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7/25/2019 CONTE, M-E_ Encapsulamento Anafrico
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Encapsulamento anafrico
Maria Elisabeth Conte
e s umo
o
encapsulamento anafrico um recurso coesivo pelo
qual um snta gma nominal funciona como uma parfrase
resumitiva de uma poro precedente do texto. O sintagma
nominal anafrico construdo com um nq,me geral como
ncleo lexical e tem uma clara preferncia pela determinao
demonstrativa. Pelo encapsulamento anafrico, um novo
referente discursivo criado sob a base de uma informao
velha; fIe se torna o argumento de predicaes posteriores.
Como um recurso de integrao semntica, os sintagmas
nominais encapsuladores rotulam pores }extuais precedentes;
aparecem como pontos nodais no texto/Quando o ncleo do
sintagma nominal anafrico axiolgico, o encapsulamento
anafrijo pode ser um poderoso meio de. manipulao do
leitor ;Finalmente, o encapsulamento anafrico pode tambm
resultar na categorizao e na hipostasiao e u bypostasis ) de
atos de fala e de funes argumentativas no discurso.
~~Vta rv V >-
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Introduo
Neste artigo, discutirei um fenmeno textualmente rele-
vante que tem sido chamado de encapsulamento anafrico.
Este termo descreve uma anfora lexicalmente baseada,
construda com um nome geral (ou um nome avaliativo, um
nome axiolgico) como ncleo lexical e revela uma clara pre-
ferncia por um determinante demonstrativo. O encapsulamento
anafrico pode ser definido no seguinte modo:
um recurso
coesivo pelo qual um sintagma nominal funciona como uma
parfrase resumidora para uma poro precedente do texto.
Esta poro de texto (ou segmento) pode ser de extenso e
complexidade variada (um pargrafo inteiro ou apenas uma
sentena).
Seguem, aqui, dois exemplos em italiano (com os nomes
gerais
fatto
'fato' e
situazione
'situao' como nomes
encapsuladores) , e um exemplo em ingls com
issue
como
ncleo do recurso encapsulador:
(1) La Vera, profonda anomalia del nostro sistema televisivo
e
reppresentata daI peso del potere politico.
Questofatto
ha
scatenato una eccessiva frammentazione delle antenne
private, soprattutto al Centro-Sud.
(1) A Verdade, profunda anomalia do nosso sistema de televi-
so, representa o peso do poder poltico.
Estefato
provo-
cou uma excessiva fragmentao da rede privada, sobre-
tudo no Centro-Sul.
(2) Oggi tutti i rnigliori spazi produttivi sono ancora nelle mani
delle vecchie strutture dello stato. Ci vorr tempo per
cambiare questa situazione.
(2) Hoje, todos os melhores espaos produtivos esto ainda
na mo da velha estrutura do estado. Levar tempo para
mudar
esta situao.
I
I
179
(3) And Kohl L . .] sees his mission now as anchoring Germany
deep in a united Europe. He wants Germany, France and a
handful of others to move rapidly toward [...] a single currency
and a strenghthened European Parliament. [..
J
The issue,
however, does not exactly quicken pulse rates in Bavaria or
North Rhine-Westphalia, let alone the former East Germany.
(3) E Kohl [. .. ] v sua misso, agora, como sendo a de ancorar
profundamente a Alemanha numa Europa unida. Ele quer
que a Alemanha, a Frana e vrios outros mudem rapida-
mente para
L . . ]
uma nica moeda corrente e quer um Par-
lamento Europeu fortalecido.
L . . ]
O assunto, contudo, no
estimula exatamente as taxas na Bavria ou em North Rhine-
Westphalia, que dir na antiga Alemanha Oriental.
