Post on 14-Apr-2017
UNIVERSIDADE DE SOROCABA
PRÓ-REITORIA ACADÊMICA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA
Evelyn Golin
Gisele Lemos
Tassiane Leite
Thamara Barbosa
Thatiana Rosinha
RELÁTORIO DE VISITA TÉCNICA
PARA A DISCIPLINA DE BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL
Sorocaba/SP
2015
RELÁTORIO DE VISITA TÉCNICA
PARA A DISCIPLINA DE BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL
Seminário apresentado como exigência parcial para
obtenção da aprovação na disciplina de Bioclimatologia
Animal, do curso Medicina Veterinária da Universidade
de Sorocaba.
Orientadora: Regina Maria Nascimento Augusto
INTRODUÇÃO
Foram realizadas três visitas técnicas em granjas de cunicultura tanto para
criação de coelhos para corte, quanto para estimação.
A primeira visita foi realizada no mês de setembro à fazenda Angolana,
localizada no município de São Roque, interior de São Paulo, no qual fomos
atendidas pelo criador responsável pela área de cunicultura do local, Henrique.
Este não possui nenhuma formação técnica em zootecnia e veterinária, mas
apresentou amplo conhecimento e experiência na cunicultura.
A segunda visita foi no mês de Outubro, na granja Coelho Bela Vista,
localizada no município de Campo Limpo Paulista, interior de São Paulo, no
qual fomos atendidas e guiadas pelo casal Laerte Tvardovskas e Helena
Mattana. Ambos não possuem formação técnica na área zootecnia e
veterinária, mas apresentaram amplo conhecimento e experiência na área de
cunicultura.
A terceira e última visita foi também no mês de Outubro, na Cunicultura da
Universidade Estadual Paulista (UNESP), localizada no município de Botucatu,
interior de São Paulo. Nesta Cunicultura fomos atendidas e guiadas pela
médica veterinária e professora Ana Silvia Moura, responsável pela área de
Cunicultura e Animais de Biotério da universidade.
A seguir no decorrer do trabalho apresentaremos os relatórios das visitas
técnicas de cada granja visitada.
Visita Técnica: Fazenda Angolana
Dia: 17/09
Responsável do Local: Henrique
Veterinário do Local: não presente
Criação de: Coelhos de diversas raças pet e matrizes.
Quantidade de Galpões: 03 com distância de 8m de cada um
Direção do galpão: Galpões estavam voltados do Leste para Oeste
Latitude (se possível): não possível
Quantos animais por m2: somente 01 família por gaiola (máximo 6)
Altura pé direito: 2,30 m
Comprimento do galpão: 50 m
Largura do Galpão: 4,0 m
Resfriamento do Local: através de telhas de barro
Temperatura ambiente: alta, próxima dos 32º C
Temperatura do Galpão: amena com ventos excessivos que fazia mal aos
animais que começaram a espirrar. Aproximadamente 32º no dia da visita.
Umidade Relativa: não medida
Local provido de árvores no Galpão: sim em suas laterais, galpão com
bastante sombra.
Árvores Próximas: ( ) Longe ( ) Sem árvores (x)Muito próximas
Observação: Árvores de porte médio (bananeira que serve para alimento
verde para o coelho), tipuana para sombra.
Local provido de: Lago ( ) Represa ( x ) Nascente Rio ( )
Há vetores próximos do Local: Ratos ( x ) Pombos ( x )
Há controle de temperatura do ambiente (registro diário) :( )sim (x)não
Pontos negativos:
Odor de amônia forte por não ter sistema de drenagem.
As cortinas estavam abaixadas e no dia havia muito vento, fazendo
muitos animais espirrarem.
Muitas fezes acumuladas.
Sistema de irrigação feito por mangueira.
Rasuras e falta de informações nas fichas de controle dos machos
Algumas fichas de controles localizadas do lado esquerdo do galpão
apresentavam manchas de água, podendo ser por causa de chuva
Pontos positivos:
Local bem arejado.
Boa distribuição de animais por gaiola.
Alimentação farta para os animais.
Alto controle das fichas das fêmeas matrizes.
Sistema de água próximo tratado e fresco.
Telhas de barro para refrescar o ambiente.
FOTOS:
Figura 1: Galpão com vista externa
Visita Técnica: Coelho Bela Vista
Dia: 13/10
Responsável do Local: Laerte Tvardovskas
Veterinário do Local: não tem
Criação de: Coelhos de diversas pet e raças corte.
