Post on 10-Dec-2018
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.18, n.1, p.81-89, 2016 81
ISSN: 1517-8595
ARTIGO TÉCNICO
ESTUDO DA CADEIA PRODUTIVA DO MEL NO MUNICÍPIO DE ORIZONA –
GOIÁS
Rafael Porto Vieira1, Márcio Fernandes
2
RESUMO
A exploração do mel a partir da apicultura se tornou com o tempo meio de inclusão
econômica e alternativa de emprego e renda a milhares de cidadãos brasileiros. A partir
desta reflexão este artigo teve como objetivo estudar a cadeia produtiva do mel no
município de Orizona – Goiás. Foi elaborado um questionário com 21 questões, o qual
foi aplicado a 82 pessoas do município pesquisado. Concluiu-se a partir de tal estudo
que, os fatores primordiais para que se tenha aumento do consumo de mel pela
população são: informação, investimento em propaganda, marketing e divulgação. A
partir desta avaliação, será possível sanar tais problemas que o mercado da região
enfrenta.
Palavras-chave: agroindústria, apicultura, mel.
STUDY OF SUPPLY CHAIN HONEY IN THE MUNICIPALITY OF ORIZONA
– GOIAS
ABSTRACT
The Operation of honey from the bee be came with theme an time of economic
inclusion and alternative employment and income to thousands of Brazilian citizens.
When reflecting this article was to study the productive chain of honey in the
municipality of Orizona - Goias. A questionnaire with 21 questions was developed,
which was applied to 82 people in the city studied. It was concluded from this study that
the major factors that has increased honey consumption by the population are:
information, investment in advertising, marketing and promotion. From this assessment,
you can deal with these problems that the market in the region faces.
Keywords: agribusiness, beekeeping, honey.
Protocolo 16 2014 148 de 05/02/2015 1 Graduado em Tecnologia de Alimentos. Pós Graduando em Docência Universitária. Instituto Federal Goiano - Campus Urutaí - Rodovia Geraldo Silva Nascimento Km 2,5. CEP 75790-000 - Urutaí - Goiás - Brasil. Fone/Fax: (64) 3465-1900. E-mail: rafaelportovieira18@gmail.com. 2 Docente no Instituto Federal Goiano Campus Urutaí. Rua JM 13, Quadra 07, Lote 06, SN, Jardim Maratá, Pires do Rio -
Goiás - 75200000. Telefone: (64) 9255-6379. E-mail: brancoad@hotmail.com.
82 Estudo da cadeia produtiva do mel no município de Orizona – Goiás Vieira & Fernandes
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.18, n.1, p.81-89, 2016
INTRODUÇÃO
O mel é considerado um fluido viscoso, aromático e doce elaborado por abelhas a partir
do néctar e/ou exsudatos sacarínicos de plantas,
principalmente de origens florais, os quais, depois de levados para a colmeia pelas abelhas,
são amadurecidos por elas e estocados no favo
para sua alimentação (Brasil, 2000). O néctar é a matéria-prima para a
produção de méis florais que são os mais
apreciados e alcançam os maiores preços no
mercado (Siddiqui, 1970). No Brasil, a produção comercial do mel
está ligada à apicultura cuja história teve início
com a inserção das abelhas europeias Apis mellifera no Estado do Rio de Janeiro em 1839,
realizada pelo Padre Antônio Carneiro.
No entanto, a apicultura brasileira avançou a partir da introdução das abelhas
africanas (Apis mellifera scutellata) em 1956,
que culminou na africanização das demais
subespécies existentes no país. Após o desenvolvimento de técnicas adequadas de
manejo ocorrido na década de 70 a apicultura
passou a ser intensamente praticada em todos os estados brasileiros (Souza et al., 2004).
No Brasil, estima-se que 350 mil pessoas
vivam com a renda da apicultura.
Outra característica responsável pelo seu crescimento são as condições favoráveis à
criação destes insetos encontradas em todas as
regiões. Além disto, o apiário não necessita de cuidados diários, permitindo que os apicultores
tenham outra fonte de renda.
Entretanto, a atividade exige profissio-nallização, inclusive com o enfoque de que a
ocupação na apicultura deve ser exercida como
a atividade econômica principal do indivíduo,
pois ainda é vista, por muitos, como atividade secundária e paralela às suas atividades
profissionais (Böhle & Palmeira, 2006).
