Post on 02-Dec-2018
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
ANDERSON ANTÔNIO DOS SANTOS
ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DO SETOR PESQUEIRO DA REGIÃ O DE
ITAJAÍ/NAVEGANTES
Balneário Camboriú
2008
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ANDERSON ANTÔNIO DOS SANTOS
ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DO SETOR PESQUEIRO DA REGIÃ O DE
ITAJAÍ/NAVEGANTES
Balneário Camboriú
2008
Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração com habilitação em Marketing, na Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Orientador : Prof. Dr. James Luiz Venturi
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ANDERSON ANTÔNIO DOS SANTOS
ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DO SETOR PESQUEIRO DA REGIÃ O DE
ITAJAÍ/NAVEGANTES
Esta Monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de Bacharel em
Administração e aprovada pelo Curso de Administração – ênfase em Marketing
da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação de Balneário Camboriú.
Área de Concentração: Estratégia
Balneário Camboriú, 08 de julho de 2008
_________________________________
Prof. Dr. James Luiz Venturi
Orientador
___________________________________
Prof. Luciana da Silva Imeton
Avaliadora
___________________________________
Prof. Aloísio Vicente Salomon, MSc.
Avaliador
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EQUIPE TÉCNICA
Estagiário (a): Anderson Antônio dos Santos
Área de Estágio: Estratégia
Professor Responsável pelos Estágios: Lorena Schröder
Supervisor da Empresa: Antônio Benjamin dos Santos
Professor (a) orientador (a): Dr. James Luiz Venturi
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DADOS DA EMPRESA
Razão Social: Oliani Indústria e comércio importação e exportação Ltda
Endereço: Av. Marginal Leste, n° 540, Bairro Centro - Balneár io Camboriú / SC
Setor de Desenvolvimento do Estágio: Estratégia
Duração do Estágio: 240 horas
Nome e Cargo do Supervisor da Empresa: Antônio Benjamin dos Santos -
Gerente Administrativo
Carimbo do CNPJ da Empresa:
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AUTORIZAÇÃO DA EMPRESA
Balneário Camboriú, 20 de Junho de 2008
A Empresa Oliani indústria e comércio importação e exportação ltda, pelo
presente instrumento, autoriza a Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, a
divulgar os dados do Relatório de Conclusão de Estágio executado durante o
Estágio Curricular Obrigatório, pelo acadêmico Anderson Antônio dos Santos.
___________________________________
Antônio Benjamin dos Santos
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Dedico este trabalho com todo o amor aos meus pais
por acreditarem em mim em todos os momentos.
Também a minha amada esposa Elisangela e ao meu
querido filho Kauan, pela compreensão e pelo apoio
que me deram até a conclusão de mais esta jornada
de minha vida.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus, por estar ao meu lado em todos os
momentos, proporcionando sabedoria e força para enfrentar as dificuldades.
Também aos meus mestres que me engrandeceram no momento em
que compartilharam sua sabedoria comigo.
Em especial ao meu orientador Prof. Dr. James Luiz Venturi, pela
orientação, compreensão e auxílio prestados durante este novo desafio de
minha vida.
Agradecer também o Prof. Marcio Daniel Kiesel estendendo desta forma
a toda coordenadoria do curso pelo apoio dado ao longo de todos estes anos.
Gostaria também de agradecer ao SINDIPI – Sindicato da Indústria da
Pesca de Itajaí e região na pessoa do Sr. Dario Luiz Vitali, presidente desta
entidade, e desta forma estar estendendo a todos os colaboradores que
contribuirão de alguma maneira para o engrandecimento deste trabalho.
E por fim agradecer a todas as empresas participantes, que pela visão de
seus administradores contribuirão para a conclusão deste trabalho e para a
geração de novas informações a fim de ajudar o desenvolvimento do setor.
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Tudo posso naquele que me fortalece Filipenses 4:13
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RESUMO
O objetivo deste trabalho foi de identificar a existência de estrutura de formação de rede de empresas no setor pesqueiro de Itajaí e Navegantes. Para tanto se buscou identificar o perfil e os tipos de interações existentes entre as empresa, assim como suas características, atores facilitadores e dificultadores do processo, e a existência de transferência de conhecimentos e tecnologia. A base teórica utilizada compreende os conceitos de competição e de cooperação relativos aos relacionamentos inter-empresariais, a partir de contribuições da Teoria da Regionalização e da Classificação de Altenburg, focando empresas em desenvolvimento. Para poder chegar aos objetivos e responder ao problema de pesquisa, foi utilizado como metodologia uma pesquisa de caráter qualitativo com característica exploratória na forma de pesquisa de campo com 16 empresas do setor pesqueiro situadas nas cidades de Itajaí, Navegantes, Ilhota, Penha, Piçarras e Porto Belo. A análise das informações obtidas nas entrevistas bem como a análise das teorias, os resultados mostram que apesar de inúmeras concordâncias entre a teoria e a prática, faltam ainda alguns requisitos a serem preenchidos, principalmente no que diz respeito à estruturação e a coordenação do Arranjo Produtivo Local.
Palavras-chave: Administração. Arranjo Produtivo Local. Competitividade Empresarial.
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ABSTRACT
The objective of this work was of identifying the existence of structure of net information of companies into the fishing section of Itajaí and Navegantes city. Like that, we looked into the identification of the profile and the types of existent interaction among the companies as well their caracteristics, facilitators, hindering of the process, and the existence of knowledge transfer e technology. The theorical base used comprehend in competition concepts and cooperation relate to inter-bussness relationship starting from contribuition of the theory of the regionalization of the Altenburg classification, focusing companies in development. The objective of this research was to identify the existence of a structure net information To be able to accomplish and answer the research problem was used as methodology a research of qualitative caracter as exploratory characteristcs in the form of fiel research with 16 companies of fishing section placed in the cities of Navegantes, Itajaí, Penha, Ilhota, Piçarras e Porto Belo. The analysis of all these information obtained in the interviews as well the analysis of the theories , the result in the display showing although of countless concordance between the theory and a practical, they still have a lack of requirements to be filled out, mainly in what referring to the structuring and the coodination of the local productive arrangement. Key-Worlds: Administration. Local Productive Arrangement. Business
Competitive.
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LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – Ciclo de vida de um aglomerado (cluster).................................. 101
FIGURA 2 – Ciclo da vida e tipologia dos aglomerados.................................. 102
FIGURA 3 – Economias de aglomeração da ação conjunta e eficiência coletiva
ativa e passiva..................................................................................................103
FIGURA 4 – Determinantes da vantagem competitiva nacional......................104
FIGURA 5 - A cadeia de valores...................................................................... 64
FIGURA 6 – Fontes da vantagem competitiva da localização......................... 70
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LISTA DE QUADROS QUADRO 1 – Características dos aglomerados............................................... 30
QUADRO 2 – Classificação dos aglomerados.................................................. 31
QUADRO 3 – Mecanismos organizacionais dos aglomerados......................... 37
QUADRO 4 – Tipologia de clusters e arranjos produtivos locais...................... 41
QUADRO 5 – Diferença entre redes e clusters................................................. 54
QUADRO 6 – Enfoque sistêmico da competitividade........................................ 60
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LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 – Tempo de empresa em anos.................................................... 77
GRÁFICO 2 – Estratégia de atuação no mercado........................................... 77
GRÁFICO 3 – Posicionamento de mercado..................................................... 78
GRÁFICO 4 – Constituição de parcerias.......................................................... 79
GRÁFICO 5 – Nível de segurança................................................................... 80
GRÁFICO 6 – Intercâmbios, trocas e alianças................................................. 80
GRÁFICO 7 – Tipos de alianças...................................................................... 81
GRÁFICO 8 – Importância no relacionamento das empresas......................... 82
GRÁFICO 9 – Relacionamento entre as empresas do setor............................ 83
GRÁFICO 10 – Desvantagem na formação de redes...................................... 83
GRÁFICO 11 – Vantagem na formação de redes............................................ 84
GRÁFICO 12 – Desenvolvimento tecnológico.................................................. 85
GRÁFICO 13 – Relação das empresas na região............................................ 86
GRÁFICO 14 – Formação escolar do respondente.......................................... 87
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 17
1.1 Tema ....................................................................................................... 17
1.2 Problema e hipótese................................................................................ 18
1.3 Objetivos da pesquisa ............................................................................. 19
1.4 Justificativa .............................................................................................. 19
1.5 Contextualização do ambiente de estágio ............................................... 20
1.6 Organização do trabalho ......................................................................... 21
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................... ................................... 22
2.1
2.2
Globalização.............................................................................................
Arranjo Produtivo Local............................................................................
22
25
2.3 Aglomerados............................................................................................ 28
2.4 Clusters.................................................................................................... 39
2.5 Rede de Empresas.................................................................................. 46
2.6 Competitividade....................................................................................... 54
2.7 Estratégias............................................................................................... 61
2.8 Localização.............................................................................................. 65
3 METODOLOGIA CIENTÍFICA .......................... ....................................... 73
3.1 Tipologia de pesquisa .............................................................................. 73
3.2 Sujeito do estudo ..................................................................................... 74
3.3 Instrumentos de pesquisa ........................................................................ 75
3.4 Análise e apresentação dos dados ......................................................... 75
3.5 Limitações da pesquisa ........................................................................... 75
4 RESULTADOS ...................................... .................................................. 77
4.1 Apresentação e análise dos gráficos........................................................ 77
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................ ........................................ 88
6 REFERÊNCIAS ....................................................................................... 93
16
ANEXOS .................................................................................................. 101
APÊNDICES ............................................................................................ 106
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1. INTRODUÇÃO
1.1 Tema
Esta pesquisa visa abordar um tema que vem sendo estudado com uma
freqüência cada vez maior, tem a intenção de observar a formação de rede de
empresas no setor da indústria da pesca na região de Itajaí/Navegantes, com o
intuito de verificar a existência de vantagens competitivas do setor.
Percebe-se um equilíbrio cada vez maior com um ritmo de crescimento
constante e vertiginoso, fazendo assim com que empresas busquem alianças e
fusões a fim de se tornarem cada vez mais competitivas para atuarem tanto em
seus mercados internos como em mercados externos.
Portanto, a busca pela competitividade deixou de estar limitada nas
fronteiras da empresa e passou a se refletir nas relações entre as empresas.
Assim a cooperação e a competitividade se tornaram um ponto essencial a ser
analisado observando temas como de redes de empresas, arranjos produtivos
locais, vantagem competitiva e clusters.
Busca também observar o impacto sócio-cultural que a rede de
empresas exerce sobre todos os envolvidos que vai desde as empresas, assim
como as entidades o governo e a comunidade que de uma forma ou de outra
estará sendo influenciada.
Desta forma o trabalho pretende dar uma visão geral da situação em
que se encontra o processo de formação de rede de empresas do setor
pesqueiro da região de Itajaí/Navegantes a fim de proporcionar conhecimento
para futura consulta de todos aqueles que se interessem, e busquem um
desenvolvimento estruturado do setor.
Enfim, o trabalho trata da formação de rede produtiva local de empresas
do setor pesqueiro da região de Itajaí/Navegantes
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1.2 Problema e Hipótese de Pesquisa
Antes de definir um problema de pesquisa, faz-se necessário definir
algumas questões de investigação, que circundam o problema específico, tais
como:
É possível a formação de arranjos produtivos na indústria pesqueira?
O Estado de Santa Catarina pode ser considerado como um Estado
pesqueiro?
Quais os benefícios de um arranjo produtivo pesqueiro no litoral centro
norte de Santa Catarina?
Existe cultura propícia na região de Itajaí e Navegantes para a adoção de
um modelo de desenvolvimento baseado nos arranjos produtivos locais?
Estas questões, por si desencadeiam um processo amplo e vasto de
pesquisa, entretanto, para este trabalho, definiu-se como problema de pesquisa
o seguinte:
Existe uma estrutura de rede de empresas no setor industrial da pesca
na região de Itajaí/Navegantes?
Tal problema demanda algumas hipóteses de pesquisa, que neste caso
podem ser assim determinadas:
1. Existe intercambio de máquinas e equipamentos entre as
indústrias pesqueiras de Itajaí/Navegantes.
2. As empresas do setor pesqueiro de Itajaí/Navegantes atendem
aos requisitos de formação de rede conforme a abordagem da
Teoria da Regionalização.
3. A rede pesqueira de Itajaí/Navegantes pode ser classificada de
acordo com Altemburg como de empresas em desenvolvimento.
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1.3 Objetivos de Pesquisa:
O objetivo geral desta pesquisa é: Identificar a existência de uma
estrutura de rede de empresas no setor industrial da pesca na região de
Itajaí/Navegantes
Já os Objetivos Específicos podem ser definidos como:
1. Identificar o perfil social das empresas em estudo.
2. Identificar os tipos de interações existentes entre as indústrias
pesqueiras da região de Itajaí/Navegantes.
3. Caracterizar a rede formada pela indústria pesqueira de
Itajaí/Navegantes.
4. Verificar os atores facilitadores e os atores dificultadores para a formação
da rede.
5. Identificar a existência de transferência de conhecimento entre as
indústrias pesqueiras da região de Itajaí/Navegantes.
1.4 Justificativa
Nos últimos anos, pesquisas da ciência da administração têm voltado
seus estudos para aspectos das redes empresariais.
Desta forma observa-se a necessidade de se fazer uma pesquisa neste
campo com as empresas da indústria da pesca da região de Itajaí/Navegantes
pela sua importância não só no cenário regional, mas também no cenário
nacional, pois conforme o SINDIPI – Sindicato da Indústria da Pesca de Itajaí e
Região, produz-se aqui cerca de 220 mil toneladas de pescados/ano, e por se
tratar do porto pesqueiro mais expressivo de todo o Brasil, pois aqui são
produzidos cerca de 80 % da produção interna de pescado congelado e
também ser desembarcado aqui mais de 25% de todo o pescado capturado.
Assim como contar com a maior concentração de indústria do setor, cerca de
60 empresas, inclusive de indústrias que alcançam não só fronteiras nacionais,
20
mas que ultrapassam os limites territoriais, afinal nossa exportação aumentou
31% em 2006 com relação a 2005, sendo referência em vários mercados que
atuam influenciando assim todos aqueles que estão envolvidos no segmento.
Dados como a geração de cerca de 15 mil empregos diretos e 50 mil
indiretos vem fortalecer ainda mais a importância do setor no cenário regional.
Percebe-se também a necessidade do estudo, haja vista a grande
proliferação de produtos oriundos de todas as partes do mundo, vindo assim
influenciar no comportamento do mercado e dos consumidores, não só pelos
preços que oferecem mais também pela qualidade e pela vantagem competitiva
de que elas vêm se beneficiando.
Sendo assim este estudo tem por finalidade dar um panorama geral do
comportamento das indústrias locais a fim de servir como base de
conhecimento para uma diretriz ao setor, facilitando a tomada de decisão de
seus futuros gestores.
1.5 Contexto do Ambiente de Estágio
Este trabalho foi desenvolvido na empresa Oliani Indústria e Comércio
Importação e Exportação de Pescados Ltda. Fundada em junho de 1998, fica
localizada na Avenida Marginal Leste, 540 – centro, na cidade de Balneário
Camboriú - SC. Atualmente conta com quinze colaboradores em seu quadro
funcional e atende o mercado da Grande São Paulo onde oferece seus
produtos na forma de pescados e frutos do mar processado e congelado.
Hoje conta com capacidade de processamento e congelamento de 700
kg/dia, além de estrutura de armazenamento de quinze mil kilos de produtos
congelados. Produtos estes que chegam aos clientes na forma de atacado.
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1.6 Organização do Trabalho
A primeira parte do trabalho apresenta a introdução, o tema da pesquisa,
bem como a identificação dos objetivos a serem cumpridos, além da justificativa
e da apresentação do contexto de estágio.
O segundo capítulo apresenta o embasamento teórico de autores da
área de Teoria dos Aglomerados, bem como estratégia, competitividade,
globalização, rede de empresas, localização e arranjo produtivo local.
O terceiro capítulo refere-se à metodologia que foi utilizada para a coleta,
apresentação, e caracterização da pesquisa, definindo e delineando o que foi
utilizado.
O quarto capítulo apresenta os resultados da pesquisa coletados pelo
acadêmico através da aplicação de questionários as empresas participantes,
bem como a análise dos dados e possíveis sugestões para estudos futuros.
O quinto capítulo apresenta as considerações finais do acadêmico
acerca do estudo realizado, bem como uma análise dos objetivos propostos que
foram alcançados durante o decorrer do trabalho.
Por fim, são apresentadas as referências bibliográficas dos autores
citados no trabalho e o apêndice, com o modelo do questionário que foi
aplicado nas empresas que compuseram a amostra.
22
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A fundamentação teórica tem como embasamento um estudo referente à
Administração, Teoria dos Aglomerados, Estratégia, Competitividade e Rede de
Empresas de autores que publicaram seus estudos a respeito de Rede de
Empresas.
2.1 Globalização
Para Porter (1999, p.305) “o termo multinacional geralmente denota uma
empresa com um volume significativo de operações e de atividades de
marketing fora de sua base nacional”. Afirma ainda que, “a magnitude dos
custos de transporte e de importação também influenciará a tendência do
negócio para a globalização” (p. 137).
Já no que se refere à globalização Amato Neto (2000, p.10), nos atenta
que “uma das novas tendências que vêm solidificando-se no processo de
reestruturação industrial é a que diz respeito às formas de relações intra e
interempresas”.
A formação e o desenvolvimento de redes de empresas vêm ganhando
relevância não só para as economias de vários países industrializados, tais
como Itália, Japão e Alemanha, assim como para os chamados países
emergentes ou de economias em desenvolvimento, tais como México, Chile,
Argentina e o próprio Brasil.
E que “as mais recentes tecnologias da informação (internet, intranets e
outras emergentes) e os novos arranjos de organização empresarial no
Ocidente reforçam modelos de cooperação, alianças estratégicas e redes
internas e externas às empresas, como já ocorre nos keiretsu japoneses ou nos
Chaebol sul-coreanos”, (AMATO NETO, 2000, p.35).
Enquanto Casarotto et al. (1998, p.18) afirmam que, “não há dúvida de
que a tecnologia da informação em real time, conduzindo e disseminando
23
informações tecnológicas e mercadológicas, dirigiu-nos ao processo de
globalização da economia”, e ainda conclui que:
o resultado é que a globalização veio para ficar, e com ela o nivelamento por baixo em termos de salários e assistência social governamental, como regra para diminuir custos de mão-de-obra e impostos, em prol de um aumento de competitividade de cada país. Países com regras trabalhistas diferentes terão competitividade diferente (p. 18).
Ainda para melhorar a posição de custo mundial ou a capacidade de
diferenciação e enfraquecer os concorrentes mundiais, Porter (1999, p. 319)
considera dois movimentos potenciais:
a) o primeiro consiste em conquistar as posições de liderança nos
maiores países de industrialização recente (newly industrializing countries –
NICs), pois considera que “assumir uma posição de liderança nesses mercados
terá adotado uma medida decisiva para inibir os concorrentes”;
b) e o outro movimento, que considera ser decisivo para uma empresa
global é, “estabelecer uma posição sólida com o maior cliente, de modo a
bloquear os concorrentes”.
