Post on 21-Jan-2019
ANÁLISE COMPARATIVA DA FORÇA DE ADESÃO DE SEIS
BRÁQUETES E DOIS SISTEMAS ADESIVOS UTILIZADOS EM
ORTODONTIA
LEONARDO DE AQUINO FLEISCHMANN
C D
Orientador: Prof. Dr. Márcio Costa Sobral
Co-orientador: Prof. Dr. Gildo Coelho Santos Jr.
Dissertação apresentada à Faculdade de
Odontologia da Universidade Federal da
Bahia, como parte dos requisitos para
obtenção do Título de Especialista em
Ortodontia e Ortopedia Facial.
Comissão Examinadora: Prof. André Wilson Machado Prof. Antonio Carlos Vinhas
Profa: Fernanda Catharino M. Franco
Salvador 2006
Ficha Catalográfica
F596 Fleischmann, Leonardo de Aquino. Análise comparativa da força de adesão de seis bráquetes e dois sistemas adesivos utilizados em Ortodontia / Leonardo de Aquino Fleischmann. - Salvador, 2006. 92f.
Orientador: Prof. Dr. Márcio Costa Sobral. Dissertação (Especialização) - Ortodontia e Ortopedia Facial. Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Odontologia, 2006. 1. Ortodontia. 2. Bráquetes. 3. Cisalhamento.I. Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Odontologia. II. Sobral, Márcio Costa. III.Título.
CDU: 616.314-089.23
Aos meus pais, Hans e Lourdes.
Ao meu pai pela insistência e incentivo em meu caminho na
Ortodontia, e à minha mãe, pelo amor e pelo apoio
incondicional em todos os momentos da minha formação.
AGRADECIMENTOS
A Deus, sempre presente em minha vida, por me permitir mais uma vitória.
À Carolina, por ser meu braço direito e estar ao meu lado em todos os momentos, de
alegria ou de tristeza. Obrigado por seu amor, carinho, amizade e por ser uma
constante luz na minha vida, meu porto seguro.
À minha avó, Jurema, pela ajuda e incentivo, sempre valorizando a educação de
todos os netos.
A meu primo Henrique, que abriu meus olhos e me orientou quando eu mais
precisava.
Aos tios e primos, pelo carinho verdadeiro e apoio em todos os momentos. Minha
família é a base que me sustenta, sem ela não haveria êxito nas minhas escolhas.
Ao professor Márcio, meu orientador, por ter aceitado esta difícil tarefa, trilhando-me
no rumo certo, exigindo o máximo de mim.
Ao professor Gildo, meu co-orientador, por sua disponibilidade, apesar do tempo
escasso.
Ao professor Gustavo, por me auxiliar no manuseio da máquina de ensaio universal.
À professora Lucianna, que forneceu o substrato para este trabalho.
À professora Telma Martins de Araújo, coordenadora do Curso de Especialização
em Ortodontia e Ortopedia Facial da UFBA, por ser um exemplo tão marcante de
força, humildade, integridade e inteligência, tanto na vida profissional como na vida
pessoal.
A Thiago Vinhas, por ser meu amigo e uma pessoa pela qual tenho extrema
admiração.
A André e Damião, que são verdadeiros amigos e que forneceram ajuda em todos
os momentos.
Aos professores do Curso de Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial da
UFBA, por todos os conhecimentos passados nesses dois anos e três meses de
intensa convivência. Ainda conto com seus ensinamentos nesta nova jornada que
inicio, pois a estrada é longa e as dificuldades não são poucas.
Aos professores Myke e Roberto, pela gentileza com as fotografias e pelo auxílio
técnico.
A todos os meus colegas de curso, especialmente a Daniel, Priscila, Thiago, Liz,
Carolina, Rogério, Roberta, Taiana, Arthur, Cristina, Diana, Larissa, Dario, Marina,
Antonio, Sabrina e Marcus, pelo companheirismo e amizade.
À D. Lúcia, D. Ginalva e ao Cláudio, pela generosidade, disposição, profissionalismo
e simpatia.
À professora Cristina, por ter realizado com paciência e boa vontade as análises
estatísticas do trabalho.
Aos meus pacientes que acreditaram em mim e estão a minha espera.
À Bahia por ser uma terra tão linda e acolhedora.
ÍNDICE Página
1 INTRODUÇÃO 8
2 PROPOSIÇÃO 15
3 ABORDAGEM EXPERIMENTAL 16
4 DESENVOLVIMENTO SEQÜENCIAL DE PESQUISA 29
4.1 ARTIGO 1: Estudo comparativo de seis tipos de bráquetes 29 ortodônticos quanto à força de adesão.
4.2 ARTIGO 2: Avaliação comparativa da força de adesão entre dois sistemas adesivos utilizados em Ortodontia 51
5 DISCUSSÃO 73
6 CONCLUSÃO 85
7 REFERÊNCIAS 86
8
1 INTRODUÇÃO
Desde os primórdios da Ortodontia, quando já se sabia que os dentes
poderiam ter suas posições alteradas através de aplicação de forças, vários
dispositivos têm sido idealizados para a realização da movimentação dentária.
Dentre os componentes fundamentais para a prática ortodôntica encontram-
se os bráquetes, que com a chegada dos sistemas adesivos deixaram de ser
soldados às bandas metálicas, e hoje possuem bases que permitem sua colagem
direta à superfície dentária. Em 1977, Zachrisson já descrevia os bráquetes colados,
com inúmeras vantagens sobre os bráquetes soldados às bandas.