Estas formas anafricas so muito diferentes dos exern-
pios-padro de anfora considerando-se os seguintes pontos:
(i) Os referentes dos sintagmas nominais anafricos no so
indivduos, mas referentes com um status ontolgico dife-
rente: so entidades de uma ordem superior como estados
de coisa, eventos, situaes, processos (que Lyons, 1977,
chamou de entidades de segunda ordem) ou fatos, pro-
posies, atos de enunciao (que Lyons chamou de en-
tidades de terceira ordem).
jO
O antecedente (se
legtimo falar de um antecedente) no
claramente delimitado no texto, mas deve ser reconstrudo
(ou mesmo construdo) pelo ouvinte/leitor.
t
I
i
I
Na minha opinio, o encapsulamento anafrico
um re-
rso coesivo muito importante (especialmente em textos
argumentativos escritos) e no tem recebido considerao to
suficiente quanto mereceria na discusso dos processos
~nafricos. Meu artigo
dividido do seguinte modo. Primeiro,
darei uma viso geral rpida de como o conceito de
encapsulamento anafrico tem sido elaborado na lingstica
contempornea. Segundo, discutirei o papel do encapsulamento
I
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anafrco em relao ao eixo 'velho-noVO'~ceiro, a funo
do encapsulamento anafrico como princpio organizador no
discurso ser ressaltada.
concei to de encapsularnento anafrico:
estado de ar te
Mesmo que o. termo 'encapsulamento' (no sentido em que
ele
usado aqui) parea ter sido introduzido por Sinclair (1983),
vrios fenmenos que caem sob o conceito de encapsulamento
anafrico j foram mencionados por Halliday e Hasan (1976) e
por Conte (1980, 1981). Halliday e Hasan levam em conta a
funo dos nomes gerais no discurso sob o ttulo de 'referncia
estendida'. Conte discute a referncia anafrica a proposies e
atos de fala, i.e., a entidades de terceira ordem.
Uma contribuio muito importante para o encapsulamento
anafrico foi dada por Monika Krenn (1985). Ela discutiu prin-
cipalmente a referncia estendida das formas this that e it e
,
de modo muito interessante, tambm incluiu um captulo no
Lexikalische Verweise (sintagmas nominais anafricos com n-
cleos lexicais em ingls, como thing, matter, point, question). A
funo desses nomes gerais em textos pode ser muito seme-
lhante referncia estendida de demonstrativos neutros ( bare
demonstratives ')6.
Em 1986, Gill Francis apresentou um estudo sobre
encapsulamento anafrico sob o ttulo enganador de Anapboric
nouns. O ttulo enganador na medida em que os nomes no
so intrinsecamente anafricos, mas, como eu diria; nomes ge-
rais que tm um alto potencial anafrico. Gill Francis comeou
a compilar uma lista de nomes-A possveis, um conjunto que,
evidentemente, no pode ser delimitado, pelo contrrio: uma
lista aberta. Ela insiste principalmente nos nomes ilocucionrios
e nos nomes de opinio que so usados para se referir
metadiscursivamente ao discurso em andamento. O denomina-
dor comum de sintagmas nominais com tais nomes que eles
I
,f
181
so usados para sumarizar, para reformular, para condensar
( chunli ) informao (Francis, 1986:2).
Por fim, mas no com menos importncia, Wanda d'Addio
(1988, 1990) torna muito claro que o encapsulamento anafrico
primariamente uma categorizao dos contedos do cotexto
precedente. Esta categorizao ocorre por meio de nomes neu-
tros, mas tambm se d na avaliao dos estados de coisa por
meio de nomes avaliativos (ou em sintagmas nominais com um
adjetivo avaliativo como modificador). Chamarei esses termos
avaliativos de axiolgicos.
Aqui, eu proporei dois exemplos claros de nomes
axiolgicos como recursos de encapsulamento:
(4)
E
di ieri Ia notizia che una superpretoliera e affondata ai
largo delle coste baltiche riversando l'intero carico in mare.
Oggi ci si chiede: questa ennesima catastroje ecologica
poteva essere evitata?
