Post on 03-Dec-2018
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA
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Pró-Reitor de Graduação Prof. MSc. Ricardo Spíndola Mariz
Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Prof. Dr. Adelaide dos Santos Figueiredo
Pró-Reitor de Extensão Prof. Dr. Luiz Síveres
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA VIRTUAL
Diretor Geral Prof. Dr. Francisco Villa Ulhôa Botelho
Diretoria de Pós Graduação e Extensão Prof.ª MSc. Ana Paula Costa e Silva
Diretoria de Graduação Prof.ª MSc. Bernadete Moreira Pessanha Cordeiro
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Secretaria Acadêmica Benedito Lyra F Júnior
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Assessoria de Avaliação Profª. MSc. Lúcia Henriques Sallorenzo
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Equipe de Produção Técnica
Análise didático-pedagógica
Prof. MSc. José Eduardo Pires Campos Júnior Profa. Dra Leda Gonçalves de Freitas Prof. MSc. Juarez Moreira Profa. Especialista Ana Brigatti
Edição
Profª. Especialista Cynthia Rosa Márcia Regina de Oliveira Yara Dias Fortuna
Montagem
Marcelo Rodrigues Gonzaga Anderson Macedo Silva Bruno Marques Beça da Silva
Conteudista
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Sumário
Sumário EMENTA ...................................................................................................................... 6 OBJETIVOS ................................................................................................................. 6 Apresentação ............................................................................................................. 7 Aula 01 - Modelo teórico: Fluxo do Desenvolvimento Artístico e Psicomotor .............. 8
1.1 Arte nos Parâmetros Curriculares Nacionais ............................................................. 8 1.2 Fluxo do desenvolvimento artístico e psicomotor ...................................................... 9 1.3 Detalhamento do modelo teórico ........................................................................... 9 1.4 Desenvolvimento artístico e psicomotor na escola: a idéia de fluxo a partir dos órgãos dos sentidos ........................................................................................................... 10 1.5 Alguns exemplos com base na idéia de fluxo ......................................................... 12
Aula 02 - Referenciais e Parâmetros Curriculares em Arte na educação brasileira ... 16 2.1 Os objetivos da arte na educação ........................................................................ 16 2.2 A experiência humana ........................................................................................ 17 2.3 Fluxograma para elaboração de planos de aula ...................................................... 18
Aula 03 - Ludicidade ................................................................................................. 20 3.1 Ludicidade e desenvolvimento de potencialidades ................................................... 20 3.2 Ludicidade e educação ....................................................................................... 22 3.3 Atividades lúdicas para educação ......................................................................... 23
Aula 04 - Arte e criatividade ..................................................................................... 25 4.1 Arte e educação ................................................................................................ 25 4.2 Breve histórico da arte na educação ..................................................................... 26 4.3 Favorecendo o desenvolvimento artístico do aluno ................................................. 26 4.4 Arte e criatividade na escola ............................................................................... 27
Aula 05 - Expressão não verbal ................................................................................ 30 5.1 Comunicação não verbal e emoção ...................................................................... 30 5.2Expressão não verbal: uma forma de comunicação humana ..................................... 31 5.3 Outras categorias de expressão não verbal ........................................................... 32
Aula 06 - Expressão verbal ....................................................................................... 34 6.1 Desenvolvimento da linguagem falada .................................................................. 34 6.2 Da palavra falada à expressão verbal: parâmetros ................................................. 34 6.3 Expressão verbal e desenvolvimento artístico/ psicomotor ....................................... 36 6.4 A função da expressão verbal no desenvolvimento artístico ..................................... 37
Aula 07 - Expressão plástica ..................................................................................... 39 7.1 Oportunidade para a auto-expressão .................................................................... 40 7.2Emoção e cognição ............................................................................................. 41 7.3 O espaço físico para a expressão plástica .............................................................. 42 7.4Arte, cultura e sociedade ..................................................................................... 43
Aula 08 - Expresssão dramática ............................................................................... 45 8.1 A expressão dramática na escola ......................................................................... 45 8.2 Histórias e representações .................................................................................. 46 8.3 Algumas formas de expressão dramática .............................................................. 47 8.4 A expressão dramática como convívio social .......................................................... 47
Aula 09 - Música na Educação Infantil ...................................................................... 50 9.1Música e educação .............................................................................................. 50 9.2 Idéias para colocar em prática ............................................................................. 53 9.3 Conceitos que podem ser trabalhados .................................................................. 54
Aula 10 - Música no Ensino Fundamental ................................................................. 56 10.1 Música e ensino fundamental ............................................................................. 56 10.2 Como dar o primeiro passo ............................................................................... 58 10.3 Hora de fazer música ....................................................................................... 59
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Sumário
10.4 Hora de ouvir música ....................................................................................... 60 Aula 11 - Música e literatura ..................................................................................... 63
11.1 Música e literatura na educação ......................................................................... 63 11.2 A função da rotina ........................................................................................... 64
11.2.1 Crianças de 1 a 3 anos de idade ................................................................................ 65 11.2.2 Crianças de 3 a 5 anos de idade ................................................................................ 65 11.2.3 Crianças de 5 anos de idade em diante ....................................................................... 66
11.3 Expressão artística ........................................................................................... 66 11.3.1 Propostas voltadas para a expressão plástica............................................................... 66 11.3.2 Propostas voltadas para a expressão verbal ................................................................ 67 11.3.3 Propostas voltadas para a expressão não verbal .......................................................... 67 11.3.4 Propostas voltadas para a expressão musical ............................................................... 67
Aula 12 - Educação psicomotora ............................................................................... 69 12.1 Psicomotricidade e relações sociais ..................................................................... 69 12.2 Jogos e psicomotricidade .................................................................................. 70 12.3 Atividades para o cotidiano ............................................................................... 71
Referências .............................................................................................................. 73 Glossário .................................................................................................................. 74
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Ementa e Objetivos
EMENTA
Arte, criatividade, estética e ludicidade. Seus significados na formação da criança na fase da Educação
Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Expressão verbal e não-verbal. Expressão plástica e
dramática. Literatura e música. O corpo e suas possibilidades educativas. Educação psicomotora.
OBJETIVOS
Ao final dessa disciplina, você será capaz de:
Compreender o papel da arte, da criatividade, da estética e da ludicidade na formação social e
individual da criança;
Elaborar estratégias de atividades que favoreçam o desenvolvimento artístico e psicomotor, em
ambiente escolar para a educação infantil e ensino fundamental;
Analisar o papel das expressões verbal e não-verbal no desenvolvimento psicomotor;
Analisar princípios, aspectos e formas da expressão plástica e dramática, bem como da literatura
e da música;
Reconhecer as possibilidades educativas do corpo e da educação psicomotora no desenvolvimento
do ser humano.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Apresentação
Apresentação
Bem-vindo ao estudo do desenvolvimento artístico e psicomotorda criança em ambiente
escolar!
Pensar em arte é pensar nas possibilidades de materialização de idéias com materiais de vários tipos e
texturas (sons, palavras, tintas e cores, plásticos, tecidos, papéis); é pensar em psicomotricidade; é
pensar em gestos corporais voluntários e intencionais.
O futuro educador encontra na arte um terreno fértil de ludicidade e de criatividade, quando se pensa em
desenvolvimento artístico e psicomotor da criança. Arte e psicomotricidade funcionam para valorizar o
relacionamento social da criança, assim como para proporcionar-lhe uma leitura de mundo e uma melhor
compreensão de suas possibilidades mentais e corporais.
Você pode estar se perguntando se, uma vez revestido da função de pedagogo, é mesmo possível
desenvolver a produção artística de uma criança e sua psicomotricidade. E a resposta é... sim!
Não é preciso ser um artista para estimular e proporcionar a produção artística e a psicomotricidade de
uma criança. É preciso ser um pedagogo munido de conceitos, atitudes e procedimentos adotados para
conduzir sua tarefa educacional.
Um pedagogo é um profissional da educação. Assim como os profissionais de outras áreas do
conhecimento (engenharia, medicina, cartografia, direito etc.), o pedagogo concentra conhecimentos
particulares, porém especificamente destinados à prática docente. O pedagogo, então, adota conceitos,
atitudes e procedimentos de forma sistematizada para nutrir sua prática pedagógica.
A disciplina Desenvolvimento Artístico e Psicomotorfoi preparada para estimular e desenvolver práticas
artísticas e atividades psicomotoras na escola; para privilegiar descobertas, invenções, transformações
dos materiais, experiências sensoriais, percepção, imaginação, manipulação de símbolos, de modo a
integrar e desenvolver o mundo cognitivo, afetivo, social, biológico e cultural da criança. Vamos
desenvolver e assumir conceitos, atitudes e procedimentos para fundamentar nosso profissionalismo
docente.
Mãos à obra!
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 01
Aula 01 - Modelo teórico: Fluxo do Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
A prática pedagógica pode ser entendida como a reunião de conceitos, atitudes e
procedimentos destinados a favorecer a aprendizagem. O futuro pedagogo encontra durante a
sua formação acadêmica uma grande oportunidade para se nutrir de teorias e conceitos, a fim
de apoiar seu pensamento e sua prática docente, expressos em atitudes e procedimentos. As
aulas da disciplina Desenvolvimento Artístico e Psicomotor adotarão como modelo teórico o
Fluxo do Desenvolvimento Artístico e Psicomotor, idealizado pelo professor Farlley Jorge Derze.
Nosso objetivo é que esse modelo alimente rotinas atitudinais e procedimentais do docente
envolvido no processo de Desenvolvimento Artístico e Psicomotor de seus alunos, desde o
planejamento até a realização de suas aulas. Por isso, nesta primeira aula da disciplina, vamos
refletir sobre a arte nos Parâmetros Curriculares Nacionais, vamos conhecer o modelo teórico
do Fluxo do Desenvolvimento Artístico e Psicomotor e vamos discutir exemplos de sua
aplicação. Vamos lá?
1.1 Arte nos Parâmetros Curriculares Nacionais
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), quando versam sobre a Arte, trazem a seguinte
explanação:
A educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico, que
caracteriza um modo particular de dar sentido às experiências das pessoas: por
meio dele, o aluno amplia a sensibilidade, a percepção, a reflexão e a
imaginação. Aprender arte envolve, basicamente, fazer trabalhos artísticos,
apreciar e refletir sobre eles. Envolve, também, conhecer, apreciar e refletir
sobre as formas da natureza e sobre as produções artísticas individuais e
coletivas de distintas culturas e épocas (PCN, 1997, p. 15).
Ainda segundo os PCNs (1997, p. 23), para o desenvolvimento artístico no ambiente escolar cabe ao
educador ter em mente que:
uma obra de arte não é mais avançada, mais evoluída, nem mais correta que
outra qualquer;
cada obra de arte é, ao mesmo tempo, um produto cultural de uma determinada época e uma criação
singular da imaginação humana, cujo valor é universal.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 01
O desenvolvimento artístico e psicomotor pretende contemplar as potencialidades perceptivas e
imaginativas da criança, além de introduzi-la no mercado dos símbolos e conceitos culturais. Inclui
possibilidades criativas pelo e para o manuseio, exploração e produção de sons (música, canto e
sonoplastia diversa), gestos (dança, teatro, jogos, expressão corporal e psicomotricidade), imagens
(esculturas, desenhos, pintura) e textos (literatura, poesias, histórias).
Como vemos, trata-se de tarefa ampla e sobre a qual é preciso refletir. É isso o que vamos fazer nas
próximas seções desta aula!
1.2 Fluxo do desenvolvimento artístico e psicomotor
O conceito de Fluxo do Desenvolvimento Artístico e Psicomotor tem por base o princípio de que o
desenvolvimento artístico e psicomotor é resultado de um processo encadeado por meio de interações
entre experiências biológicas e sociológicas. A origem do desenvolvimento, então, reside na predisposição
biológica e sociológica do ser humano. Isto é, nas condições do funcionamento biológico sensorial, por
meio dos cinco sentidos, e nas condições de funcionamento sociológico, por meio da disponibilidade de
pessoas, materiais e meios para compartilhar experiências com caráter educativo.
Assim, a biodisponibilidade e a sociodisponibilidade encontram-se na base do conceito de Fluxo de
Desenvolvimento Artístico e Psicomotor. O ponto de partida são as sensações: os órgãos dos sentidos
comportam-se como elementos de ignição de um fluxo que se desdobra em percepção, imaginação,
simbolização e conceituação. Em outras palavras, após a experiência biológica por meio dos cinco
sentidos, dá-se a experiência de aprendizagem, que é fornecida pela cultura e pela sociedade em que a
criança se encontra inserida.
O Fluxo de Desenvolvimento Artístico e Psicomotor entende que a percepção, a imaginação, a
simbolização e a conceituação são experiências construídas culturalmente. A própria Escola é concebida
como ambiente cultural, a partir das inúmeras possibilidades de aquisição de conhecimento que lá são
oferecidas às crianças. A escola, então, é um ambiente fértil para a produção de experiências orientadas
para fecundar a mente e o corpo com sensações, percepções, imaginações, simbolizações e
conceituações. O desenvolvimento artístico e psicomotor, como aprendizagem escolar, deriva da
interação entre essas experiências, quando propositalmente orientadas pelo educador.
1.3 Detalhamento do modelo teórico
A aprendizagem origina-se na sucessão de estímulos do mundo exterior (sensações) que são integradas
culturalmente – conforme as possibilidades de repetição, constâncias ou ausências – de modo a se
construir:
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 01
capacidade de reconhecer similaridades e diferenças (percepção) – pelo recurso da
memória;
capacidade de criar imagens mentais daqueles estímulos (imaginação) – pelo recurso da
memória e da criatividade;
capacidade de materializar aquela imaginação (simbolização) – pelo recurso da memória,
da criatividade e da convenção cultural ou arbitrária;
capacidade de elaborar conceitos (conceituação) – pelo recurso da relação contextual em
dada experiência social. Por exemplo: quarta-feira é um conceito. Há uma relação com outros
dias da semana (experiência social). É um conceito que designa relações com entidades
ideológicas. Árvore é um conceito que designa relações com uma entidade física (material,
sensível aos órgãos sensoriais).
1.4 Desenvolvimento artístico e psicomotor na escola: a idéia de fluxo a partir dos órgãos dos sentidos
Para refletir
Para compreender a idéia de fluxo a partir dos órgãos do sentido, vamos partir de um exemplo prático de
estimulação desses órgãos. Faça um breve passeio, avaliando seu contato com o mundo exterior. Anote
em uma folha de papel os sons (audição em funcionamento), as cores (visão em funcionamento), os
cheiros (olfato em funcionamento), as texturas e a temperatura (tato em funcionamento), e os sabores
(paladar em funcionamento, quando fizer seu lanche). O objetivo é registrar o contato sensorial com o
mundo à sua volta.
Avalie seus registros:
1. Quantos sons você coletou?
2. Quantas cores você coletou?
3. Quantos objetos você coletou?
4. Quantos odores você coletou?
5. Quantos sabores você coletou?
Os atos de diferenciar, classificar, quantificar, dar nomes são ações mentais que dependem da
capacidade de memorização que as possibilidades de repetição, constâncias ou ausências lhe fornecem
para seu desenvolvimento cognitivo. A partir da reserva de memória, a cultura produz propostas para a
construção de associações e dissociações, interpretações e julgamentos, valores, função e uso das
experiências, de modo que os estímulos sensoriais se convertam em percepção do mundo, à luz da
cultura local.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 01
Por exemplo, para uma criança, os sons que conseguiu memorizar serão convertidos no idioma local.
Ouvir os sons foi o evento sensorial (biológico) que originou a produção da percepção (construção de
associações e dissociações, interpretações e julgamentos, valores, função e uso das experiências),
orientada pela cultura em que se encontra. Assim, sons são convertidos em palavras (sons com
significados). Sons memorizados podem ser imaginados (reproduzidos na mente) ou reproduzidos
(materializados) em forma de desenhos como as letras (símbolos).
Vamos transferir esse exemplo para o desenvolvimento artístico e psicomotor de uma criança na
educação infantil? Mostremos à criança as seguintes imagens.
Em primeiro lugar, contempla-se o funcionamento do órgão da visão, para se produzir uma sensação
(nível biológico da experiência).