Desde a referida época, os fabricantes de materiais ortodônticos vêm
lançando inúmeros bráquetes, trazendo novas tecnologias, devido à demanda por
estética, conforto e eficiência. Desta forma, torna-se imprescindível a constante
avaliação desses novos materiais para que a classe odontológica seja esclarecida
sobre suas qualidades, propriedades e indicações.
Em relação aos bráquetes ortodônticos, a força de adesão ao esmalte
dentário constitui-se em uma das principais características a serem analisadas
quando do lançamento de novos produtos no mercado. Para tanto, os trabalhos
9
científicos que realizam testes in vitro para a avaliação desta atribuição são de
grande importância e interesse (CAL NETO; MIGUEL, 2004).
A colagem de bráquetes no esmalte tem sido uma questão crítica na
Ortodontia, desde a introdução da colagem direta, devido à importância da
estabilidade da interface bráquete/adesivo, a qual transfere aos dentes a força
gerada pela ativação dos arcos (ELIADES; BRANTLEY, 2000).
A composição e a morfologia da base, que são responsáveis pela adesão ao
dente por intermédio de um agente de união, são bastante variadas. Os bráquetes
podem ser compostos de vários materiais, como aço inoxidável, polímeros,
porcelana, titânio ou até mesmo a combinação desses.
A seleção de um determinado tipo de bráquete deve estar condicionada a
uma cuidadosa análise das suas características intrínsecas, assim como às
exigências estéticas e funcionais de cada paciente. Dentre as propriedades
inerentes aos bráquetes pode-se enumerar: composição, tamanho e forma. Essas
características em conjunto terão repercussão direta na estética e conforto durante o
tratamento ortodôntico.
As bases dos bráquetes que fazem a ligação destes com os dentes através
de um sistema adesivo podem apresentar retenções mecânicas, agentes químicos
de adesão ou associação de ambos. Para aumentar a retenção do adesivo à base
dos bráquetes ortodônticos metálicos, diferentes tipos de retenções mecânicas têm
sido sugeridas.
Entre as bases de bráquetes com retenções mecânicas estão as que
possuem telas. Nos bráquetes com base do tipo tela, quanto maior o espaço entre o
trançado da tela, maior a força adesiva (WANG et al., 2004). A modificação do
10
espaçamento entre os fios da tela simples, assim como o diâmetro destes, influencia
a magnitude e distribuição do estresse nas interfaces bráquete-resina-dente (KNOX
et al., 2001).
A retenção mecânica é aumentada através da modificação do desenho da
tela, soldando-se fios de diferentes calibres na tela e fazendo cortes na base
(BISHARA et al., 2004). Por outro lado, telas compostas por 80, 100 e 150 fios
podem restringir a penetração do compósito, resultando em força de adesão
clinicamente inaceitável (SHARMA-SAYAL et al., 2003).
Outros tipos de retenções mecânicas de bases encontradas no mercado são
as que seguem: sulcos retentivos na base, Illusion Plus® (Ortho-organizers);
retenções por laser, Discovery® (Dentaurum®); depressões retentivas, Edgewise
Standart (Ortho-organizers) e protuberâncias, Composite® (Morelli®).
O tamanho e o desenho da base do bráquete podem afetar a força adesiva
(WANG et al., 2004). Bases com tamanho mínimo de 6,82 mm² são adequadas para
retenção de aparelhos fixos. A redução no tamanho da base dos bráquetes diminui
significativamente a força adesiva. Não existe diferença significante na força de
adesão entre bases com área variando entre 6,8 e 12,4 mm² (MACCOLL et al.,
1998).
O desenho da base do bráquete deve facilitar tanto a penetração do adesivo,
como da luz fotopolimerizadora. A dimensão e a distribuição dos tags
(prolongamentos retentivos) de resina na base de um determinado bráquete podem
promover uma distribuição diferenciada de estresse (KNOX et al., 2000).
Existem ainda os amplificadores de adesão de bases, como jateamento,
jateamento com silanização, revestimento de sílica e Megabond, que promovem um
11
sensível aumento na força de adesão dos compósitos aos bráquetes metálicos
(NEWMAN et al., 1995). A retenção dos bráquetes com base de tela é
significativamente aumentada se estes são jateados antes da colagem nos dentes
(MACCOLL et al., 1998).
Uma força de adesão insuficiente fatalmente resultará em descolagem
indesejável do bráquete. A ocorrência da descolagem acidental de bráquetes é um
aspecto frustrante inerente à prática ortodôntica, resultando em aumento do tempo
de tratamento e custo adicional com material e honorários (POWERS; KIM;
TURNER, 1997; KLOCKE et al., 2004).
A força de adesão de bráquetes colados a estruturas dentárias ou
diretamente sobre restaurações sempre foi de interesse na prática ortodôntica. Para
avaliar a força de adesão, estudos laboratoriais têm usado uma variedade de testes
e condições para mensurar a força necessária para a descolagem (STANFORD;
WOSNIAK; FAN, 1997). Além do desenho da base e do material componente do
bráquete ortodôntico, outro fator importante no processo de adesão é o sistema
adesivo utilizado.