Após a segunda grande guerra mundial, a busca por novos mercados
tornou a competitividade mais feroz entre as grandes corporações, e a partir daí
“à medida que ficava mais aparente a globalização da competição, não chega a
ser surpreendente que a pesquisa teórica e a prática empresarial em estratégia
internacional se tornem cada vez mais importantes”, com o objetivo de se criar
cada vez mais uma vantagem competitiva, (PORTER, 1999, p.326).
Já Amato Neto (2000, p.38), destaca que “é importante relevar as
inúmeras dificuldades e problemas, tanto de ordem financeira como técnico-
organizacional e gerencial”, que as PME’s devem superar, a fim de que possam
tornar-se viáveis e competitivas em face da tendência de globalização das
economias nacionais e regionais, principalmente no caso dessas empresas
atuarem de forma isolada em seus respectivos mercados.
Neste sentido afirma que “tais dificuldades poderão ser mitigadas
mediante políticas públicas inteligentes, voltadas à promoção das PME´s, como,
por exemplo, incentivando essas empresas de menor porte a se associarem em
organizações na forma de sistemas cooperativos (como um guarda-chuva
organizacional), que forneçam às empresas serviços comum de compras,
marketing, orientações quanto à exportação, mecanismos de financiamento, e
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até locais para a implantação de uma planta-piloto (como as chamadas
incubadoras industriais)”.
Ainda deve-se ficar atento, pois:
com a globalização do setor, a desaceleração do crescimento e a obtenção de retornos acima dos reinvestimentos necessários para reter a posição, a empresa deve distribuir lucros para o restante da corporação e utilizar sua capacidade de endividamento para outras finalidades, talvez no financiamento de outra estratégia global incipiente”, (PORTER, 1999, p.323).
Ainda ao referir-se à globalização afirma que “a globalização não
eliminou a importância da localização na competição” e que “os líderes
mundiais quase sempre estão sediados em apenas uns poucos países e, às
vezes, em somente um país”, (p.338), observa também que (p.308), “talvez as
economias de escala sejam excessivamente modestas ou as despesas com
P&D se vinculem de forma muito estreita a determinados mercados”.
O autor ainda afirma que “os custos dos transportes e as barreiras
governamentais ao comércio por vezes ainda são altos, e a distribuição é
fragmentada e de difícil penetração”. (1999, p. 308)
Já para Amato Neto, quando se refere ao tema, cita que “mercado e
hierarquia referem-se às formas alternativas de coordenação da atividade
econômica.
Há formas de coordenação, no entanto, que não podem ser asseguradas
nem pela firma (hierarquia) nem pelo mercado, decorrem justamente da
cooperação entre empresas; são as redes de cooperação interfirmas.
A outra forma se dá por meio da confiança. Existem empresas em que se
pode confiar, pois nem todas são oportunistas. “Nesse caso, os riscos são
controlados por existir confiança”. (2000, p.59)
Ainda para se ter uma boa perspectiva do mercado “as empresas
domésticas e globais devem compreender a estrutura do setor, identificar as
fontes da vantagem competitiva e analisar os concorrentes”, (p.330).
Ao tratar da concorrência (p.309) observa que “empresas constroem
barreiras às reações competitivas com base na avaliação cuidadosa do
comportamento dos concorrentes”.
Ainda sobre concorrência (p.311), ressalta que “uma empresa deve
possuir quatro características essenciais à defesa da posição de liderança
25
mundial contra um determinado concorrente: uma estratégia global; disposição
para investir na fabricação; disposição para comprometer recursos financeiros;
bloqueio da posição no mercado que se compete”.
Já quando se refere à concorrência Casarotto et al. (1998, p.18) atenta
que:
qualquer empresa pode ter a surpresa de, a cada momento, ver aparecer um concorrente no mundo produzindo melhor e mais barato. As mudanças são rápidas, muitas empresas não conseguem acompanhar o novo ritmo e quebram, demitem, geram desemprego. Culpam as cargas tributárias, e os governos, por sua vez, também querem reduzir o Estado: demitem, gerando mais desemprego.
Porter (1999, p.318) ainda afirma que “quanto mais lenta a reação do
concorrente, maiores os fluxos de caixa do inovador”, em seguida a empresa
global será capaz de utilizar os fundos para aumentar os investimentos ou
reduzir os preços, criando barreiras para os novos entrantes no mercado.
O autor destaca que (p.322) “a empresa deve estar consciente da
magnitude das despesas totais e das melhores oportunidades para a sua
efetivação, pois elas exercerão forte influência sobre a reação dos concorrentes
em termos de novos investimentos”.
2.2 Arranjo Produtivo Local Ao abordar o tema de arranjo produtivo local, Mytelka e Farinelli (2000,
p.6), descrevem que “apesar de ser possível encontrar em países da periferia
capitalista, arranjos produtivos locais “mais completos” (organizados e
inovativos, sendo este último mais raro), a maior parte deles assume
características de arranjos informais ou mesmo de enclaves mono-produto”.
Para os autores, os arranjos produtivos informais são compostos,
geralmente, por pequenas e médias empresas, cujo nível tecnológico é baixo
em relação à fronteira da indústria e cuja capacidade de gestão é precária.
Além disso, a força de trabalho possui baixo nível de qualificação sem
sistema contínuo de aprendizado.
26
Segundo Melo e Casarotto (2000), “muitas vezes os Arranjos Produtivos
Locais são denominados de Sistemas Produtivos Locais”. Trata-se então da
concentração de empresas do mesmo setor, sob a forma de um sistema
estruturado, com a presença de inter-relações em seu conjunto de empresas do
mesmo setor, sistema produtivo estruturado, modelo de desenvolvimento
extensivo com um processo de industrialização endógeno, ou seja,
impulsionado por agentes locais.
Enquanto Venturi (2008, p.66), observa que:
embora as baixas barreiras à entrada possam resultar em crescimento no número de firmas e no desenvolvimento de instituições de apoio dentro do arranjo, isto não reflete, em geral, numa dinâmica positiva, como nos casos de uma progressão da capacidade de gestão; de investimentos em novas tecnologias de processo; de melhoramento da qualidade do produto; de diversificação de produtos; ou de direcionamento de parte da produção para exportações.
O autor ainda complementa afirmando que “as formas de coordenação e
o estabelecimento de redes e ligações inter-firmas são pouco evoluídos, sendo
que predomina a competição predatória, o baixo nível de confiança entre os
agentes e as informações pouco compartilhadas” (p.67).
Assim, a infra estrutura do arranjo é precária, estando ausentes os
serviços básicos de apoio ao seu desenvolvimento sustentado, tais como
serviços financeiros, centros de produtividade e treinamento. Em alguns casos,
a dificuldade de integrar verticalmente e adensar a cadeia produtiva do arranjo
pode resultar em arranjos constituídos por um aglomerado de empresas mono-
produto, com baixo nível de trocas e cooperação intra-arranjo.
Neste sentido, um grupo de autores vem adotando o termo geral de
Arranjos Produtivos Locais (APLs) para definir como aqueles sistemas de
produção local associados ao processo de formação histórico periférico
(SUGANO; SANTOS, 1999).
Para Cunha (2003, p.33), arranjos produtivos, cujo significado semântico
do termo inicial expressa ordem, acordo e governo, “têm sido empregados
como ‘sinônimo de cluster ou aglomerado”, para ser fiel ao seu significado o
arranjo deveria destinar-se ao enquadramento de aglomerados industriais mais
avançados, nos quais há a percepção clara dos atores que assumem a
governança e boa definição das responsabilidades no interior da aglomeração.
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Contudo, este não é o entendimento de Cassiolato e Szapiro (2002,
p.12), para os quais “arranjos produtivos locais referenciam aquelas
aglomerações produtivas, cujas interações entre os agentes não são
suficientemente desenvolvidas para caracterizá-los como sistema”.
Segundo Cassiolato & Lastres (1999) e Tironi (2000), existem vários
tipos de agrupamento local, dos quais se podem destacar:
a) agrupamento potencial: que se dá quando existe, na região, uma
concentração de atividades produtivas que apresentem alguma característica
comum, como uma tradição de uso de determinadas técnicas, contudo, sem
que esteja ocorrendo uma organização ou uma ação conjunta entre os agentes
econômicos da atividade existente;
b) agrupamento emergente: quando passa a ocorrer, no local, a
presença de empresas de vários tamanhos, tendo como características comuns
o desenvolvimento de ações de interação entre os agentes existentes na
região/setor. Nesse tipo de arranjo pode ocorrer, mesmo de forma incipiente, a
presença de instituições de apoio, porém com uma pequena e débil articulação;
c) agrupamento maduro: que tem por característica uma concentração
local de atividades e como identificação comum à existência de uma base
tecnológica significativa, observando-se a existência de relacionamento mais
intenso entre os agentes produtivos e com os demais agentes e instituições
locais. Verifica-se ainda conflitos de interesse, indicando um pequeno grau de
coordenação entre agentes econômicos para que possa alavancar um
crescimento sustentado a longo prazo;
d) agrupamento avançado: cuja principal característica é um alto nível de
coesão interna de organização entre os agentes internos e externos, resultando
no melhor aproveitamento das externalidades geradas pelos participantes deste
entorno produtivo;
e) agrupamento tipo cluster: que apresenta características de
agrupamento maduro quanto ao seu grau de coesão interna. No entanto, tem
um grau menor de organização, porque envolve um número maior de
localidades ou áreas urbanas, dentro de uma mesma região geograficamente
delimitada, vindo a constituir um espaço econômico pouco diferenciado em
termos de atividades produtivas;
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f) pólo tecnológico: definido como o local em que estão reunidas
empresas intensivas em conhecimento ou com base em tecnologia comum,
tendo como fonte do desenvolvimento as universidades e outros centros de
tecnologia e de pesquisa. Uma de suas características é que, normalmente
também representam um tipo de agrupamento maduro;
g) redes de subcontratação: compostas por empresas que nem sempre
estão instaladas na mesma área geográfica delimitada, mas que normalmente
atendem à demanda de grandes empresas. Nem sempre os sub-contratados
constituem um agrupamento formal e procura seguir um padrão de organização
emanada da empresa núcleo.
Sendo assim Venturi (2008, p.69) conclui que, “pode-se dizer que os
arranjos produtivos locais surgem como contrapartida da formação de cluster,
seria como uma etapa inicial de amadurecimento e criação de raízes para
galgar desenvolvimentos mais sustentáveis a médio e longo prazo”.
2.3 Aglomerados
Porter (1999, p.211) apresenta a seguinte definição para um aglomerado
empresarial, considerando o elo de elementos comuns: “um aglomerado é um
agrupamento geograficamente concentrado de empresas inter-relacionadas e
instituições correlatas numa determinada área, vinculadas por elementos
comuns e complementares”.
O autor ainda complementa que o escopo geográfico, varia de uma única
cidade ou estado para todo um país ou mesmo uma rede de países vizinhos.
Para Galvão (1999) uma aglomeração significa especialização em um
determinado ramo da indústria, com a inclusão de todos os setores industriais a
jusante e a montante.
Para Vilela (1999), um aglomerado é a forma mais ampla de atuação em
rede, na qual a proximidade das empresas e instituições assegura certas
formas de ações em comum e incrementa a freqüência e o impacto das
interações.
29
Para Cassiolato e Szapiro (2003), o próprio conceito de aglomeração
tornou-se mais articulado. Assim, um importante passo nesta direção foi a
ligação da idéia de aglomeração com a de “redes”, especialmente no contexto
de cadeias de fornecimento e ao redor de empresas “âncora”.
Lemos (1997), apresenta alguns aspectos comuns em relação aos
aglomerados, ou seja:
a) os atores: grupos de pequenas empresas nucleadas por grande
empresa; associações; instituições de suporte; serviços; ensino e pesquisa;
fomento; financeiras, etc; e
b) as características: intensa divisão de trabalho entre firmas;
flexibilidade de produção e de organização; especialização e mão-de-obra
qualificada; competição entre firmas e demais agentes; relações de confiança
entre os agentes; complementaridades e sinergias.
Resende e Gomes (2003), dizem que na literatura econômica que estuda
a aglomeração geográfica de empresas (cluster), pode ser dividido em dois
grupos:
a) o primeiro grupo diz, baseado em Krugman (1998) e Porter (1998),
que cluster é um resultado natural das forças de mercado e não há espaço para
políticas públicas além da correção das imperfeições de mercado.
b) o segundo grupo, por sua vez, defende o apoio do governo por meio
de medidas específicas de política e a cooperação entre empresas no cluster.
Ainda sobre o conceito de aglomerado, Venturi (2008, p.64) discorre que
“pode ser utilizado como uma metodologia de desenvolvimento regional, ou
seja, uma estratégia de industrialização local com base em agrupamentos”. Em
uma determinada localidade podem-se identificar oportunidades de
investimentos e de crescimento econômico.
O autor ainda complementa afirmando que nesse ambiente, as empresas
locais terão a oportunidade de desenvolverem seus negócios alcançando uma
melhor produtividade e, conseqüentemente, tornando-se mais competitivas.
Por sua vez Britto (2000), sugere que os aglomerados não devem ser
concebidos como mera aglomeração espacial de atividades industriais
presentes em determinados setores, mas sim como arranjos produtivos onde
predominam relações de complementaridade e interdependência entre diversas
atividades localizadas num mesmo espaço geográfico econômico.
30
Sobre esse propósito, Casarotto Filho e Pires (1999, p.23) afirmam que
essas empresas terão dificuldades se não atuarem de forma conjunta:
(...) a globalização cada vez mais acentuada dos mercados e da produção está pondo em questionamento a competitividade das pequenas empresas. Sem dúvida, a não ser que a pequena empresa tenha um bom nicho de mercado local, dificilmente terá alcance globalizado se continuar atuando de forma individual.
Segundo Peres (2000), os aglomerados podem apresentar as seguintes
características, conforme o Quadro 1:
Características Abordagem
Especialização flexível
em um determinado ramo da indústria, considerando todos os setores industriais e jusante a montante, bem como a produção de diversos produtos para diferentes mercados consumidores;
Divisão do trabalho
entre as empresas em todas as fazes do processo produtivo;
Cooperação entre as organizações; Presença de capacidade empresarial
e de uma força de trabalho especializada nas atividades produtivas pertinentes a um determinado distrito industrial;
Grau de inserção das atividades econômicas no meio social, cultural e territorial, o que possibilita a existência de um sistema de valores de confiança e de atitudes de cooperação que são partilhadas pela comunidade dos distritos industriais;
Densidade institucional
baseada na presença de uma rede de informações e de produção entre empresas, representada por organização de trabalhadores ou sindicatos, associações, grupos comunitários de interesses específicos, autoridades regionais e locais e instituições de apoio especializado ou de serviços.
Quadro 1: Características dos aglomerados. Fonte: Pires (2000). Para o autor, as empresas em um aglomerado, podem compartilhar seus
investimentos, promover transferências de tecnologias e informações.
Essa rede de relacionamento pode, inclusive, “submeter os empresários
a oportunidade de desenvolverem juntos projetos de pesquisa e
desenvolvimento, complementa Venturi”. (2008, p.63)
31
Ainda segundo Lemos (2001), pode-se classificar os aglomerados
conforme o Quadro 2:
Abordagem Características
Distritos industriais alto grau de economias externas e redução de custos de transação Distritos industriais recentes
eficiência coletiva baseada em economias externas e em ação conjunta
Manufatura flexível tradições artesanais e especialização para economias externas de escala, redução de custos de transação e redução de incertezas
“Milieu” inovativo Capacidade inovativa local e aprendizado coletivo, identidade social, cultural e psicológica com redução de incertezas
Parques científicos e tecnológicos
“property-based” em setores de tecnologia avançada e intensa relação com instituições de ensino e pesquisa/empresas, hospedagem e incubação de empresas, fomento à transferência de tecnologia
Redes locais sistema intensivo de informação, complementaridade tecnológica, identidade social e cultural e aprendizado coletivo com redução de incertezas
Quadro 2: Classificação de aglomerados. Fonte: Lemos (2001).
Uma iniciativa importante tanto dos agentes locais e estaduais, públicos
e privados, seria promover a realização de estudos a fim de compreender a
existência de possíveis aglomerados industriais, pois segundo Britto (2000) é
possível contemplar a ocorrência de expressivo número de situações que
correspondem a características que se encontram nas definições de clusters
industriais. São ocorrências potencialmente aptas a desenvolverem a cultura e
as práticas do associativismo competitivo.
Porter (1999) ao fazer uma análise crítica das vantagens competitivas
referente a fatores locais e Aglomerados Competitivos nos diz que o mundo de
hoje é dominado por Aglomerados Competitivos, e que estes são
características marcante de praticamente todas as economias, principalmente
nos países desenvolvidos.
Enquanto Cunha (2003, p.21) destaca que:
atualmente, com a reestruturação produtiva, que valoriza a produção flexível, ou seja, a manufatura de produtos variados, e tem como vetores, tecnologias inovadoras, como da microeletrônica, que viabiliza a tecnologia da informação e de comunicação, abrem-se novos horizontes para que as empresas de menor porte neutralizem o avanço do grande capital, pois há a possibilidade de ganhos de escala
32
de rede e de especialização no interior da cadeia produtiva. A eficiência coletiva e os ganhos advindos da ação conjunta assumem dimensões mais complexas, podendo gerar processos virtuosos de inovação e de aprendizado coletivo.
O autor ainda destaca que quando há evolução dos aglomerados para
níveis superiores de relacionamento, as empresas, que deles fazem parte,
mantém estreita relação com o ambiente que as cerca e com a cultura
localmente predominante, incluindo os laços e relações familiares e de
amizades, superando assim, as meras intenções comerciais.
Ainda observa que “os sistemas regionais e locais de inovação
correspondem a uma etapa mais avançada de organização, nos quais a
empresa é o agente final, porém imersa num contexto social”, (CUNHA, 2003,
p.27).
Já Garcia (2000), implica que se necessita explicar porque algumas
regiões produtivas têm êxito desde o ponto de vista econômico, a evoluir de um
simples cluster a categoria de distrito industrial e também porque outras ficam
em simples aglomerações empresariais.
“Na maioria das experiências existentes de surgimento, consolidação,
amadurecimento (e eventualmente decadência) de agrupamentos e
agrupamentos avançados, o seu desaparecimento e desenvolvimento ocorre
espontaneamente, isto é, sem que haja uma ação indutora governamental”
(CNI, 1998, p.15).
O aglomerado é “formado de empresas cujas atividades se inter-
relacionam”, são constituídos de empresas prestadoras de serviços, instituições
públicas, instituições de pesquisas, universidades, associações comerciais,
bancos, fornecedores e consumidores. Esses agentes mantêm uma
convivência intensa, criando potencial de desenvolvimento, complementa
Venturi. (2008, p.64)
Enquanto Amato Neto (2000, p.17) afirma que em particular, na busca de
maior eficácia na alocação espacial de investimentos produtivos em sintonia
com a elevação do poder de competitividade das empresas, “novos tipos de
arranjos interorganizacionais vêm surgindo em várias partes do mundo”.
