Post on 23-Jan-2016
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A Fotografia de Rua como Experiência do Sensível
Profª Drª Marta Martins
Maryella Sobrinho | Luciano Buchmann | Cyntia Werner
Boris Kossoy (São Paulo, 1941), fotógrafo, pesquisador, historiador e professor. Em 1968 fundou o Estúdio Ampliart, atuando nas áreas de jornalismo, publicidade e retrato, paralelamente a uma carreira autoral.
Responsável pelo resgate histórico da pesquisas que comprovaram a invenção paralela da fotografia no Brasil por Hércules Florence, trazendo reconhecimento mundial a esse inventor.
Hercules Florence, através dos seus experimentos com métodos de “impressão pela luz”, inventou a fotografia no Brasil de forma isolada em 1833. Através de uma intensa pesquisa, BorisKossoyo colocou entre os pioneiros mundiais na descoberta da fotografia
Construção e desmontagem do signo fotográfico
•Estética, memória e ideologia•Imagem fotográfica. Sua trama, suas realidades•Mecanismos internos da produção e da recepção de imagens: processos de construção de realidades•Mundo real e mundo ficcional•Proposição metodológica de análise e interpretação das fotografias: a desmontagem do signo fotográfico
Estética, memória e ideologia
•1ª parte teórica: retoma conceitos para expandir questões e propor novas contribuições ao “terreno pantanoso e sedutor da estética fotográfica”•Estudo de fontes propiciar elementos de percepção para registro e direção da compreensão sobre fatos históricos;•Trata-se da fotografia como instrumento para a reflexão da estética fotográfica;•aplicação de tais conceitos na interpretação das imagens contemporâneas e do passado;
Estética, memória e ideologia
•A fotografia: “testemunho da verdade”, de fatos, as fotos; credibilidade mesmo sempre possível de prestar-se a diferentes usos;
•Ideologias diversas tiveram na foto instrumento de veiculaçãomultimassiva- informação + divulgação. Manipulação para a credibilidade junto a massa sempre foi presente: política comprova.
•Uso ilustrativo
•O potencial do documento não é explorado; desconhecimento ou despreparo;
•Informação não decodificada
•“muitas vezes na própria imagem” como sendo a fotografia igual à história” (p.21)
•O conteúdo da imagem- fonte de informação para emprego na investigação histórica, “além da própria fotografia”, ponto de partida para desvendar o passado:
Elas nos mostram um fragmento selecionado doa aparência das coisas, das pessoas, dos fatos, tal como foram(estética/ideologicamente) congelados num a cada momento de sua existência/ocorrência (p.21)
•A foto não é espelho fiel do fato.
•Ambiguidades, portadoras de significados não explícitos e de omissões, pensadas e calculadas que “aguardam competente decifração”(p.22)
•Sem o que permanecem “estagnadas no seu silêncio – fragmentos desconectados da memória, meras ilustrações “artista do passado”
•A imagem fixa congelada na sua condição documental.
Cabe
•A “tarefa de desmontagem de contribuições ideológicas materializadas”;
•“Decifrar a realidade interior das representações fotográficas, realidades e ficções, as finalidades para as quais foram produzidas é a tarefa para as quais foram produzidas é a tarefa fundamental a ser empreendida” (p.23)
Imagem fotográfica. Sua trama, suas realidades.
Os elementos constitutivos incorporados a imagem
fotográfica.
