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UNIVERSIDADE DE UBERABA INSTITUTO ELO
DÉBORA TIEKO PARLATO SAKIYAMA
CONVERSÃO DE BOVINOCULTURA LEITEIRA CONVENCIONAL EM BIODINÂMICA NO SÍTIO PAIOL FUNDO - CUNHA - SP
BOTUCATU - SP 2011
DÉBORA TIEKO PARLATO SAKIYAMA
CONVERSÃO DE BOVINOCULTURA LEITEIRA CONVENCIONAL EM BIODINÂMICA NO SÍTIO PAIOL FUNDO - CUNHA - SP
Trabalho de conclusão apresentado à Universidade de Uberaba, como requisito para obtenção do título de Especialista em Agricultura Biológico Dinâmica.
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Mendoza-Rodriguez
BOTUCATU - SP 2011
DÉBORA TIEKO PARLATO SAKIYAMA
CONVERSÃO DE BOVINOCULTURA LEITEIRA CONVENCIONAL EM BIODINÂMICA NO SÍTIO PAIOL FUNDO - CUNHA - SP
Trabalho de conclusão apresentado à Universidade de Uberaba, como requisito para obtenção do título de Especialista em Agricultura Biológico Dinâmica.
Área de concentração: Ciências Agrárias
Aprovado em / / 2011
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________
Prof. Dr. Eduardo Mendoza-Rodriguez
- Orientador -
__________________________________________________
Prof. M. H. Reginerio Soares de Faria
- Membro -
__________________________________________________ Prof.
- Membro-
“Devemos saber, por exemplo, que as
influências cósmicas que se expressam
em uma planta vem do interior da terra e
são levadas para a superfície. Assim, se
uma planta especialmente rica nestas
influências cósmicas é consumida pelo
animal, o esterco que este animal
proporciona será o remédio certo para o
solo onde essa planta cresce.”
Rudolf Steiner
RESUMO
O Sítio Paiol Fundo é uma propriedade rural familiar cuja principal atividade é a
bovinocultura leiteira extensiva convencional. Atualmente a média da produção é de
40 litros de leite por dia e o leite in natura é vendido à cooperativa do município. O
presente projeto teve como objetivo converter a produção de leite convencional em
produção de queijo mussarela biodinâmico. Primeiramente foi realizado o
diagnóstico participativo com o intuito de compreender as expectativas do produtor e
observar o manejo da propriedade. Outra ferramenta utilizada foi o diagnóstico
técnico e fenomenológico, pelo qual foi possível analisar a dinâmica das forças
cósmicas e terrestres atuantes e sua relação com a qualidade do solo e das plantas
consumidas pelos animais. A partir dessas informações foram estabelecidas as
mudanças necessárias para a formação do organismo agrícola, de acordo com as
normas de certificação Demeter, como: adubação e aumento da biodiversidade de
espécies vegetais nas áreas de pasto e capineira para melhoria da fertilidade do
solo e da alimentação dos animais, uso de preparados biodinâmicos para
intensificação da vitalidade e processos biológicos, uso do esterco para preparação
do composto, uso de homeopatia e fitoterapia para prevenção e tratamento de
doenças nos animais e fim da prática de descorna dos animais. Estimou-se que com
a adoção das práticas de agricultura biodinâmica há possibilidade de aumentar
gradualmente o volume de leite produzido no decorrer dos anos. Além disso,
analisou-se que a fabricação e a comercialização direta de queijo mussarela
biodinâmico são atividades econômicas potencialmente viáveis, com previsão de
cinco anos para o retorno dos investimentos. Preservando a saúde do solo, das
plantas e dos animais, os moradores desfrutarão de alimentos mais saborosos,
nutritivos e saudáveis, com a possibilidade de melhoria da renda familiar.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 7