Os sistemas adesivos são constituídos basicamente por uma matriz orgânica
sendo o bisfenol A-glicidilmetacrilato (bis-GMA), o uretanodimetracrilato (UEDMA) e
o trietilenoglicoldimetacrilato (TEGDMA) os dimetracrilatos mais comuns utilizados
em compósitos dentários. A incorporação de uma porção inorgânica denominada
carga, que são partículas vítreas que podem variar em tamanho e composição, está
intimamente relacionada às propriedades adesivas e mecânicas deste sistema
adesivo.
Um dos métodos mais eficientes de melhorar a adesão mecânica e o
selamento marginal é o condicionamento ácido, que é capaz de gerar uma forte
12
união entre a resina e o esmalte dentário, constituindo-se assim a base para o
procedimento de colagem de bráquetes ortodônticos. O esmalte condicionado
possui uma alta energia superficial, diferente da superfície normal do esmalte, e
permite que uma resina “molhe” prontamente a superfície e penetre nas
microporosidades criadas após o condicionamento.
Os sistemas adesivos possuem ainda um frasco com adesivo fluido, que
apresenta uma viscosidade reduzida para melhorar o “molhamento”. O adesivo é
utilizado posteriormente ao condicionamento ácido; uma vez aplicado, penetra nas
microporosidades comumente denominadas tags, podendo então ser polimerizado
para formar uma união mecânica com o esmalte. Os sistemas adesivos são
autopolimerizáveis ou fotopolimerizáveis (ANUSAVICE, 1998).
Os sistemas adesivos utilizados na Ortodontia contemporânea possuem
composições variadas, que lhes conferem características específicas, como a
presença de agentes antimicrobianos e flúor. Esta é uma tendência atual, tendo em
vista a manutenção da higidez do componente dentário e das estruturas de suporte,
durante o tratamento ortodôntico.
Existe uma tendência atual na Odontologia pela escolha de produtos com
ação antimicrobiana e que liberem flúor. Dentre eles podem-se enumerar os
sistemas adesivos. A utilização de sistema adesivo com essas características não
afeta a força de adesão de bráquetes ortodônticos nos primeiros 30 minutos após a
colagem (BISHARA et al., 2005). O uso de primer contendo clorexidina não afeta a
força de adesão e nem o sítio de fratura (DAMON; BISHARA; OLSEN, 1997). A
presença de flúor no adesivo não causa redução, na força necessária para a
descolagem (STECKEL; RUEGGEBERG; WHITFORD, 1999). De acordo com
estudo de Damon, Bishara e Olsen (1996a), o tratamento do esmalte com pastas
13
profiláticas fluoretadas com variadas concentrações de flúor não afeta
significativamente a força de adesão ou o local da fratura durante a remoção dos
bráquetes. Como resultado, o uso de produtos fluoretados para profilaxia antes do
condicionamento ácido não afeta o protocolo de colagem.
Segundo estudos realizados por Sinha et al. (1997), a força de adesão das
resinas com flúor, tanto as fotoativadas quanto as autopolimerizáveis, é semelhante
a das resinas convencionais, o que as credencia para uso na prática ortodôntica.
Entretanto, o uso de antimicrobianos é a única alternativa promissora para controlar
a microbiota oral, além da fluoretação e dieta especial para prevenção da cárie
(ZACHRINSSON, 1975).
De forma a avaliar a força de adesão de bráquetes e sistemas adesivos,
testes devem ser efetuados previamente à liberação para a utilização clínica. Os
testes realizados em laboratório constituem a primeira etapa da validação de um
bráquete ou compósito novo. Dentre os ensaios mais realizados estão os testes de
cisalhamento, que através de uma máquina de ensaio universal simulam a
descolagem com a computação da força no instante do cisalhamento (CAL NETO;
MIGUEL, 2004).
Outra informação importante e de grande relevância clínica é a localização do
sítio de fratura, cuja avaliação é realizada através de microscópios e lupas, usados
para visualizar a superfície do bráquete ou corpo de prova.
Vários índices têm sido propostos para esta análise, sendo o mais utilizado o
Índice de Adesivo Remanescente, desenvolvido por Artun e Bergland (1984), que
permite uma fácil avaliação da superfície do substrato, em que quatro escores
podem ser creditados, dependendo da área coberta por adesivo, após a realização
do ensaio mecânico. Existem também inúmeras variações desse índice, com
14
modificações no sítio de leitura, bem como nos valores de significado dos escores
(CAL NETO; MIGUEL, 2004). Sabendo-se que com o avanço tecnológico e o
lançamento contínuo de novos materiais como bráquetes e sistemas adesivos, é de
relevante importância e interesse para a comunidade científica que testes in vitro
sejam executados, de forma a validar sua eficácia, principalmente quanto à força de
adesão ao esmalte dentário.
15
2 PROPOSIÇÃO
Diante do exposto, este trabalho se propôs a:
2.1 Avaliar a força de adesão de seis modelos de bráquetes ortodônticos com
morfologia e composição de bases diferentes.
2.2 Comparar a força de adesão de dois sistemas adesivos resinosos com
flúor na sua composição: Transbond XT®/Clearfill Protect Bond® e Fill Magic
Ortodôntico®/Magic Bond®.