O mercado mundial do mel é progressivamente sofisticado e exigente e os
grandes consumidores têm padrões elevados de
exigência. A crescente regulamentação do mercado reduz o espaço para novos produtores
que vislumbram atender às normas técnicas,
oriundos de países em desenvolvimento que
apresentam frágeis infraestruturas de produção, comercialização e vigilância sanitária (Brasil,
2007).
O crescimento da produção de mel brasileira é bastante significativo, tendo em
vista que em 2004 o Brasil ocupava a 12ª
posição de maior produtor mundial de mel, com
32,3 mil toneladas/ano; em 2006 alcançou a 11ª
posição, com 36 mil toneladas/ano; e em 2008 a
10ª posição mundial, com 37,8 mil
toneladas/ano). Qualquer que seja o número considerado é um crescimento notável quando
se constata que na década de 1950 o país
produzia apenas 4.000 toneladas/ano (Ibge, 2006; Paula, 2008; Fao, 2011a). Em 2009, o
Brasil gerou mais de US$ 65 milhões com as
exportações de mel (Sebrae, 2010). De acordo com a Confederação Brasileira
de Apicultura, o Brasil apresenta dentro do
cenário apícola internacional, uma produção
diferenciada baseada na diversidade climática e de flora, caracterizando um mel com
propriedades sensoriais predominantes
principalmente quanto aos atributos cor, aroma e sabor (Cba, 2011).
A partir do exposto este trabalho
objetivou-se em estudar a cadeia produtiva do mel no município de Orizona – Goiás.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado no município de
Orizona no estado de Goiás.
A elaboração do questionário teve como objetivos, quantificar o hábito do consumo de
mel, frequência, período do dia em que este é
consumido, quantidade, conhecimento dos
benefícios e malefícios, para qual finalidade o alimento é utilizado, a opinião quanto ao preço,
tamanho da embalagem de preferência, fatores
que aumentariam o consumo de mel e a importância da divulgação e propaganda.
Foi elaborado um questionário com 21
perguntas, o qual foi aplicado a 82 pessoas do município.
Para a análise e interpretação de dados,
foi utilizada a técnica de análise de conteúdo e
discurso.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O corpo avaliado constituiu-se de
51,21% sexo feminino e 48,78% do sexo
masculino, sendo que 25,60% apresentavam idade de 11 a 20 anos, 14,63% de 21 a 30 anos,
15,85% de 31 a 40 e 48,78% acima de 40 anos.
Quanto nível de escolaridade 3,65% era
não alfabetizado, 8,53% possuíam primário completo, 3,65% primário incompleto, 15,85%
ensino fundamental completo, 13,41% ensino
fundamental incompleto, 18,29% ensino médio completo, 9,75% ensino médio incompleto,
8,53% superior completo, 10,97% superior
incompleto, 4,87% técnico completo e 2,43% não opinaram. Quanto ao número de pessoas na
Estudo da cadeia produtiva do mel no município de Orizona – Goiás Vieira & Fernandes 83
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.18, n.1, p.81-89, 2016
família, 39,02% 1-3 pessoas, 58,53% 4-6,
2,43% mais que 10 pessoas na família. Renda
média da família em salários mínimos, 4,87% menos que 1 salário mínimo, 74,39% de 1-3,
13,41% de 4-5 e 7,31% possuíam uma renda
acima de 5 salários mínimos. Quando se trata do principio do consumo
do mel logo se percebe que o mesmo é utilizado
principalmente para fins curativos ligados a saúde. É visto por muitos como um remédio
natural e que têm benefícios próprios utilizados
para gripes e resfriados e segundo Pontes et al.,
(2007) “o mel é uma das fontes tradicionais para o tratamento da gripe e constipação”, o que
confirma esse pensamento popular.
O conhecimento desses benefícios foram aprimorados com o passar dos tempos
desde a herança familiar passando o
conhecimento de pai para filho que na opinião
de Pérez et al. (2001), com o aumento da idade da dona de casa, aumenta também a frequência
de compra de mel.
Alguns dos fatores a serem julgados na hora da compra pelos consumidores são:
procedência do produto, a forma de manuseio, a
qualidade, a aparência, o cheiro, o sabor. Todos esses fatores fazem com que haja maior
consumo do mel e faz com que haja uma
participação do consumidor na hora de adquirir.
