Post on 26-Jul-2015
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Cultura da Manga
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Introdução
A manga é uma das frutas mais procuradas no mundo. Consumida
principalmente ao natural, pode, contudo, ser transformada em numerosos
produtos: polpa simples, suco, sorvete, geléias, compotas, etc. É ótima fonte de
vitaminas A, B, B2, PP e C.
É uma fruta deliciosa e nada tem de indigesta, mesmo consumida após
as refeições, quando consumida ao natural. Na Índia, fervem mangas verdes,
coam o líquido e o misturam com leite e açúcar. Quando muito nova, a manga
é cortada em pedaços pequenos e consumida como salada.
Os indianos também usam as mangas e as folhas da mangueira no
combate ao escorbuto, à disenteria e à hemorragia.
A procura pela manga tem aumentado bastante nos mercados interno e
externo, alcançando preços compensadores. Por isso a mangueira (Mangifera
indica L.) representa uma opção importante, em matéria de frutas, para o
Brasil, especialmente para as zonas semiáridas do Nordeste. Mas para que se
tenha êxito na sua cultura é preciso adotar práticas de cultivo adequadas, de
modo que o produto atenda às exigências do mercado consumidor. É essencial
que a fruta tenha boa qualidade e o custo de sua produção seja competitivo.
Os portugueses trouxeram a mangueira para o Brasil. Introduziram-na
na Bahia, onde depressa se generalizou. Espalhou-se no nosso país. Hoje,
difundidíssima, tornou-se quase obrigatória na paisagem do Nordeste úmido de
aquém e além Borborema, onde encontra calor e longa estação úmida seguida
de uma estação seca que lhe é indispensável. Aí se encontra a maior produção
brasileira de manga. Mas a mangueira alarga-se na Amazônia, no Sudeste e
no Centro- Oeste, chegando mesmo a ser cultivada no Paraná. Apenas o Rio
Grande do Sul e Santa Catarina não figuram nas estatísticas. O Brasil é um
dos maiores produtores mundiais de manga, talvez unicamente ultrapassado pela Índia. Ademais, produzimos mangas excelentes, graças principalmente
aos trabalhos de seleção a ás boas condições ecológicas que a mangueira
encontrou na maior parte do país.
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Descrição Botânica
A mangueira (Mangifera indica) é uma bela árvore de 15 a 25 m de
altura, 2,5 m de diâmetro, muito esgalhada e de copa muito densa e frondosa.
Folhas alternas, pecioladas, coriáceas, lanceoladas, de 10 a 25 cm de
comprimento. As flores são pequenas, verdes, polígamas, dispostas em
panículas terminais.
O fruto – a manga – suspensa num longo pedúnculo, é uma drupa
oblonga, ovóide ou mesmo arredondada ou lembrando um S. a forma varia
muito com a variedade, o mesmo sucedendo quanto ao tamanho. A coloração
da casca também varia muito, podendo ser verde, verde com pintas pretas,
amareladas, douradas ou ainda rósea, quando madura. A polpa é suave,
sumarenta, saborosa, amarela ou amarelo-alaranjada, fibrosa em algumas
variedades, quase sem fibras ou mesmo totalmente privada de fibras nas
melhores variedades selecionadas. O mesmo ocorre quanto ao sabor de
terebentina, um tanto acentuado numas variedades, quase inexistente ou
praticamente inexistente nas melhores. A semente, de tamanho variável, é
chata, de testa delgada, com cotilédones plano convexos, geralmente lobados.
Cultivares
Cuidados especiais devem ser tomados na escolha da cultivar a plantar,
sabendo-se que são necessários grandes investimentos na instalação de um
pomar de mangueiras e que só a partir do quarto ano elas começam a dar
produção econômica.
As cultivares mais indicadas são as que aliam a alta produtividade a
qualidade como a coloração atraente do fruto (de preferência vermelha), bom
sabor, pouca fibra, resistência ao manuseio e ao transporte para mercados
distantes. Devem ainda ser tolerantes à antracnose e não sujeitas á alternância
de produção.
Até recentemente a cultivar Haden era a mais aceita e difundida em
plantios comerciais no Brasil. Outras cultivares, contudo, tem surgido como
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promissoras, quanto à produtividade e qualidade dos frutos. A seguir,
descrevem-se algumas características de cultivares, que poderão ser incluídas
em novos plantios.
Tommy Atkins: Frutos médios a grandes, de 400 a 700 g, cor amarela a
vermelha brilhante, superfície polpa amarelo-escura, de excelente sabor, doce
(17% de açucares) e pouca fibra. Semente pequena e monoembriônica.
Precoce a meia-estação produção regular e árvore vigorosa. Relativamente
resistente à antracnose e ao transporte, mas bastante suscetível ao colapso
interno do fruto.
Haden: frutos médios a grandes, 400 a 600 g, cor amarelo-rosada; polpa
sucosa, sem fibras, doce (17% de açucares), de cor laranja- amarelada.
Semente pequena, monoembriônica. Precoce a meia-estação. A planta, além
de vegetar muito, é considerada alternante e suscetível à antracnose e à seca
da mangueira.
Keitt: frutos grandes, 600 a 900 g, cor amarelo-esverdeada com laivos fracos
avermelhados; polpa amarelo intenso, sem fibras, sucosa; semente pequena;
poliembriônica; planta muito produtiva, com hábito de crescimento típico, com
ramos longos e abertos. Tardia, quanto à época de maturação. Relativamente
resistente à antracnose e ao transporte.
Kent: frutos grandes, 600 a 750 g, ovalados, de casca verde-claro-amarelada,
tornando-se avermelhada, quando madura, e de maturação tardia; polpa
amarelo-alaranjada, doce, sem fibra, aromática e sucosa. Semente pequena e
monoembriônica. Árvore vigorosa e produtiva.
Van-Dyke: frutos médios, 300 a 400 g, cor amarela com laivos vermelhos;
polpa firme e resistente ao transporte, sabor agradável, muito doce. Semente
pequena, planta muito produtiva. De meia-estação, quanto à época de
maturação.
Surpresa: frutos médios a grandes, 400 a 600 g, cor amarelo intenso; polpa
agradável e sem fibra, sucosa, muito doce, sabor agradável e sem fibra.
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Semente pequena, planta muito produtiva, relativamente resistente à
antracnose. De meia-estação a tardia, quanto à época de maturação.