Tais arranjos relacionam-se com novos padrões tanto de localização de
investimentos, que rompem com as tradicionais tendências baseadas em
critérios convencionais das vantagens competitivas tradicionais de oferta
33
abundante de matérias-primas e de mão-de-obra barata, como de proximidade
com mercado consumidor favorável e outros.
Casarotto Filho e Pires (1998) por sua vez enfatizam a importância do
processo cooperativo na ampliação qualitativa e quantitativa da atividade
empresarial e da ação participativa e pró-ativa da comunidade local pública e
privada como um dos principais elementos alavancadores deste
desenvolvimento.
Enquanto para Porter (1999, p.283), “à experiência de promoção de
aglomerados na Catalunha, Espanha, utiliza-se do conceito de micro-
aglomerados para enquadrar aglomerados específicos, de definição restrita”.
Porém, em seguida, frisa que os aglomerados foram estudados levando-
se em conta empresas, fornecedores, universidades e uma ampla gama de
outras partes interessadas, ampliando o restrito conceito inicial.
O autor ainda faz referência em sua literatura sobre Pólos de
Crescimento e sobre Aglomerados quando cita que a literatura sobre economia
urbana e ciência regional focaliza as economias das aglomerações urbanas
generalizadas em termos de infra-estrutura, tecnologia das comunicações,
acesso aos insumos, base industrial diversificada e disponibilidade de
mercados em áreas urbanas concentradas.
Esses tipos de economias, que são independentes das modalidades de
empresas e aglomerados existentes, parecem revestir-se de maior importância
nos países em desenvolvimento.
No entanto, (1999, p.218):
as economias das aglomerações urbanas generalizadas talvez estejam diminuindo de importância, à medida que a abertura comercial e a queda nos custos dos transportes e das comunicações possibilitam acesso mais fácil aos insumos e aos mercados e na proporção em que mais localidades e países desenvolvem infra-estruturas comparáveis.
Enquanto Amato Neto (2000, p.18) destaca que “na economia atual, as
decisões de investimentos estão cada vez mais condicionadas por essas
vantagens competitivas dinâmicas”, como a existência de uma infra-estrutura
local adequada: proximidade com centros de pesquisa e desenvolvimento;
oferta de mão-de-obra qualificada; acesso aos modernos meios de transporte e
comunicação; e outras.
34
Porter (1999) ainda relata que, estudos anteriores contribuirão para a
nossa compreensão a respeito da influência dos aglomerados em relação à
competição.
A literatura sobre economia de aglomeração salienta a minimização dos
custos de insumos, sua especialização, viabilizada pela amplitude do mercado
local e as vantagens advindas da localização pertos dos mercados.
Ainda o autor nos coloca que o desenvolvimento econômico focaliza a
indução da demanda e da oferta, certamente um elemento da formação dos
Aglomerados.
Outro aspecto também observado pelo autor é que:
a teoria dos aglomerados atua como uma ponte entre a teoria das redes e a competição. O aglomerado é uma forma que se desenvolve dentro de uma localidade geográfica, na qual a proximidade física de empresas e instituições asseguram certas formas de afinidades e aumenta a freqüência e os impactos das interações. (1999, p.240)
Já Cunha (2003, p.35), quando trata do ciclo de vida dos aglomerados
industriais, frisa que “há dois outros pontos que merecem destaque na
apreciação dos aglomerados:
a) um deles é o grau de desenvolvimento alcançado;
b) o outro é o do tempo para seu amadurecimento,
Desde os estágios em que predomina a informalidade, até o nível
máximo de eficiência em que imperam os sistemas inovativos, o autor destaca
também que os ciclos evolutivos, desde sua emergência, passando pelo
desenvolvimento, a maturidade até seu declínio e reorientação, necessitam ser
levados em conta, pois se, de um lado, estão intimamente relacionados às
especializações produtivas e a capacidade de abrir espaços para formas
inovativas, de outro lado, podem aumentar ainda mais a imprecisão conceitual e
a classificação das ocorrências de aglomerações de empresas.
Enquanto Porter (1999, p.255), relata a experiência no desenvolvimento
de aglomerados e indica que, “podem levar dez ou mais anos para adquirir sua
plenitude competitiva”, portanto uma das prováveis causas de resultados
negativos de programas de fomento a aglomerados, patrocinados por governos,
decorre dos horizontes temporais mais curtos de suas incursões em políticas
industriais.
35
Desta forma Cunha (2003, p.35) faz um alerta a todos os que operam no
desenho e na implementação de políticas de desenvolvimento local e regional
tendo como vetor os aglomerados industriais: “as intervenções sob forma de
políticas de fomento não podem ser transitórias e de curto prazo”.
Quanto à evolução dos aglomerados, Porter (1999, p.33) observa que:
“os aglomerados em diferentes localidades freqüentemente evoluem para
subespecialização exclusivas”, sobretudo em termos de cobertura de
segmentos de produtos, de aparato de fornecedores e setores complementares
e quanto às formas de competição predominante, o que segundo Cunha (2003,
p.36) “implica na não-linearidade no desenvolvimento dos aglomerados em
geral”.
Analisando as fases evolutivas da experiência italiana de aglomerados
industriais, Cunha (2003, p.36) indica que,
Ao longo do tempo, os distritos industriais passam por mudanças, ou por serem alimentados por um sem numero de pequenos fornecedores, como também por não seguirem a trajetória considerada normal, que passa pela formação de um complexo de pequenas e médias empresas, entrelaçadas com instituições de diversas categorias e com forte envolvimento local.
Para melhor se visualizar o desenvolvimento e o ciclo da vida dos
aglomerados foram incluídas duas figuras de lavra da Eurada (1999), um dos
quais já foi adaptado por Casarotto et al. (2001).
A figura 1 (anexo 1) mostra a evolução sob formato circular, nele
sobressaindo-se os estágios da evolução: emergente; crescente; estabilização
e declinante e os aspectos e as causas que podem se constituir em pontos
críticos determinantes da inflexão e das rupturas nas trajetórias dos
aglomerados.
A figura 2 (anexo 2) realça os nós e as ligações que vão se construindo
ao longo do processo de avanço, mostra imagens de quatro momentos: o do
pré-aglomerado, caracterizado por um pequeno número de firmas, sem vínculos
recíprocos; o do aglomerado emergente, ou do nascimento de um aglomerado,
em que ocorrem as primeiras ligações entre empresas e há um certo
adensamento de firmas; o do aglomerado que expande seus vínculos e o que
atinge forte inter-relacionamento, com a criação de uma massa crítica, que foi
denominado de: “cluster organizado”, (CASAROTTO et al., 2000).
36
Sua contribuição destaca-se pela proposta de referencial analítico
voltado para a discussão da cooperação interindustrial no interior de redes de
firmas; pelos critérios para identificar a diversidade institucional das redes de
firmas e os mecanismos de operações de modelos estilizados de redes de
firmas.
Toda e qualquer avaliação de aglomerados industriais necessita levar em
conta a fase da vida das ocorrências reais de aglomerações de empresas, até
para se poder avaliar a trajetória dos fenômenos de aglomeração produtiva.
Sendo assim para um melhor entendimento do conceito de aglomerado e
as diferentes manifestações Cunha (2003, p.40), observa que é essencial
destacarem-se dois pontos relevantes merecedores de apreciação:
a) a geração e a apropriação de economias externas, partindo dos dois
grandes grupos: as estáticas ou passivas (decorrentes do mero efeito
da aglutinação de empresas especializadas, em determinado espaço
geográfico, tal qual as reveladas por Marshall, 1920) e as planejadas
ou ativas que decorrem de ação conjunta e deliberada e
b) no mesmo diapasão, inserem-se os efeitos resultantes de cooperação
técnico-produtiva, interorganizacional e tecnológica em aglomerado e
em rede de empresas.
Porter (1999) mostra também, o elevado grau de importância para as
empresas que estão localizadas “em áreas onde possam receber fluxos
atualizados de informações especializadas sobre tecnologia e características
dos clientes, além de se inter-relacionarem com outros participantes na
promoção de desenvolvimento local”.
Ele destaca, simultaneamente, outros fatores, como “a eficiência das
organizações empresariais em termos de custos de implantação e de operação
dos empreendimentos; o dinamismo das cadeias produtivas em que se inserem
e as condições de desenvolvimento das regiões em que se localizam.
Estas três dimensões (empresa, cadeia produtiva e região) configuram o
conceito de clusters produtivos.
Então, Cunha (2003, p.41) acrescenta que os ganhos potenciais de
empresas localizadas em aglomerados podem ter duas dimensões básicas:
a) de externalidades ou de aglomeração; e
b) os resultantes de ação conjunta deliberada.
37
O autor ainda cita que as vantagens da aglomeração são meramente
estáticas, marshallianas, ou pecuniárias, e decorrem da oferta de serviços
técnicos e de insumos para uma rede de empresas, associada à provisão de
infra-estrutura e a disponibilidade de pessoal especializado.
Ou seja, os custos para as empresas localizadas no interior do arranjo
(de redes ou aglomerados) são inferiores aos imperantes em outros locais.
As empresas isoladas ou situadas em outras áreas ficam inferiorizadas
competitivamente, portanto, mostram desvantagens de todas as naturezas,
tanto as estáticas como as dinâmicas.
Em suma:
as vantagens estáticas ou passivas são as mais encontradas e em alguns casos é qualificada como espúria, quando são artificialmente criadas, mediante a concessão de incentivos fiscais, ou são subordinadas a custos reduzidos de mão-de-obra, as quais, de maneira semelhante às vantagens advindas de economias de escala, usufruídas pelas grandes empresas e que podem ser imitadas por outras empresas, não lastreiam processos de competitividade sustentáveis, (CUNHA, 2003, p.43).
Porter (1999) ao tratar das organizações dos aglomerados através do
quadro 3 especifica os “Mecanismos Organizacionais dos Aglomerados”.
Quadro 3: Mecanismos Organizacionais dos Aglomerados. Fonte: Porter, 1999. E assim, nos oferece uma excelente contribuição, apresentada no
Quadro 3, que “sintetiza os mecanismos e a descrição das vantagens
Mecanismos Descrição Acesso a insumos e pessoal especializado
A localização no interior do aglomerado proporciona acesso a insumos especializados de melhor qualidade ou de menor custo em comparação com o mercado individual.
Acesso à informação As informações técnicas, de mercado e sobre outras áreas acabam se concentrando dentro do aglomerado e em suas empresas. O acesso é demelhor qualidade e a custos inferiores, permitindo um aumento de produtividade.
Complementaridade A facilidade de intercâmbio entre as empresas que fazem parte do aglomerado, não só entre suas atividades, mas também no projeto, na logística e nos próprios produtos.
Acesso a instituições e bens públicos
Os aglomerados transformam em bens públicos insumos que seriam dispendiosos, por exemplo, a capacitação por meio de programas locais com menor custo.
Incentivos e mensuração
Os aglomerados melhoram os incentivos dentro das empresas para obtenção de altos níveis de produtividade.
38
competitivas de empresas que participam de aglomerados, entre as quais: a
troca de informações variadas; o acesso a insumos; as diferentes modalidades
de inter-relacionamento e o estímulo ao aumento dos níveis de produtividade”.
Portanto, Cunha (2003, p.44) nos alerta que “é necessário estudar e
avaliar os impactos resultantes das vantagens existentes no interior de um
aglomerado ou de uma rede, ou seja, os ganhos de competitividade daí
resultantes, em comparação as firmas situadas em outros locais”.
Já a figura 3 (Anexo 3) foi desenhada por Cunha (2003, p.45) tendo
como base Sabatini (1998, p.34), Britto (2002, p.359) e Schmitz (1997, p.167)
com o propósito de sintetizar o entrelaçamento entre as economias de
aglomeração com as originárias da ação conjunta, que resultam em eficiência
coletiva, as primeiras, são denominados como passivas, e as segundas, ativas
ou deliberadas.
Assinalam-se algumas das vantagens mais freqüentes conquistadas em
aglomerações industriais:
• redução de custos decorrentes de ganhos de escalas externas ou de
rendimentos crescentes derivados de custos subaditivos;
• os quatro tipos de externalidades apresentados por Britto (2002, p.349):
de natureza técnica, pecuniária, tecnológica e de demanda;
• melhor enfrentamento e manejo das incertezas inerentes à concorrência
e ao avanço de novas tecnologias;
• impactos dinâmicos decorrentes do fluxo de circulação de informações;
• o aprendizado obtido pela interatividade;
Portanto, segundo o autor, algumas delas têm origem na maior eficiência
operacional, outras, na flexibilidade produtiva e em efeitos dinâmicos, relativos
a conquistas tecnológicas, outras na redução dos custos de transação.
Ainda fazendo referência à aglomerados (p.46), o autor recorda que “o
novo paradigma econômico-tecnológico que induz o aumento de
competitividade das pequenas e médias empresas e a cooperação interfirmas
acha-se em fase de evolução ascendente, porém a captura das oportunidades
desta via de crescimento não está assegurada a todos os espaços econômicos
e aos aglomerados e redes de empresas existentes ou potenciais”. O autor
ainda faz referência ao “Institute of Development Studies (IDS) (2002) que está
estudando a eficiência coletiva e a globalização, questiona se a aglomeração de
39
empresas é uma rota para o desenvolvimento da competitividade industrial, e
compartilha da mesma conclusão: há uma crescente concordância de que a
aglomeração ajuda as pequenas empresas a superar constrangimentos e a
competir em mercados distantes, porém, não há o reconhecimento de que isto
ocorra automaticamente”.
E sobre sistemas produtivos locais, (p.28) escreve que “têm forte
interconexão com o desenvolvimento endógeno, fundamentando-se em fatores,
agentes e competências locais. É mais harmonioso e sustentável, sob os
enfoques econômico-social e ambiental”.
Desta forma, considerando todas as observações anteriores, Venturi
conclui que aglomerados empresariais podem ser assim definidos, “por
conjunto de empresas que buscam inter-relações mais ou menos intensas,
dependendo do grau de similaridade e de necessidades entre elas”. (2008,
p.65)
2.4 Clusters
Clusters, segundo Visconti (2001), podem ser definidos como:
concentração geográfica de empresas e instituições que estão interconectadas num determinado campo de atividade econômica, além de indústrias correlatas, com as quais as interações fluem em função de similitudes na base técnica; e um cluster contém uma série de outros elementos importantes para a sua competitividade.
Na visão de Porter (1999) “cluster é um aglomerado competitivo, definido
como um agrupamento geograficamente concentrado de empresas inter-
relacionadas e instituições correlatas numa determinada área, vinculadas por
elementos comuns e complementares”.
Já Amato Neto (2000, p.53) ao passar pelo conceito de clusters afirma
que, “pode-se entendê-lo, de modo abrangente, como uma concentração
setorial e geográfica de empresas”, ainda observa que faz-se necessário
identificar uma série de características inerentes aos clusters,
independentemente de seu nicho de atuação, do tipo de produto ou serviço que
proporcionam. Entre as várias características, a mais importante é o ganho de
eficiência coletiva, entendida como vantagem competitiva.
40
Outra definição que se encontra na literatura é o cluster pode ser definido
como a existência de uma grande quantidade de empresas localizadas na
mesma cidade ou região. Em um cluster industrial podem aparecer diversas
configurações empresariais, possibilitando a convivência de empresas de
diversos tamanhos é o que defende Monteiro e Morris. (1999)
Por sua vez Altenburg (2001) observa que já têm alguns anos que o tema
dos clusters industriais aparece na discussão internacional, principalmente
quando se fala em diferentes estratégias para promover a competitividade das
empresas.
Ainda completa afirmando que parece que através da formação de
clusters, especialmente de pequenas e médias empresas, é que se encontra
uma forma para crescer economicamente e inovar com novos produtos e novas
formas de baixar os custos de produção.
Seguindo o raciocínio de autores como Benko e Lipietz (1994) os clusters
surgem como qualquer outro empreendimento comercial e evoluem como um
ciclo de vida que inclui: o surgimento, o crescimento; a maturidade e o declínio
ou mudança.
Já Segundo a CNI – Confederação Nacional da Indústria – (1998 p.8),
conceitua-se um agrupamento (cluster), numa referência geográfica, “a
aglomeração de empresas ali localizadas que desenvolvem suas atividades de
forma articulada e com uma lógica econômica comum”, a partir, por exemplo,
de uma dada dotação de recursos naturais, da existência de capacidade
laboral, tecnológica ou empresarial local e da afinidade setorial de seus
produtos.
O ponto de partida é a observação de que um cluster oferece grande
potencial para a criação de vantagens competitivas, mesmo sem a intervenção
do governo ou de outros autores, resultando numa série de vantagens de
localização; que Nadvi (1997) chama de vantagens passivas.
Como pré-condições para a formação de um cluster, segundo De Luca
(2001), é preciso que exista um número significativo de empresas; um setor
industrial definido; uma forte cooperação entre as empresas; boa prestação de
serviços e cultura regional.
Reforçando as pré-condições defendidas por De Luca, Diniz (2001)
acrescenta, não basta somente desejar que ele apareça, é necessário que
41
existam certas características, como a que determinada região tenha vários
focos de um mesmo potencial de atividade, fazendo assim fornecedores de
insumos e prestadores de serviço se instalarem neste mesmo local, assim as
empresas do mesmo ramo podem trabalhar em associativismo, obtendo mais
oportunidades diante do mercado.
Mytelka e Farinelli (2000) apresentam uma síntese que chamam de
tipologia de Cluster e Arranjo Produtivo Local (APL), Conforme o Quadro 4:
Clusters informais
Clusters organizados
Clusters inovativos
Existência de Liderança
Baixo Baixo a Médio Alto
Tamanho das Firmas
Micro e Pequena PME’s PME’s e Grandes
Capacidade Inovativa
Pequena Alguma Contínua
Confiança Interna
Pequena Alta Alta
Nível de Tecnologia
Pequena Média Média
Linkages Algum Algum Difundido
Cooperação Pequena Alguma a Alta Alta
Competição Alta Alta Média a Alta
Novos Produtos
Poucos; Nenhum Alguns Continuamente
Exportação Pouca; Nenhuma Média a Alta Alta Quadro 4: Tipologia de clusters e arranjos produtivos locais Fonte: Mytelka & Farinelli (2000) Percebe-se assim, que um cluster, ou um aglomerado é um agrupamento
de empresas do mesmo setor ou não, mas que trabalham de forma
colaborativa, com o intuito de unir forças e melhor competir no mercado,
(GALVÃO, 1999).
Enquanto Porter (1999, p.214) relata que “as fronteiras de um cluster são
definidas pelos elos e pela interdependência entre os diferentes setores e
instituições”, por isso, embora em geral os clusters permaneçam confinados as
fronteiras políticas nada impedem que eles cruzem fronteiras estaduais e até
nacionais.