2 OBJETIVO 8
3 DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO 9
3.1 Visão do passado 9
3.2 Visão do presente 9
3.3 Visão do futuro 10
3.4 FOFA 10
4 DIAGNÓSTICO TÉCNICO E FENOMENOLÓGICO 11
4.1 Localização e características geográficas 11
4.2 Condições climáticas 11
4.3 Avaliação da área relacionada à bovinocultura leiteira 11
4.3.1 Impressão geral da área 12
4.3.2 Análise da trincheira 13
4.3.3 Análise química do solo 14
4.4 Diagnóstico fenomenológico 14
4.5 Conclusões sobre a avaliação dinâmica do solo e paisagem 15
5 MANEJO ANIMAL 16
5.1 Alimentação 16
5.2 Manejo de ordenha 16
5.3 Principais afecções que acometem o rebanho 17
5.4 Terapias utilizadas 17
5.6 Esterco 18
6. FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICA, ECONÔMICA E FILOSÓFICA DO
PROJETO 19
6.1 Aspectos técnicos 19
6.2 Aspectos econômicos 19
6.3 Aspectos filosóficos 19
7 PLANEJAMENTO DE IMPLANTAÇÃO 20
7.1 Área de pasto 20
7.2 Área de capineira 21
7.3 Sementes 21
7.4 Elaboração e uso dos preparados biodinâmicos 21
7.4.1 Preparado biodinâmico chifre-esterco (500) 22
7.4.2 Preparado biodinâmico chifre-sílica (501) 22
7.4.3 Preparados biodinâmicos de composto 22
7.5 Manejo animal 23
7.5.1 Alimentação 23
7.5.2 Manejo de ordenha 23
7.5.3 Medicamentos homeopáticos e fitoterápicos 25
8 PLANEJAMENTO ASTRONÔMICO AGRÍCOLA 26
9 FORMAÇÃO DO ORGANISMO AGRÍCOLA 27
10 MÃO-DE-OBRA, INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS 28
11 ANÁLISE DO RETORNO SÓCIO AMBIENTAL 29
12 ANÁLISE DO RETORNO ECONÔMICO 30
12.1 Gastos diretos e despesas 30
12.2 Investimentos 31
12.3 Receita 32
12.4 Retorno econômico 32
13 VIABILIDADE DE CERTIFICAÇÃO DEMETER 33
14 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO 35
15 CONSIDERAÇÕES FINAIS 36
REFERÊNCIAS 37
7
1 INTRODUÇÃO.
O município de Cunha - SP é uma Estância Climática situada na região do
Vale do Paraíba, visitada por turistas, principalmente de São Paulo e Rio de Janeiro,
que apreciam a paisagem serrana, os famosos ceramistas e as pousadas e
restaurantes com comidas regionais. Para atrair o turismo a prefeitura da cidade tem
promovido, cada vez mais, festivais que divulgam e valorizam a cultura regional e os
produtos oriundos dos produtores familiares da zona rural.
Tradicionalmente a cidade com aproximadamente 25.000 habitantes, dos
quais 50% habitam a extensa área rural, tem como principais atividades econômicas
o turismo, a pecuária extensiva de leite e de corte e o cultivo de milho, feijão e
batata.
Há aproximadamente quatro anos iniciou-se um conjunto de ações de
organizações não governamentais locais e da prefeitura em prol do desenvolvimento
da agricultura agroecológica e orgânica na região, sendo que atualmente já existem
agricultores familiares produzindo hortaliças orgânicas para venda na feira de
produtos locais, que acontece semanalmente há sete meses.
O presente projeto será realizado no Sítio Paiol Fundo, propriedade rural
familiar cuja principal fonte de renda é a bovinocultura leiteira convencional, através
da venda do leite in natura à cooperativa do município, como faz a maioria dos
produtores de leite da região.
A implementação do projeto possibilitará a formação de um organismo
agrícola biodinâmico e a fabricação de queijo de leite de vaca biodinâmico, um
produto diferenciado e com maior valor agregado.
A importância do desenvolvimento deste trabalho é a melhoria da qualidade
de vida do homem do campo, o enriquecimento da cultura e do turismo rural da
região, com a oferta de um produto ecológico da agricultura familiar local a uma
demanda já existente.
8
2 OBJETIVO.
Realizar o processo de conversão do Sítio Paiol Fundo, Cunha - SP,
propriedade de bovinocultura leiteira convencional, em uma propriedade biodinâmica
produtora de derivados lácteos.
9
3 DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO.
O Sítio Paiol Fundo pertence ao Sr. Mirite e a Sra. Ditinha. A família é
constituída por 5 pessoas (2 mulheres e 3 homens), sendo que o neto mais velho,
Davi, é o principal responsável pelo manejo das vacas de leite. Durante as duas
visitas à propriedade, Davi, sua irmã Maira e sua avó Dona Ditinha participaram do
diagnóstico participativo (histórico e evolução do sítio ao longo do tempo e
desenvolvimento do FOFA) e também auxiliaram no diagnóstico técnico (relatos
sobre o manejo vegetal e animal, desenho do mapa da propriedade e do mapa de
enfermidades das vacas leiteiras, análise de trincheira e coleta de solo para análise
química).
Os dados obtidos, descritos ao longo do trabalho, foram extremamente
importantes para fundamentar e nortear o projeto a ser implantado na propriedade.
3.1 Visão do passado
Há aproximadamente 30 anos a produção animal e vegetal da propriedade
era basicamente destinada à subsistência da família. A renda familiar era obtida com
a venda de milho, feijão, fumo e porcos.
3.2 Visão do presente
Há aproximadamente 10 anos a principal atividade da propriedade é a
produção e comercialização de leite de vaca in natura para a cooperativa do
município. Há 6 anos a propriedade dispõe de energia elétrica, o que possibilitou a
aquisição de um picador de capim e cana-de-açúcar e de um tanque de refrigeração
para armazenar o leite.
10
Para complementar o sustento da família é mantida a produção de
subsistência de horta, feijão, milho, frango e porco, com a venda do excedente de
milho e feijão.
3.3 Visão do futuro
Os desejos do responsável pela atividade leiteira, Davi, são aumentar a
produção de leite (100 a 150 litros/dia), melhorar a renda familiar, melhorar a
alimentação dos animais, não ser totalmente dependente da cooperativa para a
comercialização do leite, produzir queijo para vender na cidade e instalar uma
ordenhadeira mecânica.
3.4 FOFA
Fortalezas
- Região que preserva a agricultura familiar
- Turismo que valoriza produtos ecológicos e oriundos da agricultura familiar
- Experiência com agricultura e produção de leite
Fraquezas
- Dificuldade para introduzir mudanças no manejo de rotina da propriedade
- 16 km de estrada de terra mal conservada para chegar até a cidade
Oportunidades
- Pontos de venda de produtos regionais, como pousadas e restaurantes
- Feira semanal que promove venda de produtos locais e ecológicos
- Divulgação e disseminação da agricultura orgânica e biodinâmica na região
- Construir no futuro um laticínio artesanal
Ameaças
- Migração dos mais jovens para a cidade
- Venda e partilha das terras entre os familiares
11
4 DIAGNÓSTICO TÉCNICO E FENOMENOLÓGICO .
4.1 Localização e características geográficas
O Sítio Paiol Fundo está localizado no bairro da Capivara, município de
Cunha - SP, Vale do Paraíba, possui 48 hectares e suas coordenadas são latitude
sul 23°06"22'32 e longitude oeste 45°04"02'61, com altitude média de 900m. A
vegetação característica é floresta estacional semi-decidual.