Variedades mais conhecidas
Rosa: Talvez seja a melhor das mangas brasileiras. É encontrada no Nordeste
úmido, principalmente em Pernambuco, Paraíba, e Alagoas. Quando madura é
rósea, aromática, doce e com poucas fibras, deliciosa, além de ser muito
bonita. Seu tamanho varia um pouco, podendo ser considerada de tamanho
médio. É globoide.
Carlota: É uma manga amarela, quando madura, achatada saborosíssima.
Tem um sabor delicado, que lhe é próprio. Pode ser comida de colher. Em
média pesa 300 g.
Espada: Fruta grande, comprida e estreita com a forma aproximada de um S,
esverdeada mesmo madura. Resiste bem a longos transportes. Peso médio,
400 g.
Manguita: É uma manguinha pequena, mas muito saborosa. As manguitas de
Ipu tem uma certa fama.
Coração–de–boi: Arredondada, vermelho–escura quando madura, grande,
polpa tenra aromática quase sem fibra. Peso médio 350 g.
Sabina: embora algo fibrosa, a polpa amarelo–alaranjada, é muito saborosa. É
uma fruta muito grande pesando em média 900 g, é proveniente do Triângulo
Mineiro. Tem o nome da família de quem a selecionou.
Primavera: Excelente manga, selecionada na Ilha de Itamaracá. É amarela
quando madura, sem fibras, sucosa, muito saborosa. Peso médio de 250 g.
Clima
O melhor clima para a mangueira é o quente e úmido, porém com
estações seca e chuvosa bem definidas. O período seco deve ocorrer bem
antes do florescimento, de modo a permitir a planta um período de repouso
vegetativo, e prolongar-se até a frutificação para evitar os danos causados pela
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antracnose e oídio. Após a frutificação, é benéfica a ocorrência de chuva, pois
estimula o desenvolvimento dos frutos e impede sua queda.
Nas regiões semi-áridas, as chuvas deixam de ser relevantes, desde
que se possa recorrer a irrigação. Quando se pode contar comum sistema de
irrigação, o plantio da mangueira pode ser feito em qualquer época do ano.
Quando não se dispõe dele, realiza-se o plantio no período das águas.
O clima de parte do litoral e dos planaltos e serras do Nordeste e quente
e úmido muito propicio a produção de manga, daí a excelência de suas
mangas: grandes, de pele colorida, brilhante, sadia e com uma polpa muito
saborosa. As florações são pouco atacadas pela antracnose, porque chove
pouco ou não chove. As frutas crescem em pleno sol, que impede o
desenvolvimento de moléstias criptogâmicas e da colorido, brilho e sabor as
frutas.
Também encontra ecologia favorável nos planaltos do Sudeste e do
Centro-Oeste, muito principalmente nos mais baixos não sujeitos a geadas
nem mesmo a temperaturas muito próximas de 0°.
Solo
A mangueira cresce bem em qualquer solo, desde que não seja
encharcado, alcalino, rochoso, extremamente raso ou demasiado pobre.
Prefere solos profundos, moderadamente férteis e bem drenados.
A mangueira vegeta e frutifica bem tanto em solos arenosos quanto em
solos argilosos, ligeiramente ácidos ou alcalinos. Quando se tem em vista a
exploração comercial, sempre que possível preferem solos areno-argilosos,
soltos profundos e de boa fertilidade. As áreas que permitem a mecanização
são especialmente indicadas.
As operações de preparo do solo são feitas com antecedência e consiste
na roçagem, queima do mato, encoivaramento e destoca. Após a limpeza da
área, procede-se a aração e depois de 20 a 30 dias procede-se a gradagem,
coletando-se, então amostras do solo para análise.
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Quando se utiliza área com declive acentuado, alinha-se em curvas de
nível a fim de evitar a erosão.
Preparo da Muda
A muda ou enxerto podem ser feitos na propriedade ou adquiridos de
viveiristas idôneos. Conquanto todas as cultivares sirvam para porta-enxertos,
as mais utilizadas tem sido a Espada, Carlota, Coité, Úba, Soares Gouveia,
Coquinho, Santa Alexandrina e Itamaracá, entre outras.
Colhidos os frutos destinados ao preparo de porta-enxertos, procede-se
a retirada da polpa, lavagem das sementes e secagem a sombra, em local
ventilado. Com o auxílio de uma tesoura de poda retira-se o invólucro coriáceo(
endocarpo ou casca), que envolve as amêndoas. A seguir essas são postas a
germinar em sulcos de areia grossa, a espaços de 20cm um do outro. Devido
às perdas com a germinação e pegamento do enxerto, deve-se usar 40% a
mais de sementes, em relação ao número desejado de mudas.
Entre 40 e 60 dias após a germinação, as plantinhas previamente
selecionadas, são transferidas para sacos de polietileno de 34 x 17cm,
contendo uma mistura de três partes de terra vegetal, uma parte de esterco de
curral bem curtido, 3kg de superfosfato simples e 0,5 de cloreto de potássio por
metro cúbico de mistura de terra e esterco. Sete meses após o transplante, os
porta-enxertos estão em condições de receberem o enxerto.
Os métodos comumente utilizados para enxertia, com algumas
variações, são a borbulha e a garfagem. O primeiro permite maior economia de
material de propagação, no caso de gemas e borbulhas, enquanto o segundo
confere desenvolvimento mais rápido do enxerto, o que possibilita transplantá-
lo para o local definitivo três a quatro meses após a enxertia.
Plantio
As operações de plantio propriamente ditas são precedidas pelo
preparo, cerca de trinta dias antes, da mistura do solo para reenchimento das
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covas, fazer aração e gradagem no terreno do futuro pomar e se possível faz
adubação verde.
De preferência procede-se ao plantio na primavera ou no início da
estação chuvosa, preferem-se os dias úmidos.
Os enxertos serão plantados com o compasso de 7x7 m,
aproximadamente. Se o solo for bastante fértil, convém plantar com compasso
de 8x8 m. Os pés-francos terão o espaçamento de 10x10 m ou 11x11 m,
também dependendo da fertilidade do solo. Não se deve esquecer que nas
regiões ecologicamente favoráveis as mangueiras se tornam gigantescas.
As covas, abertas com o espaçamento de 50x50x50 cm, e com bastante
antecedência, só serão adubadas se o solo for muito pobre. Neste caso a
adubação será feita uns dois a três meses antes do plantio. Aplicam-se uns 5 a
10kg de estrume de curral bem curtido e misturado com terra da superfície.