Desmonte dos elementos constitutivos:
•assunto;•Seleção do equipamento•Quadro, composição – harmonia•Momento: instante de obtenção do resultado planejado;•Seleção material (f. base química);•“atmosfera”/laboratório;
•Fragmentação: assunto selecionado do real (recorte espacial)
•Congelamento:paralisação da cena (interrupção da cena)
A imagem é criada de um só golpe
“fio da duração e do continuum da extensão” “temporalmente a imagem-ato fotográfica interrompe, detém, fixa, imobiliza[...]desprende da duração captando um só instante. Espacialmente, da mesma maneira, funciona, elege, isola[...]uma porção da extensão” (p.29)Dubois
Técnica/repertório
•A técnica - articular a relação fragmentação/congelamento: cultural e expressivamente no processo criação – no instante do registro se dá a materialização documental do espaço e tempo;•Repertório/filtro individual c/ apoio tecnológico = Interpretação final/ laboratório=processo/construção
Fotografia: documento/representação
•Representação a partir do real – olhar e a ideologia de seu autor.•Em função da sua materialidade registro a tomamos também como documento do real, umafonte histórica [contém informação de testemunha direta dos fatos]•Registro/testemunho fotográfico-processo de criação; relação registro/criação: binômio indivisível. (p.31)•Ambiguidade fundamental na análise de fontes fotográficas
DUALIDADE ONTOLÓGICA DOS CONTEÚDOS FOTOGRÁFICOS
•A foto fornece sempre provas, indícios, funciona sempre como documento iconográfico de certa realidade:•Índice: prova, constatação documental sobre o assunto representado;rastroindicial, mesmo que este referente tenha sido artificialmente produzido;•Ícone:comprovação documental da aparência do assunto que o mesmo tem com a imagem, produto iconográfico com elevado grau de semelhança; (p.33)
•Indicialidade iconográfica que dá corpo à evidência e conforma o registro fotográfico não independente do ato criador;•O índice comprova a ocorrência / aparência do referente que o fotógrafo pretendeu perpetuar.•O dado do real, registrado, corresponde a um produto documental elaborado cultural, técnica e esteticamente, portanto ideologicamente
Imagem fotográfica
REPRESENTAÇÃO[a partir do real]
[materialização documental]REGISTRO
[obtido através de u sistema de representação visual]
[Processo de ]CRIAÇÃO/CONSTRUÇÃO[elaboração pelo fotógrafo]
DOCUMENTO[do real
As realidades da fotografia
•Primeira realidade
•É o próprio passado;•Assunto na dimensão da vida passada;•História particular do assunto;•Contexto do assunto no ato do registro;•Processo de criação / tempo e espaço
•Segunda realidade
•Realidade do assunto representado, limites bidimensionais da imagem;•imutável documento visual.•Realidade do documento, referência sempre presente de um passado inacessível. Original e cópias sempre uma segunda realidade
O assuntoconteúdo explícito: face aparente e externa de uma micro história do passado.Realidade exterior = documento
Natureza comum a todas as imagens fotográficas e que se constitui em segunda realidade
A fotografia consiste nisso:
•Transposição da realidade – assunto selecionado ( primeira realidade), para a realidade da representação ( 2ª representação);•Registro expressivo das aparências não verdade histórica;•Quadro 3
ASSUNTOregistrado(representação)
Processo de CRIAÇÃO
[dimensão da imagem fotográfica]
2ª realidade
REALIDADE EXTERIOR[nível do documento o
aparente]
ESPAÇO TEMPO
Mecanismos Internos da Produção e da Recepção das Imagens:
Processos de construção de Realidade*
Detecção e explicitação dasmultiplasrealidades
Mecanismos de regência da produção e recepção das imagens
Mecanismos mentais que encerram a experiência fotográfica:
•Processo de construção e representação;•Processo de construção da interpretação/recepção;•Objetivo : contribuir para fundamentos daestéticada fotografia;•A desmontagem destes mecanismos permite perceber produção e recepção são processos de construção de realidades; (quadro 4)
A produção da imagem:mecânismo interno de construção e representação
•A fotografia é construção somatória de montagens: intenção + material cultural, estética/ ideológica;•Fotografia conecta c referente; recriação: assunto é produto do processo de criação; construção do signo+ nova realidade, do objeto à representação como transposição da realidade, esse como um novo real, ideologizado “a segunda realidade”
•Elo de ligação com o passado – documento•Realidade fragmentária o assunto da representação; ligação ao passado que tomamos como referencia (1ª realidade)•Essa realidade da representação veicula memória, apreciada, interpretada•A 1ª realidade – do passado – substituída pelo signo expressivo “signo da presença imaginária de uma ausência definitiva”(FritzKempe)
A recepção
•Subtende os mecanismos do processo de interpretação. Liga-se ao imaginário, ao repertório individual.•Diferenças subjetivas permitem leitura plural;•O receptor possui imagens preconcebidas que agem como filtros e regem o comportamento;•Dependendo do estímulo: interagimos e recriamos•Rememoração; moldagem comportamental: consumo, conceituação, fantasiar ...interpretações convenientes na adequação dos significados (p.45)
•Adequação em relação as imagens mentais•A foto gera memórias, um arquivo visual de referências insubstituível – uma vez assimiladas, torna-se dinâmico/ reação imaginária;•Imaginário em combinatória com o capital simbólico e a emoção;•A imagem fotográfica ultrapassa na mente do receptor, o fato que representa. (p.45)
A foto original está e que inclui Joseph Stalin, NikolaiYezhov, e Leon Trotsky. Stalin,Trotsky tinha tirado a fotografia na segunda imagem para fins de propaganda, negandoqualquer associação entre os dois. Isso muda completamente a mensagem doimage. DepoisYezhovfoi executado, alguns anos depois, ele também foi editado fora
desta fotografia, portanto, o que implica que ele não existia em afiliação com Stalin.Foto não autentica e não verídica.
Fotos de celebridades manipuladas digitalmente em favor das manifestações no Brasil.Não é autentica e não é verídica.
Governo norte-coreano adulterou fotos para gerar comoção internacional. Não éautentica e não é verídica.
PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE REALIDADES
- Para construir um signo fotográfico, é necessária a criação
documental de uma realidade concreta.
- Confronto de realidades: segunda (a representação) e a primeira
(o que se imagina,construção fragmentada, através de recuperação
de pedaços do passado).
- O conflito = visível x invisível.
- A realidade passada é fixa. Não há como mudar o passado.A vida
“real”. mesmo assim, está sujeita à múltiplas interpretações.
- Sempre haverá uma construção de realidades. É ai que reside o
ponto nodal da expressão fotográfica: uma realidade moldável em
sua produção, plena de verdades explícitas e segredos implícitos.
- A fotografia é documental, porém imaginária.(p.47)
“Tratamos,pois, de uma expressão peculiar que, por possibilitar
inúmeras representações/interpretações, realimenta o imaginário
num processo sucessivo e interminável de construção e criação de
novas realidades.” (p.48)
http://www.alemdaimaginacao.com/Fotos%20do%
20Alem/fotos_post_mortem.html
Produção, elaborada pelo fotógrafo (materialização documental)
Pós-produção, editoração estética/ideológica (manipulação de toda ordem)
Representação final (mensagem direcionada)
Processo de construção de interpretação
Recepção
Análise iconográfica: arqueologia do documento.
Tentar encontrar todas as informações daquele
documento. É uma busca por informações úteis na
medida em que nos revelam dados concretos sobre o
documento no que diz respeito à sua materialização
documental e aos detalhes nele gravados.
Interpretação iconológica: momento em que lembramos
que o documento fotográfico é uma representação a
partir do real, onde está representado um recorte do
real, organizado ideologicamente. É importante
resgatar a história própria do assunto (não importa o
momento). Busca-se decifrar a realidade interior, seu
significado.
Documento fotográfico
Análise iconográfica Interpretação iconológica
Realidade exterior+Realidade interior
Partem rumo ao planalto central os primeiros funcionários públicos a fazerem o trajeto de mudança para a capital de ônibus
O Cartão postal:Entre a Nostalgia e a Memória
- Surgimento do cartão postal na passagem do século XIX para o XX;
- Imagens acessíveis a grande massa através da reprodução em gravura;
- Consolidação da “civilização da imagem”;
- 1900-1925, “idade de ouro” do cartão postal, colecionismo;
- Modismo europeu absorvido pela sociedade brasileira;
- Fotográfos retratistas passaram a se dedicar as fotos de paisagem;
- Predomínio de vistas de logradouros e panoramas de cidades;
- Caso de São Paulo na passagem do seculo XIX para o XX;
- Elite almeja uma capital iconograficamente européia.
- Fotágrafos: Guilherme Gaensly e Vicenzo Pastore.
A Construção Nacional na Fotografia Brasileira:O Espelho Europeu
- Montagem ideológica na imagem fotográfica;
- Construção de uma identidade nacional no período imperial;
- Joaquim Insley Pacheco, retrato da família real;
- Cenas de progresso material, triunfos militares e natureza;
- Acumulo de componentes ideológicos na imagem fotográfica;
- Estereótipos nacionais como elemento de identificação no exterior;
- Album de vues du Brésil, Barão de Rio Branco;
- Montagem editada, construída ideologicamente;
- Reelaborada por “renomados litógrafos franceses”;
- Exposição Universal de 1889;
- Queda da monarquia.
Imagens e Arquivos: para que não nos
esqueçamos
“A luta pela proteção do patrimônio fotográfico é
uma questão cultural que afeta a todos aqueles
que têm um minimo de preocupação com a segurança
das informações históricas e contemporâneas que
se acham gravadas nos documentos.”
“A fotografia conecta-se a uma realidade primeira que
a gerou em algum lugar e época. Porém, perdendo-se os
dados sobre aquele passado, ou melhor, não existindo
informações acerca do referente que a originou, o que
mais resta? Uma imagem perdida, sem identificação,
sem identidade… sem história.” (p.130)
Autoria desconhecida. Fonte: Arquivo Público de Brasília
“É o espetáculo da cidade, identificável pela aparência gravada na
imagem fotográfica: precioso documento, que preserva a memória
histórica. (...) Estamos diante de realidades superpostas, a que se
vê retratada na imagem (segunda realidade, a da representação)
convivendo com aquela que se imagina e que teve lugar no passado
(primeira realidade) num jogo ambíguo, eterno e deslizante.” (p.133)
https://www.google.com.br/search?q=candangos+na+constru%C3%A7%C3%A3o+de+brasilia&rlz=1CASMAE_enBR645BR645&espv=2&biw=1366&bih=633&site=webhp&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0CAYQ_AUoAWoVChMIycT47dz7xwIVzH2QCh102wC3#imgrc=bOxjkQKnEdsdAM%3A