Quantidade de Galpões: 02, um em reforma
Direção do galpão: Galpão estava voltado do Leste para Oeste
Latitude (se possível): não possível
Quantos animais por m2: somente 01 por gaiola
Altura pé direito: 2,30 m
Comprimento do galpão: 11 m
Largura do Galpão: 4,0 m
Resfriamento do Local: não tem
Temperatura ambiente: por volta dos 26ºC no dia da visita
Temperatura do Galpão: aproximadamente 25ºC no dia da visita
Umidade Relativa: não medida
Local provido de árvores no Galpão: sim e também estava muito próximo de
um barranco
Árvores Próximas: ( ) Longe ( ) Sem árvores (x)Muito próximas
Local provido de : Lago ( ) Represa ( ) Rio ( ) Não(X)
Há vetores próximos do Local: Ratos ( x ) Pombos ( x )
Há controle de temperatura do ambiente (registro diário): ( )sim (x)não
Pontos negativos:
Galpão muito próximo de morro, com risco de deslizamento.
Telhado de amianto.
Parede do fundo de amianto.
Não tinha cortina na lateral.
Abatedouro clandestino.
Pontos positivos:
Ninho aberto para facilitar a higienização.
Gaiola de matriz espaçamento lateral das grades reduzidas
lateralmente.
Fundo da gaiola de madeira removível, feito com madeira de lei para
maior durabilidade e para descanso das patas dos coelhos.
Utilização de rami na alimentação dos coelhos.
Sistema de drenagem.
Retirada do esterco muito facilitada pelas gaiolas suspensas.
Retirada de esterco a cada 15 dias, evitando o odor de amônia.
Irrigação feita por encanamento.
FOTOS:
: Vista interna do Galpão com gaiolas suspensas.
Figura 7: Vista lateral esquerda do galpão.
Visita Técnica: Fazenda do Lajeado ( UNESP)
Dia: 27/10
Responsável do Local: Ana Silvia Moura
Veterinário do Local: Ana Silvia Moura
Criação de: Coelhos de corte e matrizes.
Quantidade de Galpões: 02
Direção do Galpão: Galpão estava voltado do Leste para Oeste
Latitude (se possível): não possível
Quantos animais por m2: Uma família por Gaiola, máximo 6 na amamentação
e 6 desmamados.
Altura pé direito: 2,30 m
Comprimento do galpão: 50 m
Largura do Galpão: 4,0 m
Resfriamento do Local: através de telhas de barro e ventiladores
Temperatura ambiente: muito quente no dia da visita 29ºC
Temperatura do Galpão: agradável, aproximadamente 28ºC no dia da visita
Umidade Relativa: não mensurada
Local provido de árvores no Galpão: sim
Árvores Próximas: ( ) Longe ( ) Sem árvores (x)Muito próximas
Observação: Galpão da Universidade Estadual de São Paulo Júlio de
Mesquita Filho – cidade Botucatu
Local provido de Lago ( ) Represa ( x ) Nascente ( ) Rio
Há vetores próximos do Local: Ratos ( ) Pombos ( x )
Há controle de temperatura do ambiente (registro diário): ( )sim ( x)não
Pontos negativos:
Corredor de passagem amplo, mas com pouco intervalo entre as
gaiolas, no qual ocasionalmente os coelhos urinam no corredor de
passagem.
Sem árvores próximas e em volta do galpão, apenas um pequeno morro
do lado direito, que ajuda a quebrar um pouco do vento.
Gaiolas enferrujadas, no qual as patas de todos os coelhos encontram-
se na coloração alaranjada.
Galpão, com muito pelos presos em todo lugar, indicando que há muito
tempo não houve limpeza com vassoura de fogo no local.
Era visível a inexistência ou entupimento do sistema de drenagem do
solo, ocasionando um galpão com odor forte de amônia.
Presença de muitos insetos no local (principalmente moscas).
Pontos Positivos:
Gaiolas grandes e boa distribuição de animais por gaiolas
Local bem arejado.
Alimentação farta
Alto controle de fichas dos animais
Telhado de barro
Sistema de distribuição de água muito organizado por canos pvc.
Água tratada.
Figura 8: Vista lateral esquerda do Galpão
Figura 13: Coelhos com patas manchadas de ferrugem das gaiolas
Conforto do ambiente aplicado a cunicultura.