Podem-se acrescentar 2,5 a 3,5 kg de farinha de ossos ou superfosfato. Lança-
se dentro da cova metade da terra misturada, e sobre esta acomoda- se a
muda, uma vez removido o envoltório de plástico. Coloca-se a muda de tal
modo que fique com seu colo ligeiramente acima do nível do terreno.
A outra metade da mistura é usada para completar o enchimento da
cova. Finalmente, faz-se uma bacia em torno da muda e irriga-se com 10 a 20
L de água.
Deita-se palha ou capim seco sobre a cova, a fim de evitar o
aquecimento excessivo do solo junto a muda recém-plantada. A cobertura da
muda, alguns dias após o plantio com palhas ou outro material disponível na
região, também ajuda a evitar a insolação direta sobre o enxerto.
Tratos culturais
Ação mecânica
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O controle de plantas indesejáveis pode ser feito através de
equipamentos motomecanizados, manuais e a tração animal e do pastejo
direto de ruminantes no pomar.
O controle mecanizado de plantas indesejáveis deve estar associado ao
método de irrigação, seja ele de superfície (sulcos e bacias), aspersão subcopa
fixa ou móvel, ou localizada (gotejamento e microaspersão).
O uso de equipamentos que promovem a movimentação do solo, como
grades, cultivadores, enxadas rotativas, entre outros, no controle de plantas
invasoras, deve ser feito de preferência fora do período chuvoso, visando
proteger o solo dos processos erosivos, mantendo a menor profundidade
possível (suficiente para eliminar as plantas invasoras), a fim de que os órgãos
ativos do implemento, não agridam o sistema radicular da mangueira.
O ideal é manter o solo com uma diversidade de espécies vegetais que
favoreçam a estabilidade ecológica e minimizem o uso de herbicidas. Nos
pomares em produção deve-se manter na fileira da mangueira, uma faixa
controle de ervas espontâneas, por meio de “mulching”, roçadas ou capinadas.
Ação Química
O controle químico de plantas indesejáveis é permitido com algumas
restrições. Utilizar herbicidas preferencialmente no período chuvoso e mediante
receituário técnico, conforme a legislação vigente, e minimizar seu uso para
evitar resíduos. Não são recomendados herbicidas de princípio ativo pré-
emergente na linha de plantio. O herbicida deve ser utilizado somente na
entrelinha da cultura da mangueira.
No sistema de Produção Integrada de Frutas (PIF), o controle químico
de plantas indesejáveis na cultura da mangueira, é permitido com algumas
restrições, devendo ser empregado somente como complemento aos métodos
culturais e na faixa de projeção da copa das mangueiras, utilizando, no
máximo, duas aplicações anuais com produtos de pós-emergência.
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Tutoramento
Recomenda-se o uso de um tutor (pequeno poste de madeira), que
servirá para conduzir o caule da planta verticalmente, evitando a ação danosa
dos ventos na instalação da muda.
Fig. 1. Tutoramento em planta jovem da cultivar Tommy Atkins, com 18 meses
do plantio. Foto: Maria Aparecida do Carmo Mouco.
Poda de Formação
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A poda de formação proporciona à planta uma conformação compatível
com o método de exploração e, pela redução do porte da árvore, facilita os
tratos culturais, do solo, a proteção contra queimaduras do sol e a colheita dos
frutos, além de possibilitar o aumento da densidade de plantio.
Para acelerar a maturação dos ramos das mangueiras, é necessário
produzir uma estrutura bem ramificada. Isso é feito por meio da poda de
formação, despontando os brotos vegetativos no primeiro ou segundo entrenó.
A poda de formação consiste em cinco a seis operações para formar uma
planta com esqueleto equilibrado e robusto. A primeira poda é feita a uma
altura de 60 a 80 cm do solo. O local deve ser abaixo do nó, quando o tecido se
encontrar lignificado (maduro). Após a brotação, são selecionados três ramos,
que formarão a base da copa, sendo os demais eliminados. Os cortes deverão
ser tratados com uma pasta à base de benomil ou oxicloreto de cobre.
Fig. 2. Poda de formação na mangueira, 1ª poda. Desenho: Embrapa
semiárido.
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Fig. 3. Poda de formação na mangueira, 2ª poda. Desenho: Embrapa
semiárido.
Fig. 4. Poda de formação na mangueira, 3ª poda. Desenho: Embrapa
semiárido.
A partir da quarta poda, o corte deverá ser feito acima do nó, em tecido
lignificado, com tratamento dos ramos podados com fungicida, selecionando-se de três
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ramos voltados para a parte externa da copa. Essa fase é atingida pela planta entre
2,5 e 3 anos de idade.
Podas anuais ou de produção
As podas de produção referem-se às realizadas durante a fase produtiva
da planta. Nesta prática, estão incluídas as atividades de limpeza,
levantamento de copa, abertura central, equilíbrio, correção da arquitetura,
além da poda lateral e de topo.
Forma “piramidal” - Uma vez que a árvore tenha alcançado o espaço
disponível, é necessário realizar uma poda de manutenção, que permita
conservar o máximo da superfície produtiva. A poda, visando a forma piramidal,
é recomendada principalmente para espaçamentos menores e deve ser feita
logo após a colheita, seletivamente, cortando os brotos situados na parte alta
da árvore até o primeiro nó (abaixo) e eliminando-se todos os brotos verticais.
A variedade Kent se adapta muito bem a este tipo de poda.
Fig. 5. Mangueira podada na forma piramidal. Foto: Embrapa semiárido.
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Forma em “vaso aberto” - Consiste em abrir espaços no centro da copa,
eliminando os ramos que tenham um ângulo de inserção menor que 45º com o
tronco. Com isso, consegue-se uma melhor iluminação interna.
Fig. 6. Mangueira após a poda em vaso aberto. Foto: Embrapa semiárido.
Podas para manejo da floração
Eliminação da brotação vegetativa - Quando há ocorrência de brotação
vegetativa, próximo à época de aplicação do nitrato para quebrar a dormência
da gema, pode-se manter o estresse hídrico para aumentar o grau de
maturação do fluxo vegetativo inferior (folhas quebradiças) e, em seguida,
podar a vegetação nova e iniciar as pulverizações com nitrato (potássio ou
cálcio) para estimular a brotação das gemas axilares.
