Post on 24-Mar-2020
DESINDUSTRIALIZAÇÃO E CRISE: a conjuntura e o longo prazo para entender os problemas e desafios da manufatura brasileira.
Prof. Dr. Marcelo Arend
Departamento de Economia e Relações Internacionais. UFSC
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O ciclo recente: crise manifesta-se na indústria de transformação
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Colapso no Investimento e Desemprego
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Elevação da produtividade = elevação do desemprego > queda na produção
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Crise
E o setor de Bens de Capital?
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E o setor de Bens de Capital?
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Desempenho Internacional da Indústria Brasileira
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Desempenho Internacional da Indústria Brasileira
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Desempenho Internacional da Indústria Brasileira
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A Crise é
Conjuntural ou Estrutural?
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Por que o Brasil cresce pouco desde 1980? Crescimento acumulado da produtividade do trabalho 1980-2016
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Brazil
Latin America
Africa
Germany
Oceania
Western Europe
North America
United Kingdom
Chile
United States
Japan
Central and Eastern Europe and …
Indonesia
Singapore
Malaysia
Hong Kong
Asia
Tigres
Thailand
Taiwan
South Korea
India
China (Official)
O que aconteceu? Mudança Estrutural pós 1980
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Mudança estrutural com produtividade agregada reduzida
Nível de produtividade do trabalho relativa do setor de serviços brasileiro ao dos Estados Unidos da América. Fonte: Uncatadstat. Elaboração própria.
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HA-JOON CHANG: “O Brasil está experimentando uma das maiores desindustrializações da história da economia” (El País)
Crescimento acumulado da indústria de transformação no período 1980-2012. 1980=100.
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Brasil
Zona Euro
Europa Desenvolvida
Mercosul
Oceania em Desenvolvimento
Economias Desenvolvidas
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America em Desenvolvimento
Asia Desenvolvida
Principais Exportadores de Produtos Primários excluindo …
América do Sul excluindo Brasil
América Desenvolvida
Africa em Desenvolvimento
Mundo
Principais Exportadores de Manufaturados
G20
Africa excluindo Africa do Sul
Principais Exportadores de Petróleo e Gás
Economias em Desenvolvimento
Asia em Desenvolvimento
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Estrutura produtiva brasileira não ingressou na 3ª RI
• Predomínio da indústria de commodities industriais e agrícolas (46%), tradicional intensiva em trabalho (30%) e fordista (21%).
• Brasil possui uma estrutura produtiva típica do século XX. Indústria 2.0
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22%
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Commodities Industriais
Indústria Tradicional Intensiva em Tecnologia:
Paradigma Fordista
Commodities Agrícolas
Intensiva em Tecnologia: Paradigma
Microeletrônico
1996 2015
Nova dinâmica produtiva na Revolução Industrial 3.0
• 1.0 – Mecânica • 2.0 – Elétrica • 3.0 – Automação
– Microeletrônica. Informática. Telecomunicações. – Economias Avançadas se desindustrializam, se “servicilizam”, todavia apresentam
crescimento sustentado da renda. – Então os Serviços também importam?
• Nova literatura internacional => A economia é dividida em quatro setores:
– agricultura, indústria, serviços intermediários e serviços finais; – Serviços intermediários: são aqueles serviços utilizados como insumo pela
indústria: TICs, serviços de consultoria, design, marketing, transporte, logística, financeiros.
– Serviços finais são os fornecidos aos consumidores: hotéis, restaurantes, cortes de cabelo.
• As novas evidências mostram que os serviços intermediários também são escalonáveis, apresentando as leis propostas por Kaldor (DI MEGLIO et al., 2015; DASGUPTA e SINGH, 2007; CAINELLI et al., 2006);
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Revolução 3.0: simbiose indústria e serviços
• Os serviços intermediários também são um motor do desenvolvimento: – A literatura KIBS mostra que grande parte das inovações industriais são criadas por atividades
de serviços;
Setores industriais mais sofisticados possuem elevada simbiose com serviços
intermediários e só se desenvolvem na presença destes serviços;
Serviços intermediários fornecem conhecimento tecnológico para o setor industrial;
Contribuem para o surgimento de inovações, diferenciação de produtos, flexibilização de processos produtivos.
• Oulton (2000): o setor cuja participação mais se elevou nas últimas décadas foi serviços intermediários e não serviços finais ou indústria. – Produtividade crescente, e, dado que ele é utilizado como insumo pelo setor industrial,
pequenos avanços em sua produtividade são suficientes para que a produtividade industrial também avance.