Importância das instalações Segundo texto do Walter Mota , Barbosa et al. (1992a) cita que dentre os
fatores importantes na criação de coelhos, destacam-se sem dúvida as
instalações. O autor considera que nos climas tropicais a temperatura do
ar durante todo ano, é bastante elevada e percuta-se dar condições de
conforto aos coelhos, construindo instalações que permitam uma boa
ventilação, luz suficiente e temperatura mais próxima da zona de
conforto. Os pesquisadores ainda destacam que por o coelho ter
ausência de glândulas sudoríparas ele apresenta dificuldades em perder
calor. Nããs (1989) cita que tanto o ganho quanto a perda de calor por
condução dar-se-á através dos componentes das edificações, ou seja,
pelas paredes, teto e piso. Tais componentes devem ser propícios a
favorecer a mais lógica troca de calor para melhor favorecer o conforto
animal.
Camps (2002), cita que os animais postos no solo, comparando com
outros em gaiolas, têm maior mortalidade, pior conversão alimentar e
menor crescimento diário. Para manter as condições técnicas próximas
da ideal, é necessário um bom isolamento, sendo, portanto prioritárias a
utilização de material adequado para a construção de paredes e
coberturas.
As construções, as instalações e equipamentos devem ser de fácil
limpeza e desinfecção, além de não alterarem a paisagem do meio, com
materiais agressivos. É imprescindível também que a granja esteja
localizada em local tranqüilo longe de auto-estradas e cidades
Medidas adaptativas dos coelhos Segundo Zapatero (1979) o coelho tem um sistema termorregulador no
hipotálamo que atua em face de um calor excessivo, acelerando os
movimentos respiratórios, evaporando água através da superfície
pulmonar. Outro mecanismo é a vasodilatacão cutânea, que poe muito
sangue em contato com a superfície externa, irradiando calor e fazendo
baixar por sua vez a dos órgãos internos, sem o que transpiram sem a
intervenção das glândulas sudoríparas o que no coelho tem um numero
bem reduzido. As orelhas do animal ganham destaque nas trocas de
calor com o ambiente. De acordo com Baêta e Souza (1997) quando o
animal está em ambiente térmico estressante, as formas latentes de
calor são acionadas, essas formas são de fundamental importância, uma
vez que as formas sensíveis deixam de ser efetivas no balanço
homeotérmico. Zapatero (1979) cita também outras defesas do animal
como a camada gordurosa subcutânea que os protege tanto do calor
como do frio, alem do pêlo por além de estar constituído por queratina,
pela formação de uma cobertura porosa em torno da pele, permite a
circulação de um ar mais quente que o do exterior. As glândulas supra-
renais atuam também mediante um aumento de adrenalina circulante,
que faz aumentar a produção de calor, diminuindo por outro lado a sua
perda por irradiação. O coelho por ser um animal pequeno tendo alta
relação massa x superfície, perde calor com muita facilidade. Uma
característica evolutiva do coelho nova zelândia branco é a cor do seu
pelame visto que a cor branca reflete maior quantidade de energia. A
partir de resultados de seus trabalhos Azevedo et al. (1998), mostraram
que no verão-outono há aumento significativo nos parâmetros fisiológicos
das coelhas, más a eficiência reprodutiva e desenvolvimento dos láparos
não são influenciados.
Fatores que determinam a conforto térmico
Temperatura A temperatura é um dos fatores que maior influencia exerce no meio
ambiente e que define mais objetivamente o grau de conforto concedido
às instalações dos animais (Duarte e Carvalho, 1979). Barbosa et al.
(1992b) cita que em condições fisiológicas normais, o coelho mantém
sua temperatura corporal (38,5ºC) sem gasto de energia. Caso a
temperatura ambiente se eleve, o consumo de ração diminui sempre na
ordem de 1 a 2% para cada grau acima de 27 a 28ºC, temperatura
considerada crítica por diversos autores.
É importante delimitarmos uma faixa de temperatura ideal para essa
espécie animal (zona de conforto). Muller (1982) define a zona de
conforto como a área em que a temperatura do corpo se mantém,
constante com o mínimo de esforço do sistema termorregulador, onde
não existe sensação de frio ou de calor.
Fonte: Muller 1982
Quadro de temperaturas criticas ambiental. Com qualquer elevação ou
abaixamento dos limites (A-A’) o mecanismo termorregulador começa a
funcionar. Quando a temperatura ambiente cai abaixo da zona de
conforto (A), verificamos uma vasoconstricão e uma piloereção
generalizada, do que resulta um ligeiro aumento da conservação de
calor. Entretanto se a temperatura cair mais do que o ponto (B), começa
a subir a produção de calor até atingir uma certa temperatura mais baixa
(C), onde já o animal perde a capacidade de produzir calor e a
temperatura corporal começa a descer, acelerando assim, o processo de
esfriamento até atingir o processo letal de temperatura e o animal morre
de frio (D). Quando acima da zona de conforto, (A’) entram em jogo os
mecanismos de dissipação de calor e haverá uma vasodilatacão e
taquipnéia. Ao elevar a temperatura ambiental acima de B’, intensificam
se a taquipnéia, para que haja uma diminuição compensatória de calor.
