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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE
CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
TEREZZA KEULLY LINHARES DE VASCONCELOS
UMA ANÁLISE DO MICROEMPREENDEDORISMO NO MUNICÍPIO DE TIANGUÁ-CE SOB OS PONTOS DE VISTA ORÇAMENTÁRIO E EMPRESARIAL
FORTALEZA 2012
TEREZZA KEULLY LINHARES DE VASCONCELOS
UMA ANÁLISE DO MICROEMPREENDEDORISMO NO MUNICÍPIO DE
TIANGUÁ-CE SOB OS PONTOS DE VISTA ORÇAMENTÁRIO E EMPRESARIAL
Monografia submetida à aprovação Coordenação do Curso de Ciências Contábeis do Centro Superior do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Graduação.
FORTALEZA
2012
TEREZZA KEULLY LINHARES DE VASCONCELOS
UMA ANÁLISE DO MICROEMPREENDEDORISMO NO MUNICÍPIO DE TIANGUÁ-CE SOB OS PONTOS DE VISTA ORÇAMENTÁRIO E EMPRESARIAL
Monografia como pré-requisito para obtenção do título de Bacharelado em Ciências Contábeis, outorgado pela Faculdade Cearense – FaC, tendo sido aprovada pela banca examinadora composta pelos professores. Data de aprovação: 20 / 12 / 2012.
Banca Examinadora
_________________________________________________ Professora Ms. Liana Márcia Costa Vieira Marinho
_________________________________________________ Professor Ms. Francisco Almeida Barroso
_________________________________________________ Professora Esp. FranciscaYanna G. de Carvalho Manso
Aos meus familiares, com especial atenção aos meus pais e marido que sempre estiveram ao meu lado como suporte emocional e repositório de confiança e paciência.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, fonte de toda sabedoria, amor e força que são os subsídios necessários para enfrentar as fases da vida onde todas as outras fontes falham que nunca deixe de me acompanhar na caminhada que empreendo. Aos meus pais, além de representantes dos princípios e valores que me formaram e ainda formam como pessoa, e me mostraram os passos a seguir para conquistar meus objetivos e sempre buscar me superar naquilo a que me propuser. Ao meu esposo, companheiro e conselheiro em todos os momentos que precisei e torna-se a cada dia um dos pilares da minha existência. Aos companheiros de curso, que assim como eu, enfrentaram muitos obstáculos para chegar à conclusão desta jornada árdua, porém gratificante e me sustentaram com sua solidariedade e amizade. Aos professores que compartilharam comigo um pouco do seu conhecimento e somados me deram o alicerce da minha carreira profissional e provocaram em mim a vontade de procurar continuamente formas de melhor atender ao que esperam de um profissional qualificado e compromissado com sua missão. À banca de professores a qual este trabalho está sendo apresentado, por orientar e avaliar de maneira isenta, mas sempre com o propósito de me tornar uma profissional melhor. Às empresas, na figura de seus proprietários, que gentilmente cederam seu tempo e informações sem as quais este trabalho não poderia ter sido feito.
“Não devemos ter medo das novas idéias. Elas podem significar a diferença entre o triunfo e o fracasso”.
Napoleon Hi
RESUMO
Muito se discute na área administrativa sobre o poder cada vez maior das microempresas dentro de um contexto de descentralização, cumpre observar as causas e consequências deste fenômeno para entender a dinâmica empresarial na atual conjuntura econômica do país. Tendo como objeto de estudo as microempresas do município de Tianguá-CE, é possível ter noção de como são conduzidas estas empresas que ocupam especial relevância dentro da economia de mercado. Por ser uma área complexa, foram abordados os principais pontos de funcionamento das empresas, assim como o perfil exigido pela sociedade capitalista de um microempreendedor, não ficando este vinculado apenas ao fato da redução financeira dos seus investimentos e sim na sua capacidade de ampliá-lo. É necessário que estes profissionais tenham características básicas para gerir um negócio de maneira coerente, dentro de um planejamento de orçamento racional e com uma visão de futuro aguçada e relação ao meio econômico no qual está inserido, afinal a proposição de um empreendedor tende sempre a buscar o crescimento. Observando historicamente os conceitos de empresa e as teorias econômicas se pode ver que o surgimento de empresas de pequeno capital era esperado para dinamizar as relações comerciais e inserir os pequenos investidores na economia globalizada onde as grandes empresas são interdependentes tanto entre si como das pequenas que lhes garante os produtos necessários à manutenção do seu próprio faturamento. A capacidade de absorver novos conhecimentos e aplicá-los não é uma atividade sem riscos, mas nesse ponto reside a evolução da economia, na qual os empreendedores ocupam destaque e reveem os paradigmas que regem as relações comerciais e fazem crescer as opções de aplicação de recursos no mundo dos negócios. PALAVRAS-CHAVE: Empreendedorismo. Planejamento. Orçamento.
ABSTRACT
There is debate in the administration about the increasing power of micro-enterprises within the context of decentralization, we must observe the causes and consequences of this phenomenon to understand the business dynamics in the current economic situation in the country. With the object of study in the municipality of micro-Tianguá EC, you can get a sense of how these companies are conducted holding special relevance in the market economy. Because it is a complex area, addressed the main points of operation of businesses, as well as the profile required by a capitalist society microenterprise, not being bound only to the fact that the reduction of its financial investments, but in its ability to extend it . It is necessary that these professionals have basic features to run a business in a consistent manner within a reasonable budget planning and a keen vision of the future and about the economic environment in which it is inserted, after the proposition of an entrepreneur always tends to seek growth. Looking historically the concepts of business and economic theories can be seen that the emergence of small cap companies expected to boost trade relations and insert small investors in a globalized economy where large firms are interdependent both among themselves and small that they warrants the products needed to maintain its own billing. The ability to absorb new knowledge and apply them to an activity is not without risks, but in this lies the development of the economy in which entrepreneurs occupy highlight and review the paradigms that govern commercial relationships and grow the options for use of resources in the business world.
KEYWORDS: Entrepreneurship. Planning. Budget.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO....................................................................................... 09 2. BREVE HISTÓRICO DO EMPREENDEDORISMO..............................
13
2.1 Conceituação histórica........................................................................ 13 2.1.1 As teorias históricas do empreendedorismo.................................... 15 2.1.1.1 O Empreendedorismo no Brasil: Histórico e Legislação................
17
3. O PERFIL DO EMPREENDEDOR........................................................ 21 3.1 Características de um empreendedor bem sucedido.......................... 21 3.2 Tipologias dos empreendedores...........................................................
24
4. PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO NAS MICROEMPRESAS............. 28 4.1 Desenvolvendo um plano de negócios eficiente................................. 28 4.2 Organizando um orçamento racional para pequenos empreendimentos................................................................................
30
5. O EMPREENDEDORISMO NO MUNICÍPIO DE TIANGUÁ-CE........... 36 5.1 Funcionamento das microempresas em Tianguá-CE.........................
36
6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS....................................................... 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................
41
43
REFERÊNCIAS........................................................................................... 45 APÊNDICES................................................................................................... 47
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1 INTRODUÇÃO
As microempresas surgiram como uma necessidade de descentralizar a
produção e comercialização de produtos, atingindo um público consumidor que
ansiava por opções não disponíveis no mercado e para movimentar a economia
evitando o monopólio das grandes empresas, apresentando estratégias
diferenciadas para a gestão empresarial.
Dentro deste contexto surgiu a figura do empreendedor, com um perfil
que exige muita criatividade aliada a um planejamento diferenciado e um orçamento
elaborado dentro das suas limitações, uma vez que a principal característica da
microempresa é ter um volume de capital de pequeno vulto, fazendo com que sua
gerência se tornasse ainda mais detalhista, e voltada para especificidades locais
tanto em razão da logística como da flexibilidade do mercado.
O empreendedorismo busca a auto realização que quem utiliza este
método de trabalho, estimular o desenvolvimento como um todo e o
desenvolvimento local, apoiando a pequena empresa, ampliando a base tecnológica,
criar empregos, evitar armadilhas no mercado que está inserido.
O objetivo geral deste trabalho é discorrer sobre o empreendedorismo em
Tianguá e as possibilidades de crescimento através do trabalho de parceria com as
contabilidades terceirizadas que fazem o acompanhamento das empresas.
Os objetivos específicos são descrever um breve histórico do
empreendedorismo, caracterizando o perfil do microempreendedor e discutir a
importância da contabilidade de flexibilização do orçamento frente a um mercado
competitivo e dinâmico.
A relevância deste trabalho está na importância da participação da
contabilidade dentro do processo de estruturação e desenvolvimento do
empreendedorismo no município de Tianguá, o que torna difícil traçar metas que
levem em conta essa modalidade econômica dentro de um mercado maior e o
crescimento da importância financeira das pequenas empresas na economia do
município.
Para que haja essa evolução do trabalho contábil, há que se organizarem
maneiras de monitorar as ações das pequenas empresas, e cabe tentar resposta ao
questionamento de como as contabilidades podem contribuir para a melhoria do
desempenho das pequenas empresas no município de Tianguá.
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O método de pesquisa utilizado neste trabalho foi descritivo-analítico,
conforme colocado por Martins (1993). Todo o processo se baseará na pesquisa
crítica da bibliografia disponível e na observação prática das atividades praticadas
pelas microempresas.
Para delimitar por amostragem o objeto de estudo, decidiu-se por
escolher 0 ( três ) empresas para analisar dentro dos questionamentos levantados
como premissas desta pesquisa, abrangendo aspectos específicos de cada negócio
e a importância da contabilidade ao superar as especificidades e encontrar soluções
para cada uma se valendo de uma experiência geral no mercado.
Procurou-se aplicar os conceitos da abordagem sistêmica, pela
complexidade que o tema requer, e pela sua própria natureza, dados os
relacionamentos e interdependências existentes entre a área financeira e as outras
áreas da empresa e com todas as outras entidades externas objeto de
relacionamento.
A parte bibliográfica procurou ser a mais ampla possível, abrangendo
autores de épocas diferentes para demonstrar a evolução deste tipo de atividade
historicamente, situando de maneira objetiva o que hoje se vê e como se comportam
no mercado as microempresas.
O trabalho foi dividido de forma a abranger o tema de vários ângulos e
com isto proporcionar o máximo de informações aos interessados. Iniciando com
uma breve contextualização do empreendedorismo para partir do genérico para o
específico, mostrando o perfil do atual empreendedor, como estes trabalham em
parceria com as contabilidades e quais os impactos deste trabalho conjunto para a
economia do município.