Passemos ao nível sociológico da experiência (percepção): que estímulos visuais se repetem?
Cabe ressaltar que a criança da educação infantil possui um vocabulário limitado, e que alguns conceitos
e significados se encontram em construção. É o caso do conceito de cores: conceito e significado são
introduzidos pelos adultos da cultura em que se encontra a criança. O mesmo se dá quando se
introduzem os conceitos e os significados de árvore, sol, pessoas, que estão simbolizadas nas ilustrações
acima.
Esses conceitos podem ser introduzidos por meio da percepção. O papel do docente é favorecer a sua
construção, estimulando a criança a:
fazer associações e dissociações com os lugares por onde transita;
produzir comparações com base em diferenças e igualdades;
memorizar a experiência por meio de sua relação com a palavra (conceito e significado).
A experiência (o contato sensorial) com árvores (na rua, nas casas e no pátio da escola) consolida na
criança o conceito de “árvore”. A sua representação artística (como nas imagens acima) deve ser
estimulada e desenvolvida pelas crianças.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 01
A percepção pode ser exercitada oralmente, em crianças em fase de educação infantil, e pela escrita ou
oralmente, em crianças do ensino fundamental. A expressão oral e a escrita são úteis para se detectarem
níveis de percepção (em uso na cultura), bem como para se expandirem caminhos para o mundo da
imaginação.
Assim, o modelo teórico para o desenvolvimento artístico e psicomotor com base no fluxo parte da
sensação (nível biológico), passa pela percepção (nível sociológico) e vai em direção à imaginação (nível
artístico). Quando se solicita que a criança pinte, desenhe ou descreva pessoas, o que se solicita à
criança é o exercício da imaginação! A criança vai precisar recorrer à memória que acumulou na sensação
de um contato físico anterior (visual, tátil), bem como à percepção, isto é, à experiência de diferenciação,
interpretação e classificação de uma pessoa, para produzir a imaginação da pessoa que ora se encontra
ausente.
O Fluxo do Desenvolvimento Artístico e Psicomotor compõe-se das experiências biológicas, das
experiências sociais e da representação esquemática de ambas – ou seja, de sua expressão materializada
(simbólica) e dos conceitos passíveis de serem construídos a partir da transformação dos materiais e das
idéias (conceituação).
1.5 Alguns exemplos com base na idéia de fluxo
Vamos agora sedimentar o que aprendemos sobre o Fluxo do Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
com alguns exemplos? Serão discutidos, a seguir, três exemplos baseados em práticas artísticas em sala
de aula: a contação de histórias, a cantiga de roda e o conto sonoro. Você está pronto? Então vamos lá!
Exemplo 1: durante a contação de histórias
Sensação – sensação auditiva proporcionada pela voz do contador, sensação visual proporcionada pelos
gestos do contador.
Percepção – diferenças proporcionadas pela entonação de voz do contador, para gerar dramaticidade
(contrastes), acompanhada de gestos e máscaras faciais.
Imaginação – produção de sons vocais e corporais para imitar (significar, simbolizar) chuva, passos,
vento, silêncio, conforme a história.
Simbolização – desenho de cada personagem da história, desenho dos locais e dos objetos que
caracterizaram a história. Para a simbolização, podem ser usadas tintas (cores) ou massas de modelar
coloridas.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 01
Conceituação – identificação, com base nos desenhos, de oportunidades para desenvolver, por
exemplo, os conceitos de forma geométrica. Ex.: ‘isso é um círculo’, ‘isso é um quadrado’, ‘isso é uma
linha’. Os conceitos de cores também podem ser desenvolvidos durante a prática de simbolização
(atividade artística).
Ao se pensar no objetivo geral para a Educação Infantil e Fundamental (conhecimento de mundo,
conhecimento da sociedade, conhecimento de si mesmo), identifique na história uma oportunidade para
desenvolver conhecimentos sobre o mundo (fenômenos da natureza, nomes de animais, nomes das
estações do ano); conhecimentos sobre a sociedade (relações de parentesco entre as personagens,
atividades profissionais envolvidas) e conhecimento sobre o desenvolvimento artístico e psicomotor da
criança, ao lhe propor a participação na história (imitar a produção de sons e gestos). A representação
simbólica também pode ser desenvolvida por meio de desenhos e pinturas que a criança é convidada a
realizar!
Exemplo 2: durante uma cantiga de roda
Sensação – sensação tátil proporcionada pelo toque na mão de outra criança, sensação visual
proporcionada por gestos de rodopio.
Percepção – diferenças nos gestos do corpo proporcionadas pelos movimentos de parar e girar;
capacidade de equilíbrio dos gestos corporais enquanto gira; associação do canto com o movimento
corporal.
Imaginação – aparência física das personagens presentes nas letras da música. Você pode solicitar que
as crianças os descrevam oralmente.
Simbolização – desenho de cada personagem, locais e objetos presentes na letra das canções. Você
pode usar tintas (cores) ou construir com massas de modelar coloridas.
Conceituação – identificação, nos gestos utilizados durante a cantiga de roda, de uma oportunidade
para desenvolver, por exemplo, os conceitos de rodar, girar, parar, gritar. Os conceitos de cores também
podem ser desenvolvidos durante a prática de simbolização (atividade artística).
Ao se pensar no objetivo geral para a educação infantil e fundamental (conhecimento de mundo,
conhecimento da sociedade, conhecimento de si mesmo), identifique na prática da cantiga de roda uma
oportunidade para desenvolver conhecimentos sobre o mundo (o chão, o céu, o teto; cada elemento e
seu significado na letra da música); conhecimentos sobre a sociedade (relações de amizade e valores
como união e solidariedade ao segurar as mãos dos colegas) e conhecimento sobre o desenvolvimento
artístico e psicomotor da criança, ao lhe propor a participação na cantiga de roda (cantar, dar as mãos,
girar e parar na hora combinada; o conceito de corpo humano e suas partes constituintes).
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 01
Exemplo 3: O conto sonoro (os três porquinhos e o lobo mal)
Material necessário: três flautas-doce, um tambor e um chocalho.
Sensação – sensação tátil proporcionada pela livre exploração do sopro das flautas, das batidas no
tambor e do manuseio do chocalho; sensação visual com o formato de cada instrumento (objeto);
sensação auditiva resultante do manuseio dos instrumentos. Você pode contar a história usando
primeiramente a voz.
Percepção – diferenças dos sons dos instrumentos que são produzidos de forma exploratória, livre;
correspondência e associação entre gesto corporal e produção de sons dos instrumentos; identificação do
som produzido por um dos instrumentos quando manipulado escondido, atrás de um biombo ou dentro
de uma caixa de papelão (você pode solicitar à criança que venha buscar o referido instrumento). Você
pode modificar a entonação vocal enquanto conta a história.
Imaginação – aparência física dos personagens e suas respectivas casas (você pode solicitar às crianças
que os descrevam oralmente). Experimente contar toda a história com o uso dos instrumentos: flautas
substituem os sopros do lobo mau, chocalhos substituem os porquinhos correndo, tambor substitui a
casa de palha e a casa de madeira que caem. Cada criança pode se ocupar de um instrumento. A entrada
de cada porquinho em cena, bem como a entrada do lobo mau, pode ser representada por uma
dramatização teatral. De acordo com a faixa etária, você pode tentar contar a história sonoramente
(realizando todo tipo de sons com instrumentos e objetos) e gestualmente, isto é, um conto sonoro, sem
o uso da palavra. Para tanto, é necessário que as crianças encontrem-se familiarizadas com cada etapa
da história e que se organizem as cenas, combinando previamente a forma de participação das crianças.
Simbolização – desenho de cada personagem, locais e objetos presentes na história. Você pode usar
tintas (cores) ou construir com massas de modelar coloridas.
Conceituação – identificação, nos instrumentos (objetos), de uma oportunidade para desenvolver, por
exemplo, os conceitos de instrumento musical: flauta, tambor, chocalho. E, ainda, os conceitos de som
forte, som suave, som curto, som longo, som agudo, som grave; som de flauta, som de tambor, som de
chocalho.
Ao se pensar no objetivo geral (conhecimento de mundo, conhecimento da sociedade, conhecimento de
si mesmo), identifique na referida história uma oportunidade para desenvolver conhecimentos sobre o
mundo (palha, madeira, tijolo, animais); conhecimentos sobre a sociedade (relações de amizade e
valores como união e solidariedade entre os irmãos porquinhos; conceitos morais de bondade e maldade
nas ações do lobo mau) e conhecimento sobre o desenvolvimento artístico e psicomotor da criança, ao
lhe propor a participação na história (imitar a produção de sons e gestos). Aproveite a oportunidade para
permitir que a criança manipule instrumentos e objetos que produzem sons e faça sua representação
simbólica por meio de desenhos e pinturas que ela pode desenvolver.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 01
Resumo
O Fluxo do Desenvolvimento Artístico e Psicomotor é um modelo teórico proposto para que o docente
oriente suas atitudes e procedimentos em sua tarefa pedagógica. Acredita-se que esse modelo possa
estruturar uma anatomia pedagógica de modo a contemplar experiências físicas, cognitivas e sociais. O
Fluxo do Desenvolvimento Artístico e Psicomotor configura-se como um percurso interativo entre a vida
biológica (os cinco sentidos) e vida sociológica (interação entre pessoas) do ser humano em processo de
aprendizagem. A principal característica de um processo de aprendizagem em ambiente escolar é sua
construção programática, planejada. Assim, o objetivo é favorecer o desenvolvimento artístico e
psicomotor por meio de um programa pedagógico e do planejamento de aulas em que sejam
contempladas a capacidade sensorial, a percepção, a imaginação, a simbolização, a compreensão e
elaboração de conceitos.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 02
Aula 02 - Referenciais e Parâmetros Curriculares em Arte na educação brasileira
Nesta aula vamos retomar o que vimos na Aula 1 sobre o Fluxo do Desenvolvimento Artístico e
Psicomotor, a fim de refletir sobre a relação entre os objetivos definidos nos Referenciais e
Parâmetros Curriculares em Arte na educação brasileira e os conteúdos a serem trabalhados
com a criança. Nosso objetivo é compreender a relevância da estreita relação entre objetivo
geral, objetivos específicos e conteúdos para a elaboração de planos de aula.
2.1 Os objetivos da arte na educação
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCN, 1998, p. 85) entende que o trabalho
pedagógico na escola precisa favorecer a criança de modo que ela possa atingir os seguintes objetivos
gerais:
conhecer o mundo;
conhecer a si própria;
conhecer a sociedade.
Assim, como futuros educadores estaremos preocupados com a formação geral da criança.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais – Arte (PCN, 1997, p. 11) entendem que o desenvolvimento
artístico oferece “um modo particular de dar sentido à experiências das pessoas”. O Referencial Curricular
para a Educação Infantil e os Parâmetros Curriculares Nacionais nos oferecem pistas, isto é, referências e
parâmetros, para que possamos conduzir nossa tarefa como educadores. Essas referências são o mundo,
a sociedade e a própria criança. É com base nessas referências que devemos construir os conteúdos de
nossas aulas.
Qual é a função dos conteúdos que o educador resolve apresentar à criança? A resposta é: alcançar
objetivos específicos. E qual é a função dos objetivos específicos? Alcançar um objetivo geral.
CONTEÚDO OBJETIVOS ESPECÍFICOS OBJETIVO GERAL
Então vejamos:
O objetivo geral para a formação da criança, na proposta do Referencial Curricular, é levá-la a conhecer
o mundo, conhecer a sociedade, conhecer a si própria.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 02
Os objetivos específicos, na proposta do Referencial Curricular, convidam o professor a desenvolver na
criança sua capacidade:
física – apropriação de conhecimentos das potencialidades corporais; autoconhecimento; uso do
corpo na expressão das emoções; deslocamento com segurança;
afetiva – construção da auto-estima; atitudes no e para o convívio social; compreensão de si
mesmo e dos outros;
cognitiva – desenvolvimento de recursos para pensar, usar e se apropriar de formas de
representação e comunicação envolvendo resolução de problemas, compreensão de símbolos e
seus significados; organização do pensamento expresso pela criatividade, pela palavra, pelo
gesto e signos gráficos;
ética – construção de valores que norteiem as ações da criança em correspondência àqueles de
sua cultura e, ainda, em respeito àqueles cultivados em culturas alheias;
estética – produção artística e apreciação de sua produção bem como a de outras produzidas por
diferentes culturas;
interpessoal – convívio com as diferenças de temperamento, de intenções, de hábitos, de
valores culturais; prática da solidariedade;
social – percepção de si mesmo como membro participante de um grupo, de uma comunidade,
de uma sociedade, e como agente de idéias com soluções para a valorização, adequação ou
transformação cultural.
Para se atingirem tais objetivos específicos, a fim de favorecer o objetivo geral, é necessário selecionar
conteúdos que auxiliem no desenvolvimento das capacidades supramencionadas. Os conteúdos devem
abranger a experiência humana, que se converte em aprendizagem.
2.2 A experiência humana
Como vimos na Aula 1, a experiência humana, em termos de aprendizagem, configura-se basicamente
pela experiência biológica (sensorial: por meio dos cinco sentidos) e pela experiência sociológica
(psicológica: mental, cognitiva; e cultural: sistema de crenças, símbolos, significados, conceitos e
valores).
O desenvolvimento artístico e psicomotor pode ser impulsionado pela adoção de um modelo teórico
focado na experiência biológica e sociológica da criança. Idealizou-se o Modelo Teórico denominado Fluxo
do Desenvolvimento Artístico e Psicomotor, que estudamos na aula anterior. Didaticamente, esse modelo
teórico propõe que os conteúdos proporcionem um fluxo de aprendizagem baseado na interação conjunta
da experiência biológica e sociológica da criança:
as sensações (os cinco sentidos) – experiência biológica;
a percepção, a imaginação, a simbolização e a conceituação – experiência sociológica.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 02
Você, futuro pedagogo, futuro profissional da educação, tem o privilégio de participar no processo de
construção do conhecimento por meio do desenvolvimento artístico e psicomotor da criança! Com esse
processo, deseja-se que a criança possa:
expressar esse conhecimento por meio da arte, que é fonte de sensações, percepção,
imaginação, simbolização e conceituação (valores, por exemplo);
produzir arte;
expressar seu conhecimento por meio de seus gestos corporais intencionais, internalizados na
mente.
Ao planejar suas aulas, será útil decidir por conteúdos que mantenham o vínculo com a experiência
sensorial, perceptiva, imaginativa, simbólica e conceitual da criança, de modo a lhe proporcionar a
aquisição do conhecimento sobre o mundo, sobre a sociedade e sobre si própria (objetivo geral),
mediado pela capacitação física, afetiva, cognitiva, ética, estética, interpessoal e social (objetivos
específicos).
Arte e psicomotricidade são formas pelas quais a criança pode expressar e comunicar seu conhecimento
sobre si mesma, sobre o próximo e sobre o mundo.
2.3 Fluxograma para elaboração de planos de aula
Há uma estreita relação entre o objetivo geral, os objetivos específicos e os conteúdos. Esses são os
elementos essenciais do fluxograma que propomos. Vejamos:
A = O objetivo geral (formação pessoal e social, e conhecimento de mundo) norteia os objetivos
específicos.
B = Os objetivos específicos (desenvolver capacidades física, afetiva, cognitiva, ética, estética,
interpessoal, social) norteiam os conteúdos.
Conteúdos = Devem ser baseados em atividades que proporcionem a experiência sensorial, perceptiva,
imaginativa, simbólica e conceitual, conduzindo ao desenvolvimento artístico e psicomotor.
Assim, de acordo com os três elementos apresentados acima, temos o seguinte fluxograma:
19
Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 02
Figura 1 – Fluxograma para elaboração de planos de aula
Com base na observância dos objetivos propostos nos Referenciais Curriculares e o conceito de
desenvolvimento artístico oferecido pelos Parâmetros Curriculares, caberá ao educador da educação
infantil e das séries iniciais do ensino fundamental planejar o desenvolvimento artístico e psicomotor da
criança, mantendo um fluxo de conteúdos que privilegiem constantemente:
os órgãos dos sentidos para estimular sensações;
a relação entre mente e cultura para produzir percepções;
a oportunidade para que a criança dê asas à imaginação;
a representação sonora, plástica e gestual da imaginação, idéias e objetos expressos na forma de
simbolização;
o exercício da conceituação, pela construção de uma consciência crítica e analítica acerca de suas
experiências cognitivas, emocionais e sociais, mediadas pelos materiais e as idéias em circulação.