Para aqueles que não gostam ou consomem in natura, devem ter conhecimento dos seus
subprodutos ou utilizá-lo de outra forma e fazer
com que se torne um hábito o consumo deste produto em sua alimentação. Para Kerr et al.,
(1960) o mel é usado principalmente “in
natura”. Existe, porém, bom número de pessoas que o utiliza misturando-o com outros
alimentos ou como substituto do açúcar. Tal
fato pode ser justificado por não gostarem do
paladar, pela falta de hábitos alimentares (Júnior et al., 2006).
Para que possa se ter um maior consumo
e maior conhecimento dos benefícios do alimento, a agroindústria deve fazer
propagandas frequentes do produto e fazer com
que ele faça parte do consumo diário da
alimentação da população, segundo Vieira, (1998) as mudanças nos hábitos alimentares são
lentas. Assim, com a divulgação, o produto
começa a ser mais visto por todos despertando a curiosidade e um maior conhecimento tanto dos
benefícios quanto das vantagens de se integrar
mel em sua alimentação diária.
Quanto ao hábito do consumo de mel
O percentual encontrado para o hábito de
consumir mel foi o seguinte, 69,51% dizem ter
o hábito de consumir mel, já 26,82%
responderam não ter tal hábito e 3,65% não opinaram, Figura 1.
Figura 1 - Hábito do consumo de mel pelos entrevistados (%)
Segundo Rezende, (2006), “a população brasileira tem pouco hábito de consumir
produtos apícolas levando à dependência do
mercado externo para escoar a produção
acumulada”. O que não é visto na pesquisa em questão, pois a maioria dos entrevistados
respondeu ter o hábito de consumir mel.
Frequência do consumo de mel
Para tal questão 46,34% dos entrevis-tados responderam que consomem mel 1 ou 2
vezes por semana, 14,63% consomem 3 ou 4
vezes por semana, 2,43% disseram que
consomem 5 ou 6 vezes por semana, já 7,31% afirmaram consumir mais que 6 vezes por
semana e 29,26% não opinaram, Figura 2.
Figura 2 - Frequência do consumo de mel (%)
Perosa et al (2004) argumentam “a falta
de consciência da amplitude alimentar constitui
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
Sim Não Nãoopinou
0,00%5,00%
10,00%15,00%20,00%25,00%30,00%35,00%40,00%45,00%50,00%
84 Estudo da cadeia produtiva do mel no município de Orizona – Goiás Vieira & Fernandes
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.18, n.1, p.81-89, 2016
um dos fatores do baixo consumo no Brasil do
mel nos mercados interno e externo”, o que
comprova a baixa frequência de consumo de mel nesta pesquisa, pois 46,34% dos
entrevistados responderam consumir mel de 1 à
2 vezes por semana.
Período do dia preferido para o consumo do
mel
Na Figura 3, pode-se constatar que dos
entrevistados 47,56% preferem consumir o mel
de manhã, 18,29% à tarde, já 14,63% tem
preferência pela noite e 19,51% não opinaram.
Figura 3. Período do dia em que prefere
consumir mel (%)
Quantidade em ml de mel consumido em um
mês
Dos entrevistados, 45,12% relataram consumir menos de 100 ml por mês, 24,39%
consomem de 100-300 ml, 7,31% de 700-600
ml, 6,09% de 600-1000 ml, já 0% dos
entrevistaram consomem mais de 1000 ml e 17,07% não opinou, Fgura 4.
Figura 4. Quantidade consumida em ml por
mês (%)
Segundo Zandonadi & Silva (2005), o consumo per capita do brasileiro é ainda muito
pequeno (300 gramas ao ano por habitante),
principalmente quando comparado com o dos
Estados Unidos, da Comunidade Europeia e da África, que podem chegar a mais de 1 kg/ano
por habitante.
O consumo per capita no Brasil é estimado em 100 gramas por habitante/ano
(FAO, 2002), bem abaixo de outros países.
Conhecimento dos benefícios do mel por parte
da população
A partir da pesquisa foi possível descobrir que, 59,75% dos entrevistados
conhecem os benefícios do mel, já 36,58%
desconhecem tais benefícios e 3,65% não opinaram, Figura 5.
Figura 5. Conhecimento dos benefícios do mel (%)
Para Gutiérrez, (2004) as características
nutricionais e os benefícios medicinais do mel são muitos e diversos.