Foram elaborados questionários com questões abertas, como roteiro para
entrevistas com 03 microempresários, para que a pesquisa oferecesse um painel
amplo ao leitor e um panorama por amostragem de como funcionam as
microempresas no município de Tianguá.
A mais completa e plena gestão econômica da empresa é uma das
condições indispensáveis para a boa gestão. Gestores que normalmente desprezam
tal abordagem podem incorrer em erros mercadológicos e contábeis. Sendo assim,
as questões foram focadas no trabalho de parceria entre as contabilidades e
empresas, deixando outros aspectos fora para minimizar as informações
conflitantes, que tirariam a objetividade deste trabalho.
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Não foram colocadas na metodologia pesquisas cruzadas entre as
informações dos empreendedores e das contabilidades que cuidam da parte
financeira, uma vez que a flexibilidade exigida nesta modalidade de negócio
dificilmente seria entendida por quem não está inserido no contexto comercial das
microempresas, bastando o relato dos três empreendedores.
Para atender essa nova expansão mercadológica que levou à criação das
micro e pequenas empresas, buscam-se profissionais que desenvolveram novas
habilidades e competências, com coragem de arriscar-se e de aceitar novos valores,
descobrindo e transpondo seus limites. Diferenciar-se dos demais, revalidar seu
diploma pessoal e profissional, rever convicções, incorporar outros princípios, mudar
paradigmas, sobrepor idéias antigas às novas verdades, este é o perfil do
profissional que, trocando informações, dados e conhecimentos, poderá fazer parte
do cenário das organizações que aprendem das organizações do futuro. São
mudanças socioculturais e tecnológicas que fazem repensar hábitos e atitudes frente
às novas exigências do mercado.
Dentro desse novo formato de produção e comercialização se fez
necessário adotar novos tipos de planejamento para que um negócio obtivesse
sucesso como empreendimento. De acordo com o pensamento moderno, a
utilização de planos estratégicos ou de negócios é um processo dinâmico, sistémico,
participativo e contínuo para a determinação dos objetivos, estratégias e acções da
organização; assume-se como um instrumento relevante para lidar com as
mudanças do meio ambiente interno e externo e para contribuir para o sucesso das
organizações. É uma ferramenta que concilia a estratégia com a realidade
empresarial. O plano de negócio é um documento vivo, no sentido de que deve ser
constantemente atualizado para que seja útil na consecução dos objetivos dos
empreendedores e de seus sócios.
Incluído neste planejamento, por ter ideias inovadoras e nem sempre a
respeitabilidade e confiança por parte dos órgãos financiadores, o microempresário
deve gerir seu negócio subsidiado por decisões orçamentárias plausíveis,
compatíveis com o mercado e com o lucro que espera do seu empreendimento.
Para que se inicie um novo negócio é preciso garantir que as projeções
financeiras são credíveis – para muitos financiadores e instituições de crédito, a
seção financeira é a seção mais relevante do plano apresentado por uma
microempresa, pois a partir dela é possível identificar as necessidades financeiras
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para o empreendedor e é possível analisar o potencial de lucro do negócio, para
além de garantir a credibilidade junto do financiador. É preciso não esquecer que
nas situações em que é preciso realizar projeções, não convém ao empreendedor
ser excessivamente otimista.
Na atual conjuntura do país, as microempresas já estabeleceram seu
lugar dentro do contexto econômico, o que a cada dia faz com que o empreendedor
seja mais cobrado nas suas iniciativas, criatividade e capacidade de adaptação às
modificações do mercado financeiro para manterem-se capazes de concorrer dentro
deste mercado e alcançar suas metas.
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2 BREVE HISTÓRICO DO EMPREENDEDORISMO
2.1 Conceituação histórica
Para se entender qual o papel da microempresa e seus proprietários na
atual conjuntura econômica mundial, faz-se necessário voltar às origens dessa
modalidade dentro da atividade produtiva e comercial no mundo. Segundo estudos
de Degen (1989, p. 23)
O conceito "empreendedorismo" foi utilizado pelo economista Joseph Schumpeter em 1950 como sendo uma pessoa com criatividade e capaz de fazer sucesso com inovações. Mais tarde, em 1967 com Kenneth E. Knight e em 1970 com Peter Drucker foi introduzido o conceito de risco, uma pessoa empreendedora precisa arriscar em algum negócio. E em 1985 com Gifford Pinchot foi introduzido o conceito de Intra-empreendedor, uma pessoa empreendedora, mas dentro de uma organização.
Empreendedorismo é o principal fator promotor do desenvolvimento
econômico e social de um país. Identificar oportunidades, agarrá-las e buscar os
recursos para transformá-las em negócio lucrativo.
Uma das definições mais aceitas hoje em dia é dada pelo estudioso de
empreendedorismo, Robert Hirsch, em seu livro “Empreendedorismo”, citado em
Gerber (2004). Segundo ele, empreendedorismo é o processo de criar algo diferente
e com valor, dedicando tempo e o esforço necessário, assumindo os riscos
financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes
recompensas da satisfação econômica e pessoal. A satisfação econômica é
resultado de um objetivo alcançado (um novo produto ou empresa, por exemplo) e
não um fim em si mesmo. Etimologicamente, de acordo com Degen (1989)
A palavra empreendedor (entrepreneur) surgiu na França por volta dos séculos XVII e XVIII, com o objetivo de designar aquelas pessoas ousadas que estimulavam o progresso econômico, mediante novas e melhores formas de agir. Entretanto, foi o economista francês Jean-Baptiste Say, que no início do século XIX conceituou o empreendedor como o indivíduo capaz de mover recursos econômicos de uma área de baixa para outra de maior produtividade e retorno. Mais tarde, o austríaco Joseph Schumpeter, um dos mais importantes economistas do século XX que definiria esse indivíduo como o que reforma ou revoluciona o processo “criativo-destrutivo” do capitalismo, por meio do desenvolvimento de nova tecnologia ou do aprimoramento de uma antiga – o real papel da inovação. Esses indivíduos são os agentes de mudança na economia.
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Posteriormente, Peter Ferdinand Drucker, considerado “o pai da
administração moderna”, é que amplia a definição proposta por Jean-Baptiste Say,
descrevendo os empreendedores como aqueles que aproveitam as oportunidades
para criar as mudanças. Os empreendedores não devem se limitar aos seus
próprios talentos pessoais e intelectuais para levar a cabo o ato de empreender, mas
mobilizar recursos externos, valorizando a interdisciplinaridade do conhecimento e
da experiência, para alcançar seus objetivos.
O conceito de empreendedorismo está também muito relacionado aos
pioneiros da alta tecnologia do Vale do Silício, na Califórnia. Ainda nos EUA, o
Babson College tornou-se um dos mais importantes pólos de dinamização do
espírito empreendedor com enfoque no ensino de empreendedorismo na graduação
e pós-graduação, com base na valorização da oportunidade e da superação de
obstáculos, conectando teoria com a prática, introduzindo a educação para o
empreendedorismo através do currículo e das atividades extracurriculares.
É notória a atual ênfase dada ao empreendedorismo e a inovação como
temas centrais nas melhores Universidades Norte-Americanas.
Assegura Dornelas (2003, p. 64)
Os primeiros indícios de relação entre assumir riscos e empreendedorismo ocorreram nessa época, em que o empreendedor estabelecia um acordo contratual com o governo para realizar algum serviço ou fornecer produtos. Richard Cantillon, importante escritor e economista do século XVII, é considerado por muitos como um dos criadores do termo empreendedorismo, tendo sido um dos primeiros a diferenciar o empreendedor (aquele que assume riscos), do capitalista (aquele que fornecia o capital).
No século XVIII, o capitalista e o empreendedor foram finalmente
diferenciados, provavelmente devido ao início da industrialização que ocorria no
mundo, através da Revolução Industrial. No final do século XIX e início do século
XX, os empreendedores foram frequentemente confundidos com os administradores
(o que ocorre até os dias atuais), sendo meramente analisados de um ponto de vista
econômico, como aqueles que organizam a empresa, pagam empregados,
planejam, dirigem e controlam as ações desenvolvidas na organização, mas sempre
a serviço do capitalista.
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2.1.1 As teorias históricas do Empreendedorismo
Dentro da economia nada acontece ao acaso, mas por fatores que vão se
modificando paulatinamente até que se chegue ao ponto em que as mudanças são
imprescindíveis para a sobrevivência do próprio mercado financeiro em cada época.
Estas mudanças, no entanto, ocorrem baseadas em estudos aprofundados e
contínuos, que permitem que a economia evolua sem rupturas, mesmo havendo
casos em que os sinais de ruptura foram notados tarde demais. Ainda assim, no
caso específico das microempresas, tendo como início a iniciativa pessoal de
algumas pessoas, tem teorias que sustentam sua participação na economia e regra
suas atividades. No dizer de Gerber (1996, p. 74)
A teoria econômica, também conhecida como schumpeteriana, demonstra que os primeiros a perceberem a importância do empreendedorismo foram os economistas. Estes estavam primordialmente interessados em compreender o papel do empreendedor e o impacto da sua atuação na economia. Três nomes destacam-se nessa teoria: Richard Cantillon, Jean Baptiste Say e Joseph Schumpeter.
Cantillon era um banqueiro que hoje poderia ser descrito como um
capitalista de risco, cujo seus escritos revelam um homem em busca de
oportunidades de negócios, preocupado com o gerenciamento inteligente de
negócios e a obtenção de rendimentos otimizados para o capital investido.
Degen (1989, p. 65) distinguiu entre empreendedores e capitalistas e os
lucros de cada um, considerava o desenvolvimento econômico como resultado da
criação de novos empreendimentos e ansiava pela expansão da Revolução
Industrial inglesa na França. Cantillon e Degen consideravam os empreendedores
como pessoas que corriam riscos, basicamente porque investiam seu próprio
dinheiro1.
Na visão de Cantillon, os empreendedores compravam matéria prima, por
certo preço com o objetivo de processá-la e revendê-la por um preço ainda não
definido. Os empreendedores eram, portanto, pessoas que aproveitavam as
oportunidades com a perspectiva de obterem lucros, assumindo riscos inerentes.