2.3 Avaliar o Índice de Adesivo Residual (IAR) de todos os grupos testados.
16
3 ABORDAGEM EXPERIMENTAL
Este trabalho foi um experimento in vitro, no qual utilizou-se dentes bovinos
onde foram colados seis diferentes tipos de bráquetes para comparar a força de
adesão de suas bases, além de avaliar a força de adesão de dois sistemas adesivos
distintos colados em bráquetes Discovery®.
3.1 Amostra
A amostra foi composta por 100 incisivos permanentes bovinos que não
apresentavam danos no esmalte, como trincas, fraturas e defeitos causados durante
a remoção. Os dentes foram obtidos de um único abatedouro. As unidades dentárias
foram extraídas e devidamente limpas, tendo todo remanescente de ligamento
periodontal e polpa removidos. Em seguida, foram cortados no terço cervical da raiz
e posteriormente armazenados em solução aquosa de timol a 0,1% (Estratun,
Salvador, Bahia), em refrigerador a 5ºC (Eletrolux, São Paulo, São Paulo) até a
confecção dos corpos de prova (BISHARA; VONWALD; LAFFOON, 2001;
CACCIAFESTA et al., 2003). Toda essa seqüência, desde a extração até o
armazenamento, foi realizada no mesmo dia do abate.
17
3.2 Caracterização da amostra
Os incisivos bovinos foram distribuídos em sete grupos, cada qual com dez
unidades. Algumas unidades dentárias foram descartadas da amostra por
apresentarem danos em sua superfície, e outras foram utilizadas para a realização
do teste piloto.
O teste piloto foi realizado previamente ao ensaio definitivo, com o intuito de
avaliar a viabilidade da metodologia empregada, bem como ajustar todos os
componentes da máquina de ensaio universal, computador e dispositivo de
retenção. No ensaio piloto, foram utilizados dois corpos de prova de cada grupo,
testados em seqüência aleatória. Ao final deste teste, estabeleceu-se um roteiro,
além de uma lista de conferência, ocorrendo teste principal conforme o planejamento
e sem intercorrências.
Seis diferentes bráquetes foram selecionados e colados com dois sistemas
adesivos distintos: Transbond XT® (3M® Unitek, Monróvia, CA, EUA) / Clearfil Protect
Bond® (Kuraray®, Okayama, Japão) e Fill Magic Ortodôntico®/Magic bond®
(Vigodent®, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro). Os dois sistemas adesivos apresentam
flúor em sua composição, sendo que o segundo também possui agente
antimicrobiano incorporado. Os grupos foram organizados de acordo com a
composição, a morfologia da base e o tipo de sistema adesivo utilizado. A
caracterização dos grupos foi estabelecida conforme Quadro 1, com suas
respectivas fotos (Figura1).
18
QUADRO 1 - Caracterização dos grupos
GRUPO BRÁQUETE COMPOSIÇÃO ÁREA TIPO DE BASE ADESIVO
1 Composite® (Morelli®) Policarbonato 14,68mm² Policarbonato
(retenção mecânica) Fill Magic
Ortodôntico®/Magic bond®
2 Edgewise Standart (Morelli®) Aço inox 14,31mm² Tela
Fill Magic Ortodôntico®/Magic
bond®
3 Edgewise
Standart (Ortho-organizers)
Aço inox 12,02mm² Modelagem por injeção de metal
Fill Magic Ortodôntico®/Magic
bond®
4 Monobloc® (Morelli®)
Aço inox Niquel-free 10,22mm² Modelagem por
injeção de metal Fill Magic
Ortodôntico®/Magic bond®
5 Illusion plus® (Ortho-organizers) Porcelana 13,49mm² Porcelana
(retenção mecânica) Fill Magic
Ortodôntico®/Magic bond®
6 Discovery® (Dentaurum) Aço inox 13.12mm2
Modelagem por injeção de metal
(retenções por raio laser)
Fill Magic Ortodôntico®/Magic
bond®
7 Discovery® (Dentaurum) Aço inox 13.12mm2
Modelagem por injeção de metal
(retenções por raio laser)
Transbond XT®/ Clearfil Protect Bond®
3.3 Corpos de prova
Após aquisição, extração, remoção dos tecidos moles, seleção e
armazenamento dos dentes bovinos, foi seguida a seguinte seqüência para a
confecção dos corpos de prova: cada dente teve uma marcação feita com grafite no
centro da face vestibular, determinado pela interseção de duas linhas, uma
FIGURA 1- Fotografia ampliada das bases dos bráquetes: a) Composite ®(Morelli®); b) Edgewise(Morelli®); c) Edgewise (Ortho-organizers); d) Monobloc® (Morelli®); e) Illusion Plus®
(Ortho-organizers); f) Discovery® (Dentaurum®).
b c
d e f
a
19
transversal e outra longitudinal, padronizando-se assim o sítio de colagem dos
bráquetes (Figura 2a). Em seguida, esta face foi pressionada contra uma pequena
quantidade de resina acrílica autopolimerizável (VIPI FLASH, Pirassununga, São
Paulo), estando na fase plástica sobre uma placa de vidro transparente, o que
permitiu a visualização da marcação feita na face vestibular do dente, quando em
contato com a superfície do vidro (Figuras 2b e 2c).
A cor de eleição do acrílico foi a rosa-opaco, pois confere melhor contraste e
facilita a visualização da superfície dental. Uma pequena quantidade de resina em
fase plástica foi depositada na face palatina dos dentes, para que estes ficassem
unidos firmemente ao acrílico da face vestibular e não se soltassem durante o
desgaste inicial (Figura 2b).