(4)
de ontem a notcia de que um superpetroleiro afundou ao
largo da costa bltica derramando a carga inteira no mar.
Hoje se pergunta: esta ensima catstroje ecolgica pode-
ria ser evitada?
(5) But those who dreammed up reform programs were indeed
nave - and now they fear that the corruption associated
with Russia's reform programs will lead to a political
blacklash in favor of nacionalists or communists who claim
to have clean hands.
Tbis risk exists elsewhere, too.
In
Venezuela, the
goverrlment of Carlos Andrs Prez introduced a neoliberal
economic reform package in 1989, cutting subsidies and
attempting to bring some sanity to public finances.
(5) Mas aqueles que sonharam reformar programas eram, na
verdade, ingnuos - e, agora, eles temem que a corrupo
associada com os programas de reforma da Rssia leve a
um retrocesso poltico em favor de nacionalistas ou comu-
nistas que alegam ter as mos limpas.
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r s o existe em qualquer lugar, tambm. Na Venezuela, o
governo de Carlos Andrs Prez introduziu um pacote de
reforma econmica neoliberal em 1989, cortando subsdios
e tentando trazer alguma sanidade s finanas pblicas.
A categorizao e a avaliao so operaes cognitivas e
emotivas relevantes do falante. Neste sentido, o encapsulamento
anafrico pode ser considerado uma anfora pragmtica.
Depois desta breve viso geral das contribuies mais re-
levantes para o conceito de encapsulamento anafrico, gosta-
ria de formular quatro questes abertas:
Como o encapsulamento pode ser visto em termos de eixo
'velho-novo'?
Por que os nomes anafricos encapsuladores preferem os
de terminantes demonstrativos ao artigo definido?
Em que sentido os encapsula:dores no so apenas recur-
sos coesivos, mas tambm um princpio de organizao
no discurso?
Que tipos de encapsulamento anafrico podem ser distin-
guidos?
U)
iii)
v)
As quatro questes que formulei at aqui no foram colo-
cadas ainda na literatura considerando o tpico do
encapsulamento anafrico e podem constituir um guia para
uma pesquisa posterior. No que segue, discutirei alguns aspec-
tos dessas questes.
encapsulamento anafrico
e o eixo velho novo
o encapsulamento anafrico claramente dependente do
cotexto. Mas os sintagmas nominais anafricos apenas veiculam
informao velha, como o termo 'encapsulamento anafrico'
parece sugerir, e como tem sido mantido at agora na literatura?
183
Gostaria de argumentar que o que acontece no
encapsulamento anafrico mais do que a apresentao de
lima parfrase resumitiva de uma poro precedente do texto.
Os encapsulamentos anafricos podem ser considerados no-
vos por pelo menos dois motivos. Em primeiro lugar, o prprio
item lexical (o ncleo do sintagma nominal) geralmente novo
na medida em que no ocorreu no texto precedente. Em se-
gundo lugar, e mais importante ainda, estamos lidando no
apenas com categorizao de informao cotextual dada, mas
tambm com hipstase ( Vergegenstndlicbung ), O que j
est presente no modelo discursivo objetificado, ou, em
outras palavras, torna-se um referente. Na base da informao
velha, um novo referente discursivo criado, e se torna o argu-
mento de predicaes futuras. Assim, o encapsulamento
anafrico se torna um procedimento muito interessante de in-
troduo de referentes no texto. Esses referentes so criados na
dinmica do texto .
Defendo que essa natureza estabelecedora de referente
do encapsulamento anafrico que favorece a recorrncia de
deterrninantes demonstrativos em vez do emprego do artigo
definido'? .