Resumo
Como vimos nesta aula, os Parâmetros Curriculares definem o conceito de desenvolvimento artístico os
Referenciais Curriculares traçam objetivos. Há uma estreita relação entre o objetivo geral para a
formação da criança, os objetivos específicos e os conteúdos a serem abordados a fim de atingir esses
objetivos. Compreender essa relação é importante, pois esses são os três elementos fundamentais do
fluxograma para elaboração de planos de aula!
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 03
Aula 03 - Ludicidade
Ao final desta aula, espera-se atingir o objetivo de conhecer o papel da ludicidade na formação
social e individual da criança. Para começarmos, proponho que você pense em alguma
característica típica da criança. Pensou? Então vamos lá!
Foto de Iolanda Huzak
Fonte: Referenciais Curriculares para a Educação Infantil
3.1 Ludicidade e desenvolvimento de potencialidades
O fator idade tem influência no tipo de respostas físicas e intelectuais que se obtém de uma criança
quando intencionalmente estimulada. Por outro lado, o fator ambiente social, isto é, o ambiente que a
criança freqüenta ou com o qual convive, tem influência no tipo de oportunidades de vivências e
experiências que uma criança pode ou não vir a ter.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 03
Para refletir
Como você acha que o fator ambiente social pode influenciar as oportunidades de desenvolvimento de
uma criança? Podemos dizer que temos, no Brasil, uma distribuição desigual dessas oportunidades? O
que pode ser feito para transformar esse quadro?
Uma característica típica da criança, por exemplo, é sua dedicação à brincadeira. Como educadores,
estamos muito interessados em oferecer oportunidades para que a criança aprenda sobre o mundo, sobre
a sociedade e sobre si mesma. Se a dedicação à brincadeira é uma característica típica da criança, tal
característica deve ser aproveitada. Assim, as atividades lúdicas são essenciais para promover o interesse
da criança nas propostas feitas pelo educador.
Assim, a ludicidade favorece de forma adequada (confortável, prazerosa, estimulante), o
desenvolvimento das potencialidades humanas!
MALUF (2008, p. 11) classifica as potencialidades humanas em cinco categorias, a saber: intelectuais,
criativas, estéticas, expressivas e emocionais. No que se refere às atividades lúdicas, DOHME (2003, p.
11) as define como “jogos, histórias, dramatizações, música e artes plásticas”.
Se combinamos o pensamento dessas duas autoras à característica típica da criança de dedicação à
brincadeira, podemos concluir que:
a ludicidade colabora com o desenvolvimento cognitivo, social e físico (emoções, motricidade) da
criança;
os jogos colocam o corpo e a mente em ação, permitindo à criança experimentar e conhecer seus
próprios limites;
por meio dos jogos, a criança exercita um tipo de vivência social, desenvolvendo valores como
solidariedade, cooperação, respeito e paciência;
as histórias são fontes de imaginação, fantasia e criatividade (intelecto e emoções em ação);
as dramatizações, a música e as artes plásticas estimulam e desenvolvem a expressão emocional,
motora e cognitiva da criança.
Desse modo, por meio das oportunidades que o educador produz, as potencialidades intelectuais,
criativas, estéticas, expressivas e emocionais funcionam como respostas à aprendizagem que a criança
constrói sobre o mundo, sobre a sociedade e sobre si mesma.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 03
3.2 Ludicidade e educação
No que se refere à relação entre ludicidade e educação, SANTOS (2008, p. 15) ressalta que “é preciso
que os profissionais de educação reconheçam o real significado do lúdico para aplicá-lo adequadamente,
estabelecendo a relação entre o brincar e o aprender a aprender”.
Foto de Iolanda Huzak
Fonte: Referenciais Curriculares para a Educação Infantil
Nós, educadores, temos a chance de mostrar – aos pais, aos diretores escolares e aos nossos colegas de
profissão – que reconhecemos o valor da ludicidade, pelo prazer que proporciona na construção do
conhecimento. Para demonstrar nosso reconhecimento, é preciso contemplar a ludicidade em nossa
proposta pedagógica e em nossos planos de aula, de maneira reflexiva e planejada.
Como profissionais da educação, devemos manter nosso foco na função principal da escola: a produção e
a construção do conhecimento. Nutridos da formação teórica que o curso de Pedagogia nos oferece,
estamos aptos a reconhecer a diferença entre ludicidade e recreação. Embora a ludicidade esteja
presente nas atividades de recreação, o papel da recreação é oferecer uma pausa na rotina, um
descanso, um entretenimento. Já a ludicidade, nos termos de uma proposta pedagógica, é pensada como
uma estratégia para que a criança aprenda, brincando, um determinado conteúdo.
Já vimos que a principal função da escola é a produção e a construção do conhecimento. Mas é possível
construir conhecimento fora da escola? Sim. Em casa? Sim. Na rua? Sim! A diferença é que na escola há
um educador, alguém que se encontra disponível e disposto a oferecer oportunidades para que a criança
tenha um ritmo de experiências, de desenvolvimento, de formação individual e social.
Os conteúdos são idealizados, planejados e programados pelo educador. Mas o educador deverá ser
capaz de entender a criança como um ser ativo. Cada criança tem potenciais (intelectuais, criativos,
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 03
estéticos, expressivos e emocionais) para interagir diferentemente com os conteúdos, de maneiras
inéditas e muitas vezes não previstas pelo educador.
Que bom! As diferenças e o ineditismo são fontes de transformação! E transformação é a palavra-chave
da educação. A educação, atividade profissional de um educador, requer planejamento e embasamento
teórico. Nesta disciplina, oferecemos um referencial teórico capaz de nutrir uma prática pedagógica que
valorize a ludicidade como uma estratégia fértil, objetiva e mentalmente estimulante para a produção e a
construção de conhecimento.
Para refletir
Como o conhecimento que você adquiriu até aqui pode ser útil para a construção de uma prática
pedagógica transformadora?
3.3 Atividades lúdicas para educação
Voltemos nossa atenção para a definição de atividades lúdicas proposta por Dohme (2003, p. 11): “jogos,
histórias, dramatizações, música e artes plásticas”. O que nos compete, como educadores, é lembrar que
podemos adequar jogos, histórias, dramatizações, música e artes plásticas, com a finalidade de produzir,
construir ou fixar determinado conhecimento. Mas há também a possibilidade de que jogos, histórias,
dramatizações, música e artes plásticas sejam criados, inventados no próprio espaço escolar. Podemos,
por exemplo, inventar (criar) maneiras de sonorizar histórias.
Para refletir
Se o objetivo do educador de educação infantil é, por exemplo, que a criança construa o conceito de cor
(cor azul, cor vermelha, cor verde, cor preta, cor branca, cor amarela, cor cinza etc.), como se pode
realizar esse objetivo por meio da ludicidade?
Para a construção do conceito de cor por meio de atividades lúdicas, uma possibilidade é a produção de
um jogo de memória, pelas mãos das próprias crianças sob orientação do professor, que também vai
participar na construção do jogo. Um jogo de memória típico contém imagens iguais, aos pares. Tinta
guache em diversas cores serve para pintar pedaços da cartolina, previamente cortados pelo professor.
Um lado da cartolina não é pintado, mas o outro lado é; o jogo da memória terá o lado não pintado
voltado para cima. Enquanto os pares de cores são procurados, a cor que é virada tem seu nome
pronunciado pelo educador.
Uma estratégia lúdica como essa proposta, além de funcionar para a construção do conceito de cor por
crianças da educação infantil, é útil à formação do vocabulário, uma vez que não apenas o aspecto visual
da cor encontra-se presente, mas também a palavra que lhe designa.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 03
Em jogos como esse, a própria memória da criança é estimulada. E a capacidade de memorização é
muito importante para as próximas experiências cognitivas da criança. Além disso, a interação
interpessoal que um jogo de memória possibilita ao grupo é muito importante para fortalecer as próximas
experiências sociais da criança. Pegar objetos, pintar pedaços de papel, virar as cartas do jogo
proporcionam prazer na experiência motora que se desenvolve.
Atividades lúdicas favorecem a alegria do sentir, do contato com materiais, do contato com pessoas. A
sensação de construção e de participação estimula o prazer, tão necessário à autoconfiança que uma
experiência emocional é capaz de produzir.
Para refletir
Nesta aula, vimos o exemplo da utilização de um jogo de memória, produzido pelas crianças sob a
orientação do professor, para a construção do conceito de cor.
Imagine possibilidades para a utilização também de histórias, dramatizações, música e artes plásticas
como elementos que podem fazer da ludicidade uma estratégia para a aprendizagem. Que conteúdos
você poderia abordar por meio dessas atividades lúdicas? Que estratégias você utilizaria?
Exercite sua criatividade para a prática pedagógica montando esboços de planos de aula para a utilização
desses quatro elementos da ludicidade – histórias, dramatizações, música e artes plásticas – na
educação infantil.
Resumo
Nesta aula, refletimos sobre a dedicação à brincadeira como uma característica típica da criança.
Aprendemos a pensar nos jogos, nas histórias, nas dramatizações, na música e nas artes plásticas como
elementos que podem fazer da ludicidade uma estratégia para a aprendizagem. Pensemos nos possíveis
efeitos dessas atividades para a construção do conhecimento: experiência emocional ao ver, ouvir, sentir,
tocar; experiência motora ao experimentar, reagir e interagir com o corpo; experiência cognitiva ao
desenvolver associações entre eventos, manipular informações arquivadas na memória, perceber
coincidências e diferenças; experiência interpessoal ao interagir com o colega e compartilhar opiniões e
decisões; experiência social ao praticar valores e virtudes como solidariedade, colaboração, paciência, ao
construir e respeitar regras, ao participar do funcionamento dinâmico das relações humanas. Enfim, por
meio da ludicidade é possível construir o conhecimento brincando!
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 04
Aula 04 - Arte e criatividade
A arte pode ser entendida como o resultado de atividades mentais e gestuais
caracteristicamente criativas. Você, futuro pedagogo, terá no ambiente escolar da educação
infantil e fundamental muitas chances de estimular atividades artísticas, porque em cada
criança residem infinitas possibilidades criativas! Cabe ao educador estimular e desenvolver a
criatividade! Ao final da aula de hoje, espera-se atingir o objetivo de conhecer o papel da arte
e da criatividade na formação social e individual da criança.
4.1 Arte e educação
Para começar, convidamos você a refletir sobre duas perguntas relacionadas à arte. Você mesmo decidirá
por uma resposta, de modo a construir suas próprias convicções!
Um objeto de arte já nasce pronto ou é fruto da intervenção humana?
Qual seria o ponto de partida (a origem) da produção de um objeto de arte: um fenômeno da
natureza ou a imaginação humana?
A arte encontra na imaginação da criança um componente fértil para traduzir-se em eventos materiais:
pintura (cores, formas, conteúdo, expressão plástica), literatura (histórias, entonação vocal), música
(sons), teatro (expressão dramática, expressão verbal e não verbal), enfim, produtos visíveis, táteis e
audíveis, transformados de forma intencional, criativa, frutos da imaginação.
O ambiente escolar da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental, por sua natureza
(ambiente de trocas e descobertas), é rico nas oportunidades de relacionamento que os indivíduos
desenvolvem entre si, durante sua convivência. O educador terá como papel, proporcionar às crianças a
compreensão de que sua imaginação pode tomar algum aspecto visual, sonoro, gestual, ou seja, pode
ser, de algum modo, materializada. Que modo seria esse? O modo artístico!
Você pode estar se perguntando nesse momento: como promover ou estimular o desenvolvimento
artístico se não sou um artista? Um professor em sala de aula, para a faixa etária da educação infantil ou
dos anos iniciais do ensino fundamental, não é um matemático profissional embora introduza alguns
conceitos abstratos, por meio de discurso oral (repetições) e de objetos específicos para fortalecer
exemplos abstratos de modo mais concreto (jogos, por exemplo). Esse mesmo professor não é um
geólogo, físico ou químico só porque fala de chuva, sol, nuvens, evaporação. Ora, então esse mesmo
professor não precisa ser um artista profissional para desenvolver a arte e a criatividade nas mesmas
crianças que, no dia-a-dia, descobrem a função dos números, entendem o funcionamento da natureza e
encontram-se aptas a desenvolver idéias e objetos artísticos!
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 04
4.2 Breve histórico da arte na educação
Aceitando-se que todos os domínios do conhecimento possam ser desenvolvidos dentro de um contexto
educacional, cabe ressaltar que esse contexto sofreu modificações ao longo do tempo, em virtude das
transformações do conhecimento e das necessidades humanas. Nesse sentido, LARROYO (1974, p. 544)
sugere que “as necessidades sociais, sobretudo econômicas, promoveram a reforma da educação”. Ele
também discute alguns aspectos da relação entre arte e educação ao longo da história. Vejamos:
na Grécia Antiga (a.C.), as Artes eram ensinadas juntamente com a Leitura e a Escrita;
na Idade Média, a educação, a cargo da Igreja Católica, era realizada através das Artes (cânticos
com letras extraídas de textos bíblicos, pinturas que explicavam momentos da vida de Cristo);
no Renascimento (séculos XV e XVI), com o surgimento dos colégios, os artistas passaram a
assinar suas obras, ganharam fama e destaque na sociedade, enquanto na Educação os
estudantes eram ensinados de forma lúdica;
no séc. XX, conheceram-se os referenciais construtivistas de Vygotsky e Piaget, que buscavam
compreender processos de aprendizagem da criança, o que produziu novas formas de se pensar a
arte na educação.
A arte, que tinha vaga garantida na educação da Grécia Clássica e uma função específica na socialização
das idéias medievais, em nosso dias pode ser entendida como uma atividade potencialmente prática e
coadjuvante na formação e desenvolvimento do intelecto, de competências e de habilidades. Isso graças
à multiplicidade de soluções que oferece a partir da imaginação e de intenções testadas, exploradas e
materializadas.
No Brasil de hoje, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996), no segundo parágrafo do Artigo 26,
informa que “o ensino da arte constitui componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da
educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos”. Porém, o futuro
pedagogo deve ir além de uma promoção do desenvolvimento cultural dos alunos, que pode muitas vezes
se limitar a atividades que se traduzem em reprodução de uma tradição cultural.
4.3 Favorecendo o desenvolvimento artístico do aluno
O desenvolvimento artístico, na escola, tem a função de contribuir na construção de significados que a
própria criança opera mentalmente. A criança manipula objetos (plásticos, sonoros) com seu repertório
de gestos, que (re)descobre enquanto desenvolve habilidades manuais pelo contato entre seus gestos e
a fluência dinâmica de sua imaginação.
Um efeito educativo do desenvolvimento artístico é a capacidade da criança em transformar sua própria
percepção em relação ao funcionamento do mundo, de suas idéias e das pessoas, especialmente quando
incentivada em relação ao produto artístico em realização ou realizado.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 04
Assim, o desenvolvimento artístico da criança promove a oportunidade de se auto-expressar enquanto
realiza uma produção artística. Durante a atividade de produção, relacionam-se materiais e idéias. A
criança recupera informações de sua memória; o contato e a transformação dos materiais e idéias lhe
proporciona uma experiência cognitiva dinâmica, diante das possibilidades de exercitar sua criatividade,
podendo combinar informações já apreendidas (retidas na memória) com outras que se apresentam e se
renovam sincronicamente à oportunidade de experimentação.
Mas como promover, estimular ou desenvolver a criatividade? Se um educador se coloca diante dessa
pergunta, é um bom sinal! Significa que ele acredita em sua tarefa de contribuir para a formação da
criança, e não aceita o senso comum quando ouve que criatividade e arte seriam dons que nascem com a
pessoa.
Para saber mais
Leia o texto Barreiras à criatividade pessoal entre professores de distintos níveis de ensino, de Eunice
Alencar e Denise Fleith.
Há muitos trabalhos de pesquisa já realizados sobre criatividade, como é o caso do texto de Alencar e
Fleith. Nesse sentido, ALENCAR (2003, p. 136) apresenta um resultado dos trabalhos de vários
especialistas, que se dedicaram a mapear estratégias para promover a criatividade em sala de aula.