A propriedade fica a 22 km da cidade de Cunha (16 km de estrada de terra e
6 km de estrada asfaltada). O município de Cunha está a 45 km de Guaratinguetá,
210 km da cidade de São Paulo e 303 km do Rio de Janeiro.
4.2 Condições climáticas
De acordo com a classificação de Köppen, o clima da região é CWA tropical
de altitude. A temperatura média é de 20,9oC, com mínima de 4,5oC e máxima de
37,0oC . A precipitação média anual é de 1356 mm, com chuvas concentradas no
período de outubro a abril e período seco bem definido entre maio e setembro.
4.3 Avaliação da área relacionada à bovinocultura leiteira
A principal atividade é a bovinocultura leiteira, sendo que praticamente toda a
área produtiva está destinada à pastagem (36 hectares). Além do pasto, há uma
área de capineira de dois hectares (Figura 1).
12
Figura 1. Desenho do Sítio Paiol Fundo, Cunha - SP, feito pelos moradores Davi e Maira durante visita à propriedade.
4.3.1 Impressão geral da área
A área de pasto tem predomínio de relevo inclinado, e as principais
gramíneas são Brachiaria decumbens e braquiarão (Brachiaria brizanta). Em alguns
pontos há presença de capim barba de bode (Aristida pallen) e rabo de burro
(Andropogon bicornis), plantas indicadoras de acidez e baixa fertilidade do solo. A
presença de cupinzeiros também indica o desequilíbrio da saúde do solo. Há
algumas árvores e arbustos espalhados nas áreas de pastagem.
Há presença de leve erosão laminar nas áreas de maior declividade,
relacionada ao excesso de pastoreio, e formação de alguns sulcos decorrentes do
escoamento da água da chuva. Não é realizado nenhum manejo para manutenção
da pastagem.
A área de capineira possui predomínio de relevo plano e as plantas
apresentam viçosidade. É destinada à plantação de capim napier (Pennisetum
purpureum) e cana-de-açúcar para complementação da dieta dos animais. O único
manejo realizado nessa área é a aplicação de esterco de vaca curtido.
13
4.3.2 Análise da trincheira
Quadro 1. Resultados da análise da trincheira na área de pasto.
Umidade do solo superfície seca; subsolo úmido
Odor do solo (0 - 20cm) cheiro agradável de terra
Odor do subsolo (20 - 50cm) nenhum
Cor do solo marrom escuro avermelhado
Tipo de solo pesado (argila limosa)
Teor de argila (0 - 50%) aproximadamente 30%
Partículas do solo (0 - 20cm) grumo
Partículas do subsolo (20 - 50cm) cascalho
Estratificação do solo (camadas)
1ª: matéria orgânica
2ª: subsolo marrom avermelhado
3ª: cascalho
4ª: subsolo vermelho amarelado
Avaliação do húmus (%) aproximadamente 0,5%
Estado do húmus (%) no solo (0 - 20cm) fino
Estado do húmus (%) no subsolo (20 - 50cm)
fino
Matéria orgânica não decomposta camada superficial
Desenvolvimento radicular e restos radiculares no solo (0 - 20cm)
bom
Desenvolvimento radicular e restos radiculares no subsolo (20 - 50cm)
fraco
Vida do solo pouca vida; apenas cupim
Compactação do solo (0 - 20cm) alta compactação
Compactação do subsolo (20 - 50cm) média compactação
14
4.3.3 Análise química do solo
Quadro 2. Resultados da análise química do solo (0 - 20cm).
Amostra Ph Ca Cl2
M.O. g/dm
3
P mg/dm
3
K mmolc/
dm3
Ca mmolc/
dm3
Mg mmolc/
dm3
Al mmolc/
dm3
CTC mmolc/
dm3
SB V %
Al mmolc/
dm3
Pasto 4,8 18 2 2,6 4 2 2 32,1 8,9 28 21,2
Obs
Solo ácido (excesso de H+), não apresenta acidez por alumínio, pobre em
matéria orgânica e nutrientes (P, K, Mg), apresenta baixas CTC (capacidade
de troca catiônica), SB (somatória de bases) e V% (porcentagem de
saturação por bases).
4.4 Diagnóstico fenomenológico
O diagnóstico fenomenológico (Quadro 3) foi feito pela observação da área de
pasto, a qual apresenta relevo montanhoso e acentuadamente convexo, com
vegetação de folhas pontudas e recortadas de coloração variando entre verde,
amarelo e marrom. No momento da observação sentia-se o vento seco e quente que
balançava a vegetação rasteira e os poucos arbustos existentes na área. Assim
como o ar, o solo também estava seco e alguns de seus elementos pedregosos
refletiam a forte radiação solar.
Quadro 3. Resultados do diagnóstico fenomenológico da área de pasto.
Características Forças Terrestres Pontos Forças Cósmicas Pontos
Altitude Vale 2 Planalto, montanha 8
Microrelevo Côncavo 3 Convexo 7
Luminosidade Face Sul 4 Face Norte 6
Solo Cálcio 2 Silício 8
Clima Úmido, abafado 2 Seco, arejado 8
Temperatura Fresco 6 Quente 4
Biodiversidade
Folhas arredondadas,
predomínio da cor verde.
2 Folhas pontudas e
recortadas, diversidade de cores.
8
Total - 21 - 49
15
4.5 Conclusões sobre a avaliação dinâmica do solo e paisagem
A área de pastagem possui solo argilo limoso, ácido, pedregoso, pobre em
matéria orgânica e nutrientes. A composição do solo com tendência para um perfil
de silício e a presença de intensa luminosidade, ventos e vegetação com formas
predominantemente pontiagudas, caracterizam a forte presença de forças cósmicas
no ambiente analisado.