Embora o artigo definido no seja excludo de sintagmas
nominais encapsuladores (ver, por exemplo, o caso (3)), exis-
te, todavia, uma clara preferncia pelo determinante demons-
trativo. O demonstrativo (por seu intrnseco poder ditico) apre-
senta um objeto textual novo ao leitor, ou o pe em foco. O
demonstrativo tambm deve ser considerado como uma instru-
o ao leitor para que descubra o antecedente da expresso
anafrica, i.. para que procure a poro relevante no cotexto
imediato da expresso referencial anafrica. Quando o nome
encapsulador um nome axiolgico, o de terminante demons-
trativo quase inevitvel, j que existe um tipo de afinidade
eletiva (Wahlverwandtschaft) entre demonstrativos e termos
avaliativos (axiolgicos).
J
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e nc ap s u lam en to a na f r ic o c om o um p r in c p io
d e o rg an iza o em tex to s
Integrao semntica
No encapsulamento anafrico, a nova expresso referencial
(que motivada pelo discurso precedente) funciona retroativa-
mente como um recurso de integrao semntica (como um
tipo de Einordnungsinstanz). O termo Einordnungsinstanz foi
proposto por Ewald Lang 1973) para identificar um fenmeno
diferente. No ensaio de Lang, esse termo usado para caracte-
rizar uma sentena final em um texto que produz integrao
semntica de proposies no-relacionadas de outro modo.
O sintagma nominal encapsulador produz um nvel mais
alto na hierarquia semntica do texto. De modo muito interes-
sante, o encapsulamento anafrico muito freqentemente ocorre
no ponto inicial de um pargrafo e, ento, funciona como um
princpio organizador na estrutura discursiva 11.
Como ponto de incio de um novo pargrafo, o
encapsulamento anafrico a surnarizao imaginvel mais curta
de uma poro discursiva precedente. Em outras palavras,
um tipo de subttulo que simultaneamente interpreta um par-
grafo precedente e funciona como ponto de incio para um
outro. Isso est claramente marcado nos exemplos (6) e (7):
6)
Il minitest di ieri sembra direi che Ia maggioranza degli
italiani continua a votare entro il perimetro di centro-des-
tra del Polo della libert: ma all'interno di questo perimetro
ridistribuisce i propri consensi, non dimenticando nemmeno
Ia Lega, che sembra aver iniziato a bloccare una pericolosa
erosione.
Curiosamente, s. Ma, aggiungiamo, non troppo. Perch
questa tendenza
era stata in buona misura colta dagli stessi
strateghi berlusconiani del sondaggio.
6) O miniteste de ontem parece dizer que a maioria dos itali-
anos continua a votar dentro do permetro do centro-direi-
185
to do Plo da liberdade: mas dentro desse permetro
redistribuem-se os prprios consensos, no esquecendo
nem mesmo a Aliana, que parece ter comeado a bloque-
ar uma perigosa eroso.
Curiosamente, sim. Mas, acrescentamos, nem tanto. Por-
que,
esta tendncia
era em boa medida colhida daquelas
mesmas estratgias berlusconianas de avaliao.
7)
In the end, however, the fight against corruption will be
won in the developing countries themselves - not in the
ri~h world. There are encouraging signs. Thailand,
Zimbabwe and others have set up anti-corruption
commissions, though they dont always deliver what they
promise. 1n Argentina and elsewhere, lawyers who once
took civil-rights cases now fight corruption.
Tbese indigenous e.ffortssometimes go off half-cocked.
No fim, contudo, a luta contra a corrupo ser vencida
pelo desenvolvimento dos prprios pases - no pelo mun-
do dos ricos. H sinais encorajadores: a Tailndia e o
Zimbbue, entre outros, estabeleceram comisses anti-
corrupo, embora elas nem sempre cumpram o que pro-
metem. (...). Na Argentina e em outros locais, advogados,
que uma vez defenderam casos civis, agora lutam contra a
corrupo.
Estes esforos nativos algumas vezes acabam morrendo na
casca.
7)
O exemplo (6) comenta sobre resultados de eleio e
alguns detalhes so apresentados; depois, eles so generaliza-
dos e interpretados como uma tendncia.