Constatou-se que o professor desempenha um papel muito importante quando respeita as perguntas e
idéias da criança, quando faz perguntas provocativas, quando valoriza idéias originais (incomuns),
quando estimula a criança a desenvolver uma consciência sobre sua capacidade criativa. Em suma, os
estudos identificam que o comportamento do professor, em sala de aula, é essencial para se cultivar um
clima propício à expressão da criatividade da criança.
Abaixo se encontram listadas algumas noções úteis à produção de um clima favorável à criatividade:
oportunidade – dar à criança a oportunidade de realizar escolhas para manipular idéias e
objetos;
liberdade – permitir liberdade à criança;
estímulo – estimular o pensamento flexível;
valorização – valorizar a imaginação e a descrição (expressão oral da criança) ao verbalizar
sobre o processo criativo.
4.4 Arte e criatividade na escola
É muito comum, nas escolas brasileiras, o desenvolvimento da educação focada na reprodução do
conhecimento. Entretanto, a arte e a criatividade são ferramentas valiosas para que o educador revista
sua prática docente e os conceitos que adota como referência de trabalho.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 04
Além disso, a arte e a criatividade são fontes de conhecimento para a criança em idade escolar, porque
na medida em que ela produz arte ela apreende novas formas de se comunicar com o outro, novas
maneiras de interpretar o mundo, novas possibilidades de conhecer o funcionamento de suas intenções.
Tais tarefas encontram-se mediadas por um fluxo de percepção e imaginação, até a decisão de gerar
símbolos e conceitos. Tudo isso como produto da mente em desenvolvimento!
A arte e a criatividade fazem pensar, na medida em que uma idéia vai ser materializada, seja com sons
(expressão musical), imagens (expressão plástica), gestos comunicativos (expressão dramática e dança).
Assim, o valor da arte e da criatividade na escola repousa em seu potencial de fabricar soluções quando
um problema de natureza abstrata (uma idéia, uma imaginação) é intencionalmente convertido em um
produto de natureza concreta (música, pintura, teatro, dança). Esse produto artístico é sensível aos
órgãos dos sentidos, num primeiro contato, e, depois, passível de interpretações de natureza cultural.
Cabe ao educador manter aberto o canal de produtividade artística da criança que se encontra no
ambiente escolar, em fase de desenvolvimento cognitivo, emocional e social. A arte, quando
oportunizada à criança, lhe oferece meios para modelar uma relação entre as sensações orgânicas, ao ter
contato físico com os materiais disponíveis, e as percepções mentais que aprende a construir com a
experiência cotidiana com esses materiais.
Durante seu desenvolvimento artístico, deseja-se que a criança compreenda a existência de
possibilidades para a expressão de suas idéias, ao converter materiais em símbolos de sua imaginação.
Nesse sentido, cabe ao educador reconhecer na arte uma prática carregada de intenções e intuições, a
fim de preservar sua natureza de representação simbólica.
Assim, as atividades soltas, sem orientação programática, sem projeto, sem vinculação com a relação
entre imaginação e simbolização não poderão ser consideradas como um efetivo desenvolvimento
artístico e criativo. Quando a atividade artística é feita sem planejamento, a criança apenas manipula
materiais diversos, numa suposta aula de arte, sem uma ordenação baseada em causa e efeito, sem um
nível de consciência que explique o motivo de cada ação no material. Enfim, a exploração aleatória de
idéias que não encontram qualquer destino ou resultado não pode ser considerada desenvolvimento
artístico!
O desenvolvimento artístico deve, então, ser pautado em um ritmo de decisões pertinentes a cada faixa
etária, a cada conhecimento acumulado, a cada intenção racional, a cada intuição mais ousada e criativa,
a cada passo da imaginação. Isso porque as atitudes mentais e gestuais devem estar em
correspondência: arte e criatividade são experiências que podem ser sincrônicas durante as experiências
de contato com as idéias e os materiais.
Arte e criatividade, assim, possuem potencial para promover o autoconhecimento. O desenvolvimento
artístico e a criatividade no ambiente escolar são fontes constantes de educação, na medida em que os
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 04
produtos resultantes do fazer artístico e criativo nutrem a mente de inúmeras possibilidades. A
transformação de idéias se torna um hábito!
Resumo
O futuro pedagogo terá, no ambiente escolar, a oportunidade de estimular atividades artísticas porque
em cada criança residem infinitas possibilidades criativas. Vimos que o educador não precisa ser um
artista para proporcionar condições de desenvolvimento artístico na criança. O desenvolvimento artístico
funciona quando a criança pode fazer interagir suas idéias com materiais que lhe são disponibilizados
para explorar sons, texturas, imagens, cores etc. A arte é rica de simbolismos porque os materiais são
trabalhados de modo a representar intenções ou objetos pré-existentes. A criatividade pode ser
estimulada de modo que favoreça a expressão artística da criança. Oportunidade, liberdade, estímulo e
valorização são palavras-chave para orientar o educador que investe na criatividade de seus alunos.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 05
Aula 05 - Expressão não verbal
Observe a fotografia abaixo. Em cena, vemos uma professora com sua turma de educação
infantil. Na sua opinião, o grupo está fazendo uso da comunicação verbal ou da não verbal?
Foto de Iolanda Huzak
Fonte: Referenciais Curriculares para a Educação Infantil
A resposta é: de ambas! Em nossa atividade comunicativa rotineira, freqüentemente fazemos uso de
uma combinação de estratégias verbais e não verbais. Ao final desta aula, espera-se atingir o objetivo de
conhecer a função da expressão não verbal no desenvolvimento artístico e psicomotor da criança.
5.1 Comunicação não verbal e emoção
A comunicação entre pessoas, isto é, a transmissão e recepção de idéias, pode ocorrer com o uso da
palavra (comunicação verbal), sem o uso da palavra (comunicação não verbal) ou uma combinação de
ambas. Esta última é a forma mais comum de comunicação.
Vamos testar essa afirmação: imagine-se falando com alguém. Pense em qualquer frase. Como essa
frase é dita? Você apenas abre a boca, emite os sons das palavras e não mexe nenhuma outra parte do
corpo? Seu corpo permanece completamente imóvel e apenas sua boca é articulada para produzir sons,
emitir palavras, comunicar suas idéias? Se você mexe alguma parte do corpo (arregala os olhos, abaixa
as sobrancelhas, altera o ritmo dos gestos, sorri) enquanto fala, dá-se a combinação da expressão verbal
e não verbal!
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 05
A expressão não verbal é carregada de uma potência simbólica cuja aparência visual (gestos corporais
produzidos por emoções) pode traduzir ou revelar padrões emocionais do mundo socioafetivo que nutre a
criança. Ao educador cabe observar as reações da criança aos estímulos que lhe são endereçados.
A raiva e a alegria, para citar apenas alguns exemplos, são emoções: são resultados de estímulos. A
expressão não verbal funciona como um símbolo a ser decodificado pelo educador. A não observância ou
desconsideração da expressão não verbal da criança pode se tornar um obstáculo, no futuro, às
propostas pedagógicas do educador. Isso porque a relação entre criança e educador pode ficar
comprometida quando não se reconhece o significado da expressão não verbal como um símbolo de
relacionamento.
FRIEDMANN (2005, p. 81) afirma que o símbolo dirige-se ao nosso intelecto (faculdade de interpretação)
e expressa “alguma faculdade interna de que temos consciência”. Essa faculdade interna (as emoções)
informa situações de prazer (expressão não verbal da alegria) ou desprazer (expressão não verbal de
medo, raiva, tristeza).
5.2Expressão não verbal: uma forma de comunicação humana
A expressão não verbal é significativa na comunicação humana. O educador e a criança compartilham
experiências e encontram-se envolvidos em um processo de ensino e aprendizagem, no ambiente
escolar. As possibilidades de comunicação (base do relacionamento entre pessoas) dependem das
possibilidades de liberdade para o exercício da expressão não verbal, que acompanha a expressão verbal
na prática da comunicação.
É muito comum se ouvir a frase: “a criança é sincera”. O que está por trás dessa afirmação é que a
criança responde ao prazer ou ao desprazer. Ri ou chora. À medida que vai dominando a linguagem
falada, expõe com palavras o seu (des)prazer. Prazer ou desprazer estão na origem das emoções (sua
expressão é visível: alegria, tristeza, dor, medo, raiva etc.).
As emoções estão na origem da expressão não verbal da criança. E “as emoções têm papel importante no
processo da aprendizagem” (WEIL, 2004, p. 113). No âmbito escolar, a expressão não verbal pode
informar ao educador sobre o prazer ou o desprazer que a criança expressa durante sua aprendizagem.
A expressão não verbal tem um significado para o desenvolvimento da criança, na medida em que as
pistas que a criança oferece em forma de reações podem informar o educador sobre o funcionamento do
modelo de relacionamento e do modelo de estímulos que adotou para atingir determinado objetivo ou
proposta para o desenvolvimento da criança.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 05
O educador deve levar em conta que a criança busca a satisfação de suas necessidades de conforto físico
e emocional. Quando se encontra contrariada, expressa seu descontentamento, caracteristicamente, de
maneira não verbal, revelando algum tipo de emoção.
5.3 Outras categorias de expressão não verbal
A expressão não verbal da criança, entendida como uma linguagem simbólica, pode ser demonstrada:
na maneira de brincar com outras crianças;
em sua expressão artística: pintura, música, dança, teatro;
em sua expressão corporal;
nos desenhos que realiza;
nos desejos que manifesta.
Foto de Iolanda Huzak
Fonte: Referenciais Curriculares para a Educação Infantil
O educador pode considerar a expressão não verbal como uma fonte de significados que podem trazer
informações sobre o processo de desenvolvimento individual e social da criança, bem como sobre sua
maneira de compreender ou interpretar o mundo. Um desenho, um gesto corporal, um sorriso, enfim, a
expressão não verbal pode oferecer indícios ao educador sobre o desenvolvimento cognitivo, emocional e
social da criança. Pode revelar o (des)prazer em relação às propostas pedagógicas que o educador
oferece, ao ambiente físico escolar e ao relacionamento e convivência ali desenvolvidos.
Para refletir
Você deve conhecer algumas crianças. Pense sobre sua interação verbal e não verbal com elas.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 05
1. De que modos as manifestações não verbais das crianças lhe ensinam sobre como elas se sentem?
2. Como educador, como a atenção à expressão não verbal de seus alunos poderá lhe ser útil?
Reflita sobre a possibilidade de reformulação de procedimentos pedagógicos tendo em vista a expressão
do (des)prazer!
Resumo
A expressão não verbal pode traduzir ou revelar padrões emocionais do mundo socioafetivo que nutre a
criança. O educador deve considerar a expressão não verbal como uma fonte de significados que podem
elucidar sobre o processo de desenvolvimento individual e social da criança, bem como sobre sua
maneira de compreender ou interpretar o mundo.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 06
Aula 06 - Expressão verbal
Nesta aula vamos estudar a expressão verbal em sua relação com a educação e o
desenvolvimento artístico e psicomotor. O desenvolvimento artístico pode ser proporcionado
através da expressão verbal, na medida em que se praticam representações de
comportamentos e idéias presentes numa determinada cultura de comunicação. Ao final da
aula, espera-se atingir o objetivo de conhecer a função da expressão verbal no
desenvolvimento artístico e psicomotor da criança.
6.1 Desenvolvimento da linguagem falada
O desenvolvimento da linguagem falada se processa na criança por volta dos seis meses de idade, como
uma aprendizagem baseada na imitação dos gestos bucais do adulto, na audição dos sons emitidos pelo
adulto e na exploração intuitiva do aparelho fonador para emitir sons. O desenvolvimento da expressão
verbal da criança acontece na medida em que aprende a mudar o formato da boca e o posicionamento
dos lábios e da língua para produzir efeitos sonoros.
A convivência com pessoas proporciona a aquisição de uma quantidade de sons específicos: as palavras.
O conjunto de palavras que a criança conhece e reproduz compõe o seu vocabulário. Aos 2 anos de idade
a criança pode articular os sons de aproximadamente 500 palavras para compor seu vocabulário. Aos 4
anos, quando ingressa na pré-escola, pode dominar um vocabulário em torno de 1.500 palavras. Aos 6
anos, quando ingressa na primeira série do Ensino Fundamental, consegue articular todas as palavras
que ouve e imita de nossa língua, aproximadamente 2.500 palavras (MEC, 1979, p. 18).
O processo da fala deriva do funcionamento da audição. O educador, ciente desta relação entre audição e
fala, pode identificar, pelo método da comparação com outras crianças da mesma faixa etária, possíveis
problemas auditivos em crianças que apresentem uma expressão verbal quantitativa e qualitativamente
muito abaixo das demais. Qualquer desconfiança nesse sentido deve ser comunicada aos pais e à direção
da escola, para que uma avaliação fonoaudiológica possa afastar ou comprovar a necessidade de
tratamento do possível problema.
6.2 Da palavra falada à expressão verbal: parâmetros
A expressão verbal relaciona-se à palavra falada. A gravação de pessoas dialogando pode ser útil para se
desenvolver uma análise em conjunto com as crianças, de modo a descobrir, por meio das entonações de
voz, que tipo de emoção estaria presente em cada idéia expressa verbalmente.
Nesse sentido, você pode deduzir que o material expressivo da palavra falada é seu som, articulado
segundo os seguintes parâmetros:
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 06
intensidade sonora – gritos, sussurros etc;
ritmo – palavras encadeadas umas nas outras; pausas entre as palavras, repetição de sílabas e
palavras;
modulação tonal – variação do grave ao agudo durante a emissão do som;
ênfase áudio-silábica – reforço no volume de som em certos pedaços de uma mesma palavra;
duração – uso de mais ou menos tempo na sustentação ou não do som de cada sílaba da
palavra;
vocabulário – emprego de certos termos com significados contextualizados; gíria;
articulação fonético-cultural – maneiras de produzir sílabas com o aparelho fonador, de
acordo com o local geográfico onde se desenvolve a criança, combinado com os parâmetros
anteriores.
Uma evidência de que a expressão verbal é diversificada, com base nos parâmetros apresentados, é a
ocorrência de sotaques em um mesmo território, embora o idioma (língua portuguesa) seja o mesmo.
Assim, é possível se concluir que a expressão verbal sofre influência da cultura onde a criança se
desenvolve, que determina o conjunto de palavras que se encontram disponíveis em circulação e,
especialmente, na maneira (os parâmetros) como são expressas.
O educador deve perceber a importância do reconhecimento da influência cultural na expressão verbal.
Isso pode ser útil para que o educador se oriente na avaliação do desenvolvimento da expressão verbal
da criança em ambiente escolar. Nesse ambiente, é possível encontrar crianças oriundas de várias
regiões geográficas, com diferentes modos de se expressar.
Sobre a influência do meio sobre o desenvolvimento das crianças, TOMASELLO (2003, p. 109-110) nos
ensina:
As pessoas de um dado grupo social vivem de certa maneira – preparam e
comem alimentos de certa maneira, têm um certo conjunto de modos de vida,
vão a certos lugares e fazem certas coisas. Pelo fato de os bebês e de as
crianças humanas serem totalmente dependentes dos adultos, comem dessas
maneiras, vivem desses modos e acompanham os adultos quando estes vão
para esses lugares e fazem essas coisas. Em termos gerais, podemos chamar
tudo isso de “habitus” do desenvolvimento das crianças [...]. Participar das
práticas normais das pessoas entre as quais ela cresce – seja qual for o nível de
participação e de aptidão – significa que a criança vive certas experiências e não
outras. O “habitus” particular em que uma criança nasce determina o tipo de
interações sociais que terá, o tipo de objetos físicos que estarão à sua
disposição, o tipo de experiências de aprendizagem e de oportunidades que
encontrará, e o tipo de inferências que poderá fazer sobre o modo de vida dos
que a rodeiam.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 06
Assim, também os modos de se expressar verbalmente são influenciados pela cultura e pelas interações
de que a criança participa!