Entretanto uma maior elevação da temperatura ambiental (C’) aumenta
mais a taquipnéia, porem é insatisfatória para baixar a temperatura do
corpo e, desta forma, ela começa a subir ate atingir um limite máximo
(D’), ao qual sobrevêm à morte do animal.
Para o bem estar dos animais seria bom que a temperatura interna do
galpão se mantivessem estáveis, sem variações bruscas, para tal pode
se fazer uso de isolantes térmicos, como isopor, vermiculite, etc. Um
sistema de ventilação, seja natural ou forçada pode colaborar para a
mantença de temperatura ideal, através de exaustores, ventiladores ou
injetores de ar, sempre preservando baixo nível de ruído, pois o barulho
estressa os animais. A umidade deve ser alta, mas a temperatura não. O
ideal seria uma temperatura entre 18 e 22 ºC e umidade de 70%.
De acordo com Muller (1982) a zona de conforto do coelho está
compreendida entre 15 a 20ºC. Todas as funções econômicas de um
animal são atingidas quando este não estiver na sua zona conforto.
Segundo Roca (1998) manter uma temperatura ótima com pouca
oscilação é muito difícil, principalmente em zonas climáticas com grandes
saltos térmicos e também no verão. Deve-se procurar uma variação
máxima de 10ºC durante o dia, onde a temperatura se sitiaria entre 14 a
24ºC com mínimos de 06 a 08ºC e Máximo de 28 a 30ºC.
Segundo Duarte e Carvalho (1979), em termos práticos o ideal de
temperatura coloca; se entre 13 e 20ºC e as situações em que a
temperatura esta fora dos limites e de 5 negativos a 30ºC começa se a
aparecer graves conseqüências. Segundo os mesmos autores, são as
variações térmicas que mais perturbam a fisiologia dos coelhos e se
deve dar atenção ao fato de que o coelho suporta melhor o frio que o
calor. Segundo Roca (1998), o excesso de temperatura ambiental, acima
dos 30ºC apresenta-se mais problemático. Os animais têm pouca defesa
frente ao calor e diminuem o consumo de alimento, o que reduz o
crescimento e afeta a reprodução. O pesquisador cita também outros
aspectos frente a altas temperaturas, a saída precoce dos láparos dos
ninhos que podem morrer aprisionados ao piso das gaiolas, a alteração
da espermatogênese nos machos e nas mudas de pêlo o aparecimento
de enterite nos reprodutores, decréscimo da fertilidade e fecundidade das
matrizes com possível morte embrionária, falta de crescimento e
aparecimento de problemas digestivos na engorda. Já Mezzetti (1977),
citado por Barbosa et al. (1992a), diz que a cunicultura deve ser
conduzida em ambiente onde a temperatura ideal esteja entre 13 a 20ºC,
com limites extremos de 5 a 30ºC.
Quando a temperatura estiver abaixo de 6ºC, os animais consomem
mais alimento e apresentam algum desequilíbrio digestivo, porem será
na maternidade onde devem aparecer animais lactantes mortos que
necessitariam de uma temperatura de 30ºC no ninho, sendo também que
se os láparos estiverem frios a matriz os repele (Roca, 1998). A
temperatura nos ninhos para os láparos recém nascidos deve ser de
35ºC.
É preciso se verificar que o metabolismo dos animais também é
influenciado pelas condições do meio. Baseado nisso podemos atuar na
nutrição do animal de maneira mais eficaz. Se considerarmos a
temperatura onde temos um inverno onde o animal precisa produzir mais
calor pode-se aumentar o nível de incremento calórico aumentando-se o
conteúdo de fibra. Colocando alimentos mais facilmente digestíveis, com
baixo incremento calórico como no caso do verão, estaremos
proporcionando menor estresse calórico.