Segundo Iorish, (1981) o mel possui as
seguintes propriedades: anti-bacteriana, anti-
biótica, anti-cáries, anti-inflamatória, anti-microbiana, bio-estimulante, clarificador (para
vinhos, sidra,etc.), curativa, depurativa,
emoliente, energizante, imunoestimulante, laxante, nutritiva, tônico cardíaco, curativo de
feridas, regenerativo de tecidos, estimulante,
calmante, efeito tóxico.
Utilização do mel de alguma marca específica
Dos entrevistados, 9,75% disseram consumir mel somente de alguma marca
específica, já 90,24% responderam não ter
alguma marca específica de preferência, Figura 6.
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
Manhã Tarde Noite Nãoopinou
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
Sim Não Nãoopinou
Estudo da cadeia produtiva do mel no município de Orizona – Goiás Vieira & Fernandes 85
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.18, n.1, p.81-89, 2016
Figura 6. Consumo de mel de alguma marca
específica (%)
Finalidade da utilização
Nesta questão, constata-se na Figura 7 que 21,95% dos entrevistados responderam
utilizar o mel como medicamento, 37,80%
como fator de saúde, 23,17% como alimento,
4,87% como substituto do açúcar, 2,43% disseram que utilizam como fator de beleza, já
0% disse utilizar o mel de alguma outra forma e
9,75% não opinaram.
Figura 7. Finalidade do consumo (%)
Forma de aquisição do mel
Neste quesito 7,13% responderam adquirir o mel em supermercados, 1,21% em
farmácia, 14,63% compram na feira, 70,73%
adquirem do apicultor, já ninguém (0%) respondeu adquirir de alguma outra forma e
6,09% não opinou, Figura 8.
Figura 8. Forma de aquisição (%)
Na pesquisa realizada por Júnior et al.
(2006), o mesmo afirma o seguinte, “os
consumidores acreditam que, adquirindo o mel
diretamente do produtor, conseguem reduzir as possibilidades de adulteração da qualidade”, tal
afirmação pode ser confirmada a partir dos
dados obtidos com esta pesquisa, onde a maior
parte dos entrevistados cerca de 70,73% adquirem o mel do próprio apicultor.
Preço do mel
Na entrevista 7,31% dos questionados
disseram que o mel é barato, já 8,53% disse ser
caro e 84,14% afirmou ser um preço justo, Figura 9.
Figura 9. Opinião quanto ao preço do mel (%)
Conhecimento de algum fator prejudicial
contido no mel
Dos entrevistados, 4,87% afirmou que
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
100,00%
Sim Não
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
35,00%
40,00%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
Barato Caro Justo
86 Estudo da cadeia produtiva do mel no município de Orizona – Goiás Vieira & Fernandes
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.18, n.1, p.81-89, 2016
conhece algum fator prejudicial no mel e
95,12% relataram não conhecer nenhum fator
prejudicial.
Figura 10. Conhecimento de algum fator
prejudicial (%)
É muito raro o mel apresentar efeito tóxico. Todavia pode haver plantas como é o
caso da Rhododendron luteum que produz
néctar tóxico ou quando qualquer tipo de mel for mal estocado, temperaturas acima de 35 °C.
por longos períodos poderá ocorrer alta
concentração de hidroxi-metil-furfural, uma substância sabidamente carcinogênica (Lengler,
2001).
Confiança na procedência e qualidade do mel
Dos entrevistados, 86,58% disseram sim
ter confiança na procedência e qualidade do mel adquirido, já 12,19% afirmaram não ter
confiança e 1,21% não opinou, Figura 11.
Figura 11. Confiança na procedência e qualidade do mel (%)
Tamanho da embalagem de preferência
Segundo os entrevistados, 53,65%
preferem a embalagem tamanho litro, 9,75% tem preferência pela embalagem de 250g,
12,19% pela de 500g, 3,65% a de 750g, já
6,09% a de 1000g e 14,63% não opinou, Figura 12.
Figura 12. Tamanho de embalagem preferido
pelo consumidor de mel (%)
Falta de propaganda e conhecimento x
frequência do consumo
Dos entrevistados, 91,46% relataram que
sim a falta de propaganda e conhecimento influi
na frequência do consumo de mel, já 8,53% responderam que não, Figura 13.