6.3 Expressão verbal e desenvolvimento artístico/ psicomotor
A psicomotricidade, entendida como movimentos corporais orientados por intenções em dado estado de
consciência, é determinante na produção de sons com a voz. Tais sons se originam da movimentação do
fluxo de ar em sincronia com a movimentação muscular e articulação óssea da mandíbula. O controle
consciente dessas movimentações resulta em padrões sonoros que originam a linguagem falada. A
expressão verbal funciona para comunicar idéias. A palavra possui um significado cultural, mas a forma
de expressá-la pode conter um significado emocional.
As emoções podem originar padrões de expressão verbal. As origens das emoções são o prazer ou
desprazer proporcionados pelos estímulos recebidos pelos órgãos dos sentidos (MARTINS, 2004). Uma
palavra pode ser dita de várias maneiras e cada entonação pode revelar um estado emocional.
O educador pode reconhecer padrões emocionais de cada criança a partir da evidência sonora (entonação
vocal) presente em sua expressão vocal. Fatores como o amadurecimento do aparelho fonador de cada
faixa etária e processos afetivos presentes no relacionamento humano concorrem nos possíveis
resultados de uma expressão verbal.
Para refletir
Palavras são sons articulados pela voz humana e cada palavra, em sua aparência sonora, revela um tipo
de expressão verbal. A expressão verbal pode ser desenvolvida pelo educador para estar a serviço do
desenvolvimento artístico da criança. Um exemplo, a poesia.
A poesia é composta de palavras escritas ou faladas e é um objeto de arte. A natureza da arte é sua
energia emotiva potencial. A psicomotricidade se relaciona, nesse caso, com o aspecto emotivo que uma
entonação sonora pode demonstrar, com os recursos do aparelho fonador atuando em sincronia.
Assim, cada palavra da poesia, ao ser expressa verbalmente pela criança, pode ser trabalhada pelo
educador de modo a construir um significado emotivo para cada idéia que palavras expressas
artisticamente podem gerar!
O educador pode, a partir desse exemplo, construir textos com seus alunos, de acordo com o vocabulário
que cada faixa etária já domina, com a finalidade de praticar uma leitura que não se limite à mera
reprodução de palavras. Mas sim, uma leitura artisticamente desenvolvida para expressar conteúdos
emocionais reforçando o significado e a comunicação de uma idéia.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 06
6.4 A função da expressão verbal no desenvolvimento artístico
Assim como a poesia pode funcionar como elemento para desenvolver o desenvolvimento artístico da
criança, por meio da expressão verbal, outras categorias de comunicação se caracterizam na sociedade
por padrões de expressão verbal. A expressão verbal funciona como um símbolo. Esse símbolo não é
feito de cores ou desenhos, mas de sons articulados (a sonoridade das palavras). Sons articulados são
símbolos audíveis, de uma idéia, de um comportamento, de uma emoção.
Conforme vimos no início desta aula, o processo da fala deriva do funcionamento da audição. Portanto, o
desenvolvimento artístico e psicomotor que utiliza os sons da fala como matéria-prima requer a escuta
orientada.
O educador pode se servir dos parâmetros apresentados como forma de orientar seu trabalho e suas
intenções educativas. Para tanto, faz-se necessária a audição de gravações para que a criança reconheça
(perceba) diferenças nos modelos de expressão verbal em voga na sociedade.
Uma vez que a criança percebe a diferença entre a palavra falada e a expressão verbal (musicalidade das
palavras), poderá desenvolver uma comunicação mais significativa para melhor transmitir suas idéias e
suas emoções. Eis algumas categorias de comunicação que, entre outras, podem servir para o
desenvolvimento artístico por meio da expressão verbal:
poesia;
jornalismo (linguagem de notícias);
narração de modalidades esportivas (futebol, corrida de cavalo);
rezas, orações;
aulas, palestras.
O educador pode considerar a expressão verbal como uma fonte de comunicação diferenciada,
caracterizada por diferentes maneiras de se expressar pensamento, idéias e emoções. A expressão verbal
da criança pode ser desenvolvida em termos artísticos, de modo a ser possível representar os modelos de
comunicação que a sociedade utiliza para veicular idéias e comportamentos presentes nos mais variados
ramos de sua atividade.
Resumo
O desenvolvimento da expressão verbal da criança acontece na medida em aprende a mudar o formato
da boca e o posicionamento dos lábios e da língua para produzir efeitos sonoros. A emissão de palavras e
a compreensão das maneiras como são emitidas depende da convivência com outras pessoas e suas
formas de expressão verbal. O desenvolvimento artístico pode ser proporcionado através da expressão
verbal, na medida em que se praticam representações de comportamentos e idéias presentes numa
determinada cultura de comunicação. O educador deve oferecer à criança a oportunidade de perceber
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 06
diferenças entre falar uma palavra e expressar a mesma palavra. Quando a criança percebe que
diferenças sonoras podem recair sobre uma mesma palavra, abrem-se possibilidades de interpretação e
significação. A conseqüência disso é que sua comunicação pode se tornar mais clara e bela.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 07
Aula 07 - Expressão plástica
“Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo”
(Toquinho, em “Aquarela”)
Observe os desenhos a seguir:
Desenhos de crianças de 4 anos
Título da representação: vovô
Materiais: papel, lápis de cor, imaginação e liberdade
Desenho de criança de 4 anos
Título da representação: lago do arco-íris (grafia original: lago do ar cuiris)
Materiais: programa de computador (Paint), mouse, imaginação e liberdade
Nesta aula, você irá estudar como a expressão plástica pode ser utilizada para o desenvolvimento
artístico e psicomotor e também sobre o papel que o educador pode assumir para esse desenvolvimento.
Irá estudar ainda a importância da imaginação e liberdade como materiais necessários a essa prática. Ao
final, espera-se que você tenha atingido o objetivo de conhecer o papel da expressão plástica no
desenvolvimento artístico e psicomotor da criança.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 07
7.1 Oportunidade para a auto-expressão
O trabalho com arte oferece à criança uma oportunidade de auto-expressão, útil para enriquecer suas
habilidades manuais e sua criatividade.
O manuseio e a exploração de materiais favorecem a aprendizagem sobre as características físicas dos
materiais, sua plasticidade, bem como suas possibilidades de combinação de modo a produzir obras de
arte. Explorar e combinar materiais como pincéis, fios, argila, papéis, tintas, massas de modelar, cola
etc. estimulam a criatividade da criança, que pode transformar a função original de alguns materiais para
gerar objetos de arte. A rotina de realização de explorações e tarefas propostas pelo educador pode
favorecer na criança a formação de uma noção sobre as diversas possibilidades estéticas para a
expressão plástica.
O educador deve incentivar a exploração de materiais e idéias, mas também deve propor desafios à
criança, oferecendo-lhe materiais ou mostrando-lhe objetos artesanais prontos, convidando-a à
confecção de algo semelhante. O desafio surge da interrogação: “Será que eu posso fazer também?”.
O desenvolvimento artístico e psicomotor pode ser favorecido por experiências desafiadoras, como
reproduzir com os mesmos materiais ou com materiais diferentes um objeto de arte pronto, oferecido
como modelo. A expressão cognitiva pode ser verificada por meio do processo construtivo que a criança
resolve adotar. Entra em cena o desenvolvimento da atenção e da habilidade para se atingir determinado
objetivo. O resultado não precisa ser julgado pelo educador, ao contrário, deve ser defendido como forma
de garantir à criança o desenvolvimento da confiança em si mesma e a descoberta de suas aptidões.
O educador é responsável pela atmosfera de respeito e de ludicidade em contraposição a qualquer forma
de cobrança. Muitos artistas levam semanas, meses e até anos para concluir um obra de arte. Assim, o
educador pode desenvolver a idéia de processo de construção na expressão plástica da imaginação.
A imaginação da criança é fértil em idéias. E a arte sobrevive de idéias criativas, de imaginação, de
transformação. Cada criança pode imprimir sua marca. É muito importante que o educador disponibilize à
criança diversas possibilidades de expressão plástica. Assim, os materiais enquanto matéria-prima devem
ser os mais diversos possíveis, de modo a criar a oportunidade para que cada criança encontre suas
habilidades, suas preferências para combinar imaginação, intenção, intuição e materiais disponíveis.
A expressão plástica pode se traduzir em artesanato, pintura, colagem, desenho, recorte, montagem,
encaixe, escultura plana de um papel cortado, escultura com barro manipulado com água. Enfim, a
expressão plástica traduz-se na transformação dos materiais de sua forma e função originais para outras
que a experiência e a exploração podem proporcionar.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 07
Fonte: Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
Fotografia de Iolanda Huzak
7.2Emoção e cognição
A produção de obras plásticas pela criança pode se relacionar com sentimentos de impaciência. A
ansiedade em finalizar um trabalho (que lhe agrada ou não) pode estar relacionada com uma escolha
inadequada dos materiais empregados ou dos objetivos propostos. O educador deve se preocupar com
que o material e o objetivo estejam inseridos num contexto lúdico de produtividade.
Trabalhar com o que se gosta é estimulante! As preferências de cada criança devem ser observadas e
respeitadas. Cabe ao educador mediar as alternâncias de interesses, típicas de uma mente ávida por
explorar o mundo. A observação das formas de expressão da criança (física, emocional e cognitiva) e da
capacidade de concentração deve ser entendida como parte de um processo em desenvolvimento.
O educador deve conduzir, com paciência e afetividade, o engajamento da criança em atividades que
envolvem a manipulação e a exploração de materiais disponibilizados com uma finalidade: a livre
exploração para produzir intenções que favoreçam a realização da expressão plástica. O ritmo de cada
criança quando manuseia materiais pode revelar seu ritmo de interesses ou idéias. O tempo entre a
exploração dos materiais e a execução de uma tarefa proposta pelo educador pode servir de referência
para sua avaliação, a fim conhecer e compreender melhor a criança.
A expressão plástica da criança pode representar suas idéias, suas percepções, suas intenções e
sentimentos em um dado momento. Nesse sentido, o educador pode perguntar à criança o que sentia
enquanto produzia seu trabalho. No aspecto da cognição, o educador pode perguntar os porquês das
decisões que resultaram na aparência da forma plástica que a a criança produziu. Perguntas sobre as
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 07
escolhas das cores e dos materiais podem ser um exercício útil à construção de conhecimento, por parte
da criança, sobre o processo de criação e representação.
As respostas da criança podem indicar as características de sua percepção, intenção, imaginação e
criatividade. Não está em jogo nenhum julgamento por parte do educador; o que está em jogo é a
oportunidade de produção de significados como ponte entre o mundo real e o mundo da imaginação. A
arte representa, por meio da criatividade e de suas infinitas possibilidades, o mundo que nos cerca e o
mundo que a mente fabrica com a imaginação.
Pedro: auto-retrato.
Idade: 4 anos
Lucas: auto-retrato.
Idade: 4 anos
7.3 O espaço físico para a expressão plástica
No ambiente, a iluminação, a ventilação, a limpeza e as possibilidades de reorganização do mobiliário são
itens que devem ser observados pelo educador. As condições do espaço físico devem atender às
necessidades do grupo em relação às atividades que serão desenvolvidas. O espaço deve contemplar as
características naturais da criança – que se movimenta constantemente – e deve ser livre e de fácil
acesso, para que a criança possa pegar e guardar os materiais em uso enquanto conversa com seus
amigos mais próximos ou desenvolve sua atividade.
É importante que o educador compreenda que derrubar materiais pelo chão e sujar-se com os produtos
com que se está trabalhando são atitudes naturais da criança. A criança não deve ser reprimida, e sim
auxiliada, sem repreensão, mas com carinho e atenção. Ao final das atividades propostas, o educador
pode solicitar à criança que o auxilie na arrumação e na organização do espaço.
Utilizar espaços ao ar-livre e criar novos espaços são preocupações que o educador deve ter, a fim de
possibilitar novas descobertas à criança, novas formas de percepção do mundo a sua volta. Passeios
pelas proximidades da escola e desenhos de observação também são formas criativas de realizar
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 07
atividades em artes plásticas. O espaço também deve possibilitar a exposição dos trabalhos terminados,
pelo tempo que se desejar.
Fonte: Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
Fotografia de Iolanda Huzak
Sobre espaço, movimento e expressão, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCN)
nos ensina:
O movimento para a criança pequena significa muito mais do que mexer partes do corpo ou deslocar-se
no espaço. A criança se expressa e se comunica por meio dos gestos e das mímicas faciais e interage
utilizando fortemente o apoio do corpo. A dimensão corporal integra-se ao conjunto da atividade da
criança. O ato motor faz-se presente em suas funções expressiva, instrumental ou de sustentação às
posturas e aos gestos.” (RCN, volume 3, 1998, p. 18).
Para saber mais
Consulte mais uma vez o Referencial curricular nacional para a educação infantil e aprofunde seu
conhecimento no tema desta aula.
7.4Arte, cultura e sociedade
A releitura de obras já conhecidas pode ser um ponto de partida para desenvolver a expressão plástica,
mas o fator cultural é outro ponto importante no processo do desenvolvimento artístico da criança. Em
termos culturais, a criança pode tomar conhecimento de sua cultura por meio de obras produzidas por
outras pessoas.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 07
Os Parâmetros Curriculares Nacionais reconhecem a importância da arte no contexto escolar, na medida
em que a arte favorece a compreensão do mundo e da sociedade. A arte é capaz de representar
simbolicamente, por meio de cores, formas e combinações plásticas diversas. O educador deve oferecer
oportunidades para que a criança perceba a possibilidade de realizar representações plásticas sobre o
mundo que a cerca.
Um traço pode representar uma ponte, um círculo pode representar o sol. Formas, cores, colagens e
recortes são algumas das possibilidades de combinação de materiais que podem simbolizar uma
paisagem, uma pessoa, um acontecimento. O contato da criança com as produções de seus colegas é
uma experiência de socialização de idéias artísticas, de intuições, de criações, de representações plásticas
sobre o mundo e a cultura.
Fonte: Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
Fotografia de Iolanda Huzak
Resumo
Vimos que a expressão plástica no ambiente escolar é uma oportunidade para a auto-expressão da
criança, quando combina sua imaginação (em desenvolvimento e expansão) com seus gestos (em fase
de amadurecimento psicomotor). Assim como a intuição, as intenções devem ter espaço na produção de
obras plásticas. O contato com materiais que se transformam pelos gestos resulta em produtos
simbólicos que representam o mundo. A expressão plástica é útil para se reconhecerem diferenças que
devem ser respeitadas. Além disso, a expressão plástica favorece a construção do conceito de
simbolização, na medida em que uma obra é entendida como a representação do mundo interior e
exterior da criança.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 08
Aula 08 - Expresssão dramática
“De repente, todos os super-heróis se reuniram para ver o tamanho de suas sombras.”
Ao final desta aula, espera-se atingir o objetivo de conhecer o papel da expressão dramática na formação
social e individual da criança, partindo da seguinte indagação: você acha que a expressão dramática pode
ser utilizada, em ambiente escolar, para o desenvolvimento artístico e psicomotor?
Observe a fotografia a seguir e imagine as possibilidades de uso da expressão dramática para a formação
da criança!
Brasília-DF,Escola Parque 308 Sul, 22 de novembro de 2006
Título da peça: “A incrível imaginação”
Companhia Teatral Néia e Nando
Fotografia de Farlley Jorge Derze
8.1 A expressão dramática na escola
O que está em jogo na expressão dramática são as possibilidades de desenvolvimento artístico e
psicomotor, na medida em que a imaginação e os gestos se combinam para representar uma história. O
corpo imita a imaginação e cada movimento transmite uma mensagem. Cada conjunto de gestos compõe
uma personagem; cada personagem revela suas emoções, que podem ser representadas; cada
representação é uma oportunidade de a criança encenar uma história imaginária ou baseada em texto
pré-elaborado.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 08
A representação do texto por meio de gestos e palavras com entonações variadas, de acordo com a
personagem e com a cena, permite verificar a expressão cognitiva da criança. Uma peça teatral envolve
ainda a seleção de roupas (figurino), a escolha de músicas (trilha sonora), a iluminação (climas visuais) e
o cenário para compor a representação do texto e da imaginação. A expressão dramática no ambiente
escolar é mais uma linguagem simbólica – como a música, a poesia, as artes plásticas e a dança – para
materializar a imaginação e a percepção da criança.