Nesses fragmentos textuais, os sintagmas nominais
encapsuladores aparecem em pontos nodais no texto. Eles fun-
cionam como recursos de interpretao intratextual que rotu-
lam pores textuais precedentes.
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Avaliao
Quando o ncleo do sintagma nominal anafrico um
nome axiolgico, o texto oferece uma avaliao dos fatos e
eventos descritos. Considere-se, por exemplo, (8):
(8) Irato per i della folia che 1 0 contestava a sole sei settimane
dalle elezioni generali, il presidente romeno Ion Iliescu
saltato fuori dalla sua limousine e h aggredito un giornalista
dell' opposizione.
Lincredibile episodio,
che h suscitato vivaci reazioni sulla
stampa,
avvenuto sabato scorso.
(8) Irado com a multido que protestava contra ele, a apenas
sete semanas da eleio geral, o presidente romeno Ion
Iliescu saltou furioso de sua limusine
e
agrediu um jorna-
lista da oposio.
O incrvel episdio, que provocou fortes reaes, ocorreu
no ltimo sbado ... (Conte, 1996:6)
Essas mudanas da apresentao de detalhes para a gene-
ralizao, por um lado, e da descrio de fatos ou eventos, por
outro, so pontos cruciais no discurso argumentativo. O
encapsulamento anafrico opera tranqilamente com esses
pontos; ele funciona simultaneamente como um recurso coesivo
e como um princpio organizador, e pode ser um poderoso
meio de manipulao do leitor. Como foi apontado por Wanda
d'Addio (1988, 1990), a escolha do nome encapsulador no
sempre facilmente compreensvel para o leitor, e pode chegar
atravs de processos complexos de inferncia.
Hipstase de unidades pragmtico-discursivas
At agora, tratei os encapsulamentos anafricos como pon-
tos exclusivamente nodais na hierarquia semntica de textos.
Nesta seo, discutirei brevemente o encapsulamento anafrico
de unidades pragmtico-discursivas.
1
187
At ento, o encapsulamento anafrico no concerne aos
contedos do texto, mas pode tambm resultar na categorizao
e na hipostasiao de atos de fala e de funes argumentativas
no discurso. Em outras palavras, o encapsulamento anafrico
no apenas inhaltsbezogen, mas pode tambm ser
kommunikattonsbezogen.
Considere-se, por exemplos, (9) e (10);
(9) La Lega sar sempre per Ia gente che suda contro Ia classe
dei governanti - questa promessa di Dasi ha provocato
I'acclarnazone della piazza.
(9) A Liga ser sempre para as pessoas que lutam contra a
classe governamental - esta promessa de Dasi provocou
uma aclamao na praa.
o
(10) The CDU Workers group called on Kohl to keep the interests
of ordinary people in mind. With onIy a 10-seat majorry,
Kohl must now keep everybody happy, so CDU general
secretary Peter Hintze immediately announced that the
party dd not accept the employers' proposals.
If the CDU keeps that promise, the central test in Helmut
Kohl's last term will be whether the welfare state Germany
has become can also be the competit ive, growing economy
Germany once was.
(10) O grupo de Trabalhadores CDU invoca Kohl a manter os
interesses das pessoas comuns. Com o apoio de apenas
10 parlamentares, Kohl deve manter todo mundo feliz agora,
j que o secretrio geral do CDU, Peter Hintze, imediata-
mente anunciou que o partido no aceitou as propostas
dos patres . '
Se o CDU mantiver estapromessa, o teste central, no l-
timo acordo de Helmut Kohl, ser se o estado prspero
em que a Alemanha se transformou tambm pode ser a
economia competitiva e crescente que a Alemanha teve
uma vez.