42
O autor também observa que, a simples reunião geográfica de empresas,
fornecedores e instituições criam a possibilidade de valor econômico, mas não
garante, necessariamente, que ela se transformará em realidade.
O autor ainda ressalta que “para maximizar os benefícios de
envolvimento no cluster, as empresas precisam participar ativamente e
estabelecer uma presença significativa na região.
Elas devem investir substancialmente na área, mesmo que sua matriz
esteja localizada em outro lugar e promover um relacionamento permanente
com órgãos governamentais e instituições locais. (1999)
Complementando ainda o conceito, Amato Neto (2000, p.54), alerta que
“é importante frisar que clusters são formados apenas quando ambos os
aspectos setorial e geográfico estão concentrados”, de outra forma, o que se
tem são apenas organização de produção em setores e geografia dispersa, não
formando, portanto, um cluster. Neste último caso, o escopo para a divisão do
trabalho e economia de escala é pequeno.
Enquanto Venturi e Felipe (2007) observam que algumas características
são fundamentais para o desenvolvimento de um cluster, tais como:
a) externalidades positivas geradas pela existência de um grande pool de
trabalhadores qualificados;
b) interações consistentes entre as firmas participantes;
c) trocas de informações entre as firmas, instituições e indivíduos
inseridos no cluster;
d) existência de uma diversificada infra-estrutura institucional de apoio às
atividades desenvolvidas;
e) presença de uma identidade sócio-cultural, ou seja, valores, regras e
práticas comuns, além da;
f) formação de laços de confiança mútua; alcance de vantagens
competitivas coletivas que não poderiam ser obtidas individualmente e;
g) desenvolvimento de uma especialização flexível, que consiste na
capacidade das firmas atenderem às necessidades de demanda, diferenciando
e substituindo tipos e modelos de produtos, oferecendo serviços pós-venda e
realizando outras atividades que atraiam os consumidores.
Desta forma Amato Neto (2000, p.54) complementa ao observar que, “no
caso de um cluster, encontra-se amplo escopo para a divisão de tarefas entre
43
empresas, bem como para a especialização e para a inovação, elementos
essenciais para a competição além dos mercados locais”. Neste caso, também,
há um espaço significativo para a ação em conjunto das empresas pertencentes
a um cluster, o que não ocorre em sistemas dispersos.
Enquanto Casarotto et al. (1998, p.20) acrescentam afirmando que, “os
instrumentos de organização empresarial e as formas de estruturação das
redes de empresas requerem um pacto político, estratégico operativo entre
empresas e instituições”, e ainda conclui que, essas afirmações (...),
representam a base do processo de criação de um sistema econômico local
competitivo.
Já Porter (1999) ressalta ainda que os clusters são fundamentais para a
base de operações das linhas de produtos de uma empresa. As atividades da
base de operações, elaboração de estratégias, produtos e processos
essenciais, pesquisa e desenvolvimento, escala de produção ou prestação de
serviços mais sofisticados, criam e renovam os produtos, processos e serviços
de uma empresa.
Amato Neto (2000, p.54), ainda destaca que “na prática, entretanto, é
que há uma grande dificuldade de caracterização de um cluster, já que os
sistemas produtivos nem sempre podem ser claramente separados nas
categorias dispersas ou aglomeradas (clustered)”.
Os limites entre essas categorias nem sempre são nítidos, e, em alguns
casos, podem haver um mix das duas formas de organização. Entretanto o
autor nos desperta para que “essa dificuldade não altera em nada o fato
essencial de que a aglomeração traz ganhos na eficiência coletiva e que
raramente produtores separados podem atingir.
Ainda assim, apesar de todos esses fatores, o autor nos atenta que
(p.55), “apesar de um conglomerado ser coletivamente eficiente, vale destacar
que, em determinado cluster, algumas empresas crescem, enquanto outras
decaem”. A ação conjunta entre as empresas viabiliza a solução de problemas
específicos, tais como provisão de serviços, infra-estrutura e treinamento, não
excluindo porém, a competitividade, e sim, por outro lado, deixando o mercado
mais transparente, o que incentiva a rivalidade.
Segundo Humphrey e Schmitz (1998, p.54) “os clusters de países em
desenvolvimento, bem como os europeus não surgiram de uma intervenção
44
estatal planejada, mas de um processo endógeno, no entanto, não isenta o
Estado, principalmente em nível regional e local, de uma importantíssima
participação”.
Já para Porter (1999), o governo, trabalhando com o setor privado, deve
reforçar e aprimorar os clusters já existentes e emergentes em vez de tentar
criar outros totalmente novos. Setores e clusters novos e bem-sucedidos
geralmente emergem daqueles já estabelecidos, as empresas que utilizam
tecnologia avançada não progridem no vácuo, mas sim nas regiões onde já
existe uma base de atividades relacionadas com seu setor.
Venturi e Felipe (2007) destacam que a economia mundial, por sua vez,
vem impondo aos agentes responsáveis pela formulação de políticas de
desenvolvimento a busca de novos conceitos e de novas formas de pensar a
organização produtiva busca-se novas formas de negociação e alianças, onde
surgem experiências e inovações.
Enquanto Amato Neto (2000, p.9) afirma que o “governo deve contribuir
para o desenvolvimento de políticas que levem em consideração esse aspecto
dinâmico de cooperação entre um grupo de empresas que operam na mesma
cadeia produtiva” – não simplesmente em cada empresa – vão poder acionar
uma sinergia de impactos, chamados de eficiências coletivas, para a melhoria
de uma rede de empresas.
O autor atenta que o fato de que clusters combinam concentração
setorial e geográfica pode levar determinada cidade ou região a um estado de
certa vulnerabilidade, em face das mudanças de paradigmas nos produtos e
nas tecnologias empregadas.
Esse é o principal argumento contra a concentração de clusters.
Contudo, o que se observa é que os clusters têm maior capacidade de
sobreviver aos choques e à instabilidade do meio ambiente do que as empresas
isoladas, em virtude da ação em conjunto e de sua alta capacidade de auto-
reestruturação, capacidades intrínsecas à própria forma organizacional em
rede. (2000, p.55)
Na defesa dos clusters há seus críticos, Amato Neto observa que, os
clusters podem não ser necessariamente formados por apenas um tipo de
indústria; contudo, geralmente, concentram somente um ramo industrial, sendo
por isso alvo de críticas relativas à sua vulnerabilidade na economia regional,
45
tendo em vista os desafios impostos pela necessidade de permanente
atualização em face das constantes inovações tecnológicas, fenômeno não
característico de regiões mais diversificadas.
Por outro lado, ainda, os “clusters podem responder a crises e
oportunidades de forma mais dinâmica, uma vez que suas especialidades
podem ser reorganizadas em novos processos”. (2000, p.57)
Já Porter (1999) destaca também que, as iniciativas para o
desenvolvimento de novos clusters devem concentrar-se na busca de vantagem
competitiva e especialização em vez de simplesmente imitar os clusters bem-
sucedido de outras regiões.
O que requer o aproveitamento de fontes locais de recursos exclusivos.
Em geral, a descoberta de áreas de especialização tem-se mostrado mais
eficaz do que a concorrência direta com regiões rivais bem estabelecidas.
Enquanto Amato Neto (2000, p.55) discorre sobre os “fatores que
viabilizam o crescimento dos clusters regionais não são, necessariamente, os
mesmos que forneceram ao local sua vantagem inicial”.
A criação de conhecimento específico da indústria e o desenvolvimento
das redes de compradores e fornecedores e as pressões competitivas locais,
que forçam as firmas a inovar e melhoram foram os fatores determinantes no
crescimento subseqüente de muitos clusters regionais, mesmo após as
vantagens iniciais dos clusters esgotarem.
Ainda destaca que é importante ressaltar, nesse momento, que os
clusters freqüentemente se tornam repositórios de habilidades específicas da
indústria. Com o tempo, os conhecimentos acumulam-se e as habilidades são
repassadas de pessoa a pessoa, de modo que esses conhecimentos passam a
tornar-se comuns a todo o cluster.
Outro aspecto destacado pelo autor refere-se ao fato de que os clusters
regionais são, em muitos casos, nichos atrativos para investimentos nos setores
privado e público. Esses investimentos podem surgir de vários modos, inclusive
com base na integração das universidades locais com o cluster, de tal modo
que as empresas do cluster absorvem o contingente de mão-de-obra fornecido
pela universidade.
Desta forma, pode-se considerar, sob uma óptica diferenciada, que
“investimentos do cluster nas universidades são atividades inovadoras, já que
46
se relacionam com a formação de novos trabalhadores, com suas capacidades
inovadoras e criativas, servindo de um possível feedback para o cluster”. (2000,
p.56)
Já no que diz respeito da relação entre cluster e PME´s o autor afirma
que o processo de desenvolvimento de um cluster de PME´s depende, de um
lado, da própria economia interna desse conglomerado, ou seja, dos recursos
disponíveis e de seu próprio gerenciamento, e, de outro, da economia externa,
isto é, depende também do desenvolvimento do setor industrial ao qual
pertence em sua totalidade.
Discorre também que “em áreas urbanas, os clusters localizados em
cidades intermediárias parecem ter sido bem-sucedidos”. Em contraste com os
de cidades pequenas e médias, os clusters de cidades maiores tendem a ser
menos enraizados e ter, em algumas vezes, emergido de profissionais
autônomos informais, (AMATO NETO, 2000, p.58).
O autor ainda afirma que em países em desenvolvimento pode-se
encontrar com muita freqüência clusters com ambos os tipos de caminhos de
desenvolvimento, com grandes inovações e mão-de-obra barata, ou, ainda,
misturando empresas que usam o high road e outras que usam o low road.
E conclui que “em países em desenvolvimento, pode-se encontrar desde
clusters de mínimo impacto, tais como os africanos, até clusters com alta
competitividade atuantes, inclusive no mercado externo, como nos asiáticos e
latino-americanos”. (2000, p.58)
2.5 Redes de Empresas
Ao versar sobre rede de empresas Orsatto (2002), afirma que de modo
geral, uma rede de empresas configura-se em um conjunto de empresas
participando de um mesmo negócio de forma autônoma e harmônica, operando
em um regime de intensa cooperação, onde cada uma das empresas executa
uma ou mais etapas do processo de produção, comercialização e distribuição
de produtos/serviços, assim como a complementaridade de práticas gerenciais.
47
Na visão de Daft (1999, p.340), a perspectiva da rede cooperativa é uma
alternativa que surgiu para a teoria da dependência de recursos. As empresas
se juntam para se tornarem mais competitivas e compartilhar recursos
escassos.
Assim, à medida que as empresas se movimentam em seus próprios
territórios ainda não-fixados, elas também procuram alianças como meio de
compartilhar riscos e se beneficiar dos resultados.
Segundo Peci (1999), os termos organização em rede: rede de
organizações; rede inter-empresas; redes organizacionais; especialização
flexível ou quase empresas; têm sido freqüentemente utilizados para se referir à
coordenação que se estabelece entre as empresas.
Castells (1999, p.191), por sua vez, define empresa em rede como
sendo:
(...) aquela forma específica de empresa cujos sistemas de meios são constituídos pela intersecção de segmentos de sistemas autônomos de objetivos. Assim, os componentes da rede tanto são autônomos como dependentes em relação à rede e podem ser uma parte de outras redes e, portanto, de outros sistemas de meios destinados a outros objetivos.
Já Grandori e Soda (1995) entendem redes como um modo de organizar
atividades econômicas por meio da coordenação e cooperação entre
organizações, onde uma rede interorganizacional é um modelo para regular a
interdependência entre firmas que são diferentes, podendo desenvolver
diversos mecanismos neste processo:
a) mecanismos de comunicação, negociação e decisão;
b) controle e coordenação social;
c) integração de papéis e unidades;
d) “staff” compartilhado;
e) relações de autoridade e hierarquia;
f) sistemas de controle e planejamento;
g) sistemas de incentivos;
h) seleção de sistemas;
i) sistema de informações; e,
j) suporte público e infra-estrutura
48
Para Chisholm (1996), as redes organizacionais são controladas por
membros e não por uma fonte de poder centralizadora. Os membros são
responsáveis, então, por desenvolver um propósito, uma missão e objetivos e
por iniciar e gerenciar projetos e atividades.
Ampliando esses conceitos, Miles e Snow (1992), apontam que as redes
organizacionais, estabelecidas entre empresas ou dentro de uma única
empresa, podem ser caracterizadas como estáveis, internas e dinâmicas e,
ainda, basear-se em uma das três tradicionais estruturas organizacionais –
funcional, divisional e matricial.
Segundo Park (1996, p.795), redes inter-organizacionais são vistas como
um “mecanismo estratégico para aumentar/desenvolver vantagens competitivas
por meio da minimização dos custos, enquanto mantêm a flexibilidade”.
As redes de firmas podem ser entendidas como conjuntos inter-
organizacionais indutores do aumento de eficiência produtiva e da capacitação
tecnológica em diferentes ambientes industriais. As redes podem ser
visualizadas também como um sistema integrado de atores que coordenam
determinadas atividades ou funções, de maneira a promover o intercambio
permanente de fatores, produtos e informações (VISCONTI, 2001).
Dessa forma Venturi (2008 p.56) afirma que, esse grupo de firmas
atuaria através da cooperação estratégica, compartilhando “know-how”,
capacidades técnicas e oportunidades de aprendizado fundamentais para o
desenvolvimento de projetos de inovação. E acrescenta que assim como os
clusters, as redes constituem um tipo de formato organizacional que favorece a
inter-relação e a troca de competências entre firmas.
Os três tipos mais adotados pelas empresas segundo Kanter (1990)
estão descritos a seguir:
a) alianças multi organizacionais de serviços ou consórcio:
organizações juntam-se para criar uma nova entidade que venha a preencher a
necessidade de todos:
b) alianças oportunistas ou joint ventures: as organizações vêem uma
oportunidade para obter algum tipo de vantagem competitiva imediata ainda
que talvez temporária:
49
c) alianças de parcerias que envolvem fornecedores, consumidores e
funcionários: nesse tipo de aliança, há o envolvimento de vários parceiros no
processo de negócio em seus diferentes estágios de criação de valor.
Grandori e Soda (1995) desenvolveram uma tipologia de redes inter-
empresariais com base na compilação de diversas pesquisas anteriores, as
quais se baseiam nos seguintes critérios:
i) tipo de mecanismo de coordenação utilizado;
ii) grau de centralização da rede: e
iii) grau de formalização dessa rede.
Dentro dessa classificação têm-se três tipos de redes identificadas pelos
autores, sendo: redes sociais, redes burocráticas e redes proprietárias, assim
descritas:
a) redes sociais: as redes sociais têm por característica fundamental a
informalidade nas relações inter-empresariais. São subdivididas em: redes
sociais simétricas e assimétricas.
b) redes burocráticas: as redes burocráticas são caracterizadas pela
existência de um contrato formal. Também são divididas em simétricas e
assimétricas.
c) redes proprietárias: caracterizam-se pela formalização de acordo
relativa ao direito de propriedade entre os acionistas de empresas. Mantém-se,
também, a mesma classificação em simétricas e assimétricas.
Cunha (2003, p.29) ao tratar de Rede de Empresas “salienta que as
posições exercidas pelas empresas no interior das redes ou dos aglomerados
industriais e as ligações estabelecidas determinam as peculiaridades e as
dimensões da divisão do trabalho”.
O autor ainda afirma que para que fique caracterizada a existência de
uma rede é imprescindível que haja a conscientização da interdependência e
interpenetração nas fronteiras das empresas envolvidas.
Outro autor que faz referência ao tema de Redes de Empresas, Sistemas
Produtivos Locais (LPS) e clusters é Casarotto e Pires (2001) quando aborda
que estes são massas críticas de Informações, qualificações, relacionamentos e
infra-estrutura de um dado setor.
Cada Região proporciona as melhores condições de competitividade
para as Empresas. As Empresas e Instituições estão ligadas por relações
50
comerciais, de clientela e de sociedades, o autor destaca a diferença entre
clusters e LPS pela terminologia – solidariedade, onde as Redes de Empresas
e Negócios interagem não apenas nos negócios e também interagindo como
um grupo com o Ambiente Social e Cultural Local.
Já para Amato neto (2000, p.46) quando se refere ao conceito de rede
em uma primeira aproximação dá a seguinte forma “pode-se referir à noção de
um conjunto ou uma série de células interconectadas por relações bem
definidas”.
Das teorias sobre redes de empresas, Nedeva (2000), procurou fazer
uma revisão e agrupou-as em quatro categorias:
a) redes com estruturas sociais: é aplicável aos diferentes níveis de
análise, a fim de entender os comportamentos dentro de um contexto social.
Trata-se de uma visão baseada na estrutura;
b) redes como processos: as redes são como um processo
constantemente reproduzido e alterado pelas ações dos atores que dela fazem
parte;
c) redes como perspectivas: qualquer organização pode ser entendida e
analisada em termos de múltiplos relacionamentos, que podem ser prescritos
ou emergentes;
d) governança das redes: num primeiro momento procura entender os
mecanismos que regulam a interação das diferentes unidades organizacionais e
no segundo momento a atenção se desloca para a maneira pela qual essa
interação afeta o comportamento da organização no mercado.
Porém ao tratar de classificação, Casarotto et al (2001), apresenta uma
subdivisão bem mais simples das redes de empresas, sendo divididas em dois
níveis:
a) micro-rede (uma associação de empresas visando garantir
competitividade em conjunto); e,
b) macro-rede (associação através de mecanismos de integração)
Já Porter (1998) descreve da seguinte forma este termo (redes) aliado a
esta definição não é utilizado apenas na teoria organizacional, mas também em
uma ampla gama de outras ciências, tais como pesquisa operacional, teoria da
comunicação e teoria dos pequenos grupos.
51
Desta forma Amato Neto (2000, p.46) afirma que “pode-se compreender
que uma rede interfirmas constitui-se no modo de regular a interdependência de
sistemas complementares (produção, pesquisa, engenharia, coordenação e
outros), o que é diferente de agregá-los em uma única firma” e que as
competências e atribuições de uma rede de empresas estão basicamente
ligadas aos processos de coordenação que uma coalizão interfirmas pode
empregar.
Referindo-se ainda as redes de empresas Cunha (2003, p.30) destaca
algumas modalidades: “as redes horizontais, entre pequenas e médias
empresas, as verticais, e, nelas, as cadeias de suprimentos, que podem
assumir diversas conformações e revelar diferenças acentuadas na qualidade
dos relacionamentos”, desde que menos evoluídas ou precárias, como as que
são empregadas nas relações entre grandes empresas têxteis e suas
faccionistas, até os mais avançados, dos quais são exemplo o novo modelo de
cooperação entre montadoras de automóveis e seus sistemistas, constituindo-
se em quase montadoras.
Enquanto Amato Neto (2000, p.42) enfatiza que “a cooperação
interempresarial pode viabilizar o atendimento de uma série de necessidades
das empresas, necessidades essas que seriam de difícil satisfação nos casos
em que as empresas atuam isoladamente”.
