Post on 08-Apr-2016
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10 Onde quer ir hoje? O site espiraldotempo.com é uma publicação digital que complementa a Espiral do Tempo.
18 Cúmplices
20 Entrevista de capa Mariza entrevistada por Laurinda Alves, fotos Kenton Thatcher. Quando não está em palco, longe das luzes, dos mistérios e fascínios que envolvem e prendem as multidões de fãs, é uma pessoa discreta com figura de menina.
26 Projecto Renascer, por Paulo Costa Dias, fotos Nuno CorreiaUm ditado angolano diz que «quem beber da água do (rio) Bengo ficará para sempre ligado a Angola».
30 Inovação Força Motriz, por Miguel Seabra, fotos Nuno CorreiaO V4 passou finalmente de conceito a colecção. A primeira edição, limitada a 150 exemplares em platina, já está a ser comercializada.
36 Prodígio Domar a velocidade, por Miguel Seabra, fotos Nuno CorreiaFrançois-Paul Journe estabeleceu uma nova fronteira para a relojoaria mecânica: trata-se de um super-cronógrafo capaz de cronometrar um objecto que se desloque a 360.000 quilómetros por hora.
40 Exclusivo Nas palavras dos protagonistas
42 Aventura Estado puroA conquista do Pico Antoine LeCoultre nos Himalaias é o resultado de uma expedição inédita patrocinada pela Grande Maison.
44 Internet Surf’n tell
46 Prestígio As coroas da Rolex, por Cesarina SousaA Rolex surpreende pela sua forma de evolução gradual, mas impercep-tível, desde 1905. O seu segredo não está em rupturas ou no desen-volvimento de grandes complicações, mas antes na fidelidade à própria matriz.
49 Parceria Bons baisers de Russie, por Hubert de HaroO que têm em comum o actual governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, o piloto de Fórmula 1 Rubens Barrichello e a bailarina Svetlana Zakharova, estrela do Teatro Bolshoi?Resposta: Audemars Piguet.
50 Embaixadora Em bicos de pésSvetlana Zakharova, prima bailarina do Ballet e Opera Bolshoi, é a nova embaixadora da Audemars Piguet.
52 Exposição Instrumentos antigos de relojoariaO mestre François-Paul Journe abriu, este Verão, as portas da sua manu-factura ao público com a exposição ‘Instrumentos antigos de relojoaria.
54 Exposição E o mundo mudou, por Cesarina SousaA importância do telescópio está na base da exposição ‘O Telescópio de Galileu – O instrumento que mudou o mundo’.
56 Eco atitude Pensar verde a tempo e horas, por Cesarina SousaNem sempre a incursão por caminhos ecológicos se revela uma escolha fácil, como o prova o selo Minergie-ECO® que grifa as novas instalações da Audemars Piguet.
60 Entrevista Escola de líderes, por Paulo Costa Dias, fotos Nuno CorreiaO NRP Sagres é um navio emblemático para várias gerações de marinhei-ros e oficiais da Marinha Portuguesa e para muitos portugueses que o têm como última referência da saga portuguesa pelos mares do mundo.
Mariza fotografada por Kenton Thatcher.
www.kentonthatcher.com
64 Embaixador Olhos no futuroO novo embaixador da TAG Heuer, Leonardo DiCaprio, participou na reali-zação de uma edição limitada do Aquaracer 500M.
66 Design O modernismo da eternidade, por Miguel SeabraO Atmos 561 estilizado pelo designer australiano Marc Newson apresenta linhas surpreendentes e contemporâneas que valorizam ainda mais o carácter eterno de um relógio de mesa que funciona… para sempre!
70 Técnica À prova de água, por Pedro Ribeiro
Em foco 72 Porsche Design Worldtimer74 Panerai Luminor 1950 Regatta Rattrapante76 Graham Big Silverstone Stowe Racing78 Raymond Weil Don Giovanni Così Grande Heure Sautante80 A. Lange & Söhne Zeitwerk82 TAG Heuer Grand Carrera Calibre 17 RS2 Chronograph Ti2
84 Laboratório Duomètre à chronographe, por Dody Giussani
90 Crónica O Sr. Philéas Fogg e os fusos horários, por Fernando Correia de Oliveira
92 Entrevista Luísa Rosas, por Paulo Costa Dias, foto Nuno CorreiaA formação em arquitectura e o desafio proposto pelo irmão Pedro levaram Luísa Rosas a conceber algumas das mais destacadas lojas de relojoaria e joalharia de luxo em Portugal e a criar a sua primeira colecção de jóias.
94 Glamour
102 Crónica O desassossego de Kerouac, por Rui Cardoso Martins
104 Eco atitude Prazer de conduzir: o presente e o futuro, por Paulo Costa Dias
106 Gadgets
110 Crónica O reconhecimento do amor, por Miguel Esteves Cardoso
Editoriais112 Cluedo124 Bite me Realização Ricardo Preto , fotografia Nuno Correia
136 Quem vê caras144 Ao detalhe
152 Parceria Fórmula de sucesso, por Miguel SeabraA personalidade e imaginação britânicas bem patentes na colecção da marca e que são apanágio do seu responsável Eric Loth foram fundamentais na obtenção de dois patrocínios que surpreenderam a concorrência.
Entrevistas 156 Do Lobito a líder dos lobos, por Paulo Costa Dias, foto Nuno Correia O seleccionador nacional Tomaz Morais conversou connosco sobre o que faz com que os Lobos funcionem como um relógio mecânico.
158 O Porto em Lisboa, por Paulo Costa Dias, foto Nuno CorreiaA Machado Joalheiro é, pelo passado centenário e pelo lastro de prestígio que há muito carrega, uma das mais emblemáticas joalharias e ourivesaria de Portugal.
162 Crónica Big Brother is WATCH’ing you, por Miguel Seabra
162 A nossa escolha As novas cores do colosso
Sumário Espiral do Tempo 33Outono/Inverno 2009
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Luanda.
Há cidades que se visitam por prazer e que recordamos ao folhar os álbuns de fotos, junto com a família.
Há cidades que se conhecem pelos aeroportos e hotéis, visitas curtas, sem sal, nem pimenta.
E há Luanda.
Tive a felicidade de poder participar, em Luanda, no lançamento mundial da série limitada Jaeger-
-LeCoultre “Renascer”. No incontornável hotel Trópico, a Ourivesaria Camanga, representada pelo seu
fundador José Teixeira e pelos seus dois filhos, José e Gonçalo, apresentaram a série ‘Renascer’ a um
público de amigos e clientes de longa data. A assistência, composta por uma pequena centena de
pessoas, rendeu-se aos argumentos de José Teixeira pai - que não voltava a Luanda há 34 anos. Entre
emoção e boa disposição, os convidados e os intervenientes partilharam um momento único e a paixão
comum pela bela relojoaria.
Esta iniciativa original será certamente seguida por outras, entre abertura de relojoarias em Luanda e
lançamentos de séries especiais ligadas ao país. Só que o “projecto Renascer”, para além de pioneiro,
foi pensado por “um angolano para angolanos” como explica José Teixeira pai, na entrevista conduzida
pelo nosso editor Paulo Costa Dias. Um relógio que vai ficar na história, o que o torna, aliás, um excelente
investimento...
Para uma primeira viagem, arriscava afirmar que ninguém regressa imune de Luanda.
Podemos recordar as indispensáveis vacinas, o trânsito caótico ou ainda listar todas as falhas gritantes
nas infra-estruturas da capital angolana.
Quanto a mim, prefiro guardar a imagem nocturna da Baía, vista do Cais de Quatro, uma cerveja Cuca na
mão. A imagem de uma cidade em efervescência, aberta às empresas e aos seus colaboradores, desde
que haja respeito mútuo. A capital de um pais onde se encontram pessoas profundamente conhecedoras
dos valores da alta-relojoaria e genuinamente interessadas pelos novos e fascinantes guardiões do tempo.
Pessoas com cultura relojoeira suficiente para separar o trigo do joio, entre marcas oportunistas que
tentaram editar “Limited Series” sem fundamento, nem justificação, e as outras, que olharam para Angola
com respeito, apresentando na capital o melhor que a alta-relojoaria sabe produzir.
Por isto e outros motivos, espero lá voltar em breve.
Hubert de Haro
Director
África minha
DirectorHubert de Haro - hubert.deharo@mac.com
EditorPaulo Costa Dias - costa.dias@espiraldotempo.com
Editor técnicoMiguel Seabra - cronopress@hotmail.com
Design gráficoPaulo Pires - paulo.pires@espiraldotempo.com
RedacçãoCesarina Sousa - cesarina.sousa@espiraldotempo.com
FotografiaKenton Thatcher • Nuno Correia • Ricardo Preto (editoriais de moda)
Colaboraram nesta ediçãoDodi Giussani • Fernando Correia de Oliveira • Laurinda Alves • Miguel Esteves Cardoso • Pedro Ribeiro • Rui Cardoso Martins
TraduçõesMaria Vieira - marie.vieira@gmail.com
ContabilidadeElsa Filipe - elsa.filipe@espiraldotempo.com
Coordenação de publicidade e assinaturas Patrícia Simas: patricia.simas@espiraldotempo.com
RevisãoLetrário - Serviços de Consultoria e Revisão de Textos
ContactosCorrespondência: Espiral do Tempo, Av. Almirante Reis, 39 -1169-039 Lisboa • Tel: 21 811 08 96 • espiraldotempo@torresdistrib.com
PropriedadeTodos os artigos, desenhos e fotografias estão sobre a protecção do código de direitos de autor e não podem ser total
ou parcialmente reproduzidos sem a permissão prévia por escrito da empresa editora da revista: Company One, Lda sito na Av. Almirante Reis, 39 – 1169-039 Lisboa.
A revista não assume, necessariamente, as opiniões expressas pelos colabo radores.
Distribuição: VASP • Impressão: Soctip Periodicidade: quadrimestral • Tiragem: 20.000 exemplares Registo pessoa colectiva: 502964332 • Registo no ICS: 123890 • Depósito legal Nº 167784/01
Fundador: Pedro Torres
ParceirosAir France • Belas Clube de Campo • Beloura Golfe • Casa da Calçada • Casa Velha do Palheiro • Clube de Golf Pinta/Gramacho
Clube de Golfe Miramar • Clube VII • Clube de Golfe de Vilamoura • Estalagem Melo Alvim • Golfe Aroeira • Golfe Montebelo
Golfe Paço do Lumiar • Golfe Ponte de Lima • Golfe Quinta da Barca • Hotel Convento de São Paulo • Hotel Fortaleza do Guincho
Hotel Golfe Quinta da Marinha • Hotéis Heritage Lisboa • Hotel Melia – Gaia • Hotel Méridien Lisboa • Hotel Méridien Porto
Hotel Palácio Estoril • Hotel Quinta das Lágrimas • Hotéis Tivoli • Lisbon Sports Club • Morgado do Reguengo Golfe
Museu do Relógio de Serpa • Palácio Belmonte • Penha Longa Golf Club • Pestana Hotels & Resorts • Portugália Airlines
Quinta do Brinçal, Clube de Golfe • TAP Portugal • Tróia Golf • Vidago Palace Hotel, Conference & Golf Resort
Vila Monte Resort Vintage House • Westin Campo Real
FICHA TéCnICA
CÚMPLICES
18Kenton TatcherO mais português dos fotógrafos ingleses. Radicado em Lisboa, construiu um currículo invejável sempre ligado a clientes de renome. Trabalha em fotografia de publicidade e retratos, tendo já sido galardoado com diversos prémios destas áreas. O seu modo particular de descobrir o mundo encontra-se sempre nas fotografias únicas que em exclusivo reserva para a Espiral do Tempo. Assina a capa desta edição.
Laurinda AlvesJornalista, autora e apresentadora de programas de televisão, criou a revista XIS, que dirigiu até 2007. Do seu extenso currículo contam-se colaborações na RTP, TSF, no jornal Independente e no jornal Público. Foi também directora da revista Pais & Filhos, escreveu diversos livros e foi distinguida com o grau de Comendador da Ordem do Mérito pelo debate e defesa de questões educativas. No seu blog escreve «Voltei a fazer o jornalismo abrangente e diversificado que sempre fiz e gosto de sentir que tenho muito a aprender e a explorar». Com a entrevista a Mariza colabora pela primeira vez com a Espiral do Tempo.
Pedro RibeiroFez o curso na Escola de Relojoaria da Casa Pia e seguiu para a Suíça para adquirir o Certificat Fédéral de Capacité d’Horloger Rhabilleur. Seguiu-se uma formação como restaurador de relojoaria antiga no Museu Internacional de Relojoaria de La Chaux- -de-Fonds. Regressou ao país natal para leccionar na Casa Pia e despediu-se para, novamente, formar relojoeiros no Wostep e na Escola de Relojoaria de Le Locle. Actualmente em Portugal, é Responsável Técnico da Auto-Quartzo. Assina para esta edição uma crónica com dicas essenciais para a melhor manutenção dos intrumentos do tempo
Rui Cardoso MartinsJá lá vai um tempo desde que Rui Cardoso Martins assinou a sua primeira crónica para a Espiral do Tempo, passando a ser uma presença de destaque nas nossas páginas. Escritor, jornalista, argumentista, repórter internacional, foi um dos fundadores do jornal Público e da Produções Fictícias. Aventurou-se também pelo cinema enquan-to autor do guião de Zona J e co-autor de Duas Mulheres. Recentemente publicou o livro Deixem Passar o Homem Invisível, um romance onde o Tempo passa debaixo de terra...
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ENTREVISTA DE CAPA
Entrevista Laurinda Alves, fotos Kenton Thatcher
Sonho cantar para Mandela e Obama
No seu tempo cabe tudo ou é mais o que fica por fazer em cada dia?
O que fica por fazer é sempre mais do que aquilo que consigo fazer.
Quando é que percebeu que tinha uma voz que podia explorar no sentido de
poder viver dela?
Nunca tive essa percepção. A não ser agora, para aí nos últimos quatro anos da minha
vida. Só agora começo realmente a perceber que as pessoas prestam atenção ao
trabalho que faço, que gostam e tentam entender. Isso, para mim, é uma bênção! Poder
cantar em alguns bares em Lisboa já era muito simpático mas, depois, veio um desafio
maior e eu aceitei.
Quando é que foi a grande viragem profissional?
Quando fiz o primeiro disco: Fado em Mim.
Sentiu que olhavam para si como profissional, com mais expectativas?
Sabe que eu não tenho muita percepção de como é que as pessoas olham para mim
ou deixam de olhar; se têm muitas ou poucas expectativas. Comecei a perceber que
havia muitos pedidos para espectáculos e muitos convites para programas de televisão,
entrevistas, desafios para cantar fora de Portugal e foi aí que percebi que qualquer coisa
tinha mudado.
Fazendo uma leitura da sua própria voz e do seu próprio percurso, sente que tem
a sorte de trabalhar no seu talento?
Sabe que eu nunca tive mais nada. Nunca estudei muito... não sou arquitecta, nem
médica, nem jornalista, não sou nada. Sou formada pela vida.
Acredita sempre na sua música?
Não sei se acredito ou se não acredito o que eu sei é que não sei fazer mais nada.
Quando estou em palco dou aquilo que tenho. Se é bom ou mau, não sei, só quem ouve
é que pode dizer se gosta. Eu não consigo dizer se é bom ou se é mau. No outro dia dizia
uma amiga minha que o meu maior desafio seria um dia eu ver o meu próprio concerto. É
uma coisa difícil de acontecer.
Quando vai ao Japão, por exemplo, onde a cultura e a percepção das pessoas é
radicalmente diferente, sente essa diferença? Sente que as pessoas ouvem um
Fado que nós não ouvimos?
Não consigo fazer esse separatismo de públicos. Aliás, nem gosto de chamar público aos
espectadores. Gosto de lhes chamar amigos porque sinto que as pessoas que vêm ouvir
a minha música, que se sentem atraídas pela sonoridade que eu faço, devem ser amigos.
Não são estranhos...
Quando não está em palco, longe das luzes, dos mistérios e fascínios que
envolvem e prendem as multidões de fãs, é uma pessoa discreta com figura
de menina. Fala devagar, sem pressas nem atropelos, pondera as questões e
dá profundidade à conversa. Alegre mas grave, mantém uma atitude próxima
e, ao mesmo tempo, meio-distante. Como se, de alguma forma, fosse intangível.
Não faz de propósito, é assim naturalmente. Dizer que Mariza canta fado com
uma voz única é dizer muito pouco. Mariza é, toda ela, uma mulher irrepetível
e um talento sem igual. Dá gosto ouvi-la cantar, mas também ouvi-la falar de si,
na primeira pessoa.
ENTREVISTA DE CAPA
A sua música comove, faz chorar, faz ficar mais alegre, faz ficar mais triste...
A nossa música, porque não é só minha. É nossa, é Fado. Apesar de neste momento já
ter um cunho muito pessoal e uma personalidade muito própria, a base, a raiz de tudo o
que faço é Fado.
As pessoas falam de si sempre de uma maneira hiperbólica. Adoram, vibram,
dizem que é arrepiante ouvi-la cantar… Isso faz com que a sua música saia ainda
mais da alma?
Isso para mim é voltarem a carregar as minhas baterias. No final de um concerto estou
esgotada, cansada, porque dou tudo, não sei subir a um palco ou a uma taberna ou onde
quer que seja e ‘cantar baixinho’. Não sei fazer isso e, portanto, quando canto, é para dar
tudo. Os sentimentos, as emoções, a voz, tudo o que eu puder dar.
Em tournée, o que lhe dá mais prazer?
Depois de um concerto, sentar-me com os músicos e os técnicos, todos juntos, a fazer
uma grande algazarra, uma grande jantarada. Bebermos uma grande taça de vinho tinto
e estarmos ali todos à conversa. Dá-me imenso prazer.
O que é que aprendeu sobre si com esta vida?
Estou mais tranquila em relação às pessoas e a tudo. Por outro lado, estou mais exigente
comigo e com os outros. Também tenho aprendido muito com artistas que nunca julguei
conhecer.
Tais como?
O Chuchu Valdez, o Lenny Kravitz, o Sting... sei lá, são tantos! Mas não falo só de artistas
da música, também falo de pintores, arquitectos, pessoas que tenho o maior prazer em
conhecer. Tem sido um privilégio privar com algumas dessas pessoas porque me têm en-
sinado que quanto mais crescemos na vida, mais humildes temos que ser e mais respeito
temos de ter pelo próximo.
Quando volta a casa canta?
Não.
nem sequer canta no duche?
No duche canto, mas mal. No duche aproveito para experimentar todas aquelas coisas
que não posso fazer em público. (risos)
Canta Michael Jackson ou canta as suas músicas?
As minhas músicas não! Canto outras coisas e aproveito para experimentar vozes e
brincar. É no duche que eu aproveito para fazer essas coisas, porque em público não as
posso fazer. As pessoas iam achar-me completamente louca. Diriam: «ela enlouqueceu,
já não basta o cabelo...» (risos).
Voltando ao início da nossa conversa, à sua relação com o tempo, pergunto
o que seria para si um tempo ideal?
Gostava que um ano tivesse o dobro do tempo. Para mim, um ano passa a correr.
Se contar com os concertos dos Coliseus do Porto e Lisboa que fechei no dia 1 de
Novembro, já fiz 120 concertos este ano.
Actualmente qual é o seu maior sonho?
Tenho um grande sonho que tinha de ser concretizado a curto prazo: cantar para o
Nelson Mandela.
Amava cantar para ele!
Ele adoraria saber isso com certeza.
Como moçambicana, como cidadã do mundo, como portuguesa, adoraria cantar para o
Sr. Mandela.
Para si o tempo entre a infância e a idade adulta foi uma vertigem, ou sente que
foi um tempo demorado?
Nem consigo calcular. Acho que teve tudo a sua hora, o seu tempo e o seu momento.
Que outros sonhos tem, além de cantar para o Nelson Mandela?
Se pudessem juntar o Mandela e o Obama, era ouro sobre azul! Dois prémios Nobel da
Paz, dois homens que foram presidentes pela primeira vez de países onde a raça tem
um papel super importante - o Mandela foi o primeiro presidente negro de África do Sul e
Obama é o primeiro presidente afro-americano de uma super potência que é o Estados
Unidos - se pudéssemos juntar os dois, eu não me importava. (risos)
Se fosse voluntária, e porque o mundo não vive sem voluntários, qual era a sua
área de voluntariado?
Que pergunta tão interessante. Há tantas coisas que eu gostaria de fazer como voluntária,
mas é complicado porque não tenho tempo. Uma das situações que me deixam mais
emocionada e até mais frágil, é quando vou aos hospitais e vejo pessoas abandonadas,
sem visitas, sem alguém que lhes dê a mão ou um sorriso. Talvez gostasse de me dedicar
a essas pessoas, a essa área.
Gosta de relógios?
Gosto muito de relógios.
E isso faz com que coleccione relógios?
Vários amigos foram-me mostrando as suas colecções de relógios (principalmente o
Herman José que tem uma colecção de relógios única) e fui-me apaixonando por reló-
gios. Obviamente, não tenho, nem de perto, nem de longe, uma colecção dessas que
mereçam uma grande atenção, mas gosto muito de relógios.
Qual é a pérola dos seus relógios?
A pérola dos meus relógios, neste momento, é este que estou a usar, que é um Jaeger-
LeCoultre e que há muitos, muitos anos eu adoraria ter. Finalmente veio, está aqui no meu
pulso, e estou muito feliz. Mas eu não uso os relógios só para ver horas. Para mim eles
são o acessório que finaliza uma maneira de vestir, ou de estar. Tenho um relógio em casa
que tem 100 anos. É super antigo, mas é o relógio que eu uso quando ponho um vestido
de noite, quando tenho de ir a uma festa ou a um jantar.
Qual é a marca do seu relógio com 100 anos?
É um Zenith, muito antigo. De corda, velhinho, velhinho. Muito bonito.
O que é que os seus relógios dizem de si?
Muito. Eu, por exemplo, só gosto de relógios de homem.
Os de senhora são muito pequeninos (risos). Sou muito observadora e venho observando
ao longo das minhas viagens o que é que as senhoras gostam de usar. Neste momento,
os relógios estão muito na moda e, por vezes, nem ligamos ao que as pessoas trazem
vestido: pode ter umas sabrinas, uma camisa branca e uns jeans, mas se tem um bom
relógio faz toda a diferença. (risos).
Entrevista completa em www.espiraldotempo.com
ENTREVISTA DE CAPA
Naturais de Angola, José Teixeira e os seus filhos, José e Gonçalo, da Ourivesaria Camanga, em Lisboa, fize-
ram parte do êxodo de centenas de milhares de pessoas, aquando do processo que levou à independência
de Angola.
Mas a terra angolana e as suas gentes nunca saíram do coração de José Teixeira, nem do dos seus filhos,
assim como não saíram do coração de portugueses e angolanos, tenham eles ficado acima ou abaixo do
Equador, de um lado ou do outro do Atlântico, nas cidades ou no mato de Angola, num exemplo ímpar e
insofismável da paixão por um país.
É essa capacidade, esse apelo infinito, de Angola e dos seus povos, sentido por todos os que tiveram o privi-
légio de ‘beber da água do Bengo’ que está na origem da edição especial e limitada Jaeger-LeCoultre Master
Compressor Extreme World Alarm RENASCER.
É sobretudo, também, a celebração da independência e da paz da nação angolana.
Ultrapassado o que só o tempo e o coração permitem ultrapassar, foi significativo o envolvimento da Grande
Maison da alta-relojoaria suíça, Jaeger-LeCoultre, nesta edição limitada verdadeiramente histórica.
A força com que Angola renasceu para o progresso, e a afirmação com que o fez no quadro das nações
africanas, viabilizou a iniciativa. Um projecto com substância, como sempre pretenderam José Teixeira e os
seus filhos.
Entrevista Paulo Costa Dias, fotos Nuno Correia
Renascer
Um ditado angolano diz que «quem beber da água
do (rio) Bengo ficará para sempre ligado a Angola».
PROjECTO
Como nasceu este projecto?
Primeiro que tudo, somos angolanos de nascimento (sorriso). Esta ideia
começou a germinar há algum tempo, anos mesmo, à espera da altura ideal
para se desenvolver.
Actualmente, temos bastantes contactos e bastantes amigos em Angola. O
trânsito entre os dois países, como sabemos, é hoje extremamente intenso.
José Teixeira (filho) – Foi um projecto longamente maturado..
é por isso que é uma edição limitada com tantos pormenores simbólicos
associados?
Sim, achámos importante. Eu e os meus filhos começámos por nos lembrar de
introduzir o mapa de Angola enquanto factor de identidade nacional.