16
5 MANEJO ANIMAL.
A propriedade possui 14 vacas mestiças (cruzamentos da raça gir e
holandesa) sob manejo extensivo em pasto sem divisões de piquetes. É realizada a
descorna dos animais.
Os bezerros machos são mantidos na propriedade para engorda e
posteriormente são vendidos, sendo que alguns bois permanecem na propriedade
para tração animal. As fêmeas são mantidas no sítio para a produção leiteira.
As vacas ficam no pasto juntamente com os dois touros e não há nenhum
tipo de manejo reprodutivo.
5.1 Alimentação
Durante todo o ano as vacas alimentam-se basicamente de pastagem de
Brachiaria decumbens e as que estão em lactação recebem complementação, logo
após as ordenhas, de farelo de trigo (1L/dia/animal), cana-de-açúcar e/ou napier
picados e sal mineral (100g/dia/animal). No pasto o sal mineral fica disponível no
cocho.
5.2 Manejo de ordenha
As vacas são ordenhadas manualmente, duas vezes ao dia, e não é realizado
nenhum procedimento para prevenção de mastite como desinfecção dos tetos antes
e após a ordenha (pré e pós dipping).
Em média são retirados 40 litros de leite por dia (aproximadamente 3,5
litros/vaca/dia) os quais são armazenados em tanque de refrigeração, com
capacidade de 670 litros, localizado dentro da propriedade e a cada quatro dias são
coletados pelo caminhão da Cooperativa de leite do município.
17
5.3 Principais afecções que acometem o rebanho
As principais afecções dos animais relatadas pelos proprietários são:
ectoparasitas, principalmente bernes, e diarréia decorrente de verminose (Figura 2).
Figura 2. Mapa de enfermidades desenhado pelos moradores Davi e
Maira durante visita à propriedade.
5.4 Terapias utilizadas
Para controle de ectoparasitas são aplicados Ivomec®, Neguvon® e óleo
queimado. Para tratar a diarréia e verminose utiliza-se Ripercol® (Figura 2).
Antibióticos como tetraciclina e penicilina são utilizados para tratamento de
eventuais mastites infecciosas ou outras infecções.
18
5.6 Esterco
O esterco das vacas é mantido ao lado do local da ordenha e após curtido
uma parte é utilizada para adubação da capineira e outra parte é levada pela água
da chuva.
19
6 FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICA, ECONÔMICA E FILOSÓFICA DO PROJETO.
6.1 Aspectos técnicos
O conjunto de técnicas a ser implementado visa melhorar a fertilidade do solo
e a biodiversidade das áreas de pastagem, com consequente melhoria da dieta e
condições de bem-estar dos animais. Aliando mudanças na alimentação e no
manejo sanitário da ordenha, pretende-se melhorar o volume e a qualidade do leite
produzido. Além disso, uma maior integração das atividades visa otimizar o trabalho
de rotina na propriedade.
6.2 Aspectos econômicos
O projeto visa aumentar a rentabilidade da atividade leiteira e proporcionar
maior independência econômica ao produtor através da venda direta de queijo
biodinâmico, produto menos perecível do que o leite in natura e com maior valor
agregado. Além disso, o manejo biodinâmico, tanto da pastagem, quanto dos
animais, diminuirá a aquisição de insumos externos à propriedade.
6.3 Aspectos filosóficos
A produção de queijo biodinâmico visa aumentar a renda e proporcionar mais
um alimento de subsistência para a família, gerando melhoria da qualidade de vida.
A integração entre as atividades pretende incentivar e melhorar o envolvimento dos
colaboradores e moradores com o meio que os cerca, contribuindo para a formação
de um organismo agrícola saudável.
20
7 PLANEJAMENTO DE IMPLANTAÇÃO.
7.1 Área de pasto
Para adoção do sistema de pastejo rotacionado (MELADO, 2003),
primeiramente será realizada a medição da área para divisão de piquetes de
grandes dimensões que poderão ser posteriormente subdivididos de acordo com o
aumento do número de animais. Na propriedade já existe uma divisão da área de
pasto que poderá ser melhor aproveitada com o manejo correto dos animais,
respeitando os períodos de descanso do pasto.
Será realizada a aplicação de calcário dolomítico (1 ton/ha) uma vez ao ano,
durante três anos, no período de março a abril (PRIMAVESI, 2004) .
Na época da chuva (outubro), a cada 10 metros será feito o plantio direto, em
nível, com plantadeira de tração animal, de sementes de feijão guandu. Entre as
linhas será feito plantio manual a lanço de sementes de estilosantes (Stylosanthes
humilis), soja perene (Glycine wightii), calopogônio (Calopogonio muconoides),
braquiarão (Brachiaria brizanta), quicuio-da-amazônia (Brachiaria humidicola) e
capim gordura (Melinis minutiflora) (PRIMAVESI, 2004).
Quatro piquetes de aproximadamente 0,5 ha serão reservados para o plantio
de capim-elefante (Pennisetum purpureum) e colonião (Panicum maximum),
facilitando o manejo e diminuindo a necessidade de levar um grande volume de
forragem até o cocho. Estas áreas serão utilizadas para o pastejo somente das
vacas em lactação (MELADO, 2003; PRIMAVESI, 2004).
O plantio de sementes nos piquetes precisa ser feito de forma escalonada, de
modo que não haja pisoteio do gado nos piquetes recém semeados.
Antes da calcareação e do plantio de sementes é importante que o pasto
esteja baixo, por roça ou pastejo intensivo (PRIMAVESI, 2004).
