Post on 26-Oct-2021
Codificação, construção e aplicação de codebooks
CÓDIGO. CODEBOOK (OU GUIA DE CODIFICAÇÃO/GUIA DE
CÓDIGOS).
CODIFICAÇÃO.
▪ Estruturais: descrevem características dos dados (local, ID do participante, sexo e idade do participante, etc).
▪ Temáticos: ligam os textos aos temas.
▪ Memos: não são exatamente um código. São pensamentos que ocorrem aos pesquisadores ao longo da análise.
“Etiqueta” ou index: mostram onde estão os temas no texto
Códigos de valor: atribuem um valores (número; sim/não; etc) a um segmento fixo de texto.
Segmento Fome no café da manhã
(sim/não)
Grau de fome (0 a 10)
Eu estava trabalhando muito há muitos dias, não
tinha tempo para comer direito. Naquela noite fiquei
no trabalho e lá só tinha uma barra de cereais.
Cheguei cansado em casa e dormi direto. De manhã,
acordei desesperado para comer. Meu estômago
roncava e doía. Minha cabeça doía também. Tomei
um belo café da manhã!
Fomos jantar fora e foi incrível!! Comemos couvert,
entrada, prato principal, sobremesa, café e tomamos
vinho. Tudo do bom e do melhor! Chegamos tarde em
casa e no outro dia acordei bem cedo. Parecia que eu
tinha acabado de jantar. Não consegui comer nada,
só tomei um chá de boldo.
Análise de conteúdo mais quantitativa
Modos de contagem
Quais contagens serão feitas?
Completar com descrição e citação de discursos
Frequência: a ausência também é significativa
Positivo, negativo, neutro
A priori ou a posteriori
Códigos
Categorias (ou temas): não há um conjunto esperando ser descoberto, há tantos quantos as formas de ver
Melhor gerar número maior (agrupar, descartar, funil, articulação teórica)
Memos: metodológicas, insights, teóricas
▪ Facilita e agrega rigor ao processo de codificação e de análise como um todo.
▪ Quais são os códigos, o que significam e como devem ser aplicados.
▪ Primeiros códigos:
▪ Imersão no texto por um ou dois pesquisadores;
▪ Manuseio do texto;
▪ Códigos dedutivos (ou éticos – da teoria) e/ou indutivos (êmicos – dos próprios dados).
1. Criação dos primeiros códigos – codificação exploratória:
▪ Imersão no texto por um ou dois pesquisadores;
▪ Manuseio do texto;
▪ Definição do nível de detalhe desejado e das unidades de análise.
▪ Criação independente, por dois pesquisadores, de códigos, que podem ser dedutivos (ou éticos – da teoria) e/ou indutivos (êmicos – dos próprios dados).
▪ Objetivo do estudo: identificar motivos para escolhas de lanches na escola
▪ Codificação buscará nomear trechos relevantes → “etiquetar” de maneira intuitiva
▪ Foco nos trechos e conteúdos que respondem ao objetivo
▪ Nomeação dos rótulos: identificação de padrões ao longo do processo
▪ Não repetir perguntas do roteiro
▪ Códigos in vivo
2. Criação do codebook:
▪ Comparação das listas de códigos feitas pelos dois pesquisadores;
▪ Consenso;
▪ Criação do codebook, com suas definições, preferencialmente em um processo de discussão.
▪ Duas codificações: que códigos apareceram e são interessantes?
▪ Olhar de outro pesquisador
▪ Que códigos se complementam?
▪ Decisões sobre juntar/separar:
▪ relevância teórica
▪ relevância empírica
▪ Não é necessário utilizar todos
▪ Cutting and sorting
▪ Repetições, semelhanças e diferenças
▪ Categorias indutivas (exploratório) e dedutivas (confirmatório)
▪ Categorias temáticas: temas, subtemas
▪ Repetições
▪ Categorias ou tipologias nativas
▪ Metáforas ou analogias
▪ Transições
▪ Semelhanças e diferenças
▪ Dados faltosos
▪ Materiais relacionados à teoria
▪ Até 40 códigos por vez
▪ Muito cuidado ao descrever os códigos: quais os limites do código?
▪ Nome longo
▪ Abreviatura
▪ Descrição curta
▪ Descrição detalhada
▪ Critérios de inclusão
▪ Critérios de exclusão
▪ Exemplares típicos
▪ Exemplares atípicos
▪ “Close but no”
lugar localizaçãofala de local de
componente do rótulo
faz referência a local de alguma
informação em embalagens de
AUPs
Fala de local de algum desenho ou palavra
na embalagem de AUP.
Não fala de AUP. Não faz referência a
local na embalagem.
Tem uma menina na
frente
Tem dois Doritos na
embalagem da frente,
quando tem gente
ansiosa dá vontade de
comer
Se aponta pra
frente é pro seu
amigo
muda mudanças
fala de mudanças
ocorridas nos rótulos
ou produtos
faz referência a novos rótulos
ou novos AUPs
Fala de mudanças ocorridas nos rótulos
(em suas características de cor, desenhos
e formas) ou nos produtos, como a
criação de novos sabores.