Após a presa do acrílico, cada conjunto foi ligeiramente aplainado com lixa de
madeira nº 180 (Carborundum, Vinhedos, São Paulo), o que permitiu a remoção da
área mais convexa da superfície do esmalte, resultando em uma superfície plana,
a b c
d e f
FIGURA 2 - Preparo dos corpos de prova: a) marcação do centro do dente, b) inserção na resina, c) após polimerização, d) aplainamento da superfície com lixa de madeira, e) após aplainamento; f) inclusão no anel de PVC.
20
apropriada para a colagem (Figuras 2d e 2e). Cada dente foi posicionado no centro
de um tubo de PVC (Tigre, Joinville, Santa Catarina) com diâmetro interno de 40
mm, espessura de 2 mm e altura aproximada de 2 cm, previamente numerados. A
face vestibular dos dentes foi posicionada novamente contra uma placa de vidro, em
seguida o anel foi preenchido com resina acrílica no seu interior (Figura 2f).
Após a polimerização da resina acrílica, os corpos de prova foram lixados no
recortador de modelos (Metalvander, Pirassununga, São Paulo) sob refrigeração à
água. O primeiro desgaste foi com o disco original e em seguida com lixas de
granulação nos 400, 600 e 1.200 (Norton, Guarulhos, São Paulo), deixando a
superfície com textura similar à do esmalte original, porém plana e paralela ao longo
eixo do anel de PVC (Figura 3).
Este procedimento permitiu que o cinzel da máquina de cisalhamento
incidisse de forma perpendicular em todos os bráquetes colados nos corpos de
prova. Os corpos de prova foram armazenados em recipientes contendo água
destilada e guardados em estufa a 37ºC (BIOMATIC, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro)
com controle eletrônico de temperatura, permanecendo nessas condições por, pelo
menos, 72 horas antes do ensaio, para simular as condições do meio bucal
(BISHARA et al., 1996; BISHARA; FEHR, 1997).
FIGURA 3 - Preparo dos corpos de prova: a) corpo de prova após a polimerização da resina; b) concluído.
b
21
Dois corpos de prova escolhidos aleatoriamente foram seccionados no
sentido longitudinal da coroa de modo a se avaliar a quantidade remanescente de
esmalte (Figura 4).
3.4 Procedimento de colagem
Cada corpo de prova, escolhido aleatoriamente, foi submetido a uma
profilaxia com água e pedra-pomes (Wilson, Polidental, São Paulo, São Paulo) por
meio de uma taça de borracha (Microdont®, São Paulo, São Paulo), montada em
contra-ângulo (Dabi Atlante, Ribeirão Preto, São Paulo) à baixa rotação, por 10
segundos (CACCIAFESTA et al., 2003; BISHARA et al., 2002). Procedeu-se à
lavagem por 10 segundos e secagem suave com seringa tríplice (Dabi Atlante,
Ribeirão Preto, São Paulo) a fim de não desidratar a superfície do esmalte. As taças
de borracha foram substituídas a cada 15 dentes.
No passo seguinte, a face vestibular do esmalte foi condicionada com ácido
fosfórico gel a 37% (Magic acid®, Vigodent®, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro) durante
30 segundos, depois lavada com spray (ar/água) da seringa tríplice por 10 segundos
e secada com um suave jato de ar, para não desidratar o esmalte condicionado.
a b
FIGURA 4 - Corte longitudinal do corpo de prova: a) vista total; b) vista aproximada.
22
Os bráquetes passaram por um processo de limpeza, sendo colocados em
recipiente contendo álcool absoluto a 99,9% (LAFARE®, Recife, Pernambuco) para
remoção de possível resíduo de oleosidade. Na seqüência, foram lavados com spray
(ar/água) da seringa tríplice por 20 segundos e secados com ar durante 30
segundos.
Após condicionamento, lavagem e secagem da superfície do esmalte, foi
aplicada uma gota de adesivo Magic Bond® (Vigodent®, Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro) com o auxílio de um aplicador descartável CAVIBRUSH® (FGM®, Joinville,
Santa Catarina). Em seguida, um leve jato de ar, e por último fotopolimerização por
20 segundos, conforme indicação do fabricante. O compósito bem como o adesivo
líquido foram mantidos sob refrigeração a 5ºC e retirados uma hora antes de sua
utilização para que atingissem a temperatura ambiente, seguindo-se as instruções
do fabricante.
Foi idealizado e confeccionado um dispositivo para auxiliar a colagem dos
bráquetes. Uma vez acoplado o bráquete ao cabeçote do dispositivo e o corpo de
prova devidamente fixado, iniciou-se a deposição do compósito fotolimerizável Fill
Magic Ortodôntico® (Vigodent®), com o auxílio de uma espátula nº 1. Este foi o
sistema adesivo utilizado nos grupos de 1 a 6.
No grupo sete, foi utilizado o sistema adesivo líquido Clearfil Protect Bond®
(Kuraray®), composto por um primer com ação antimicrobiana e uma resina fluida
contendo flúor em sua composição, além do compósito Transbond XT® (3M®).