Umidade A umidade aumenta a capacidade calorífica da atmosfera e, sobretudo,
exalta a sua condutibilidade, escassa em estado seco. Se estiver calor e
o ar é úmido, o organismo sofre-o de forma sufocante, porque o calor
seco se suporta melhor que o úmido (Zapatero, 1979). Segundo o
mesmo autor a umidade atua sobre o metabolismo de forma que o ar
seco aumenta e o úmido o diminui. A umidade deve oscilar entre 65 a 70
%.
Também as variações de umidade que alteram a estabilidade ambiental,
refletem no conforto dos animais e conseqüentemente na sua
rentabilidade (Duarte e Carvalho, 1979). Segundo tais autores, há
admissão de que o ponto ideal de humildade situa se entre 50 a 80%.
Abaixo de 50% corre se o risco de se atingir uma atmosfera
demasiadamente seca provocando efeitos irritativos ao nível de mucosas
das vias respiratórias. Como conseqüência, ficam propiciadas condições
de menor resistência. Acima de 80% o ar fica sobrecarregado de
umidade e como resultado faz se sentir com mais intensidade as
variações de temperatura.
Iluminação
Uma boa iluminação também é imprescindível. Segundo Roca (1998)
ainda que o excesso de luz direta pode prejudicar, especialmente na
época de calor, os raios solares geram benefícios por seus efeitos anti-
raquíticos, vigorizantes, estimulantes das glândulas mamárias através da
hipófise e por sua ação esterilizante ambiental. O coelho na natureza
efetua a maior parte das suas atividades vitais no silêncio e na penumbra
da noite, enquanto durante o dia procura na sua toca o isolamento que
lhe permita manter condições ambientais uniformes (Zapatero, 1979). De
acordo com o mesmo autor, a luz é importante de acordo com duas
ações positivas, a primeira contra os germes, pela atuação das radiações
actínicas, que se compõem de comprimentos de ondas capazes de
produzir efeitos químicos, estando o seu espectro compreendido entre a
cor verde e o ultravioleta, sobretudo os raios ultravioletas decompõem as
enzimas de bactérias de protozoários, resultado letal para os mesmos.
Outra ação é sobre a tireóide, glândulas sexuais e formação da vitamina
D. O metabolismo total e o consumo de oxigênio encontram se
favorecidos pela ação da luz, que atua estimulando a circulação.
Ventilação
Segundo Zapatero (1979), os ventos constituem um fator importante de
clima na sua influencia sobre a temperatura a umidade e a distribuição
das chuvas. Ajudam a baixar a temperatura corporal por evaporação e
condutibilidade, máxima quando são fortes e secos alem de influenciar
na disseminação de germes e partículas de pó. Destaque deve ser dado
à aeração abundante, pois essa possibilita a renovação do ar viciado, o
qual apresenta CO2, H2S NH3, e assegura a perfeita oxigenação dos
animais. Devemos garantir que haja essas trocas gasosas sem que haja
correntes de ar, que são prejudiciais aos coelhos. (Roca, 1998).
Tranqüilidade
O coelho e um animal muito sensível às condições de meio. A
tranqüilidade ambiental é um aspecto muito importante. As vozes, gritos
e ruídos fortes e repentinos, aparição inesperada de pessoas provoca
pânico e ansiedade nos coelhos Tal situação pode comprometer
ninhadas pelo atropelamento pelas mães. Alem disso pânico e ansiedade
se traduz implacavelmente em uma diminuição da digestibilidade e uma
alteração da fisiologia corporal (Roca, 1998). O ambiente então deve ser
o mais tranqüilo possível e todas as atitudes que propiciem alteração
nesta tranqüilidade devem ser primeiramente analisadas para
miniminizacão do impacto.
O ruído, em particular, é um dos fatores que mais o perturba e que
desempenha papel de relevo no desencadeamento da situação de stress
(Duarte e Carvalho, 1979). De uma maneira geral, deverão ser evitados
todos os incidentes ou fatores de stress capazes de perturbar a
tranqüilidade.
Densidade populacional A densidade populacional também é fator de destaque no conforto dos
animais. Ferreira e Santiago (1999) citam que o bem estar do coelho
depende em grande parte do espaço disponível; as gaiolas
demasiadamente pequenas, ou a lotação excessiva limitam os
movimentos, impedindo aos animais determinadas manifestações
naturais com conseqüentes alterações de ordem higiênico-sanitária, de
comportamento e produtiva. Os mesmos autores acima avaliaram a
melhor densidade populacional e os resultados estão na tabela abaixo:
O coelho é um animal que sofre muito frente aos estímulos externos.
Deve-se procurar sempre locais calmos e distantes das metrópoles.