Say fazia distinção entre empreendedores e capitalistas e entre os lucros de cada
1 http://www.emprestimo.org/wp-content/uploads/2011/09/Screen-shot-2011-09-25-at-13.15.13.png, consultado em 11/04/2012
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um. Ao fazê-lo, associou os empreendedores à inovação e via-os como os agentes
da mudança. Mas apesar do acirrado debate entre estes estudiosos, Dornelas
(2005, p. 127) afirma
Porém, Schumpeter foi quem realmente lançou o campo do empreendedorismo, associando-o claramente à essência da inovação. A essência do empreendedorismo está na percepção e no aproveitamento das novas oportunidades no âmbito dos negócios, sempre tem a ver com criar uma nova forma de uso dos recursos nacionais, em que eles seja deslocados de seu emprego tradicional e sujeitos a novas combinações. Uma das principais críticas destinadas a esses economistas é que eles não foram capazes de criar uma ciência comportamentalista.
A segunda teoria, dos comportamentalistas, refere-se a especialistas do
comportamento humano: psicólogos, psicanalistas, sociólogos, entre outros. O
objetivo desta abordagem do empreendedorismo foi de ampliar o conhecimento
sobre motivação e o comportamento humano.
Um dos primeiros autores desse grupo a demonstrar interesse foi Max
Weber (1994, p. 75). Ele identificou o sistema de valores como um elemento
fundamental para a explicação do comportamento empreendedor. Via os
empreendedores como inovadores, pessoas independentes cujo papel de liderança
nos negócios inferia uma fonte de autoridade formal. Todavia, o autor que realmente
deu início à contribuição das ciências do comportamento foi David C. McClelland.
Sobre isso nos fala Dornelas (2003, p. 93)
Nessa linha, McClelland (1972) foi um dos primeiros autores a estudar e destacar o papel dos homens de negócios na sociedade e suas contribuições para o desenvolvimento econômico. Esse autor concentra sua atenção sobre o desejo, como uma forca realizadora controlada pela razão. Para McClelland, um empreendedor é alguém que exerce controle sobre uma produção que não seja só para o seu consumo pessoal. De acordo com a sua definição, um executivo em uma unidade produtora de aço na União Soviética é um empreendedor.
Outros pesquisadores têm estudado a necessidade de realização, porém
nenhum deles parece ter chegado a conclusões definitivas sobre qualquer tipo de
conexão com o sucesso dos empreendedores. Alguns autores acham que a
necessidade de realização é insuficiente para a explicação de novos
empreendimentos; enquanto outros acham que ela não é suficiente o bastante para
explicar o sucesso dos empreendedores. É importante observar que os autores da
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teoria comportamentalista não se opuseram às teorias dos economistas, e sim
ampliaram as características dos empreendedores.
2.1.1.1 O Empreendedorismo no Brasil: Histórico e Legislação
No Brasil, o empreendedorismo começou a ganhar força na década de
1990, durante a abertura da economia. A entrada de produtos importados ajudou a
controlar os preços, uma condição importante para o país voltar a crescer, mas
trouxe problemas para alguns setores que não conseguiam competir com os
importados, como foi o caso dos setores de brinquedos e de confecções, por
exemplo. Como diz Leite (2000, p. 84)
Para ajustar o passo com o resto do mundo, o país começou a mudar. Empresas de todos os tamanhos e setores tiveram que se modernizar para poder competir e voltar a crescer. O governo deu início a uma série de reformas, controlando a inflação e ajustando a economia, em poucos anos o País ganhou estabilidade, planejamento e respeito. A economia voltou a crescer. Só no ano 2000, surgiu um milhão de novos postos de trabalho. Investidores de outros países voltaram a aplicar seu dinheiro no Brasil e as exportações aumentaram. Juntas essas empresas empregam cerca de 40 milhões de trabalhadores.
Para assegurar a competitividade das microempresas e incentivar o
empreendedorismo, o país teve que adaptar suas regras econômicas à realidade
mundial e criar leis que fizessem a economia agregar esta nova modalidade
produtiva e comercial.
Uma microempresa (ME) é uma empresa com faturamento anual reduzido
cujo pagamento de impostos pode ser realizado de forma simplificada. Em Direito, a
matéria é principalmente regulada em Direito Tributário e Direito Empresarial.
No Brasil, as microempresas - ME e as empresas de pequeno porte - EPP
podem optar pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições
das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte, conhecido como Super
Simples, introduzido a partir de em 1997,pela Lei nº 9.317, de 1996. Na atualidade, a
matéria é regulada pela Lei Complementar 123, de 14 de dezembro de 2006 2.
2http://www.sitedoempreendedor.com.br/artigos.php?acao=exibir&id=223, consultado em 10/04/2012
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Na atual legislação, microempresa (ME) é o empresário, a pessoa
jurídica, ou a ela equiparada, que aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual
ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais). Já as empresas de
pequeno porte (EPP) são o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, que
aufiram, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos
e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos
mil reais).
O SIMPLES consiste, basicamente, em permitir que as empresas
optantes recolham os tributos e contribuições devidos, calculados sobre a receita
bruta, mediante a aplicação de alíquota única, em um único documento de
arrecadação, chamado DAS-SIMPLES.
O atual sistema inclui necessariamente os seguintes tributos: Imposto
sobre a Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ; Imposto sobre Produtos Industrializados -
IPI; Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL; Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social - COFINS; Contribuição para o PIS/PASEP;
Contribuição Patronal Previdenciária - CPP para a Seguridade Social, a cargo da
pessoa jurídica, de que trata o art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991,
exceto no caso da microempresa e da empresa de pequeno porte que se dedique às
atividades enumeradas na lei; Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de
Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e
Intermunicipal e de Comunicação - ICMS; Imposto sobre Serviços de Qualquer
Natureza - ISS. No entanto, Ventura (2000, p. 67) esclarece
A Lei concede a simplificação de documentação, a diretriz da fiscalização como orientação e o estabelecimento de privilégios em compras públicas como: licitação exclusiva para microempresas e empresas de pequeno porte e um regime especial de empate ficto, que, após a fase competitiva, permite que a ME ou EPP realize novo lance, aumentando a chance de vitória destas empresas em relação às demais. Nem toda Micro Empresa pode optar pelo Simples Nacional, isto vai depender a atividade econômica que exerce. Como no caso de representação comercial, se dentre as atividades exercidas estiver representação comercial de qualquer espécie, esta não poderá exercer o direito a optar pelo Simples Nacional. Não confundir Simples com ME.
O Micro Empreendedor Individual (MEI) foi criado no Brasil para que os
trabalhadores informais estejam dentro da Legalidade e principalmente para provar
que o trabalho formal é muito mais rentável do que trabalho informal. Foi criado a
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partir de 01 de Julho de 2009. Os profissionais autônomos e micros empresários
podem optar por se legalizar abrindo uma MEI.
O MEI foi introduzido pela Lei Complementar 128/08 e inserido na Lei
Geral da Micro e Pequena Empresa (Lei Complementar 123/06) que possibilita a
formalização de empreendedores por conta própria como costureiras, salgadeiras,
quitandeiros, quiosqueiros, açougueiros, verdureiro, mecânicos entre outros. Isto fez
com que muitos trabalhadores que estavam na ilegalidade, trazendo prejuízo para a
arrecadação de impostos e consequentemente, para a economia como um todo
fosse inserido no mercado legal. No caso dos empreendedores individuais, conforme
afirma Gerber (2004, p.64) As principais características da MEI são:
Empresa individual (sem sócios) Faturamento mensal até 3 mil reais Ter um empregado que receba salário de somente um salário mínimo ou piso da categoria A atividade da empresa tem que se enquadrar no simples nacional Não ter empresa em seu nome nem participar de outra empresa como sócio
As empresas que serão criadas a partir de 1º julho, e que se enquadrarem
nos critérios da lei, já fazem automaticamente a opção pelo Simples, enquanto as
atuais empresas podem fazer a opção pela nova sistemática a partir de 2010. O
microempresário individual vai pagar cerca de R$ 60 por mês, incluindo o
pagamento da Previdência, do ISS e do ICMS. Esse tipo de trabalhador está isento
de outros tributos, como IRPJ, PIS, COFINS e IPI.
A partir da MP 529/2011, o MEI pode optar por contribuir com 5% sobre o
salário mínimo (contribuição previdenciária). Sobre isso nos alerta Leite (2000, p.
82).
Apesar de o Portal Empreendedor emitir documento que autoriza o funcionamento imediato do empreendimento, as declarações do empresário, de que observa as normas e posturas municipais, são fundamentais para que não haja prejuízo à coletividade e ao próprio empreendedor que, caso não seja fiel ao cumprimento das normas como declarou, estará sujeito a multas, apreensões e até mesmo o fechamento do empreendimento e cancelamento de seus registros.
Pesquisas recentes realizadas nos Estados Unidos mostram que o
sucesso nos negócios depende principalmente de nossos próprios comportamentos,
características e atitudes, e não tanto do conhecimento técnico de gestão quanto se
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imaginava até pouco tempo atrás. No Brasil, apenas 14% dos empreendedores têm
formação superior e 30% sequer concluíram o ensino fundamental, enquanto que
nos países desenvolvidos, 58% dos empreendedores possuem formação superior.
Quanto mais alto for o nível de escolaridade de um país, maior será a proporção de
empreendedorismo por oportunidade.
21
3 O PERFIL DO EMPREENDEDOR
3.1 Características do empreendedor bem sucedido
Os estudos na área do empreendedorismo mostram que as
características do empreendedor ou do espírito empreendedor, da indústria ou da
instituição, não é um traço de personalidade. Para Hashimoto (2005, p.87)
Empreendedores são pessoas que têm a habilidade de ver e avaliar oportunidades de negócios; prover recursos necessários para pô-los em vantagens; e iniciar ação apropriada para assegurar o sucesso. São orientadas para a ação, altamente motivados; assumem riscos para atingirem seus objetivos.
Não existe o verdadeiro perfil empresarial, o que existe são
empreendedores que provêm de experiências profissionais, educacionais e
situações familiares e vivencias profissionais variadas. Portanto, o empreendedor
pode ser médico, secretária, trabalhador da linha de montagem, representante
comercial, gerente, engenheiro, professor, não há uma profissão que diga que este é
o perfil do empreendedor.
Apesar de a literatura mostrar vários aspectos sobre as características
empreendedoras, as mais fáceis de perceber são: Necessidade de reconhecimento;
Necessidade de poder e status; Necessidade de segurança; Necessidade de auto
realização e inovação; Capacidade de persuasão; Autoconfiança; Disposição ao
risco; Perseverança.
O empreendedor tem um novo olhar sobre o mundo à medida que
presencia a evolução. Valoriza suas experiências, valoriza seu valor, tomando
decisões e decisões acertadas. Abre novas trilhas, explora novos conhecimentos,
definem objetivos e dá o primeiro passo.