A colagem dos bráquetes nos dentes do grupo sete obedeceu à seguinte
seqüência: a superfície do esmalte foi condicionada com ácido fosfórico gel a 37%
durante 30 segundos, lavada com spray (ar/água) da seringa tríplice por 10
segundos e secada com um breve jato ar. Em seguida, aplicação de Clearfil Protect
23
Primer® (Kuraray®) e breve jato de ar. Após 20 segundos, aplicação de Clearfil
Protect Bond® (Kuraray®) e suave jato de ar. Finalizando, fotopolimerização por 10
segundos, conforme indicação do fabricante.
Após a aplicação de adesivo e fotopolimerização, o grupo sete recebeu uma
porção do compósito Transbond XT® (3M®), comprimido com o auxílio de uma
espátula de inserção sobre a base do bráquete, de forma que nenhuma área ficasse
descoberta após o posicionamento do bráquete sobre o dente.
A remoção do excesso de resina, em todos os grupos, foi realizada com o
auxílio de um extrator nº 34 (SS White, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro), antes da
fotopolimerização.
3.4.1 Dispositivo de colagem
Neste experimento, foi desenvolvido um dispositivo específico para a colagem
dos bráquetes nos corpos de prova com os seguintes objetivos: reter bráquetes e
corpos de prova, eliminar inclinações e torques de determinados bráquetes durante
a colagem, padronizar a pressão de colagem, permitir uma linha de adesivo com
espessura uniforme e, por fim, auxiliar a remoção dos excessos de adesivo, sem
deslocamento do bráquete.
O dispositivo era composto por um cursor para colagem indireta de bráquetes,
o qual fixava o bráquete através do slot. Este cursor permanecia retido a uma porção
de resina acrílica, formando assim o “cabeçote”, que se encaixava a um trilho de aço
inox por meio de canaletas. Cada modelo de bráquete possuía um cabeçote
específico.
O trilho, por sua vez, era acoplado através de sulcos feitos em um segmento
de PVC idêntico ao utilizado para confeccionar os corpos de prova. Tanto o
24
cabeçote quanto o trilho possuíam liberdade de movimento dentro dos seus
respectivos sulcos.
A parte fixa do dispositivo, denominada “torre”, era composta por dois
segmentos de tubo de PVC, iguais aos utilizados para confecção dos corpos de
prova, onde estavam fixadas quatro hastes metálicas por meio de uma base de
resina acrílica. As hastes metálicas funcionavam como guias durante a realização da
colagem. Estas hastes eram abraçadas por um elástico, na porção superior,
aumentando a pressão do conjunto e imobilizando as peças móveis (Figuras 5 e 6).
e
a b c
d
FIGURA 5 – Porção move do dispositivo de colagem: a) posicionador; b) posicionador vista lateral; c) posicionador com bráquete acoplado; d) trilho segmento de PVC; e) trilho e posicionador encaixados.
25
3.4.2 Unidade de fotoativação
O fotopolimerizador utilizado durante o processo de colagem foi o Demetron
Optilux 400 (Demetron Research Corp. Danbury, Conn), cujo comprimento de onda
foi aferido previamente por um radiômetro da marca Demetron, modelo 100
(Demetron). Constatou-se valores maiores que 600 Milliwatts por centímetro
quadrado (mW/cm²).
A fotopolimerização foi realizada da seguinte maneira: após o assentamento
do bráquete com compósito e remoção dos excessos de resina (Figura 7), foram
realizados dois pulsos de luz de 20 segundos cada, sendo um pelo lado esquerdo e
outro pelo lado direito do dispositivo a uma distância aproximada de 3 mm (Figura
8). O objetivo dessa polimerização inicial foi o de fixar o bráquete e, em seguida,
realizar o desacoplamento do dispositivo. Logo após o desacoplamento, cada lado
do bráquete foi fotopolimerizado por 10 segundos, com a ponteira do aparelho
justaposta à base do bráquete.
a b
FIGURA 6 - Dispositivo utilizado para colagem dos bráquetes: a) vista geral do dispositivo; b) vista aproximada.
26
Após a colagem e antes da realização do ensaio mecânico, os dentes ficaram
armazenados em recipiente contendo água destilada por 72 horas, dentro de uma
estufa a 37ºC ± 1º, com o objetivo de simular o ambiente bucal.
3.5 Ensaio mecânico – resistência ao cisalhamento
Para a realização do ensaio mecânico, foi utilizada uma máquina de ensaio
universal Emic DL 20.000 (Emic®, São José dos Pinhais, Paraná) dotada de uma
ponta ativa (Cinzel), realizando um movimento vertical descendente a uma
velocidade de 1,0 mm/mim e com célula de carga de 100 kilograma força (kgf)
(CHUNG; FRIEDMAN; MANTE, 2002). A borda lateral de todos os bráquetes estava
voltada para cima, a fim de se evitar o contato do cinzel com as aletas do bráquete.
Os corpos de prova foram colocados na plataforma de retenção, retendo-os de
maneira que a face vestibular ficasse perpendicular ao solo (Figura 9).
FIGURA 8 - Fotopolimerização inicial. FIGURA 7 - Remoção dos excessos de resina.
27
O teste teve seu início com o cinzel incidindo sobre a face lateral do bráquete,
sem, no entanto, tocar na linha de colagem. Esta face foi eleita por ser uma face
plana e sem interferências das aletas e angulações que poderiam descaracterizar a
padronização. A força necessária para descolagem de cada bráquete foi registrada,
os dados foram computados pelo software TESC, versão 3.01. Este software
possuía programação para testes de cisalhamento em bráquetes, apresentando
gráficos e dados estatísticos. A resistência ao cisalhamento, expressa em Newton
(N), foi dividida pela área da base do bráquete em milímetro quadrado (mm²) e
convertida em Megapascal (Mpa).
