Post on 18-Dec-2014
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A história das associações de voluntariado no Brasil estão ligadas às origens coloniais
do estado brasileiro. Os dois pilares da colonização portuguesa foram o sistema de plantação e
o relacionamento próximo entre o colonianismo governamental e a igreja católica romana.
As instituições de “plantações” – a casa grande, senzala, capelas, canaviais, moinhos
de açúcar, etc – eram um mundo fechado governados pelo patriarcado. Sob esse sistema, a
posição social e econômica dos homens livres era dependente das relações pessoais com o seu
senhorio. Esta dependência criou um sistema de clientelismo – planos verticais, alianças
recíprocas dos indivíduos em troca de lealdade e servições de proteção e favores. Tal sistema
não fornecer terreno fértil para o surtimento de associações autônomas de voluntários para
prestação de serviços de interesse público, tais como as que surgiram nas colônias norte-
americanas.
Nesse contexto, a igreja católica romana, intimamente integrada com o governo,
desempenhou um papel fundamental na organização da sociedade civil. Seu papel de
destaque era inconstestável e durou quatro séculos até a Proclamação da República em 1889.
O catolicismo era a religião oficial do Estado.
Ao longo do século 19 a simbiose entre a Igreja Católica e o estado foi enfraquecida. O
Estado adotou uma postura cada vez mais secular, e começou a assumir a prestação dos
serviços públicos para a Igreja, o que ficou mais claramente institucionalizado a partiir da
Constituição de 1891. Entre outras medidas, a Constituição proíbe o governo de prestar
assistência financeira aos cultos religiosos. Como resultado a igreja Católica, sem apoio político
fundamentado, em cooperação direta com Roma, estabeleceu novas relações com a
população e instituições, que derivaram parte dos seus recursos para a criação de escolas,
hospitais e instituições de caridade de todos os tipos, criando um movimento estratégico por
parte das igrejas para ganhar mais acesso à população.
O movimento abolicionista do final do século 19 deu lugar a numerosas associações
atraindo uma ampla variedade de classes urbanas, como estudantes, acadêmicos,
profissionais, trabalhadores de indústrias, comerciantes, empresários e militares. Os exemplos
de maior destaque desta época são: ‘Caixas Emancipacionistas’, criada para financiar
campanhas abolicionistas; ‘Clubes e Associações Abolicionistas’, que organizavam passeatras,
comícios e também suporte para escravos fugitivos. Daí em diante, as associações voluntarias
ganharam uma proeminência considerável no Brasil, seguindo traços da onde de imigrantes
europeus que constituíram o grupo de trabalho para as primeiras indústrias emergentes
brasileiras.
No início do século 20, sob a liderança de imigrantes europeus e principalmente
sindicalistas da Itália e Espanha, grupos ligados a classe média começaram a se desenvolver,
como a Associação Brasileira de Imprensa, criada em 1908, a Associação Brasileira de
Cirurgiões Dentistas, criada em 1911, bem como as associações patronais que seguiram o
exemplo da Associação Comercial do Rio de Janeiro, criada em 1834.
Chegando mais perto dos tempos atuais, o terceiro setor teve um desenvolvimento
grande após o fim da ditadura militar em 1985, promovendo o surgimento de novos agentes
comerciais, homes e mulheres de negócios que começaram engajamento em diversas áreas,
de meio ambiente à direito das crianças e adolescentes.
Em 1991, o Brasil enfrentou um escândalo de corrupção que levou à cassação do mandato do então presidente. A Primeira Dama era responsável pela administração de uma das principais organizações filantrópicas (LBA - Legião Brasileira de Assistência), que também foi envolvida na corrupção. Isso fez com que o conceito de filantropia ganhasse uma conotação negativa junto à maioria da sociedade brasileira. Os desafios enfrentados pelo Brasil significam que existe uma necessidade enorme de fortalecer a capacidade transformadora do setor sem fins lucrativos e, especificamente, do setor filantrópico. O Brasil é o maior, mais rico e mais populoso país da América Latina, com uma população de 175 milhões de habitantes e um produto nacional bruto de US$ 452,4 bilhões. Mas é também um lugar com uma distribuição de renda extremamente desigual, em que 10 por cento da população possui 50 por cento da renda, e 50 por cento dos mais pobres possuem apenas 10 por cento da renda. Esse desafio central recai sobre toda a sociedade, mas talvez mais ainda sobre o setor filantrópico por sua capacidade de mobilizar agentes de transformação e de patrocinar a transformação. Fontes: DEFINING THE NONPROFIT SECTOR: BRAZIL, Leilah Landim, Johns Hopkins
University, Baltimore