A roça deverá ser seletiva, preservando ervas silvestres e leguminosas que
poderão ser consumidas pelas vacas e também alguns arbustos e árvores para
proporcionar áreas de sombreamento e descanso aos animais (MELADO, 2003).
21
7.2 Área de capineira
Para preparar o solo da área de capineira será feita a calagem, seguida de
gradeação pesada e realização de sulcos para o plantio.
O capim napier e a cana-de-açúcar serão consorciados com leguminosas
volumosas de crescimento rápido como galactia, siratro (Macroptiluim
atropurpureum) e calopogonio (Calopogonio muconoides), as quais deverão ser
semeadas nas entrelinhas (PRIMAVESI, 2004).
A cada rebrote das gramíneas deverá ser feita adubação com composto
biodinâmico.
7.3 Sementes
As plantas utilizadas na pastagem serão conduzidas de forma que a
ressemeadura natural seja preservada. Anualmente, na época de florada das
principais espécies, determinado talhão será mantido em descanso.
7.4 Elaboração e uso dos preparados biodinâmicos
Conforme exigências da certificação Demeter, cada preparado biodinâmico
será utilizado no mínimo uma vez ao ano.
No ambiente de estudo há predomínio de forças cósmicas. Portanto, para
contrabalancear o excesso das forças cósmicas deverá ser feito o uso intensivo do
preparado 500 e também dos preparados de composto (STEINER, 2000).
22
7.4.1 Preparado biodinâmico chifre-esterco (500)
O preparado 500 será produzido na propriedade e será aplicado após o
plantio das gramíneas e leguminosas. Também será feita a aplicação anual nas
pastagens formadas após o pastoreio.
7.4.2 Preparado biodinâmico chifre-sílica (501)
O preparado 501 também será produzido na propriedade e sua aplicação
ocorrerá quando as pastagens estiverem em bom desenvolvimento e nas fases de
pré-floração, ajudando a planta a utilizar com todo potencial suas forças reprodutivas
para a ressemeadura natural.
7.4.3 Preparados biodinâmicos de composto
Os preparados 502 a 507 serão comprados e utilizados em pilhas de
composto (aproximadamente 1 kit para 20 toneladas de composto). A aplicação do
composto será feita por distribuição em linha, na área de dois hectares de capineira,
antes do plantio (1 litro de composto/metro) e das rebrotas (0,5 litro de
composto/metro). Nos quatro piquetes de meio hectare cada, destinados para as
vacas em lactação, serão jogadas a lanço 20 toneladas de composto por hectare,
uma vez ao ano.
23
7.5 Manejo animal
As vacas se beneficiarão com a melhoria das áreas de pastoreio, com um
ambiente mais limpo e confortável durante a ordenha e com terapias de tratamento
menos invasivas que priorizam a prevenção de doenças.
Melhorando o manejo nutricional e sanitário pretende-se aumentar a produção
de leite e produzir um produto final com qualidade superior.
7.5.1 Alimentação
Os animais terão acesso a uma pastagem muito mais diversificada, com
plantas de maior palatabilidade e alto valor nutricional. Na época da seca, a
complementação será feita no cocho com o corte das capineiras, que incluem tanto
gramíneas de alto valor energético, como leguminosas ricas em proteína.
Além disso, nos piquetes será feita a distribuição de água em bebedouros,
serão colocados cochos móveis com sal mineral e os animais terão áreas de
descanso sob as sombras das árvores preservadas.
7.5.2 Manejo de ordenha
A ordenha continuará sendo realizada duas vezes ao dia de forma manual.
No entanto, será realizado um treinamento para que sejam adotados alguns
procedimentos de controle da qualidade do leite e, consequentemente, da saúde da
glândula mamária (SANTOS; FONSECA, 2007):
1. Antes do início de cada ordenha o teto deve ser limpo com água corrente
para retirar a terra seca. É importante tomar cuidado para não molhar o
úbere e aumentar a contaminação do teto.
2. Teste de Tamis: desprezar, pelo menos em uma das ordenhas, os
primeiros jatos de leite numa caneca telada de fundo escuro para
24
visualizar alguma alteração como grumos, pus e/ou sangue. Essas
alterações indicam que o quarto mamário apresenta mastite clínica
(inflamação aguda da glândula mamária) e que a vaca precisa ser
separada das outras e receber tratamento até a sua melhora. A mastite
clínica, quando não tratada rapidamente, pode ocasionar a perda do teto
acometido e até mesmo uma infecção generalizada, podendo levar o
animal a óbito. O leite do teto com mastite clínica deve ser descartado.
3. Após a realização do teste de Tamis deve-se realizar a imersão dos tetos
em uma caneca com solução desinfetante (água clorada a 2%) e em
seguida secá-los com papel toalha descartável. Esse procedimento
chama-se pré-dipping e previne a contaminação do leite.
4. Retirar o leite.
5. Após a retirada do leite, repetir o procedimento do item 3, mas não secar
os tetos. Essa desinfecção após a ordenha (pós-dipping) visa proteger o
teto, impedindo a entrada de microrganismos contaminantes e,
consequentemente prevenindo a ocorrência de mastite.
6. Será mantido o procedimento de alimentar as vacas imediatamente após a
ordenha com um pouco da capineira. Esse manejo faz com que os animais
permaneçam em pé até o orifício do teto se fechar novamente, impedindo
que as vacas se deitem e os tetos entrem em contato com sujidades.
7. Após cada ordenha o mangueiro deve ser limpo, retirando-se o esterco e a
urina acumulados e depois lavando com água corrente. A limpeza do
ambiente controla a infestação de moscas e previne o desenvolvimento de
endo e ectoparasitas. Além disso, proporciona bem-estar aos
colaboradores e aos animais.