Para a avaliação do Índice de Adesivo Residual (IAR), um único avaliador fez
a leitura, utilizando um estereoscópio modelo STEMI 2000-C (Carl Zeiss,
Oberkochen, Baden-Wuerttemberg, Alemanha) com uma magnificação de 10x,
observando-se a superfície da base do bráquete após a descolagem. Neste teste de
avaliação do remanescente de resina, foi utilizada uma variação do índice (ARI)
Adhesive Remanescent Index, idealizado por Artun e Bergland (1984), sendo a
a b
FIGURA 9 - Ensaio de cisalhamento: a) máquina de ensaio universal; b) vista aproximada do cinzel.
a b
28
única e principal modificação a leitura da base do bráquete em vez da estrutura
dentária, pois a leitura da base do bráquete se torna mais fácil de ser visualizada
devido ao seu contraste. Os escores utilizados e o seu significado seguem no
Quadro 2.
VALOR REMANESCENTE DE ADESIVO
0 Sem adesivo remanescente no bráquete
1 Menos da metade de remanescente de adesivo no bráquete
2 Mais da metade de adesivo remanescente no bráquete
3 Adesivo cobrindo toda a área do bráquete
QUADRO 2 - Valores do índice de adesivo residual
29
4 DESENVOLVIMENTO SEQÜENCIAL DE PESQUISA
4.1 ARTIGO 1
Artigo a ser enviado para apreciação e publicação no periódico Dental Press de
Ortodontia e Ortopedia Facial, formatado conforme as normas de publicação
determinadas pela revista.
Estudo comparativo de seis tipos de bráquetes ortodônticos quanto à força de adesão
Leonardo de Aquino Fleischmann*, Márcio Costa Sobral**, Gildo Coelho Santos Júnior***
* Aluno do Curso de Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial da Universidade Federal da Bahia, UFBA
** Mestre em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ. Professor do curso de
Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial da Universidade Federal da Bahia, UFBA. *** Doutor em Reabilitação Oral FOB-USP, Professor adjunto do departamento de clínica odontológica – UFBA, Assitance professor, Schollich Medicin and Dentistry, UWO Canadá.
30
RESUMO
A realização de um diagnóstico acurado assim como a correta seleção de materiais,
especificamente dos bráquetes, são pré-requisitos importantes para o êxito da
terapia ortodôntica. Com o objetivo de investigar a influência de variados tipos de
desenho de base de bráquetes na força de adesão, seis modelos foram avaliados
mediante ensaio de cisalhamento. Foram eles: Discovery® (Dentaurum®) – metálico
com retenções por laser com 13.12 mm² de área; Monobloc® (Morelli®) – metálico
em corpo único com protuberâncias e 10,22 mm² de área; Edgewise Standart
(Ortho-organizers) – metálico com base MIM (MetalI Injection Molding),12,02 mm² de
área; Illusion Plus® (Ortho-organizers) – porcelana com sulcos de retenção e 13,49
mm² de área; Composite® (Morelli®) – policarbonato com protuberâncias para
retenção mecânica com 14,68 mm² e Edgewise Standart (Morelli®) – metálico com
tela de retenção e 14,31 mm² de área. Os bráquetes foram colados em dentes
bovinos com o sistema adesivo Fill Magic Ortodôntico (Vigodent®), para a realização
do teste. O ensaio foi executado em uma máquina de ensaio universal (EMIC®), e a
força de adesão foi computada no momento da cisão pelo software TESC, versão
3.01, medida em Newtons (N) e em (Mpa) Megapascal. Não houve diferença
estatística entre os bráquetes testados, com as médias de força de adesão entre os
grupos variando entre 3,81 Mpa e 10,12 Mpa. Todos os bráquetes testados são
apropriados para a utilização na prática ortodôntica.
Palavras-chave: Cisalhamento, Ortodontia e Bráquetes.
31
Estudo comparativo de seis tipos de bráquetes ortodônticos quanto à força de adesão
Leonardo FLEISCHMANN*, Márcio SOBRAL**, Gildo COELHO.*** A realização de um diagnóstico acurado assim como a correta seleção de materiais, especificamente dos bráquetes, são pré-requisitos importantes para o êxito da terapia ortodôntica. Com o objetivo de investigar a influência de variados tipos de desenho de base de bráquetes na força de adesão, seis modelos foram avaliados mediante ensaio de cisalhamento. Foram eles: Discovery® (Dentaurum®) – metálico com retenções por laser com 13.12 mm² de área; Monobloc® (Morelli®) – metálico em corpo único com protuberâncias e 10,22 mm² de área; Edgewise Standart (Ortho-organizers) – metálico com base MIM (MetalI Injection Molding),12,02 mm² de área; Illusion Plus® (Ortho-organizers) – porcelana com sulcos de retenção e 13,49 mm² de área; Composite® (Morelli®) – policarbonato com protuberâncias para retenção mecânica com 14,68 mm² e Edgewise Standart (Morelli®) – metálico com tela de retenção e 14,31 mm² de área. Os bráquetes foram colados em dentes bovinos com o sistema adesivo Fill Magic Ortodôntico (Vigodent®), para a realização do teste. O ensaio foi executado em uma máquina de ensaio universal (EMIC®), e a força de adesão foi computada no momento da cisão pelo software TESC, versão 3.01, medida em Newtons (N) e em (Mpa) Megapascal. Não houve diferença estatística entre os bráquetes testados, com as médias de força de adesão entre os grupos variando entre 3,81 Mpa e 10,12 Mpa. Todos os bráquetes testados são apropriados para a utilização na prática ortodôntica. Palavras-chave: Cisalhamento, Ortodontia e Bráquetes. Leonardo de Aquino Fleischmann, Cirurgião-Dentista, Aluno de Especialização em Ortodontia pela UFBA. Av. Araújo Pinho, nº 62, 7º andar, Canela, Cep: 40110-150, Salvador-Ba, UFBA. lfleischmann@terra.com.br * Aluno do Curso de Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial da Universidade Federal da
Bahia, UFBA. ** Mestre em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ. Professor do curso de
Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial da Universidade Federal da Bahia, UFBA. *** Doutor em Reabilitação Oral FOB-USP, Professor adjunto do departamento de clínica odontológica – UFBA, Assitance professor, Schollich Medicin and Dentistry, UWO Canadá.