O coelho tem que se a ausência de glândulas sudoríparas tendo grande
dificuldade para perder calor. A zona de conforto está próxima a entre 16
a 22ºC. A partir de 30ºC os prejuízos são observados.
É importante que se tenha uma umidade adequada, dentro de 60 a 70%
o que é importante para facilitar as trocas de calor do animal com o
ambiente via aumento da freqüência respiratório.
Também são importantes uma boa ventilação para troca do ar viciado e
uma boa iluminação para os reprodutores.
O excesso de calor combinado com alta umidade é muito prejudicial aos
animais e afetam a produção de carne. Este excesso é facilmente
observado no verão.
Como deve ser feito a contenção de coelhos?
Como deve ser as instalações?A criação doméstica não há necessidade de tantos gastos como numa
industria.Mas, para evitar prejuízos, são necessárias, pelo menos, as
seguintes instalações e equipamentos: gaiola, bebedouro, comedouro,
manjedoura, ninho e cobertura.
Saiba, agora, como se monta um coelhário. A primeira preocupação deve
ser com relação à água, que deve ser potável. As instalações precisam
oferecer aos coelhos uma boa aeração, condições para que eles que
eles não sofram com as mudanças brutas de temperatura e para que
fiquem protegidos das chuvas, ventos, frio e sol direto.
Providencie, então, o galpão, que poderá ser construído de blocos de
cimento de 10 cm, até a altura de 1,50m, fazendo-se pilares para
sustentação do telhado, o qual poderá ser de duas ou uma só água. A
cobertura pode ser feita com telhas de amianto, que não necessitam de
muito madeiramento, ficando o telhado mais leve do que com telhas de
barro.
As paredes devem ter 1,50m de altura e o restante poderá ser fechado
com tela ou, ainda, com cortinas de plásticos usados para proteger os
coelhos do vento. Depois de construído o galpão, instale as gaiolas de
arame galvanizado, de tamanho padrão que são encontradas em lojas
especializadas: 80 X 60 X 45 cm. Veja o modelo abaixo de uma coelheira
dupla. Para uma criação pequena, o galpão poderá ter 8 X 4 metros,
comportando inicialmente 16 gaiolas, isto é, oito em cada lado, para
abrigar raças médias. Mas também poderá ser feito de tal maneira que,
mais tarde, se construa outro tanto, para ser colocado como se fosse o
segundo andar. Para 10 matrizes (para cada 10 fêmeas é necessário
apenas um macho), são necessárias, no mínimo, 16 gaiolas: uma para o
macho, uma para cada matriz, e algumas de reserva para os filhotes
(antes de irem para a gaiolas de engorda).
As gaiolas devem ficar a 80 cm do solo. Fixadas as gaiolas, coloque os
bebedouros e comedouros dentro de cada uma (normalmente as gaiolas
já vem com comedouro externo, que são os ideais. Os bebedouros,
também encontrados no mercado, são do tipo canudo e adaptados com
uma garrafa do lado externo da gaiola). O corredor, entre as gaiolas,
deve ser cimentado. A esterqueira, que fica sob as gaiolas, deve ter seu
nível abaixo do corredor e ser inclinada para deixar o esterco sempre
seco. O melhor é o uso de gaiolas de arame galvanizado, especiais para
coelhos.
Essas gaiolas podem medir 80x60x40cm ou 60x60x405cm de altura e
devem ser penduradas ou dispostas em pequenos galpões ou meia-
águas ou galpões telados lateralmente, permitindo uma boa aeração
(mas evitando os ventos que são nocivos), impedindo a entrada de
animais estranhos à criação, a uma altura de 80cm do solo.
Podemos cimentar ou não o piso, mas deixar sob as gaiolas, uma valeta
de terra de 30/40cm de profundidade para que permaneça permeável à
água. Nela cairão os detritos que devem ser retirados periodicamente e
que podem ser aproveitados como esterco para plantas ou como
substrato para a produção de húmus e minhocas. Dentro dessa valeta,
podemos colocar uma camada de pedra britada, uma camada de carvão
vegetal, e em cima uma camada de areia lavada.
A água deve ser fornecida à vontade através de bebedouros automáticos
ou em bebedouros tipo vaso, já a ração deve ser fornecida de maneira
controlada, com a utilização de comedouros semiautomáticos ou
comedouros tipo vaso.
Posicionamento das gaiolas
Individuais: colocadas em um só plano (andar), facilitam a inspeção,
podem ser fixadas nas paredes, por outro lado, não se aproveita bem o
espaço vertical do galpão.