Figura 13. Influência da propaganda e conhecimento na frequência do consumo de
mel (%)
Investimento para divulgação do mel
Constata-se na Figura 14, que por
unanimidade, ou seja, 100% dos participantes disseram que é preciso que haja um maior
investimento por parte das empresas em fazer a
divulgação do mel e nenhum entrevistado (0%) disse que não é preciso.
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
Sim Não
0,00%10,00%20,00%30,00%40,00%50,00%60,00%70,00%80,00%90,00%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
Sim Não
Estudo da cadeia produtiva do mel no município de Orizona – Goiás Vieira & Fernandes 87
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.18, n.1, p.81-89, 2016
Conforme Giffhorn (2000, apud Sattler,
2000) é um dever das empresas apícolas,
entidades associativas e apicultores, a divulgação correta dos produtos derivados do
mel.
Dos entrevistados, 97,56% dos participantes afirmaram que a divulgação e o
destaque do produto nos locais de venda são
fundamentais para elevar o consumo e 2,43% disseram não ser fundamentais para elevação do
consumo.
Figura 14. Papel da divulgação e destaque nos
locais de venda para elevação do consumo (%)
Informações sobre o mel
De todos os participantes, 7,31% disseram que sim as informações sobre o mel
que existem hoje são suficientes já 92,68%
responderam não ser suficientes Figura 15.
Figura 15. Opinião quanto as informações
existentes hoje sobre o mel (%)
Na opinião de Perosa et al. (2004) a
falta de informação provoca desconhecimento
das propriedades nutritivas do mel, que passa a
ser consumido exclusivamente como remédio e não como alimento.
Segundo Pérez et al. (2001), as
campanhas informativas acerca das
propriedades nutritivas e medicinais do mel podem reduzir estes argumentos negativos.
Propagandas e divulgação do mel
De acordo com a Figura 16, observa-se
que 3,65% dos participantes existem sim propagandas que divulguem o mel com
frequência e 96,34% disseram não existir.
Figura 16. Existência de propagandas que
divulguem o mel (%)
Divulgação do mel nos pontos de venda
Dos entrevistados, 12,19% afirmaram que o mel está sim sendo divulgado nos pontos
de venda já 87,80% responderam não estar
sendo divulgada, Figura 17.
Figura 17. Divulgação do mel nos pontos de
venda (%)
Conforme Lengler, Dias (apud Sattler,
2000, p. 129), “as empresas apícolas precisam
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
Sim Não
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
Sim Não
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
Sim Não
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
Sim Não
88 Estudo da cadeia produtiva do mel no município de Orizona – Goiás Vieira & Fernandes
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.18, n.1, p.81-89, 2016
lançar mão de estratégias de marketing, a fim
de promover o conhecimento dos produtos e
adequá-las às necessidades dos consumidores”. Visto que, na pesquisa 87,80% dos partici-
pantes respondeu não haver a divulgação do
mel nos pontos de venda.
CONCLUSÃO
Conclui-se que, os fatores principais para
haver o aumento do consumo de mel pela
população são: o fornecimento de informações
acerca do assunto, realização de investimento em propaganda, marketing e divulgação por
parte das agroindústrias beneficiadoras.
A partir dessa pesquisa de mercado e perfil do consumidor de mel, as agroindústrias
do ramo poderão realizar o planejamento para
sanar tais deficiências que o mercado da região vem enfrentando, que são relatados fielmente
pelos aqui pesquisados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Böhlke, P. B.; palmeira, E. M. Inserção
competitiva do pequeno produtor de mel no mercado internacional. 2006.
Disponível em: <www.eumed.net/cursecon/
ecolat/br/06/pbb.htm>. Acesso em: 21 de
outubro de 2012.
Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, Instrução Normativa 11, de 20 de outubro de 2000, Regulamento
técnico de identidade e qualidade do mel.
Disponível em: <www.agricultura.gov.br/ das/dipoa/anexo_intrnorm11.htm>. Acesso
em: 20 de outubro de 2012.
Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Cadeia produtiva de flores
e mel. Ministério da Agricultura e
Abastecimento, Secretaria de Política Agrícola, Instituto Interamericano de
Cooperação para a Agricultura: Antônio
Márcio Buainain e Mário Otávio Batalha (Coordenadores). Brasília: IICA
MAPA/SPA, 140 p., 2007.