De acordo com Gerber (1996, p. 104)
o século XVIII foi marcado por grandes modificações nos processos industriais. A revolução industrial teve início no século XVII, se caracterizando pela mudança dos processos produtivos que eram feitos manualmente e passaram a ser feitos por máquinas. Essa época modificou ou transformou os meios de produção, as relações econômicas, as relações sociais e as relações culturais. Como consequência aconteceu a divisão do trabalho, a produção em série e a urbanização. O homem passou a ser visto como uma máquina produtiva e não como gente
22
Procurando cada vez mais a eficácia, surgiram os grandes pensadores
aliados aos interesses dos empresários. Cenários com novas estratégias. Fala-se
em marketing e relações humanas. As idéias de Taylor (1920) imperam, porém o
consumidor se faz ouvir, surgindo à segmentação do mercado: a diversidade,
modelos específicos para usuários diferentes. Ela foi colocada em cheque com o
mundo da informática, com a nova visão de mundo.
Colocou-se de lado o mecanicismo e surgiu a preocupação com o
indivíduo. Descobriu-se que, para o bom desempenho, autoestima é vital. Com as
tecnologias de informação, o homem passa a ser o centro das atenções. No pensar
de Castelli & Guerreiro (1992, p.128).
fala-se do “Capital Intelectual” que nada mais é do que: conhecimento, experiência, especialização. Ferramentas ou estratégias utilizadas para se ter sucesso e ser competitivo. A mão-de-obra passa a ser cabeça-de-obra. É o conhecimento e a capacidade gerando novas idéias. O foco está nas pessoas. Assim, o perfil do profissional de sucesso que lidera suas concepções e suas atitudes está em pessoas que conseguem harmonizar esforços individuais ou coletivos e que criam algo novo e criativo.
Segundo Leite (2000, p. 65), nas qualidades pessoais de um
empreendedor, entre muitas, destacam-se:
a) iniciativa; b) visão; c) coragem; d) firmeza; e) decisão; f) atitude de respeito humano; g) capacidade de organização e direção. As habilidades requeridas de um empreendedor podem ser classificadas em 3 áreas: Técnicas: Envolve saber escrever, ouvir as pessoas e captar informações, ser organizado, saber liderar e trabalhar em equipe. Gerenciais: Incluem as áreas envolvidas na criação e gerenciamento da empresa (marketing, administração, finanças, operacional, produção, tomada de decisão, planejamento e controle). Características pessoais: Ser disciplinado, assumir riscos, ser inovador, ter ousadia, persistente, visionário, ter iniciativa, coragem, humildade e principalmente ter paixão pelo que faz.
Traçar metas, atualizar conhecimentos, ser inteligente, do ponto de vista
emocional, conhecer teorias de administração, de qualidade e gestão, são
mudanças decorrentes da globalização e da revolução da informação. O
empreendedor deve focalizar o aprendizado nos quatro pilares da educação:
aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser, e com
isso, ser capaz de tomar a decisão certa frente à concorrência existente. Novas
habilidades vêm sendo exigidas dos profissionais para poderem enfrentar a
globalização com responsabilidade, competência e autonomia.
23
Uma pessoa empreendedora precisa ter características diferenciadas como
originalidade, ter flexibilidade e facilidade nas negociações, tolerar erros, ter
iniciativa, ser otimista, ter autoconfiança e ter intuição e ser visionário para negócios
futuros.
Ser empreendedor é voar, quando uma pessoa se lança ao desafio de
criar um negócio próprio ela está literalmente ganhando asas. A metáfora de voar
pela primeira vez e abrir a primeira empresa foram descrita no livro "O Vôo do
Camaleão" de J. Caetano (2006) e ilustra os desafios pelos quais irão passar os
empreendedores, bem como suas recompensas pelos riscos assumidos.
Um empreendedor deve acreditar que o modelo atual pode ser
melhorado. Ele compreende que não será nada fácil traduzir esta frase em
resultados e por isso, é a primeira pessoa a aceitar o desafio de mudar. É a primeira
pessoa a se responsabilizar caso algo falhe em toda a trajetória do empreendimento.
Empreendedores gostam de mudanças.
Através de mudanças, se obtém experiências e estas, traduz-se em
ciência, que por sua vez é utilizada para fins evolutivos. Logo não parece ser apenas
um golpe de sorte, quando observamos elevado know-how de empreendedores em
ambientes de negócios.
Quando há evolução, há melhora. Definitivamente, empreendedores são
pessoas que não apreciam situações de normalidade ou mediocridade.
Empreendedores são antes de tudo, pessoas que tem a capacidade de enxergar o
invisível. A isso, aplica-se a máxima: Empreendedores possuem visão. Por isto
ressalta Motta (2002, p.87)
Inovações em corporações e corporações com inovações, surgem em sua maioria das vezes, em momentos de necessidade. Momentos de necessidade demandam grandes soluções, que por sua vez, demandam grandes idealizadores. Para qualquer solução necessária, exigi-se riscos e tentativas. Riscos e tentativas costumam estar presentes em ambientes dinâmicos e hostis.
Em resumo, alguém precisa ter "estrutura" profissional e emocional para ir
em direção contrária do fluxo praticado. Em primeira estância e, em 99% das vezes,
o primeiro feedback solicitado trará péssimos incentivos. "Não, isto não vai dar
certo". Empreendedores adoram não como resposta, eles seguem adiante exaurindo
possibilidades e visionando o por vir.
24
3.2 Tipologias dos empreendedores
Assim como em todas as atividades humanas, as ligadas à indústria e ao
comércio se dividem em categorias ou tipos. No caso do empreendedorismo, as
características também mudam de acordo com cada situação, já que estas
envolvem fatores específicos para casa instituição. Segundo Lezana & Tonelli (2007,
p. 42) conquista-se a autonomia profissional quando se é perseverante, determinado, aprendiz, flexível e quando se tem: Positividade, Organização, Criatividade, Inovação, Foco. Essas qualidades ajudam a vencer a competitividade dos tempos modernos. Pela experiência pode-se afirmar que a maioria das pessoas, se estimuladas, podem desenvolver habilidades empreendedoras. Ouve-se e fala-se que o empreendedor precisa ter visão. Visão pessoal. Uma visão que vem de dentro.
A maioria das pessoas tem pouca noção da verdadeira visão, dos níveis
de significado. Metas e objetivos não são visão. Ser visionário é imaginar cenários
futuros, utilizando-se de imagens mentais. Ter visão é perceber possibilidades
dentro do que parece ser impossível. É ser alguém que anda, caminha ou viaja para
inspirar pensamentos inovadores.
Esse enfoque se volta à disposição de assumir riscos e nem todas as
pessoas têm esta mesma disposição. Não foi feito para ser empreendedor quem
precisa de uma vida regrada, horários certos, salário garantido no fim do mês. O
empreendedor assume riscos e seu sucesso está na “capacidade de conviver com
eles e sobreviver a eles” (DEGEN, 1989, p.11).
Gerber (2004, p. 65), apresenta algumas diferenças dos três personagens
que correspondem a papéis organizacionais, quais sejam:
a) o Empreendedor, que transforma a situação mais trivial em uma oportunidade excepcional, é visionário, sonhador; o fogo que alimenta o futuro; vive no futuro, nunca no passado e raramente no presente; nos negócios é o inovador, o grande estrategista, o criador de novos métodos para penetrar nos novos mercados; b) o Administrador, que é pragmático, vive no passado, almeja ordem, cria esquemas extremamente organizados para tudo; c) o Técnico, que é o executor, adora consertar coisas, vive no presente, fica satisfeito no controle do fluxo de trabalho e é um individualista determinado.
É importante destacar no pensamento de Gerber (2004) o fato dos três
personagens estarem em eterno conflito, sendo que ao menor descuido o técnico
toma conta, matando o visionário, o sonhador, o personagem criativo que está
25
sempre lidando com o desconhecido. Os riscos fazem parte de qualquer atividade,
sendo necessário aprender a administrá-los, pois eles são um dos fatores mais
importantes que inibem o surgimento de novos empreendedores. Outro fator inibidor,
é o” capital social”, que são valores e idéias que sublimemente nos foram incutidos
por nossos pais, professores, amigos e outros que influenciaram na nossa formação
intelectual e que, inconscientemente, orientam nossas vidas.
Dessa forma, um pai engenheiro desperta no filho o ideal de seguir a
mesma carreira, militares, pilotos, esportistas, até pessoas que raramente vão
vislumbrar ou ter interesse numa carreira de empreendedor exercem sua influência
na formação das pessoas. É de se considerar, porém, que a avaliação mais objetiva
do preparo para empreender é a percepção que a pessoa tem de si própria,
refletindo na sua autoconfiança.
Com o potencial empreendedor isso também acontece. O que se aprende
na escola, nas pesquisas, nas observações, vai se acumulando. O preparar-se para
ser empreendedor, portanto, iniciam-se com o domínio que se tem sobre tarefas que
se fazem necessárias, o próprio desenvolvimento da capacidade de gerenciamento.
O que falta, na verdade, é motivação para uma tomada de decisão para se tornar
um empreendedor.
Decisões tomadas no cotidiano são inúmeras. Os processos de decisão
nem sempre são simples, objetivos e eficientes como deveriam ser, pois, se a
intuição está de um lado; a análise racional está do outro.
Descrevem-se aqui os oito estilos de decisão, relatados por Catelli &
Guerreiro (2002, p. 130): Intuitivo: tenta projetar o futuro, com perspectiva ao médio e do longo prazo, imaginando o impacto dessa ação. O Planejador: situa-se onde está e para onde se deseja ir, com planejamento e tendo um processo de acompanhamento, adequando à realidade sempre que for necessário. O perspicaz: diz que além da percepção é necessário conhecimento. O objetivo: sabe qual o problema a ser resolvido. O cobrador: tem certeza das informações, vê a importância de medir e corrigir quando o resultado não foi o decidido. O mão - na–massa: aquele envolve-se pessoal e diretamente, acredita em grupos para estudos multidisciplinares. O meticuloso: junta opiniões de amigos, especialistas, funcionários, tentando se convencer da solução a encontrar. O estrategista: decide cumprir sua estratégia de crescimento, tendo percepção do que resolver. Diagnostica o problema para encontrar a solução e sua resolução com eficácia.