Entre essas necessidades destacam-se:
• combinar competências e utilizar know-how de outras empresas;
• dividir o ônus de realizar pesquisas tecnológicas, compartilhando o
desenvolvimento e os conhecimentos adquiridos;
• compartilhar riscos e custos de explorar novas oportunidades,
realizando experiências em conjunto;
• oferecer uma linha de produtos de qualidade superior e mais
sofisticada;
• exercer uma pressão maior no mercado, aumentando a força
competitiva em benefício do cliente;
• compartilhar recursos, com especial destaque aos que estão sendo
subutilizados;
• fortalecer o poder de compra;
• obter mais força, para atuar nos mercados internacionais.
52
Um dos modelos mais em evidência atualmente, segundo Cunha (2003,
p.30) “é o dos arranjos sob forma de cadeias flexíveis de empresas de um
mesmo ramo, que, em virtude do pequeno porte, se unem, por exemplo, para
vender para o exterior”.
O autor destaca que essa configuração pode assumir uma ampla gama
de finalidades, como a divisão do trabalho para aproveitar as competências
técnico-produtivas das firmas envolvidas, a busca de mercados distantes,
mediante a organização em consórcios de produção (formalizados por
contratos) e diversas alternativas para a criação de fatores.
Ainda segundo o autor, quando uma empresa administra e determina as
condições de relacionamento no interior da cadeia, este arranjo é chamado de
norteador ou hub (eixo) – redes verticais denominadas.
Neste caso, o autor observa, que prevalece o controle de uma ou mais
empresas de grande porte, que domina o círculo de provedores, que se torna
dependente, gerando múltiplas implicações.
Entre estas últimas a de “determinar um sistema assimétrico de
informação, pois as relações externas são realizadas somente pelas empresas
líderes do distritos”. (2003, p.31)
Ainda quando trata de redes flexíveis, (p.31) acrescenta que “percebe-se
que esta modalidade de redes de empresas introduz uma novidade, qual seja a
presença formalizada, ou não, de uma estrutura de governança, equiparando-
se ao conceito de consórcio de empresas, quando houver vinculação
formalizada”.
Outro aspecto, que para o autor, deve ser considerado (p.32) é o da
“caracterização dos tipos de redes de firmas: se competitivas, cooperativas
(mantêm metas particulares), contingentes (com tendência centrifuga), ou por
mandado (sob influência de agência de controle)”.
Amato Neto afirma também que “a economia organizacional adicionou à
explicação do relativo sucesso das redes a redução dos custos de
gerenciamento para os custos de produção, e este tem sido o enfoque mais
amplamente utilizado na análise de redes”. (2000, p.47)
Ainda tratando de formação de redes interfirmas, o autor afirma que
pode-se identificar três variáveis determinantes, quais sejam: a diferenciação, a
interdependência interfirmas e a flexibilidade.
53
A diferenciação, quando relacionada a uma rede, pode prover seus
benefícios inovadores a todos os seus participantes; o mesmo não ocorre com
uma firma isolada, dado que a diferenciação pode, nesse caso, gerar elevação
em seus custos.
Já na interdependência interfirmas traduz-se por um mecanismo que
efetivamente prediz a formação de redes e por isso mesmo é adotado como
uma unidade organizacional.
Finalmente, a flexibilidade, entendida aqui tanto no aspecto inovador e
produtivo como no próprio aspecto organizacional, é uma das maiores
propriedades das redes, já que algumas podem auto-arranjar-se de acordo com
suas contingências. (2000, p.47)
Já se referindo ao potencial de crescimento de redes de empresas
Casarotto et al. (1998, p.17), nos atenta para a economia da região da Emilia
Romagna, onde destaca que “fortemente calcada num modelo de redes de
pequenas empresas, mecanismos de integração e desenvolvimento local, pode
ter atingido um dos maiores graus de prosperidade do mundo”, e complementa,
esse resultado é significativo quando se está atravessando um processo de
globalização da economia com todas as suas conseqüências, por vezes
drásticas, cujos efeitos são ainda mais marcantes para as pequenas empresas.
Ainda segundo o autor o que se vê na Emilia Romagna é que, com o
associativismo, a pequena empresa pode continuar pequena e com maior
competitividade, “se o conhecimento será a grande mercadoria do futuro, só
terá valor onde existirem fluxos, por meio de conexões, como, por exemplo, as
redes de pequenas empresas”, (CASAROTTO et al, 1998, p.19).
54
Tentando diferenciar um cluster de uma rede, embora muitos outros
autores tratem isto como sinônimo Rosenfeld (1997), apresenta o seguinte
quadro 5:
Redes Clusters
Redes permitem acesso a serviços especializados a baixo custo.
Clusters atraem serviços especializados necessários à região.
Redes têm uma restrição em membros. Clusters têm uma abertura em membros.
Redes estão baseadas em acordos contratuais.
Clusters estão baseados em valores sociais os quais promovem confiança e reciprocidade.
Redes facilitam as empresas à participação em negócios complexos.
Clusters geram uma demanda para mais empresas, com similar ou capacidades relacionadas.
Redes estão baseadas em cooperação. Clusters estão baseados em cooperação e competição.
Redes têm um negócio comum. Clusters têm uma visão coletiva.
Quadro 5 : Diferença entre redes e clusters Fonte : Rosenfeld (1997). Sendo assim conforme Burrel (1998), pode-se então imaginar que redes
têm um caráter mais amplo em termos de informalidade e de relacionamentos,
agindo em ações dispersas entre as firmas. Assim, é preciso reconhecer que
delimitar as teorias sobre redes é algo complexo, não apenas devido às
imprecisões, mas também pela própria dificuldade em estabelecer os limites
epistemológicos entre as teorias nas áreas de ciências sociais.
2.6 Competitividade
“Vantagem competitiva refere-se ao processo no qual cada produtor se
esforça em obter peculiaridades que o distingam favoravelmente dos outros,
como, por exemplo, custo e/ou preço mais baixo, melhor qualidade, menor
“lead-time”, maior habilidade em servir o cliente”, (VENTURI, 2008, p. 86).
Visconti (2001, p. 342) aborda que “a troca de conhecimento tácito e de
competências específicas entre os agentes que integram um cluster”, distritos e
redes de firmas é o fator-chave para se entender de que maneira a
‘performance’ coletiva é capaz de superar a ‘performance’ individual das
firmas”, aumentando assim sua competitividade no mercado.
55
A “integração e a sinergia, decorrentes da atuação articulada,
proporcionam ao conjunto das empresas vantagens competitivas que se reflete
em um desempenho diferenciado superior em relação à atuação isolada de
cada empresa”, completa Venturi, (2008, p. 45).
Para Porter (1990), a maioria das abordagens sobre a competitividade se
concentra em políticas macroeconômicas (déficits orçamentários
governamentais, política monetária, abertura de mercados ou privatização) ou
em vantagens comparativas decorrentes das disponibilidades de insumos como
mão de obra, recursos natural e capital.
Enquanto Cunha (2003, p.23) escreve que “preliminarmente, serão
apresentados diversos conceitos sobre os espaços que as abriguem e que
servem de meio para o surgimento e o desenvolvimento de atividades
econômicas”, sobretudo neste momento histórico em que a globalização está
alterando os modos de produção, as estruturas produtivas e os padrões de
localização e estabelecendo um novo recorde de competitividade, em nível
masoeconômico – o de aglomerados e de redes de empresas, fortalecendo os
tecidos locais.
Sendo assim Venturi e Felipe (2007) afirmam que, é neste cenário de
desenvolvimento econômico e de competitividade que se forma a rede, ou
aglomeração empresarial, também muitas vezes denominada de cluster.
Para a Universidad de Monterrey (1999), o surgimento de novas
tecnologias aumenta a competitividade da empresa, desta forma, afirma há que
se considerar o rol das tecnologias de informação e de comunicação que estão
concebidas como redes e por isso mesmo impulsionam e facilitam a
aglomeração empresarial.
Porter (1999, p.305), por sua vez nos atenta que para se “obter êxito,
uma empresa internacional talvez tenha que evoluir da condição de concorrente
multidoméstico”, situação em que suas várias subsidiárias competem de modo
independente em diferentes mercados nacionais, para o status de empresa
global, que arremete todo o seu sistema mundial de produção e marketing
contra a concorrência.
Por outro lado, segundo Amato Neto (2000, p.9), “na perspectiva de
maior descentralização produtiva, é preciso que as grandes empresas estejam
apoiadas numa base industrial de PME´S dinâmicas”.
56
As pequenas e médias empresas têm historicamente um papel como
geradores de emprego, proveniente da oferta de vários tipos de componentes e
serviços para outras empresas, assim como de seu potencial de inovação
incremental, necessitando o estabelecimento de políticas específicas de apoio à
modernização desse setor da economia.
Ressalta, ainda que, “embora cada unidade, considerada isoladamente,
seja de dimensões e força econômicas pouco expressivas, as PME´S são
numerosas.
Até mesmo porque Cimoli e Dosi (1994) complementam ao escrever que
com o avanço na tecnologia, cada vez mais surgem inovações, assim pode-se
dizer que a competitividade ficou mais presente em todos os setores da
economia, e as empresas diante das dificuldades tendem a se unir para
trabalhar em conjunto, em parceria e em cooperação.
Amato Neto (2000, p.53), afirma que uma das características inerentes
aos clusters, e talvez a mais importante seja “o ganho de eficiência coletiva
entendida como vantagem competitiva derivada das economias externas locais
e da ação conjunta”.
E ainda Porter relata que “a empresa deve perceber o potencial positivo
da transformação da interação competitiva, de modo a detonar o processo de
conversão da competição multidoméstica para global”. (1999, p.308)
O autor também afirma (p.318) que “a competição global força a alta
gerencia a mudar a maneira de encarar e operar a empresa”, políticas que
antes faziam sentido talvez agora sejam vistas como imprudentes.
E que, o que se verifica é “uma incapacidade dos gestores de distinguir
eficácia operacional de estratégia”.
Para Ameri e Narodowski (2001), é muito importante buscar sempre a
possibilidade de se fazer negócios, cooperar para aproveitar custos
decrescentes e para melhorar a competitividade, por outro lado, se necessita
planejar ações sem limitar as individualidades e o processo criativo, conclui.
Um dos fatores que mais alteraram o comportamento das organizações
foi sem dúvida a globalização, sendo assim, Porter (1999, p.326) afirma que
“uma das mais poderosas forças que afetam as empresas desde a segunda
Guerra Mundial tem sido a globalização da competição” que nos trouxe como
57
resultado o crescimento marcante do comércio e dos investimentos
internacionais.
A globalização mudou de tal forma a organização e a competitividade
das empresas que, pequenas empresas não podem ser competitivas sozinhas,
é preciso que se engrenem a uma cadeia produtiva ou em clusters, não
somente pela inserção mais estável em um processo produtivo, mas também
para ter acesso à transferência de tecnologia e informação learning by
interacting, é a observação de Castagna et al (2001).
A competição global exige “uma abordagem menos mecânica na
avaliação dos projetos. O competidor global bem-sucedido desenvolve pelo
menos dois níveis de controle financeiro. Um deles é o centro de custo e de
lucro; o outro é um centro de estratégia” (PORTER, 1999, p.323).
O autor também afirma que, nas fases iniciais a empresa com uma forte
posição competitiva deve reter os lucros, para construir e defender a sua
posição global.
Com a capacidade da “elevação do poder de competitividade das
empresas, novos tipos de arranjos inter organizacionais vêm surgindo em várias
partes do mundo e tais arranjos se relacionam com novos padrões tanto de
localização e de investimentos como de alocação de recursos” é o que defende
Venturi (2008, p.12).
Ainda como modelo de competitividade e desenvolvimento Altenburg e
Meyer-Stamer (1999), afirmam que “boa parte dos conceitos teóricos de cluster
se apóiam na análise e descrição de seis elementos básicos inerentes às
especificidades locais, quais sejam: (i) externalidades positivas que emanam
tanto da aglomeração de mão-de-obra qualificada quanto da atração de
compradores; (ii) relações a jusante e a montante entre as firmas no interior da
concentração; (iii) troca intensiva de conhecimento entre firmas, organizações e
indivíduos, fomentando assim o surgimento de inovações e de sua respectiva
difusão; (iv) ações conjuntas que acabam por criar vantagens locais
específicas; (v) existência de certa infra-estrutura institucional de suporte às
atividades econômicas desenvolvidas na concentração e finalmente; (vi)
compartilhamento de valores culturais e sociais que permitem a consolidação
de um ambiente de elevada confiança. A partir desta construção os autores
propõem uma definição operacional de cluster, a saber:
58
[...] uma aglomeração mensurável de firmas existente num espaço delimitado
que possui certo perfil de especialização, inclusive inter-firma, no qual as trocas
e relações são substanciais. (ALTENBURG e MEYER-STAMER, 1999, p. 1694)
Já no que se refere ao processo operacional Porter (1999, p.330)
observa que “algumas vantagens competitivas decorrem de diferenças na
eficácia operacional, mas as mais sustentáveis resultam da ocupação de uma
posição competitiva única”.
Ainda nos mostra que as estratégias competitivas podem ser adaptadas
às micro e pequenas firmas, principalmente em função de suas estruturas
organizacionais serem simples e flexíveis.
Ainda tratando de um modelo de competitividade (p.179), fixa
determinantes da vantagem competitiva em nível nacional e que são aplicáveis
em outras dimensões espaciais:
• as estratégias, estrutura e rivalidade das empresas;
• as condições dos fatores;
• as condições da demanda e
• os setores correlatos e de apoio
Os atributos foram assim determinados por Porter (1999, p.178):
• estratégia, estrutura e rivalidade das empresas: as condições
predominantes no país, que determinam como as empresas sejam
constituídas, organizadas e gerenciadas, assim como a natureza da
rivalidade no mercado interno;
• condições dos fatores: a posição do país quanto aos fatores de produção
– como mão-de-obra qualificada e infra-estrutura – necessários para
competir num determinado setor;
• condições da demanda: a natureza da demanda no mercado interno para
os produtos ou serviços do setor e
• setores correlatos e de apoio: a presença ou a ausência, no país, de
setores fornecedores e outros correlatos, que sejam internacionalmente
competitivos.
Porter (1999, p.209) trata de “outra dimensão da competitividade: a de
aglomerados, sugerindo, a partir daí, novas agendas para empresas, governos
e instituições”.
59
Ainda enfatiza a revitalização da influência da localização e, nela, a dos
espaços em que ocorrem aglomerados de empresas e instituições, as quais,
além de competirem, cooperam entre si. Também introduz apreciações novas
sobre a natureza da competição e o papel da localização na construção de
vantagens competitivas.
Salienta ainda que a teoria de Porter (p.239) sobre aglomerados “procura
avaliar os efeitos, na competitividade, decorrentes da justaposição de empresas
e instituições economicamente interligadas numa determinada localização
geográfica”.
(Anexo 4 - Determinantes da Vantagem Competitiva Nacional)
O autor ainda relata (p.225), o potencial de ganhos de produtividade na
dimensão dos aglomerados, tais como:
o acesso a insumos e pessoal especializado; os menores custos para o recrutamento de pessoal e a facilidade em absorver talentos e experiências adquiridas em outras empresas; o acesso a informações e a instituições, além de maior possibilidade de obtenção de incentivos e de poder mensurar melhor o desempenho individual.
O que nos mostra o autor através da análise deste é de que a conquista
da competitividade por regiões e, nelas, de espaços que concentrem a
população de empresas especializadas, revela múltiplas dependências quanto
aos grandes níveis de competitividade e não somente do avanço dos
aglomerados e das redes de empresas.
Há dependência:
• de fatores e atributos em nível sócio-cultural;
• de políticas governamental de natureza geral e daquelas mais
diretamente direcionadas ao desenvolvimento das atividades produtivas;
• do estado de equilíbrio macroeconômico, nacional e regional, e da
situação da economia mundial;
• dos setores de atividades existentes nos espaços de aglomerações
produtivas, que afetam o potencial de ganhos de eficiência coletiva e de
ação conjunta;
• dos estágios de desenvolvimento dos aglomerados e dos atributos dos
atores privados e públicos;
• dos resultados de experiências anteriores em ação conjunta e da
vontade de mudar tendências não favoráveis, mediante esforços
sinérgicos de múltiplos atores.
60
Também, Castagna et al (2001), apresentam um enfoque sistêmico
sobre competitividade, conforme o Quadro 6:
Micro econômico Criar vantagem competitiva dentro da empresa, como cooperação formal e informal, alianças e aprendizagem conjunta.
Meso econômico Políticas específicas para a criação de uma vantagem competitiva. Eficiência do entorno, infra-estrutura física e institucional. Exportação, política industrial, ambiental e tecnológica.
Macro econômico Política fiscal, monetária, comercial e cambio. Política orçamentária, cambial, “anti-trust”, de comércio exterior e defesa do consumidor.
Meta econômico Estrutura política e econômica orientada ao desenvolvimento. Status social de empreendedores. Coesão social. Memória coletiva. Visões e estratégias. Disposição para mudar e aprender.
Quadro 6: Enfoque sistêmico da competitividade. Fonte: Castagna et al (2001) Outra metodologia sobre a competitividade é apresentada por Coutinho e
Ferraz (1994), classificada como uma metodologia sistêmica e dinâmica,
mutante com o tempo e procura transcender algumas limitações ou
complementar as análises que associam a competitividade, como um
desempenho da parcela de mercado market share ou outras categorias, como
lucratividade, relação preço-custo, etc. Traz também, elementos endereçados
às abordagens sobre competitividade pelo ângulo da eficiência produtiva.
Os autores, ainda complementam, consideram tais abordagens como
estáticas, por estarem concentradas no exame de indicadores, até determinado
momento. Os autores afirmam que considerar a competitividade a partir de
fatores externos ou internos é limitado, já que isto implica dizer que a demanda
é que arbitra a competitividade.
Para eles, a competitividade potencial de uma empresa está relacionada
à capacidade e/ou eficiência do produtor, para compor um mix’da produção
(técnica, finanças, pessoal). Portanto, é a oferta que arbitra a competitividade,
conclui Venturi. (2008, p.91)
Modernamente, uma abordagem explicativa plausível para o fato da
clusterização, advém da visão proposta por Zaccarelli (1995) que considera o
processo de clusterização como um meio pelo qual ocorre à propagação de
vantagens competitivas com base em micro aspectos das firmas, para os
macros aspectos do ambiente de relacionamento entre elas.
Desta forma, assim que uma empresa queira aprofundar um fator de sua
vantagem competitiva irá buscar com seu fornecedor, aquele que tiver
vantagens competitivas iguais ou semelhantes à sua.
61
Assim “esse tipo de situação cria um ambiente de pressão que leva as
empresas a uma similaridade de perfil competitivo grandemente potencializado,
mas não exclusivamente, quando há uma tendência de agrupamentos espaciais
em torno de um mesmo tipo de produto”, complementa Venturi. (2008, p.92)
Farah Junior (2001, p.13), afirma que “a competitividade do tecido
empresarial passa a depender de um conjunto de variáveis exógenas e
endógenas às unidades de produção e que nem sempre são passíveis de
mudanças em curto prazo”.