Um manejo de ordenha higiênico e eficiente previne a ocorrência de mastite,
doença que desequilibra a saúde do animal e diminui a capacidade de produção de
leite. Além dos gastos com medicamentos, o leite proveniente de uma glândula
mamária com mastite, possui microrganismos contaminantes que prejudicam o
beneficiamento do leite e a produção de seus derivados, diminuem o tempo de
prateleira dos produtos e algumas espécies de microrganismos patogênicos podem
causar doenças nos consumidores, como intoxicações alimentares (SANTOS;
FONSECA, 2007).
25
7.5.3 Medicamentos homeopáticos e fitoterápicos
A substituição dos medicamentos alopáticos por medicamentos homeopáticos
e fitoterápicos visa reduzir gastos, utilizar substâncias naturais e menos tóxicas ao
organismo e resgatar e valorizar o conhecimento popular.
Será realizado um treinamento para que os próprios familiares sejam capazes
de fabricar e administrar os medicamentos para prevenção das principais doenças
que acometem o rebanho em questão. Na propriedade será mantida uma
farmacinha homeopática com os medicamentos mais indicados para prevenção e
tratamento das afecções que comumente acometem o rebanho e, conforme a
necessidade, será escolhido o medicamento mais compatível com o quadro clínico
(BENITES, 2002). Da mesma forma, serão selecionados os fitoterápicos e os
bioterápicos produzidos no próprio sítio.
Para facilitar o manejo e minimizar o estresse dos animais, os medicamentos
homeopáticos serão misturados ao sal mineral e administrados no cocho juntamente
com a alimentação (MITIEDRO, 2002).
De acordo com as características e o histórico do rebanho, foram escolhidos
alguns medicamentos homeopáticos e fitoterápicos para tratamento e prevenção das
seguintes doenças (BENITES, 2002; MITIEDRO, 2002):
- Ectoparasitas: bioterápicos de carrapato e berne.
- Endoparasitas intestinais: folhas de bananeira picada e alho; Sulphur 30CH.
- Diarréia: chá de folha de goiabeira e jabuticabeira; Arsenicum album 6CH;
China officinalis 6CH.
- Mastite clínica (aguda): Phytolacca decandra 6CH; Silicea 6CH; Pulsatilla
nigricans 6CH; Belladonna 6CH.
- Mastite subclínica (crônica): Phosphorus 30CH; Calcarea carbonica 30CH;
Silicea terra 30CH.
- Lesões e ferimentos: Arnica montana 12CH; Hypericum perfolatum 6CH;
tintura de calêndula (Calendula officinalis) e de casca de barbatimão
(Styphnodendron barbatimao).
26
8 PLANEJAMENTO ASTRONÔMICO AGRÍCOLA..
Nas pastagens os manejos como semeadura e aplicação do preparado 500
devem ser feitos em dias de folhas, escolhendo dias em que a Lua esteja passando
pelas constelações ligadas ao elemento água, que são Peixes, Câncer e Escorpião.
Para aplicação do preparado 501 na fase de pré-floração deve-se escolher um dia
de fruto.
Para roçada do mato deve-se optar por dias de flor, pois a rebrota é lenta. Se
o intuito for estimular a rebrota vigorosa e formação de biomassa, a roçada deve ser
feita em dias de folha.
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9 FORMAÇÃO DO ORGANISMO AGRÍCOLA.
A proposta do projeto é gerar uma maior interdependência entre os
processos, promovendo a vivificação do solo do pasto pelo plantio de um mix de
diversas espécies de gramíneas e leguminosas, e a intensificação das forças
terrestres pela aplicação de composto biodinâmico e preparado biodinâmico 500. A
roça seletiva preservará áreas com arbustos e árvores na pastagem, favorecendo o
aumento da biodiversidade vegetal e animal e o equlíbrio entre corpo etérico e corpo
astral.
As vacas terão uma dieta muito mais nutritiva e diversificada e farão um
pastejo rotacionado entre os piquetes, permitindo o descanso da terra e o
rompimento do ciclo de ecto e endoparasitas (PRIMAVESI, 2004).
Para manutenção do bom estado geral dos animais e da produtividade leiteira
durante o inverno, as vacas receberão complementação nutricional com o corte de
uma capineira enriquecida com leguminosas. Na capineira também serão aplicados
os preparados biodinâmicos a fim de equilibrar as forças cósmicas e terrestres e
fortalecer as plantas no período da seca.
O esterco gerado pelas vacas será utilizado no preparo das pilhas de
composto e do fladen, para depois ser reintroduzido nas áreas de pastagem e
capineira, fechando o ciclo de reciclagem dos nutrientes e minimizando a aquisição
de insumos externos.
O resgate do conhecimento popular sobre o uso de plantas medicinais da
região e a transmissão de conhecimentos e técnicas para uso de medicamentos
homeopáticos e preparo dos próprios fitoterápicos e bioterápicos, além de diminuir
custos com medicamentos alopáticos industrializados, fortalecerá a ligação do
produtor com a natureza e com a cultura regional.
28
10 MÃO-DE-OBRA, INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS.
Os colaboradores do projeto, membros da família, serão: um responsável pelo
manejo dos animais e entrega dos queijos nos pontos de venda e mais duas
mulheres responsáveis pela fabricação dos queijos e contato de comercialização.
Quando necessário, serão contratados dois colaboradores temporários para ajudar
na construção de cercas, instalação de cochos e bebedouros, aplicação dos
preparados biodinâmicos na área de pasto, roça seletiva do pasto e outras
atividades.
O curral para ordenha das vacas será mantido, com acréscimo de alguns
utensílios para a realização das práticas de ordenha recomendadas.