A decisão é de cada um. Interagir, refletir, deixar a cada um o momento
de uma descoberta e desenvolvendo habilidades específicas para o sucesso da sua
26
escolha é de responsabilidade única e exclusiva. As características comuns que se
encontram no empreendedor que fez uma escolha, tanto nas universidades como na
sociedade, são difíceis para listar com precisão, porém diferentes autores chegaram
a algumas conclusões. Elas dizem respeito às necessidades, conhecimento,
habilidades e valores. As necessidades que se referem a conhecimentos, Lezana
(2007, p.78) assim elenca: aspectos técnicos relacionados a negócios, experiência
na área comercial, escolaridade, formação complementar, experiência em
organizações, vivência com situações novas.
As necessidades que se referem aos valores, Empinotti (2004),
argumenta que são os existenciais, estéticos, intelectuais, morais e religiosos. É
preciso, no entanto, ser registrado que, no contexto empresarial, essas
características podem se desenvolver e atuar de forma positiva ou negativa. É a
personalidade do empreendedor que fará o impacto decisivo para o sucesso. Assim,
Empinotti (2004, p. 61) seleciona essas personalidades
Empreendedor artesão: em um extremo do continuum está basicamente quem tem o conhecimento técnico do trabalho, possui conhecimento básico de gestão de negócios e das habilidades técnicas. A formação educacional limita-se ao treinamento técnico, portanto tem experiência técnica do trabalho. Mas não tem capacidade intelectual para comunicar bem, para avaliar o mercado, gerir os negócios.
A tomada de decisões se caracteriza por ser tomado em curto espaço de
tempo (orientação de tempo de curto prazo), não havendo planejamento para o
futuro, crescimento ou mudança. A abordagem quanto ao processo decisório é
caracterizada por: orientação de tempo de curto prazo, com pouco planejamento
para o futuro crescimento ou mudança; ser paternalista (conduzir os negócios de
forma como conduziria a própria família); centralizador, não delegando autoridade
utilizar uma ou mais fontes de capital para abrir a empresa; definir a estratégia de
marketing, finanças em termo do preço tracional, da qualidade e da reputação da
empresa; esforçar-se nas vendas por motivos exclusivamente pessoais.
O empreendedor artesão é, em geral, aquele profissional (mecânico,
cabeleireira) que abre um negócio independente, para aproveitar a sua experiência
profissional, ampliando horizontes. Se não puder crescer profissionalmente ou
culturalmente e financeiramente sempre será um fornecedor de mão-de-obra ou de
trabalho especializado. Outra personalidade seria, segundo Empinotti (2004, p.64)
27
Empreendedor oportunista: compõe o outro extremo do continnum, é o empreendedor que possui educação técnica suplementada pelo estudo de assuntos mais amplos, como administração, economia, legislação ou línguas. Busca estar sempre atualizado e procura estudar e aprender. Identifica-se por evitar o paternalismo na condução da equipe de trabalho, além de delegar autoridade às pessoas necessárias para o crescimento, foca-se nas estratégias de marketing e desenvolve os mais variados esforços de venda. Consegue capital original de mais de duas fontes de dinheiro, planeja e organiza o crescimento do empreendimento, além de utilizar software ou ferramentas para controle, e para o gerenciamento operacional.
Ambos os estilos de empreendedores compõem extremos de abordagem
gerencial. De um lado o artesão que conhece o produto e dá asas à imaginação, no
outro o oportunista que possui boa instrução e se utiliza de procedimentos
gerenciais sistemáticos. Um bom negócio é aquele que tem o seu feitio pessoal, a
sua cara, o seu jeito. O negócio deve ajustar-se a você como se fosse feito sob
medida. Mas você tem de conhecer suas medidas para saber se o negócio lhe cabe.
28
4 PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO NAS MICROEMPRESAS
4.1 Desenvolvendo um plano de negócios eficiente
Para um bom desenvolvimento de qualquer atividade é prioritário que as
ações referentes a esta atividade seja planejados da maneira mais detalhada
possível. Quando esta atividade envolve recursos humanos e financeiros e possui
metas objetivas a serem atingidas, torna-se vital. Para a microempresa, isso está
concentrado em um bom plano de negócios. No dizer de Vasconcelos Filho &
Machado (2003, p.93)
Plano de negócios (do inglês Business Plan), também chamado "plano empresarial", é um documento que especifica, em linguagem escrita, um negócio que se quer iniciar ou que já está iniciado. Geralmente é escrito por empreendedores, quando há intenção de se iniciar um negócio, mas também pode ser utilizado como ferramenta de marketing interno e gestão. Pode ser uma representação do modelo de negócios a ser seguido. Reúne informações tabulares e escritas de como o negócio é ou deverá ser.
O plano de negócios também é utilizado para comunicar o conteúdo aos
investidores de risco, que podem se decidir a aplicar recursos no empreendimento.
Para Motta (2002, p. 61) plano de negócio "é uma obra de planejamento
dinâmico que descreve um empreendimento, projeta estratégias operacionais e de
inserção no mercado e prevê os resultados financeiros". Segundo o mesmo autor, a
estratégia de inserção no mercado talvez seja a tarefa mais importante e crucial do
planejamento de novos negócios.
O desenvolvimento do plano de negócios como sistematização das idéias
a respeito dos negócios do empreendimento (culminando com a produção de um
documento de referência), pode ser visto como uma etapa no processo
empreendedor: Identificar e avaliar a oportunidade → Desenvolver o plano de
negócios → Determinar e captar os recursos necessários → Gerenciar o
empreendimento criado.
A existência de um plano estratégico aumenta a possibilidade de uma
empresa aproveitar potencialidades e oportunidades atuais e futuras, ao mesmo
tempo em que permite reduzir a probabilidade de restrições e ameaças, podendo, a
partir delas, prever boa parte dos riscos e situações operacionais adversas.
29
Um plano de negócios deve possuir todo um conjunto de características
específicas de forma a ser suficientemente flexível para se ajustar à evolução do
meio envolvente, pois se não puder ser implementado pelos próprios executantes, a
sua utilidade para a empresa é reduzida.
Em sentido amplo, o Plano de Negócios é um documento resultante de
uma metodologia de planejamento que define o ponto de partida e os objetivos da
empresa e traça o percurso que ela deve seguir. Na sua essência, trata-se de um
documento essencial para ajudar empresários ou gestores executivos e as
organizações a conduzirem os seus negócios.
Planejar é essencial para o sucesso de qualquer tarefa. Planejar significa
formular metas, objetivos e estabelecer orientações para o futuro de uma empresa
ou oportunidade de negócio. Deste modo, há um determinado número de fatores
críticos que deverão ser levados em consideração para um processo de
planejamento com sucesso, de acordo com Jensen (2002, p. 105).
Metas - Estabelecer metas realistas a atingir. Estas deverão ser específicas, mensuráveis e estabelecidas com limites temporais. Compromisso - A tarefa a empreender deverá ser assumida por todos os envolvidos. Prazos - Deverão ser estabelecidas datas-chave, subdividindo a meta final e permitindo uma monitorização contínua e uma medição da evolução no tempo. Contingências - Eventuais obstáculos deverão ser antecipados e estratégias alternativas deverão ser formuladas.
Podem-se resumir os objetivos de um plano de negócios nos seguintes
itens: Testar a viabilidade de um conceito de negócio, Orientar o desenvolvimento
das operações e estratégia, Atrair recursos financeiros, Transmitir credibilidade,
Desenvolver a equipe de gestão.
Como benefícios, pode-se elencar: O plano de negócio orienta o
empreendedor a iniciar sua atividade econômica ou expandir o seu negócio,
permitindo estruturar as principais visões e alternativas para uma análise correta de
viabilidade do negócio pretendido e minimiza os riscos já identificados, além de
contribuir para o estabelecimento de uma vantagem competitiva, que pode
representar a sobrevivência da empresa.
Ainda serve como instrumento de solicitação de empréstimos e
financiamentos junto a instituições financeiras, novos sócios e investidores,
objetivando definir claramente o conceito do negócio, seus principais diferenciais e
objetivos financeiros e estratégicos. O plano serve como um mapa a ser seguido.
30
Isso significa, na prática, estabelecer os parâmetros que nortearão as ações da
microempresa, direcionando a gestão numa linha clara e flexibilizando estas ações
de acordo com o andamento do processo de relação custo x benefício. Como
salienta Cruz (2009, p. 43), permite
• Mapear de maneira detalhada O QUE será feito, POR QUEM será feito e COMO será feito, para que os objetivos do negócio sejam atingidos; • Relacionar os produtos que serão oferecidos ao mercado; • Definir A QUEM vai ser oferecido e QUEM vai competir com o novo negócio; • Posicionar COMO o cliente vai ser localizado e atendido; Mapear QUANTO será necessário investir no novo negócio, e QUANDO será o retorno financeiro previsto; • Descrever QUANDO poderão ser realizadas as atividades e como serão atingidas as metas; • Identificar os riscos e minimizá-los, e até mesmo evitá-los através de um planejamento adequado; • Identificar os pontos fortes e fracos da organização e compara-los com a concorrência e o ambiente de negócios em se que atua; • Conhecer o mercado de atuação e definir estratégias de marketing para seus produtos e serviços; • Analisar o desempenho financeiro de seu negócio, avaliando os investimentos, retorno sobre o capital investido.
Um plano referente a um empreendimento maduro possui objetivos
similares, exceto pelo fato de estar focando o crescimento do empreendimento ou a
criação de uma determinada linha de negócios (não a criação do empreendimento
como um todo). Um bom planejamento, estruturado sobre informações fidedignas
são uma garantia de resultados positivos.
4.2 Estruturando um orçamento racional
A maioria dos orçamentos preocupa-se em antever as receitas e
despesas da entidade. Quando se escreve despesas, leiam-se todos os custos e
despesas. Qualquer orçamento, salvo os orçamentos iniciais de uma entidade
(quando meras projeções de um negócio ou atividade futura) baseia-se em dados
históricos, fatos ocorridos no passado que permitem um mínimo de previsibilidade.
Como a contabilidade é o registro histórico das operações econômicas e
financeiras, obviamente que é o principal elemento na formação de premissas
orçamentárias. Para previsão de vendas, se utilizará a contabilidade como
indicativo: Qual o nível histórico de vendas (valores nominais, em R$)? Qual a
sazonalidade do negócio? Qual a representatividade dos novos negócios (ou
produtos) já concretizados? A resposta a estas questões traçará um perfil de
mercado que permitirá uma visão a médio e longo prazo da demanda.