Sistema de Baterias: as instaladas em vários andares superpostas,
aproveitando o espaço vertical. Não dever ter mais de três andares,
sendo que as gaiolas devem possuir coletores, em declive, de dejetos
dos animais.
Sistema Californiano: as gaiolas são instaladas em andares, sendo que
uma fica sobre as outras, em níveis diferentes.
OBS. Atualmente o único modelo utilizado é o individual, onde todas as
gaiolas estão jno mesmo plano. Isto facilita a higienização e diminui a
incidência de doenças entre os animais, além de facilitar a mão de obra.
MANEJO SANITARIODe acordo com Segui 1989, sendo o coelho um animal de alta
prolificidade e com um custo pequeno por animal, não compensa o custo
de tratamento, havendo o risco de contaminação do restante do rebanho,
no caso de ocorrência de certas doenças. Portanto, todos os animais que
apresentarem sintomas de doenças devem ser retirados do galpão e,
caso não apresentem melhora devem ser sacrificados.
A melhor forma de manter os animais livres de doenças consiste em
proporcionar boas condições de higiene dentro dos galpões. Sendo o
principal manejo para limpeza e desinfecção das gaiolas (comedouros,
bebedouros e ninhos) feito com o auxílio de um lança chamas e
desinfetantes.
Para a desinfecção dos galpões, principalmente do piso, utiliza se a cal
virgem (calhação), água sanitária, iodo, etc. Em entradas de coelhários
não se pode esquecer do pedilúvio, que pode ser de cal virgem ou algum
tipo de desinfetante, prevenindo a entrada de algum agente patogênico
para o interior da criação.
ComedourosDevem ser de fácil limpeza, feitos de materiais resistentes à ferrugem;
com bordas dobradas para dentro a evitar que se espalhem os alimentos;
posicionados de forma a não contaminar os alimentos com os dejetos; de
tamanho que não permita que o animal entre nele; deve ser prático,
permitindo o manuseio do lado de fora da gaiola e se possível
automatizado.
Eles possuem um ceco bem desenvolvido que desempenha função
importante para o aproveitamento alimentar. No ceco ocorre a
proliferação bacteriana (semelhante ao que ocorre no rúmem), e no
período noturno o coelho se alimenta deste produto (cecotrofagia).
A energia contida no corpo dos animais é importante para as funções
biológicas como o crescimento, reprodução, lactação...
BebedourosComumente são utilizados os tipos vaso ou tipo "chupeta" (automático),
pois evitam que os animais se banhem ou contaminem a água.
Como conhecer o sexo nos coelhos jovens?Em relação a todos os animais domésticos, é o coelho que se destaca
pela precocidade da maturidade sexual; portanto a separação do sexo
deverá ser feita bem cedo, logo após o desmame quando os láparos tem
em média 2 meses de idade. Para se conhecer o sexo dos coelhos
jovens, temos a necessidade de examinar os órgãos sexuais, cuja
técnica é a seguinte: levantar o coelho por cima do lombo, segurando
pela dobra da pele e com os dedos livres segurar a cauda do animal e
repuxá La para trás na direção do corpo.
Com o animal nessa posição, o criador verá duas aberturas situadas
debaixo da cauda que se acha levantada.
Especificidade do coelho
Esterco do coelho: depois de curtidos adequadamente em estrumeiras
especiais, constituem um ótimo adubo, rico em fosfatos e nitratos.
Cérebro:
É dele que é extraída a matéria prima para a síntese Tromboplastina, um
reagente utilizado no exame de sangue, que detecta os distúrbios da
coagulação sanguínea humana. Os principais testes que utilizam as
substâncias extraídas do cérebro de coelho são o Tempo de Protrombina
(TP) e o TTPA (Tempo de Tromboplastina Parcial Ativado). É através
da Tromboplastina que se realiza exames pré operatórios, com o intuito
de medir o tempo de coagulação do sangue, fator importante em uma
cirurgia. Através do teste Tempo de Protrombina (TP) pode-se avaliar a
deficiência dos fatores de coagulação que podem provocar trombose,
embolia, infarto, AVC, monitoramento da coagulação durante cirurgia
cardíaca e doenças.
Sangue:O sangue de coelho é fundamental na produção de meio de cultura
utilizado para diferenciar e identificar bactérias produtoras de hemólise
"tipo Beta" (rompimento total dos glóbulos vermelhos). A "Beta hemólise"
é a principal característica das bactérias Streptococcus pyogenes
aureus e algumas estirpes de Staphylococcusque provocam erisipela,
faringite, escarlatina, glomerulonefrite e febre reumática.