Ao darmos a oportunidade de assinalar o local de nascença do proprietário, com
a incrustação de um diamante – também ele um símbolo da terra angolana –,
pretendemos algo que nos pareceu importante: a ligação da história pessoal do
comprador à história que o relógio conta.
Ainda não tinham um nome para o projecto?
Tivemos algumas hesitações, até nos surgir o conceito do Renascer. Esta
pareceu-nos imediatamente uma boa aposta por uma série de razões. Antes
de mais, a independência de Angola pode ser vista como o marco de um país
que renasce. Ao pensar na independência, pensámos na sua data, de onde nos
surgiu a ideia do número de peças a produzir. Decomposto o número 1975, ano
da independência, pensámos fazer 19 peças em platina e 75 em ouro rosa.
Por outro lado, Angola é hoje um país que, claramente, renasce.
A escolha do modelo do relógio não deve ter sido fácil.
Como amantes de relojoaria, andávamos entusiasmados com as características
da linha Master Compressor da Jaeger-LeCoultre. Quando foi lançado o World
Extreme Alarm, começou-se a fazer luz.
O facto deste ser um despertador tornou fácil a associação dessa função do
relógio ao conceito que estávamos a desenvolver.
Mas não ficaram por aí, os simbolismos…
Pois não. Este modelo específico de relógio era muito apelativo, além do design
e da qualidade, próprios da grande manufactura que é a Jaeger-LeCoultre.
Tem 24 capitais referidas no mostrador, com o respectivo fuso horário. Sendo
as elites de Angola, hoje, cada vez mais viajadas, por lazer ou negócios, fazia
sentido que esta função fizesse parte do relógio. Esta característica simboliza
também o esforço do Estado angolano no quadro das relações internacionais e
o reconhecimento de que ele hoje goza.
Que pudesse constar o nome de Luanda no mostrador pareceu-nos funda-
mental e a concordância da Jaeger-LeCoultre face a este aparente pormenor foi
importante. Ficou sacrificada Paris…
Este é um projecto comercial com um evidente laço afectivo. Ou vice-
versa…
Efectivamente, é um projecto para angolanos concebido por angolanos. Existe,
sem dúvida, essa carga afectiva. Uma das forças que fez mover o projecto e que
fará promover as vendas é, justamente, ter essa grande carga afectiva.
Era importante que a marca associada a este projecto fosse uma marca
com o peso da Jaeger-LeCoultre?
Foi um dos factores que permitiu ir para a frente, porque sem o prestígio e o
envolvimento da Jaeger-LeCoultre não faria sentido avançar.
Não somos eternos. Felizmente tenho a sorte de ter os meus filhos a acompa- nharem-me e serem eles o meu suporte. É deles o futuro e, sendo angolanos, também estão de corpo e alma neste projecto. O futuro pertence-lhes como o futuro de Angola pertence aos seus filhos.
PROjECTO
Master Compressor Renascer
Movimento: Mecânico de corda automática JLC 912
Funções: Horas, minutos, segundos, data, horas universais com
indicação da hora de Luanda, no lugar de Paris, e alarme com horas
e minutos
Caixa Ø 46,3mm: interior em titânio e exterior em platina, vidro em
safira, estanque até 100 metros. No fundo, encontra-se gravado o mapa
de Angola no qual será cravado um diamante no local de nascimento do
proprietário.
Bracelete: Pele de aligator em castanho com fecho de báscula em
platina personalizado com a gravação da assinatura do proprietário.
Modelo fornecido com uma segunda bracelete em cauchu com fivela
em platina.
Preço: € 36.900
Master Compressor Renascer
Movimento: Mecânico de corda automática JLC 912
Funções: Horas, minutos, segundos, data, horas universais com indica-
ção da hora de Luanda, no lugar de Paris, e alarme com horas
e minutos.
Caixa Ø 46,3mm: interior em titânio e exterior em ouro rosa de 18 qui-
lates, vidro em safira, estanque até 100 metros. No fundo, encontra-se
gravado o mapa de Angola no qual será cravado um diamante no local
de nascimento do proprietário.
Bracelete: Pele de aligator em castanho com fecho de báscula em ouro
rosa de 18 quilates personalizado com a gravação da assinatura do
proprietário. Modelo fornecido com uma segunda bracelete em cauchu
com fivela em ouro rosa de 18 quilates.
Preço: € 28.800
INOVAçãO
Texto Miguel Seabra, fotos Nuno Correia, La Chaux-de-Fonds
Força motriz
Parecia impossível, mas o delírio mecânico transformou-se em realidade – e o timing
não poderia ter sido mais perfeito, já que surge entre o 40.º aniversário do Monaco e
os 150 anos da TAG Heuer. O V4 passou finalmente de conceito a colecção, com a sua
audaciosa arquitectura motorizada e as suas revolucionárias correias de transmissão.
A primeira edição, limitada a 150 exemplares em platina, já está a ser comercializada.
Tudo começou com um inventor a espreitar debaixo do capot do
seu potente Maserati 3200GT. O relógio e o automóvel são dois
soberbos exemplos de engenharia mecânica e Jean-François
Ruchonnet está imerso nesses dois mundos paralelos. Sendo ele
um homem de imaginação galopante, logo pensou: «Quem me
dera meter a potência deste motor dentro de um relógio». E levou
a ideia adiante, apresentando o projecto à TAG Heuer – marca
para a qual já tinha concebido o cronógrafo de activação vertical
em homenagem ao Mercedes SLR.
O fascínio pela mecânica constitui precisamente a base cultural
e emocional para a multiplicação de associações entre as mais
prestigiadas empresas de relógios e de automóveis; na maior
parte dos casos, a partilha de assinaturas não passa de um
exercício de estilo ou de uma oportunidade comercial. No entanto,
existem casos em que as raízes comuns são bem mais profun-
das e as afinidades situam-se a um nível tecnológico; é nesses
casos que a interdisciplinaridade tem beneficiado sobremaneira a
indústria relojoeira. A TAG Heuer há muito que está intimamente
ligada ao universo motorizado nas mais diversas vertentes; com o
Monaco V4, intrinsecamente inspirado na mecânica automóvel, foi
mais longe do que alguém poderia supor.
Mecanismo de ruptura
De facto, quando o Monaco V4 foi apresentado na feira de
Basileia de 2004 como Concept Watch, não só concentrou
todas as atenções como também suscitou muito cepticismo: o
princípio constituía uma autêntica ruptura com a maneira tradi-
cional de conceber um mecanismo relojoeiro, já que substituía o
secular sistema de rodagens por um conjunto de 13 correias de
transmissão; até o rotor se afigurava diferente, adoptando uma
forma rectangular que se movia ao longo de uma cremalheira em
vez do tradicional segmento semicircular que roda à volta de um
eixo. O visual mecânico também se afigurava fascinante, com um
mostrador recortado e um fundo com quatro tambores de corda
montados numa platina em V.
Sete anos após o arranque do projecto, cinco anos após a reve-
lação pública do primeiro protótipo e dois anos após uma primeira
pré-série, o revolucionário relógio está no mercado. O facto de o
produto final de 2009 ser arquitecturalmente muito próximo do
Concept Watch de 2004 é um atestado à qualidade de designer
do visionário Jean-François Ruchonnet e à sistematização mecâni-
ca do mestre relojoeiro Philippe Dufour. Mas foi necessário investir
muitos anos e outros tantos milhões de euros numa missão que
chegou mesmo a fazer duvidar os responsáveis da TAG Heuer
e a colocar a reputação do presidente Jean-Christophe Babin
no cepo. O percurso desde a conceptualização à concretização
representou uma valente saga que assumiu contornos de calvário,
embora tenha valido a pena: o sucesso recompensa a marca com
um prodígio de micromecânica de alta relojoaria e o novo calibre,
protegido por duas patentes, servirá para lançar outras criações
inspiradas na nova tecnologia.
Será o abrir de uma Caixa de Pandora? O próprio mestre
Philippe Dufour confessou que «a invenção só foi possível porque
o Jean-François Ruchonnet não é um relojoeiro de base, estando
liberto das premissas tradicionais. O seu conceito abriu uma
porta nova; estou certo que o desenvolvimento do conceito irá
permitir novas funções e utilizações que nem imaginaríamos».
Stéphane Lindner, responsável de pesquisa, admitiu que «com a
crise económica global, o projecto esteve na corda bamba». Claro
que também houve muito brio por parte da equipa, determinada
a provar ao mundo que a loucura não era uma mera jogada de
marketing.
Correia de transmissão
Apesar da manutenção do look inicial, a parte mecânica teve
de ser totalmente repensada e até mesmo virada do avesso. O
principal problema relacionado com a demora residiu na concep-
ção de correias absolutamente fiáveis para o efeito pretendido: o
funcionamento sem mácula num mecanismo preciso e robusto.
Para isto tornou-se necessário integrar na equipa um especialista
do sector da aeronáutica militar, Guy Sémon (actual vice-presi-
dente do departamento de Ciência e Tecnologia da TAG Heuer),
e contratar um supercomputador durante dois dias para calcular
INOVAçãO
Em tons acinzentados de onde sobressaem os ponteiros azuis, o mostrador estru-turado deixa transparecer os prodígios da micromecânica. No fundo de três janelas, é possível contemplar a massa oscilante linear deslizante que sobe e desce ao longo de uma calha.
as mais de 17 000 equações e variáveis. Foi igualmente preciso
criar máquinas e ferramentas específicas. O objectivo foi logrado,
mesmo após incompatibilização entre Guy Sémon e Jean-François
Ruchonnet; para além das suas características únicas, o Mona-
co V4 é a primeira grande complicação relojoeira capaz de ser
utilizada em desportos radicais de exigências extremas: pode ser
submetido a choques de 5000G, sendo a resistência comprovada
deixando-se cair o relógio sobre um chão de pedra – ninguém se
atreveria a fazer o mesmo com uma grande complicação ‘normal’!
Relativamente ao Concept Watch de 2004, o produto final actual
apresenta menos correias – são cinco no total, três mais finas
(0,25 x 0,007 mm) que surgem visíveis juntamente com o sistema
de escape no mostrador e duas mais grossas (0,5 x 0,15 mm) que
se podem ver no fundo tripartido transparente. São nanocorreias
de transmissão mais delgadas do que cabelos e de perfil micros-
copicamente dentado, concebidas através de microinjecção a
elevadas temperaturas no único material à face da terra que servia
para o efeito (a poliptalamida: PPA) e cortadas por um laser frio (só
existem três do género). Essas correias são mesmo as mais finas
jamais feitas (dez vezes menos espessas do que qualquer outra)
e ainda incluem um fio de aço no interior para superior resistência:
são capazes de suportar pesos de 40 quilos!
As correias funcionam sob tensão nula sem lubrificação e propor-
cionam uma excelente transmissão de energia cinética, represen-
tando um corte epistemológico na história da relojoaria; mas a
sua afinação e inclusão no mecanismo necessitou de dezenas de
milhar de dias de cálculos matemáticos e físicos, simulações, re-
curso a tecnologia transversais a outras indústrias. Outra novidade
é a utilização de minúsculos rolamentos de esferas de cerâmica no
lugar de alguns rubis tradicionalmente usados em pontos estraté-
gicos para assegurar uma fricção mínima; apesar disso, o calibre
ainda contém um total de 48 rubis. A complexidade é tal que a
TAG Heuer tem a supervisionar a montagem alguém que já foi
considerado ‘Melhor Artesão de França’, o mestre Denis Badin!
Tecno-relojoaria
A estética do Monaco V4 é mais do que apelativa: é fascinante
– o relógio é todo ele design, com o seu visual ‘tecno-relojoeiro’
proporcionado pelo mostrador estruturado que deixa transparecer
os prodígios da micromecânica ao serviço do tempo e revela uma
ousadia digna do novo milénio; a tridimensionalidade do ‘motor de
corrida’ é maximizada pelas aberturas e pelo aturado trabalho de
anglage nas arestas das peças. Os tons acinzentados do mostra-
dor recortado e da caixa em platina 950 contrastam com os
INOVAçãO
ponteiros azuis das horas, minutos, pequenos segundos e reserva
de corda.
O fundo de três janelas também proporciona uma animação
diferente: uma massa oscilante linear deslizante, que se assemelha
ao pistão de um motor, sobe e desce ao longo de uma calha (em
vez do movimento circular dos habituais rotores) para fornecer
energia que é armazenada em quatro tambores de corda (daí o
nome V4; estão dispostos em séries de dois) com aspecto de
turbinas cilíndricas e inclinados a 13 graus. O rotor é um lingote de
tungsténio de 12 gramas; cada dupla de tambores acumula 450
gramas de potência e oferece 52 horas de reserva de corda.
O invólucro escolhido desde os primeiros tempos para albergar
tão ousado projecto foi inspirado na carismática estrutura quadri-
látera do Monaco original, cuja caixa já havia sido revolucionária
em 1969, mas estilizada segundo padrões mais contemporâneos
para acentuar o tom vanguardista. Como o presidente Jean-
Christophe Babin gosta de dizer, «o meu mote consiste em pegar
no melhor do passado, juntar-lhe o melhor do presente e ver onde
nos conduz o futuro». Enquanto se aguardam mais surpreen-
dentes novidades futuristas, o presente consiste numa prestigiada
edição limitada de 150 exemplares do Monaco V4 a um preço
unitário de 70 mil euros – outro recorde na história da TAG Heuer.
1. Guy Sémon, especialista do sector da aeronáutica militar e actual vice-presidente do departamento de Ciência e Tecnologia da TAG Heuer, foi convidado a integrar a equipa para a concepção de correias fiáveis e resistentes.
2. A massa oscilante linear assemelha-se ao pistão de um motor. O rotor é um lingote de tungsténio de 12 gramas, como se pode apreciar na imagem.
3. O V4 apresenta cinco correias no total: três mais finas (0,25 x 0,007 mm) e duas mais grossas (0,5 x 0,15 mm) concebidas em poliptalamida (PPA). Apesar de mais finas do que cabelos são capazes de suportar pesos de 40 quilos.
4. Para a concepção do V4 foi necessário contratar um super- -computador durante dois dias para calcular as mais de 17 000 equações e variáveis, bem com criar máquinas e ferramentas específicas. A sua montagem é de extrema complexidade e requer os melhores especialistas.
Texto Miguel Seabra, fotos Nuno Correia, Genève
PRODíGIO
Há relógios clássicos e há relógios desportivos – e há os clássicos desportivos.
O Centigraphe Souverain, mais uma obra-prima da autoria de François-Paul
Journe, é um clássico desportivo da era moderna que apresenta uma inovação
técnica extraordinária: trata-se de um cronógrafo mecânico que até é capaz de
medir o tempo de deslocação fulminante de um disco voador, se necessário.
É preciso recuar no tempo.«Em 1990 ou 1991, tinha como cliente um grande
matemático nova-iorquino», recorda François-Paul Journe. «Na altura, pediu-
me para fazer um cronógrafo de bolso exponencial – a ideia era que o ponteiro
dos segundos arrancasse depressa e depois desacelerasse. Segundo ele, com
as escalas logarítmicas poderíamos medir tanto a velocidade de um foguetão
como a de um caracol. Pensei no assunto, mas não fiz nada». Há uns anos,
um episódio fê-lo repensar no tema: «Em 2004, fui a Maranello para entregar o
cheque referente à venda de beneficência na Antiquorom do primeiro Vaga-
bondage que doei em benefício do ICM, o instituto que pesquisa as doenças do
cérebro e da medula espinal, e mergulhei um pouco naquele universo automó-
vel. Foi lá que encontrei o Jean pela primeira vez – ele já era cliente da marca
F.P. Journe, embora eu não o soubesse; quando regressei, recordei a ideia do
cronógrafo exponencial. Pensei que poderia resolver a questão com o recurso a
três ponteiros: um que faz uma volta num segundo, outro em vinte segundos e
outro em dez minutos».
Ovo de Colombo
A vertiginosa acção cronográfica do Centigraphe Souverain é desencadeada
por uma báscula ergonómica e patenteada que surge localizada na parte exte-
rior direita da caixa, às 2 horas; a báscula faz rodar uma roda de colunas que
accionam as alavancas para a sequência arranque/paragem/recolocação dos
ponteiros a zero. François-Paul Journe considera o sistema basculante mais
actualizado do que os tradicionais botões, herdados dos cronógrafos de bolso.
Este é um dos dois ‘ovos de Colombo’; o outro é referente à sagaz utilização do
taquímetro.
Os três totalizadores apresentam escalas de tempo (a vermelho) e escalas
taquimétricas (a preto) que se complementam para o estabelecimento dos
cálculos. As escalas taquimétricas convertem as unidades de tempo em veloci-
dades que vão dos 6 km/h (passo de marcha) até aos 360.000 km/h (mais do
que a primeira velocidade cósmica). Dos três acumuladores, aquele que prende
mais a atenção – pela vertiginosa acção do ponteiro – é o que está situado às
Laureado com o prémio de ‘Relógio do Ano’ no Grand Prix d’Horlogerie
de Genève, em 2008, o Centigraphe Souverain de François-Paul Journe
estabeleceu uma nova fronteira para a relojoaria mecânica: trata-se
de um super-cronógrafo capaz de cronometrar um objecto que se
desloque a 360.000 quilómetros por hora. não admira que o padrinho
seja Jean Todt, o recém-eleito patrão da Federação Internacional
Automóvel.
O Centigraphe Souverain é um cronógrafo de calibre monobloco – ou seja, a função cronográfica faz parte de um calibre integrado, contrastando com os inúmeros mecanismos de base que recebem um módulo cronográfico suplementar.
PRODíGIO
10 horas. O ponteiro fulminante dá, em 16 supetões, uma volta
completa em apenas um segundo; as fracções são calculadas
com a ajuda da escala dos centésimos de segundo e a escala
taquimétrica permite as tais cronometragens de objectos que se
desloquem a 360.000 quilómetros por hora (1/3000 da veloci-
dade da luz).
No totalizador das 2 horas, o ponteiro dá uma volta em 20
segundos numa escala dividida em segundos; nas duas escalas
taquimétricas, o círculo exterior indica as velocidades do número
ímpar dos segundos (um, três, cinco etc.) e o interior corresponde
aos segundos pares.
No totalizador das 6 horas, o terceiro ponteiro cronográfico
completa uma volta em dez minutos e tem uma escala taqui-
métrica semelhante, com as velocidades a corresponderem a
divisões de 20 segundos. Exemplo: um quilómetro percorrido em
três minutos e 40 segundos corresponde a uma velocidade de
16,4 km/h.
Agarrar o momento
O Centigraphe Souverain é um cronógrafo de calibre monobloco
– ou seja, a função cronográfica faz parte de um calibre inte-
grado, contrastando com os inúmeros mecanismos de base que
recebem um módulo cronográfico suplementar. A inovadora con-
figuração do calibre 1506, alvo de patente, permite isolar a função
cronográfica; o mecanismo é concebido de modo a não afectar a
amplitude do balanço (que apresenta uma frequência de 21.600
alternâncias/hora) graças a uma mola (ressort) que se desarma
dos dois lados: as rodagens do cronógrafo são desencadeadas
pela árvore do tambor, enquanto as rodagens do mecanismo
seguem o tambor – numa solução parecida com a que se pode
encontrar no Sonnerie Souverain.
O totalizador das centésimas de segundo e o dos 20 segundos
são conduzidos por duas rodagens que seguem em duas di-
recções a partir de uma roda intermediária accionada pela árvore
do tambor; uma rodagem separada, também accionada pela
árvore do tambor, activa o ponteiro cronográfico dos dez minutos.
A acção do ponteiro fulminante – ou foudroyante – do totalizador
das centésimas de segundo é tornada possível graças a um en-
genhoso sistema que converte um movimento lateral em vertical.
Como uma tal acção cronográfica requer maiores consumos
de energia, o tambor está equipado com um sistema de corda
suplementar para que a força motriz do mecanismo não seja in-
terrompida aquando do acto de fornecer corda manual. A reserva
de marcha do Centigraphe Souverain é de pelo menos 60 horas,
baixando a autonomia para as 30 horas se a função cronográfica
estiver em utilização contínua.
O sensacional cronógrafo (que, convém não esquecer, também
dá horas e minutos!) está disponível em caixas de platina ou ouro
rosa com 40 milímetros de diâmetro, e o mecanismo é maioritaria-
mente concebido em ouro, como todos os calibres de François-
Paul Journe. Para além das soluções técnicas inovadoras, o que
acaba por surpreender mais acaba por ser o preço (€ 40.360): con-
siderável, mas verdadeiramente ‘acessível’ em comparação com
muitas outras criações que têm surgido no mercado relojoeiro…
www.torresdistrib.com/relogios/francois-paul-journe
Totalizador de dez minutos
O ponteiro completa uma volta em dez minutos e tem
uma escala taquimétrica com velocidades a corres-
ponderem a divisões de 20 segundos. Exemplo: um
quilómetro percorrido em três minutos e 40 segundos
corresponde a uma velocidade de 16,4 km/h.
Totalizador de 1/100 de segundo
O ponteiro dá uma volta completa num
segundo; as fracções são calculadas
com a ajuda da escala dos centésimos
de segundo, e a escala taquimétrica
permite cronometragens de seis a
360.000 quilómetros por hora (1/3000
da velocidade da luz).
Totalizador de 20 segundos
O ponteiro dá uma volta em 20 segun-
dos numa escala dividida em segundos;
nas duas escalas taquimétricas, o
círculo exterior indica as velocidades do
número ímpar dos segundos (um, três,
cinco etc.) e o interior corresponde aos
segundos pares.
Franck Muller, Franck MulllerJosé Mourinho?Ao vivo, José Mourinho é muito mais hu-mano, não é que seja um homem antipático na televisão, mas ao vivo é mais verdadeiro e ele é como é, sem a pressão mediática que existe antes, durante e depois do jogo. Ele tem o sucesso que nós conhecemos porque tem personalidade e não se deixa manipular pelos outros. Faz as coisas como decidiu fazer para levar a equipa à vitória.Eu acompanho de perto o mundo do fute-bol, as equipas e os problemas inerentes às pessoas. Há uma diferença fundamental: eu domino a matéria que se deixa trabalhar, dominar, é uma questão de sabedoria. Ago-ra o ser humano é a matéria mais difícil de dominar porque tem espírito, tem raciocínio. São dois mundos diferentes, mas com similitudes, pois nada se faz de grande sem trabalho de equipa. Uma grande personali-dade portuguesa que prova que Portugal se mantém no topo da actualidade, das ciências, das artes e do futebol.
Jack Heuer, TAG HeuerMonaco?Estivemos durante anos a trabalhar na preparação do primeiro cronógrafo de corda automática do mundo e planeámos apresentá-lo em Março de 1969. Nos pre-parativos achámos que deveríamos ter um modelo com um novo look. Encontrámos um fabricante de caixas que tinha acabado de patentear uma forma de garantir a estanqueidade de caixas quadradas, o que era uma novidade. Negociámos e consegui-mos a exclusividade da caixa quadrada no negócio dos cronógrafos. Pensámos: se a caixa tem uma forma revolucionária, não vamos ser convencionais. Optámos por um mostrador azul com ponteiros vermelhos. Depois, era preciso encontrar um nome. No final dos anos 60, Monte-Carlo era o sítio onde desfilava a ‘beautiful people’. Já tínhamos o nome Monte-Carlo num modelo bem-sucedido, por isso, decidimos chamá-lo Monaco e ainda hoje é o nome perfeito que se adequa ao público que o usa.
Eric Loth, GrahamPortugal?Para mim Portugal tem algo de pessoal, porque é um lugar onde vou quase todos os anos de férias. Gosto do Algarve, gosto das pessoas, vocês têm imensos campos de golfe, a costa marítima é fantástica, a co-mida é fantástica, os vinhos são fantásticos - um em particular, o Pape é inacreditável, é óptimo. Isto tudo é Portugal. Tem algo de pessoal. O mercado obviamente é distante dos EUA ou Japão, mas é um mercado onde encontramos pessoas apaixonadas que respondem às nossas próprias paixões. Há uma diferença em termos de dimensão de mercado em relação a outros países, mas a qualidade das relações estabelecidas é também muito importante para o nosso aperfeiçoamento. É isto que eu encontro em Portugal: uma qualidade de relações que permitem à Graham evoluir. Mais do que umas férias, espero um dia poder desenvolver um evento lá, como um evento de competição automóvel...
ExCLuSIVO
Submetidos à questão
Philippe Merk, Audemars PiguetBolshoi?A plataforma ou vector de comunicação da Cultura e das Artes é algo que ainda não foi muito elaborado em termos da estratégia de patrocínios da Audemars Piguet, no en-tanto, penso que temos um grande interes-se em falar aos consumidores finais que se interessam por esta vertente. Esperamos e acreditamos que a nossa parceria com o Teatro Bolshoi não se sobreponha total-mente ao que já desenvolvemos no âmbito das plataformas desportivas. Nós vemos esta nova associação como uma sinergia, como um inteligente acréscimo ao que já temos e se eventualmente encontrarmos novos projectos noutros países, certamente que iremos reforçá-la.