Eliminação da inflorescência - Quando se quer eliminar a inflorescência
de um ramo sem que haja imediata emissão de novos brotos florais, deve-se
cortá-la, pelo menos, aos 5 cm do nó terminal, quando os frutos estão no
estádio denominado de chumbinho (após a fertilização). Essa prática vai
estimular a emissão de brotos vegetativos vigorosos.
A eliminação da floração terminal em algumas cultivares provoca uma
segunda emissão de inflorescência axilar, que deve produzir um número menor
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de frutos abortados. Essa eliminação deve ser feita acima do nó terminal (na
base da inflorescência), no estádio em que a flor estiver aberta (ainda não
polinizada). Essa prática permite retardar a floração por um período curto, de
até 30 dias.
Fig. 7. Eliminação da inflorescência antes da polinização. Foto: Embrapa
semiárido.
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Fig. 8. Panícula polinizada, mostrando o local da poda para evitar floração.
Foto: Embrapa semiárido.
Desfolha
A desfolha na mangueira é praticada com a finalidade de melhorar a
capacidade produtiva da planta e a coloração dos frutos.
Quando há folhagem abundante, o sombreamento traz como
conseqüência a existência de um material vegetal que atua de forma
parasitária e reduz o acúmulo de reservas para a produção de frutos. A
remoção de 15 a 20% da vegetação velha, incluindo ramos, com a finalidade
de melhorar a disposição e o balanço da copa da árvore, produz uma melhora
significativa na eficiência produtiva. Essa desfolha é feita por meio da poda
praticada logo após a colheita.
Fig. 9. Aspecto da mangueira após a realização da desfolha. Foto: Maria
Aparecida do Carmo Mouco.
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Manejo do Solo e Adubação
Para o investimento tecnológico na cultura da mangueira deve-se
considerar, além dos aspéctos fitotécnicos, fitossanitários e de manejo de
água, o manejo do solo e adubação, pois, para a obtenção de altas
produtividades, torna-se necessário favorecer as condições físicas e biológicas
do solo bem como satisfazer as exigências nutricionais da planta.
Adubação
A adubação da mangueira deve ser baseada nos resultados das
análises de solo e de planta (foliar), bem como nos requerimentos nutricionais
da fase em que a cultura se encontra. A seguir, são apresentados os
procedimentos para amostragem e análise de solo e de planta, as fases do
manejo da adubação, os principais nutrientes requeridos pela mangueira e a
necessidade de calagem.
Amostragem e análise do solo
O resultado da análise química do solo é essencial na recomendação de
adubação. No entanto, é necessário que se faça uma amostragem de solo
criteriosa, de modo que represente as condições reais do campo.
A amostragem em pomares implantados também deve ser feita
aleatoriamente em pelo menos 20 pontos, na projeção da copa das árvores,
evitando a coleta em faixas de terra recém adubadas. Deve-se fazer a
amostragem após a colheita e antes de efetuar a adubação de base, no local
onde serão realizadas a calagem e a adubação.
Amostragem e análise de planta
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A análise mineral de planta é outra informação importante para se fazer
a recomendação de adubação, mas, para isso, é necessária uma amostragem
adequada. Escolher para a coleta apenas as folhas inteiras e sadias. As folhas
devem ser coletadas na parte mediana da copa, nos quatro pontos cardeais,
em ramos normais e recém-maduros. Coletar as folhas na parte mediana do
penúltimo fluxo do ramo ou do fluxo terminal, com, pelo menos, quatro meses
de idade. Retirar quatro folhas por planta, em 20 plantas selecionadas ao
acaso, e colocá-las em saco de papel.
Realizar a coleta antes da aplicação de nitratos ou outro fertilizante foliar
para a quebra de dormência das gemas florais. Não amostrar plantas que
tenham sido adubadas ou pulverizadas ou após períodos intensos de chuvas.
Após a coleta, deve-se acondicionar as amostras em sacos de papel,
identificando-as e enviando-as, imediatamente, para um laboratório. Se isto
não for possível, armazená-las em ambiente refrigerado. Realizar amostragem
de folhas anualmente, pois os teores foliares de N condicionam as doses de
fertilizantes nitrogenados a serem aplicadas.
Recomendação de adubação
O manejo de adubação da mangueira envolve três fases:
1) Adubação de plantio;
2) Adubação de formação; e
3) Adubação de produção.
Adubação de Plantio
Depende, essencialmente, da análise do solo. Os fertilizantes minerais e
orgânicos são colocados na cova e misturados com a terra da própria cova,
antes de se fazer o transplantio das mudas.
Adubação de Formação
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As adubações minerais devem ser iniciadas a partir de 50 a 60 dias após
o plantio, distribuindo-se os fertilizantes na área correspondente à projeção da
copa, mantendo-se uma distância mínima de 20 cm do tronco da planta.
Adubação de Produção
A partir de três anos ou quando as plantas entrarem em produção, os
fertilizantes deverão ser aplicados em sulcos, abertos ao lado da planta. A cada
ano, o lado adubado deve ser alternado. A localização destes sulcos deve ser
limitada pela projeção da copa e pelo bulbo molhado, por ser esta a região com
maior concentração de raízes. Após a colheita, aplica-se 50% do nitrogênio,
100% de fósforo e 25% do potássio. Antes da indução, aplica-se 20% do
potássio. Na floração, aplica-se 15% do potássio. Após pegamento dos frutos,
aplica-se 30% do nitrogênio e 15% do potássio. Cinquenta dias após o
pegamento dos frutos, aplica-se 20% do nitrogênio e 15% do potássio.
Nutrientes
Os nutrientes mais importantes para a cultura da mangueira são
nitrogênio, fósforo, cálcio, potássio, magnésio, boro e zinco. Os requerimentos
destes e dos demais nutrientes, bem como a importância de cada um na
produção e/ou qualidade dos frutos são descritos a seguir.
Nitrogênio
O nitrogênio (N) é um dos nutrientes mais importantes para a mangueira
e exerce um importante papel na produção e na qualidade dos frutos. Seus
efeitos se manifestam principalmente na fase vegetativa da planta e
considerando a relação existente entre surtos vegetativos/emissão de gemas
florais/frutificação, sua deficiência poderá afetar negativamente a produção.
Mangueiras adequadamente nutridas com nitrogênio poderão emitir
regularmente brotações que, ao atingirem a maturidade, resultarão em
panículas responsáveis pela frutificação. Nitrogênio em excesso pode
aumentar a susceptibilidade a desordens fisiológicas, tais como colapso
interno, a doenças pós-colheita, e, se for aplicado no momento errado, pode
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prejudicar o florescimento. Altos teores de nitrogênio podem, ainda, deixar os
frutos verdes, ou manchados de verde, o que diminui o seu valor de mercado.