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Em ambos os exemplos, o encapsulamento anafrico per-
mite ao escritor atribuir uma fora ilocucionria a algum enun-
ciado. Esta categorizao de um enunciado como um ato de
fala particular (em ambos os casos, como uma promessa) pro-
duz uma mudana para o nvel meta comunicativo. Uma
hipstase similar ocorre quando uma funo argumentativa
(como promessa, concluso, argumento ...) atribuda a algum
segmento textual. Por exemplo, em (11):
(11) Romiti avrebbe detto ai giudici: Anche noi abbiamo una
responsabilit morale nel degrado del sistema
It li a
Una
premessa alla seconda parte della deposizione, quella
dedicata all'attivit della FIAT nel settore pubblico.
(11) Os ermitos (romiti) disseram aos juizes: Tambm ns
temos uma responsabilidade moral na degradao do sis-
tema da Itlia . Umapremissa segunda parte do depoi-
mento, aquela dedicada atividade da FIAT no setor p-
blico.
O enunciado citado categorizado como uma premissa
em uma estratgia argumentativa.
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2 NT:Axiologia o estudo de alguma espcie de valor, sobretudo de valo-
res morais.
3 Os exemplos em italiano so todos tirados do jornal
Comere delta
Sera,
os exemplos em ingls so da revista
Neuisuieee.
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4
Como se sabe amplamente, o termo 'encapsulamento' tem sido usado de
modo muito diferente por Lyons 977). Para Lyons , 'encapsulamento'
denota o fenmeno de incluso sintagmtica. (Exemplo: 'to bark' encapsula
o sentido de 'dog'.) Este fenmeno lexical j fora discutido por Porzig
934)
sob o ttulo de 'wesenhafte Bedeutungsbeziehungen'.
s Deve-se mencionar que Raible 0972:203) j afirmara que substituies
como caso, processo, condio, maneira, devem desempenhar um impor-
tante papel em qualquer teoria textual. Mas o insight importante de Raible
tem sido at ento negligenciado nas pesquisas da Lingstica de Texto.
6
A funo dos sintagmas nominais encapsuladores muito semelhante
dos demonstrativos sozinhos quando eles se referem a objetos abstra-
tos. Existe uma diferena, claro: os demonstrativos no tm nenhum
efeito categorizante.
o predicado, ento, que determina a que tipo de
entidade o pronome demonstrativo se refere. Sobre o tpico dos prono-
mes demonstrativos, cf. Fraurud
992)
e Conte
996).
7
No inclu o livro de Rolf Koeppel
1993)
em minha viso geral de
encapsulamento anafrico, j que sua relevncia para o tpico deste artigo
tinha sido apontada por mim j muito recentemente. Apenas gostaria de
mencionar que o ttulo do livro de Koeppel,
Satzbezogene Verweisformen
(Formas referenciais remetendo a sentenas)
parece-me muito inadequado
para um livro sobre encapsulamento anafrico, pois os sintagmas nominais
anafricos encapsuladores muito freqentemente se referem a pores in-
teiras de um texto e no somente a simples sentenas.
8 NT: Hipstase, em sentido filosfico, lembra sedimentao, transforma-
o em
substncia
(com valor aristotlico-romista de essncia, aquilo que
h de permanente nas coisas que mudam).
9
Em um artigo meu sobre pronomes anafricos no-correferenciais (Con-
te, 1991),tambm discuti casos em que um referente textual introduzi-
do por um pronome anafrico.
Em expresses encapsuladoras, tambm podemos encontrar cleterminantes
como
sucb a, un tale, solcb ein.
Com esses determinantes, a categorzao
mais conspcua do que a referencializao.
Em sua funo de estruturao e organizao do texto, os encapsuladores
anafricos chegam muito perto dos conectivos textuais. E, de modo
muito interessante, muito poucos nomes gerais funcionando no
encapsulamento anafrico tambm esto envolvidos na formao de
conectivos. Cf. os conectivos no ingls:
tbe reason why, by reason
of
the
tbat
os conectivos do francs
par leait pour cette raison,
os do italiano
per
ilfalto cbe, ragion per cui.
Os conectivos so fruto de um processo de
gramaticalizao. Existe uma transio do lxico para a gramtica.
J
I