Patrick Schwartz, Porsche DesignNovidades? Apresentamos o irmão do Indicator sob a forma de um modelo rattrapante, um cronógrafo com a função de ponteiro de recuperação. O que fizemos foi aproveitar a arquitectura proeminente do Indicator, que foi apresentado há quatro anos, para utilizar um novo relógio. E especialmente para o público português, os ponteiros apresentam as cores apropriadas... Em relação à linha FlatSix, o que fizemos foi usar cores mais frescas, sem exagerar, mantendo sempre o estilo da Porsche Design, no sentido em que a filosofia e a identidade corporativa da Porsche são habitualmente declina-das em cores mais escuras, titânio, uma estética negra recorrente. Mas utilizámos um mostrador branco pela primeira vez e até há uma versão com bracelete branca em cauchu.
Karl-Friedrich Scheufele, ChopardL.U.C.?Há dois anos que trabalhamos em projectos que tínhamos em carteira e um dos mais importantes foi industrializar de forma mais completa os nossos mecanismos e criar uma nova dimensão de produção. O último calibre L.U.C é um turbilhão com escape de silicium. Outro calibre é o do Lunar Big Date, diferente do Lunar One. Não tem um calendário perpétuo, mas um calendário com data maior num mostrador maior e com indicador das fases da Lua. Há tam-bém um novo cronógrafo – um Chrono One - que utiliza o mecanismo que apresentá-mos há dois anos, mas agora podemos produzi-lo em maiores quantidades e por isso criámos uma caixa em aço que o torna mais acessível. Estamos ainda a trabalhar num novo mecanismo que funciona à frequência de 72.000 alt./hora, duas vezes e meia mais elevada relativamente a um mecanismo normal. É nisto que estamos a trabalhar tendo em vista o próximo ano.
AVENTuRA
Estado puroA conquista do Pico Antoine LeCoultre nos
Himalaias é o resultado de uma expedição
inédita patrocinada pela Grande Maison.
A Jaeger-LeCoultre aventurou-se por caminhos nunca antes desbravados, ao
patrocinar uma expedição aos Himalaias que culminou com a conquista de um
pico virgem de 6.586 metros da poderosa cadeia montanhosa. Baptizado An-
toine LeCoultre, em homenagem às origens da marca, o Pico foi alcançado por
uma equipa de três conceituados alpinistas – o guia suíço Stéphane Schaffter
e os alpinistas Apa Sherpa e Little Karim. «Este pico exigiu-nos uma técnica de
escalada extremamente delicada», referiu Schaffter.
Para esta façanha, a marca suíça disponibilizou três relógios concebidos para
resistir a condições extremas: um Master Compressor Extreme LAB, um 1958
Geophysic Chronometer e uma terceira criação que será revelada em Janeiro de
2010, no Salão Internacional de Alta Relojoaria (SIHH), em Genebra.
Para a Grande Maison «num mundo onde às vezes tudo parece já ter sido
descoberto, conquistar uma montanha virgem é um feito comparável às famosas
expedições de meados do século XX que pretendiam conquistar os picos mais
altos, uns atrás dos outros».
www.jaeger-lecoultre.com
Sites, blogues, fóruns, redes sociais: a Internet é cada
vez mais um ponto de encontro para os aficionados da
relojoaria e com apenas alguns cliques descobrem-se
novidades e espaços realmente interessantes. Uma
breve recolha de curiosidades do mundo virtual que
nos chamaram a atenção pelo modo como descobrem
a relojoaria. A não perder.
Surf’n tell
http://thesartorialist.blogspot.com/
Scott Shuman viveu durante anos o mundo da moda, conquis-
tando uma posição de destaque junto dos nomes mais reconhe-
cidos. Esta vivência levou-o a concluir que as criações de moda
nem sempre vão ao encontro do que as pessoas reais tendem a
usar. Outra ideia surgiu. Encontrar nos transeuntes do dia-a-dia
um toque fashion, tirar umas fotos e publicar num blogue. Todos
os dias há uma foto nova. Nós adoramos este espaço e mais
ainda quando descobrimos um curioso look complementado
com um Royal Oak Offshore da Audemars Piguet. Uma ideia
genial que se tornou um sucesso.iJaeger-LeCoultreA Jaeger-LeCoultre lançou, de forma inédita e em
colaboração com a Phonevalley, uma escola de
relojoaria através de uma aplicação para o iPhone
que pode ser descarreagada a partir do site da
Apple. A ideia é simples: um convite à descoberta
das criações da Grande Maison e que permite aos
utilizadores uma iniciação aos conhecimentos bási-
cos e técnicos da relojoaria. Quem tiver um I-Phone
vai poder explorar as etapas da construção de um
relógio, ter acesso a um dicionário relojoeiro e ter
aulas práticas de relojoaria com um simples toque
no écran. Estas são apenas algumas das múltiplas
possiblidades.
INTERNET
Os conceitos Oyster e Perpetual
A Rolex sempre foi a responsável pela concepção
e montagem dos seus calibres. Fundada no início
do século XX por Hans Wilsdorf, a companhia foi a
primeira a ostentar um certificado de cronómetro de
primeira classe atribuído a um relógio de pulso. Em
1926, o Oyster garantiu-lhe a sua firmada posição,
por estar ligado a patentes de estanqueidade,
nomeadamente o sistema Triplock que encerrava a
caixa por meio da coroa de rosca. Mas o relógio era
inviolável apenas quando a coroa estivesse apara-
fusada; para evitar problemas decorrentes do puxar
da coroa para o fornecimento de corda manual, a
marca investiu no desenvolvimento de um mecanis-
mo com rotor que dava automaticamente corda
ao relógio graças ao movimento de braço. Apre-
sentado em 1931 e denominado Perpetual, foi um
sucesso – e contribuiu para a adopção dos meca-
nismos automáticos por parte da indústria relojo-
eira. Actualmente, a Rolex lidera a lista de marcas
com calibres automáticos certificados pelo Controlo
Oficial Suíço de Cronómetros; tecnologias paten-
teadas, como a espiral antimagnética Parachrom,
são exemplos de como a fiabilidade do mecanismo
está em primeiro lugar.
Bracelete: conforto e resistência
A bracelete é outro dos elementos de estilo que
fazem parte da incomparável reputação da Rolex e
nunca foi encarada pela marca como um acessório
complementar – mas sim como parte integrante
e fundamental do relógio. Solidamente anexada à
caixa e com elos entrelaçados de modo a não se
verificar qualquer ruptura, foi também desenvolvida
de maneira a assegurar o máximo conforto.
O segredo está no sistema de extensão patenteado
Easylink; nos modelos da linha Professional, como
o Sea-Dweller, a extensão é complementada pelo
fecho Glidelock que alarga até 18 mm. Nos últimos
anos, e novamente sem qualquer mudança visível,
a Rolex passou a utilizar elos maciços.
Por Cesarina Sousa
As coroas da Rolex
A Rolex surpreende pela sua forma de evolução
gradual, mas imperceptível, desde 1905. O seu
segredo não está em rupturas ou no desenvol-
vimento de grandes complicações, mas antes
na fidelidade à própria matriz. O objectivo é a
perfeição por trás da discreta inovação – uma
premissa assente em aspectos incontornáveis
que fazem da Rolex uma referência da relojoaria.
Como continuar quando se atinge o estado máximo de
evolução? Para a Rolex, a resposta é simples: esta-
belece-se num novo patamar de perfeição.
Em vez de prosseguir na busca de radicais mudan-
ças, a marca aceitou sem dramas a maturidade alcan-
çada nos primeiros tempos e optou por permanecer
fiel à respectiva forma de representar o tempo – tanto
estética quanto tecnicamente. O resultado é uma legião
de seguidores e uma inequívoca fama que vai muito
além do grupo de conhecedores e aficionados de relo-
joaria. Paradoxalmente, a excelência da Rolex constrói-
se de forma discreta. Na sua estética, cada modelo
distingue-se claramente no seio de outras marcas pelas
linhas consagradas, mas, por trás de um aparente
conservadorismo, descobre-se a preocupação absoluta
com aspectos inovadores e inéditos, tanto na criteriosa
selecção dos materiais, como no exímio aperfeiçoa-
mento de tecnologias ou na simplicidade de soluções.
Além disso, a marca submete os relógios a rigorosos
testes que incidem sobre os diferentes componentes e
as diferentes etapas, bem como sobre o produto final –
assegurando a perfeita funcionalidade e legibilidade nas
mais diversas e extremas condições.
Os conceitos Oyster e Perpetual são pilares incon-
tornáveis. No modus operandi da marca, há três ver-
tentes que se destacam – três coroas preponderantes
no reinado da Rolex.
Excelência dos materiais
Os relógios Rolex são concebidos em materiais do
mais alto nível e alguns deles sujeitos a patente,
como o prova o Everose, uma liga de ouro rosa
com platina desenvolvida pela marca, que garante
que a cor não vai desaparecendo com o tempo.
Outra combinação metálica especial: o Rolesium,
complemento de aço e platina presente no Yacht-
-Master. Para as caixas em aço, a Rolex é a única
marca de relojoaria a seleccionar o 904 L pela
sua elevada resistência e facilidade de polimento.
Trata-se de um aço inoxidável de grande qualidade,
geralmente utilizado na indústria química. Já nas
lunetas da linha Professional, é utilizada a cerâmica
– que, através de um sistema patenteado de
sobreaquecimento, garante uma elevada resistência
em qualquer circunstância. A marca assegura
que são necessárias mais de 40 horas para criar
cada luneta.
PRESTíGIO
A marca suíça de Le Brassus, a mais antiga ainda
na posse das famílias fundadoras, marcou a última
década pela sua ousadia. As duas vitoriosas
participações na America’s Cup com o barco suíço
Alinghi serviram de catalisadores para a afirmação
de uma colecção arrojada, baseada nos Royal Oak
OffShore. Os engenheiros de Le Brassus têm apre-
sentado modelos com medidas, design, tecnologias
ou ligas cada vez mais vanguardistas. Um universo
distante da realidade dos apreciadores de música
clássica. Philippe Merk, CEO da Manufactura suíça,
esclarece: «A ímpar notoriedade do Bolshoi apoia-se
em fundamentos próximos dos nossos: criatividade
artística, excelência e rigor dos seus artistas».
Uma visita aos bastidores do Teatro Bolshoi
(literalmente, o ‘Grande Teatro’), fundado por um
decreto de Catarina II em 1776, convenceria os
mais cépticos. Os números impressionam: perto
de 3000 funcionários, entre os quais 500 bailarinas,
trabalham diariamente para que a magia do Teatro
Bolshoi se possa repetir a cada noite. A diversida-
de da programação implica uma logística muito
‘oleada’, já que uma obra raramente será repre-
sentada dois dias seguidos: ao Madame Butterfly,
no dia 2 de Novembro, seguiu-se Giselle, no dia 3
de Novembro, Spartacus, no dia 4, e Macbeth, no
dia 7! Mais: durante o mês de Novembro, o Teatro
encerra apenas três dias (6, 12 e 19)!
Anatoly Iksanov, director-geral do Teatro, afirma
que «Bolshoi não é um museu» e explica a proximi-
dade entre o histórico Teatro russo e a Audemars
Piguet: «as nossas duas companhias estão muito
próximas: a dedicação aos clássicos e a busca de
novas formas num mundo em constante mudança».
Quando perguntamos mais detalhes sobre o valor
da parceria e o uso deste valor, o director parece
um pouco mais evasivo. Pudor e discrição para uma
parceria que permitirá a Audemars Piguet criar laços
emocionais (e comerciais!) com o mercado russo; e,
ao mesmo tempo, apoiar a organização colossal do
Teatro, bem como a riqueza da sua programação.
Alguns minutos antes de se levantar o pano para
a estreia de 2009/2010 – com O Lago dos Cisnes
– misturam-se as imagens da nossa visita aos bas-
tidores: corredores e escadas ao estilo espartano
do antigo regime, vastos cofres para arrumar todos
os vestidos, salas de maquilhagem, barras para o
último aquecimento antes de entrar em palco, e uns
espaços laterais ao palco relativamente reduzidos,
dado o número impressionante de bailarinas que
entram e saem constantemente durante uma repre-
sentação.
No dia seguinte, no fim da conferência de
imprensa dada no próprio átrio do Teatro Bolshoi,
Svetlana Zakharova, a primeira bailarina do Teatro,
não esconde a sua satisfação em ter celebrado uma
parceria de três anos com a marca de Le Brassus.
«Justifica todos os meus anos de barra», refere.
Quanto a Portugal, não rejeita a ideia de representar:
«estou actualmente com uma agenda muito com-
plicada (NDR: a bailarina, além do Teatro Bolshoi,
tem a sua própria companhia e vai, por exemplo,
representar O Lago dos Cisnes em Roma, no início
de Dezembro), mas gostava muito de conhecer
Portugal». Talvez para a celebração dos 100 anos
da República, em 2010!
Vídeo em www.espiral.tv
Por Hubert de Haro, Moscovo
Bons baisers de Russie
Poderia começar com uma pergunta: o que têm
em comum o actual governador da Califórnia,
Arnold Schwarzenegger, o piloto de Fórmula
1 Rubens Barrichello e a bailarina Svetlana
Zakharova, estrela do Teatro Bolshoi?
Resposta: Audemars Piguet.
PARCERIA
EMBAIxADORA
Como é para si estar em palco?
Para mim, estar em palco, dançar em palco, é uma espécie de revelação. São todas as emoções que eu
guardo e sacrifico. Em palco, eu sinto-me emocionada e é algo que me dá realmente muita energia. Eu
perco muita energia, mas também recebo muita energia. É como uma revelação. Quando danço, quando
estou em palco, sinto emoções realmente muito fortes.
Em relação às sapatilhas...
É claro que, comparando as sapatilhas de hoje com as das bailarinas do século passado, nota-se uma
grande diferença. Agora temos sapatilhas muito mais confortáveis e uma série de produtos para cuidarmos
dos nossos pés. Mas também depende do piso: se o piso for demasiado duro, é um pouco doloroso dan-
çar. Mas hoje existem pisos especiais, como no Japão, eles fazem-no de uma forma diferente e acaba por
não ser tão doloroso.
Gostaria de visitar a manufactura da Audemars Piguet?
É claro que num futuro próximo eu gostaria de visitar a fábrica da Audemars Piguet e ver com os meus
próprios olhos como toda a concepção de relógios se desenrola. Estou muito curiosa. E uma outra coisa:
há muito que eu gostaria de levar a minha performance à Suíça, de dançar lá e de levar parte do meu cora-
ção a esse país.
Já pensou ir a Portugal num futuro próximo?
Infelizmente, o meu futuro próximo já está agendado. Para o próximo ano, Portugal não está incluído, mas,
se houver alguma proposta e ofertas ou alguma ocasião, adoraria ir.
Vídeo em www.espiral.tv
Em bicos de pésSvetlana Zakharova é a nova embaixadora da Audemars Piguet. Prima
bailarina do Ballet e Opera Bolshoi é reconhecida internacionalmente
como um dos grandes nomes do bailado do nosso século. Uma aposta
requintadamente seleccionada que reflecte todo o rigor e excelência
da manufactura de Le Brassus. Em exclusivo para a Espiral do Tempo,
Svetlana revelou-se...
ExPOSIçãO
O mestre François-Paul Journe abriu, este Verão, as portas da sua manufactura ao público com a exposição
‘Instrumentos antigos de relojoaria’, uma oportunidade rara para apreciar um leque diverso de ferramentas e
aparelhos dos séculos XVIII, XIX e XX utilizados para a concepção de relógios.
Entre as cerca de 50 peças expostas encontraram-se máquinas para fazer decoração guilloché de mostra-
dores e caixas, máquinas para tornear pivôs, aparelhos para concepção e montagem de escapes, fresado-
ras, ferramentas como buris, bem como peças de mobiliário e mostradores de grande dimensão do século
XVIII. Todos objectos provenientes do acervo de Giuseppe Votano, um coleccionador residente em Tramelan,
na Suíça.
Não é a primeira vez que François-Paul Journe promove uma exposição nas próprias instalações da sua
marca. Ao longo dos tempos, o mestre marselhês tem reafirmado o seu interesse em contribuir para um
melhor conhecimento da história da relojoaria em geral, sempre com o objectivo de salientar a importância
dos valores fundamentais da alta-relojoaria como elo de ligação entre o passado, o presente e o futuro.
Em 2007, o público tinha sido presenteado com a exposição ‘Steel Time’, uma colecção de relógios em
aço, e entre Janeiro e Fevereiro deste ano, a exposição ‘Obras Primas da relojoaria francesa’ divulgou um
conjunto de 12 pêndulos de grandes mestres relojoeiros franceses dos séculos XVIII e XIX, seleccionados da
colecção do italiano Ausano Musa. Já a exposição ‘Instrumentos antigos de relojoaria’ esteve patente
ao público entre 1 de Julho e 30 de Outubro.
Instrumentos antigos de relojoaria
ExPOSIçãO
Deve-se a Galileu a declaração de 2009 como Ano Internacional
da Astronomia. É claro que ao famoso cientista de Pisa devemos
muito mais, não tivesse tido sido ele o primeiro a utilizar o telescó-
pio para observar os céus e a considerá-lo um instrumento de
grande potencial científico, que nos ofereceu uma nova realidade
do universo. Contam-se agora precisamente 400 anos desde
as primeiras observações de Galileu através das lentes de um
telescópio e, daí em diante tudo mudou. O poeta António Gedeão
agradeceu-lhe a inteligência e os esclarecimentos, e todos nós o
deveríamos fazer a cada dia que passa.
Galileu Galilei ouviu falar do telescópio em 1608: um tubo
com duas lentes nas extremidades que tinha sido inventado na
Holanda. Na altura, o instrumento chegou mesmo a ser visto mais
como objecto militar, mas o cientista, então professor da Universi-
dade de Pádua, dedicou-se ao seu aperfeiçoamento de maneira
a melhorar a nitidez das imagens e a capacidade de aproxima-
ção. No Outono de 1609, os seus olhos voltaram-se para os
céus como se tivessem poderes mágicos: os corpos celestes já
conhecidos podiam ser contemplados em grande pormenor e
revelaram aspectos nunca antes observáveis.
Galileu foi o primeiro ser humano a descobrir a Via Láctea
enquanto conjunto infinito de estrelas, a aperceber-se da irre-
gularidade da superfície lunar, a destacar manchas solares e a
aperceber-se das fases de Vénus. Deitou por água abaixo cren-
ças e verdades ancestrais, conseguindo evidências que vieram
comprovar a teoria heliocêntrica do polaco Nicolau Copérnico.
Desde então, o telescópio passou a ser uma ferramenta essencial
para o conhecimento astronómico.
A importância do telescópio está na base da exposição ‘O
Te les cópio de Galileu – O instrumento que mudou o mundo’,
patente no Museu Nobel, em Estocolmo, e desenvolvida pelo
Museu de História da Ciência de Florença.
Inaugurada a 10 de Outubro, a exposição é patrocinada pela
Panerai e inclui um dos dois únicos telescópios de Galileu que
sobreviveram à passagem do tempo, além de réplicas e docu-
mentos de grande valor.
Entre os objectos apresentados, encontra-se o Jupiterium –
um instrumento mecânico que revela a posição das estrelas, do
Sol, da Lua e de Júpiter sob o ponto de vista de um observador
na Terra. Ao centro, a Terra, e todos os outros corpos celestes
circulam em seu redor. O sistema do planeta Júpiter inclui as qua-
tro Luas de Galileu, os primeiros satélites do planeta que foram
descobertos precisamente pelo famoso cientista: Io, Europa,
Ganímedes e Calisto.
Por Cesarina Sousa
E o mundo mudou
A importância do telescópio está na base da exposição ‘O Telescópio de Galileu – O instrumento
que mudou o mundo’, patente no Museu Nobel, em Estocolmo. A Panerai é patrocinadora oficial.
À esquerda, o Jupiterium, concebido pela Panerai, instrumento que revela a posição das estrelas do ponto de vista do observador na Terra. À direita, um dos telescópios de Galileu que chegaram até aos nossos dias.
As novas instalações da Audemars Piguet integram-se perfeitamente na paisagem envolvente, seguindo as exigências do selo Minergie-ECO. A ribeira de Le Brassus foi revitalizada, no âmbito do projecto, fluindo agora no seu curso original.
Por Cesarina Sousa
Nem sempre a incursão por caminhos ecológicos se revela uma escolha fácil, como
o prova o selo Minergie-ECO® que grifa as novas instalações da Audemars Piguet.
E, neste caso, o fim justificou os meios, ou não fossem os colaboradores os principais
beneficiados pelas medidas tomadas. Jasmine Audemars explica as vantagens desta
edificação industrial pioneira na Suíça.
Energias renováveis:Recomendadas
Necessidades energéticaspara aquecimento:90% do valor limite SIA 380/1:2009
Estanquidade ao ar:Boa
Isolamento térmico:20 a 25 cm
Vidros isolantes:Duplos
Distribuição de calor:Distribuição convencional
Electrodomésticos de classe A:Recomendados
Ventilação suave e automática:Exigida
Necessidade de potência térmica:Sem exigência
Índice ponderado de gastode energia térmica
Standad Minergie
ECO ATITuDE
ECO ATITuDE
A Audemars Piguet é pioneira na escolha do Minergie-ECO® para um edifício industrial. Na verdade, o selo tem sido utilizado mais em edificações particulares ou administrativas, caso do edifício da UEFA, principalmente nos países do Norte da Europa.
O momento económico pouco favorável que também na relo-
joaria se tem vindo a sentir não foi razão para deixar ir por água
abaixo a inauguração das novas instalações da Audemars Piguet,
Manufacture des Forges, em Le Brassus. Se as portas se abriram
no mês de Agosto, a primeira pedra foi lançada em 2007, numa
cerimónia marcada pelo encerramento de um Audemars Piguet
Royal Oak no terreno de construção. Semente que marcou a
história da manufactura, do relógio não nasceu uma árvore,
nasceu antes uma edificação de linhas modernas certificada pelo
selo suíço de construção Minergie-ECO®: «A Audemars Piguet
era, em 2005, a primeira empresa a visar este selo, então em fase
de teste», esclarece Jasmine Audemars, «em 2009, a manufactu-
ra des Forges é o primeiro – e único – edifício industrial certificado
na Suíça».
Minergie – ECO®
Criado em 1998, «o selo Minergie garante que um edifício cer-
tificado oferece conforto acima da média, com menos 60 % de
consumo energético face a um edifício convencional», esclarece
a entidade responsável. Trata-se de uma construção enquanto
sistema ancorado num excelente isolamento térmico, numa venti-
lação suave e automática e em sistemas de aquecimento/arrefe-
cimento eficazes, adaptados ao ambiente. O desenvolvimento do
conceito levou à oficialização, em 2007, do selo Minergie-ECO®
que, segundo a Audemars Piguet, «comporta ainda mais exigên-
cias, incluindo a selecção de materiais isentos de substâncias
nocivas para a saúde dos utilizadores e para o ambiente». Em
traços gerais, os edifícios Minergie-ECO® reúnem uma série de
condições minuciosas bem ao gosto da relojoaria que assentam
em aspectos como iluminação natural, preocupação com o ruído,
qualidade do ar interior e recurso a energias renováveis.
Um desafio à altura
A opção pelo selo Minergie-ECO® deixa antever uma jornada
rigorosa com constantes processos de avaliação, desde os pro-
jectos iniciais até à conclusão efectiva do edifício. Uma vez que
as despesas gerais foram apenas cerca de 5 % superiores às de
um edifício convencional, para a manufactura o grande desafio
acabou por não ser financeiro. Já a pesquisa de soluções origi-
nais e respeitadoras dos critérios exigidos pôs mesmo à prova a
comissão de construção, a Fundação Audemars Piguet e o gabi-
nete de engenheiros, que, em estreita colaboração, garantiram o
sucesso de projecto.
Sistema de aquecimento
O selo Minergie-ECO® exige sistemas não poluentes de aque-
cimento devido ao reforço do isolamento térmico, o que levou
à concepção, em parceria com a comunidade envolvente, uma
central de aquecimento em madeira de grande capacidade. De
parte ficou a ideia de uma central exclusiva para a manufactura:
«Neste momento», explica J. Audemars, «a central fornece a
energia a edifícios privados e públicos equivalente a 100 casas.
Toda a aldeia beneficia da diminuição de emissões de CO2». Por
outro lado, o sistema de arrefecimento ignora a climatização e
recorre ao ar exterior, aproveitando as condições climatéricas de
Vallée de Joux.