O educador deve favorecer a manutenção de uma rotina de exercícios e experiências gestuais que
possam ser entendidos pela criança como uma forma de representação de idéias e emoções, com a
finalidade de se narrar uma história teatralmente. A rotina pode ser útil para que uma ou outra criança
supere alguma timidez. A prática entre colegas da sala de aula pode ser o ponto de partida para futuras
apresentações teatrais em público. Uma das conseqüências pode ser o desenvolvimento da auto-
confiança.
Assim como a exploração dos sons (expressão musical), a exploração de objetos (expressão plástica) e a
exploração do corpo no espaço (dança e psicomotricidade), a expressão dramática exercita a observação,
a atenção e a disciplina. A expressão dramática pode ser considerada uma síntese daquele conjunto de
expressões artísticas!
8.2 Histórias e representações
A convivência do educador com a criança, de acordo com a faixa etária, possibilita estabelecer
parâmetros para o desenvolvimento artístico e psicomotor por meio da expressão dramática. Os
parâmetros podem ser estabelecidos com base em um critério simples, a natureza das experiências e
capacidades da criança na faixa etária em que se encontra. De acordo com a faixa etária, a criança:
está desenvolvendo vocabulário – cada palavra carrega possibilidades de significação; a
entonação da palavra é, em si, uma expressão dramática;
possui uma determinada capacidade motora (predisposição biológica) e de expressão
psicomotora (gesto correspondente a intenções) – no exercício da expressão dramática, os
limites biológicos e psicológicos devem ser observados e respeitados;
conhece e memoriza histórias, fábulas e contos de fadas – o repertório de histórias que a
criança já conhece é uma oportunidade de representação teatral.
Com o objetivo de proporcionar o desenvolvimento artístico e psicomotor da criança, cabe ao educador
apresentar-lhe a oportunidade de representar histórias por meio de gestos idealizados e de palavras
entoadas, de acordo com os acontecimentos emocionais da história.
A criança poderá ser solicitada a montar as próprias frases para expressar alguma idéia solicitada.
Naturalmente, trata-se de um exercício crescente de criatividade e de expressividade, como também de
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 08
identificação de novas formas de linguagem e de desenvolvimento de vocabulário. Se há um texto pré-
existente, com diálogos prontos, a criança pode ser levada a descobrir de que forma pode construir
entonações em sua voz, de que forma o corpo poderá demonstrar uma determinada emoção, e como fará
o seu rosto expressar um tipo de pensamento.
8.3 Algumas formas de expressão dramática
O educador pode introduzir os conceitos de comédia e drama. A opção por uma dessas duas formas de
expressão dramática pode determinar maneiras diferentes de se entoar uma mesma palavra, maneiras
diferentes de se realizar gestos corporais e faciais. O educador deve estimular a produção autoral de
histórias. Crianças que já conseguem escrever podem se reunir em grupos para compor suas histórias,
que serão representadas no futuro. Crianças menores, que ainda não dominam a escrita, também podem
criar suas histórias. O educador pode trabalhar essas histórias com base na memorização das próprias
crianças, bem como anotar a história em um caderno para posterior representação.
A expressão dramática também poderá ocorrer por meio de outras formas de expressão, como o uso de
fantoches, de bonecos do tipo ventríloquo, de teatro de sombras, de marionetes. Essas técnicas poderão
desenvolver outras habilidades, relacionadas também à expressão plástica (confecção de materiais). Se
as primeiras apresentações puderem resultar em momentos de alegria, um passo importante terá sido
dado em direção a expressões dramáticas mais ousadas, possibilitando à criança novas oportunidades.
8.4 A expressão dramática como convívio social
Desde a preparação da história até sua representação propriamente dita, a interação entre as crianças
será uma oportunidade para se desenvolver o acolhimento de opiniões e a expressão das próprias idéias.
A expressão dramática é uma prática de natureza social, pois se desenvolve em grupo. O convívio social
proporcionado durante essa experiência desenvolve e aperfeiçoa na criança noções como direitos e
deveres de cada um.
Isso porque a interação envolvida na expressão dramática baseia-se no diálogo, no respeito mútuo e no
respeito às diferenças de percepção. A expressão dramática, viabilizada por meio da representação de
histórias conhecidas ou compostas pelos próprios alunos, tem como fundamento a experiência de vida, as
próprias idéias, o conhecimento acumulado e os sentimentos de cada um. Assim, a expressão dramática
pode orientar o domínio desses conteúdos individuais e sociais e servir de referência na vida futura. A
palavra-chave é cooperação.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 08
Fonte: Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
Fotografia de Silvana Augusto
O educador deve estimular a avaliação dos resultados do trabalho pela criança e seu grupo como forma
de aperfeiçoar a tomada de consciência entre idéias e ações. A expressão dramática é uma oportunidade
de se organizar o pensamento e as emoções.
A criança que tem a chance de se expressar por meio do teatro, no ambiente escolar, vivencia o
companheirismo, base da socialização e dos relacionamentos. Compartilhar uma atividade lúdica e
criativa baseada na experimentação em grupo e na compreensão das pessoas, das idéias e dos objetivos
propostos promove, além do desenvolvimento artístico, a aprendizagem sobre o mundo, sobre a
sociedade e sobre si mesmo.
Sobre o teatro em ambiente escolar, os Parâmetros Curriculares Nacionais nos ensinam:
O teatro no processo de formação da criança cumpre não só função integradora, mas dá oportunidade
para que ela se aproprie crítica e construtivamente dos conteúdos sociais e culturais de sua comunidade
mediante trocas com os seus grupos (PCN, 1997, p. 57).
Assim, a expressão dramática possibilita a percepção de sentimentos e situações presentes nas
experiências culturais.
Vejamos, a seguir, algumas idéias para o trabalho da expressão dramática com crianças de educação
infantil e das séries iniciais do ensino fundamental:
Dramatização dos contos de fadas;
Brincadeira do espelho (um imita o outro);
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 08
Leitura e dramatização de poesias;
Realização de mímicas (manipulação de objetos imaginários; “falar”com gestos).
Volte à reflexão com que iniciamos esta aula e avalie o que você aprendeu. Que outras idéias você
poderia agregar?
Fonte: Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
Fotografia de Iolanda Huzak
Resumo
A expressão dramática oferece à criança uma oportunidade de desenvolver representações gestuais e
verbais de histórias produzidas na imaginação. A rotina de trabalho da expressão dramática deve
construir o desenvolvimento artístico e psicomotor proporcionados pela representação teatral de idéias,
emoções e acontecimentos presentes em uma história, uma comédia ou um drama. O educador deve
observar as possibilidades de representação teatral com base nas experiências acumuladas de cada faixa
etária, a maturidade biológica do corpo, bem como aquilo que já se conquistou em termos de vocabulário
e de significado das palavras. O teatro (expressão dramática) é uma atividade que se desenvolve em
grupo. A cooperação é a palavra-chave. A expressão dramática possibilita a percepção de sentimentos e
situações presentes nas experiências culturais.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 09
Aula 09 - Música na Educação Infantil
“eu sei imitar o vento, quer ver?”
“a voz da minha vó é tão suave!”
“meu coração faz um som assim tum-tum, tum-tum...”
Uma característica marcante na educação infantil (creche, maternal, jardim) é a natureza interdisciplinar
que estrutura o processo de aprendizagem. Nessa faixa etária, a criança não estabelece fronteiras
disciplinares como as que mais tarde determinam o modelo escolar em que disciplinas são separadas na
grade curricular (matemática, português, artes etc.). Assim, a música, na educação infantil, deve ser
entendida como uma estratégia para fertilizar a mente da criança com o mundo dos sons, sons que ela
vai emitir ao cantar, sons que ela ouve em sua casa, sons da natureza, sons que pode inventar! Ao final
desta aula, espera-se atingir o objetivo de conhecer o papel da música no desenvolvimento artístico e
psicomotor da criança da educação infantil.
Explorando sons: crianças com 10 meses de idade
Fotografia de Farlley Jorge Derze
9.1Música e educação
Ao considerar a música como um conhecimento a ser explorado no processo de aprendizagem da criança,
no ambiente escolar e no contexto interdisciplinar da Educação Infantil, o educador precisa registrar
(como em um diário) as evidências da aprendizagem da criança. Isto é, as respostas que se dão em
forma de expressão física, expressão emocional e expressão cognitiva, devem ser registradas pelo
educador. Nesse sentido, PONSO (2008, p. 18) acredita que “a percepção dos alunos, através de
depoimentos ou de elementos presentes nos trabalhos” seja uma fonte de conclusões e resultados sobre
o processo de aprendizagem.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 09
A reação motora da criança à música é muito comum. A partir dos 9 meses de idade, quando estimulada
pela música a criança se agita, balançando a cabeça, o tronco, as pernas, os braços, as mãos. Durante
toda a fase da educação infantil, o educador pode aproveitar o estímulo corporal que a música
proporciona. Assim, deve disponibilizar instrumentos para que a criança coloque em ação, já que seu
corpo reage naturalmente à música.
Fonte: Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
Fotografia de Silvana Augusto
A criança vai construir a percepção de que a cada gesto seu corresponde um resultado sonoro! Esse
aspecto é o que deve ser valorizado enquanto educação da percepção. Portanto, não se trata de julgar se
os sons produzidos pela criança enquanto manipula instrumentos correspondem ou não à música. O que
interessa ao educador é:
inaugurar na criança a experiência motora com os sons – por meio da manipulação de
instrumentos musicais convencionais ou qualquer outra fonte sonora (materiais de sucata, por
exemplo), a criança produz eventos sonoros, estimulada por músicas que vai ouvir em sua rotina
escolar.
inaugurar na criança a experiência emocional (o prazer) com os sons – a criança pode
interagir com sons que descobre a cada dia: sons das músicas que ouve, sons que produz com o
corpo (voz, canto, palmas, batidas com os pés), sons que produz com objetos que lhe são
oferecidos enquanto ouve uma música com ritmo marcante.
inaugurar na criança a experiência cognitiva com os sons – o ser humano possui a
capacidade natural de memorizar, categorizar, diferenciar, associar, repetir, experimentar
mudanças.
inaugurar na criança a experiência cultural – disponibilizar músicas de sua cultura; nesse
sentido, sugere-se uma rotina de audição e canto de músicas do folclore nacional.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 09
Para saber mais
Confira uma seqüência de músicas folclóricas brasileiras, executadas pelo professor Farlley Jorge Derze,
no sintetizador eletrônico. A audição pode ocorrer como fundo sonoro, enquanto a criança realiza outras
tarefas, outras brincadeiras!
A Canoa Virou
Atirei o Pau no Gato
Boi da Cara Preta
Cai Cai Balão
Carneirinho Carneirão
Ciranda Cirandinha
Cravo Brigou com a Rosa
Escravos de Jó
Fui no Tororó
Havia uma Barata
Marcha Soldado
Nana Nene
Nesta Rua tem um Bosque
Peixe Vivo
Pirulito Bate Bate
Samba Lele
Algo que todas as crianças compartilham é sua dedicação à brincadeira. As aulas de música devem ser
percebidas como parte de suas brincadeiras, envolvendo o mundo dos sons. Cabe ao professor planejar e
organizar as brincadeiras com sons para atingir determinado objetivo expressivo (corporal, cognitivo,
emocional, cultural).
Quanto aos instrumentos a serem manipulados por crianças da educação infantil, sugere-se observar os
materiais de que são feitos e seu estado de conservação. Devem ser feitos de plástico ou madeira (como
pandeiros de plástico, chocalhos de plástico ou madeira, tambores de plástico ou madeira) e precisam ser
leves, para favorecer seu manuseio pela criança. Os instrumentos e objetos que contenham metais,
mesmo que possuam um aspecto de brinquedo, devem estar limpos, porque o metal é fonte de oxidação
e bactérias como aquelas do tétano. Devemos lembrar que o calendário de vacinação contra as doenças
mais comuns ainda está, nas crianças da educação infantil, em vias de execução, e sua imunização
biológica ainda está em desenvolvimento!
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 09
Explorando sons: crianças com 3 anos de idade
Fotografia de Farlley Jorge Derze
9.2 Idéias para colocar em prática
As idéias listadas a seguir podem servir de referência para gerar novas idéias. Toda prática que
proporcione à criança o desenvolvimento de uma relação com os sons já é educação musical!
cantar em coro junto com o professor ou com uma música gravada;
cantar numa brincadeira de roda, imitando uma coreografia apresentada;
fazer a dança das cadeiras: o grupo de crianças gira ao redor de cadeiras enquanto ouvem uma
música e só pode se sentar na cadeira no momento em que a música for interrompida pelo
professor;
dançar variados estilos de música;
confeccionar instrumentos, como os chocalhos feitos com potes de plástico unidos (pote de
iogurte por exemplo), grãos de arroz ou feijão e fitas adesivas para vedação do chocalho.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 09
Fonte: Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
Fotografia de Iolanda Huzak
9.3 Conceitos que podem ser trabalhados
A música na educação infantil pode desenvolver conceitos sobre as características do som. Tais conceitos
servem para nutrir a percepção da criança no seu relacionamento com a música. As características do
som são aquelas que todo educador é capaz de perceber, não são termos técnicos. Ao contrário, são
termos do cotidiano. O som pode ser:
curto – batida do pé ou da mão; som de goteira; batidas do coração; marteladas;
longo – som de uma torneira aberta; de um carro acelerando; de um avião decolando;
forte – grito;
suave – voz cochichada;
agudo – assobio; canto do passarinho; voz de criança;
grave - voz de homem adulto; motor de caminhão.
Em todo som que se ouve, ocorrem simultaneamente as três características acima. Por exemplo, se um
lápis cai no chão, o som é curto, suave e agudo. Mas se o lápis rola pelo chão, o som é longo, suave e
agudo. Se um prato cai no chão, o som é curto, forte e agudo. Na pronúncia de qualquer sílaba, o som
pode ser curto ou longo, forte ou suave, agudo ou grave, porque isso depende da intenção de quem
produz o som.
Esses conceitos existem na teoria musical, e a partitura nada mais é do que uma tentativa de representar
com símbolos (notas pretas e brancas, ao longo das linhas de uma partitura) as características dos sons
curtos e longos, agudos e graves. Para indicar sons suaves e fortes, a partitura usa palavras (piano para
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 09
indicar sons suaves; forte para indicar sons fortes) abaixo do grupo de notas em destaque. Mas isso não
é uma necessidade na educação musical na escola. Há escolas de músicas (os conservatórios, as
faculdades) cujo objetivo é a formação técnica e profissional do músico. Citar essa questão aqui serve
apenas para indicar que tais conceitos sobre as características do som podem ser introduzidos de modo a
se construir uma cognição básica do mundo sonoro, uma correspondência entre a audição dos sons e a
percepção das características de cada sonoridade.
Sobre a música na educação infantil, SOUSA (2003, p. 62) ressalta que:
nestas primeiras idades tudo está ainda em desenvolvimento. As capacidades
mentais, as performances neuromotoras, a habilidade para cantar e a
compreensão de conceitos [...] deverão ser colocados ao serviço do
desenvolvimento pessoal.
Assim, o objetivo da aula de música na Educação Infantil não é uma formação técnica, mas a percepção
da sonoridade e o uso dos sons para o desenvolvimento individual e social.
Para saber mais
Conheça outras idéias sobre a música na educação infantil:
Ritmo de aprendizado
Música para aprender e se divertir
Ritmo de aprendizado – Plano de aula
Resumo
A educação infantil tem natureza interdisciplinar. O desenvolvimento artístico e psicomotor da criança
pode ser verificado a partir das respostas que oferece quando em contato com experiências e vivências
com materiais e propostas do educador. Tais respostas podem surgir por meio de sua expressão física,
emocional e cognitiva. A criança é dedicada à brincadeira, portanto a música, quando ouvida, dançada,
cantada ou acompanhada de sons de instrumentos e objetos que são explorados intuitivamente pela
criança, deve manter o clima lúdico. A exploração e o reconhecimento de sons é um passo significativo
para o desenvolvimento artístico e psicomotor da criança.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 10
Aula 10 - Música no Ensino Fundamental
Ao final desta aula, espera-se atingir o objetivo de conhecer o papel da música no
desenvolvimento artístico e psicomotor da criança nas séries iniciais do ensino fundamental.
