Post on 19-Nov-2018
Diferenças de produtividade na indústria:
evolução comparada Brasil / EUA
Regis Bonelli*
Pesquisador do IBRE* Com a colaboração de Daniel A. Duque
Seminário “Indústria e Desenvolvimento Produtivo no Brasil”
EESP e IBRE, Fundação Getúlio Vargas
São Paulo, 26-27 de maio de 2014
Motivação
• Livremente inspirado em Rodrik (2013)– “Unconditional Convergence in Manufacturing”, Quarterly
Journal of Economics, Fevereiro, p. 165-204
• Cuja conclusão mais geral é a de que existeconvergência incondicional da produtividade do trabalho na indústria de manufaturas no mundo– e é rápida
• Explicação: as indústrias produzem tradables e podemser integradas às cadeias de produção global, o quefacilita a transferência e absorção de tecnologia– Mesmo quando produzem para o mercado interno operam
sob ameaça competitiva de produtores mais eficientes no exterior
Objetivo
• Narrativa do desempenho comparado da produtividade do trabalho, Brasil e EUA
• Foco: total da Indústria de Transformação e principais subsetores
– Períodos de comparação diferentes (exigiu compatibilização dos dados)
• Existe evidência de convergência?
• Se sim, é geral ou concentrada em algumas atividades?
• Se não, é possível explicar por quê?
Motivação inicial: produtividade em países
selecionados, EUA = 100 (1998-2009)
0%
10%
20%
30%
40%
50%
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80%
90%
100%
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Produtividade do trabalho na Indústria de Transformação (VA/pessoa) em dólares correntes
Problema: com desvalorização cambial produtividade tende a diminuir; solução seria usar PPP
Brasil
Alemanha
China
Coreia do Sul
França
Japão
3,4%
14%
29%
16%
25%21%
Mas não existe medida em PPP para a Indústria
PIB per capita, Brasil / EUA, razões em dólares
correntes e em PPP, 1990-2013 (The Conference Board)
0,0
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GDP per Capita, in 2013 US$ (coverted to using annual average Exchange Rates)
GDP per Capita, in 2013 EKS$
PPP/Exchange Rate
Média PPP
PIB per capita, Brasil / EUA, em dólares
correntes e em PPP, 1990-2012 (Banco Mundial)
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
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5%
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35%
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12
PIB per capita dólares correntes (BRA/EUA) PIB per capita PPP dólares constantes de 2011 (BRA/EUA)
Taxa PPP BRA Média 1990-2012
Escolha do ano de comparação: 2000
• Medida adotada: VA/trabalhador
• Nos EUA, US$ 114 mil; no Brasil, US$ 25,7 mil
• Séries a preços de 2000 construídas com dados:
– BLS (EUA)
– IBGE: PIM-PF + PIM-DG + PIMES (Brasil)
• Compatibilização de classificações reduz número
de subsetores
Subsetores com produtividade mais alta em
2000 (EUA e Brasil), US$ mil / pessoa(38% do emprego nos EUA, 19% no Brasil)
EUA - Subsetor
Produtividade
(em US$ 1000)% do Emprego
Fumo 1415 0,2%
Refino petróleo 488 0,5%
Prod. Químicos 260 5,2%
Material Elétrico e de Comunic. 147 13,4%
Alimentos e Bebidas 134 9,3%
Equip. mecânico e de escritório 120 9,9%
Brasil - Subsetor
Produtividade
(em US$ 1000)% do Emprego
Refino petróleo 654 0,4%
Fumo 76 0,3%
Prod. Químicos 53 5,9%
Metalurgia básica 52 3,2%
Equip. de Transporte 37 6,2%
Papel e impressão 36 2,6%
Subsetores com produtividade mais baixa em
2000 (EUA e Brasil), US$ mil / pessoa(28% do emprego nos EUA, 30% no Brasil)
EUA - Subsetores Produtividade % emprego
Mobiliário 71 6,1%
Papel e impressão 68 12,2%
Couros e calçados 66 0,4%
Produtos de madeira 61 3,1%
Têxteis 61 3,7%
Prod. de Vestuário 57 2,5%
Brasil - Subsetores Produtividade % emprego
Produtos de metal 15 5,9%
Têxteis 15 5,3%
Mobiliário 11 0,1%
Produtos de madeira 8 4,0%
Couros e calçados 8 6,4%
Prod. de Vestuário 6 7,8%
Dispersão de produtividade entre subsetores é muito semelhante nos
dois países quando se exclui o subsetor de produtividade mais alta
(Fumo nos EUA, Refino petróleo no Brasil)
Nível é diferente, mas dispersão é parecida
0,5
0,75
1
1,25
1,5
1,75
2
2,25
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
BRA: Coeficiente de variação EUA: Coeficiente de variação
EUA: Coeficiente de variação (exceto Fumo) BRA: Coeficiente de variação (exceto Refino petróleo)
Resultado Total Indústria: Produtividade BRA, EUA e relação
BRA/EUA (eixo da direita)
(Médias trienais entre 1987-89 e 2011-13: BRA = 4,0%, EUA = 3,4%)
16%
17%
18%
19%
20%
21%
22%
23%
24%
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60
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100
120
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160
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Produtividade do trabalho na indústria de transformação, BRA e EUA (2000 = 100) e relação BRA-EUA (%)
Brasil: Produtividade do trabalho na indústria de transformação
EUA: Produtividade na Ind. de Transformação
Produtividade BRA/EUA (preços de 2000)
3,8% a.a.