Conforto e integração
Com 12.000m2 e com arquitectura inspirada nas antigas fazen-
das da aldeia, o edifício integra-se perfeitamente no ambiente em
que está inserido. A divisão do interior em três zonas de acordo
com as etapas de produção, bem como as janelas que possi-
bi litam excelente iluminação natural, garantem o conforto dos
cerca de 300 colaboradores. No exterior, os jardins completam o
cenário, sem esquecer a revitalização da ribeira de Le Brassus.
Materiais
A testagem de materiais foi mais um obstáculo imposto pelo
elevado nível de exigência. «Quando a comissão de construção
começou o seu trabalho, não existiam revestimentos de piso que
satisfizessem as exigências ecológicas e que fossem resistentes
aos produtos utilizados nos ateliers e ao peso das máquinas.
Testaram-se numerosas substâncias». Assim nasceu um edifício
com parquets de madeira certificada FSC® (Forest Stewardship
Council), com fibrocimento nas fachadas, com alumínio anodiza-
do nos caixilhos dos vidros, com tintas à base de água, materiais
isentos de substâncias nocivas para a saúde dos colaboradores.
Soluções tecnológicas
A aplicação do princípio de protecção das instalações eléctricas e
de instalação das telecomunicações exigiu um estudo do controlo
das fontes dos campos magnéticos. «O sistema inovador de tele-
comunicações e da rede informática interna reduziu os campos
electromagnéticos para níveis particularmente baixos», enuncia
J. Audemars. De forma surpreendente, as medições efectuadas
garantem que os campos não ultrapassam os 0,112 volt por
metro, quando as normas suíças admitem 4 volts por metro.
A Audemars Piguet é pioneira na escolha do Minergie-ECO®
para um edifício industrial. Na verdade, o selo tem sido utilizado
mais em edificações particulares ou administrativas, caso do
edifício da UEFA, principalmente nos países do Norte da Europa.
O alargamento das instalações da Jaeger-LeCoultre segue pre-
cisamente os passos da Audemars Piguet.
E o futuro, o que poderá trazer de novo? Com a certeza
transmitida por um estudo académico suíço, a Audemars Piguet
«está no bom caminho». Agora, as etapas seguintes passam pela
«modernização de edifícios antigos e pela redução das desloca-
ções profissionais», explica a bisneta de um dos fundadores da
manufactura. Para a sede está prevista a criação de um sistema
de teleconferências que permite reuniões à distância.
Texto completo em www.espiraldotempo.com
A função do Sagres, qual é?
Tem muitas funções. Primeiro, o treino dos futuros oficiais da Marinha Portu-
guesa, complementando os estudos da Escola Naval. Mas sendo o navio que
é, tem um enorme apreço das comunidades portuguesas espalhadas pelo
mundo. O apoio à política externa do Estado é outra das suas funções. Exem-
plos recentes: na Cimeira Luso-Brasileira o primeiro-ministro de Portugal rece-
beu a bordo da Sagres o presidente do Brasil. É muito diferente de recebê-lo na
embaixada, ou noutro local. Este ano, no Portuguese National Day das Nações
Unidas, Portugal convidou todas as delegações da ONU para uma recepção a
bordo da Sagres. Foi importante, porque Portugal está a candidatar-se a mem-
bro não-permanente do Conselho de Segurança, e orgulhamo-nos de participar
nestas acções de charme. Também temos uma missão cultural, já que a nossa
presença desperta interesse pela cultura de Portugal onde quer que estejamos.
E enquanto embaixada itinerante de Portugal, também nos inserimos na nova
estratégia de diplomacia económica que se tem vindo a desenvolver, dando
possibilidade a empresas portuguesas de apresentarem os seus produtos ou
serviços a bordo da Sagres. Outra coisa que está nas atribuições da Sagres é
o intercâmbio entre marinhas amigas. Acolhemos frequentemente alunos de
outras escolas navais.
Reparei que diz a Sagres e não o Sagres. Como é que é afinal?
Na realidade, trata-se de um navio, mas como veleiro a sua armação vélica é de
barca. Daí que os que lidam com ela a tratam no feminino. Os ingleses tratam
todos os navios por “she”. Costumamos dizer que, tal como as mulheres, os
navios e sobretudo os veleiros, têm vontade própria durante as manobras.
O nRP (navio da República Portuguesa) Sagres é um navio emblemático
para várias gerações de marinheiros e oficiais da Marinha Portuguesa
e para muitos portugueses que o têm como última referência da saga
portuguesa pelos mares do mundo. Mas o navio-escola Sagres é
muito mais do que isso, como ficámos a saber pelo seu comandante, o
Capitão-de-fragata Proença Mendes - ele próprio, nascido em Angola,
um filho da epopeia lusa. O pretexto para a conversa foi o lançamento
de uma edição numerada da marca suíça Fortis que homenageia todos
os que passa ram ou venham a passar por este belíssimo veleiro.
Entrevista Paulo Costa Dias, fotos Nuno Correia, Arsenal do Alfeite
ENTREVISTA
Um comandante da Sagres é muito mais que um eximio marinheiro. É também um líder, um professor, um amigo, um diplo-mata, ou um relações públicas. E é também uma excelente imagem de Portugal.
O comandante Proença Mendes ostenta o seu Fortis N.R.P. Sagres.
ENTREVISTA
Com a capacidade tecnológica que hoje existe, continua
a fazer sentido formar oficiais num veleiro? Até que ponto
os actuais navios de guerra não estão projectados para
tornear qualquer eventualidade?
Devo dizer-lhe que até há 20 anos a vantagem destes navios era
ser uma forma económica de formar oficiais. Nos navios ‘Playsta-
tion’, como lhes chamo, pensa-se que a linha mais curta entre
dois pontos é a recta. Ignora-se o estado do mar, a meteoro-
logia e sacrificam-se as guarnições (pessoal) e as plataformas
(navios). Com um veleiro, demonstramos que podemos ir de A
para B usando o mar e o tempo a nosso favor, não sacrificando
a guarnição e a plataforma. De tal forma que as marinhas que
abandonaram estes navios estão a recuperá-los e estão mesmo a
construir-se novos.
Por outro lado, é uma escola de líderes. Trata-se de muito mais
do que da questão da aprendizagem da meteorologia, das ondas
ou das correntes e marés. Isto é fantástico para treino de lideran-
ça. Há muitas escolas de líderes que inventam exerciciozinhos
mas aqui toda a actividade pressupõe liderança, até o simples
caçar de uma vela é uma tarefa que envolve muitas pessoas. Um
navio destes permite ao cadete adquirir essas competências e
permite-nos, a nós, avaliá-lo e ver a sua evolução. Porque forma-
ção sem avaliação não é formação.
O que resta da imagem do ‘velho lobo do mar’, tipo Capitão
Haddock, usando aqueles termos vernáculos que habitual-
mente se atribuem aos marinheiros?
Os termos vernáculos acabaram. (sorriso) Felizmente, a Marinha
já tem senhoras oficiais e cadetes e isso forçou a alteração
dessa imagem e do comportamento a bordo. Os marinheiros
começaram a vestir-se melhor, a ter mais cuidado com a lingua-
gem e com a aparência.
Cada peça de um relógio tem de funcionar bem, tem de
estar oleada, tem de encaixar na perfeição, para que o todo
funcione. Também é assim com a Sagres?
Não pode ser de outra maneira. Este será dos navios com mais
mão-de-obra. Há manobras em que utilizo 150 pessoas em si-
multâneo. Numa delas, tiramos as velas todas ao mesmo tempo.
Demora um minuto a recolher uma vela e nesse minuto temos de
recolhê-las todas, que são 23. Quando entro num porto quero
mostrar as velas e vou até ao limite de segurança, porque as pes-
soas gostam de ver o navio assim. Levo a guarnição em postos
de faina de mastros e, quando chega a altura, é um espectáculo
ver 150 ou 160 pessoas a arrear velas. Como costumo dizer, para
que tudo corra bem são precisas 200 pessoas, mas para correr
mal basta uma.
Não só a bordo. Uma postura descuidada em terra põe em
causa o navio e o país. Estamos sempre a ser escrutinados.
Isso há-de criar um enorme sentido de equipa, de unidade.
A edição deste relógio pretende comemorar e celebrar esse
espírito. Consegue fazê-lo?
Este navio dá muito trabalho. Após cada missão temos de o
descascar e renovar para ele estar a brilhar durante a missão
seguinte. Por outro lado, vamos nele a sítios onde as pessoas
‘normais’ não vão. Este navio proporciona experiências de vida
únicas a quem alguma vez o acompanhe. Fazemos missões
longas, enfrentamos juntos tempestades e momentos de prazer,
partilhamos muito das nossas vidas. Tudo isto num espaço limi-
tado. Este trabalho todo e as possibilidades que o navio nos dá
criam uma paixão por ele. Ainda este ano tive a bordo, nos EUA,
antigos marinheiros da Sagres que voltam sempre que podem.
Choram e revivem os seus tempos. Por isso, o comando deste
navio há muito que o tem sempre aberto para estes camaradas e
preocupa-se com eles, com os que estão ainda na Marinha, mas
também com os que já saíram.
Ora, faltava-nos um objecto que simbolizasse essa relação com
o navio. Depois de várias discussões, chegámos ao relógio como
objecto ideal, pela fácil associação entre cada peça de um relógio
e cada elemento deste navio. Se as 200 pessoas a bordo, num
espaço tão exíguo e com tarefas tão exigentes, não funcionarem
como um relógio, é uma confusão. Temos de ter mecanismos de
funcionamento bem oleados, bem treinados e que funcionem.
Mas digo muitas vezes aos elementos da guarnição: «Estás aqui,
vais trabalhar muito, mas nunca te esqueças de tirar gozo desta
passagem pela Sagres». Este relógio simboliza tudo isso.
E há ainda que ter em conta que o relógio está intimamente
ligado aos navios e à navegação marítima. Foi a necessidade
de um elevado rigor na medição do tempo para a determinação
da posição através dos astros que levou a que surgissem vários
incentivos para o desenvolvimento destas complexas máquinas.
Nós na Marinha chamamos cronómetros aos relógios rigorosos
que usamos na navegação astronómica.
Vocês são legítimos herdeiros daquilo que faz parte do
nosso imaginário, a grande gesta marítima dos Descobri-
mentos. Qual é a importância do mar, hoje, para Portugal?
Toda. Portugal está a investir imenso na extensão da plataforma
continental, porque é no mar que estão muitas das riquezas do
presente, mas sobretudo as do futuro. Também o turismo de mar,
as energias alternativas e as culturas marinhas são apostas de
futuro.
Há ainda a questão estratégica, pois Portugal está num ponto
charneira da passagem do Mediterrâneo e de África para o Norte
da Europa. Além disso, temos os nossos arquipélagos. E não
sabemos tudo isto de agora. Há 600 anos que sabemos qual o
potencial do mar e a nossa posição em relação a ele.
Os portugueses mostraram-se ao mundo através do mar,
através de veleiros. E somos naturalmente herdeiros dessa
tradição. Transportamos a imagem do Infante D. Henrique como
figura de proa e tentamos honrar esse passado, através deste
navio espectacular, continuando a mostrar e a servir Portugal e a
formar excelentes oficiais da Marinha.
Qual é a sensação de ter feito parte da equipa de design de um relógio?
A TAG trabalhou sempre com as melhores equipas de designers que realmente
se revelam no seu trabalho. Todos os anos, podemos contar com a TAG para
lançar um produto que se tornará de imediato um clássico. Senti muito orgulho
em fazer parte deste processo.
Como descreve o luxo?
O maior luxo é o tempo. Não é uma coisa que possa ser comprada. Mas
quando o temos, não há nada melhor.
Como se sente em relação ao facto de a sua parceria com a TAG Heuer
ter impulsionado os esforços da própria companhia no sentido do
desenvolvimento sustentável?
É fantástico ver todas as mudanças que a TAG Heuer pôde implementar desde
Janeiro. Estou muito impressionado com a forma como tão rapidamente eles
decidiram levar para a frente a campanha de divulgação. Jean-Christophe Babin,
o CEO da companhia, disse-me que muitas iniciativas vêm actualmente dos
próprios colaboradores. É esse tipo de envolvimento no desenvolvimento sus-
tentável que me seduz. Felizmente, outras companhias trabalharão com a TAG
Heuer para se tornarem mais sustentáveis.
www.tagheuer.com
Olhos no futuroO novo embaixador da TAG Heuer,
Leonardo DiCaprio, participou na
realização de uma edição limitada
do Aquaracer 500M.
EMBAIxADOR
Por Miguel Seabra
O modernismo da eternidade
Há quem o considere o mais belo Atmos jamais concebido – e estou completamente de
acordo. O Atmos 561 estilizado pelo célebre designer australiano Marc Newson apresenta
linhas surpreendentes e contemporâneas que valorizam ainda mais o carácter eterno de
um relógio de mesa que funciona… para sempre!
DESIgN
Quem não gostaria de ter uma bola de cristal para ver o futuro ou de poder colocar o tempo numa redoma?
Muita gente – e esses desejos tornam-se metaforicamente possíveis com o Atmos 561 by Marc Newson,
já considerado pela crítica como uma das mais belas declinações do mítico relógio de mesa da Jaeger-
LeCoultre.
Na sequência da comemoração do 80.º aniversário do Atmos, a Jaeger-LeCoultre e Marc Newson
associaram-se na criação de uma notável obra-prima envolvida numa bolha de cristal Baccarat. Limitado
a 888 exemplares, o Atmos 561 surpreende pelas linhas vanguardistas mas simultaneamente equilibradas
que estabelecem uma ponte entre o passado e o futuro, inspiradas no design industrial dos anos 50 para
revestirem um mecanismo alimentado pelo ar e preparado para trabalhar para sempre…
Curiosamente, foi o designer australiano a contactar a manufactura relojoeira. Marc Newson sempre sen-
tiu um enorme fascínio pelo Atmos e o seu trabalho para a Jaeger-LeCoultre como que restaurou o tradicio-
nal gesto de ver tranquilamente as horas numa era em que o tempo está em todo o lado.
Marc Newson é conhecido por incorporar um estilo denominado biomorfismo nas suas criações, as-
sentando em linhas suaves e flutuantes, na transparência e na ausência de arestas para a obtenção de
um produto final ergonómico e elegante. O Atmos 561 personifica esse estilo, transmitindo reminiscências
de uma era do pós-Segunda Guerra Mundial em que o desenvolvimento de novos materiais e tecnologias
proporcionavam outras maneiras de dar formatos inovadores a objectos comuns.
Claro que o Atmos 561 é tudo menos comum. As horas e os minutos vêem-se através de um mostrador
transparente, enquanto as duas funções suplementares se revelam em discos rotativos: o disco do centro
mostra o mês em curso, o disco às 6 horas apresenta a fase da Lua. A concepção da caixa em cristal, que
mede 27,6 por 25 por 16,3 centímetros, forçou a Jaeger-LeCoultre a redesenhar algumas das 284 peças do
mecanismo – de modo a que se ajustassem da melhor maneira em tão translúcido invólucro especialmente
feito pela prestigiada casa Baccarat.
Lendário presente
A Jaeger-LeCoultre é especialista em micromecânica e em soluções de vanguarda para os calibres dos
seus instrumentos de pulso, mas é no seu relógio de mesa que tem a solução relojoeira mais próxima da
eternidade: um mecanismo que vive literalmente às custas do ar e do tempo que passa, sem necessidade
de qualquer intervenção humana para o manter a funcionar. Esse movimento está alojado em cada um dos
relógios Atmos de médio formato que são produzidos num atelier das instalações da manufactura em Le
Sentier.
É de lá que saem cerca de 3.500 exemplares por ano, alguns destinados pela Confederação Helvética a
presentear os seus convidados oficiais – e algumas das maiores personalidades das últimas décadas, como
John Fitzgerald Kennedy, Sir Winston Churchill, Charles de Gaulle, Ronald Reagan, Charlie Chaplin ou o
Papa João Paulo II, foram agraciadas com tão intemporal presente.
Segredo Gaseificado
Mas a fama do Atmos prende-se mais com o seu mecanismo, capaz de funcionar para sempre graças a
alterações quase imperceptíveis de temperatura. O lendário relógio de mesa deve a sua intemporalidade a
uma cápsula hermeticamente fechada que alberga uma mistura gasosa que se dilata quando a temperatura
sobe e se contrai quando a temperatura desce – uma máquina do tempo que cria a sua energia através das
variações térmicas.
Muitos foram os que procuraram conceber mecanismos baseados numa força motriz térmica a partir da
Idade Média – mas Pierre de Rivaz, em meados do século XVII, é que idealizou um mecanismo relojoeiro
que se pode considerar precursor do Atmos. Acabaria por ser Jean-Léon Reutter (1899-1971) a concretizar
essas intenções com a criação de um pêndulo fiável movido pelas flutuações de temperatura, fazendo jus
à lei fundamental da termodinâmica formulada por Lavoisier no século XVIII: «nada se cria, nada se perde,
tudo se transforma».
As tentativas de Reutter começaram aos 14 anos de idade e as experiências intensificaram-se a partir
de 1926. Os primeiros protótipos surgiram em 1927, até que, em 28 de Novembro de 1928, o engenheiro
suíço registava a primeira patente – com mercúrio, um gás liquefeito e o seu vapor saturado (amoníaco) na
tal cápsula dilatável com as variações atmosféricas de temperatura – daí o nome Atmos.
Conjugação de sinergias
A produção do instrumento de Jean-Léon Reutter encerrava muitas dificuldades mas, em 1930, o relógio
estava no mercado, só que o seu funcionamento ainda era irregular. Foi então que Jacques-David LeCoultre
descobriu um modelo numa vitrina em Paris. Conhecia o princípio pelo qual se regia o Atmos, mas conside-
rava o fabrico quase impossível; no entanto, comprou o relógio para o analisar, entrando depois em con-
tacto com o inventor. A partir de 1932 começou a colaboração com Jean-Léon Reutter e desde logo se
renunciou à utilização do mercúrio por ser demasiado perigoso, optando-se por um gás muito sensível.
A 22 Maio de 1936, após comprar a patente a Reutter, a Jaeger-LeCoultre passou a juntar a produção
do Atmos ao seu estatuto. Ainda foram necessários alguns anos de experiências com gás, mas prevaleceu
o cloreto de etilo (C2H5CI). A partir do momento em que se verificou que as premissas da produção do
mecanismo estavam certas, bastou resolver todos os restantes desafios (robustez, resistência ao trans-
porte, maior facilidade de produção) com a ajuda dos mestres-relojoeiros da Jaeger-LeCoultre e seguir um
programa de cinco semanas de controlos até à saída do atelier.
Sob a égide da Jaeger-LeCoultre, o Atmos passou a ser declinado em várias formas de apresentação;
depois, foi equipado com fases da Lua e começou a inspirar versões cada vez mais sofisticadas com caixas
assinadas por designers famosos ou pelos melhores artesãos. O modelo assinado por Marc Newson é já
um dos mais famosos de sempre.
Perfeição mecânica
A composição do Atmos assenta em quatro pilares: o motor térmico, que transforma a energia térmica em
energia mecânica; o mecanismo de relojoaria, que utiliza a energia mecânica para fazer funcionar o movi-
DESIgN
mento do balanço e a disposição das horas no mostrador; o mecanismo de pêndulo, que suporta o órgão
regulador e dispositivos anexos, assegurando a ligação entre as diversas partes do pêndulo; e a caixa, que
dá consistência estética ao conjunto e assegura a sua protecção.
A mecânica é tão perfeita que não requer lubrificação ou corda. A cápsula hermeticamente fechada
contém uma mistura de gás que se dilata quando a temperatura sobe e se contrai quando ela baixa; esse
dilatar e/ou contrair deforma a caixa como se fosse um fole de um acordeão e, sendo solidária com a mola
do pêndulo, dá permanentemente corda ao mecanismo com um mínimo de esforço.
A diferença de um único grau é suficiente para proporcionar dois dias de reserva de marcha: o Atmos
precisa apenas de um centésimo da energia consumida por um relógio de pulso, já que o balanço efectua
somente um movimento de vaivém por minuto. Ou seja, o seu ‘coração’ bate duas vezes por minuto: 120
alternâncias/hora – menos 60 oscilações do que um pêndulo clássico e 14.400 menos do que um relógio
mecânico de pulso e quase dois milhões de vezes menos do que um relógio de quartzo. Juntos, 60 milhões
de Atmos não conseguiriam consumir mais energia do que uma lâmpada eléctrica de somente 15 watts!
O segredo
Para além da fórmula sigilosa da mistura gasosa, o verdadeiro segredo do Atmos reside num fio (que sus-
pende o balanço) muito longo e de uma fineza extrema, composto de uma liga insensível às mudanças da
temperatura e inventado pelo suíço Charles Édouard Guillaume, galardoado com o Prémio Nobel da Física.
São necessários 6 anos para se encontrar uma qualidade de metal suficientemente elevada para o fabrico
desse fio, que é envelhecido artificialmente na Jaeger-LeCoultre segundo procedimentos secretos e se torna
tão valioso que está guardado no cofre de um banco.
Ficha técnica
Movimento: movimento mecânico, quase perpétuo. Calibre Jaeger-LeCoultre 561, 284 peças,
balanço anular, período de oscilação de 60 segundos (duas alternâncias/minuto).
Funções: horas, minutos, meses, fases da Lua.
Caixa: em forma de bolha de cristal Baccarat, estética assinada pelo designer Marc Newson.
Medidas: 16,3 x 25 x 27,6 cm.
Edição: limitada a 888 exemplares.
Preço: € 14.900
Texto completo em www.espiraldotempo.com
TÉCNICA
Quando, por algum motivo, a caixa de um relógio é invadida por
água, é quase certo que os danos no movimento serão devas-
tadores. Num relógio electrónico de quartzo, as avarias podem
ser de ordem eléctrica ou mecânica, caso se trate de um relógio
com indicação analógica. Nos relógios mecânicos, os danos são
em geral mais sérios, porque os mecanismos são compostos
por mais peças e muitas são de aço. Como os aços utilizados
no fabrico de peças não são inoxidáveis, é normal que oxidem
quando estão em contacto com água ou humidade em excesso.
Por vezes, o estado geral do movimento é tão mau que só a troca
de máquina pode solucionar o problema.
Todos os que pretendem que os seus instrumentos do tempo
sejam considerados ‘estanques’ devem respeitar normas interna-
cionais - NIHS 92-10 e ISO 2281 - e sujeitar os relógios a vários
testes: de pressão, de temperatura e de tensões mecânicas. O
teste de pressão é feito a ‘seco’ e dentro de água: a caixa é sub-
metida a uma dada pressão - quanto maior for a pressão mais a
caixa se deforma, porque quando se aplica uma pressão de 3 bar
(ou 3 atm), está-se a ‘carregar’ a caixa com uma força equivalente
a 3 kg/cm2, pressão a que o relógio é sujeito a 30 metros de pro-
fundidade. Após cada teste dentro de água, efectua-se um teste
de condensação. A caixa é aquecida a uma temperatura entre
os 40 °C e os 45°C e no vidro é colocada uma gota de água à
temperatura ambiente. Se surgir humidade na face interior, a caixa
chumba o teste. Depois, a caixa é mergulhada a uma profundi-
dade de 10 cm, durante uma hora. Aos seus elementos móveis
será aplicada uma pressão, perpendicular ao seu eixo, de 5 New-
tons, durante cinco minutos. Para terminar, a caixa é imergida em
água a diferentes temperaturas (40 °C, 20 °C). Para os relógios de
mergulho existe uma norma própria NIHS 92-11 (ISO 6425).
Para impedir que a água entre nas caixas, estas são equipadas
com vedantes, normalmente feitos em borracha (para o fundo e
a coroa) ou em plástico (para o vidro mineral ou de safira). Com
o tempo estes elementos perdem as propriedades e as caixas
tornam-se vulneráveis à humidade. O tempo que demora um ve-
dante a ‘secar’ varia: se for uma pessoa que usa pouco o relógio,
que raramente o expõe a variações de temperatura e não o mer-
gulha na água, principalmente salgada, pode proporcionar uma
‘longa vida’ aos vedantes do seu relógio - um tempo que poderá
variar entre os dois e os quatro anos. Se a utilização for mais
intensiva – como nos relógios de mergulho -, o tempo de ‘vida’
diminuirá, e aconselha-se a mudança de vedantes e um teste de
estanquicidade após cada época de mergulho. Como a saúde de
cada relógio depende do seu uso, deixo alguns conselhos, para
que possa evitar que a água danifique o movimento:
Se o seu relógio sofrer uma pancada e detectar que a coroa ou
os botões estão tortos, o melhor é enviá-lo à assistência técnica;
Se dá ao seu relógio mecânico uma utilização intensiva, pense
em fazer uma revisão a cada dois anos. No caso de um relógio
electrónico exija um teste de estanquicidade, com mudança de
vedantes sempre que mudar a pilha. Se detectar água ou humi-
dade no interior do relógio, pode tentar secá-lo com um secador,
mas é raro a água não deixar marcas da sua ‘passagem’.