Comecemos pela seguinte reflexão: o que todas as músicas que você já ouviu têm em
comum?
Se você tem uma resposta, compartilhe com seu professor e com seus colegas!
10.1 Música e ensino fundamental
Todas as músicas têm, no mínimo, dois fatores em comum:
são feitas com a mesma matéria-prima, sons e silêncios.
duram determinado tempo; começam e acabam.
As duas respostas acima são úteis para que o educador ofereça às crianças dos anos iniciais do ensino
fundamental, a oportunidade de construírem um conhecimento sobre música, isto é, sobre como é feita.
Assim, terão condições de criar (compor) intencionalmente sua própria música, com base na consciência
que possuem sobre aquilo que é comum a todas as músicas: sons e silêncios ouvidos numa fração
intencional de tempo.
É muito comum a crença de que um professor das séries iniciais do ensino fundamental (professor
unidocente) não seria capaz de ensinar música na escola. Uma origem possível dessa crença pode ser a
idéia de que é preciso saber tocar um instrumento musical para se desenvolver uma educação musical na
escola.
Você, futuro educador, pode acreditar que a música é uma:
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 10
fonte de conhecimento sobre o mundo – músicas com letras contam histórias sobre pessoas
e lugares;
fonte de conhecimento sobre a sociedade – músicas sem letra (apenas a melodia) são
diferentes de acordo com o lugar onde são feitas (cidades, países), o que oferece à criança a
chance de reconhecer diferenças culturais no mundo em que vivemos; e músicas com letras
contam histórias de diferentes povos e suas condições de vida;
fonte de conhecimento sobre si mesmo – porque cada um escolhe uma maneira própria de
se relacionar com a música e os efeitos emocionais e motores que ela é capaz de produzir:
emoções diversas, lembranças, vontade de dançar;
fonte de conhecimento sobre a música – quando se canta, se aprende a fazer música;
quando se ouve música, se aprende nomes de estilos musicais, nomes de instrumentos musicais
etc.
Ao educador cabe criar uma rotina de audição de músicas com o propósito de cantar e aprender nomes
de estilos e instrumentos musicais envolvidos em cada música. E, mais ainda, o educador pode
proporcionar às crianças um espaço para composição musical: as crianças podem organizar, de forma
intuitiva, criativa ou intencional, sons e silêncios!
Que tal todo mundo fazer uma música que dure um minuto? Que tal cada compositor ou seu grupo de
composição explicar a todos como decidiu selecionar e escolher os sons que usou em sua composição?
Por que combinar esses sons uns com os outros? Como se organizou o começo, o meio e o final da
música? Essas questões são relevantes se, como SCHAFER (1991, p. 35), acreditamos que “a música é
uma organização de sons”.
A essa altura, você deve estar se perguntando: mas como vamos conseguir um piano ou um
sintetizador? Onde vamos arrumar tambores, guitarras, flautas, chocalhos, enfim, os instrumentos
musicais? Pode residir aí a consolidação daquela crença sobre um professor unidocente não ter condições
de trabalhar a música em sala de aula. Essa crença permanece enquanto se acredita que a música é feita
apenas com instrumentos musicais tradicionais, convencionais.
Nós já descobrimos que todas as músicas são feitas de sons e silêncios. E sons podem ser feitos com
garrafas vazias de plástico, vozes humanas, batidas com os pés e as mãos, unhas que raspam a página
de um caderno, sopro, estalo de língua, latinhas de metal, varetas de madeira batidas entre si (bambu,
por exemplo), sílabas inventadas (combinadas) etc. O que está em jogo na manipulação dos sons é sua
organização segundo uma vontade, uma intenção. E as diversas combinações possíveis podem se
originar intuitivamente ou ser fruto de decisões voluntárias.
Nos anos iniciais do ensino fundamental, ensina-se matemática sem o objetivo de tornar a criança um
matemático; ensina-se ciências sem o objetivo de tornar a criança um cientista; ensina-se português sem
o objetivo de tornar a criança um lingüista ou um escritor. Portanto, trabalhar com sons diversos é
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 10
adequado para desenvolver o conhecimento sobre música, pois não é nosso objetivo tornar a criança um
músico profissional. O que está em jogo é a formação geral da criança.
A música estimula e desenvolve a expressão emocional, motora e cognitiva da criança. Combinar sons
(de qualquer natureza) e organizá-los com uma determinada intenção (ou intuição) é uma atividade
propícia para gerar alegria e prazer (expressão emocional) por meio do fazer, do sentir, do ouvir, do
criar. Cada gesto para manipular materiais (expressão motora) e extrair deles suas possibilidades
sonoras é resultado natural da motricidade, do ritmo de um gesto da criança. Cada idéia (expressão
cognitiva) testada, substituída ou adotada é exercício de associação, diferenciação, memorização,
seleção, intencionalidade e busca de soluções que são desenvolvidas diante da oportunidade de criar
música.
10.2 Como dar o primeiro passo
Como educador, o primeiro passo é reconhecer que há diferença entre a música que escutamos no dia-a-
dia (na televisão que a comercializa, nos CDs que vendem produtos musicais, nas trilhas sonoras dos
filmes, nos shows de um modo geral) e aquela música da qual estamos falando: a música como fonte de
conhecimento em ambiente escolar (uma disciplina).
A diferença está na função da música. Ou seja, para que e para quem ela funciona, de que maneira é
posta para funcionar e com que objetivo. A função da música na sociedade é diferente da função da
música na educação!
No dia-a-dia, a música que se encontra disponível às pessoas é aquela que se transformou em um
produto comercial. Isso explica por que existem músicas nas prateleiras de lojas e supermercados. Só
essas músicas são ouvidas, porque só essas foram postas em circulação.
As pessoas passam a acreditar que é assim que se faz música. Com o tempo, até os educadores (que,
afinal, fazem parte da sociedade) desenvolvem a crença de que não são capazes de ensinar música na
escola! Afinal, há décadas a referência musical é aquela música que se tornou produto comercial
(industrializado) e, conseqüentemente, produto cultural.
O primeiro passo a ser dado pelo educador é substituir sua possível crença, herdada culturalmente, a
respeito da impossibilidade de se ensinar música na escola, por uma crença baseada no conceito
moderno de educação das crianças: educar-se é transformar-se. A escola é ambiente de transformação,
e não de estrita reprodução.
A função da música na escola (para que, para quem, de que maneira e com que objetivo) é ser uma
ferramenta útil à transformação, produção e realização de idéias e tarefas. A composição musical que
cada aluno pode realizar não precisar ser uma cópia daquela música que se comercializa. Uma
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 10
composição musical é uma combinação intencional de sons e silêncios que duram o tempo que o
compositor (a criança) determinar.
Assim, o primeiro passo a ser dado, como educador, é investir na cultura da educação (da
transformação) em resposta à cultura da reprodução. O educador tem, no ensino de música, uma
oportunidade de materializar o conceito de mudança, o conceito de transformação! Cada aluno é um
compositor em potencial. Compor é desenvolver, organizar e praticar intenções.
O problema da existência de um julgamento sobre uma obra musical composta por seu aluno pode ser
um empecilho, já que um julgamento pode usar como referência aquela música comercial. Qualquer
tentativa de se construir ou se impor um valor a determinada obra musical não está livre de incorrer na
prática de manutenção de interesses ou vícios culturais.
Para saber mais
Leia o texto Uma audição inesquecível, de Ricardo Falzetta.
Nosso conceito de música origina-se em razão de sua função educativa e transformadora, própria do
ambiente escolar. Nesse sentido, música refere-se a sons e silêncios que duram certo tempo, frutos de
intenções da mente.
10.3 Hora de fazer música
Música é uma forma de conhecimento, uma linguagem particular, organizada com o propósito básico de
comunicar uma idéia. A palavra-chave é organização.
Vamos organizar os conceitos que vimos até aqui:
aquilo que toda música tem em comum – sons e silêncios organizados durante um certo
tempo;
função da música na escola – ferramenta útil à transformação, produção e realização de idéias
e tarefas.
Assim, na hora de fazer música, o educador deve participar, deve tornar-se um integrante do grupo.
Realizar uma tarefa organizada requer idéias. Para compor uma música (sons e silêncios), cada um pode
produzir sua própria idéia.
O material com o qual cada idéia vai se nutrir é a combinação intencional (ou mesmo intuitiva) de:
som – tempo de duração de um som ou de um grupo de sons;
silêncio – tempo de duração de um silêncio;
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 10
tempo – duração a que estará submetido o ouvinte ao se encontrar exposto aos sons e silêncios
que são praticados.
Vamos organizar também os materiais que vão nutrir idéias:
som – garrafas vazias de plástico; vozes humanas; batidas com os pés e com as mãos; unhas
que raspam a página de um caderno; sopro; estalo de língua; latinhas de metal; varetas de
madeira batidas entre si (bambu, por exemplo); sílabas inventadas; sílabas existentes; sons do
ar na boca (bochechas e lábios em ação) etc. Cada um deve anotar e construir seu arquivo de
sons (biblioteca sonora);
silêncio – ausência intencional do som. Cada um deve anotar e construir seu arquivo de
silêncios, decidindo quantos silêncios serão utilizados, em que momentos e seu tempo de duração
(biblioteca de pausas);
tempo – cada um deve decidir o tempo de duração de sua música. O educador pode provocar
sua turma ao propor um festival com músicas que duram um minuto.
Note que o conceito de minuto e o conceito de festival acompanham o conceito de composição, que a
aula de música proporciona. Note que não há receitas para se fazer arte. A arte, como linguagem
construída a partir de idéias e materiais, possui em sua natureza a palavra transformação. Essa palavra
deve estar na mente do educador que vê em cada aluno seu uma chance de transformação do mundo! O
ponto de partida é lidar consigo mesmo, com o grupo, com o mundo natural. A arte e a música se
oferecem como combustível para essa proposta de educação!
10.4 Hora de ouvir música
Para preparar o momento da audição, vamos refletir sobre:
o som – quantos sons diferentes seu aluno seria capaz de perceber na música escolhida?
o silêncio – quantos momentos de silêncio podem ser percebidos?
o tempo – quanto tempo dura a música a ser executada?
Ao adotar uma rotina de audição de música, o educador pode desenvolver debates sobre o conteúdo das
letras de muitas músicas. Debater o significado das mensagens é útil para se produzir conhecimento
sobre o mundo e os fenômenos naturais, sobre a sociedade e os acontecimentos culturais, e sobre a
própria forma de interpretação que cada pessoa adota. Nesse caso, a música é usada como ferramenta
didática para se aprender algo que não diz respeito a sua própria natureza (sons, silêncios e tempo de
duração).
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 10
A produção de idéias sobre o mundo e a sociedade a partir de obras musicais tomadas como material
didático e a produção de textos a partir da audição de músicas podem fazer parte de uma rotina útil para
a expressão motora, a expressão cognitiva e a expressão artística da criança.
Para saber mais
Toda música ao ser ouvida pode produzir emoções. Uma pesquisa realizada pelo professor de música
Farlley Jorge Derze com crianças do ensino fundamental demonstrou que uma mesma música produz
emoções diferentes, particulares e individuais, no mesmo grupo de pessoas. Perguntou-se: que tipo de
sentimento essa música lhe provoca? Era parte da pesquisa a atividade lúdica de, ao ouvir a música, criar
uma história de 5 a 10 linhas, como se a música fosse a trilha sonora da história que era criada. Por fim,
era solicitado que cada criança desse um nome para a música que acabava de ouvir. Você pode conhecer
a música usada na pesquisa clicando aqui.
Como atividades articuladas à audição de música, a criança pode produzir:
desenhos com lápis de cor em papel;
pintura com pincéis e tintas em telas ou cartolinas;
histórias a partir de uma música como se ela fosse a trilha sonora do enredo.
você pode acrescentar outras idéias a esta lista!
Para caracterizar a aula de música como uma disciplina, como outras da grade curricular, um
procedimento muito importante se faz necessário, por parte do educador: é preciso registrar o ritmo dos
acontecimentos em sala de aula, as produções e realizações de idéias feitas a partir da música e as
próprias músicas compostas.
Os registros em anotações, fotografia, vídeo e áudio podem ser apresentados aos pais, à direção da
escola e, sobretudo, aos alunos, ao final de um período de produtividade. O histórico da produtividade
musical (composições) ou dos conhecimentos construídos a partir da música como ferramenta didática
oferece uma oportunidade para se reconhecer o significado da música na formação da aprendizagem da
criança!
Resumo
Iniciamos a aula refletindo sobre o que todas as músicas que você já ouviu têm em comum. Como
resposta, vimos que sons, silêncios e duração configuram a matéria-prima de todas as músicas. Essa
reflexão oferece ao educador razões para acreditar que é possível se desenvolver aulas de música na
escola. A composição musical feita por crianças e a audição de diversas músicas não visam à formação
profissional como músico. As atividades com música ou para fazer música são úteis para a expressão
motora, cognitiva e emocional da criança. A palavra-chave é organização. Ao educador, cabe oferecer
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 10
uma rotina de audição e tarefas a partir da música, bem como tarefas para a composição de músicas. A
música mobiliza idéias e intenções, conduz transformações como fonte de aprendizado sobre o mundo,
sobre a sociedade, sobre si e sobre a própria música.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 11
Aula 11 - Música e literatura
“Crianças, agora que já conhecemos a história da formiga e da cigarra, quem quer contar a
história? Quem quer imitar o som da chuva? Quem quer imitar o som da cigarra cantando?”
Uma experiência comum no ambiente escolar é o contato da criança com histórias que o educador lê. A
literatura é uma fonte inesgotável de construção de significados sobre o funcionamento do mundo e da
sociedade. A criança que tem a oportunidade em seu cotidiano de ouvir histórias, narradas por outra
pessoa, tem a chance de construir conceitos como passado, presente e futuro, por exemplo. A literatura
oferece oportunidade à criança para a produção de valores éticos necessários à convivência harmoniosa
em sociedade. Ao final desta aula, espera-se atingir o objetivo de conhecer o papel da articulação entre
música e literatura no desenvolvimento artístico e psicomotor da criança. Vamos lá?
Fonte: Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
Fotografia de Iolanda Huzak
11.1 Música e literatura na educação
A combinação música e literatura deve ser usada pelo educador para estimular a imaginação, a
criatividade e a expressão verbal da criança. Para tanto, o educador pode determinar uma rotina semanal
destinada à contação de histórias.
A maneira de narrar a história é determinante para manter o interesse da criança. Contar uma história
sem variações de entonação pode causar monotonia e desinteresse. Apresentar imagens (ilustrações
presentes nos livros), criar efeitos vocais de acordo com cada situação na história e fazer gestos são
maneiras de oferecer ritmo à imaginação da criança.
64
Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 11
Para estimular a participação da criança, pode-se propor que ela tente reproduzir os sons que o educador
faz com a boca, com o corpo ou com objetos que estejam disponíveis ao redor. Tudo isso enriquece com
sons (trilha sonora) a história que é narrada! A participação da criança na produção de sons e gestos
deve ser incentivada. Ao ter contato com materiais e com a expressão verbal e não verbal, a criança
acumula experiências, vivências e emoções necessárias a seu desenvolvimento e sua compreensão sobre
o mundo, sobre as pessoas e sobre si mesma.
A combinação da música com a literatura pode ocorrer de maneiras diversas. As crianças podem:
explorar as sonoridades de instrumentos musicais e objetos com finalidade de sonorizar a
história;
ouvir músicas gravadas, que podem ser usadas como fundo musical da história;
cantar e dançar, como forma de representar um acontecimento da história.
Fonte: Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
Fotografia de Iolanda Huzak
11.2 A função da rotina
A rotina de audição de histórias e sua sonorização é importante para proporcionar o reconhecimento de
relações afetivas e a aprendizagem de significados presentes no vocabulário da literatura. A rotina com a
música e a literatura proporciona a construção de aprendizagem sobre o corpo, as emoções e as relações
com o outro.
A aprendizagem da fala, da dicção e da pronúncia é determinada pela audição. Ouvir histórias e poesias
vai além do desenvolvimento do vocabulário e seus respectivos significados! Ao ouvir a fala do educador,
a criança encontra mais uma referência para o desenvolvimento de sua expressão verbal, além daquela
que recebe de seus pais ou responsáveis.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 11
A seguir, iremos refletir sobre a rotina de atividades envolvendo música e literatura na escola em três
faixas etárias: de 1 a 3 anos, de 3 a 5 anos e de 5 anos em diante.