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Mudança estrutural na Revolução 3.0: Taxa de crescimento da participação de cada setor no valor adicionado
total, período de 1980 a 2009, países avançados
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-5% -9% -2% -12%
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Indústria Serviços intermediários Serviços finais
Parte considerável do processo de desindustrialização pode ser explicado pelo avanço no setor de serviços intermediários e apenas de forma secundária pelo avanço do setor de serviços finais.
Revolução 3.0 no mundo: Evolução da produtividade por setor, período 1980-2009 (%)
Fonte: Groningen Growth and Development Centre, Timmeret al.(2015).
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Agricultura e mineração Indústria Outros serviços Serviços intermediários
Revolução 3.0 no Brasil: Evolução da produtividade por setor, período 1980-2009, (%)
Fonte: Groningen Growth and Development Centre, Timmeret al.(2015b).
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Agricultura e mineração Indústria Outros serviços Serviços intermediários
Valores abaixo de 1 indicam que o setor cresceu menos no Brasil do que no país/região de comparação. Processo enfrentado pelo Brasil não se limita à desindustrialização precoce, sendo muito mais grave.
Desindustrialização Deservicilização (intermediários)
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BRICS exceto Rússia
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Estados Unidos
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BRICS exceto
Rússia
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Norte da África
NICS 1
NICS 2
Estados Unidos
Africa
Subsariana
Brasil: motores do crescimento “pifados”
• Tanto o setor industrial quanto o setor de serviços intermediários se defrontam com aguda estagnação relativa internacional e inércia estrutural, comprometendo o desempenho da economia brasileira.
• A precariedade da relação de simbiose entre serviços e indústria restringe a transformação da economia brasileira em direção a atividades e setores tecnologicamente mais avançados e produtivos.
• A reduzida virtuosidade desta relação compromete a produtividade da indústria nacional e o crescimento econômico.
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Revolução Industrial 4.0 • Muito mais do que uma ruptura radical no sistema
produtivo, é a intensificação do progresso tecnológico. • Implica maior simbiose entre indústria e serviços
avançados. • Sistemas ciber-físicos (CPS), Big Data Analytics, Computação em nuvem,
Internet das Coisas (IoT) e Internet dos serviços (IoS), Impressão 3D e outras formas de manufatura aditiva, Inteligência artificial, Digitalização, Colheita de energia (Energy harvesting), Realidade aumentada etc.
• Reindustrialização de EUA e Europa. • Impactos no comércio internacional. Reaproximação da produção e
consumo. • Impactos nos fluxos de Investimento Estrangeiro. Sem conexão com
diferenciais de custo de trabalho. • Reindustrialização => automação + autonomização.
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IFR – International Federation of Robotics www.ifr.org
Ranking com dados de 42 países: Brasil 39º
1) Coreia do Sul – 631 robôs a cada 10 mil funcionários 2) Singapura – 488 3) Alemanha – 309 4) Japão – 303 5) Suécia – 223
O futuro: Brasil e sua “dança com lobos"
• Indústria 4.0 é uma estratégia dos países avançados para fazer frente a ameaça industrializante oriental. – Novos padrões de consumo. Diferenciação (lotes mínimos).
Customização e reaproximação da produção aos mercados consumidores.
– Reindustrialização.
• Sucesso chinês estaria ameaçado. – Modelo escala-custo-preço. Para onde dirigir-se-ia a super capacidade
produtiva da “fábrica do mundo”?
• Brasil: trajetória tecnológica/produtiva e social. – Elevada concentração de renda => desigualdade social. – Para as classes de renda elevada indústria 4.0 é ... “modernização dos
padrões de consumo”. – Extratos de renda baixa, preço importa. (China).
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Concluindo: Coincidências históricas
• Nas últimas três grandes crises da história do Brasil, e do capitalismo, o paradigma tecno-produtivo mundial estava em transição. – Crise atual => transição para a indústria 4.0.
Conseguiremos surfar nessa onda longa?
– Crise dos anos 1980 => transição para a indústria 3.0. Não conseguimos surfar nessa onda longa...
– Crise da década de 1930 => transição para a indústria 2.0. • Com uma estratégia nacional de desenvolvimento
conseguimos!
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Obrigado! marcelo.arend@ufsc.br
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