Vísceras: São vendidas para fábricas na produção farinhas para ração
animal.
Orelha:
As orelhas são pré-cozidas e defumadas, sendo vendidas como petiscos
para cachorros.
Pele:
A pele em bom estado pode ser aproveitada para a indústria. Existem, no
entanto, algumas raças que se destacam pela qualidade ou beleza de
suas peles. As peles podem ser comercializadas para empresas que vão
curtir o material ou podem ser curtidas dentro da propriedade. O preço
desse produto varia devido à qualidade do produto e ao tipo de
curtimento usado. Como exemplo, temos as raças Chinchila, Castor-Rex,
Polonesa ( cuja pele é uma ótima imitação da pele do arminho), Negro-e-
fogo e Preteado de Champagne.
Coelhos abatidos:são vendidos pelos criadores, que geralmente
vendem a unidade, sem pesar o anima.
Coelhos vivos para corte:são abatidos entre 90 e 120 dias com peso
médio de 3,0 kg.
Couros:são curtidos, ausentes de pelos e geralmente usados para a
fabricação de acessórios.
Patas: Uma das teorias para a boa sorte da pata do coelho, remonta à
Idade Média (Século XIII) na Grã-Bretanha, acreditava-se que os coelhos
eram criaturas mágicas, que traziam boa sorte, para tal era preciso
carregar junto ao seu corpo, a pata desse animal. Reza a lenda que ao
fazer isso, a pessoa seria curada de doenças e problemas físicos. Seja
qual for a origem, a pata do coelho é um amuleto de sorte muito utilizado,
principalmente por jogadores e artistas, que acreditam estarem
protegidos por ele.
Pelo ou lã: indiscutivelmente é a raça Angorá a que melhor lã produz e
que apresenta o melhor rendimento. No Brasil, a produção de lã de
coelho Angorá é mais desenvolvida na região Sul, devido ao clima mais
ameno, propicio para a criação desta raça. O pelo é retirado por tosa, 3
vezes ao ano. Cada animal pode produzir aproximadamente 150g de
pelo.
Reprodutores:é a atividade que proporciona maiores lucros e também
exige grande prática e conhecimento, demanda maior trabalho e exige
técnicas mais apuradas de reprodução, manejo, alimentação, seleção
entre outros.
Neonatos: (recém-nascidos) são empregados na fabricação de vacina
contra a febre aftosa e o próprio coelho na idade adulta se presta como
animais de pesquisa nos laboratórios.
Cartilagem: obtém-se uma cola de excelente qualidade
Desvantagens na criação de coelho em 2015.Falta de mão de obra especializada em coelhos;
O coelho ainda não caiu no paladar dos brasileiros como o boi e o porco;
Falta de cooperativas para criadores;
Ração animal de boa qualidade de difícil acesso;
Ração devido alta do dólar aumentou em torno de 150%;
Mercado de exportação aquecido, porém, preço do dólar alto.
Modelo de alguns móveis para coelhos
Modelo mais comum de ninho com fundo removível.
Modelo de ninho Bela Vista.
Modelo de ninhos artesanais descrito no Agrobook 20
Modelo de ninho fechado com fundo telado removível.
Modelo americano de Galpão para mini coelho, geralmente instalado em garagens.
Modelo de galpão pequeno.
Galpão semi aberto com gaiolas encostadas na parede com piso reclinado.
Criação concomitante coelho e minhocas.
Galpão suspenso e ninho de madeira sem fundo removível.Referências:Associação Científico Brasileira de Cunicultura
LECIFF = Lab. Experimental de Cunicultura do Instituto Federal de
Farroupilha
Manual prático de cunicultura
Site:
http://www.coelhoecia.com.br/
http://www.saudeanimal.com.br/artigo44.htm#aproveita
http://meioseculodeaprendizagens.blogspot.com.br/2013/05/construcao-
de-coelheiras.html
http://www.resumosetrabalhos.com.br/cunicultura.html
Granja dos coelhos
Granja Bela Vista
Cunicultura dois irmãos
Revista Cunicultura em foco
Granja Coelho Real
Fazenda Angolana
Fazenda do Lajeado
Frigorífico Coelho Real
Criação de coelhos em quintais, nas regiões tropicais- Agrodok, 3ª
edição 2008 – J.B. Schiere.
Fundamentos de conforto ambiente aplicados à cunicultura - Luiz Carlos
Machado , Walter Motta Ferreira