No início a produção do queijo será realizada na cozinha da casa principal e
serão adquiridos utensílios apropriados e adotadas boas práticas de fabricação
(SILVA, 2005).
29
11 ANÁLISE DO RETORNO SÓCIO AMBIENTAL.
As práticas agrícolas biodinâmicas implementadas possibilitarão alcançar ao
longo dos anos uma fertilidade do solo duradoura e um equilíbrio do organismo
(Figura 3), facilitando e otimizando o trabalho de rotina na propriedade.
Figura 3. O homem como mediador do equilíbrio entre solo, planta e animal.
Preservando a saúde do solo, das plantas e dos animais, os moradores
também desfrutarão de alimentos mais saborosos, nutritivos e saudáveis para
consumo próprio.
30
12 ANÁLISE DO RETORNO ECONÔMICO.
O volume de leite produzido aumentará gradualmente no decorrer dos anos.
Para o primeiro ano estima-se uma média de produção de 50 litros de leite por dia
(aproximadamente 4,5 litros/vaca/dia), sem a aquisição de novos animais.
Considerando-se que para fabricar cada quilo de queijo mussarela são necessários
10 litros de leite, inicialmente serão produzidos aproximadamente 60 queijos, de 500
gramas cada, semanalmente.
12.1 Gastos diretos e despesas
Quadro 5. Gastos diretos e despesas no primeiro ano do projeto.
GASTOS DIRETOS Valor (R$)
Pasto e Capineira
Calcáreo 540,00
Sementes 1.000,00
Preparados 502 a 507 150,00
Manutenção das cercas 570,00
Vacas de leite
Sal mineral 800,00
Medicamentos homeopáticos 100,00
Vacinas 50,00
Papel toalha descartável 900,00
Produção de queijo
Embalagens 292,00
Etiquetas 730,00
Coalho líquido 60,00
Fermento (cultura tipo “start”) 730,00
Sal sem iodo e flúor 182,50
Cloreto de cálcio líquido 109,50
Venda do queijo
Transporte (gasolina e manutenção) 1.081,60
Subsistência da família
Mantimentos 2.400,00
Sementes de hortaliças 40,00
TOTAL (Gastos Diretos) 9.735,60
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DESPESAS Energia elétrica 480,00
Álcool 120,00
Cloro 30,00
Detergente 135,00
TOTAL (Despesas) 765,00
TOTAL (Gastos Diretos e Despesas) 10.500,60
12.2 Investimentos
Quadro 6. Investimentos no primeiro ano do projeto.
INVESTIMENTOS Valor (R$)
Pasto e Capineira
Distribuição de água 4.000,00
Cocho móvel 1.800,00
Cercas 5.700,00
Pulverizador costal 180,00
Vacas de leite
Recipientes para fitoterápicos 50,00
Canecas de fundo escuro 40,00
Produção de queijo
Utensílios de cozinha 1.200,00
Formas 204,00
Termômetros 70,00
Uniformes 350,00
Refrigerador 2.000,00
Venda do queijo
Transporte (carro) 6.000,00
Barraca de feira 250,00
Caixa isotérmica 500,00
TOTAL 22.324,00
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12.3 Receita
Quadro 7. Receita anual atual e no primeiro ano do projeto.
Receita anual atual Valor
Leite in natura R$ 0,65 / litro
TOTAL R$ 9.360,00
Receita no primeiro ano de projeto Valor
Queijo mussarela biodinâmico R$ 7,00 / uni
TOTAL R$ 25.550,00
12.4 Retorno econômico
No presente projeto, a cada dois anos estima-se um aumento de 20% da
produção de leite e, consequentemente, da receita. No entanto, ocorrerá o aumento
proporcional dos gastos diretos e com o aumento da fabricação e das vendas o
salário dos colaboradores também será reajustado.
Espera-se recuperar o investimento realizado em cinco anos (payback).
Quadro 8. Fluxo de caixa.
ANO 1 2 3 4 5
Gastos diretos (-) 9.735,60 10.709,15 11.682,70 12.851,00 14.019,30
Despesas (-) 765,00 765,00 765,00 765,00 879,75
Receitas (+) 25.550,00 28.105,00 30.660,00 33.726,00 36.792,00
Lucro Bruto 15.049,40 16.630,85 18.212,30 20.110,00 21.892,95
Colaboradores 11.340,00 11.340,00 12.740,00 12.470,00 15.680,00
Investimento 5.860,00* 5.860,00* 5.860,00* 5.860,00* 4.743,80**
Lucro Líquido -2150,60 -569,15 -387,70 1780,00 1469,15
Lucro Acumulado -2150,60 -2719,75 -3107,45 -1327,45 141,70
*investimento inicial do projeto dividido em quatro anos
**investimento em utensílios de cozinha e aquisição de novos animais
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13 VIABILIDADE DE CERTIFICAÇÃO DEMETER.
No início o queijo biodinâmico produzido não será certificado, pois o pequeno
volume de produção não compensaria os custos com a certificação. Portanto, a
comercialização terá como base a venda direta, estabelecendo uma relação de
confiança entre produtor e consumidor, tanto pela venda em feiras, quanto pela
abertura do sítio a visitação.
Após a consolidação das práticas biodinâmicas e conquista de mercado,
outros produtores da região poderão se interessar pela produção do leite
biodinâmico, favorecendo a expansão do volume de produção e das vendas,
inclusive para municípios próximos. Neste caso, a certificação Demeter será
importante para garantir a qualidade do produto ao consumidor.