Acertar as horas ou o calendário com o relógio no pulso é um
dos piores hábitos que se podem ter. O acesso à coroa não é fácil
e quando a queremos puxar, por vezes, não conseguimos fazê-lo
correctamente: a coroa acaba por ficar torta e, a partir deste
momento, fará mais pressão num dos lados do vedante deixando
o outro mais vulnerável.
Tenha cuidado se toma duche ou se dá grandes mergulhos na
piscina com o relógio, pois as forças que a água exerce sobre
sobre a coroa e/ou os botões podem ser muito superiores às
utilizadas nos testes (ver normas), permitindo que a água entre
facilmente.
Por Pedro Ribeiro
À prova de água
A caixa do relógio tem por função proteger a máquina dos choques, das poeiras,
do magnetismo e, principalmente, da entrada de água. Quando esta entra no
relógio e lá permanece sem haver uma rápida intervenção técnica, é quase certo
que os danos causados no movimento serão devastadores.
Fiel à sua capacidade de criar objectos de culto, a Porsche Design idealizou um relógio concebido numa estrutura completamente
original e equipado com uma função GMT particularmente inteligente. O Worldtimer P’6750 é mais uma criação vanguardista
instantaneamente transformada num clássico – e a mais recente declinação em ouro rosa, que complementa a primeira versão em
titânio, afigura-se como um prestigiado cocktail de design e tecnicismo que confirma o toque de Midas da marca.
O Worldtimer P’6750 assenta numa conjugação de formas cilíndricas e lineares acompanhada de um grafismo que acentua o
carácter funcional; a principal característica técnica reside na mostragem simultânea de dois fusos horários, graças a uma coroa
suplementar com um botão integrado que permite a fácil transição para qualquer um dos 24 meridianos do planeta.
Estilo de classe mundial
EM FOCO
Referência: 6750.6944.180
Movimento: Mecânico de corda automática.
Funções: Horas, minutos, segundos e segundo fuso horário à escolha mediante ajuste exclusivo
patentado Porsche Design.
Caixa Ø 45mm: Ouro rosa 18 ct. vidro em safira estanque até 100 metros.
Bracelete: Cauchu com fecho de báscula em ouro rosa 18ct.
Preço: € 18.500
Ficha técnica Porsche Design Worldtimer
Era a declinação que faltava na linha Worldtimer. Se este modelo já surpreendia com as versões em titânio, a caixa em ouro rosa surpreende agora com o contraste entre um modernismo evidente e um certo requinte. Depois, a função GMT de excepção é a resposta certa para os viajantes que apreciam a funcionalidade e simplicidade de estilo. Apesar de se afastar um pouco da herança automóvel,
reflecte toda a força da Porsche.
Jaime Severino
Severino Relojoeiros
Poderosa arquitectura
A estética é impactante não só pelo estilo depurado como pelas dimensões;
a imponente carrosseria, estanque a 100 metros, ostenta 45 mm de diâmetro
por 16,8 de espessura e apresenta asas estilizadas que terminam numa barra
transversal à qual é acoplada a bracelete de cauchu. Do fundo fixo com seis
parafusos surgem explanadas as abreviaturas das cidades referentes aos 24 fu-
sos horários do mostrador. A bracelete em borracha vulcanizada tem um padrão
interior de ranhuras que permite melhor aderência ao pulso e está equipada com
um fecho de segurança em titânio.
Brilhantismo técnico
O Worldtimer P’6750 distingue-se pela fiabilidade e facilidade, não sendo
necessário puxar a coroa principal e parar o mecanismo. A base assenta no
calibre automático ETA Valgranges A 07 111, que recebeu uma placa adicional
idealizada pela manufactura Eterna para o segundo fuso horário inteligente.
Os três ponteiros centrais indicam o tempo de referência, enquanto o módulo
suplementar acoplado ao calibre de base faz com que, graças a discos que
rodam sob o mostrador, duas aberturas mostrem um meridiano de referência (ex:
Londres) e a correspondente hora desse segundo fuso.
Coroa de louros
uma coroa localizada às 2 horas permite mudar a cidade de referência do se-
gundo fuso horário; um botão integrado nessa coroa facilita a tarefa de mudar a
hora dos ponteiros principais, com a particularidade de não travar o movimento
do ponteiro dos segundos – as horas, os minutos e os segundos são ajustados
através da coroa principal, às 4 horas. Com tantas funções e peças pesadas
no mecanismo, foi necessário gerir dinâmica e gasto de energia: o princípio de
funcionamento é o mesmo de um cronógrafo rattrapante, porque o disco do
segundo fuso horário permite ‘recuperar’ a hora de origem.
O relógio indica a hora principal e um segundo fuso horário à escolha. Uma simples pressão no botão integrado na coroa é suficiente para o fuso escolhido passar a ser indicado pelos ponteiros principais. As abreviaturas do nome das cidades que surgem no mostrador são explicadas numa gravação no fundo da caixa do relógio.
Após a sua ressurreição nos anos 90, a Panerai granjeou uma fiel legião de aficionados graças a modelos que popularizaram
o tamanho sobredimensionado e a uma política de edições limitadas. A Panerai tem investido nessa herança marítima com
instrumentos do tempo destinados a brilhar abaixo ou acima da linha de água; a construção hermética dos modelos regulares
dá-lhes, à partida, uma excelente estanqueidade, mas têm vindo a ser apresentados relógios de mergulho adaptados às
profundezas e instrumentos do tempo adequados à prática da vela. O mais recente é o Luminor 1950 Regatta Rattrapante, uma
edição vocacionada para os velejadores graças ao sistema cronográfico de recuperação (rattrapante) e à colocação em evidência
dos últimos cinco minutos do countdown até à partida das regatas.
Mare nostrum
EM FOCO
Referência: PAM00332 (edição limitada a 500 peças)
Movimento: Mecânico de corda automática, calibre Panerai OP xVIII
Funções: Horas, minutos e segundos. Cronógrafo rattrapante e escala taquimétrica.
Caixa Ø 44 m: Aço com um revestimento DLC. Vidro safira fabricado em corídon.
Bracelete: Em couro e fecho em aço com um revestimento especial de cor negra. O relógio é entregue
com uma pulseira suplente e uma chave de fendas em aço para a sua mudança.
Preço: € 11.000
Ficha técnica Panerai Luminor 1950 Regatta Rattrapante
Um modelo para fazer frente tanto aos desafios do nosso quotidiano, como aos ambientes hostis do contexto náutico. A Panerai aposta desta vez na robustez do DLC, tornando este modelo ainda mais resistente e também muito contemporâneo, graças ao tom escurecido do revestimento. Em destaque ainda o mecanismo exclusivo certificado C.O.S.C. complementado com a função rattrapante, essencial para
provas desportivas.
Nuno Torres
Anselmo 1910
Revestimento DLC
O processo de DLC é um revestimento que torna o metal da caixa (e dos
botões, da coroa e da fivela da bracelete) do Luminor 1950 Regatta Rattrapante
de 2009 ainda mais duro e resistente, o que dá particular jeito para quem está
em contacto frequente com a corrosiva água salgada.
Mostrador negro
À sofisticação negra proporcionada pelo DLC, une-se um mostrador preto
decorado com padrão ‘pontas de diamante’ que confere profundidade e faz
sobressair os algarismos e índices luminescentes. O tom azul marítimo destaca-
se no ponteiro cronográfico e na escala de cinco minutos inserida no submostra-
dor direito; o perímetro interior do mostrador coloca em evidência uma escala
taquimétrica.
Caixa Forte
A caixa – no formato típico dos modelos Luminor – é estanque a 100 metros e
tem os habituais 44 mm de diâmetro, sendo dotada de um fundo de rosca (com
a inscrição Classic Yachts Challenge 2009 e o número da edição gravado) e da
protecção de coroa. O botão do ponteiro rattrapante encontra-se às 8 horas. O
vidro de safira, fabricado em coríndon, tem uma espessura de 2 mm e recebeu
tratamento anti-reflexo.
Ponteiro rattrapante
O ponteiro rattrapante está acoplado ao ponteiro do cronógrafo por meio de
um mecanismo complexo; através do botão suplementar, do lado esquerdo da
caixa, pode-se interromper o funcionamento desse segundo ponteiro a qualquer
altura e depois fazê-lo avançar instantaneamente, de modo a que volte a coin-
cidir com o ponteiro do cronógrafo.
O fundo de rosca inclui a gravação da inscrição Classic Yachts Challenge 2009 e o número da edição. Os botões do cronógrafo ladeiam a emblemática coroa e respectiva ponte protectora, sendo que o botão do ponteiro rattrapante está do outro lado da caixa.
Com pormenores de estilo racing e cores que evocam o universo vintage da escuderia Porsche Gulf dos anos 60, o Silverstone
Stowe Racing é mais um instrumento do tempo de personalidade com a chancela da Graham. Tal fusão não é casual: Eric Loth,
presidente da marca, é um fanático da velocidade e um amante da cultura pop/rock inglesa; tamanha profusão de referências só
podia produzir um cronógrafo fora de série. Numa colecção que assenta em versões cronográficas e que tem no Chronofighter
e no Swordfish as suas linhas mais conhecidas, a gama Silverstone é dedicada ao universo motorizado tão caro ao imaginário
britânico – como se depreende pelo facto de o circuito de Silverstone constituir um bastião do desporto automóvel e o seu traçado
incluir uma célebre curva apertada precisamente denominada Stowe Corner.
Pé no acelerador
EM FOCO
Referência: 2BLBH.B02A.K45B (edição limitada a 500 exemplares).
Movimento: Cronógrafo flyback bi-compax mecânico de corda automática calibre G1721.
Funções: Horas, minutos, segundos, data panorâmica, segundo fuso horário e cronógrafo.
Caixa Ø 48mm: Aço com luneta em fibra de carbono, vidro em safira e estanque até 100 metros.
Mostrador: Fibra de carbono. com números luminescentes.
Bracelete: Cauchu com fivela em aço.
Preço: € 6.890
Ficha técnica Graham Big Silverstone Stowe Racing
Quando é lançado um modelo inspirado num universo temático como o automobilismo, é sempre um exercício viciante desvendar os seus pormenores. Neste Big Silverstone Stowe Racing os detalhes merecem mesmo toda a atenção. As cores la ranja e azul dos Porsche Gulf dos anos 60, a utilização da fibra de carbono, os botões em forma de pedal, a escala para o segundo fuso horário... A função flyback enaltece
ainda mais o seu espírito desportivo.
Pedro Rosas
David Rosas
Exclusividade
Como os vários modelos da linha Silverstone, o Stowe Racing é apresentado
numa edição limitada a 500 exemplares. Caracterizado pelo espírito de corrida:
mostrador em fibra de carbono evocativo dos painéis de instrumentos com
escala taquimétrica, botões do cronógrafo em forma de pedal com superfície pi-
cotada para especial aderência, luneta em carbono forjado a ladear uma escala
de 24 horas para o segundo fuso horário, bracelete em borracha vulcanizada
ao estilo de pneus de elevado rendimento. As cores laranja e azul-turquesa são
reminiscentes dos bólides Porsche Gulf do final da década de 60 e princípios
dos anos 70.
Carrosseria e motor
A base é uma pujante caixa em aço de 48 mm de diâmetro, cuja construção
ergonómica lhe permite abraçar confortavelmente até os pulsos mais pequenos;
afigura-se estanque a 100 metros e tem por complemento um vidro de safira
com tratamento anti-reflexo de ambos os lados. No interior, o calibre G1721 de
corda automática bate a 28.800 alt/hora com 42 horas de reserva de marcha e
está decorado com Vagas de Genève, perlage e parafusos azulados.
Complicações adicionais
Para além do cronógrafo flyback (flyback; retour en vol), a mecânica do Big
Silverstone Stowe Racing fornece outras duas complicações – o segundo fuso
horário indicado pelo ponteiro ao centro que remete para a escala de 24 horas
na luneta e um sistema de data panorâmica assente em discos separados que
mostram o dia através de uma janela dupla às 6 horas.
Na luneta azul turqueza em carbono forjado figura uma escala de 24 horas para o segundo fuso horário. Os botões ovais do cronógrafo em forma de pedal têm superfície picotada para melhor aderência e a coroa surge estilizada com formato de porca hexagonal personalizada com o número 48 alusivo à dimensão da caixa.
um dos mais interessantes exercícios de estilo das casas relojoeiras de prestígio prende-se com a constante busca de novas ma-
neiras de mostrar o tempo e a Raymond Weil foi particularmente bem sucedida nessa missão com o seu novo modelo Heure Sau-
tante, inserido na emblemática linha Don giovanni Così grande. O resultado é notável; num mostrador descentrado, a janela para
a disposição digital das horas assume grande protagonismo face aos ponteiros excêntricos dos minutos e dos segundos – cada
qual com o seu correspondente submostrador analógico. Quando o ponteiro dos minutos completa uma volta, o algarismo salta
alegremente para a hora seguinte; tão deliciosa dança do tempo é superiormente embelezada por soluções gráficas e decorativas
particularmente felizes que fazem do modelo da Raymond Weil um paradigma do relógio clássico moderno.
Janela para o tempo
EM FOCO
Referência: 4400-STC-00268
Movimento: Mecânico de corda automática.
Funções: Horas saltantes, minutos e pequenos segundos.
Caixa: Aço, vidro e fundo em safira, estanque até 30 metros.
Bracelete: Pele de crocodilo com fecho de báscula em aço.
Preço: € 3.300
Ficha técnica Raymond Weil Don Giovanni Così Grande Heure Sautante
Com o Così Grand Heure Sautante, a Raymond Weil afirma cada vez mais o seu espírito de independência em peças com uma personalidade bem vincada. O jogo de formas é muito evidente neste intrumento do tempo: uma caixa rectangular de onde salta à vista um mostrador e um sub mostrador circulares para os minutos e segundos. Mas a ampla janela para as horas saltantes acaba por ser a grande surpresa, já o fundo permite contemplar todos os pormenores do
mecanismo.
Carlos Correia
Ourivesaria Correia
Mostrador híbrido
O mostrador ostenta uma rara personalidade, graças a alternâncias de aca-
bamentos à superfície e tons contrastantes. As versões também são assaz
contrastantes, com a de ouro rosa a assumir um pendor mais linear num fundo
completamente negro perante as linhas circulares do modelo em aço com
submostradores prateados sobre uma base preta. A janela das horas saltantes
está situada às 12 horas e é a estrela da companhia, apesar do destaque dado
ao ponteiro dos minutos.
Mecanismo exclusivo
O calibre automático RW 1400 alimenta simultaneamente o disco das horas
saltantes e os ponteiros descentrados das horas e dos minutos. Bate a uma
frequência de 28.800 alternâncias por hora e dispõe de uma autonomia de corda
de 42 horas. Os acabamentos do mecanismo ajudam a emprestar beleza ao
conjunto através de parafusos azulados, pontes perladas e Côtes de genève.
O fundo transparente do relógio em vidro de safira oferece uma visão directa
para o universo mecânico do Don giovanni Così grande Heure Sautante, sendo
possível acompanhar o movimento de rotação da massa oscilante e as oscila-
ções do balanço.
Forma rectângular
As formas vincadamente geométricas acentuam a grande personalidade do
relógio. Rectangular e de generosas dimensões (50 por 38 mm), a caixa em aço
ou ouro rosa é estanque a 30 metros e faz-se acompanhar de uma sumptuosa
correia em pele de crocodilo com fecho de báscula dotado de um sistema duplo
de segurança.
Há claramente um jogo bem pensado entre linhas rectas e curvas nesta recente edição. Na caixa de formato rectangular, o mostrador prescinde do clássico ponteiro de indicação da horas para dar lugar a uma janela situada às 12 horas na qual números árabes sobredimensionados saltam de hora a hora. A leitura dos minutos é garantida por um ponteiro que, isolado, per cor re uma escala com números de dimensão crescente.
Quinze anos depois do emblemático Lange 1 e dos seus submostradores descentrados, a prestigiada manufactura germânica
apresenta um instrumento do tempo revolucionário dotado de um rosto surpreendente: o Lange Zeitwerk, animado por duas
grandes janelas onde as horas e os minutos vão saltando em formato digital na companhia de dois indicadores analógicos.
A abertura para a inovadora data grande do pioneiro Lange 1 foi inspirada pelas duas janelas sobre o palco da Ópera Sempre
de Dresden que indicavam o tempo de cinco em cinco minutos. O Lange Zeitwerk vai mais longe e aproxima-se da relojoaria
grossa original idealizada por johann Christian Friedrich Guttkaes (sogro do fundador Ferdinand A. Lange): apresenta o tempo
em dois orifícios panorâmicos!
A outra face
EM FOCO
Referência: 140.032
Movimento: Mecânico de corda manual Calibre L0431.1
Funções: Horas e minutos saltantes, pequenos segundos, indicação de reserva de corda
Caixa Ø 41.9 mm: Ouro rosa 18 ct. Vidro em safira com tratamento anti-reflexos.
Bracelete: Pele de crocodilo com fivela em ouro rosa.
Preço: € 43.200
Ficha técnica A. Lange & Söhne Zeitwerk
O nosso olhar é captado imediatamente pelos três discos de grandes dimensões que compõem a indicação do tempo, as horas são lidas de uma forma clara, precisa e intuitiva e sem hesitações saltam instantaneamente uma vez por minuto, duplamente a cada dez minutos e todos em uníssono a cada hora, com um pequeno som que permite a um ouvinte atento distinguir entre a passagem simples dos minutos e a progressão colectiva
das horas.
Paulo Torres
Torres Joalheiros
Ana-digi
A caixa de 41,9 mm em ouro ou platina, com alternância de tratamentos de
superfície (polida, escovada), apresenta uma única coroa colocada às 2 horas.
Mas são as conjugações geométricas do mostrador que fascinam qualquer
aficionado: duas grandes janelas desvelam algarismos árabes para as principais
indicações do tempo; um submostrador inclui o ponteiro dos pequenos segun-
dos; uma escala semicircular acolhe o ponteiro da reserva de corda.
De 60 em 60 segundos, o(s) disco(s) na janela dos minutos avança(m) 60 vezes
até à altura em que também o disco sob a janela das horas efectua a sua rota-
ção: nesse instante, há três discos a deslizar em simultâneo.
Energia
Ao dar-se corda ao Zeitwerk, é utilizada a posição do tambor que está sujeita
à fricção; o funcionamento que consome corda faz com que a roda do tambor
rode na posição que está submetida a menor fricção. Entre a roda do tambor e o
volante situa-se um mecanismo de reajuste de tensão patenteado que despoleta
o salto das horas e dos minutos. graças a um sistema de escape de força cons-
tante, a energia é fornecida uniformemente ao longo das 36 horas de autonomia
– assegurando a precisão ao longo desse espectro de tempo.
Decoração
O Zeitwerk apresenta uma sedutora sobriedade por fora e uma aturada deco-
ração interior: o novo calibre L043.1 apresenta uma magistral arquitectura na
mais pura tradição de glashütte, com a habitual platina de três quartos em prata
alemã, o galo do balanço tipicamente gravado, os chatons de ouro a envolver os
parafusos.
A energia necessária para fazer avançar um/dois discos dos minutos a cada 60 segundos sempre foi o óbice que impediu a adopção de um sistema digital num relógio mecânico de elevada precisão e razoável autonomia de funcionamento. A. Lange & Söhne resolveu o problema com um sistema patenteado inspirado no princípio da reserva de marcha que assegura uma tensão permanente.
Preto com contrastes vermelhos e metálicos: o Grand Carrera Calibre 17 RS2 Chronograph Ti2 é não só um relógio especial de
corrida como tem igualmente um nome a condizer com o seu estatuto na colecção da TAG Heuer – é um dos mais destacados
elementos da linha Grand Carrera, a mais nobre da prestigiada marca suíça. Entre os vários modelos Grand Carrera, o Calibre 17
RS2 Chronograph Ti2 impõe-se pela sua pujança desportiva, traduzida pela função cronográfica original e por um pedigree que é
paradoxalmente agressivo e elegante. O impactante visual surpreende de imediato pela sofisticação negra, graças a uma carros-
seria de titânio de grau 2 escurecida, complementada por um taquímetro na luneta; a correia preta com pespontos encarnados
contrastantes contribui para a vocação especialmente racing do relógio.
Sofisticação desportiva
EM FOCO
Referência: CAV518B.FC6237
Movimento: Cronógrafo mecânico de corda automática Calibre 17 com certificado C.O.S.C.
Funções: Horas, minutos, pequenos segundos RS (Rotating Sistem) nas 3H e os minutos do
cronógrafo RS nas 9H e data.
Caixa Ø 43mm: Titânio preto com vidro e fundo em safira, estanque até 100 metros.
Bracelete: Pele de jacaré com fecho de báscula em titânio preto.
Preço: € 5.300
Ficha técnica TAG Heuer Grand Carrera Calibre 17 RS2 Chronograph Ti2
O Grand Carrera Calibre 17 RS2 é definitivamente um relógio marcante. Os discos rotativos e a caixa em titânio negro com os detalhes em vermelho transmitem um carácter desportivo Tag Heuer e a sua associação à velocidade. O certificado do C.O.S.C garante a fiabilidade de um mecanismo do tempo com
elevada precisão.
Álvaro Casaca
Jóia Pura
Disco estéreo
O Calibre 17 RS2 Chronograph Ti2 não é mono – é estéreo, graças a dois discos
que criam o efeito visual característico da linha.
O sistema rotativo duplo (daí a designação RS2) constituiu um desafio para os
engenheiros da marca: porque a diferença de massa e peso entre os ponteiros
tradicionais e os discos adoptados é significativa. Foi necessário calcular a inércia
suplementar para assegurar um óptimo funcionamento.
Certificação e decoração
O mecanismo foi afinado e testado para ganhar a certidão COSC. A decoração
do calibre cronográfico modular pode ser vista através do fundo em vidro de
safira fumado e inclui personalização do rotor, Côtes de Genève, perlage, Côtes
circulares, rhodiage e efeito soleil no tambor.
A superfície da caixa e dos botões em titânio negro tem acabamento mate; os
discos Rotating System com cobertura Black Gold Coating contrastam com
os rebordos metálicos decorados. O logótipo TAg Heuer em relevo, os índices
facetados e a janela da data também são metálicos.
Bracelete
A bracelete apresenta uma sofisticação superior à das habituais braceletes em
cauchu, sendo pespontada a vermelho e apresentando um forro igualmente en-
carnado. O fecho de báscula é construído em titânio de grau 2 negro e tem dois
botões para uma abertura fácil e segura.O Rotating System tornou-se possível graças a um calibre cronográfico modular certificado que teve que ter em conta a diferença de massa e peso entre os ponteiros tradicionais e os discos.
Para o Duomètre à Chronographe, a Grande Mai-
son não só concebeu um belo cronógrafo, como
também readaptou integralmente a complicação
cronográfica, acrescentando-lhe um movimento
baseado na filosofia inédita do projecto Dual-Wing
(que estará na base de toda a colecção Duomètre,
através da sua futura adaptação a outras complica-
ções) – a integração de dois mecanismos separa-
dos, um para a indicação do tempo e outro para
cronógrafo, alimentados por dois tambores indepen-
dentes. O Calibre 380 é, portanto, configurado
sobre dois corpos de rodagem que, partindo dos
dois tambores, confluem para a roda de escape, o
único elemento comum entre a indicação do tempo
e o cronógrafo.
Em termos técnicos, assinala-se, de imediato,
neste cronógrafo, a ausência do sistema de em-
braiagem típico dos cronógrafos mecânicos. Não
se poderá falar de embraiagem vertical, horizontal
nem de carrete oscilante. Assim, esqueçamos os
mecanismos de cronógrafo clássicos para descobrir
um novíssimo modo de conceber a complicação
mais cobiçada e mais difundida que existe.
1 Um dos primeiros protótipos do Duomètre à Chro-
nographe e o Calibre 380 fotografados na oficina de
montagem da Manufactura Jaeger-LeCoultre por
ocasião de uma visita da L’Orologio. A dicotomia
entre a base do tempo e o mecanismo cronográfico,
característica do movimento, reflecte-se também
na arquitectura do mostrador: à esquerda, lêem-se
as horas e os minutos; à direita, num mostrador
análogo (mas com ponteiros azuis), podemos ler as
indicações relativas ao cronógrafo: totalizador de
Por Dody Giussani, directora da revista L’Orologio
Duomètre à chronographe
O Duomètre à Chronographe da Jaeger-LeCoultre
surpreende não só pelos seus dotes estéticos,
como também, e sobretudo, pela novidade
técnica que representa e que chama mais uma
vez a atenção para as grandes competências
da manufactura de Le Sentier.
horas (até 12), totalizador de minutos (até 60) e uni-
dades (de zero a nove) dos minutos do cronógrafo
(numa janela específica para o efeito). Às 6 horas,
sobressai um pequeno contador para a função de
segundos foudroyantes: o ponteiro foudroyante
cumpre uma rotação ao longo do pequeno mostra-
dor num segundo, ao ritmo de 1/6 de segundo.