31
Outro fator do orçamento é a previsão de compras. Uma vez definido o
nível de vendas orçado, estima-se o nível de compras necessário para a tal volume
de negócios. Assim como as vendas, as compras sofrerão influências, tais
como: Nível de preços decorrentes dos ajustes de tabela dos fornecedores, Variação
de volume, em função de variação de volume de vendas físicas (unidades), que
definirão o volume maior ou menos do estoque. Sobre a variação de preço nas
compras nos fala Motta (2002, p. 83)
A inflação interna da empresa é diferente da inflação oficial (medida por índices como o IGP-M da Fundação Getúlio Vargas, INPC do IBGE, etc.). Alguns preços podem ser indexados ao câmbio (dólar, euro), pois correspondem a produtos importados ou cotados em bolsa de mercadorias. Outros preços são decorrentes de contratos com fornecedores, onde fixa-se periodicamente o reajuste de acordo com a inflação ou outro indicador. Então, para se ter uma previsibilidade mínima do valor de compra dos estoques, temos que estimar a “inflação dos produtos” da empresa.
Diante disso, o próximo passo é ajustar o volume (físico) de compras ao
volume (físico) de vendas projetadas. Deve-se levar em conta, neste cálculo, o
lançamento de novos produtos. A previsão de produção e comércio pode estimar,
com base na planilha técnica dos produtos a serem lançados, quais as unidades de
compras adicionais necessárias.
Uma vez determinado o volume de compras, por dedução, se apurará o
custo dos produtos e mercadorias vendidas. Como explica Jensen (2002, p.22)
A fórmula de apuração do CPV ou CMV é: CPV ou CMV = Ei + C – Ef Onde: CPV = Custo dos Produtos Vendidos ; CMV = Custo das Mercadorias Vendidas; Ei = Estoques Iniciais; C = Custo das Compras; Ef = Estoques Finais. Nota: nesta terminologia, CPV relaciona-se aos produtos fabricados (atividade industrial), e CMV ás mercadorias adquiridas para revenda (atividade comercial).
Na orçamentação de custos e despesas operacionais, a contabilidade
terá relevância, pois apresentará os valores históricos, relacionando o nível de
operações com os correspondentes desembolsos, tais como: tributos sobre vendas,
folha de pagamento, despesas gerais de produção, despesas administrativas e de
vendas, despesas financeiras, etc.
32
A contabilidade, como fornecedora de informações regulares e
acumuladas sobre desembolsos relativos a custos e despesas operacionais, será
uma grande fonte histórica de dados para a projeção orçamentária de tais despesas.
Com base no valor acumulado anual de tais desembolsos, pode-se prever
a dinâmica futura de tais gastos, que no dizer de Hashimoto (2005, p. 56-57)
incluem: Os efeitos da variação de preços sobre produtos e serviços consumidos na atividade operacional. As eventuais variações físico-quantitativas do consumo, relacionadas á expansão ou redução de negócios. Subsídios para despesas novas que serão exigidas em função de novos produtos ou serviços a serem lançados.
A tendência é que os preços, em mercado livre, tenham convergência
para os principais índices de inflação. Assim, um orçamento com base histórica na
contabilidade precisará estimar tais índices e aplicá-los sobre os valores nominais
incorridos no exercício anterior.
Não somente a expansão dos negócios exigirá despesas novas. Boa
parte dos novos custos e despesas empresariais relacionam-se com obrigatoriedade
de atendimento de legislação, reestruturação operacional, modernização ou outros
itens que não implicam, necessariamente, em novos negócios (receitas). Como
exemplo, uma empresa que estará sujeita á regulamentação especial relativa á
Vigilância Sanitária. Por isto, ressalta Catelli & Guerreiro (2002, p. 85)
Se, no ano anterior, deixou de implementar os gastos necessários á adequação da legislação, precisa prever tais desembolsos no orçamento corrente. As bases contábeis, neste caso, poderão ser insuficientes para uma correta projeção. Entretanto, o gestor poderá utilizar-se da contabilidade para determinar quais despesas similares já estão presentes, e como se correlacionarão com as despesas novas.
A grande dificuldade dos gestores de empresas é prever, com
antecedência, quais os custos financeiros que serão incorridos nas atividades.
Novamente, a contabilidade tem uma contribuição específica para tais projeções.
Para um cálculo mais exato do montante total de despesas financeiras
(ou, contrariamente, se houver disponibilidades momentâneas de caixa, as
respectivas receitas), deve-se projetar o fluxo de caixa, visando identificar
necessidades de financiamentos e empréstimos de capital de giro e investimentos
33
fixos (imobilizado). A tais valores, acrescenta-se o resultado dos encargos já
contratados.
Seguindo este raciocínio, nos fala Lezana & Tonelli (2007, p. 93)
A seção de planeamento estratégico é onde são definidos os rumos do empreendimento, sua situação atual, suas metas e objetivos de negócio, uma análise SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats), bem como a descrição da visão e missão do empreendimento. É a base para o desenvolvimento e implantação das demais ações do empreendimento. Nesta seção deve-se descrever o empreendimento, seu histórico, estrutura organizacional, localização, contatos, parcerias, serviços terceirizados, etc. Em caso de empresa já constituída, descrever também seu crescimento/faturamento dos últimos anos, sua razão social, e impostos.
Importante constar no orçamento quais são os produtos e serviços, como
são produzidos, ciclo de vida, fatores tecnológicos envolvidos, pesquisa e
desenvolvimento, principais clientes atuais, se detém marca e/ou patente de algum
produto etc. Só estando de posse destas informações se podem partir do interior da
empresa para estudar o mercado onde ela irá atuar.
Deve-se mostrar que se conhece muito bem o mercado consumidor do
produto/serviço (através de pesquisas de mercado): como estão segmentadas, as
características do consumidor, análise da concorrência, a participação de mercado
do empreendimento e a dos principais concorrentes, os riscos do negócio etc. A
análise do mercado envolve pelo menos três dimensões: o mercado consumidor
actual e potencial, os fornecedores e os concorrentes actuais e potenciais. Esta
análise pressupõe, assim, uma análise da procura e da oferta.
Com os resultados obtidos, opte por apresentar dados estatísticos que
funcionem como indicadores para a viabilidade do nosso negócio, de acordo com a
atuação do mercado. É importante: conhecer o cliente (público alvo);definir o âmbito
geográfico de actuação da empresa;identificar os concorrentes;enunciar os pontos
fracos e vantagens em relação a eles; estabelecer os fornecedores para dar
resposta a todas as necessidades do negócio;delinear a estratégia de marketing.
Sobre o que pode ser utilizado a favor incluso nas estratégias de venda,
nos mostra Dolabela (2004, p. 76).
O Plano de marketing apresenta como você pretende vender seu produto/serviço e conquistar seus clientes, manter o interesse dos mesmos e aumentar a demanda. Deve abordar seus métodos de comercialização, diferenciais do produto/serviço para o cliente, política de preços, projeção de vendas, canais de distribuição e estratégias de promoção/comunicação e
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publicidade. Destaca ainda a necessidade da interação com os clientes buscando destas respostas para melhoria contínua.
A seção de finanças deve apresentar em números todas as ações
planejadas de seu empreendimento e as comprovações, através de projeções
futuras (quanto precisa de capital, quando e com que propósito), de sucesso do
negócio. Deve conter itens como fluxo de caixa com horizonte de 3 anos, balanço,
ponto de equilíbrio, necessidades de investimento, lucratividade prevista, prazo de
retorno sobre investimentos etc.
Se depois destes levantamentos e previsões, concluir-se que o negócio
tem espaço e aceitação no mercado, passa-se a calcular o investimento necessário
à sua concretização. Nesta altura é necessário explicitar que tipo de necessidades
são importantes e prioritárias para implementar o nosso projeto para saber qual o
investimento que terá de ser realizado. Nos cita Vasconcelos Filho & Machado
(2003, p. 87), por exemplo:
Instalações - a escolha das instalações é muito importante porque elas serão a "cara" da empresa\marca. Para além do aspecto estético, existem três questões práticas: o valor do investimento, a funcionalidade, a localização. Equipamento - é mais um investimento sem o qual não se pode passar. A análise deverá ponderar o custo e produtividade dos equipamentos, assim como a duração e a forma de disponibilizá-los (aquisição ou leasing). Seleção e Recrutamento de pessoal - do trabalho da equipa depende o sucesso do projeto. Por isso, é fundamental apostar numa equipa competente, com a experiência necessária e com o perfil adequado. Além disso, o investimento deverá ainda contemplar formação dos colaboradores. Consultoria e serviços de apoio - é outro tipo de recrutamento de pessoal. Existem competências necessárias para a implementação do projecto que poderão não existir na empresa, o que implicará o recurso no exterior a especialistas dessas áreas como: consultores, advogados, contabilistas, etc. Outras despesas - são despesas relacionadas com a própria constituição da empresa, com os estudos de mercado elaborados, etc.
Depois de ter somado todas as despesas, saberemos qual será o capital
a investir e se vale a pena ou não em concretizá-lo. Na parte do plano de negócios
relativo à exploração do negócio em si, o empreendedor tem de analisar com rigor
os proveitos e os custos. Ou seja, saber como vai ser produzido o seu
produto/serviço, quanto vai gastar e que rendimento irá obter. O plano de exploração
permite-lhe conhecer o processo produtivo e os custos que a ele estão relacionados.
Assim, terá de analisar em nível dos Proveitos (com as vendas do produto/serviço) e
dos custos (fixos e variáveis). Sobre isto nos fala Hashimoto (2005, p. 83)
35
Para saber como vamos financiar o nosso projeto, efetuaremos primeiramente um levantamento de todos os meios de financiamento existentes, desde créditos bancários, leasings, capital de risco, etc. É importante conhecer cada uma das modalidades de financiamento para saber o cálculo da rentabilidade do nosso negócio, pois parte das receitas têm como destino remunerar os capitais alheios. A elaboração de um plano de negócios bem estruturado e capaz de transmitir o potencial da empresa é um passo para conseguir boas condições de financiamento do capital.