Fósforo
O fósforo (P) é necessário na divisão e crescimento celular da planta. É
especialmente importante no desenvolvimento radicular, comprimento da
inflorescência, duração da floração, tamanho da folha e maturação do fruto.
Influencia positivamente na coloração da casca, uma característica de grande
importância para o mercado consumidor.
Cálcio
O cálcio (Ca), juntamente com o nitrogênio (N), é um nutriente exigido
em grandes quantidades pela mangueira. O cálcio participa do
desenvolvimento celular da planta e dos frutos. Ele influencia na firmeza e na
vida pós-colheita dos frutos. Baixos níveis de cálcio estão associados com o
colapso interno. Os períodos críticos para a absorção de cálcio são durante o
fluxo pós-colheita e o desenvolvimento inicial dos frutos. O cálcio é melhor
absorvido pelo sistema radicular. Aplicações foliares de cálcio não têm sido
eficientes uma vez que ele é praticamente imóvel na planta.
Potássio
O potássio (K) exerce um importante papel na fotossíntese e produção
de amido, na atividade das enzimas e na resistência da planta a doenças. Ele
está estreitamente relacionado com a qualidade dos frutos, em particular cor da
casca, aroma, tamanho e teor de sólidos solúveis. Influencia ainda a regulação
de água na célula, controlando as perdas de água das folhas através da
transpiração. É o nutriente mais importante em termos de produção e qualidade
de frutos. No entanto, o excesso desse nutriente pode causar desbalanço nos
níveis de cálcio e magnésio, causando, ainda, queima nas margens e ápice
das folhas velhas.
Magnésio
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Embora o magnésio (Mg) não seja exigido em grandes quantidades, sua
deficiência poderá provocar redução no desenvolvimento, desfolha prematura
e, em decorrência, diminuição da produção. Adubações com altas doses de
cálcio e de potássio diminuem a absorção de magnésio, motivo pelo qual deve
ser verificada, antecipadamente, a relação potássio/cálcio/magnésio.
Boro
O boro (B) é importante para a polinização e desenvolvimento de frutos
e essencial para a absorção e uso do cálcio. A deficiência de boro resulta em
pobre florescimento e polinização, além de frutos de tamanho reduzido. Os
sintomas de deficiência são mais visíveis durante o florescimento, produzindo
inflorescências deformadas, brotações de tamanho reduzido, com folhas
pequenas e coriáceas. Poderá ocorrer ainda redução significativa em termos
de produção, uma vez que a gema terminal poderá morrer ou, então, baixa
germinação do grão de pólen e o não desenvolvimento do tubo polínico. A
morte de gemas terminais resulta na perda da dominação apical, induzindo
assim a emissão de grande número de brotos vegetativos, originados das
gemas axilares dos ramos principais. Deve-se tomar extremo cuidado com as
quantidades de boro aplicadas, uma vez que o limite entre deficiência e
toxicidade é muito próximo. A toxidez de boro causa queima das margens e
queda das folhas.
Zinco
Plantas deficientes em zinco apresentam encurtamento dos entrenós,
além do aumento da espessura do limbo foliar, que se torna quebradiço. Os
distúrbios denominados malformação floral ou “embonecamento” e
malformação vegetativa ou “vassoura de bruxa” podem, em parte, serem
confundidos com a deficiência de zinco, uma vez que as plantas emitem
panículas pequenas, de forma irregular, múltiplas e deformadas.
Calagem
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A calagem tem a finalidade de corrigir a acidez do solo, elevando o pH e
neutralizando os efeitos tóxicos do alumínio e manganês, concorrendo assim,
para que haja um melhor aproveitamento dos nutrientes pelas culturas. Além
da correção da acidez, a calagem eleva os teores de cálcio e magnésio do
solo, porque o calcário, que é o corretivo normalmente usado, contém teores
altos desses nutrientes.
A mangueira é uma cultura das mais exigentes em cálcio, pois possui
quase sempre o dobro desse nutriente nas folhas em relação ao nitrogênio,
que predomina nas folhas da maioria das espécies cultivadas. Também são
freqüentes, no campo, os sintomas de deficiência de magnésio, considerado o
quarto nutriente mais importante para a mangueira. Em solos ácidos, os
problemas de deficiência de Mg são facilmente corrigidos mediante a aplicação
de calcário dolomítico, que é uma fonte eficiente e a mais econômica do
nutriente. Entretanto, em solos alcalinos, a deficiência de Mg só é corrigida pela
aplicação de sais solúveis de Mg, como sulfato, cloreto ou nitrato, os quais
normalmente têm custo elevado, principalmente quando comparados com o
calcário dolomítico. Em pomares corrigidos com calcário ou naqueles em que o
pH elevado não permite a utilização de calcário, a concentração de cálcio nas
folhas pode ficar abaixo do nível crítico, predispondo as plantas a distúrbios
fisiológicos, como o colapso interno (soft nose). Uma fonte alternativa de cálcio
é o gesso ou o fosfogesso. Nestas situações, o gesso é um material que vem
sendo usado para aumentar os teores de cálcio, sem alterar o pH do solo.
Existem também, os produtos quelatizados com ácidos orgânicos
(polihidroxicarboxílicos) como fonte de cálcio.
A calagem deverá promover a elevação da saturação por bases (V) a
80% e/ou o teor de Ca2+ a 2 cmolc dm-3 e o de Mg2+ a 0,8 cmolc dm-3. A
quantidade dos corretivos deve ser determinada pelo técnico especialista, com
base nos resultados da análise de solo.
Manejo de Solo
23
Em áreas onde a cultura já esteja implantada (condução do pomar) e
para as condições de clima tropical do Nordeste do Brasil, sistemas de manejo
adequados à conservação do solo e produtividade devem ser basicamente
fundamentados na cobertura do solo por culturas ou seus resíduos, objetivando
protegê-lo das chuvas de alta intensidade e mal distribuídas, típicas da região
semi-árida; aumentar a infiltração e retenção de água; aumentar o teor de
matéria orgânica, com conseqüente mineralização de nutrientes; e diminuir as
oscilações de temperaturas e evaporação no solo, elevando a disponibilidade
de água para as plantas.
