GRUPO II
1.1 B; 1.2 A; 1.3 C; 1.4 D
2. A) V; B) F; C) F; D) V; E) V; F) F
3. a) 4; b) 1; c) 2; d) 6; e) 7
GRUPO III
Consultar os nveis de desempenho emanados peloGAVE e as respostas dadas nas provas 6, 8, 11 e 14.
(pp. 73-76)
GRUPO I
A
1.1 A linha de ao posta em destaque a da relaoentre Baltasar / Blimunda. Contudo, a construo dapassarola surge tambm salientada, no s porqueo casal participou na sua edificao mas tambmporque no excerto se refere o desejo de ambos al-canarem o ter e a consolao de contemplar o de-senho que estes iro concretizar aps o regressodo padre inventor.
2.1 O quadro social apresentado o auto de f, aconte-cimento que convocava gente de todas as classes eparticularmente o povo, que via neste evento ummotivo de festa e de alegria, momentos catrticos,pela descompresso que suscitava, mas fundamen-
talmente por ser um hbito ou costume que marcoua Idade Mdia e se prolongou at ao final da monar-quia.
3.1 Baltasar e Blimunda so efetivamente o casal fic-cional que interfere em vrios planos narrativos. Noexcerto, e tal como foi dito, percebe-se a inter -veno de ambos na construo da passarola, masBaltasar vai tambm intervir na construo do con -vento. Isto significa que, para alm da linha de aoque destaca o seu relacionamento, com vista ao es-tabelecimento de um contraste com a relao queexiste entre o rei e a rainha, o par amoroso vai tam-bm participar ativamente na construo da passa-rola e vai, atravs de Baltasar, inscrever-se tambmno plano narrativo relacionado com a construo doconvento.
4.1 A construo da passarola deve ler-se simblica eextensivamente como a possibilidade de sonhar que dada aos homens. Com efeito, pretende-se, comeste plano, fazer com que o homem acredite em sie nas suas capacidades, na perseverana necessria realizao dos sonhos, pois se voar possvel,ento tudo pode ser alcanado pelos homens, desdeque estes se munam das suas vontades. Convm as-sinalar tambm a referncia recolha das vontadesque faro a mquina voar.
B
A obra Felizmente h luar! tem como figura centralo general Gomes Freire d`Andrade, personagem que seralvo da perseguio dos governadores do reino.
Deste modo, assiste-se, durante todo o ato I, s es-tratgias de que o conselho de regncia lana mo paradestruir o seu pressuposto inimigo. Sendo assim, verifica --se a contratao dos chamados delatores, onde se en-contram Vicente, o popular que trai os seus para ascendersocialmente, Andrade Corvo e Morais Sarmento, dois ofi-ciais que renegam os seus ideais a troco de dinheiro.
Graas ajuda dos denunciantes, Miguel Forjaz, Be-resford e Principal Sousa conseguiro satisfazer as suasvinganas pessoais no alvo mais temido por eles e onico capaz de os destronar.
Percebe-se, assim, que no elenco dos responsveisse incluem os delatores e os governadores.
(129 palavras)
GRUPO II
1.1 A; 1.2 B; 1.3 D; 1.4 A
2. A) V; B) F; C) V; D) F; E) V; F) F
3. a) 4; b) 1; c) 2; d) 3; e) 5
GRUPO III
Consultar os nveis de desempenho emanados peloGAVE e as respostas dadas nas provas 6, 8, 11 e 14.
PROVA 16
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