No centro estão sobrepostos os ponteiros dos
segundos contínuos (em dourado) e o ponteiro dos
segundos do cronógrafo (em azul). Finalmente,
junto aos segundos foudroyantes, às 5 e 7 horas,
encontram-se as indicações das reservas de corda
do cronógrafo e do relógio. O cronógrafo é do tipo
monopulsante, pelo que um botão às duas horas
(não visível na foto) é suficiente para garantir a sua
activação, paragem e retorno a zero.
LABORATÓRIO
Figura 1
Artigo publicado na edição 161
da revista L’Orologio
4
3
5
6A
B8 9
107
Figura 2
3 Passemos à análise das funções cronográficas. Como arranca o
cronógrafo se falta, como já foi assinalado, um sistema tradicional
de embraiagem? O fundo da questão é a função dos segundos
foudroyantes. Esta é realizada através de outra roda, dita roda
foudroyante (11), colocada no mesmo eixo da roda de escape
(12). A roda foudroyante tem o dobro dos dentes (quarenta) da
roda de escape (vinte). Uma vez que a roda de escape (12) avança
um ângulo correspondente a metade da distância entre dois
dos seus dentes , a cada alternância do balanço-espiral, a roda
foudroyante (11) irá avançar um dente a cada alternância. Sendo a
frequência de funcionamento do Calibre 380 igual a 21.600 alt./
/hora, consegue-se que a roda de escape (11) avance três dentes
por segundo, o que corresponde a seis dentes por segundo da
roda foudroyante (12). A roda foudroyante (11) toca directamente
numa estrela de seis pontas (13) que, por sua vez, vai efectuar
uma rotação por segundo, ao ritmo de 1/6 de segundo. No eixo
desta estrela encontra-se o ponteiro dos segundos foudroyantes,
visível no mostrador às 6 horas. A estrela de seis pontas da
foudroyante recebe a energia necessária à sua rotação, da roda-
gem do cronógrafo, que parte do respectivo tambor (1) e acaba
na roda (14) que engrena directamente com o carrete solidário
da estrela (13).
2 Um protótipo do Calibre Jaeger-LeCoultre 380: à esquerda,
o tambor relativo ao mecanismo de cronógrafo (1), e à direita,
o tambor que alimenta o relógio (2). Ambos os tambores estão
unidos para permitir dar corda com a ajuda de uma única coroa,
como veremos mais à frente. Por cima dos tambores, vêem-se
dois rochet (ou rodas de força) (3 e 4) encaixadas nos relativos
eixos internos. Bastante elegante a solução do duplo linguete
(ou cliquet) (5 e 6 para o tambor do cronógrafo) que tem como
objectivo obrigar a girar a roda de carga, quando se está a armar
a corda contida no tambor.
A roda de colunas (7) que acciona as funções cronógraficas
(activação, paragem, retorno a zero) dispõe apenas de quatro
colunas (A) especialmente largas como é típico dos cronógrafos
monopulsantes. A cada coluna correspondem dois dentes (B) do
rochet da roda de colunas sobre os quais a alavanca interligada ao
botão do cronógrafo age: a cada rotação da roda (7), equivalente
ao espaço de um dente, corresponde uma função cronográfica;
o cronógrafo arranca, pára e retorna a zero. Um saltador (8) pres-
sionado por uma mola (9) tem a função de manter imóvel a roda
de colunas (7) entre cada função do cronógrafo.
No centro do movimento (cujo lado das pontes estamos a ob-
servar) encontra-se a roda do cronógrafo (10), sobreposta à roda
dos segundos do relógio.
LABORATÓRIO
Figura 3
4 A figura mostra as alavancas do cronógrafo accionadas no
momento da partida. Premindo o botão do cronógrafo às 2 horas
(P), a alavanca de comando (20), através do seu gancho (21), faz
a roda de colunas (7) girar um dente no sentido contrário aos pon-
teiros, e, em seguida, a extremidade da alavanca da estrela (22)
cai no espaço entre duas colunas, e o dedo localizado na outra
extremidade (23) afasta-se da estrela de seis pontas da foudroy-
ante (13), deixando-a livre para rodar sob a acção da rodagem
do cronógrafo. Ao mesmo tempo, no seguimento da rotação da
roda de colunas (7), os martelos do retorno a zero do cronógrafo
(24 e 25) afastam-se dos cames, em forma de coração, das rodas
totalizadoras dos segundos (26), dos minutos (27) e da unidade
dos minutos (28), por acção de uma coluna. Os martelos são
mantidos afastados devido à acção da ponta do martelo que se
encontra apoiado numa coluna. Não está visível o conjunto da
came em coração e o martelo das horas, por se localizarem do
outro lado do movimento. A transmissão do movimento da roda
totalizadora dos minutos do cronógrafo (31) à roda totalizadora
das horas coaxial realiza-se mediante uma pequena rodagem,
análoga à minuteria do relógio.
5 Uma segunda pressão no botão às 2 horas (P) pára o cronógra-
fo. Também neste caso, à pressão no botão corresponde a rota-
ção de um passo da roda de coluna (7) através do gancho (21).
A alavanca da estrela (22) encontra-se agora sobre uma coluna,
enquanto o seu dedo (23) vai posicionar-se entre as pontas da
estrela foudroyante (13), parando-a, assim como a respectiva
rodagem. Assim, todas as rodas do mecanismo de cronógrafo
e os respectivos ponteiros param na sua posição (de então), sem
precisar de bloqueadores.
Figura 4 Figura 5
6 A figura evidencia o sofisticado sistema colocado na engre-
nagem da foudroyante. O mecanismo está aqui representado
em fase de paragem do cronógrafo. A estrela da foudroyante,
visível na ampliação, é, na realidade, formada por duas estrelas
sobrepostas. A estrela inferior (13B) amarela é aquela que vai
engrenar directamente com a roda da foudroyante de 40 dentes
(11), solidária da roda de escape (12). A estrela superior (13) de
cor roxa está detida pelo gancho (23) comandado pela roda de
colunas (7). As duas estrelas estão ligadas por uma cavilha (40)
colocada sobre estrela superior e que se introduz num orifício
na superfície da estrela inferior. Este estratagema permite que a
estrela inferior também possa rodar sobre um ângulo reduzido
depois da paragem do cronógrafo (o ponteiro dos segundos
foudroyantes mantém-se parado no mostrador, por ser solidário
da estrela superior). A pequena rotação de meio passo da estrela
inferior serve para permitir a rotação da roda da foudroyante (11)
que deve continuar a rodar apesar de o cronógrafo estar parado,
em sintonia com a roda de escape (12) do relógio.
Por fim, notemos que o dedo de paragem (23) apresenta
um degrau na sua extremidade. A parte mais curta do degrau
serve para parar a estrela da foudroyante (13), enquanto a mais
comprida intervém na reposição a zero do cronógrafo, actuando
sobre o dedo (41) solidário da estrela da foudroyante (13), como
veremos a seguir.
7 O retorno a zero do cronógrafo ocorre ainda, e mais uma vez,
através da pressão no botão colocado às duas horas (P). A roda
de colunas (7) avança um dente sempre que se acciona o gancho
(21) para o efeito. A alavanca da estrela (22) ainda se encontra
apoiada na coluna. Porém, não se apoia completamente nesta :
a extremidade curta do dedo (mais evidente na figura 6) afasta-se
o suficiente para deixar rodar a estrela da foudroyante, até que a
extremidade mais comprida do dedo da alavanca da estrela (23)
detém o dedo (41) solidário da estrela e coloca-se na posição cor-
respondente ao alinhamento do ponteiro da foudroyante (cravado
da estrela) com zero no mostrador.
A estrela da foudroyante roda até se posicionar a zero, os mar-
telos de reposição a zero (na figura aparecem dois, 24 e 25) caem
sobre a came em coração dos segundos do cronógrafo (26), dos
minutos do cronógrafo (27), da unidade dos minutos (28) e das
horas do cronógrafo (cuja roda é colocada do outro lado do movi-
mento não visível na figura). Quando deixar de pressionar o botão
às 2 horas, todos os ponteiros estarão a zero. Para que o retorno
a zero se efectue correctamente, é necessário manter o botão do
cronógrafo premido o tempo suficiente para que o ponteiro da
foudroyante chegue a zero.
LABORATÓRIO
Figura 6 Figura 7
8 Girar a coroa no sentido contrário aos ponteiros transmite a
rotação directamente à roda da coroa (51) e a uma roda inter-
mediária (52), e a roda dentada (1) gira. Solidários a esta estão
dois linguetes (5 e 6), que, por sua vez, vão obrigar o rochet (3)
do tambor da foudroyante a rodar, assim como a mola dentro do
tambor. Quando a roda (1) gira em sentido contrário sob a acção
da coroa, os linguetes saltam sobre os dentes de tipo serra do
rochet, mantendo-se, este último, imóvel. A roda (1) do tambor do
cronógrafo engrena com uma roda semelhante (53) assente no
tambor da base tempo. Esta mesma roda, porém, movendo-se
em sentido contrário aos ponteiros, não transmite o movimento à
respectiva corda (4), dado que o par de linguetes correspondente
desliza sobre o rochet.
9 Rodando a coroa de corda no sentido horário, dá-se corda ao
tambor da base do tempo (2). O processo é o mesmo anali-
sado na figura 8, mas, neste caso, os sentidos de rotação estão
invertidos. Neste caso, também o rochet do tambor do cronógrafo
manter-se-á parada, enquanto o rochet (4) do tambor da base
do tempo se moverá no sentido horário, armando a corda que
está no próprio tambor. Como ainda se nota na figura, o tambor
da base do tempo (2) é maior do que o tambor do mecanismo
cronográfico. Porém, ambos os tambores oferecem a mesma
autonomia aos respectivos mecanismos, porque o funcionamento
da base do tempo requer maior energia, logo requer um tambor
maior em comparação à autonomia.
Figura 8 Figura 9
A rubrica Utopia Mecânica inicia aqui uma série sobre o Tempo na ficção. E falamos de uma das grandes mudanças estruturais na forma de o encarar, quando há 125 anos se tornou definitivamente global.
Utopia mecânica
O Sr. Phileas Fogg e os fusos horários
Era quarta-feira, dia 2 de Outubro de 1872, cerca das 20 h 20 m. No Reform Club de Londres,
Phileas Fogg acabara de fazer uma aposta: conseguiria dar a volta ao mundo em 80 dias e
estar de regresso ao mesmo local às 20 h 45 m de dia 21 de Dezembro, sábado.
Assim começa o enredo de A Volta ao Mundo em 80 dias, de Júlio Verne, escrito numa
época em que os meios de transporte se tinham desenvolvido de forma súbita e em que o inte-
resse pelas viagens aumentava sem parar. Os caminhos-de-ferro atravessavam continentes, os
barcos a vapor conquistavam os mares, o canal do Suez, inaugurado em 1869, diminuía para
metade o tempo necessário para ir de Londres a Bombaim.
Para tornar plausível o enredo, Verne tinha estudado as redes das companhias marítimas e
comparado horários dos comboios franceses, ingleses, indianos e americanos.
Phileas Fogg, acompanhado pelo fiel Passepartout, inicia o périplo que o leva primeiro à Índia,
o faz de seguida atravessar o Pacífico, o continente Americano e o traz de regresso a Londres
pelo Atlântico. Mas, e seguindo as indicações do relógio de bolso do criado, a derrota era evi-
dente, pois quando chegou era domingo, o dia a seguir ao prazo da aposta.
Só que Passepartout apercebeu-se de que, afinal, em Londres ainda era sábado, e que eram
quase 20 h 45 m. Tudo acaba bem.
Júlio Verne terá sido o primeiro escritor a usar, no enredo, o sistema dos fusos horários. «Sem
dar por isso, Phileas Fogg ganhara um dia no seu itinerário, unicamente porque dera a volta ao
Mundo caminhando para Leste, dia que perderia se fosse em sentido inverno, quer dizer, mar-
chando para Oeste», explica ele. «Efectivamente, seguia para oriente, ao encontro do Sol, e, por
consequência, os dias iam diminuindo à razão de quatro minutos por cada grau de longitude».
E prossegue: «O círculo do equador mede 360 graus, que multiplicados por quatro minu-
tos, dão precisamente as vinte e quatro horas do dia… desse dia que inconscientemente fora
ganho. Por outras palavras: enquanto Phileas Fogg, caminhando para Leste, vira o Sol pas-
sar oitenta vezes pelo meridiano, os seus consócios do Reform Club, em Londres, só o viram
passar setenta e nove vezes. Por isso, nesse mesmo dia, que era sábado em vez de domingo,
estavam à espera dele no salão do clube».
Na época da acção de A Volta ao Mundo em 80 Dias, em 1872, ainda não tinha sido
adoptado o sistema de fusos horários, aprovado numa conferência internacional, em Wash-
ington, apenas em 1884. Mas o Império Britânico, «onde o Sol nunca se punha», já funcionava
com tempo coordenado a partir do meridiano de Greenwich, o observatório real nos arredores
de Londres.
Na conferência de Washington prevaleceu como meridiano zero, de referência, o de Green-
wich, comemorando-se em 2009 os 125 anos dessa decisão. É uma boa altura, pois, para
recordar o Sr. Fogg. Do ponto de vista da relojoaria, nascia um novo campo nas complicações:
o dar, para além de um tempo local, um segundo tempo ou mesmo todos os tempos. Fala-
mos da função GMT ou da que, de forma simultânea, mostra a hora nos 24 fusos horários, a
chamada Horas do Mundo.
CRÓNICA FERNANDO CORREIA DE OLIVEIRA
Surprising as life can BE
A formação em arquitectura, os antecedentes familiares e o desafio proposto pelo irmão Pedro
levaram Luísa Rosas a conceber algumas das mais destacadas lojas de relojoaria e joalharia de
luxo em Portugal e a criar a sua primeira colecção de jóias. Destinada a mulheres bem-sucedidas,
de espírito jovem, apaixonadas por acessórios, com vida social ou profissional activa, a colecção
BE assenta em conceitos como a estrutura celular. ‘Surprising as life can BE’.
Perguntas Paulo Costa Dias, foto Nuno Correia
ENTREVISTA
Qual o desafio num projecto de arquitectura ou
no design de uma colecção de jóias?
Em arquitectura, o programa é muito rígido. Pensa-
mos no tipo de cliente que prevemos ter, na localiza-
ção da loja e criamos um espaço que responda de
forma coerente a todas as premissas. O espaço
certo para o sítio certo. Agora, dentro do objectivo
que pretendemos alcançar, há uma componente
emocional. Este espaço David Rosas do Colombo,
pretendíamos que fosse marcante, inovador, com
presença e afirmação e, para isto, tínhamos de
encontrar um elemento forte. Ou vários…
Hoje, esta loja já é uma referência pela ‘árvore de
madeira’. Bem, mas a verdade é que eu não sabia
o que havia de fazer ao pilar que ela esconde –
durante um mês não sabia o que fazer ao pilar.
Começou por ser um problema, mas acabou por
ser a solução. Nas jóias, infelizmente (risos), não
tenho este programa muito definido, o que não
ajuda nada. É mais fácil, para mim, trabalhar com
20 condicionantes, porque a margem de manobra
diminui e posso focar-me melhor. Para conceber
jóias, tenho um mundo inteiro à minha frente.
Mas há uma inspiração evidente, quer nas suas
jóias quer em muitos apontamentos do seu
trabalho como arquitecta, que é a natureza.
Costuma ir acampar? Gosta de biologia?
Sou muito ligada à natureza, mas o que mais
me seduz nela é a sua estrutura. Quase tudo na
natureza tem uma estrutura interessante. As formas
vivas têm estruturas com uma grande ligação à
arquitectura e aos seus conceitos. O que é a modu-
lação usada na arquitectura? É pegar numa forma e
repeti-la, como acontece com as células. Daí surge
algo, um ser. E assim surgiu esta colecção. Acho
que existe uma estrutura fortíssima e extremamente
racional na natureza, que me é muito próxima, pela
minha formação e pelo meu temperamento.
Busca a essência das coisas por um lado
muito moderno – a estrutura celular. Há 10
anos não se conceberiam jóias assentes neste
conceito em Portugal. Acha que isto colhe nas
mulheres a quem esta colecção se destina?
Eu acho que toda a gente que trabalha ou que tem
uma vida activa hoje compreende que a mulher
está afirmativa. Todos nós, aliás, não só as mulhe-
res. A nossa geração está muito virada para o
presente e para o futuro e não se revê no ‘discur-
so antigo’. A mulher é um ser curioso e interes-
sante. Muito ligada à vida e com força de viver.
Por isso, tudo isto faz sentido. Como uma célula
se multiplica na natureza e gera uma flor, espero
que estas jóias vivam e se desenvolvam bem na
natureza feminina.
‘Surprising as life can BE’ é a assinatura das
suas jóias.
Não foi a primeira assinatura sugerida, porque
a colecção tem outras características que se
poderiam trabalhar. O facto de ser muito táctil, por
exemplo. Mas não era o que queríamos. Queríamos
ir mais fundo, queríamos trabalhar a verdadeira
origem da colecção. Foi inspirada em tudo o que
dissemos e é uma assinatura que tem a ver com a
vida, que eu celebro. Na verdade, está a nascer a
minha primeira colecção.
Entrevista completa em www.espiraldotempo.com
Acho que existe uma estrutura fortíssima e extremamente racional na natureza, que me é muito próxima, pela minha formação e pelo meu temperamento.
Brilho azul em CannesEntre uma ideia inspirada e a sua concretização, o caminho pode revelar-se
longo. E a Chopard sabe disso sem qualquer receio. Um projecto audacioso
levou ao nascimento de uma peça requintada, mas muito sensual: um colar
composto por duas fileiras de 28 de calcedónias azuis, enriquecidas com safiras
em rosa e 450 diamantes de corte brilhante. Cada pormenor merece toda a
atenção... Não é por acaso que esta é uma das 62 peças que integram a linha
Red Carpet 2009 de alta-joalharia, criadas para celebrar a presença da Chopard
em Cannes. A aturada elaboração, a originalidade e a sofisticação estão na base
do seu sucesso.
Chopard Colar Stylish, € 70.210
Céu estreladoA linha Millenary da Audemars Piguet distingue-se pela caixa oval e pela forma como
o mostrador combina números árabes e romanos, numa aparente assime tria. Mas
na versão apresentada, o mostrador une horas, minutos e segundos à indicação
das fases da lua e, de repente, todo o céu aparece no pulso. Dispo nível em duas
versões – caixa em ouro rosa e caixa em ouro branco decorada com 112 brilhantes
de 1,05 ct – o Millenary Ciel Etoilé está equipado com um movimento mecânico de
corda automática e é enriquecido com uma correia em cetim.
Millenary Ciel Etoilé € 29.830 (versão em ouro rosa).
GLAMOuR
Surprising as life can BEAnéis, brincos e pendentes, com diferentes opções de configuração,
são as peças que compõem a colecção BE, a primeira de uma nova
linha da autoria de Luísa Rosas, que assume como objectivo o lança-
mento de mais colecções com o mesmo espírito jovial e experimentalis-
ta. A conjugação original entre estruturas organizadas entre si e formas
orgânicas presentes na natureza traduz-se em peças que expressam
a individualidade de cada mulher. Foram usados materiais nobres como
o ouro amarelo e diamantes, bem como acabamentos mate com
superfícies de textura “riscada”, aliados à juventude e carácter descom-
prometido do couro, com toda a excelência, rigor e exigência tradicio-
nais na David Rosas.
Pendente em ouro e diamantes: € 3.800
Brincos em ouro e diamantes: € 2.850
GLAMOuR
Múltiplas facetasReflexo da versatilidade da mulher contemporânea,
os modelos Reverso Squadra Lady da Jaeger-
-LeCoultre destacam-se pela emblemática caixa
de dois rostos e um por um dispositivo que permite
de forma simples trocar a bracelete, sem recurso
a qualquer instrumento. À apurada selecção de
materiais une-se, pela primeira vez nos modelos
Reverso de senhora, um calibre mecânico de
corda automática de última geração exclusivo da
Grande Maison, Das versões mais simples, às
mais complicadas, em ouro rosa ouro rosa ou ouro
branco, cravejadas de diamantes nos limites superior
e inferior do mostrador trabalhado, o resultado são
peças elegantes de design clássico, mas actuais,
que respondem às diversas exigências do mundo
contemporâneo feminino.
Reverso Squadra Lady Duetto, € 14.900
Como um tesouroEntre produtos emblemáticos e recentes criações, a Louis Vuitton sugere para
a quadra que se aproxima peças indispensáveis, sempre com a elegância e
carisma da conceituada marca. No caso da Minaudière Trésor, apresenta-se
como uma combinação perfeita para grandes noites e grandes eventos: o negro
e delicados apontamentos dourados bordados numa elegante clutch em piton,
que tanto pode ser usada na mão, como ao ombro. No repeitável fecho, surge
discretamente gravado o monograma Louis Vuitton.
Minaudière trésor in embroidered python € 3.000
Flores de OutonoA Rolex apresentou este ano os novos modelos Datejust 36 mm em
aço polido e com luneta cravejada de diamantes. Em destaque, o
Datejust Rolesor que ostenta um sedutor mostrador em rosa decorado
com motivos florais e que está também disponível em mais versões
de diferentes cores. Às 3 horas, a janela da data é sobredimensionada
graças a uma lupa estrategicamente incorporada no vidro de safira.
Num primeiro impacto, o novo rosto surpreende pela delicadeza dos
detalhes, mas não esconde a herança Rolex: legibilidade óptima, simpli-
cidade nas funções, excelência dos materiais.
Oyster Perpetual Datejust Rolesor 36 mm, € 8.875
GLAMOuR
Sofisticação e elegânciaNos exigentes dias de hoje entre mulheres e homens a tendência é para inovar, igualar, partilhar.
A aparência deverá ser simples e determinada, elegante e desportiva. É neste sentido que
surge a colecção Royal Oak Offshore de joalharia da Audemars Piguet, revelando a cumplici-
dade possível entre diversidade e sofisticação em peças como pendentes, anéis ou pulseiras.
Os anéis inspiram-se directamente na forma octogonal emblemática dos relógios da colecção
surgindo enriquecidos com parafusos hexagonais ou com diamantes no lugar dos parafusos.
Em destaque o contraste entre o desportivismo do cauchu adornado com o motivo mega
tapisserie e a elegância do ouro rosa.
Joalharia Royal Oak Offshore a partir de € 4.390
Dança misteriosa...Uma peça de extremo requinte que oferece uma forma deliciosa de contemplar as horas: em
vez dos tradicionais ponteiros, colocados ao centro, o mostrador dispõe de dois discos, cada
com um indicador de referência para as funções base. Quase como uma dança, cada disco
roda delicadamente, acompanhando os números tão característicos da Franck Muller. O disco
interior garante a leitura das horas, o disco exterior garante a leitura dos minutos. Característica
também é a caixa Cintrée Curvex que surge em ouro rosa com um rosto totalmente cravejado
de diamantes. Disponível com correia em pele de crocodilo e fivela em ouro rosa.
Double Mistery € 63.750
Wildlife Stephen Sprouse foi um artista e estilista norte-ame-
ricano reconhecido mundialmente pela forma como
desenvolveu o seu próprio conceito urbano de arte.
Da sua obra, são emblemáticos os originais grafittis,
bem como uma colecção ancorada na mistura de
sofisticação, punk e cultura pop. Em 2001, Sprouse
colaborou pela primeira vez com Marc Jacobs para a
Louis Vuitton numa linha de malas, inspirada precisa-
mente nos seus icónicos graffitis. Falecido em 2004,
o norte-americano acabou por ser uma referência
na marca, pelo que a Louis Vuitton lançou uma nova
colecção em homenagem ao seu trabalho. Este
tapa-orelhas destaca-se precisamente pelo motivo
leopardo desenhado por Stephen Sprouse, uma
das elegantes propostas da marca para o frio que
vai chegando. As iniciais são também evocativas do
estilo do artista, já a fita promete uma adaptação
perfeita graças a um pequeno e discreto fecho.