11.2.1 Crianças de 1 a 3 anos de idade
O educador deve ter em mente que crianças nessa faixa etária encontram-se em adaptação ao ambiente
escolar. Frases e palavras com conteúdo afetivo são úteis para construir a segurança e o conforto
emocional da criança no ambiente em que se encontra.
O educador pode criar frases que contenham o nome de uma criança e cantá-las repetidamente, e
convidar as crianças a cantarem a mesma frase, em que a cada repetição o nome de outra criança possa
ser mencionado. O canto produz uma memória emocional sobre o momento, o lugar e os níveis de
conforto e integração em que se desenvolve tal atividade.
O canto pode ser divertido e pode ser acompanhado de gestos. Gestos podem ser silenciosos ou sonoros.
Os gestos produzem conhecimento sobre as possibilidades do corpo e o espaço ao redor. Podem incluir a
voz (gesto bucal) e uma série de sons que podem ser explorados, imitados, inventados. A criança nessa
faixa etária se interessa em explorar o mundo e o educador deve lhe oferecer oportunidades de repetir
experiências já vivenciadas e de inaugurar outras.
A literatura é uma fonte rica de vocabulário para as crianças, bem como de imaginação. Uma história
pode ser narrada e intercalada com cantigas. O que está em jogo é a memória emotiva, bem como o
desenvolvimento da imaginação. O educador, ao contar histórias, deve proporcionar às crianças a
visualização das ilustrações para que possam interagir visualmente com seu campo imaginário.
Após a narração de uma história, ou durante a mesma, o educador deve se certificar de que cada palavra
foi entendida, no que se refere ao seu significado no contexto da história. A produção de significados pela
criança depende dessa verificação por parte do educador.
A combinação de música e literatura é uma fonte rica de experiências cognitivas e emocionais para quem
está acabando de chegar à escola!
11.2.2 Crianças de 3 a 5 anos de idade
É comum, hoje em dia, se encontrar a mesma história em meios diferentes: publicada em livro e gravada
em CD. Oferecer a oportunidade de comparação entre uma versão escrita e uma versão gravada é
estimulante para desenvolver a percepção da criança. A percepção se desenvolve com a experiência de
comparação, associação, diferenciação e identificação de modos de expressão.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 11
A percepção, quando estimulada, oferece bases para o desenvolvimento da consciência e das intenções.
O educador poderá incluir a realização da história em uma outra versão: a teatral. Assim, o
desenvolvimento artístico e a psicomotricidade da criança poderão ser verificados por meio da expressão
dramática que se manifesta durante o recontar de uma mesma história.
Para tanto, o educador deve proporcionar alterações na aparência do espaço. Isto é, transformar a sala
de aula em um ‘teatro’, o que inclui a produção de um cenário, a composição de figurino para
caracterizar as personagens da história, a modificação da iluminação do ambiente e uma trilha sonora da
história (produzida por um grupo de crianças).
O exercício da comparação entre versões é útil, ainda, para estimular a criança a realizar seus próprios
desenhos para ilustrar a história, uma ação a mais para seu desenvolvimento artístico (gesto criativo,
intuitivo, exploratório, perceptivo) e psicomotor (gesto comandado por uma intenção).
Cabe ao educador associar a alegria que a literatura e a música oferecem como possibilidades de
desenvolver a percepção da criança sobre sua existência no mundo (no tempo e no espaço), na família e
na sociedade!
11.2.3 Crianças de 5 anos de idade em diante
Nessa faixa etária, aproxima-se o momento da consolidação da alfabetização, representada pelo
amadurecimento do domínio psicomotor da escrita. A expressão plástica a que foi estimulada quando
produziu desenhos será enriquecida pela produção de palavras que a própria criança vai escrever para
elaborar sua própria história.
A correlação entre som e escrita é um importante passo para se verificar o desenvolvimento cognitivo da
criança, quando ela consegue escrever o som que produz com a boca. O educador pode apresentar à
criança o conceito de símbolo, na medida em que elucida que a grafia de letras e palavras simboliza os
sons que são produzidos com a voz.
11.3 Expressão artística
A partir do conceito de símbolo, a combinação entre música e literatura pode enriquecer o
desenvolvimento artístico e psicomotor da criança. Esse desenvolvimento pode ser feito por meio de
propostas voltadas para a expressão plástica, a expressão verbal, a expressão não verbal e a expressão
musical. Vejamos:
11.3.1 Propostas voltadas para a expressão plástica
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 11
desenhar um som forte e um som fraco;
desenhar o som do canto do passarinho (som agudo) e o som do ronco do vovô ou do motor de
um caminhão (som grave);
desenhar um som curto (que dura pouco tempo) e um som longo (que dura mais tempo).
11.3.2 Propostas voltadas para a expressão verbal
reproduzir com a voz um som forte e um som fraco;
reproduzir com a voz o som do canto do passarinho (som agudo) e o som do ronco do vovô ou do
motor de um caminhão (som grave);
reproduzir com a voz um som curto (que dura pouco tempo) e um som longo (que dura mais
tempo).
11.3.3 Propostas voltadas para a expressão não verbal
reproduzir com gestos um som forte e um som fraco;
reproduzir com gestos o som do canto do passarinho (som agudo) e o som do ronco do vovô ou
do motor de um caminhão (som grave);
reproduzir com gestos um som curto (que dura pouco tempo) e um som longo (que dura mais
tempo).
11.3.4 Propostas voltadas para a expressão musical
reproduzir palavras batendo palmas em cada sílaba e uma palma mais forte na sílaba tônica de
cada palavra (selecionar palavras do vocabulário da própria história que foi contada);
reproduzir palavras batendo o pé em cada sílaba e uma batida mais forte na sílaba tônica de cada
palavra (selecionar palavras do vocabulário da própria história que foi contada);
reproduzir palavras com gestos corporais (experimentais, improvisados ou coreografados) em
cada sílaba e um gesto específico na sílaba tônica de cada palavra (selecionar palavras do
vocabulário da própria história que foi contada).
O educador atento terá na literatura uma oportunidade de desenvolver conceitos sobre o mundo, a
sociedade e o ser humano. Por exemplo, é possível utilizar a literatura para trabalhar conceitos como a
paz, a surpresa, o futuro, o presente, o passado, a família, o amor, a escola, as emoções, as igualdades,
as diferenças, os animais, as árvores, as flores, a chuva, o sol, as profissões etc.
Nesse sentido, os poemas são ricos em informações para nutrir a imaginação por meio de palavras que
simbolizam sentimentos e situações. A combinação entre a música e a literatura alimenta a memória
emocional do ser humano e expande os limites de sua percepção!
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 11
Resumo
Vimos que a música e a literatura podem estar combinadas, durante a contação de histórias, como forma
de produção de significados para o desenvolvimento artístico e psicomotor. A criança encontra na
literatura e na música um meio de representação do seu mundo imaginário e simbólico, mas também um
meio de desenvolvimento de seu vocabulário verbal e emotivo. O educador deve proporcionar a
participação da criança no momento de contação de história, seja na produção de sons (trilha sonora),
seja nos comentários ou por meio de sua expressão corporal. A participação emocional, verbal e corporal
da criança deve ser estimulada como forma de favorecer seu desenvolvimento artístico e psicomotor.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 12
Aula 12 - Educação psicomotora
Fonte: Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
Fotografia de Iolanda Huzak
A educação psicomotora na educação infantil pode se desenvolver na relação construída com
base na confiança, entre criança e criança, e entre criança e adulto. Ao final desta aula,
espera-se atingir o objetivo de conhecer o papel da educação psicomotora no desenvolvimento
físico e mental da criança.
12.1 Psicomotricidade e relações sociais
As relações pré-estabelecidas com adultos e com outras crianças, em casa e na escola, encontrarão na
proximidade física, no toque, no afeto, no olhar, na troca de gestos, as bases estruturais da confiança
que se faz necessária para o desenvolvimento físico e mental da criança.
Por quê? Porque a criança não é passiva! Não se acredita mais que ela se limite apenas a receber
informações e estímulos dos adultos! Ao contrário, a criança, desde bebê, deseja se expressar, se
comunicar com as pessoas que cuidam dela, que se ocupam dela, que convivem com ela.
Cabe ressaltar que ao ser levada à escola a criança é submetida, involuntariamente, à convivência com
outros adultos e com outras crianças; e o contato físico é inevitável. Assim, cabe ao educador
proporcionar a confiança necessária para os constantes desafios que vão se apresentar ao corpo da
criança, posto em movimento ao longo de cada faixa etária: para engatinhar, andar, correr, equilibrar-se,
equilibrar-se com um pé só, girar em pé, dar cambalhotas. Para construir uma relação de confiança com
a criança, o educador deve estar atento para as trocas afetivas, que se concretizam por meio de troca de
olhares, de contato físico suave, de voz pausada e calma, de gestos de amparo e segurança.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 12
A expressão educação psicomotora refere-se a movimentos corporais que resultam de uma idéia da
criança, de uma intencionalidade, de uma consciência em construção. Desse modo, o próprio corpo
funciona como instrumento pedagógico para que a criança conheça a si mesma. Mente e corpo
encontram-se integrados em forma de movimentos, gestos e ações conscientes, de modo que
proporcionam à criança a oportunidade de conhecer seu corpo no espaço tridimensional e o
reconhecimento da correspondência entre suas intenções mentais e seus gestos.
Para a criança, é desejável o movimento de seu corpo nos espaços da escola e em situações em que o
corpo possa interagir com o outro. A existência de materiais disponíveis para a criança manipular
(brinquedos do parque da escola, bolas, bonecas, carrinhos, instrumentos musicais, folhas de papel para
desenhar e pintar) é útil para desenvolver a educação psicomotora, em que partes do corpo se ajustam
às idéias que o contato com pessoas e materiais é capaz de proporcionar.
O educador deve participar na estimulação do desenvolvimento psicomotor da criança, por meio de
propostas de movimentação corporal em observância ao ritmo de cada criança. Cada movimento deve
ser entendido pela criança como resultado de suas decisões. Assim, uma educação psicomotora se
concretiza à medida em que se verifica na criança o desenvolvimento de sua autonomia gestual, com
conseqüências positivas para sua auto-confiança, uma vez que os movimentos do corpo revelam um tipo
de organização mental no espaço.
12.2 Jogos e psicomotricidade
Os jogos que dependem de uma movimentação corporal mais significativa são adequados para
proporcionar o desenvolvimento da expressão psicomotora, do agir intencional. Naturalmente, cada faixa
etária possui um nível de amadurecimento biológico que vai influenciar decisivamente na capacidade de
movimentação do corpo com base nas intenções que a mente idealiza ou deseja.
Para refletir
Atividades como engatinhar ou pular corda exigem o desenvolvimento da maturidade biológica que
permita a realização de gestos coordenados em favor da preservação do equilíbrio de um corpo em
movimento!
O educador deve proporcionar a participação da criança em jogos que requeiram um nível de atenção da
mente para realizar movimentos corporais que cada jogo solicita, de acordo com a faixa etária.
Atividades como andar, marchar, correr, arremessar uma bola, executar cantigas de roda, andar em fila,
pular no mesmo lugar com os dois pés ou com um pé, andar em linha reta ou em círculos e muitos
outros gestos controláveis são formas de se estimular e se verificar o desenvolvimento psicomotor da
criança. O educador deve estar atento a isso!
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 12
Fonte: Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
Fotografia de Iolanda Huzak
Para saber mais
Leia sobre a psicomotricidade na educação infantil!
12.3 Atividades para o cotidiano
A educação psicomotora pode ser desenvolvida por meio de propostas do educador com base em
atividades úteis no cotidiano da criança. Em conformidade com as experiências acumuladas de cada faixa
etária, pode-se propor a realização de gestos dependentes de um monitoramento da mente. São
exemplos desse tipo de atividade:
desenhar retas, círculos, formas geométricas;
escrever;
recortar papéis em formatos pré-definidos;
colar objetos;
montar quebra-cabeças;
executar exercícios de agilidade com os dedos (por exemplo, em forma de pinça) e com as mãos
(por exemplo, abrir e fechar; bater palmas);
seguir o ritmo (lento ou veloz) de movimentos e posturas corporais do professor, por imitação;
imitar sílabas pronunciadas pelo professor (movimento da boca);
piscar os olhos voluntariamente;
mostrar os olhos, o nariz, a orelha, o queixo, a testa etc.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Aula 12
Para saber mais
Leia o texto A importância do brincar no desenvolvimento psicomotor e aprenda mais sobre
psicomotricidade e educação!
A criança está em constante busca de exploração de seu corpo e de suas possibilidades de integração ao
espaço. A educação psicomotora no ambiente escolar proporciona à criança uma experiência ativa de
relacionamento com o meio, com as pessoas e com suas habilidades em construção.
Resumo
Vimos que a educação psicomotora é construída com base na relação de confiança. A educação
psicomotora se dá por meio de estímulos cujo objetivo é o sincronismo entre mente e corpo. A
maturidade ou as limitações biológicas devem ser observadas nas propostas feitas pelo educador. Jogos e
atividades do cotidiano são oportunidades para o desenvolvimento psicomotor da criança.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Referências
Referências
ALENCAR, Eunice Soriano de. Criatividade: múltiplas perspectivas. 3. ed. Brasília: Editora UnB, 2003.
DOHME, Vânia. Atividades lúdicas na educação. Petrópolis: Vozes, 2003.
FRIEDMANN, Adriana. O universo simbólico da criança: olhares sensíveis para a infância.
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MALUF, Ângela Cristina Munhoz. Atividades lúdicas para educação infantil. Petrópolis: Vozes, 2008.
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MEC/SEF, 1997. In http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro06.pdf. Acesso: 01/09/2008.
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In http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf. Acesso: 01/10/2008.
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SCHAFER, Murray. O ouvindo pensante. São Paulo: Unesp, 1991.
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TOMASELLO, Michael. Origens culturais da aquisição do conhecimento humano. São Paulo: Martins
Fontes, 2003.
WEIL, Pierre. A criança, o lar e a escola. 24. ed. Petrópolis: Vozes, 2004.
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Glossário
Glossário A
Aparelho fonador
Estrutura biológica destinada à produção de sons: boca, dentes, língua, ossatura, cordas vocais, céu da
boca, músculos faciais.
I
Imaginação
Uma espécie de transformação voluntária, resultante da experiência da percepção. Não é uma
experiência sensorial (física, material). É o pensamento que se expressa ora correspondente às
experiências sensoriais e perceptuais, ora correspondente a transformações intencionais (criativas)
derivadas das primeiras experiências. Capacidade mental de fantasiar, inventar, idealizar, criar objetos,
formas e pensamentos.
L
Ludicidade
Brincadeira usada como estratégia. Uma brincadeira com função de favorecer a produção e a construção
de um determinado conhecimento.
O
Objeto de arte
Qualquer material com aparência transformada; fruto, expressão e resultado da imaginação e da
criatividade.
P
Percepção
Ato mental voluntário que envolve a identificação e a combinação de dados recentes com dados da
memória, que pode resultar em dedução, associação, diferenciação, interpretação, classificação e
julgamento para a produção de significados.
Professor unidocente
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Desenvolvimento Artístico e Psicomotor
Glossário
Professor formado em pedagogia e que atura na educação infantil e nas séries iniciais do ensino
fundamental.
Psicomotora
(psico: mente, pensamento; motora: corpo, movimento) movimentos corporais controlados pela mente;
movimento intencional do corpo; gesto consciente.
S
Sensação
Processo inaugural na experiência biológica particular do organismo com o ambiente em que se encontra.
No ser humano, se dá por meio dos cinco sentidos: visão, audição, tato, olfato e paladar.
Simbolização
Representar de forma intencional um ser animado ou inanimado pré-existente (um objeto material) ou
imaterial (imaginação, idéia), de forma a substitui-lo, representá-lo ou gerar significados. A simbolização
de objeto ou idéia pode se dar de forma gráfica: desenho, pintura (bidimensional), gestual ou escultural
(tridimensional) ou sonora (sirenes, gritos).