Espécies vegetais consorciadas entre as plantas é uma prática utilizada
na fruticultura da região. Essa mistura é conhecida como coquetel vegetal
(leguminosas, gramíneas e oleaginosas), cujo resíduo é deixado como
cobertura morta do solo.
É comum na região, na condução dos pomares de manga, roçar o mato
(das ruas entre as fileiras), deixando-o sobre o solo. Em pomares isentos de
problemas fitossanitários, é prática também, depois da poda pós-colheita,
deixar os restos dos galhos podados entre as linhas. Depois de secos, estes
restos serão roçados. Esse manejo, além dos benefícios já mencionados,
protege o solo dos riscos de salinização, pois evita a ascensão dos sais no
perfil do solo. Restos de outras culturas, desde que também isentos de
problemas fitossanitários, têm apresentado bons resultados tanto na cobertura
do solo como na produção de matéria orgânica, como é o exemplo de colmos
de bananeira. O abaciamento ao redor da planta cultivada também deve ser
mantido com cobertura de resíduos vegetais.
24
Fig. 10. Cobertura do solo com galhos verdes da própria planta. Foto: Maria
Aparecida do Carmo Mouco.
Irrigação
A água é um fator que afeta o metabolismo da mangueira. O manejo
adequado da água está intimamente relacionado com outros fatores como
nutrição, aplicação de fito-reguladores, tratos fitossanitários e principalmente
estresse hídrico e indução floral. Nenhum dos fatores mencionados é capaz de
assegurar alta produtividade, se não for realizado no tempo e na quantidade
adequada.
Ao se adotar a irrigação, surgem as indagações relativas aos métodos
mais adequados e as formas mais apropriadas de manejo da água para
atender às necessidades hídricas da cultura para seu desenvolvimento e
produção. A escolha do método de irrigação é uma questão ligada às
condições topográficas, disponibilidade do recurso hídrico, qualidade da água,
eficiência de irrigação, economicidade do sistema utilizado, entre outros.
Quadro 1: Área cultivada, produção e produtividade dos três estados
brasileiros maiores produtores de manga no ano de 2002.
Estado Área Cultivada (ha) Produção (t) Produtividade (t.ha-1)
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São Paulo 20.354 208.947 10,3
Bahia 16.240 252.952 15,6
Pernambuco 6.632 136.488 20,6
Fonte: Ministério da Integração Nacional (2002).
No Quadro 1, pode-se perceber a importância do uso da irrigação no
incremento da produtividade na cultura da mangueira. No estado de São Paulo,
onde a manga é cultivada pela maioria dos produtores, em condições de
sequeiro, tem-se uma produtividade média de 10,3 t.ha-1. Já no estado de
Pernambuco, onde a mangueira é cultivada sob condições é cultivada sob
condições irrigadas obtém-se uma produtividade média de 20,6 t.ha-1, ou seja,
o uso da irrigação possibilito a expansão da cultura para novas áreas, além de
otimizar a tecnologia de produção, o que permitiu duplicar a produtividade da
mangueira quando comparada com os cultivos de sequeiro.
Entretanto, para que as técnicas de irrigação sejam bem sucedidas, é de
suma importância o seu manejo adequado, visando maior competitividade
econômica e sustentabilidade ambiental, exigidas por um mercado globalizado
e consciente da necessidade de preservação do meio ambiente.
Vários métodos podem ser escolhidos com base na viabilidade técnico-
econômica e benefícios sociais advindos de seu uso.
As diversidades edafoclimáticas, econômicas e sociais das regiões
brasileiras possibilitam o uso dos diferentes sistemas de irrigação, que podem
ser agrupados em três grandes métodos, conforme apresentado a seguir.
a) Irrigação por superfície: a água é aplicada no perfil do solo, utilizando
sua própria superfície para conduçãoa condução e infiltração, podendo
ser:
1) Por Sulco, que consiste na condução da água em pequenos canais
ou sulcos, paralelos às fileiras de plantio, durante o tempo
necessário para umedecer o perfil do solo ocupado pelas raízes;
2) Por Faixa, onde a aplicação da água no solo ocorre em faixas de
terreno compreendidas entre diques paralelos;
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3) Por Inundação, no qual a água é aplicada em bacias ou tabuleiros,
que são áreas limitadas por diques ou taipas. A inundação pode ser
permanente ou temporária;
4) Por Microbacias, que se caracteriza pela aplicação da água por meio
de mangueiras flexíveis em pequenas microbacias em torno da
planta;
5) Subterrânea ou Subirrigação, que significa a manutenção e controle
do lençol freático a uma profundidade pré-estabelecida.
b) Irrigação por aspersão: a água é aplicada ao solo sob a forma de chuva
artificial, por fracionamento de um jato de água, em grande número de
gotas que se dispersam no ar e caem sobre a superfície do terreno ou do
dossel vegetativo. Destacam-se, nesse grupo, os sistemas, Convencional,
Ramal Rolante, Montagem Direta, Autopropelido, Pivô Central e Linear.
c) Irrigação localizada: a água é aplicada na superfície ou subsuperfície do
solo, próximo à planta, em pequenas intensidades e com alta freqüência.
Um sistema completo de irrigação localizada consta de conjunto
motobomba, cabeçal de controle, sistemas de automação, linhas de
tubulação (sucção, recalque, principal, secundária, derivação e lateral),
vávulas e gotejadores ou microaspersores, que irão constituir,
respectivamente, os sistemas de irrigação por gotejamento e
microaspersão.
Segundo Coelho et al. (2000), a microaspersão (Figura 3) tem sido o
sistema de irrigação localizada mais empregado na cultura da mangueira por
promover uma área molhada superior à gerada pelo sistema de irrigação por
gotejamento.
27
Fig. 11: Sistema de irrigação por microaspersão na cultura da mangueira,
utilizando-se dois microaspersores por planta.
A escolha de um dos métodos citados deve ser baseada na viabilidade
técnica e econômica do projeto, bem como dos benefícios sociais advindos. O
processo é complexo e exige conhecimentos relativos ao solo, à topografia, à
planta, à água, ao clima, ao manejo, à energia, aos custos, entre outros.
Pragas e doenças
Há doenças que podem comprometer a produção de frutos. As mais
danosas, em nossas condições, estão a seguir:
Antracnose
As folhas apresentam manchas escuras dde tamanho e contorno
irregulares, e nessas áreas os tecidos morrem. As inflorescências também
ficam escuras, tornam-se quebradiças e acabam por cair. Nos frutos surgem
lesões irregulares, deprimidas e escuras, chegando a atingir até a parte interna.