Cba – Confederação Brasileira De Apicultura. – Brasil Apícola. 2011. In: Brasil Apícola.
Disponível em: <www.brasilapicola.com.br/
brasil-apicola>. Acesso em: 24 de dezembro de 2012.
Fao. Fao stat Database. 2002. Disponível em:
<http://www.fao.org>. Acessado em: 01 de
janeiro de 2013.
Fao. Food and Agriculture Organization of the
United Nations. Fao stat: Production country by commodity. FAO, 2011a.
Disponível em: <www.faostat.fao.org/site/
339/default.aspx>. Acesso em: 20 de outu-bro de 2012.
Gutiérrez, S. Empleoterapeutico de los
productos apícolas, dosis, formulaciones, reacciones adversas y contra indicaciones.
2004. Congreso Internacional de
Actualización Apícola. 11, Memorias... (Monterrey, México), 2004. p. 146-153.
Ibge. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão. Produção da
Pecuária Municipal 2006. Rio de Janeiro,
v. 34, p. 1-62, 2006. Disponível em: <www.ibge.gov.br/home/estatistica/economi
a/ppm/2006/ppm2006.pdf>. Acesso em: 21
de outubro de 2012.
Iorish, N. As Abelhas Farmacêuticas com
Asas. Editora Mir Moscovo, URSS. 228
p.1981.
Júnior, M.; Silva, L.; Sousa, E. Comporta-
mento do consumidor de mel de abelha
nas cidades Cearenses de Crato e
Juazeiro do Norte. 2006. Anais do XILV
Congresso da Sociedade de Economia e Sociologia Rural, (Fortaleza, Brasil), CD-
ROM.
Kerr, W. E.; Amaral, E. Apicultura Científica
e Prática. Secretaria de Estado dos
Negócios da Agricultura de São Paulo,
1960.
Lengler, S. Inspeção e controle de qualidade
do mel. 2001. Disponível em: <http://www.sebraern.com.br/apicultura/pes
quisas/inspecao_mel01.doc.>. Acessado em:
03 de janeiro de 2013.
Paula, J. Mel do Brasil: as exportações
brasileiras de mel no período 2000/2006 e o
papel do Sebrae. Brasília: Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas -
Sebrae, 2008.
Estudo da cadeia produtiva do mel no município de Orizona – Goiás Vieira & Fernandes 89
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.18, n.1, p.81-89, 2016
Pérez, J.; Casielles, R.; Lanza, A. - Los
productos agroalimentarios tradicionales:
hábitos de compra y consumo de miel. Estudios sobre consumo. v.59, n.4, p. 63-
85, 2001.
Perosa, J.; Arauco, E.; Santos, M.; Albarracin,
V. Parâmetros de competitividade do mel
Brasileiro. Revista Informações Econômi-
cas, v.34, n.3, p.41-48, 2004.
Pontes, M.; Marques; J.; Camara, J. Screenin-
gof volatile composition from Portuguese multifloral honey susing head spacesolid-
phasemicroextraction-gaschroma tography–
quadrupolemass spectrometry. Talanta. v.74, n.1, p.91-103, 2007.
Sattler, A. Apicultura profissional. Porto
Alegre: Editora Evangraf. 2000.
Sebrae. Exportação de mel em 2009 bate
recorde. 2010. Disponível em: <www. sebrae.com.br/setor/apicultura/sobreapicultu
ra/mercado/historico-deexportacoes>.Acesso
em: 18 de outubro de 2012.
Siddiqui, I. R. The sugars of honey. Advances
in Carbohydrate Chemistry And
Biochemistry. v.25, p.285-309, 1970.
Souza, R. C. S.; Yuyama, L. K. O.; Aguiar, J. P.
L.; Oliveira, F. P. M. Valor nutricional do
mel e pólen de abelhas sem ferrão da região amazônica. Acta Amazônica, v. 34, n. 2, p.
333-336, 2004.
Vieira, L.F. Agricultura e agroindústria familiar. Revista de Política Agrícola,
Brasília, v. 7, n. 1, p. 11-23, 1998.
Zandonadi, D. A; Silva, O. M. Análise da
competitividade do Brasil no mercado
internacional de mel. In: Congresso da Sociedade Brasileira de Economia e
Sociologia Rural, 48, 2005. Anais...
Ribeirão Preto, SP: SOBER, 2005. CD-
Rom.