Não fala de AUP. Tem sabor novo
Igual salgadinho, a
Trakinas agora mudou
a embalagem, é tipo
um saquinho
amassadinho, eu
gosto porque, igual a
Tortuguitas que
aparece a tartaruga e
às vezes a bolacha
Tem vários sabores
qualiqualidades do
rótulo
fala de julgamentos
das crianças sobre
uma ambalagem
fala de como as
embalagens/rótulos são
percebidos (positiva ou
negativamente) pelas crianças
Fala de rótulos serem chamativos,
atraentes, enganosos e outras
características que passam pelo
julgamento das crianças
Não fala de AUP. Fala de algo que não é
subjetivo.
É muito grande, parece
recheado, mas na
verdade não é
Teve uma vez que eu
comprei uma coisa,
quando eu abri, estava
tudo de qualquer jeito.
Era com um chocolate
derretido, colocado
tudo de qualquer jeito
É de Toddy
sentir
sentimentos e
pensamentos
despertados
pelo rótulo
fala de sentimentos
suscitados pelos
rótulos
fala do que sente vontade ou
pensa quando vê o rótulo de
AUPs
Fala de vontade de comer ou comprar, de
sentimentos (bons ou ruins) ao ver a
embalagem, a sentimentos de ansiedade
para comer e relação com embalagem
Fal de sentimentos que não se ligam à
embalagem. Não fala de AUP.
As cores, o sabor, um
sentimento que a gente
tem quando a gente
olha para a embalagem
e pensa: esse aqui é
bom, esse tem tal gosto
Dá vontade de
comprar e comer
Me sinto mais feliz
quando bebo
refrigerante
percepções dobre
o rótulo
nome curto nome descrição simples descrição detalhada critérios de inclusão critérios de exclusão exemplo típico exemplo atípico close but no
Falta dinheiro para comidas especiais especiais
a falta de dinheiro faz
com que haja restrições
nas comidas para
ocasiões especiais
fala sobre como a falta de dinheiro limita
as oportunidades de ter a comida como
lazer, por exemplo ao comer fora ou
preparar uma refeição diferente
diz que não se come fora ou não se
faz alguma comida valorizada (não
do dia a dia, como carne, mas
especial, como churrasco) com a
frequência que se gostaria dado o
preço
se for um ingrediente culinário do dia a
dia ou se for uma comida tradicional,
regional (mesmo que sejam as comidas
que se come de domingo no café da
manhã, ex. Tapioca, cuscuz...). Não
entra farinha ou feijão.
Não... É. Não tenho esses luxo de
jantar fora... Assim, às vezes a
gente janta fora mas não é uma coisa
extravagante. É só o que dá no
bolso.
Não mais, antes a gente comia x-
tudo, pastel dessas pracinhas assim,
sempre, mas aí agora com a
separação, vem menos dinheiro e
tal, a gente não sai muito, mas
sempre que dá a gente come um
sorvete assim, uma coisinha.
Comida saudavel é cara saudavel
comidas saudaveis são
muito caras
fala sobre ser inacessível comprar
comidas consideradas saudáveis, podendo
fazer com que as comidas não saudaveis
sejam consumidas em substituição
fala sobre comidas que são
consideradas saudáveis (ou ter
uma alimentação saudável ser
muito caro), independentemente de
a pessoa ter acesso a essa.
Também entra se fala que come o
que não é saudável por ser
acessível (deixando claroq ue o
que é saudável não é). Inclui
alimentos saudaveis para
emagrecer (ex. frutas e legumes)
fala somente que comidas (em geral)
são caras na cidade. Não entra se fala
que deixa comidas saudáveis para
outras pessoas
a gente sabe que aquilo não é
normal, então, dizem que é
cancerígeno e tal, então tem coisas
que eu acredito, mas, pelas
condições, a gente continua
comendo porque é muito caro
1. E a gente tem um hábito
alimentar, que pra mudar
drasticamente é complicado. Vai
um custo de dinheiro, várias coisas
influenciam 2. Orador C: Não é
saudável, mas é mais acessível.
código nome curto descrição curta descrição detalhada critérios de inclusão critérios de exclusão exemplo típico exemplo atípico
3. Aplicação inicial do codebook:
▪ Pelo menos dois pesquisadores aplicam o codebook a uma amostra do texto.
▪ Verificação consistência/concordância (coeficiente kappa):
▪ Boa consistência/concordância: processo de codificação continua.
▪ Consistência/concordância fraca: discussões, explicações, refinamento do codebook para depois continuar o processo.
▪ Tentar garantir que n pesquisadores segmentem o mesmo trecho de texto e apliquem os mesmos códigos.
▪ Importância da unidade de análise.
▪ Medida mais usada: coeficiente kappa de Cohen (mede concordância superior à chance).
▪ 2 codificadores, 10 unidades de análise, 1 código (presente = 1; ausente = 0)
Valor do kappa Interpretação
< 0,0 Pobre
0,0 – 0,20 Leve
0,21 – 0,40 Razoável
0,41 – 0,60 Moderada
0,61 – 0,80 Substancial
0,81- 1,00 Quase perfeita
4. Aplicação do codebook:
▪ Pelo menos dois pesquisadores aplicam o codebook ao texto completo (ou à parte dele).
▪ Consistência/concordância é checada pelo coeficiente kappa.
▪ Reuniões e discussões periódicas podem ser úteis.