Definido o modo de financiamento, se avança para o cálculo dos fluxos
financeiros que a empresa irá ter. Este cálculo é fundamental porque os investidores
dependem dos fluxos para obterem o investimento realizado. Neste mapa de
tesouraria provisório tem de se estabelecer o "ciclo de tesouraria" do negócio que
depende de três variáveis e que compõem o fluxo de tesouraria: Prazo médio de
recebimentos, Prazo médio de pagamentos, estoque médio. O "ciclo de tesouraria"
será favorável se o prazo de recebimentos for curto, o prazo para os pagamentos for
alargado e o estoque médio for de poucos dias. Após esta fase, resta, conforme
Jensen (2002, p. 104)
Finalmente, deveremos calcular a rentabilidade do nosso negócio, utilizando um dos seguintes métodos: TIR (Taxa Interna de Rentabilidade) se a taxa de rentabilidade do projeto for maior do que a TIR, então terá um VAL positivo e será aconselhável avançar com o negócio; VAL (Valor Actualizado Líquido) se o VAL for positivo, o empreendedor, está no caminho certo, pois já terá mais capital do que antes do nascimento do projecto; se for negativo deve ser rejeitado; Pay-Back Period, indica ao investidor o tempo necessário para ter de novo o investimento que fez.
Concluído o Plano de Negócios, a primeira etapa para a estruturação de
uma microempresa está finalizada, saliente-se, porém que este não evita riscos, mas
ajuda a preveni-los e a optar pelo caminho mais seguro, tendo sempre a
possibilidade de fazer as correções que forem necessárias.
36
5. O EMPREENDORISMO NO MUNICÍPIO DE TIANGUÁ-CE 5.1 O funcionamento das microempresas em Tianguá-CE
O município de Tianguá situa-se no noroeste do estado do Ceará,
contando com uma população de 72.356 habitantes, sendo sua economia dividida
entre uma forte base agrícola e um comércio em crescente expansão. Dentro deste
contexto, os negócios realizados pelas microempresas não foge à realidade geral do
país dentro das suas limitações. Não há especificação para um tipo de negócio em
particular, mas diferentes modos de administração orçamentária e comercial.
Uma noção que se poderia adotar sobre o orçamento é que ele tem uma
forte aderência com os modelos de gestão e de informação que determinada
empresa venha a adotar. Enfim, orçamento está ligado ao fato de gerir uma empresa
com plena responsabilidade e competência. Gerir significa administrar, tomar
decisões. Para Cruz (2009, p. 53) cabe à gestão:
analisar as variáveis externas e internas à organização, identificá-las quanto à sua controlabilidade, ameaças e oportunidades que representam e determinam o caminho mais adequado para o cumprimento da missão ,em função dos pontos fortes e fracos da organização
Foram escolhidas três microempresas, optantes do simples para uma
análise mais atenta sobre seu funcionamento, orçamento e gerência comercial. Num
primeiro momento se observou que todas trabalham com a contabilidade
terceirizada, o que tem um lado negativo e outro positivo. O lado negativo é que o
empreendedor nem sempre tem total controle do seu negócio, pois depende do
conhecimento e das informações da contabilidade, o que o impede de tomar
decisões mais rápidas e seguras baseadas em seu próprio conhecimento da seção
financeira da empresa. Positivamente, se pode apontar o fato de redução de custos
com pessoal, mas que nem sempre se apresenta como vantagem.
A microempresa Maria das Graças Cardoso Freire - ME, trabalha na área
de comércio de confecções, venda ao varejo e foi iniciada com capital próprio da
empreendedora. Após determinado período, houve a necessidade de financiamento
bancário para manutenção do capital de giro e expansão do estabelecimento para
atender a uma demanda maior da clientela. A empresa emprega 03 funcionárias,
mas infelizmente nenhuma de maneira formal, sendo seu contrato apenas verbal.
37
Este tipo de situação é muito comum nas microempresas, onde os empreendedores
querem o maior número de vantagens imediatas e detrimento da redução de custos.
Mesmo assim, pelo fato de ter sido implantada em imóvel próprio e numa
localização acessível para o entorno, o empreendimento vem se mantendo num
crescimento médio constante, a observar pelos índices mostrados em sua
documentação. Com um capital inicial de R$ 15.000,00, a empresa apresenta um
faturamento médio mensal de 20% do capital, dos quais 10 % são reintegrados ao
capital. O controle de estoque é feito pela própria Maria das Graças, de acordo com
as vendas. Mas por ser um tipo de comércio muito volúvel pela dinâmica da moda,
há períodos em que nem sempre o investimento em compras tem o retorno
esperado. O orçamento é mensalmente reformulado de acordo com a relação entre
receita e despesa, mas pode sofrer alterações caso haja oportunidades rentáveis.
No caso de surgirem ofertas de mercadorias abaixo do preço praticado, o volume
investido é maior, já que a margem de lucro tende a ser reduzida. Esta
empreendedora se encaixa no perfil oportunista assim como a maioria das que
trabalham nesta área de atividade.
O acompanhamento vem sendo feito de maneira arcaica, e a
empreendedora segue todas as orientações da contabilidade, ficando apenas com o
poder decisório sobre compras e vendas, de acordo com o mercado. Então isto nos
leva a pensar no que nos diz Cruz (2009, p. 32)
Para se programar a controlabilidade é necessário dizer que a mesma se sustenta em três pilares, a saber: a) Modelo de Decisão – forma ordenada de agir que leve em consideração inúmeras alternativas que permitam a tomada de decisão da melhor forma possível; b) Modelo de Informação – forma de gerir a organização, e todos os princípios que basearão a construção do sistema de informações; c) Modelo de Mensuração – processo de avaliar, estimar ou atribuir valor a um determinado objeto ou evento. A mensuração dos objetivos ou eventos é crucial para a Contabilidade e o processo e gestão.
Uma vez que parece estar fundamentado que o orçamento tem uma
ligação com o ato de administrar, então, é oportuno recorrer ao primeiro grande
verbo dessa arte: planejar. Planejar significa antecipar decisões futuras. Segundo
Dornelas (2005, p.88) planejar é um processo contínuo de tomada de decisões, as
quais deverão ocorrer antes, durante e depois de sua implementação.
Outra empresa observada foi a José Maria de Aguiar Fontenele - ME, que
trabalha com a comercialização de balas e doces em geral. Por ser uma área mais
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restrita de comércio, não há grande flexibilidade no orçamento e nem mudanças
repentinas no mercado consumidor, sendo mais fácil de controlar, mas tendo a
desvantagem de uma margem de lucro menor. No último trimestre a empresa teve
um faturamento de 15% sobre um capital de R$ 25.000,00.
Da mesma forma que a anterior, a contabilidade é feita por outra
empresa, que faz a controladoria orçamentária e auxilia na programação de compras
a pedido do empreendedor, que conta com 05 funcionários, todos trabalhando de
maneira informal. O estabelecimento funciona há 02 anos e segundo as informações
do empreendedor, “sempre houve equilíbrio entre receita e despesa, havendo
períodos em que a receita supera as expectativas, o que permite a ampliação do
estoque médio”, diminuindo o custo das compras em determinados meses. O
empreendedor afirma que houve antes da instalação do negócio um estudo de
mercado incisivo quanto à carência e demanda, além das ameaças externas e só
depois foi implantado.
Este dado reforça o que nos afirma Cruz (2009, p.38)
o processo de planejamento é composto de dois tipos: o estratégico e o operacional. No estratégico, são estabelecidos os objetivos e estratégias gerais de atuação da empresa, de caráter qualitativo, a partir das oportunidades e ameaças detectadas no ambiente sócio-político-econômico em que a organização está inserida, e também dos pontos fortes e fracos que a empresa possui e que precisam ser aproveitadas ou eliminadas. No operacional, efetua-se o estabelecimento de políticas e objetivos a partir das premissas fixadas no planejamento estratégico.
A empresa M. F. Vasconcelos – ME, atua na área de papelaria e também
teve cuidados básicos antes de ser instalada. A proprietária alugou um imóvel
próximo a uma escola e constantemente faz parcerias e promoções, o que traz
benefícios para ambas às instituições. Por sua localização e pelo fluxo quase
constante de capital, a empresa consegue se manter em ritmo de crescimento e
pretende diversificar as atividades com outros produtos destinados não só ao público
escolar.
A contabilidade e controle de estoque são feitos por empresas
terceirizadas, já que pela dinâmica da demanda, poderia acarretar problemas quanto
à falta de alguns produtos e excesso de outros. A gestão financeira, no entanto
continua centralizada nas decisões da empreendedora, sendo dela a última palavra
no que diz respeito ao planejamento da empresa.
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Para Catelli & Guerreiro (2002, p.67), em contrapartida, a gestão
financeira não é monopólio do encarregado pela área de finanças:
Podemos dizer que a função financeira se materializa, no cotidiano da empresa, por um processo contínuo de tomada de decisão. A mais complexa é a decisão de investimento, isso se explica entre outros motivos, porque a decisão de investimento é compartilhada pelas diferentes áreas funcionais da empresa. Em outras palavras, o tamanho e a composição do ativo de uma empresa é determinado, em grande parte, por decisões de executivos de áreas não financeiras, restando ao homem de finanças, na essência, a gestão de caixa e um envolvimento com as políticas de crédito e de cobrança.
Este enfoque contribui para uma correta mensuração dos eventos
econômicos dentro da organização, possibilitando que se imputem aos responsáveis
pelas decisões o resultado obtido, considerado os reflexos financeiros da decisão.
As atividades representam a visão de operacionalização ou processos de
fluxos operacionais, e existem porque foram identificadas como partição necessária
na estruturação organizacional de qualquer área. Sua identificação decorre da
compreensão ou percepção da necessidade de sua existência.
Fo observado, dentro do conceito de micro e pequena empresa que quase
uma totalidade recorre à terceirização do seu sistema contábil, demonstrando
profissionalização e transparência, já que coloca na responsabilidade de terceiros
dados gerenciais que permitem o funcionamento da empresa. A relevância da
contabilidade no crescimento de um empreendimento se deve principalmente ao
controle orçamentário, essencial para o desenvolvimento de qualquer atividade. Ara
que outros fatores não interfiram nas decisões, torna-se mais prático que se
terceirize as atividades contábeis, que oferece serviços especializados, com
profissionais qualificados e atualizados. No entanto, o mesmo fator que gera
vantagem na terceirização, é também um fator negativo, pois nem sempre os
números podem traduzir o mercado no qual a empresa atua, fazendo com que
algumas variáveis sejam não sejam consideradas nas decisões contábeis do
empreendimento.
Ficou claro que mesmo com um curto tempo de atividades, as
microempresas se adaptam com mais facilidade às mudanças mercadológicas. Elas
podem não conhecer totalmente a sistemática do mercado financeiro, supridor e
tomador de recursos, as taxas praticadas no presente e as projetadas no futuro, os
melhores instrumentos da captação financeira adequada para as necessidades de
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financiamento da empresa, as condições de liquidez da empresa, entre outros
aspectos que a elegem como a área especialista na gestão dos recursos financeiros,
mas entendem muito bem quando um empreendimento está no caminho certo.