Leopard Vision € 600
Bleu, blanc, bleu... A nova colecção de alta-joalharia da Chanel –
Lumière – reúne um conjunto de peças cheias de
luz em quatro linhas deslumbrantes que privile-
giam os diamantes como elemento central: Soleil,
Ruban, Noeud e Tweed. Quase como se surgisse
directamente de uma caverna de tesouros, este
anel Écharpe deslumbra pela delicada combinação
de diferentes tipos de azul. São 28 pedras da lua,
9 águas-marinhas, 12 safiras de corte oval e 134
diamantes unidos por uma teia e ouro branco de
18 quilates. Uma peça graciosa e muito feminina.
Manchette Soleil Baroque, preço sob consulta.
CRÓNICA RuI CARDOSO MARTINS
Gosto de quando dois mundos colidem à nossa frente. Por vezes,
nasce uma coisa nova — descobri, há tempos, um restaurante de
“sushi alentejano”, dizia a tabuleta na porta, mas sou demasiado
novo para aguentar tanta metafísica e não entrei —, outras vezes,
dá-se uma explosão que destrói esses mundos e é interessante
estudar os estilhaços e as radiações.
Nas biografias de escritores, encontra-se de tudo
e do mais esquisito. Zelda e F. Scott Fitzgerald
embebedavam-se de tal maneira que uma noite
invadiram uma festa de sociedade, de joelhos no
chão, rosnando e ladrando como cachorros. Mark
Twain – que associamos a histórias de rãs salta-
doras, escravos inocentes foragidos, cemitérios à
noite, e a melhor e mais pura das amizades entre
crianças – levou o seu humor negro a um ponto
em que, desculpem a conversa desagradável,
acabou a defender, em público (ainda por cima
em palestras pagas), a masturbação compulsiva,
deixando as senhoras com a boca mais aberta
do que o Tom Sawyer nos desenhos animados.
Sem fugir aos problemas escatológicos da criação
artística, Honoré de Balzac, um notável conquis-
tador e amante, gritava de frustração quando não
se continha com uma mulher (no final):‘Oh, lá se foi
mais um romance!’.
O caso mais imbatível que conheço é o de Jack
Kerouac, talvez o principal criador da beat genera-
tion, precursor da liberdade sexual e dos hippies,
escritor que inventou uma espécie de grafia
automática, um fluxo rápido de consciência que ia
directamente buscar à própria vida e experiências.
Lembramos On the Road (versão portuguesa, Pela
Estrada Fora), um relato das suas viagens de semi-
vagabundo pela América com os amigos. Anos
depois, Allen Ginsberg escreveu que Kerouac an-
dou a enganar gerações de rapazes americanos...
Porque o livro esconde o que andavam a fazer
exactamente, pelas estradas e pelas festas, as
milhares de aventuras sexuais com mulheres, mas
também com homens, que o autor registava (quem,
onde, quando, como, quantas vezes) nos diários. A
‘sex-list’, revelada pelos biógrafos, é inacreditável.
Também impressiona a quantidade de mundos
que colidiam dentro do homem: Kerouac, no início,
apesar do alcoolismo congénito da família, era
um atleta, um belíssimo jogador de futebol ameri-
cano, que uma lesão na perna afastou da carreira
profissional. E um ultraliberal de costumes que vivia
com a mãe e foi capaz de bater em homossexuais
no meio da rua (costumava negar que também o
era). E fazer elogios à beleza dos soldados nazis,
que combateu na guerra, mas sempre com muita
pena de os ver morrer naquelas fardas. Foi budista
e, mais tarde, abominou a revolução sexual e os
cabeludos que lhe batiam à porta em busca de
aventuras e iluminação. Finalmente, um bêbedo
compulsivo que morreu muito cedo, aos 47 anos,
de hemorragia provocada por cirrose hepática.
Agora a estranha descoberta: quem também mor-
reu aos 47 anos, de hemorragia hepática provo-
cada por cirrose alcoólica, foi o nosso ou, como se
costuma dizer, o universal Fernando Pessoa. Não é
difícil imaginar dois escritores mais diferentes, tanto
no estilo de vida (fora os copos), quanto de escrita.
Pessoa era um monge virgem e assexual, com-
parado com Kerouac, o lendário promíscuo. Mas
Pessoa criou vários heterónimos — Caeiro, Reis,
Campos etc. — e escreveu, enquanto Bernardo
Soares, no Livro do Desassossego: «E assim sou,
fútil e sensível, capaz de impulsos violentos e ab-
sorventes, maus e bons, nobres e vis, mas nunca
de um sentimento que subsista, nunca de uma
emoção que continue, e entre para a substância da
alma. Tudo em mim é a tendência para ser a seguir
outra coisa; uma impaciência da alma consigo
mesma, como com uma criança inoportuna; um
desassossego sempre crescente e sempre igual.»
Assentaria muito bem em Jack Kerouac. Que pen-
saram os dois no dia da morte, aos 47 anos, com
a mesma doença e pela mesma causa? Lamenta-
ram o mesmo? Será que se Pessoa tivesse vivido
numa época mais perto de nós conseguiria criar
um pseudónimo tão louco na vida e na obra quanto
Kerouac?
Estas perguntas, claro, não ficarão para a História,
mas apeteceu-me fazê-las.
Prazer de conduzir: o presente e o futuro
A BMW tem sido prenhe na aposta no hedonismo do condutor: o prazer que este sente ao
conduzir; o prazer que lhe dá o automóvel enquanto objecto; o prazer de ‘sentir o motor’;
o prazer de dominar o veículo; o prazer da velocidade. Prazeres partilhados por cada vez mais
amantes de relógios, que encontram na grande relojoaria uma semelhante forma de gozo.
Perguntas Paulo Costa Dias, foto cedida por BMW Portugal
Num tempo de luta imperativa pela racionalidade energética, fruto das crescentes exigências ambientais impos-
tas pelos mercados e pelos reguladores da indústria, falámos com João Trincheira, Director de Comunicação da
marca bávara em Portugal. Em que medida poderá o tempo em que vivemos afectar o prazer que nos fazem
sentir as belas máquinas automóveis?
O prazer da condução é um tema caro à BMW. No futuro, o condutor obterá este prazer através do
desempenho do automóvel ou da consciência do equilíbrio ambiental que ele revelar?
Para a BMW, prazer de condução e equilíbrio ambiental são indissociáveis e é neste sentido que temos trabalha-
do nos últimos anos. Desde 2007 comercializamos veículos que contam com uma série de medidas apelidadas
BMW Efficient Dynamics. São medidas que pretendem diminuir as emissões poluentes e os consumos, mantendo
inalterado o ADN da marca. A provar a consciência ecológica do BMW Group, surge o facto de, nos últimos dez
anos, este ter estado listado no índice de sustentabilidade Dow Jones, tendo sido considerado o construtor
automóvel mais sustentável nos últimos cinco anos.
Em que medida houve uma transferência de aposta tecnológica, da performance para as questões
ligadas ao ambiente?
A primeira fase do programa BMW EfficientDynamics foi implementado com a adopção de um conjunto de
medidas. São disso exemplo o sistema start stop, o sistema de regeneração de energia durante a travagem, a
adopção de pneus com baixo atrito do rolamento e a direcção assistida inteiramente eléctrica, entre outros. A se-
gunda fase está a ser agora iniciada, com a introdução de motorizações híbridas. Ou seja, não nos basta desen-
volver um veículo com elevadas performances dinâmicas, é necessário que este também seja altamente eficiente.
Além da luta para reduzir o consumo de energia, hoje aposta-se também na recuperação da mesma.
Em que é que esta eficiência se pode traduzir?
A recuperação de energia é extremamente importante, mas este tópico não deve ser encarado exclusivamente
em relação ao veículo em si. Para termos ganhos efectivos, temos de ser mais abrangentes e concentrar-nos no
processo produtivo. Neste contexto, implementámos uma série de medidas, nas fábricas, para reduzir o consumo
de recursos naturais e energia, tal como o arrefecimento do nosso centro de desenvolvimento (FIZ), que passou
a ser efectuado utilizando água do solo. Este sistema eliminou as mais de 4500 toneladas de CO2 enviadas para
a atmosfera anualmente e, ao mesmo tempo, permite poupar sete milhões de quilowatts / hora de electricidade
– o equivalente ao consumo energético anual de mais de 3000 lares. Relativamente aos veículos, a tecnologia de
regeneração da energia durante a travagem permite converter a energia cinética em energia eléctrica - que por
sua vez vai carregar a bateria.
Qual o contributo que a nova geração de motores que tem vindo a ser ensaiada (Vision Dynamics),
e que foi recentemente apresentada como protótipo, poderá dar a curto/médio prazo?
O projecto BMW Vision EfficientDynamics vem romper com a ideia pré-concebida de que um veículo desportivo
tem de ter motores a gasolina com seis ou oito cilindros, cilindradas elevadas (e consumos igualmente eleva-
dos) e lugar para apenas dois passageiros. Este projecto é uma revolução: trata-se de um superdesportivo com
elevadas performances e quatro lugares. A motorização deste protótipo é composta por um motor a diesel de
apenas três cilindros com uma cilindrada de 1500 cm3 e dois motores eléctricos (acoplados aos eixos). A potên-
cia máxima combinada é de 356 cv e consegue uma aceleração dos 0 aos 100 km/h em 4,8 segundos, apesar
de ter um consumo de apenas 3.76 l/100 km e 50 g/km de emissões de CO2. Características que, num futuro
próximo, podem ser realidade.
ENTREVISTA
TAG Heuer GoldO MERIDIIST é um telemóvel de luxo desenvolvido pela TAG Heuer que deve o seu nome à fusão entre as
palavras ‘Meridiano’ e ‘Especialista’. De inspiração relojoeira e concebido em aço hipoalergénico (o mesmo
material utilizado em cirurgias de substituição das ancas), integra o maior vidro de safira jamais usado num
telemóvel, estando disponível em diversas versões. De um modo geral, o telemóvel apresenta um design er-
gonómico de linhas futuristas. No topo, um inovador écran, como um prolongamento do écran principal, apre-
senta um relógio reversível e dá conta de chamadas recebidas. A estreia em Portugal do MERIDIIST revelou-se
num estojo em edição limitada que juntou esta peça extraordinária ao cronógrafo TAG Heuer Grand Carrera
Caliper 36 RS. Um sucesso que está na base de uma nova edição que, desta vez, aposta numa união perfeita:
o MERIDIIST em ouro rosa e o TAG Heuer Grand Carrera ouro rosa e chocolate. Uma dupla sofisticada
e de extrema elegância que promete repetir o sucesso da sua antecessora.
Porsche Design Acessórios de golfeTodos os produtos concebidos na Porsche Design seguem
a filosofia única que está na base da marca: a forma segue
a função. Para isso, a marca opta muitas vezes por par-
cerias com os melhores especialistas de diferentes áreas.
Funcionalidade, tecnologia avançada e o design estão na
base da cooperação com a TaylorMade®. Na sua linha de
tacos de golfe em destaque a utilização de materiais ultra-
leves como o titânio, sendo que cada taco foi desenvolvido
para garantir um melhor desempenho perfeito e consistên-
cia nas pancadas. Um saco ultra-leve, com asas duplas de
extremo conforto, ajusta-se a um trólei que dispõe de um
sistema automático que lhe permite manter uma posição
firme e ser facilmente montado ou desmontado.
www.porsche-design.com/live/start
gADgETS
Leica APO Televid 82Para quem particulamente aprecia contemplar a naureza com olhos de ver, a Leica propõe o telescópio
terrestre APO Televid 82, desenvolvido para alcançar os mais ínfimos detalhes com a máxima resolução.
O sistema óptico apocromático com novos tipos de cristal de fluorita (FL) e um diâmetro de objectiva
de 82 mm garantem uma alta-qualidade de imagem e um melhor contraste de cor. O corpo, conce-
bido numa liga de magnésio, surge como particularmente robusto. Em destaque também a tecnologia
de revestimento Leica AquaDuraTM que funciona como um repelente de água, evitando que gotas se
depositem nas lentes exteriores. Está disponível em duas versões: observação em ângulo e observação
em linha recta.
www.comercialfoto.pt
gADgETS
KEF Concept BladeO Concept Blade, da reconhecida KEF, é um autên-
tico concentrado de tecnologia e novas ideias que,
segundo a marca, irá influenciar não apenas os pró-
ximos modelos, como também as colunas de som
de uma maneira geral. Single Apparent Source é
o nome da principal tecnologia que vem fazer a
diferença: todos os altifalantes trabalham como se
tratasse de um só, de modo a que o ouvinte sinta
toda a música a fluir a partir de um único ponto.
As KEF Concept Blade não têm em vista uma
produção em série, no entanto, foi desenvolvido um
par para apresentações especiais por todo o mundo
como demonstração da sua capacidade técnica.
www.videoacustica.pt
Bang & Olufsen A8A Bang & Olufsen complementou a sua linha de
auriculares A8 com novas cores verdadeiramente
atrevidas e que contrastam com o preto e alumínio
dos modelos já existentes: amarelo, verde, branco
e laranja são a grande aposta. Fabricados de forma
artesanal, em alumínio anodizado e borracha endure-
cida, os auriculares A8 destacam-se pelo seu design
ergonómco, pensado para se adaptarem à orelha de
maneira a garantir a transmissão de sons que outra
forma poderiam escapar. Para alcançar a máxima
qualidade de som, no seu interior encontram-se em
miniatura muitas das funções acústicas das colunas
Bang & Olufsen. Disponíveis com estojo em pele
especialmente desenhado.
www.bang-olufsen.com
Whatever Works é o regresso de Woody Allen a
Manhattan, depois dos filmes na Inglaterra e em
Espanha. Nota-se a alegria do regresso. É frenética.
Ao regressar a Manhattan, Woody Allen não está
apenas a regressar a Nova Iorque – está a regressar
a Woody Allen. Os filmes europeus eram mais filmes
europeus do que filmes de Woody Allen.
Ao escolher Larry David para fazer de Woody
Allen, Woody Allen multiplicou-se. O personagem é
duplamente misantrópico e egoísta. É um espantoso
exercício de cálculo, porque Larry David não deixa
de ser Larry David, em momento nenhum.
Whatever Works de 2009 e Manhattan de 1979
são filmes românticos, como quase todos os filmes
de Woody Allen. A diferença é que Manhattan é a
história do amor dele por Manhattan e Whatever
Works é a história de amor dele por ele próprio.
Ambos são amores poderosos e genuínos – é por
isso que ambos os filmes são tão arrebatadores. É
claro que Woody Allen conhece e ama Manhattan
e é claro que Woody Allen conhece e ama Woody
Allen. E em ambos os casos tem razão. São amores
mais do que justificados.
Mas não é isso que agora me interessa. Em pouco
mais de três horas, vi dois filmes com trinta anos de
distância – trinta anos de diferença. Conheço bem
todos os filmes de Woody Allen, mas só quando
acabei de ver os dois filmes é que compreendi uma
coisa acerca dele que nunca antes me tinha passado
pela cabeça: Woody Allen não sabe o que é o amor.
Sabe tudo sobre a imensidão das coisas que
não são amor: as relações humanas; as paixões;
as intimidades; os paradoxos; as tragédias e as
verdades. É muita coisa. E Woody Allen sabe, como
mais ninguém, apresentar-nos essa complexidade
de uma maneira que a celebra ao mesmo tempo.
Em ambos os filmes, é um homem mais velho que
se apaixona por uma rapariga muito mais nova. É aí
que se notam os 30 anos. Larry David em Whatever
Works é, mais ou menos, 30 anos mais velho do que
o Woody Allen de Manhattan.
Os amores de Whatever Works e de todos os fil-
mes de Woody Allen surgem sempre de uma situa-
ção excepcional e inesperada. Há grandes coinci-
dên cias; grandes paradoxos; grandes reviravoltas.
E é tudo (quase sempre) muito engraçado, mas o
amor nunca é convincente.
CRÓNICA MIGuEL ESTEVES CARDOSO
O reconhecimento do amorDepois da delícia de ver Whatever Works, o mais recente filme de Woody
Allen, com Larry David a interpretar o personagem principal, fui ver
Manhattan outra vez.
Em Whatever Works, a mulher com que Larry David acaba por
ficar é a mais aleatória de sempre. Não posso contar o filme porque
não quero ser estraga-prazeres.
Quando os personagens se revelam como sendo o oposto do
que pensavam (ou queriam que se pensasse) é divertido, mas é
formulaico. Pois Woody Allen é um génio do formulário amoroso,
mas suspeito que não saiba o que é o amor.
O amor não tem nada a ver com sorte, coincidência ou timing.
Essas são as leis da comédia, que Woody Allen não só domina
como ajudou a escrever.
As leis do amor são diferentes. Só há uma, mas é uma bomba.
É reconhecer, sem qualquer esforço, raciocínio ou dúvida, que está
ali a pessoa que amamos. É ela e mais nenhuma. É com ela que
queremos estar. É ela que queremos. Custe o que custar; persiga-
-se o que se tenha de perseguir; não conseguiremos ser felizes ou
sentirmo-nos completos sem ela.
O amor é isso: uma evidência. É muito claro, o amor. Não é
assustadoramente claro; é reconfortantemente claro. Num mundo
onde não sabemos nada e duvidamos de quase tudo, o amor
dá-nos essa gigantesca abébia: dispensa-nos de pensar mais no
assunto.
Pensa-se nos comos (como conquistar essa pessoa; como não
a deixar fugir), mas não nos porquês. À pergunta ‘Porque é que me
amas?’ a única resposta genuína é ‘Porque eu sou eu e tu és tu.’
Fazer uma longa lista de razões convincentes (’por causa da
maneira como separas a côdea do pão, blá blá blá’) é coisa que
faz qualquer pessoa com experiência de sedução.
Essas listas podem ser encantadoras, mas como arte. Não
como prova de amor. O amor nunca se pode provar – é esse um
dos desesperos de quem ama e de quem quer sentir-se amado
por quem ama.
A pergunta ‘Como se conheceram?’, nos filmes de Woody Allen
(ao contrário da vida real), produz sempre respostas encantadoras
ou desconcertantes.
No amor, não há esse ’conhecer-se’ ou é banal. O que importa
no amor é o reconhecer-se: é esta mulher; é este homem.
Reconhecer tem o sentido de voltar a conhecer. Ao sentir o
amor, reconhecemo-nos a nós próprios. O eu anterior, que não
sabia o que era amar, desaparece para sempre. (às vezes deixa
saudades, mas isso já é outra história).
Reconhecemos que, sem sabermos, estávamos à procura da
pessoa que amamos. Porque é isso que se sente: ‘Cá está ela!’;
‘cá está ele!’; como se a tivéssemos descoberto, ou apanhado.
Cada vez que perguntamos ‘será amor isto que sinto?’ ou ‘será
esta pessoa o amor da minha vida?’, a resposta já está dada: não.
O amor é uma evidência. É um grande bloco de pedra à nossa
frente. É um bloco. É de pedra. Acabou.
O maior erro de todos é dizer que o amor que uma mãe tem por
um filho é diferente do amor que tem pelo pai da criança. Não há
nenhuma diferença. Amor é amor, seja entre irmãos, crianças ou
crescidos.
Ou há ou não há. Não é por se ser mãe que se ama o filho ou
não. Não há amores por imposição porque o amor é uma coisa
que se impõe a si própria, com a maior das calmas e facilidades.
Tudo à volta do amor pode ser frenético e desesperante e belo,
mas o amor, em si, é apenas um facto. Passa a fazer parte da
realidade, tão real como a maçaneta da porta.
É esta simplicidade que falta às histórias de amor de Woody
Allen, hoje como há 30 anos atrás. A partir do momento que
reconhecemos o amor por outra pessoa, fica quase tudo decidido.
O plano fica esboçado: fazer tudo para passar o máximo tempo
possível com ela.
Uma das características de quem ama é de não se preocupar
muito se a pessoa que amamos também nos ama. Desde que
pense que ama – ou mesmo que saiba que não nos ama, mas
fique connosco; isso já nos chega. Porque é muito, muito melhor
do que a pior coisa: ficar sem ela.
Esta falta de preocupação é geralmente secreta. Quem tem a
sorte de estar com a pessoa que ama acha sempre que tem sorte,
porque está a aproveitar-se de algum engano ou de alguma ilusão
por parte da pessoa amada. Não acreditar que a pessoa amada
nos possa amar como nós a amamos é, em quem ama, uma
certeza tão grande como o próprio amor.
Saber quem se ama não é apenas o princípio da história: é o
meio e é o fim.
Se é uma sorte ou um azar; isso já é outra questão.
Realização Ricardo Preto , Fotografia Nuno CorreiaCluedo
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Assistido por
Luis Carvalho e Roberta Resende
Maquilhagem
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Catarina Andrade, Edgar, Tânia Correia, Leonardo
Realização Ricardo Preto , Fotografia Nuno CorreiaBite me
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TAG Heuer Monaco AutomaticMovimento mecânico de corda automática.Caixa Ø 37mm em aço.Preço: € 1.990
TAG Heuer Monaco LSMovimento cronógrafo mecânico de corda automática calibre 12.Caixa Ø 40,5mm em aço.Preço: € 5.250
TAG Heuer Carrera Chrono Day-Date TitânioMovimento mecânico de corda automática calibre 16.Caixa Ø 43mm em titânio.Preço: € 3.550
Produção
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Assistido por
Luis Carvalho e Roberta Resende
Maquilhagem
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Assistida por
Carina Quinquiliano com produtos Guerlain @ ARatelier
Modelos Central Models
Há quem pergunte por que razão os ponteiros dos relógios surgem nas montras, nos
catálogos e nas revistas sempre às 10h e 11 m. Há quem diga que é porque transmite
uma ideia positiva, ou porque desta forma sobressai o logótipo da marca...
Gostamos mais da primeira explicação. Tão simples como olhar para um relógio e
verificar que muitas vezes em relojoaria quem vê caras vê corações. Há casos em que
o mostrador deixa adivinhar que por trás se encontra uma máquina de excelência que
faz o relógio bater eternamente no pulso.
Querem ideia mais positiva do que esta?
Quem vê caras...
Jaeger-LeCoultre Master, Compressor Diving Pro GeographicReferência: Q1852770. Movimento: Mecânico de corda automática JLC 979. Funções: Horas, minutos, disco das cidades com 24 fusos horários e data. Caixa Ø 46,3mm: Ouro rosa 18ct, sensor na esquerda para accionar o profundímetro, vidro em safira, estanque até 300 metros. Bracelete: Cauchu articulado com fivela em ouro rosa 18ct (cada modelo vem com outra em Cordura® com velcro). Preço: € 35.000
F. P. Journe Invenit et Fecit, Octa Automatique LuneReferência: FPJ.OAL40.PT.B. Movimento: Mecânico de corda automática FPJ 1300-3 em ouro 18k com 120h de reserva de corda. Funções: Horas, minutos, segundos, data panorâmica, fases da Lua e reserva de corda. Caixa: Platina, mostrador em ouro branco 18k, vidro e fundo em safira, estanque até 50 metros. Bracelete: Pele de jacaré com fivela em platina. Preço: € 35.440
Patek Philippe, Chronograph à Quantième AnnuelReferência: 5960R-001. Movimento: Mecânico de corda automática calibre CH 28-520 IRM QA 24H. Funções: Horas, minu-tos, segundos, cronógrafo, data, dia e mês, indicação de reserva de corda e dia/noite. Caixa Ø 40,5mm: Ouro rosa com vidro em safira e estanque até 30 metros. Bracelete: Alligator com fecho de bácula em ouro rosa. Preço: € 44.100
Franck Muller, Master BankerReferência: 8880 MB SC DT. Movimento: Mecânico de corda automática com rotor em platina 950. Funções: Horas, minutos, segundos, data e triplo fuso horário. Caixa: Aço com vidro em safira e estanque até 30 metros. Bracelete: Pele de crocodilo com fivela em aço. Preço: € 15.750
TAG Heuer, Grand Carrera CaliperReferência: CAV5185.FT6020. Movimento: Cronógrafo mecânico de corda automática Calibre 36 com certificado C.O.S.C.. Funções: Horas, minutos, segundos lineares nas 9H, minutos do cronógrafo RS (Rotating Sistem) nas 3H e as horas do cronógrafo RS nas 6H e data. Caixa Ø 43mm: Titânio com tratamento PVD preto, vidro e fundo em safira com tratamento anti--reflexos, estanque até 100 metros. Bracelete: Cauchu racing com fecho de báscula. Preço: € 6.995
Audemars Piguet, Royal Oak Offshore Chronograph VolcanoReferência: 26170ST.OO.D101CR.01. Movimento: Cronógrafo mecânico de corda automática calibre AP 2326/2840. Funções: Horas, minutos, segundos, data e cronógrafo. Caixa: Aço, vidro em safira e estanque até 100 metros. Bracelete: Pele de jacaré com fecho de báscula em aço. Preço: € 16.650
Porsche Design, P’6920 RattrapanteReferência: 6920.6943.201. Movimento: Mecânico cronógrafo rattrapante de corda automática calibre Valjoux 7750 AR2. Funções: Horas, minutos, segundos e cronógrafo. Caixa Ø 45mm: Titânio com tratamento PVD preto e luneta em ouro rosa 18 ct., vidro e fundo em safira, coroa de rosca, estanque até 50 metros. Bracelete: Cauchu com fecho de báscula em titânio com tratamento PVD preto e verso personalizado com o perfil dos pneus do Porsche Carrera GT. Preço: € 24.940
ConquistadorQuase que engana ou deixa espaço para dúvidas. Mas trata-se da caixa Cintrée Curvex da Franck Muller,
reforçada com o poder do Ergal, um material ultra-leve e resistente, tratado por meio de anodização que
garante suprema resistência à corrosão e à abrasão. É comum a sua utilização na Fórmula 1 e na indústria
aeroespacial.