O fungo causador da doença (Colletotrichum gloesporioides) permanece nos
galhos secos de um ano para outro. A poda deles é, por isso, importante
medida de controle. Controla-se também com uso de fungicidas: benomyl (30
g/100 litros de água), mancozeb (250 g/100 litros de água) ou chlorotalonil (250
g/100 litros de água). Deve-se manter um intervalo mínimo de quinze dias entre
a última aplicação de benomyl e a colheita, e de sete dias no caso de aplicação
28
dos outros dois fungicidas. As cultivares Tommy atkins e Keitt são
consideradas medianamente resistentes.
Seca-da-mangueira
É causada pelo fungo Ceratocystis fimbriata. As folhas da ponta dos
ramos atacados amarelecem, murcham e secam. Posteriormente, os ramos
também secam e a planta chega a morrer. É importante inspecionar
periodicamente o pomar, cortando (a 40 cm do ponto de infecção) e queimando
os ramos atacados. Pincela-se com pasta a base de cobre a face cortada.
Além disso, pulverizam-se as plantas atacadas e vizinhas, com calda contendo
1% a 2% de oxicloreto d ecobre (50%) mais 0,25% a 0,40% de carbbaryl.
Marcam-se as plantas tratadas para facilitar nos inspeções. As cultivares
Tommy Atkis, Keitt e Kent são consiideradas medianamente resistentes.
Oídio
O fungo Oidium magiferae causa sérios prejuízos às folhas, flores e
frutos. Apresenta-se sob a forma de um pó branco-acinzentado, que se
deposita sobre a superfície dos órgãos atacados. Estes perdem suas funções e
caem. Para seu controle, fazem-se pulverizações com produutos à base de
enxofre. A primeira aplicação se alguns dias antes do florescimento; a
segunda, após a queda das flores, e a última, depois da formação dos frutos.
Botrioploidia
O pedúnculo e a parte basal do fruto assumem a coloração escura e
consistência mole. Os frutos, chegados do campo, são imersos em água
quente (55 oC), em mistura com benomyl (por dois minutos) ou com fungicidas
cúpricos (por cinco minutos).
Colapso interno do fruto
Ocorre o amolecimento da polpa, às vezes, com separação da casca.
Como medida de controle, colhe-se o fruto “de vez”. Efetuar calagem, e se
necessário, aplicar cálcio complementar.
29
Malformação
As inflorescências formam uma massa compacta de flores estéreis. Nas
gemas vegetativas há a formação de brotos curtos e folhas rudimentares.
Como medida de controle, eliminam-se os ramos e panículas infectadas.
Fazem-se pulverizações com produtos à base de enxofre.
Diversas espécies de insetos causam danos à mangueira. As principais
são as descritas abaixo, onde também se indicam os métodos de controle:
Mosca-das-frutas
As espécies que mais prejudicam a mangueira são a anestrepha
obliqua, A. Fraterculum e Ceratitis capitaata, esta conhecida como mosca-do-
mediterrâneo.
As principais medidas de controle consistem em evitar plantios próximos
às fruteiras muito atacadas pelas moscas, coletar os frutos atacados e enterrá-
los em covas fundas. O controle direto do insteo se efetua com o uso de iscas
tóxicas, à base de trichlorfon (80%, 200 g) ou malathion (200 ml) e 1 litro de
proteína hidrolisada. Esses produtos são misturados com melaço ou açúcar
mascavo (5 kg/100 litros de água). Após o preparo uniforme da mistura,
borrifam-se as plantas em aproximadamente 1 m2 de copa. O tratamento é
repetido quinzenalmente e suspenso trinta dias antes do início da colheita.
No caso de exportação, os frutos são mergulhados em um tanque com
água quente (46 oC), circulante, durante 75 minutos (frutos com até 425 g) ou
90 minutos (frutos com 426 a 650 g). Em volta da área de empacotamento
deve-se usar um telado (plástico ou metálico), para evitar uma possível
infestação pelas moscas-das-frutas, após o tratamento/resfriamento. Faz-se,
também, obrigatoriamente, o monitoramento do pomar.
Cochonilhas
A principal espécie é a Aucalopsis tubercularis, encontrada nas regiões
semi-áridas e nos cerrados ( baixa umidade relativa do ar). Essa praga suga a
seiva de todas as partes verdes da planta, causando queda de folhas,
30
secamento de ramos e aparecimento de fumagina, em geral, provocando
maiores danos em pomares com um a três anos de idade.
O controle dessa praga é feito mediante a pulverização de óleo mineral
misturado a um inseticida fosforado, evitando-se a aplicação nas horas mais
quentes do dia e no período de floração.
Broca-da-magueira
Esse besouro (Hypocryphalus mangiferae) está associado à seca-da-
mangueira, como transmissor do Ceratocystis fimbriata, iniciando o ataque
pelos ramos mais finos no topo da copa, onde aparecem os ramos secos.
Efetuam-se inspeções periódicas no pomar e eliminam-se a planta nova ou os
ramos atacados de plantas adultas. Após a poda dos ramos afetados, faz-se a
pulverização ou o pincelamento com carbaril, misturado a um fungicida à base
de cobre.
Besouro-amarelo
Os adultos são de cor amarelo-clara brilhante, com a parte ventral
alaranjada. Ataca outras plantas (abacateiro, bananeira, cajueiro, goiabeira,
etc.), alimentando-se de brotos e folhas novas, causando perfurações típicas
(redondilhas). O controle se faz com fenitrothion, dilametrina ou permetrina.
Ácaros
O principal deles é o Eriopyes mangiferae, de coloração branca e
aspecto de verme. Ataca as gemas terminais e inflorescências, causando
atrofia e morte de brotos terminais de mudas e de plantas adultas. Sua
presença, associada à malformação da inflorescência, exige controle rigoroso
em viveiros e pomares em formação com acaricidas específicos. Nas plantas
adultas, recomenda-se fazer a poda dos ramos e inflorescências atacados.
Colheita
31
Cuidados antes da colheita
Mesmo durante o crescimento e o desenvolvimento dos frutos, alguns
cuidados devem ser observados a fim de que sejam proporcionadas as
condições adequadas à formação da manga e à completa exposição das
características que definem sua qualidade. Determinados tratos culturais e
procedimentos realizados ainda no campo podem favorecer essas
características, principalmente aquelas relacionadas à sanidade e aparência
dos frutos.