“As micros, pequenas e médias empresas devem estar atentas às
novidades que surgem a todo instante no cotidiano empresarial, para que seus
concorrentes não avancem com mais força no mercado, no entanto, as mesmas
necessitam sempre estar inovando no seu ramo de atividade”, afirma Venturi
(2008 p.17).
Guimarães reforça afirmando que “a pequena empresa muitas vezes
apresenta bom desempenho em mercados pequenos, isolados, despercebidos,
ou imperfeitos”. (1982, p.65)
2.7 Estratégias
Porter (1999, p.47), diz que “as empresas ao desempenhar atividades
diferentes de seus concorrentes ou desempenhar as mesmas atividades de
forma diferenciada, estariam se posicionando estrategicamente no mercado”.
O autor ainda observa que (p.63), a estratégia consiste em: “criar uma
posição exclusiva e valiosa, envolvendo um diferente conjunto de atividades”.
As empresas enfrentariam um imperativo simples – ganhar a corrida para
descobrir e se apropriar da posição única. A essência do planejamento
estratégico consiste em escolher atividades diferentes daquelas dos rivais.
Valendo-se da observação de estratégias adotadas pelos países
industrializados e “das experiências européias de industrialização localizada,
foram surgindo no Brasil ações interativas e resultantes das articulações
públicas e privadas para programar o desenvolvimento local” é o que relata
Farah Júnior. (2001, p.17)
62
Dessa Forma, “os agentes produtivos e os institucionais, atuando de
acordo com os seus formatos e papéis previamente definidos, passam a somar
esforços com o objetivo de ampliar os processos socioeconômicos sustentáveis
em longo prazo” completa Venturi. (2008 p.14)
Então Porter (1998) destaca que o sucesso das firmas em determinada
nação, que atuam em um determinado ramo da economia, é determinada por
uma série de fatores condicionantes. Esses fatores seriam as condições de
demanda, as relacionadas às indústrias de apoio, a estratégia da firma, sua
estrutura e o nível de rivalidade presente no ambiente local.
Ainda como uma estratégia de bloquear o acesso ao mercado de um
país de industrialização recente (NICs - newly industrializing countries) Porter
(1999, p.319) defende que “o competidor global reconheça a importância do
maior cliente e evite que os concorrentes atuais ou potenciais lhe efetuem
qualquer venda”.
Uma vez que os mercados se encontram em constante evolução e que
os concorrentes tentarão remover as tendências setoriais do campo de força
das empresas em posição de liderança o autor (p.325) afirma que “a estratégia
é uma força poderosa na determinação dos resultados competitivos, nos
negócios internacionais ou domésticos”.
Ainda observa que (p.325) “embora a adoção de uma estratégia global
envolva riscos, muitas empresas têm condições de melhorar drasticamente
suas posições, através de mudanças basilares no modo como planejam,
controlam e operam os negócios”, porém será necessário a mudança de
pensamento dos gerentes a fim de reconhecer a natureza da competição para
que se justifique a necessidade de investimentos motivados pelas sensíveis
alterações percebidas no cotidiano.
Assim, com as empresas tendo suas operações difundidas por vários
países percebeu-se “um meio poderoso de obter economias de escala; e de
reunir com eficiência recursos como capital, trabalho, matéria-prima e
tecnologia, a partir de fontes em todo mundo”, sendo assim “a identidade
nacional da corporação deve ser substituída, sob essa visão, por um paradigma
estratégico que desconhece fronteiras”, (PORTER, 1999, p.327).
63
Enquanto que Venturi e Felipe (2007) descrevem que:
percebe-se cada vez mais que as empresas trabalham em alianças, pois neste sentido ganham forças para atingirem seus objetivos diante de tantas barreiras, ora impostos pelos governos e outros agentes, ora por dificuldades decorrentes de situações externas. Por esta razão, dentre muitas outras, que as empresas viram-se obrigadas a encontrar uma solução mais apropriada para vencer os desafios com eficácia e rapidez.
Como uma estratégia destinada a aproveitar os recursos existentes
mediante o trabalho em rede, “as empresas que integram cada setor formam
redes com maior ou menor nível de acordos tácitos ou escritos, e transitórios ou
permanentes”, (CIMOLI; DOSI, 1994).
A natureza da competição nos diferentes setores internacionais pode
estar disposta da seguinte forma numa extremidade, estão os setores
multidomésticos, presentes em muitos países (e mesmo em todos), mas nos
quais a competição ocorre no âmbito dos países isolados, com pouca ou
nenhuma ligação. E do outro lado se encontram os verdadeiros “setores
globais, em que existem ligações entre a competição nos diferentes países,
pois a posição da empresa num determinado país afeta de forma significativa
sua posição nos demais”, (PORTER, 1999, p.330).
Ainda sobre estratégia (p.330) ressalta que “nos setores multidomésticos,
a estratégia global não é necessária”. Ele ainda enfatiza que nessa situação, a
estratégia internacional deve constituir-se de uma série de estratégias
domésticas distintas.
Conforme Porter (1999, p.331) “para a compreensão dos fundamentos
da vantagem competitiva e da contribuição da possível estratégia global, é
necessário que as atividades da empresa sejam decompostas na cadeia de
valores (ver figura 5).
64
Figura 5: A cadeia de valores. Fonte: Porter (1999) Sobre esta ótica destaca que a cadeia de valores agrupa atividades da
empresa em várias categorias, distinguindo entre as diretamente ligadas na
produção, marketing, entrega e suporte de um produto ou serviço; as que criam,
adquirem e melhoram insumos e tecnologia; e as que desempenham funções
abrangentes, como levantamento de capital e processo decisório geral.
Também como estratégia na coordenação das atividades entre as
localidades, podemos incluir a capacidade de responder as mudanças nas
vantagens comparativas (por exemplo, preços das matérias-primas ou taxas de
cambio), além de “negociar de forma mais eficaz com os governos, (...), ou de
responder às ameaças competitivas com maior eficácia em relação ao custo,
através da escolha da localidade onde travar a batalha”, (PORTER, 1999,
p.335).
Enquanto Amato Neto, destaca que “a concentração geográfica de
firmas, fornecedores e consumidores encontradas em muitos clusters regionais
proporciona ao cluster certos tempos de feedback para idéias e inovações”.
Para o autor esse tipo de relação é “particularmente importante em
situações em que produtos e serviços emergem do processo interativo entre
produtor e o consumidor ou em indústrias nas quais os fornecedores e os
consumidores desempenham um papel relevante como fontes para novos
produtos ou serviços”. (2000, p.57)
65
Porter (1999, p.309) referindo-se a inovação afirma que “a inovação atua
como alavanca para sustentar o desenvolvimento de um sistema”.
Ainda no âmbito da inovação, Amato Neto (2000, p.57) afirma que, “a
inovação, quando levada a suas últimas conseqüências, produz o que se
chama de spin-off”.
Chamam-se spin-off novas e pequenas empresas que surgem com
raízes em outra, (...), o desenvolvimento desses tipos de firmas, relacionado
intimamente com os clusters, demonstra, mais uma vez, o potencial e a
habilidade inerente aos clusters de inovar.
Já sobre questões estratégicas para empresas domésticas e globais,
Porter (1999, p.330) nos diz que “em ambos os casos, o sucesso é uma função
da atratividade dos setores de atuação da empresa e de sua posição relativa
nesses setores”.
Também é destacado por Amato Neto (2000, p.57) que, “é comum
também encontrar clusters nos quais empresas ou firmas que inovam de modo
tão intenso tornam-se um novo paradigma a ser seguido”, transformando
radicalmente o perfil de mercado. Isso ocorre em alguns casos em que alta
tecnologia está associada com a eficiência e com o nível de aceitação da
empresa.
2.8 Localização
Mesmo que a globalização tenha encurtado em muito as distâncias,
Altenburg (2001, p.7), atenta que “o entorno local e regional da empresa é
importante para criar e manter vantagens competitivas” acrescenta ainda que a
história industrial do lugar; os valores culturais da sociedade; os processos
coletivos de aprendizagem e a existência de uma rede de empresas e
instituições que proporcionam bens e serviços complementares definem as
trajetórias de desenvolvimento local.
Porter (1999, p.13) adota um enfoque muito diferente ao argumentar
“que a competitividade das localidades se fundamenta, basicamente, na
natureza do ambiente de negócios que proporcionam à empresa”.
66
No entanto, ao considerar a globalização da competição, (p.327) existe
um paradoxo:
embora as empresas de fato se envolvam na competição global e ainda que os insumos como matérias-primas, capital e conhecimento científico agora se movimentem com liberdade por todo o mundo, são fortes as evidências no sentido de que a localidade continua a desempenhar um papel crucial na vantagem competitiva.
Já Venturi e Felipe (2007) observam que, “o ponto de partida é a
observação de que um Arranjo Produtivo Local oferece grande potencial para a
criação de vantagens competitivas, mesmo sem a intervenção do governo ou
de outros atores, resultando numa série de vantagens de localização”.
Enquanto Amato Neto (2000, p.129) observa que “a proximidade facilita a
manutenção de relações de cooperação entre as empresas, especialmente nas
chamadas áreas pré-competitivas”, como treinamento da mão-de-obra,
prestação de serviços especializados, geração de informações, entre outras.
Dessa forma, a concentração geográfica e setorial dos produtores permite que
eles tenham acesso a alguns serviços (e compartilhem os custos a eles
associados) que seriam inacessíveis à pequena escala de produção.
Considerando a grande importância deste assunto Passos (1996, p.46)
discorre que “um dos fatores mais importantes, no atual cenário é a cooperação
entre empresas, que vem se acentuando a partir da organização de pólos
geograficamente concentrados e especializados em setores industriais, e em
redes industriais”, ligando produtos e outros agentes econômicos
geograficamente dispersos.
Quanto à escolha da empresa referente há local, Porter (1999, p.334)
afirma que “a empresa gera a vantagem competitiva através da escolha de
onde localizar cada atividade e da determinação do número das localidades”.
Enfatiza também que fatores determinantes da localização de uma
atividade é a vantagem comparativa no seu desempenho, como, por exemplo, a
localidade com o conjunto de matérias - primas e pessoas mais eficazes em
relação aos custos.
Ainda sob a ótica de Porter (1999), um segundo fator determinante, mas
menos compreendido, na escolha da localidade é a vantagem de produtividade
ou competitiva, as atividades ou grupos de atividades se localizam nos países
com os ambientes mais atraentes para a inovação e para o aumento da
produtividade.
67
Para Scott (1998, p.134), “a estratégia econômica regional deve apontar
ao desenvolvimento de complexos de produção, também denominados de
cadeia de valor”, que tenham a capacidade para desenvolver-se através do
tempo e crescer em forma incremental como entidades sistêmicas com efeitos
de retorno endógeno crescente, operando em um marco de permanente
abertura de aprendizagem (informação de mercado, oportunidades de
negócios, tecnologia, etc.), provenientes do exterior.
Então Porter (1999), destaca que as decisões sobre localização
geográfica devem basear-se no custo total do sistema e no potencial para a
inovação, não apenas no custo dos insumos.
A globalização e a facilidade de transporte e comunicação levaram
muitas empresas a transferir parte ou a totalidade de suas operações para
regiões com salários, impostos e serviços públicos mais baratos. Mas algumas
dessas vantagens podem ser ilusórias, as regiões que oferecem essas
vantagens geralmente carecem de infra-estrutura eficiente, fornecedores
experientes e outros benefícios proporcionados por um cluster, o que pode
reduzir a vantagem decorrente de insumos mais baratos.
Desta forma para somar aos importantes aspectos sobre localização
defendidas por Porter, Amato Neto (2000, p.9), discorre que “nos tempos atuais,
as decisões de investimentos estão sendo cada vez mais influenciadas por
vantagem competitiva dinâmicas”, tais como: a existência de uma infra-estrutura
local adequada; proximidade com centros de pesquisas e desenvolvimento;
oferta de mão-de-obra qualificada; acesso aos modernos meios de transportes
e de comunicação etc.
Entretanto, o autor afirma que pode-se constatar que nem todas as
empresas de pequeno ou médio portes têm condições de modernizar-se o
suficiente para sobreviver e competir neste novo contexto da economia. Surge
aí a constatação de que as políticas públicas devem ser seletivas e
direcionadas de forma estratégica, priorizando, em particular, a formação de
redes de cooperativas de operação.
Já Venturi e Felipe (2007) observam que a busca pela maior eficácia na
alocação espacial de investimentos produtivos em sintonia com a elevação do
poder de competitividade das empresas, novos tipos de arranjos
interorganizacionais vêm surgindo em várias partes do mundo e tais arranjos se
68
relacionam com novos padrões tanto de localização e de investimentos como
de alocação de recursos.
Ainda em relação à importância da localização, da competição e região,
Porter (1999) relata que os antecedentes intelectuais da teoria dos
Aglomerados remontam pelo menos a Alfred Marshall ou que inclui o capítulo
sobre as Externalidades das Localizações Industriais Especializadas.
O autor, ainda coloca que ao longo dos primeiros cinqüenta anos deste
século, a Geografia Econômica era um campo consagrado, com ampla
literatura; mas que com o advento da Teoria Neoclássica de meados do século
passado, as questões de Localizações se afastaram da principal corrente
econômica.
Mas que recentemente os retornos crescentes começaram a
desempenhar um papel central nas novas teorias do crescimento e comércio
Internacional, aumentando o interesse pela Geografia Econômica.
Segundo Ramírez (2001), as políticas de formação de redes
empresariais são fatores críticos da nova plataforma, já que as possibilidades
de êxito de uma política econômica regional e o processo de construção
regional dependem em grande parte do nível de associativismo e
complementaridade do conjunto do sistema produtivo regional e da
conformação contínua de vantagens sistêmicas locais.
Destaca também Porter (1999, p.334) que, “quando uma empresa possui
inúmeras unidades a escolha da localidade abrange não apenas a decisão de
onde se localizar, mas também a determinação da quantidade de localidades”.
A empresa pode concentrar uma atividade em uma única localidade,
para o atendimento global, ou talvez prefira dispersa-lá entre muitas.
A experiência internacional tem mostrado que a estratégia predominante
de desenvolvimento e construção regional em economias de maior
desenvolvimento relativo, ainda não necessariamente industrializado, tem por
objetivo a geração e o desenvolvimento de vantagens competitivas endógenas
como base central das economias regionais” (Keating, 1998); onde o
dinamismo da produtividade e a geração de capacidades e competências para
se inserir e competir no mercado internacional depende de elementos
fundamentais de estratégia, (CAPELLINI, 1997).
69
Ainda deve-se atentar segundo Porter (2000, p.334), que “através da
concentração das atividades, as empresas são capazes de ganhar economias
de escala ou progredir com rapidez na curva de aprendizagem”.
O autor ainda cita como um ponto positivo que a concentração de um
grupo de atividades interligadas em uma localidade também proporciona
melhores condições para a sua coordenação, ou ao contrário quando a
“dispersão das atividades entre um numero de localidades às vezes se justifica
pela necessidade de minimizar os custos de transporte e de armazenamento;
de se proteger contra os riscos de um único local de atividade; de amoldar as
atividades às peculiaridades de cada mercado; de facilitar o aprendizado sobre
o país e sobre as condições de mercado, transmitindo à matriz; ou de
responder ás pressões ou aos incentivos do governo local para se estabelecer
na localidade, de modo a produzir e vender no país.
Ainda “toda a estratégia global geralmente começa com algum tipo da
vantagem da localidade, que se reflete na posição competitiva da empresa.
Essa vantagem permite que, (...), se supere as desvantagens inerentes à
competição em outro país”, (PORTER, 1999, p.337).
Venturi (2008, p.11), observa ainda que “são criadas vantagens de
localização através de ação coletiva ou governamental”. E acrescenta, dessa
forma, é possível desenvolver uma vantagem de localização, que em outro
lugar dificilmente poderia ser compensada, fornecendo à empresa local
permanente vantagens de competitividade, tratando-se assim de uma vantagem
ativa.
Se tratando ainda de localização a concentração geográfica de grandes
empresas dentro dos países demonstra ainda de forma evidente a importância
da localização para a competição, afirma.
E ainda cita que, “em diferentes graus, padrão semelhante de
concentração geográfica seria encontrado em todos os países desenvolvidos”,
(PORTER, 1999, p.339).
O fenômeno de desenvolvimento regional, segundo Storper e Harrison
(1991), depende de uma série de fatores relacionados com os tipos de relações
tecno-produtivas e de governança predominantes em um determinado território.
Ainda para esses autores, o desenvolvimento regional virtuoso seria
decorrente da complementaridade e interdependência, conseqüência da divisão
70
de trabalho que se estabelece inter e entre os diferentes setores de atividade ali
localizados, ou resulta do acúmulo de capital social existente no território.
Porter (1999, p.342) observa ainda que “as vantagens competitivas de
uma localidade consistem na qualidade do ambiente que ela proporciona para a
consecução de níveis elevados e crescentes de produtividade”, numa
determinada área de atuação. Não obstante a tendência de pensar nas fontes
das vantagens competitiva, e muitos dos insumos necessários se situam no
ambiente próximo.
Através de pesquisa o autor (p.343) “nos destaca quatro aspectos de
um ambiente nacional (e estadual ou local) que definem o contexto para o
crescimento, a inovação e a produtividade: condições dos fatores (insumos); o
contexto para a estratégia e a rivalidade; as condições de demanda; e o setores
correlatos e de apoio.
Essas quatro áreas, que, no conjunto, denominei de diamante, ajudam a
explicar por que as empresas situadas em determinada localidade são capazes
de inovar e de se aprimorar de forma consistente em determinados campos,
como nos mostra a figura 6”.
Figura 6 : Fontes da Vantagem Competitiva da Localização Fonte: Porter (1999).
71
Em relação ainda há localização, Porter (1999, p.344) atenta a uma
relação paradoxal onde, “como vantagem decorrente da localização, é o papel
das desvantagens seletivas nos insumos básicos, como os altos custos dos
imóveis e a escassez de matérias-primas locais”.
Esses fatos às vezes redundam em vantagens competitivas, pois
desencadeiam inovações e/ou estimulam o desenvolvimento de instituições
especializadas, (...), Ao contrário, nas localizações com mão-de-obra
abundante, capital de terceiros barato e fartura de recursos naturais, as
empresas tendem a utilizar esses recursos de forma menos produtiva,
acentuando sua vulnerabilidade a competidores mais produtivos, situados em
outros lugares.
O escopo geográfico do cluster pode variar drasticamente, nem sempre
combinado com a divisão política. De acordo com Ffwcs-Willians (2000), um
cluster pode ser tão pequeno como uma rua, um bairro e pode também
abranger mais de uma nação.
Desta forma outro ponto que Porter (1999, p.344) ressalta ao escrever
sobre localização é que “a presença de conjuntos de insumos especializados e
de instituições responsáveis pela sua criação e renovação transforma-se em
vantagem externa ou em ativo coletivo da localidade”. Esses bens públicos se
desenvolvem ao longo do tempo, através dos investimentos cumulativos de
muitas empresas, instituições e entidades governamentais.