3,3% a.a.23%
Convergência deveu-se inteiramente ao
desempenho na primeira metade do períodoFases de aceleração/desaceleração da produtividade, Brasil e EUA
• Perda até 1990 (Plano Collor)
• Entre 1990 e 2001, p’ cresce 7,2% a.a. BRA e 3,8% a.a.
EUA
– Relação de produtividades (r) vai de 16% a 23%
• Já entre 2001 e 2003 p’ dá um salto nos EUA, mas no
Brasil cresce pouco: r = 20,6% em 2003
• Fase 2003-08/09 com média p’ semelhante: r ≈ 21%
• Queda de 1,5 p.p depois de 2008/09
– ???
Por subsetores: 1987-2012(linhas cheias: médias móveis de 5 anos)
0%
5%
10%
15%
20%
25%
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Produtos do Fumo
Têxteis
Produtos de Minerais não Metálicos
2000
Subsetores: 1991-2012(linhas cheias: médias móveis de 5 anos)
0%
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20%
30%
40%
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Produtos de Madeira
Metalurgia Básica
Equipamento de Transporte
Subsetores: 1991-2012(linhas cheias: médias móveis de 5 anos)
7,5%
10,0%
12,5%
15,0%
17,5%
20,0%
22,5%
25,0%
27,5%
30,0%
32,5%
35,0%
37,5%
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Produtos de Borracha e Plásticos
Equipamento Elétrico e de Comunicações
Alimentos e Bebidas
Subsetores (2002-2012)(intensivos em recursos naturais)
0%
10%
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30%
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60%
70%
80%
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10
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12
Refino de Petróleo, etc. Papel e Celulose Produtos Químicos
Subsetores (2002-2012)(Indústrias tradicionais, intensivas em trabalho)
4%
6%
8%
10%
12%
14%
16%
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10
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12
Vestuário Couro e Calçados Mobiliário
Subsetores (2002-2012)(Metal-mecânica)
11%
12%
13%
14%
15%
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20
11
20
12
Produtos de Metal Máquinas e equipamentos (inc. de escritório)
Conclusões parciais
• Em geral, aumento da produtividade relativa (convergência) até 2000-01– em alguns casos com queda posterior, mas sem necessariamente
chegar a uma razão menor do que a do início do período
• Além disso, quanto mais baixa a relação no início, mais rápido o crescimento:– Minerais não metálicos (10 para 20%)
– Produtos de madeira (10 para 20%)
– Produtos de borracha e plásticos (15% para 20%)
– Têxteis (15% para 20%)
– Equipamento de Transporte (20% para 30%)
• Exceções: – Fumo (4 – 6 – 3%)
– Alimentos e Bebidas (11 – 16 – 11%)
(cont.)
• Mais exceções
• Metalurgia: Subsetor de produtividade
relativamente alta (31% em 1991), que
aumenta bastante (50% em 2000-01) e cai
para 31% em 2012!
• Equipamento elétrico e de Comunicações:
queda contínua: (33% para 10%)
• Difícil extrair padrão a partir desses resultados
Resumo
• Desempenho com formato semelhante ao do total da indústria (U invertido)
• Têxteis
• Fumo
• Metalurgia
• Produtos de Borracha e Plástico
• Alimentos e Bebidas
• Convergência contínua
• Minerais não Metálicos (10 p/ 20%)
• Equip. de Transporte (20 p/ 30%)
• Madeira (10 p/ 20%)
• Papel e Gráfica (50 p/ 60%)
• Vestuário (após 2006)
• Relação BRA / EUA aproximadamente constante
• Produtos Químicos (15%)
• Couros e calçados (10%
• Mobiliário (10%)
• Produtos de Metal (13%)
• Máquinas e Equipamentos (14%)
• Redução contínua
• Equipamento Elétrico e de Comunicações (35 p/ 10%)
• Refino de Petróleo (95 p/ 50%)
Muito obrigado pela atenção