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6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A verdade é que a informação é o elemento-chave do sucesso das
microempresas no atual estágio de desenvolvimento. Ignorar esse fato é um ato
inútil e falho do ângulo da gestão estratégica. Atualmente, até mesmo os fenômenos
de ordem ambiental ampliam a discussão, sobrepondo-se aos aspectos físicos das
empresas.
Por outro lado, empresa em si é uma mera abstração. A empresa é
constituída por processos internos e externos, com ou sem controles. Todos eles,
sem distinção, executados por pessoas.
Por depender de politicas econômicas, as microempresas de Tianguá
estão sujeitas às mesmas regras e variações de mercado que quaisquer outras do
país, sendo então uma amostragem de todos os estabelecimentos, destacando-se,
logicamente, o nível de criatividade, ousadia e perseverança do próprio
empreendedor.
A política de créditos, a política de compras, a política de estocagem, os
planos de investimentos de capital, são todos fatores importantes que demandam
atenção pela área financeira, pois em tudo ela estará financiando ou sendo
financiada pelas outras áreas produtivas da empresa.
O modelo de sistema de informações para gestão econômica tem por
base a ideia de que as decisões tomadas devem aperfeiçoar o resultado global da
organização. A área financeira também deve se preocupar com sua parcela de
contribuição para a ampliação do lucro objetado, perseguido e apurado.
Um dos grandes benefícios do orçamento dinâmico é a visão do
crescimento auto-sustentável. Brasil (1999, p.2), discorre de maneira convincente
sobre os benefícios da análise dinâmica das finanças corporativas, conseguindo,
inclusive, atrelar a dinâmica financeira a temas emergentes da área, principalmente,
a grande questão do valor do negócio, a saber:
A empresa, no entanto, é um organismo vivo, agindo num ambiente em constante mudança. Cresce, desenvolve-se e aumenta seu valor patrimonial, criando, portanto, riqueza para o país e emprego para os cidadãos.
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Por se relacionar com ambos os ambientes, o interno e externo, e com
diversos agentes concomitantemente, a natureza do relacionamento também se
apresenta de forma diversa. A forma de distribuir o capital entre as diversas áreas,
assessorando-as na escolha das inversões, dadas as diversas modalidades de
aplicações e com prazos de transformação em moeda diferentes, caracteriza a
natureza do problema de informações neste campo. Outro fator é o volume
monetário objeto de atenção. Uma má gestão em torno de relacionamentos que
envolvem enormes cifras pode conduzir um empreendimento à bancarrota.
Os problemas de gestão devem ser conduzidos de maneira que a
contabilidade da empresa seja o reflexo da ação direta dos gestores, sob a
orientação dos responsáveis pela sua contabilidade. Uma convivência harmônica
entre a contabilidade terceirizada e uma empresa é um fator de sucesso, segundo
as empresas estudadas demonstram. Por não possuírem os conhecimentos
necessários no âmbito das Ciências Contábeis, delegar a terceiros a
responsabilidade é mostrar coerência ao trabalhar com o mercado, não tomando
atitudes sem o devido embasamento fiscal e tributário.
Devido a todos os fatores já colocados, como a dinâmica do mundo
empresarial e a complexidade de relacionamentos, é possível crer que a melhora
das decisões tomadas no âmbito da área de finanças só será possível com um
processo de gestão que contemple tais problemas, amenizando os impactos
maléficos ao negócio e buscando sempre otimizar as atividades e prestando um
serviço cada vez melhor à sociedade.
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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objeto de estudo deste trabalho enquanto processo histórico foi
contemplado como base para referenciar as observações posteriores. Após
apresentação dos conceitos e teorias sobre o empreendedorismo, segue-se um
capítulo do perfil do atual empreendedor, suas características e como cada um tem
seu espaço dentro do mercado. Aliados a estes empreendedores, buscou-se
mostrar a importância da parceria com aquelas empresas que cuidam da sua
contabilidade, orientando e reestruturando a gestão para a excelência da
microempresa.
Os objetivos do trabalho foram alcançados quando se percebeu que os
modelos e paradigmas utilizados pelos gestores das microempresas do município
estão atendendo à demanda de forma adequada, o que veio de encontro ao cerne
da problemática estudada, qual sejam as contabilidades contribuem com a melhoria
dos desempenhos das pequenas empresas não apenas pelo simples controles
orçamentários ou consultas legais, mas como parte de uma gestão compartilhada
que visa o sucesso de ambas.
No último capítulo, fez-se uma síntese dos conteúdos apresentados em
função da realidade encontrada na cidade de Tianguá, o que confirmou as
expectativas da pesquisa. Estas expectativas visavam mostrar um panorama fiel de
como trabalham as microempresas no município e como as contabilidades servem
de suporte para o desenvolvimento destas empresas.
Do ponto de vista orçamentário e fiscal, as empresas observadas não foram
exceção à regra de que um empreendimento é uma construção coletiva, muito
embora surja de uma ideia individual. Para se colocar em prática a ideia, são muitos
os aspectos a serem levados em consideração, e na sua grande maioria exige um
conhecimento que está além do empreendedor. Nesse momento se coloca
imperativo que a contabilidade da empresa seja gerida de forma responsável, não se
restringindo apenas ao controle, mas tendo papel relevante na orientação de todos
os aspectos empresariais.
As empresas estudadas demonstraram satisfação na parceria com suas
respectivas contabilidades, e consideram-nas parte integrante da empresa,
fortalecendo um relacionamento profissional que na opinião dos empresários, trará
desenvolvimento e progresso para as empresas.
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Saber ouvir e partilhar as orientações contábeis é um processo no qual os
envolvidos devem construir uma confiança mútua, que mostre a transparência das
ações contábeis por ambos os lados, e construindo um conjunto de metas objetivas
e realistas a serem alcançadas no futuro. Neste ponto, as contabilidades estão
cumprindo seu papel e sendo parte essencial no sucesso dos empreendimentos
estudados nesta pesquisa.
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46
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FONTES ORAIS
José Maria de Aguiar Fontenele – Microempresário – Entrevistado em 19/04/2012
Maria de Fátima Vasconcelos – Microempresária – Entrevistada em 24/05/2012
Maria das Graças Cardoso Freire – Microempresária – Entrevistada em 08/05/2012
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APÊNDICES
Roteiro para entrevista – Microempresários
1) Qual a importância que você atribui ao trabalho da contabilidade da sua
empresa para a melhoria do seu desempenho?
- “Desde que pensei em fundar uma empresa que procurei o Ailton (Proprietário da
AC Contabilidade), e pedi orientação de como fazer e ele me deu todas as
orientações tanto sobre a parte burocrática, de documentação como me deu ideias
de como trabalhar com o dinheiro. Todo mês eu vou lá e olho com o funcionário
responsável minhas despesas e o que vendi, e ele já está tão acostumado e
conhece tanto da loja que já me orienta sem precisar nem pedir. A decisão final é
minha, mas não sei o que faria sem as orientações da contabilidade.” (Maria das
Graças Cardoso Freire – 08/05/2012).
2) Qual a periodicidade com que ocorrem as reuniões nas quais você se informa sobre a situação financeira da sua empresa para reestruturar seu orçamento ?
“Uma vez por mês é sagrado eu ir na contabilidade pra ver a situação fiscal e dos
impostos da empresa. O pessoal a contabilidade estuda muito pra poder dar esse
suporte pra gente, e eles dizem sempre o que é melhor pra empresa, não deixam a
gente arriscar fazendo besteira. Quando eu acho que precisa, vou várias vezes lá pa
acompanhar melhor quando invisto dinheiro.” ( José Maria de Aguiar Fontenele –
19/04/2012)
3) Seu conhecimento sobre as novas tendências do empreendedorismo vem exclusivamente da sua assessoria contábil ou você procura outras fontes de informação ?
-“Eu procuro estar sempre informada até porque não posso ajudar se não trabalhar
em parceria com a contabilidade. Só nos aspectos legais, de tributação que eu não
entendo bem e deixo nas mãos do pessoal de lá. No mais, toda decisão que eu
tomo primeiro discuto com os responsáveis pela contabilidade da papelaria e só
depois eu decido. O papel deles me orientando sempre foi da maior importância e
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acho que o negócio pra dar certo tem que ser feito por quem sabe. Não adianta
querer se meter no que não sabe, pois o prejuízo é certo.” (Maria de Fátima
Vasconcelos – 24/05/2012).
4) Como você acha que a contabilidade poderia contribuir de maneira ainda
mais efetiva para um melhor desempenho da sua empresa ?
-“ A contabilidade faz o que precisa pra desenvolver cada vez mais os negócios, e o
trabalho que faz é muito bem feito. Sinceramente não consigo ver como eles podiam
me ajudar mais ainda, porque muitas coisas são bem profissionais, coisas de
legislação que eu não entendo, então se existe alguma coisa que eles anda podem
fazer mais eu não conheço.” ( José Maria de Aguiar Fontenele – 19/04/2012 )
5) Como microempresário, quais seus planos a médio e longo prazo para sua
empresa ?
- “Os planos sempre são de crescimento, de expansão, mas tudo dentro do possível.
Eu sou muito sonhadora e de vez em quando preciso que alguém me chame pra
realidade e não me deixe levar por projetos além da minha capacidade. Pretendo se
tudo continuar como vai, abrir outra loja, num ponto mais central. Queria também
ajeitar pra assinar as carteiras das minhas funcionárias porque do jeito que tá a lei
não tem a mínima condição. Eu sei que o governo já fez muito pelas empresas
pequenas, falta ele dar condições do pequeno empresário poder atender o mercado
de trabalho dentro da lei sem ter prejuízo, o que hoje é impossível.” (Maria das
Graças Cardoso Freire – 08/05/2012).
6) Você considera a empresa de assessoria contábil como peça fundamental para o sucesso do seu empreendimento ? Justifique.
- “Ah, eu sempre tratei o pessoal da contabilidade como meus sócios, porque
sempre digo que sem eles eu já tinha fechado as portas. Sempre que eu os preciso
me mostram todas as opções que eu tenho pra usar meus recursos e dão orientação
sobre todos os investimentos. Se eu cheguei até aqui foi porque sempre segui as
orientações e confiei na contabilidade que trabalha comigo.” (José Maria de Aguiar
Fontenele – 19 / 04 / 2012).