Para a obtenção da certificação Demeter, na rotina do Sítio Paiol Fundo será
necessária a adoção das seguintes condições (ABD, 2009):
- Uso dos preparados biodinâmicos no mínimo uma vez ao ano, sendo que
estes devem ser preferencialmente produzidos na propriedade. Todos os adubos
orgânicos (esterco de curral, composto, etc.) devem ser tratados com os preparados
biodinâmicos.
- Em áreas extensivas de criação de gado, os preparados deverão ser
aplicados na área de maior atividade da propriedade (feno, silagem, culturas de
forrageiras e pastagem implantada), não sendo necessário aplicar no pasto nativo.
- A carga animal máxima não deve exceder 2,0 unidades animal/ha,
correspondente a um máximo de 1,4 unidade de esterco/ha, se a forragem for
adquirida.
- Não é permitido descornar os animais nem manter animais descornados na
propriedade. Os chifres dos ruminantes são muito importantes para o
desenvolvimento de forças vitais. Eles fornecem um equilíbrio de forças aos
processos intensivos de digestão e absorção.
- Os bezerros devem ser criados em liberdade e em grupos a partir da
segunda semana de vida.
- A certificação Demeter para o leite e seus derivados é possível tão logo o
alimento proceda de áreas certificadas como Demeter.
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- O uso de subprodutos de origem industrial não é permitido na alimentação
dos animais.
-Quando não houver disponibilidade de animais de propriedades biodinâmicas
e orgânicas, para reprodução ou aumento do rebanho, o IBD (Instituto Biodinâmico)
poderá permitir a aquisição de animais de propriedades convencionais (até um
máximo de 40% do rebanho).
- O leite de vacas de origem convencional somente poderá ser comercializado
como Demeter após seis meses de manejo biodinâmico.
- Para tratamento dos animais deve-se dar preferência aos medicamentos
orgânicos, antroposóficos, homeopáticos e outros medicamentos naturais.
- O armazenamento do leite ocorre em tanques designados somente para o
leite DEMETER.
- Os métodos oficiais permitidos de pasteurização, até uma temperatura
máxima de 80oC, podem ser empregados para pasteurizar o leite.
- A salmoura pode ser re-fervida e enriquecida com sal conforme for
necessário. A esterilização com hipoclorito de sódio, peróxido de hidrogênio etc. não
é permitida.
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14 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO.
QUADRO 8. Cronograma de execução para o primeiro ano do projeto.
OPERAÇÃO MESES
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Divisão dos piquetes X X
Instalação de água nos piquetes X X
Calcareação da capineira X
Gradeação da capineira X
Plantio da capineira e semeadura
das leguminosas X
Calcareação do pasto X
Plantio direto no pasto X
Semeadura a lanço no pasto X
Roça seletiva no pasto X
Preparação dos preparados 500
e 501 X
Preparação do composto X X X X
Aplicação do preparado 500 na
capineira X
Aplicação do preparado 500 no
pasto X X
Aplicação do preparado 501 X
Aplicação do composto na
capineira X X
Aplicação do composto no pasto X X
Treinamento manejo de ordenha X X X
Fabricação dos fitoterápicos X X
Fabricação dos bioterápicos X X
Treinamento fabricação de queijo X X
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15 CONSIDERAÇÕES FINAIS.
Com o sucesso do projeto, o produtor poderá complementar seu volume de
produção com a compra de leite de outros produtores rurais da região, após também
ser realizada a conversão das propriedades convencionais em biodinâmicas. Com o
beneficiamento de maior quantidade de leite, um projeto futuro será a construção de
um laticínio artesanal para fabricação de queijo biodinâmico e outros derivados
lácteos como iogurte, manteiga e ricota.
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REFERÊNCIAS
ABD. Normas de processamento para uso das marcas Biodinâmica®, Demeter e marcas relacionadas. Botucatu, SP: Associação Brasileira de Agricultura Biodinâmica, 2009. Disponível em: <http://www.ibd.com.br/downloads/DirLeg/Diretrizes/NormasDEMETERProcessamento2009.pdf> Acesso em: 09 jul. 2010. ABD. Normas de produção para uso das marcas Biodinâmica®, Demeter e marcas relacionadas. Botucatu, SP: Associação Brasileira de Agricultura Biodinâmica, 2009. Disponível em: <http://www.ibd.com.br/downloads/DirLeg/Diretrizes/NormasDEMETERProdução2009.pdf> Acesso em: 09 jul. 2010. BENITES, N. R. Homeopatia. In: SPINOSA, H. S.; GÓRNIAK, S. L.; BERNARDI, M. M. Farmacologia aplicada à medicina veterinária. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. p. 700-708. MELADO, J. Pastoreio racional Voisin: fundamentos, aplicações, projetos. 1. ed. Viçosa, MG: Aprenda Fácil, 2003. 296p. MITIEDRO, A.M.A. Potencial do uso de homeopatia, bioterápicos e fitoterapia como opção na bovinocultura leiteira: avaliação dos aspectos sanitários e de produção. Florianópolis/SC, 2002, 119p. Dissertação de Mestrado - Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Santa Catarina. PRIMAVESI, A. Manejo ecológico de pastagens: em regiões tropicais e subtropicais. 1. ed. São Paulo: Nobel, 2004. 185 p. SANTOS, M.V.; FONSECA, L.F.L.. Estratégias para controle de mastite e melhoria da qualidade do leite. 1. ed. Barueri, SP: Manole; Pirassununga, SP: Ed. Dos autores, 2007. 314 p. SILVA, F.T. Queijo mussarela (Agroindústria Familiar). Brasília, DF : Embrapa Informação Tecnológica, 2005. 52p. STEINER, Rudolf. Fundamentos da agricultura biodinâmica: vida nova para a terra. 2. ed. São Paulo: Antroposófica, 2000.