Eles andam por aí...
É na relação com outras peças que cumprem o seu papel, mas têm o mérito
de se distinguirem pela sua identidade muito própria. Perdidos no tempo e no
espaço, elementos que se tornaram imagens de marca.
Ao detalhe
Báscula F. P. JourneInspirando-se no formato redondo e na assimetria dos mostradores dos relógios F.P.Journe, o criador
de acessórios de luxo Roland Iten criou um sensacional fecho de báscula – baptizado R8LAND ITEN
F.P.Journe – em ouro para as correias de pele da marca, que permite um ajuste manual preciso através
de um engenhoso mecanismo de rotação. A diferença pode ir até aos 8 mm.
ChronofighterNão há margem para dúvidas: a alavanca de accionamento do cronógrafo, com botão integrado é a imagem
de marca da Graham. O sistema foi rigorosamente pensado para ser intuitivo e aproveitar ao máximo a acção
do dedo polegar. As origens do gatilho remontam aos instrumentos de precisão presos à perna dos navega-
dores dos aviões da segunda guerra mundial que através de um sistema semelhante accionavam o cronógrafo
para medir o tempo decorrido entre a largada da bomba e sua deflagração no solo.
MonacoAs linhas rectas são inconfundíveis. Evoluindo ao longo dos tempos, o TAG Heuer Monaco chegou até
nós com linhas actualizadas, mas permancendo sempre fiel às suas origens. Em destaque, também, os
acabamentos... Tudo justifica o lugar de respeito que faz do TAG Heuer Monaco um marco da relojoaria.
Rotor Porsche DesignÉ icónico, na colecção relojoeira Porsche Design, o rotor de rendimento superior em forma de jante dos
carros desportivos Porsche, tributo à herança motorizada da marca. Mas só na edição limitada exclusiva para
Portugal – PAC Portugal – esta peça surge em amarelo. Um detalhe a condizer com as inscrições do mostra-
dor e que pode ser contemplado através do fundo do relógio.
Espiral ParachromA espiral Parachrom é um dos elementos patenteados pela Rolex que foi desenvolvida por equipas de
diversas áreas de especialidade. Caracterizada pela cor azul e pelas suas propriedades de resistência
aos impactos e aos campos magnéticos, integra os movimentos da marca que são reconhecidos pela
sua simplicidade e extrema precisão.
Manivela L.U.C.Evocativo de uma certa tradição, o dispositivo inédito W.A.S. (Winding Assistance System) foi especialmente
desenvolvido para o L.U.C. Tourbillon Tech Twist, da Chopard. A ‘manivela’ acopla-se à coroa, personalizada
com o logótipo da colecção, para dar corda ao movimento. Sempre com a classe que caracteriza a marca.
PARCERIA
Por Miguel Seabra, La Chaux-des-Fonds
Fórmula de sucesso
A Graham é uma marca assumidamente de nicho que se baseia em modelos carismáticos
vocacionados para um público irreverente. A personalidade e imaginação britânicas bem
patentes na colecção da marca e que são apanágio do seu responsável Eric Loth foram
fundamentais na obtenção de dois patrocínios que surpreenderam a concorrência: o da
Brawn GP, escuderia recém-consagrada campeã do mundo de Fórmula 1, e o da Taça das
Seis Nações, mítica competição de râguebi.
Na hiper-competitiva indústria relojoeira da actualidade, os prin-
cipais colossos do sector fazem jus à sua reputação ao arrebatar
os mais apetecidos patrocínios – no mundo do desporto e não
só. Mas é precisamente através do mundo do desporto que
conseguem estabelecer parcerias que, para além de veicularem a
comunicação da marca e de despertarem o imaginário do público,
são também preciosas ajudas para o desenvolvimento do produto.
Nesse âmbito, a Graham apresentou em 2009 duas associa-
ções emblemáticas que surpreenderam o mundo do marketing
desportivo.
Como é que uma marca de nicho consegue bater a endinhei-
rada concorrência para se tornar no cronometrista oficial da novís-
sima escuderia BrawnGP de Fórmula 1 e da secular Taça das Seis
Nações em rugby? Precisamente por ser de nicho e por apresen-
tar uma personalidade única no universo da relojoaria – e também
pelo espírito britânico e pelo engenho do seu presidente, Eric Loth.
O responsável e fundador da Graham é um confesso adepto
da cultura britânica e inspira-se continuamente nela para idealizar
novos produtos para a colecção. Não propriamente naquele
espírito excessivamente rígido e tradicional da velha Inglaterra,
mas no espírito vanguardista completamente oposto: o espírito
irreverente e imaginativo que desbravou novas culturas e tanto
contribuiu para o progresso das mentalidades. «O sport chic, onde
a cor assume um papel fundamental e há sempre um toque de
folia», precisa Eric Loth. «Afinal de contas, foram eles que inven-
taram as racing colors para distinguir as equipas e os países nos
primórdios das corridas automóveis. O forte dos ingleses consiste
em transmitir uma ideia de luxo que inclui sempre um detalhe de
ruptura, em inventar algo que a princípio parece irracional mas que
com o tempo se revela lógico e se transforma em paradigma. O
free thinking britânico que desbravou novos caminhos nas artes,
na música, na moda.»
Rule Britannia!
Não basta que a marca anglo-helvética com sede em La Chaux-
de-Fonds tenha capitais ingleses e deva o seu nome ao mestre
inglês inventor do cronógrafo, George Graham; Eric Loth logrou
capturar de maneira ideal esse british flair progressista e aplicá-lo
em apelativos modelos tecnicamente notáveis (mecanismos fiáveis
e aperfeiçoados pela manufactura La Joux-Perret) tão distintos
como o Chronofighter, o Swordfish ou o Silverstone. Mais: se a
Graham não tivesse uma tão forte conotação britânica, nunca
nasceriam peças de carácter tão iconoclástico como o Chrono-
fighter ou o Swordfish – ao passo que o Silverstone já é mais óbvio
no seu estilo especial de corrida tão caro aos súbditos de Sua
Majestade.
A personalidade dos modelos Graham e a sensibilidade inglesa
de Eric Loth foram argumentos incontornáveis na concretização
As edições limitadas Graham/Brawn GP estão à venda exclusivamente na Machado Joalheiro (www.machadojoalheiro.com)
do acordo com Ross Brawn, patrão da BrawnGP, e John Feehan, CEO do
oficialmente designado RBS Six Nations Championship – para além de outros
patrocínios menos mediáticos entretanto estabelecidos como o mítico Tourist
Trophy da Isle of Man (com um modelo Chronofighter em edição limitada) e, ain-
da, com personalidades como o piloto americano Scott Dixon (que também tem
um modelo Chronofighter que lhe é dedicado), o piloto japonês Hideki Mutoh, o
campeão suíço de esqui Didier Cuche ou o capitão da selecção sul-africana de
râguebi John Smit.
BrawnGP
Não só pela afinidade mecânica como também pela importância da cronometra-
gem, desde cedo se estabeleceram associações entre as corridas motorizadas e
os instrumentos do tempo – o dealbar do patrocínio desportivo incluiu precisa-
mente parcerias entre corridas ou escuderias automóveis e empresas relojoeiras.
A Fórmula 1 tem sido um palco privilegiado para patrocínios do género, com
grandes investimentos por parte de grandes marcas.
Eric Loth foi mais inteligente, para isso contribuindo a sua paixão pela indús-
tria motorizada: conhecedor do papel fundamental do discreto Ross Brawn no
sucesso de escuderias como a Benetton e a Ferrari, esteve com ele a partir do
momento em que pegou nos destroços da Honda para fundar uma nova equipa
com o seu nome – iniciou conversações pessoais para o estabelecimento de um
patrocínio imediatamente valorizado pelos sucessos da BrawnGP… e depois
sobrevalorizado pela recente conquista do Campeonato Mundial de Constru-
tores e do Campeonato Mundial de Pilotos através de Jenson Button! Nunca
uma escuderia estreante na Fórmula 1 conseguiu tal feito, o que confirmou até à
saciedade os reconhecidos dotes de Ross Brawn enquanto gestor e estratega.
Mesmo antes da consagração absoluta, já havia uma série especial da
Graham destinada a comemorar a parceria – com dois modelos personalizados
(um Chronofighter, um Silverstone) declinados em dois diferentes mostradores
(branco ou preto) de 250 exemplares cada com a assinatura no mostrador e o
logótipo no fundo da caixa. «A edição especial da Graham dedicada à BrawnGP
foi cuidadosamente concebida de modo a reflectir o elevado nível de tecnologia
e de design exigido pela Fórmula 1. Estamos ansiosos por continuar a parceria e
partilhar os nossos sucessos no futuro.»
Claro que Eric Loth não poderia estar mais feliz: «É a cereja no topo do bolo.
Trata-se de uma associação fantástica que representa a oportunidade de
partilhar dois tipos de tecnologia extraordinariamente avançados e que tam-
bém constitui um desafio para nós – irmos até ao limite do design e da técnica.
Como engenheiro mecânico de formação e sendo fascinado pelos materiais, a
minha visão do desporto reveste-se de contornos científicos e tem a ver com
criatividade e desenvolvimento. A Fórmula 1 tem a ver com velocidade, inovação
e tecnologia. A edição especial de relógios Brawn GP foi idealizada de modo
a reflectir todos esses valores – e a consagrar a parceria, o trabalho de equipa
elaborado pelas duas empresas.» E sublinha: «O melhor da nossa associação
PARCERIA
é que ultrapassa em muito o marketing, as edições limitadas de relógios ou
a inscrição Graham nos retrovisores dos carros – eles têm paixão pela mi-
cromecânica relojoeira e adoram colaborar, com sugestões acerca dos materiais
e das soluções estéticas. É uma permuta que inclui visitas mútuas às nossas
instalações e às deles».
Para além da edição limitada que acabou de sair, haverá novidades num futuro
próximo: «Vamos conceber um modelo em edição limitada baptizado Year One,
comemorando o primeiro ano e o primeiro título, em que cada exemplar terá um
pouco de um dos bólides BrawnGP».
Taça das Seis nações
Apesar de a esmagadora maioria dos desportos da era moderna serem de
origem britânica, talvez não haja desporto tão caracteristicamente inglês como o
râguebi. E uma das mais famosas competições desportivas do Planeta é a Taça
das Seis Nações, que teve a sua origem no início do século XX e que durante
décadas ficou conhecida por Taça das Cinco Nações (até a Itália se juntar à
Inglaterra, Irlanda, Escócia, País de Gales e França); apesar dessa auréola mítica,
nunca houve um cronometrista da competição que assumisse um estatuto
verdadeiramente oficial – e Eric Loth não hesitou em agarrar a oportunidade.
A parceria está presente no site da prova na internet, em oráculos durante as
transmissões televisivas e… no pulso dos árbitros. Cada responsável pela equipa
de arbitragem exibe durante os encontros um Chronofighter – um modelo em
edição limitada especialmente dedicado à prova.
«Pensámos no rugby por ser uma modalidade secular, viril, de prestígio, com
muito flair play, onde os árbitros são completamente respeitados», comenta o
patrão da Graham. «Entrámos em contacto com o nosso distribuidor inglês, que
fez a ponte para a organização. Todos acharam uma excelente ideia». Uma ideia
que se materializou no pulso dos árbitros: «O modelo é em titânio para ser mais
leve; os árbitros já têm de correr muito! Os contornos inconfundíveis do Chrono-
fighter Six Nations são bem visíveis através das imagens e nota-se bem quando
os árbitros accionam a alavanca que inicia a cronometragem», sublinha Eric Loth.
«Os próprios árbitros asseguram-me com entusiasmo que finalmente têm um
cronógrafo que podem accionar sem ter de olhar para ele, tamanha é a facili-
dade de utilização!» John Feehan, o chefe-executivo da entidade organizativa,
também está contente: «A Graham impressionou-nos com o seu entusiasmo e
profissionalismo; a sua especialização é essencial para o controlo do tempo dos
encontros».
Esperam-se mais novidades relacionadas com a parceria entre a Graham e
a Taça das Seis Nações, mas entretanto Eric Loth faz uma confidência particu-
larmente interessante para os adeptos lusos: «Tem havido muitas conversações
tendo em conta a adição de mais um país. A primeira escolha lógica seria a
Argentina, mas é extremamente complicado para os jogadores atravessarem a
linha do Equador e irem para o verão na América do Sul quando é inverno na
Europa. Por isso, tem-se falado em… Portugal!».
Entrevista Paulo Costa Dias, foto Nuno Correia
Do Lobito aos Lobos
Para muitos de nós, o râguebi era sinónimo de Torneio das Cinco Nações a preto e branco e locução
de Cordeiro do Vale, até à chegada de uma desconhecida alcateia que, pela calada, despertou o país
com a sua fibra. Líder dessa alcateia, o seleccionador nacional Tomaz Morais conversou connosco
sobre o tempo que se vive no râguebi nacional, e sobre o que faz com que os Lobos funcionem como
um relógio mecânico.
Nasceu em Angola e viveu, muito apropriadamente, no…
Lobito. Pertencendo à geração dos ‘últimos filhos do Im-
pério’ sente que isso lhe deixou alguma marca?
Não, a marca que eu tenho é a marca histórica da minha família,
onde os laços com África são mais do que evidentes. A minha
infância já é passada em Portugal e as minhas raízes estão aqui.
“Olhem para o râguebi e vejam o que estamos a fazer”. O
repto tem 5 anos. Recentemente disse também que “se
calhar há 10 anos não acreditava que chegaríamos a este
ponto”. O que mudou nos últimos 5 anos e o que poderá
mudar nos próximos 5?
O que mudou foi a visibilidade do jogo como consequência directa
da participação dos Lobos no Mundial, há 2 anos. Estamos a
conseguir resultados muito bons no râguebi de 15 e estamos com
possibilidade de nos qualificarmos para o Mundial de 2011, na
Nova Zelândia. Se isso acontecer Portugal será dos poucos países
a jogar o Mundial de 15, duas vezes seguidas. Nos Seven fizemos
4 campeonatos do Mundo seguidos, ou seja, há 12 anos que
competimos nos campeonatos do Mundo de séniores, proeza que
passa despercebida até das entidades responsáveis.
Isso quer dizer que somos uma boa aposta e damos visibilidade
aos nossa patrocinadores. Não é por acaso que temos contratos
de patrocinios a 4 anos, o que, em tempos de crise, é fantástico.
Deu formação em várias empresas mas também aos fun-
cionários das Finanças. não achou contraproducente tornar
os funcionários das Finanças mais eficientes?
(nota: a pergunta era uma óbvia provocação, mas o entrevistado
não achou piada)
Não senhor! Quanto mais eficientes eles forem melhor, dentro
de uma política razoável, que não é determinada por eles. Foi só
uma exposição teórica, nada de trabalho prático. Era uma plateia
imensa de pessoas que têm um trabalho dificil e a minha presença
foi no sentido de lhes dar motivação, um exemplo de liderança
e de trabalho em equipa. Foi para mim um momento de grande
significado por estar frente a pessoas que têm uma função, e um
exercício dessa função, extremamente complicado e difícil.
O que acha de uma marca consagrada de relógios investir
na imagem e nos valores que o râguebi transmite?
O râguebi é um jogo precioso. Ora quando olho para um relógio
destes também vejo uma peça preciosa. Num relógio mecânico,
como numa equipa, as peças encaixam umas nas outras, as
peças funcionam umas com as outras, umas em função das
outras. Nada existe sem princípios e valores. Numa equipa, como
é que eles se revelam? No comportamento! O que resulta do com-
portamento? Performance!
É o que eu vejo num relógio destes. No râguebi, há uma peça
que falha, que não cumpre a sua função e nós não conseguimos
ganhar o jogo. Se a peça falha num relógio, ele atrasa-se ou pára.
Tenho aqui um Graham Chronofighter Oversized Titanium
Tackler que é uma edição limitada fruto da parceria técnica
da Graham, cronometrista oficial do Torneio das Seis Na-
ções, com a sua organização (RBS 6 Nations). O que pode
um homem do râguebi achar sedutor numa peça destas?
Bem, nas equipas há pessoas diferentes e temos que aceitar
todos como são, mas acho que este relógio se encaixa no espírito
de um jogador de râguebi porque tem uma estética bonita, é volu-
moso e dá um sentido de máquina e, hoje, um jogador de râguebi
é uma máquina humana. E encaixa perfeitamente nos Lobos que
são homens de pulso grande (risos).
Entrevista completa em www.espiraldotempo.com
ENTREVISTA
Com raízes no emblemático estabelecimento portuense da Rua 31 de Janeiro, cresceu, há 20
anos, para a Avenida da Boavista, ainda na Invicta, para, volvidos mais 20 anos, vir finalmente
brilhar a sul. O que traz uma casa tradicional do Porto a Lisboa foi o que fomos saber à nova
e bela loja Machado Joalheiro na ‘mais importante artéria do luxo em Portugal’, como já é
conhecida a Avenida da Liberdade.
Uma das mais emblemáticas relojoarias e ourivesarias do Porto ‘desce à capital’.
De que vem a Machado Joalheiro à procura?
A Machado Joalheiro tem uma história de 130 anos no mundo das jóias e dos relógios. Era
importante para a sua notoriedade a nível nacional a abertura de uma loja em Lisboa onde
pode oferecer toda a sua criatividade e experiência.
Porquê a Avenida da Liberdade? A localização foi propositadamente escolhida?
Para nós não fazia sentido em mais lado nenhum. Porque a Avenida da Liberdade é o grande
eixo de luxo da cidade, é onde se concentram as grandes marcas de luxo nacionais e interna-
cionais.
Esta iniciativa significa uma estratégia alargada de expansão?
Não. O nosso projecto de expansão passava pela abertura de uma loja em Lisboa. Está
cumprido!
Há alguma diferença no posicionamento pretendido para esta loja, em relação às do
Porto?
Nenhuma diferença. A loja de Lisboa, tal como as do Porto, tem o seu lado joalheiro muito
forte, não só a nível de marcas como a Chaumet, a Dior ou a Pomellato, como também tem
uma selecção de novos designers de todo o mundo e, ainda, as nossas próprias criações.
Logicamente que não podemos esquecer, nem esquecemos, o lado relojoeiro, onde um
grande número de marcas está ao dispor dos apaixonados e coleccionadores.
De que forma o Tempo económico e social em que vivemos implicou com a abertura
e a consolidação da loja?
Evidentemente que as circunstâncias económicas e sociais que vivemos tiveram uma im-
plicação na implementação do projecto de Lisboa. Mas era um projecto de longa data que
esperava apenas a oportunidade certa. A oportunidade surgiu, e aproveitámos. O lado positivo
deste projecto, nesta altura de tempos difíceis, é que é feito sob bases sólidas, o que se traduz
numa mais-valia ao nível da consolidação no mercado.
O Porto em Lisboa
A Machado Joalheiro é, pelo passado centenário
e pelo lastro de prestígio que há muito carrega,
uma das mais emblemáticas joalharias e
ourivesaria de Portugal e uma referência
incontornável na sua cidade natal.
Perguntas Paulo Costa Dias, foto Nuno Correia
ENTREVISTA
Big Brother is WATCH’ing youContinuo teimosamente a usar apenas relógios mecânicos, mas estou cada
vez mais rendido à comunicação electrónica – e as grandes manufacturas
relojoeiras também. Depois da era dos sites e dos blogues, redes sociais
como o Facebook e o Twitter disseminam informação e estreitam laços
entre aficionados; a seita da internet parece imparável… mas valerá a pena?
Um quarto de século após o ano que deu nome à obra ‘1984’ de George Orwell, parece que
o preocupante lema ‘Big Brother Is Watching You’ foi completamente subvertido: actualmente,
ninguém parece cioso da sua privacidade e todos querem comunicar a sua personalidade.
Enquanto jornalista, o advento da internet foi para mim uma bênção e uma maldição. Ainda me
recordo de trabalhar com a fita do telex ou posteriormente de carregar uma impressora portátil
que me permitisse enviar o trabalho por fax; gostava de fazer pesquisa e confiava na minha
memória selectiva para fazer a diferença. Agora, o envio é instantâneo através do correio elec-
trónico, tal como instantâneas são as fontes para um qualquer assunto graças aos motores de
busca que facilitam a tarefa dos preguiçosos e dos copiadores.
Já na presente década, qualquer tipo de site se tornou mais sofisticado e desataram a proliferar
os blogues dotados de opiniões mais irreverentes; actualmente estamos já numa outra fase: as
redes sociais personalizadas promovem um serviço mais completo e interactivo – com o mundo
inteiro a ver, se assim o desejar…
CRÓNICA MIGuEL SEABRA
Facebook e Twitter
Resisti ao Facebook durante um bom par de anos, mas desde Abril que o aproveitei como
tribuna binária para publicitar/partilhar gostos, artigos ou eventos… Também já marquei encontros
através do Facebook, como por exemplo uma entrevista com o criador relojoeiro Jean-François
Ruchonnet.
A minha adesão ao Twitter foi rápida, uma vez que já era conhecedor das vantagens do Face-
book. Já não há muito tempo para ler blogues ou sites – o micro-blogging é conciso, instantâneo,
obriga a mensagens curtas até 140 caracteres que podem incluir links. É como enviar sms para o
mundo e o mundo poder replicar de modo controlado: daí ser cada vez mais o meio de comuni-
cação de gente importante que tem muitos ‘seguidores’, mas que só ‘segue’ quem quer.
Urgência do agora
A dependência psicológica da Internet foi potenciada pelos telemóveis da nova geração, que in-
cluem aplicações para o Facebook, o Twitter e outras redes socioprofissionais do género. A ânsia
que denomino ‘urgência do agora’ domina a sociedade actual e já nada é como antes – um sinal
dos tempos.
Actualmente, os próprios websites já incluem links directos para o Facebook, Twitter e semel-
hantes. No caso da relojoaria, privilegio sobretudo as pessoas por trás das marcas, os blogues
independentes e as opiniões extra-institucionais. Um dos exemplos de abrangência da teia
que mais me surpreendeu foi ter lido no Twitter um comentário do tenista sueco Robin Soder-
ling, finalista de Roland Garros, que confessava ter comprado um novo relógio – um Royal Oak
Offshore; fui aos (poucos) contactos que ele tinha e adicionei o Twitter de um site americano que
me surpreendeu – Hodinkee.com, que incide particularmente sobre modelos vintage e que até já
publicitou a excelência dos meios www.espiraldotempo.com e www.espiral.tv.
Quem quiser surfar na vaga, que aproveite. No fundo, trata-se de aproveitar os privilégios da
liberdade de escolha – algo que não existia no romance orwelliano…
A NOSSA ESCOLHA
As novas cores do colossoQuando o Royal Oak foi apresentado em 1972 pela
Audemars Piguet, causou grande polémica pela
sua forma inconfundível e preço então considerado
proibitivo para um relógio em aço. A luneta octogo-
nal com oito parafusos, inspirada nas bocas dos
canhões de um navio de guerra da Marinha Real
Britânica do século XIX, constituía a característica
mais marcante. Ao contrário do que se esperava,
o Royal Oak tornou-se uma referência e as suas
linhas acabaram por ser recriadas na gama Royal
Oak Offshore, que iniciou a tendência dos relógios
desportivos de luxo sobredimensionados em 1993
para não mais parar. Desde então, muitas foram as
variantes criadas, como agora acontece. A colecção
Royal Oak Offshore foi recentemente complemen-
tada com novos modelos cronográficos em que
os mostradores decorados com o habitual motivo
mega tapissérie surgem ainda mais ousados. Às
12 horas encontram-se os pequenos segundos, às
3 horas a janela da data surge sobredimensionada
por uma lupa; às 9 e 6 horas os totalizadoras dos
minutos e horas do cronógrafo. Os números e pon-
teiros têm facetas luminescentes. No coração um
movimento mecânico de corda automático exclusivo
AP é garantia de máxima fiabilidade.
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