A presença de vantagens externas evita a necessidade de que cada uma
das empresas suporte esses custos internos. Embora as “empresas sejam
capazes de ganhar acesso a alguns desses ativos da localidade através do
processo de compras globais, muitos são de difícil alcance a distancia”, (1999,
p.344).
Cunha (2003 p.32) ainda nos apresenta que “o conceito de cadeia
produtiva não é novo e apresenta maior amplitude do que as configurações de
empresas localizadas em espaços regionais definidos”, acrescenta ainda que
uma cadeia produtiva pode gerar diversos aglomerados, situados em diferentes
espaços territoriais, por estar mais próximo do conceito de insumo – produto e
somente quando bem especificada adquire maior aplicabilidade.
72
De acordo com Storper (1997), é a razão pela qual se sinala que o eixo
de política está fundamentalmente orientado aos sistemas de produção mais
que as firmas de forma individual.
“Uma atividade é totalmente territorializada quando sua viabilidade
econômica está enraizada em ativos (incluindo práticas e relações) que não
estão disponíveis em outros lugares e que não podem ser facilmente ou
rapidamente criadas ou imitadas em lugares que não as têm”, (VENTURI, 2008,
p.104).
Neste aspecto, deve-se enfatizar o ponto de contato desta definição com
o conceito de arranjo produtivo local, segundo Cassiolato e Lastres (2003),
sugerindo que a territorialização atual é fundada em interdependências
específicas da vida econômica de cunho local em que trabalho e tecnologia
possuem significados especiais.
73
3. METODOLOGIA
Este capítulo apresenta o tipo de pesquisa, método de abordagem e a
maneira como os dados foram coletados e serão apresentados, visando expor
resultados que atinjam os objetivos específicos traçados.
3.1 Tipologia de Pesquisa:
Para Gil (1996, p.19) a pesquisa é definida como procedimento racional e
sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que
são propostos. A pesquisa é desenvolvida mediante o conhecimento disponível
e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos
científicos.
De acordo com os autores Lakatos e Marconi (2000), método é “um
conjunto de atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e
economia, permite alcançar o objetivo, conhecimentos válidos e verdadeiros,
traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões
do cientista”.
A pesquisa qualitativa pode ser definida como a que se fundamenta,
caracterizando-se, em princípio, pela não utilização de instrumental estatístico
na análise de dados.
Como sugere Vieira e Zouain (2004), a análise qualitativa é aquela em
que “a lógica e a coerência da argumentação não são baseadas simplesmente
em relações estatísticas entre variáveis, por meio das quais certos objetos ou
unidades de observação são descritos”.
O trabalho também tem como característica a pesquisa exploratória, uma
vez que verifica a percepção dos empresários do setor pesqueiro da região de
Itajaí/Navegantes sobre o posicionamento das empresas no novo cenário em
que se encontra o mercado.
Segundo Gil (1999, p. 21), uma pesquisa exploratória “visa proporcionar
maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a
construir hipóteses. Envolvem levantamento bibliográfico; entrevistas com
74
pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; análise
de exemplos que estimulem a compreensão”.
A pesquisa foi então realizada na forma de pesquisa de campo, tendo a
aplicação de um questionário que por vezes teve a característica de uma
entrevista e por outras vezes foi deixado para posterior coleta.
Em um artigo sobre a natureza da pesquisa de campo, Silva (1982)
explicita o significado da palavra “campo” salientando que em um sentido
empírico tradicional o campo confunde-se com o lugar que se percebe e do qual
se pode ter vivência cotidiana sendo parte de uma área e de uma região.
Rodrigues e Otaviano (2001), observam que a pesquisa de campo
abrange o significado de método, porque é um caminho ou procedimento
consciente, organizado racionalmente, com a finalidade de tornar o trabalho
mais fácil e produtivo para o alcance de determinada meta.
Enquanto Radaelli da Silva (2002) acrescenta que como instrumento,
técnica, método ou meio, a pesquisa de campo vem a ser toda atividade que
proporciona a construção do conhecimento em ambiente externo ao das quatro
paredes, através da concretização de experiências que promovam a
observação, a percepção, o contato, o registro, a descrição e representação, a
análise e reflexão crítica de uma dada realidade, bem como a elaboração
conceitual como parte de um processo intelectual mais amplo, que é o ensino.
3.2 Sujeito de Estudo:
Esta pesquisa de campo foi realizada durante os meses de abril e maio
de 2008, pelo acadêmico em dezesseis de um universo de sessenta empresas
que possuem o S.I.F., (Serviço de Inspeção Federal), e que se encontram
cadastradas no SINDIPI – Sindicato das Indústrias da Pesca de Itajaí e Região -
e apresentam como características o processamento de pescado e
posteriormente a venda na forma de produto congelado, salvo três empresas
que tem como características a venda de seu produto final na forma de
enlatados, sendo que em uma delas, apesar de insistentes tentativas, tanto na
forma de e-mail como em contatos telefônicos não foi obtido êxito.
Na hora da escolha das empresas entrevistadas, também foi levado em
consideração o acesso do acadêmico aos responsáveis pelas empresas a fim
75
de facilitar e trazer para as respostas o máximo de confiabilidade possível. Além
também de ter sido considerado o grau de importância delas no cenário
econômico do setor.
Sendo assim este estudo apresenta como característica a amostra não-
probabilística que é aquela em que as pessoas precisam se inserir em algum
critério de seleção.
De acordo com Babbie (1999, p.153), na amostragem não-probabilística
intencional ou por julgamento, a seleção da amostra é baseada no próprio
conhecimento da população, dos seus elementos, e da natureza das metas de
pesquisa.
3.3 Instrumentos de Pesquisa:
Gil (1999), conceitua questionário como sendo uma técnica de
investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões
apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de
opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas
etc.
Desta forma o questionário elaborado para o levantamento dos dados foi
formado por quatorze perguntas do tipo fechada e foi aplicada em algumas
empresas na forma de entrevista e em outras foi deixado para ser pego
posteriormente ou enviado por meio de fax.
3.4 Análise e Apresentação:
Análise de freqüência e análise comparativa entre a teoria e os
resultados, com os resultados expostos de forma gráfica ou discursiva.
3.5 Limitações da Pesquisa:
No que tange as limitações de pesquisa, algumas dificuldades foram
encontradas.
76
Entre elas pode-se citar a dificuldade no acesso as pessoas que
realmente responderiam os questionários, pois ora era barrado na portaria da
empresa e outras vezes pelas secretárias.
Também foi encontrado dificuldade quanto ao comprometimento na data
de entrega da pesquisa que anteriormente tinha sido combinado.
Outra dificuldade encontra estava na compreensão das perguntas
quando o questionário era aplicado na forma de entrevista, gerando assim um
cenário que possivelmente não é o real e dificultando assim o entendimento e a
análise dos resultados.
Aponta-se como mais uma limitação a literatura base consultada, uma
vez que a maioria está em língua estrangeira. Outro aspecto percebido é que
na maioria das literaturas disponíveis esta relacionada à Engenharia de
Produção e não na área de Administração.
Como ponto positivo cita-se a colaboração do SINDIPI – Sindicato das
Indústrias da Pesca de Itajaí e Região - que através da sua diretoria
disponibilizou um ofício que ajudou em muito na credibilidade do trabalho.
77
4. RESULTADOS
Este capítulo apresenta os dados coletados que se fizeram necessários
para que os objetivos traçados inicialmente no trabalho fossem respondidos
4.1 Apresentação e Análise dos Gráficos
Gráfico 1 : Tempo de empresa em anos
Observa-se através da análise do gráfico 1 que o mercado mostra um
equilíbrio no que diz respeito ao tempo de atuação das empresas do setor.
Desta forma também pode-se notar um setor consolidado, uma vez que
segundo o Serviço Brasileiro de Apoio á Micro e Pequenas Empresas, um
empreendimento com mais de 5 anos já pode ser considerado exitoso.
Gráfico 2 : Estratégias de atuação no mercado
78
No gráfico 2 foi mostrado alternativas de estratégias utilizadas pelas
empresas para o posicinamento no mercado afim de buscar maior vantagem
competitiva.
Como afirma Venturi (2008, p.86), “o processo no qual cada produtor se
esforça em obter peculiaridades que o distingam favoravelmente dos outros,
como, por exemplo, custo e/ou preço mais baixo, melhor qualidade, menor lead-
time, maior habilidade em servir o cliente, é uma das alternativas à
competitividade, desta forma observa-se que as empresas do setor
concentram-se nas alternativas de estratégias de custo e nicho de mercado,
porém não podemos deixar de observar que é na estratégia de diferenciação
que as empresas obtêm maior margem de lucro, por oferecer produtos de maior
valor agregado.
Gráfico 3 : Posicionamento de mercado
Porter (1999, p.47), diz que “as empresas ao desempenhar atividades
diferentes de seus concorrentes ou desempenhar as mesmas atividades de
forma diferenciada, estariam se posicionando estrategicamente no mercado”.
É o que se observa através da análise do gráfico 3 quando, as empresas
em maior grau buscam primeiro pelo desenvolvimento do mercado, seguido
então pelo desenvolvimento do produto.
79
Gráfico 4 : Constituição de parcerias
Este gráfico 4 mostra quais os fatores mais importantes para o
empresariado local no momento da constituição de parcerias. Percebe-se então
a tendência de um padrão por optar pela importância de características como
relacionamentos anteriores e também pelo reconhecimento da sua reputação e
competência reconhecidos pela comunidade.
Além é claro da consulta em bancos de dados em instituições de renome
e confiabilidade nacional como o ‘SERASA’. Assim o setor segue uma
tendência mundial observada por Venturi (2008, p.112), quando discorre que “a
confiança é de fundamental importância no mundo dos negócios já que todas
as transações econômicas envolvem risco, não só relacionado com possíveis
fraudes, como também com imprevisibilidade dos acontecimentos futuros”.
Portanto complementa Amato Neto (2000), “esses riscos, se não houver
controle podem impedir que negócios que trariam benefícios para todas as
partes não se concretizem”.
80
Gráfico 5 : Nível de segurança Percebe-se aqui, no gráfico 5, um comportamento comum ao de
empresas associadas a redes de empresas ou clusters já estabelecidos. Pois
conforme Amato Neto (2000), “a confiança como elemento central nas relações
de cooperações é um fator decisivo que faz com que os parceiros respeitem os
compromissos assumidos entre as empresas pertencentes à determinada
rede”.
Complementa ainda León (1998) que, “a importância das redes de
relações sociais pré-existentes; a importância do respeito mútuo; o aprendizado
da relação; a importância da reputação de cada parceiro; os riscos incorridos no
caso de comportamento oportunístico, principalmente em termos de exclusão
de rede”, são reconhecidos cada vez mais como elementos importantíssimos na
relação de confiança.
Gráfico 6 : Intercambios, trocas e alianças
81
“Um relacionamento é considerado denso, quando um grande número de
integrantes da rede conhece um ao outro”, Evan (1978).
É o que se observa através da análise do gráfico 6 onde nove das quinze
empresas entrevistadas (60%) afirmam compartilhar informações com
empresas do setor. Venturi (2008, p.114), vem confirmar este comportamento
quando diz que um Distrito Industrial se manifesta por existir “a coesão social
dos empresários em um plano informal, desde o momento em que participam
em atividades conjuntas que dão lugar a novas relações sociais entre eles”.
Observa-se no entanto que existem ainda situações a serem exploradas, como
por exemplo, no caso de possuirem consultores externos.
Hoje, de todas as empresas entrevistadas, cem por cento possuem
técnicos relacionados ao S.I.F. (Serviço de Inspeçao Federal), assim como
também algum médico veterinário , exigidos pela legislaçao atual, que percebe-
se ainda estão ociosos e não participam ou participam muito pouco das
relações de intercambio, trocas e alianças.
Gráfico 7 : Tipos de alianças
Percebe-se no gráfico 7 uma deficiência do setor, pois deveria explorar
mais outros tipos de alianças afim de melhorar sua percepção de mercado,
produto e serviço. Observa-se que há uma dependência muito forte em relação
aos funcionários para o desenvolvimento de produtos, o que não se recomenda,
pois isto pode causar uma miopia no desenvolvimento de produtos afim de
satisfazer a necessidade dos clientes e/ou limitar a capacidade de negociação
82
com os fornecedores devido ao número restrito de matérias-prima consumidas
pela organização.
Amato Neto (2000, p.57), nos atenta que “é particularmente importante
em situações em que produtos e serviços emergem do processo interativo entre
produtor e o consumidor ou em indústrias nas quais os fornecedores e os
consumidores desempenham um papel relevante como fontes para novos
produtos e serviços”.
Gráfico 8 : Importância no relacionamento das empresas Afirma Gárcia (2000), que “as redes de relações sociais dos empresários
são condicionantes para a pré-existência de redes de empresas”,
Assim, conforme e gráfico 8, ao considerar que os empresários do setor
percebem como muito importante ou como importante o relacionamento das
empresas, observa-se um comportamento compatível com a de formação de
redes, pois “o processo de formação das colaborações vai promovendo a fusão
das estruturas organizacionais dos parceiros tal que a colaboração adquire uma
forma própria distinta das duas outras que lhe deram origem” (KANTER, 1994).
83
Gráfico 9 : Relacionamento entre as empresas do setor
No gráfico 9, observa-se que o empresariado do setor dividiu-se somente
entre 2 das 7 alternativas, o que demostra uma coesão na forma de observar
estes aspéctos. Podemos então notar que o pensamento do setor acompanha e
coincide com as prerrogativas defendidas pelos autores que discorrem sobre
formação de Arranjo Produtivo Local, como quando Amato Neto (2000) defende
que, “a confiança é de fundamental importância no mundo dos negócios já que
todas as transações econômicas elvolvem risco, não só relacionada a possíveis
fraudes, como também na imprevisibilidade dos acontecimentos futuros”.
Garcia (2000), também ao escrever sobre relacionamento das empresas
afirma que “as redes de relações sociais dos empresários são condicionantes
para a pré-existência de redes de empresas”.
Gráfico 10 : Desvantagem na formação de rede
O gráfico 10 reforça a idéia de que como todo o setor onde a
competitividade é muito acirrada, é natural que os empresários atuem de forma
84
a protegerem seus conhecimentos e habilidades. Porém no estágio de
globalização em que nos encontramos, devemos nos preocupar além de
nossas fronteiras locais e regionais, pois hoje o concorrente direto pode estar a
kilometros de distância.
Assim para nos tornarmos cada vez mais competitivos, precisamos nos
unir cada vez mais. Diniz (2001, p.112), ao tratar de concorrência afirma que
“num ambiente de intensificação de concorrência, onde as empresas buscam
formas para manterem-se competitivas, a cooperação entre as empresas tem
se fortalecido como uma estratégia para enfrentar esses desafios, passando a
cooperação local a funcionar como uma determinada chave na capacidade local
de competição”.
Porter (1999) ainda vai além, quando discorre que, “os aglomerados
facilitam o desenvolvimento das empresas porque estão trabalhando juntas pelo
mesmo objetivo, porque ao invés das empresas do mesmo ramo ficarem
competindo entre si, elas se unem, assim conseguem aprimorar estratégias e
encontrar oportunidades”, (...), e que “a concentração e a proximidade de
empresas, tende a aumentar o desenvolvimento de uma determinada localidade
devido aos aglomerados que se encontram na região, com isso amenizam a
competição entre os mesmos, pois fará com que elas compartilhem
experiências e desenvolvam estratégias, tracem metas e objetivos em
conjunto”.
Gráfico 11 : Vantagem na formação de rede
85
Apesar de o comportamento atual dos empresários do setor não serem
de atuação em rede de empresas, percebe-se pela análise do gráfico 11 que
eles estão cientes das principais vantagens decorridas por elas.
Vantagens estas que claramente mudam a competitividade das
empresas no mercado, pois eles precebem que a formação de redes
proporcionam vantagens citadas por Porter (1996, p.226), “a localização no
interior de um aglomerado tem condições de proporcionar acesso a insumos
especializados de melhor qualidade ou de custo mais baixo, como componetes,
máquinas, serviços e pessoal, em comparação com as alternativas de
integração vertical, alianças formais com entidades externas ou importação de
insumos de localidades distantes”.
Ainda na questão de estabilidade do negócio Zuckerman, Kalunzny e
Ricketts salientam como benefícios inerentes na formação de redes de
empresas o “desenvolvimento de oportunidades para aprender e se adaptar as
novas competências ; e o aumento da habilidade para gerenciar incertezas e
resolução de problemas complexos: suporte mútuo e obtenção de sinergia em
grupo”.
Gráfico 12 : Desenvolvimento tecnológico
Observando a classificação de Cooke e Morgan (1998) para setores
industriais de acordo com seu nível tecnológico, setores como alimentos,
bebidas, tabaco, papel, vestuário, produtos de couro, e etc, estão classificados
como de baixa técnologia, porém Amato Neto (2000, p.58) adverte que “em
alguns países, pode-se encontrar clusters em desenvolvimento com grandes
inovações e a utilização de mão-de-obra barata, ou ainda misturando as
86
empresas que usam o ‘high road’ e outras que usam o ‘low road’, mas nenhuma
que utilize somente o ‘high road’”.
Desta forma, pelo gráfico 12, mais uma vez nota-se que o setor caminha
paralelamente ao que defendem alguns autores, sendo assim a mudança para
um futuro comportamento de redes de empresas ficam facilitados.
Gráfico 13 : Relação das empresas na região
O posicionamento dos empresários em relação ao comportamento das
empresas do setor mostram que hoje, o que melhor representaria esta condição
é o que Eurada (1999) defende quando escreve sobre ciclo de vida dos
clusters como “ pré-cluster: poucas empresas isoladas voltadas a um mesmo
produto”.
Sendo assim percebe-se, conforme o gráfico 13, que apesar de tanto
tempo desta atividade na região, a organização do setor mostrou-se deficiente,
bastando observar que foram somente nos últimos mandatos do síndicato que
percebeu-se uma mobilização maior do setor . Porém ainda longe de ser o
suficiênte pois ainda falta explorar as instituições de apoio assim como uma
maior interação com o governo.
Baseado no que defende Porter (1999, p.255), onde afirma que “ pode
levar de dez ou mais anos para um aglomerado adquirir sua plenitude
competitiva. Um cluster até ser concretizado tem todo um ciclo de vida. E como
um empreendimento, depende de vários colaboradores, e precisam de
empresas, instituições, governos, entre outros, e tem muito mais chances de
alcançar seus objetivos porque trabalha em parcerias”.
87
Gráfico 14 : Formação escolar No gráfico 14 percebe-se que o grau de formação escolar do setor tem
uma boa representatividade no ensino superior completo ou em curso. Situação
esta que é compatível com o mercado, já que nos dias atuais busca-se cada
vez mais o conhecimento e a profissionalização.
Desta forma támbem ficam facilitadas possíveis mudanças para o futuro,
já que aonde o grau de conhecimento é maior, o nível de resistência quanto à
mudanças tende a cair.