Entre os tratos culturais que influenciam diretamente a qualidade, podem
ser citados a limpeza da panícula e o raleio de frutos. Estes cuidados devem
ser observados principalmente nas variedades Tommy Atkins e Keitt que
receberam aplicações de paclobutrazol. O procedimento consiste na retirada
de restos florais, de folhas em excesso e dos frutos com problemas
fitossanitários, mecânicos e fisiológicos. A retirada dos restos florais deve ser
feita assim que estejam secos e possam ser derrubados através da sacudida
das panículas. Posteriormente, após a segunda queda fisiológica dos frutos,
quando estão no estádio “ovo” (diâmetro de aproximadamente 4 cm), realiza-se
a limpeza de frutos mumificados, que sofreram abscisão ou em excesso. Para
a realização desta prática, deve-se utilizar tesoura de raleio ou de poda.
Em função das condições climáticas da Região Semi-Árida brasileira, a
exposição excessiva ao sol pode resultar em problemas de queima da casca
dos frutos, desvalorizando-o comercialmente. Por outro lado, o
desenvolvimento da coloração avermelhada, mais atrativa e exigida pela
maioria dos mercados, depende da incidência dos raios solares sobre a
superfície do fruto. Na região, é comum a realização de desfolha,
aproximadamente aos 30 dias antes da colheita, com a finalidade de expor os
frutos à maior penetração dos raios solares, desenvolvendo,
consequentemente, uma coloração avermelhada mais intensa. Contudo, a
prática deve ser bem orientada, observando-se os riscos de queima,
principalmente daqueles frutos localizados na região da planta exposta ao sol a
partir do meio-dia. Para prevenir o problema, algumas providências podem ser
32
tomadas. Muitos produtores realizam o pincelamento dos frutos com hidróxido
de cálcio (cal) a 5 % (1 kg/20 L) ou produtos semelhantes. Outra prática
possível é o ensacamento dos frutos. Existem, ainda, alguns produtos
comerciais, conhecidos como filtros ou protetores solares, que podem ser
aplicados com esta finalidade. A aplicação destes produtos é feita através de
pulverização da parte aérea da planta (frutos e folhas).
Fig. 12. Aspecto da copa de mangueiras após a desfolha. Foto: Maria
Auxiliadora Coêlho de Lima.
Outros aspectos também influenciam diretamente a qualidade da
manga, como o estado nutricional da planta, os tratamentos fitossanitários
realizados, o manejo da irrigação e os sistemas de poda adotados. Estes
fatores influenciam a suscetibilidade a danos e a distúrbios de diferentes
naturezas.
33
Portanto, todas as práticas adotadas e introduzidas durante o ciclo
produtivo devem levar em consideração sua influência sobre a qualidade dos
frutos, observando-se criteriosamente as características exigidas pelo mercado.
Colheita
As mangueiras enxertadas e conduzidas de acordo com os requisitos
técnicos exigidos pela cultura produzem de 2 a 5 anos após o plantio. As
mangueiras de pé-franco custam muito a produzir. Frutificam 10 ou mais anos
após o plantio. A produção aumenta aos poucos, atingindo, nos enxertos, uma
produção considerada normal aos 12 anos de idade. Em regra, a produção
continua a aumentar até os 20 anos, aproximadamente.
No Brasil, o florescimento começa no mês de maio, e a colheita pode ser
feita de cinco a seis meses depois, podendo variar entre as cultivares de uma
região para outra. Nas regiões secas e quentes, a colheita pode ser feita mais
cedo que nas úmidas e frias.
A produção é influenciada pela idade da mangueira, o clima, o solo, os
tratos culturais que lhe dispensam. Varia bastante de um ano para outro. Aos 6
anos de idade as mangueiras produzem, em média aproximada, umas 40 a 70
frutas, nos anos normais. Aos 10 anos, também nos anos normais, a produção
pode ser de umas 3.500 frutas, em média. Naturalmente tais produções são
possíveis em mangueiras enxertadas, em zonas ecologicamente muito
favoráveis e muito bem tratadas.
Colhem-se as mangas antes de completamente maduras, pois então
caem naturalmente. Colhem-se cuidadosamente, torcendo-se os frutos até que
o pedúnculo se rompa ou cortando o pedúnculo com uma tesoura de poda. No
caso de plantas altas, usa-se uma vara com uma sacola presa em sua
extremidade, sempre evitando-se choques, colhidas quando começam a mudar
de cor, acondicionando os frutos cuidadosamente em caixas,que devem ser
mantidas à sombra.
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Embalagem e comercialização
Na comercialização de manga, a caixa comumente utilizada é a do tipo
querosene com as dimensões externas de 52 cm de comprimento, 25 cm de
largura e 36 cm de altura. A tampa é de ripas, o peso bruto é de 27 a 28 kg, o
peso líquido, de 22 a 23 kg. Comporta, em média, 40 frutos grande e 120
pequenos.
O padrão ideal de caixa é o que diminui o número de camadas. De modo
geral, frutos grandes devem ser acondicionados em uma única camada, os
médios em duas, e os pequenos, em três camadas.
A caixa de papelão é a embalagem ideal para manga, apresentando
uma série de vantagens sobre os outros tipos. Seu uso, no entanto, ainda é
limitado, por onerar o produto, restringindo-se a alguns produtores de Minas
Gerais, São Paulo, Pernambuco e Bahia. As caixas usadas em Minas Gerais
têm as seguintes dimensões externas: 42 x 32 x 12 cm; 42 x 21 x 10 cm e 33 x
21 x 10 cm. Esses três tipos comportam, respectivamente, quinze, oito e seis
mangas. São perfurados na tampa e lateralmente para permitir a ventilação e a
eliminação de gás carbônico e etileno, resultantes da respiração dos frutos.
Na comercialização da manga a qualidade é fundamental. Assim é que
os frutos oriundos de pomares bem conduzidos, colhidos cuidadosamente,
beneficiados e acondicionados em embalagens apropriadas têm a preferência
do consumidor e alcançam maior cotação no mercado.
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Referências Bibliográficas
Gomes, Raimundo Pimentel. Futicultura Brasileira, 13a edição. Ed. Nobel. São
Paulo, 2007.
Da Cunha, et. al. Plantar manga. Ed. EMPBRAPA, Brasília, DF, 1997.
http://www.nutricaodeplantas.agr.br/ - acesso em 24 de maio de 2010.