88
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo buscou-se identificar a existência de rede de empresas no
setor industrial da pesca na região de Itajaí e Navegantes, para tanto foi preciso
buscar respostas há perguntas que circundam o problema.
Na busca de identificar o perfil social das empresas, foi observado que,
como mostra o gráfico 5 os empresários do setor tendem a preocupar-se em
muito com a reputação do parceiro tanto quanto com o respeito mútuo, o que
vem comprovar o gráfico 8 onde observa-se que quase metade dos
empresários entrevistados consideram que o relacionamento entre as empresas
é muito importante e a outra metade considera como importante.
Ainda se observarmos o gráfico 9, percebe-se que metade dos
entrevistados afirmam que a amizade é uma determinante importante para
futuras transações comerciais entre empresas.
Quando procura-se identificar os tipos de interações existentes entre as
indústrias do setor, o gráfico 4 nos retrata que, mesmo sendo uma instituição
como o serasa a fonte de informações para a busca de novos parceiros, boa
parcela dos entrevistados ainda busca, nos relacionamentos anteriores e na
reputação e competência reconhecidos pela comunidade parceiros de
confiança para futuras interações entre empresas.
Como características comum entre as empresas para a identificação de
redes observa-se, por exemplo, no gráfico 6 que sessenta por cento das
empresas entrevistados compartilha informações com outras empresas do
setor.
Também o gráfico 9 traz importante informação no que diz respeito à
formação de rede de empresas, já que os relacionamentos são baseados na
amizade e na busca por parceiros econômicos o que é natural pois desta forma
possíveis riscos são compartilhados.
Entretanto o gráfico 7 mostra que as empresas ainda praticam pouco
alianças com outras empresas do setor, buscando como base alianças a
funcionários e clientes o que prejudica uma futura formação de rede de
empresas.
Como atores facilitadores para a formação de rede de empresas, além
da amizade, do grau de importância no relacionamento considerado pelos
89
empresários e o compartilhamento das informações com outra empresas
citados anteriormente, destaca-se aqui as vantagens na formação de redes de
empresas observadas pelos administradores no gráfico 11, onde foi
considerado a ampliação da possibilidade de atuação em mercados, também o
auxílio na estabilidade do negócio e a melhora na capacitação de mão-de-obra
os principais agentes a facilitar a formação de redes de empresas.
Já como atores dificultadores cita-se conforme o gráfico 2, o grande
número de empresas que opta a trabalhar pela estratégia de nicho de mercado,
seguido pela estratégia de custos, e conforme o gráfico 3 um posicionamento a
fim de desenvolver mercados dificultando assim a formação de redes porque
conforme o gráfico 10 uma das principais desvantagens observada pelos
empresários é o grau de concorrência considerado muito alto.
Porém deve-se atentar que, nos dias atuais a concorrência que mais
prejudica o setor é o ingresso dos pescados importados seguido pelo preço das
demais proteínas disponíveis ao consumidor como, por exemplo, o frango e o
suíno.
No que diz respeito à transferência de conhecimento entre as indústrias
pesqueiras o que considera-se é como de nível baixo, pois conforme o gráfico 7
outras associações devem ser melhor exploradas não ficando somente na
associação dos funcionários o pilar mestre como fonte de conhecimento.
Observa-se aqui a necessidade de criação e fortalecimento de parcerias
com novas instituições de apoio ao setor. Associações estas que fortifiquem o
relacionamento das empresas para desenvolverem novos produtos,
associações como novas instituições de pesquisa para conhecer melhor o
mercado e assim melhorar o desenvolvimento de novos produtos e processos,
como também buscar novas informações e oportunidades de negócios nas
instituições que representam seus clientes e fornecedores.
Ao considerar as hipóteses que demandam do problema, a existência de
intercambio de máquinas e equipamentos entre as indústrias pode ser
considerado baixo, pois o nível de intercâmbios, trocas e alianças, conforme o
gráfico 6 apresenta que sessenta por cento das empresas hoje limita-se a trocar
informações com outras empresas do setor, sendo ainda pouco explorado uma
troca maior de informações com técnicos de outras entidades ou empresas,
sendo que hoje já existe dentro das próprias empresas um responsável técnico
90
como um médico veterinário e os próprios técnicos do serviço de inspeção
federal que poderiam estar dando um suporte mais adequado do que é
explorado atualmente.
Observa-se um baixo grau de parcerias com as universidades locais,
estas fontes de conhecimento de alto nível. Além de se perceber uma procura
quase imperceptível por parcerias como as do sistema “S” – (SESC, SENAI,
ETC.), tornando-se assim a troca de informações muito limitada entre os
agentes que compõem o setor.
Quanto à análise da hipótese sobre a teoria da regionalização, pode-se
conforme o gráfico 7 afirmar que atende em parte, pois ele nos retrata que os
empresários reconhecem o setor como sendo de poucas empresas isoladas
voltadas ao mesmo produto ou como uma concentração grande de empresas
que forma grupos específicos, percebe-se ainda a falta de envolvimento político
e de políticas que venham a favorecer o desenvolvimento do setor.
Já no que diz respeito à classificação de Altenburg de empresas em
desenvolvimento percebe-se que atendem a poucos requisitos, onde pode-se
citar, por exemplo:
As externalidades positivas que emanam tanto da aglomeração de mão-
de-obra qualificada quanto da atração de compradores ficando assim a desejar
nos requisitos: relações a jusante e a montante entre as firmas no interior da
concentração; troca intensiva de conhecimento entre firmas, organizações e
indivíduos, fomentando assim o surgimento de inovações e de sua respectiva
difusão; ações conjuntas que acabam por criar vantagens locais específicas;
existência de certa infra-estrutura institucional de suporte às atividades
econômicas desenvolvidas na concentração e finalmente; compartilhamento de
valores culturais e sociais que permitem a consolidação de um ambiente de
elevada confiança.
Desta forma observa-se que, apesar de varias características
apresentadas serem convergentes com as defendidas pelos autores estudados,
ainda falta um comportamento coletivo, e não individual como percebe-se, para
a formação de rede de empresas, determinando assim que o setor encontra-se
em uma fase inicial na formação de rede de empresas.
Assim ao analisarmos os dados levantados na pesquisa, pode-se
perceber que existem vários pontos positivos como o grau de importância no
91
relacionamento das empresas, o bom relacionamento entre os empresários do
setor assim também como o respeito mútuo entre as pessoas, a busca e a
reputação do parceiro na hora da formação de parcerias.
Também pode-se citar como ponto positivo o compartilhamento de
informações com as outras empresas do setor, como também os fatores citados
como vantagem na formação de redes, entre eles a ampliação às possibilidades
de mercado e o auxílio na estabilidade do negócio.
Em contra partida, ações que deveriam ser da coletividade do setor para
a formação de rede ainda são de âmbito individual das empresas, como por
exemplo; o nível de associação a demais instituições, o investimento em novas
tecnologias e de constante inovação de forma coletiva para a redução de riscos,
a procura da redução de custos através de materiais mais baratos de forma
unificada para procurar aumentar o volume de compra e conseqüente redução
de preço, a busca por políticas de desenvolvimento para a região através de
instituições, que ainda se mostram muito insipientes, para o desenvolvimento
regional, a busca do fortalecimento tanto a jusante como também a montante
com o objetivo da redução de custos, e a mudança comportamental afim de o
setor caracterizar-se pela concentração de empresas com forte relação de
convivência.
No intuito de aprofundar o estudo em relação à formação de rede de
empresas, poderia para o futuro buscar novas respostas através de pesquisas a
fim de responder há duvidas que o tema ainda gera. Pesquisas como fatores
que influenciam no comportamento cultual e no relacionamento dos
empresários envolvidos no setor.
Como também pesquisar o grau de envolvimento da comunidade e
maneiras de gerar atividades constantes para a busca de oportunidades de
novos negócios, a busca pela identificação de novos mercados a fim de
aumentar a demanda, pesquisar e identificar potencialidades da cadeia de
fornecedores e de clientes a fim de buscar o fortalecimento coletivo.
Pesquisar maneiras de incentivar maior investimento no planejamento e
desenvolvimento tanto de produtos como de processos, pesquisar formas de
maior interação e integração entre o setor e os centros de produção de
conhecimento como universidades e instituições, pesquisar maneiras de tornar
mais sólidos os intercâmbios de equipamentos, pessoas e informação,
92
pesquisar maneiras de aumentar a participação nas exportações para o
fortalecimento do setor no cenário econômico e por fim pesquisar o quociente
locacional para se ter uma dimensão numérica da representatividade do setor
local no cenário nacional e determinar desta forma o potencial para a formação
de arranjo produtivo local.
Faz-se assim o encaminhamento deste trabalho ao sindicato e aos
empresários do setor interessados em desenvolver diretrizes para uma melhor
governabilidade do setor.
Na certeza da difusão do conhecimento contido aqui almejo para o setor
um melhor preparado para as incertezas que o mercado nos apresenta a cada
dia motivado pelas grandes transformações a que o mundo globalizado nos tem
submetido.
Quero também agradecer ao conhecimento que me foi disponibilizado
pelo estudo da administração e agradecer também ao meu crescimento tanto
na área teórica como na área pessoal/profissional, pois possibilitou-me uma
maior compreensão do mundo que nos envolve.
Já para a administração espero ter conseguido contribuir de alguma
forma para o seu desenvolvimento, aproveitando das informações coletadas no
campo e confrontadas com a teoria que se tem conhecimento através de
autores que já se dedicam ao tema há mais tempo, e tenho certeza que para
trabalhos futuros este material poderá servir como base de apoio a fim de
produzir com qualidade novas matérias para o enriquecimento do conhecimento
principalmente na área da administração.
93
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101
ANEXOS
102
CR
ES
CE
NT
E D
EC
LIN
AN
TE
ANEXO 1 – Ciclo da Vida de um aglomerado (Clusters)
CICLOS DA VIDA DE UM AGLOMERADO (CLUSTER)
EMERGENTE
Inicio de um negócio.
Emergência de novo mercado.
Queda da demanda devido à adoção de tecnologias superadas ou pela competição por outros produtos. Queda dos lucros, enquanto algumas empresas deixam o aglomerado.
Novos empreendimentos orientam-se para a mesma área dos aglomerados produtivos
Estabilização do
crescimento do aglomerado. Redução do crescimento de lucros, enquanto a concorrência aumenta.
ESTABILIZAÇÃO
Figura 1: Ciclos da Vida de um Aglomerado (cluster) Fonte: EURADA, 1999, apud SRI International.
103
ANEXO 2 – Ciclo da Vida e Tipologia dos Aglomerados O CICLO DA VIDA E TIPOLOGIA DOS AGLOMERADOS
Pré-aglomerado
Reduzido número de empresas, independentes e sem relacionamento.
Aglomerado emergente Com o início de ligações interempresas e de concentração industrial (adensamento).
Aglomerado em expansão Com aumento das ligações interempresas e inter redes.
Aglomerado Ascendente Forte processo de ligação interempresas e massa crítica de empresas.
Figura 2: Ciclo da Vida e Tipologia dos Aglomerados Fonte: EURADA, 1999, apud SRI International e CASAROTTO et al., 2002.
104
ANEXO – 3
Economias de Escala (Economias
Internas)
Economias de Localização
(Economias Externas)
Economias de Urbanização (Economias Externas da
oferta dos serviços)
Economias de Aglomeração (1)
Eficiência Coletiva: Passiva (1) e Ativa (2)
Ação Conjunta (2)
Cooperação Técnico-Produtiva
Cooperação Interorganizacional
Cooperação Tecnológica
Figura 3: Economias de Aglomeração da Ação Conjunta e Eficiência Coletiva Ativa e
Passiva Fonte: Elaborado por CUNHA, com base a partir de SABATINI (1998, p. 34); BRITTO (2002, p. 359) e SCHMITZ (1997, p. 167).
(1) Eficiência coletiva passiva. (2) Eficiência coletiva ativa ou elaborada.
105
ANEXO – 4
Contexto para a estratégia
e rivalidade da empresa
Condições dos insumos e outros fatores de produção
Condições
da demanda
Setores correlatos e de apoio
Figura 4: Determinantes da Vantagem Competitiva Nacional Fonte: PORTER, 1999, p. 179.
APÊNDICE
APENDICE - A
PESQUISA – ADMINISTRAÇÃO – UNIVALI / BALNEÁRIO CAMB ORIU Senhor empresário é com satisfação que solicitamos sua especial atenção para responder estas perguntas. Afirmamos que seu nome, ou nome de sua empresa, não será mencionado em nenhum momento, nem no texto, nem tampouco verbalmente, garantindo assim total sigilo. Por esta razão, pedimos para que as respostas sejam as mais verídicas possíveis. Obrigado.
1 Quanto tempo sua empresa atua no ramo de pescados? a ( ) Até 5 anos b ( ) De 5 A 10 anos c ( ) De 11 a 15 anos d ( ) De 16 a 20 anos e ( ) Mais de 20 anos
2 Qual destas estratégias sua empresa tem buscado com mais freqüência? Assinalar apenas uma alternativa.
a ( ) Uma Estratégia de Diferenciação , produzindo produtos sob encomenda, com maior flexibilidade e preços mais elevados; b ( ) Uma Estratégia de Custos , produzindo produtos em grande escala, reduzindo custos de produção e investindo em melhorias de processo; c ( ) Uma Estratégia de Nicho de Mercado, produzindo produtos para um grupo de consumidores bem específico, agregando valor; d ( ) Nenhuma destas estratégias citadas.
3 Assinale o posicionamento que melhor representa sua empresa hoje? Assinalar apenas uma alternativa.
a ( ) Sua empresa busca penetração no mercado , com preços baixos e escala de produção; b ( ) Sua empresa busca desenvolver produtos com alto valor agregado e tecnologia; c ( ) Sua empresa busca desenvolver mercados , ampliando sua participação e abrindo novas oportunidades em novos lugares; d ( ) Sua empresa busca primeiro ganhar mercado e volume de vendas e depois investir na melhoria dos processos; e ( ) Sua empresa busca investir em melhorias de processo, assumindo riscos e endividamentos para assim buscar novos mercados; f ( ) Nenhuma das alternativas citadas.
4 Quanto você busca um parceiro para fazer uma aliança, o que mais leva em conta para ter confiança neste parceiro, seja uma pessoa ou uma empresa? Assinalar apenas uma alternativa.
a ( )O relacionamento e as parcerias passadas em outros períodos com este parceiro; b ( ) A reputação e a competência do parceiro reconhecidos pela comunidade; c ( ) A certificação e informação do parceiro, buscados em banco de dados como SERASA; d ( ) Outras alternativas.
5 Em relação aos níveis de confiança, assinale a principal alternativa que melhor traduz sua opinião: Assinalar apenas uma alternativa.
a ( ) A confiança se dá em função das relações sociais pré existentes; b ( ) Considera-se o, respeito mútuo entre as pessoas; c ( ) Leva-se em consideração o aprendizado conjunto de todos do grupo; d ( ) Procura-se conhecer a reputação dos parceiros; e ( ) Nenhuma das alternativas citadas.
6 Em relação a intercâmbios, trocas e alianças, assinale a alternativa que melhor corresponde às ações de sua empresa: Assinalar apenas uma alternativa.
a ( ) Compartilho informações com outras empresas do setor; b ( ) Possuo técnicos de outras entidades e empresa; c ( ) Possuo estagiários das universidades locais; d ( ) Possuo consultores externos; e ( ) Tenho parcerias com o Sistema “S” (Senai, Senat, Senar ou Sebrae); f ( ) Nenhuma das alternativas
7 Em relação a alianças estratégicas, assinale o tipo de aliança que você mais possui na sua empresa. Assinalar apenas uma alternativa.
a ( ) Está associado a uma outra empresa do setor para desenvolver produtos; b ( ) Está associado a alguma instituição de pesquisa para desenvolver produtos; c ( ) Está associado a um fornecedor para desenvolver produtos; d ( ) Está associado a um cliente para desenvolver produtos; e ( ) É sócio em alguma empresa do setor; f ( ) Está associado a alguma outra instituição de ensino superior para desenvolver produtos; g ( ) Está associado aos funcionários para desenvolver algum produto; h ( ) Nenhuma das alternativas.
8 Em sua opinião, qual o grau de importância que tem o relacionamento de uma empresa e as demais empresas deste setor em Itajaí e região. Assinalar apenas uma alternativa.
a ( ) Muita importância; b ( ) De uma certa importância c ( ) Importante; d ( ) Pouca importância;
e ( ) Nenhuma importância.
9 Como você classificaria a base predominante dos relacionamentos mantidos entre a sua organização e as demais empresas de pescado na região. Assinalar apenas uma alternativa.
a ( ) Por amizade; b ( ) Por graus de parentesco; c ( ) Por status; d ( ) Por questões políticas; e ( ) Por questões econômicas; f ( ) Por questões culturais e/ou religiosas g ( ) Nenhuma destas alternativas.
10 Qual a sua opinião, em relação à desvantagem de formar uma rede de empresas de pescado na região: Assinale apenas uma alternativa.
a ( ) Muita concorrência; b ( ) Proximidade dos concorrentes c ( ) Região visada pelo fisco d ( ) Localização geográfica; e ( ) Outra; f ( ) Não existe desvantagem.
11 Em sua opinião, qual a principal vantagem de formar uma rede de empresas de pescados na região? Assinalar apenas uma alternativa.
a ( ) Amplia as possibilidades de mercado; b ( ) Reduz custos de produção; c ( ) Possibilita investimentos em inovação; d ( ) Auxilia na estabilidade do negócio; e ( ) Melhora a capacitação de mão de obra na cidade; f ( ) Nenhuma as alternativas.
12 Em relação ao desenvolvimento tecnológico, assinale a melhor opção para sua empresa hoje: Assinalar apenas uma alternativa.
a ( ) Procura investir em alta tecnologia, com maior flexibilidade de produção e constante inovação; b ( ) Procura constantemente baixar os preços de custo, através de materiais mais baratos; c ( ) Procura inovação com mão-de-obra barata; d ( ) Não tenho políticas de desenvolvimento tecnológico atualmente;
13 Em relação às empresas de pescado da região, assinale apenas a alternativa que melhor caracteriza, na sua opinião atualmente este grupo. Assinalar apenas uma alternativa.
a ( ) Grupo formado por poucas empresas que estão isoladas e voltadas para o
mesmo produto; b ( ) Existe uma concentração de empresas com fortes relações de convivência entre elas; c ( ) Existe no grupo uma concentração grande de empresas e que forma grupos específicos; d ( ) Existe no grupo uma forte relação com parceiros públicos e privados e com outros grupos de empresas; e ( ) Nenhuma das alternativas.
14 Formação escolar do respondente: a ( ) Ensino fundamental (primário) completo ou incompleto; b ( ) Ensino Secundário completo ou incompleto; c ( ) Ensino superior completo ou em curso; d ( ) Especialização completa ou em curso; e ( ) Mestrado completo ou em curso; f ( ) Doutorado completo ou em curso.
APENDICE - B