32
INTRODUÇÃO
Desde os primórdios da Ortodontia, quando já se sabia que os dentes
poderiam ter suas posições alteradas através da aplicação de forças, têm sido
idealizados vários dispositivos para a realização da movimentação dentária.
Dentre os componentes fundamentais para a prática ortodôntica encontram-
se os bráquetes, que com a chegada dos sistemas adesivos deixaram de ser
soldados às bandas metálicas, e hoje possuem bases que permitem sua colagem
direta à superfície dentária. Em 1977, Zachrisson já descrevia os bráquetes colados,
com inúmeras vantagens sobre os bráquetes soldados às bandas.
A partir dessa época, os fabricantes de materiais ortodônticos vêm lançando
inúmeros bráquetes e trazendo novas tecnologias, devido à demanda por estética,
conforto e eficiência. Desta forma, torna-se imprescindível a constante avaliação dos
novos materiais, para que a classe odontológica seja esclarecida sobre suas
propriedades e indicações.
Em relação aos bráquetes ortodônticos, a força de adesão constitui-se em
uma das principais características a serem abalizadas. Quando melhorias nos
produtos são lançadas, os níveis de força de adesão freqüentemente estão entre as
principais vantagens anunciadas, de forma que a determinação in vitro desta força
continua sendo de grande importância e interesse (CAL NETO; MIGUEL, 2004).
A colagem de bráquetes no esmalte tem sido uma questão crítica na
Ortodontia, desde a introdução da colagem direta, sendo extremamente importante,
à estabilidade biomecânica da interface bráquete/adesivo, a qual transfere aos
dentes a força gerada pela ativação dos arcos (ELIADES; BRANTLEY et al., 2000).
A ocorrência da descolagem acidental de bráquetes é um aspecto frustrante
inerente à prática ortodôntica, resultando em aumento do tempo de tratamento e
33
custo adicional com material e honorários (POWERS; KIM; TURNER, 1997;
KLOCKE et al., 2004). Um bom andamento do tratamento ortodôntico é fundamental
para a correção da maloclusão, e, para tanto, a utilização de insumos seguros e
confiáveis é desejável.
A composição e a morfologia da base, que responsável pela adesão ao dente
por intermédio de um agente de união, são bastante variadas. Os bráquetes podem
ser compostos de vários materiais, como aço inoxidável, polímeros, porcelana,
titânio ou até mesmo a combinação desses. Já em relação às propriedades das
suas respectivas bases, estas podem apresentar diferentes configurações e
desenhos com o objetivo de conferir maior imbricamento do sistema adesivo,
aumentando assim a retenção mecânica. Existem também bráquetes com
substâncias químicas incorporadas às suas bases, com o objetivo de promover
união química com o sistema adesivo. São conhecidos como bráquetes de sistema
de retenção química.
Entre as bases de bráquetes com retenções mecânicas estão as que
possuem telas. A retenção mecânica é aumentada através da modificação do
desenho da tela, soldando-se fios de diferentes calibres na tela e fazendo cortes na
base (BISHARA et al., 2004). Em relação a estes tipos de base de bráquetes,
quanto maior o espaço entre o trançado da tela, maior a força adesiva (WANG et al.,
2004).
Outras bases com retenções mecânicas são as que seguem: Illusion Plus®
(Ortho-organizers) canaletas retentivas; Discovery® (Dentaurum) retenções feitas por
raio laser; Edgewise Standart (Ortho-organizers) concavidades retentivas;
Composite® (Morelli®) proeminências de retenção.
34
O tamanho e o desenho da base do bráquete podem afetar a força adesiva
(WANG et al., 2004), e a redução no tamanho da base dos bráquetes diminui
significativamente a força adesiva. Bases reduzidas de bráquetes com tamanho
mínimo de 6.82 mm² são adequadas para retenção de aparelhos fixos (MACCOLL et
al., 1998).
Existem ainda os amplificadores de adesão de bases, como jateamento com
óxido de alumínio, jateamento com silanização, revestimento de sílica e Megabond,
que promovem um sensível aumento na força de adesão dos compósitos aos
bráquetes (NEWMAN et al., 1995).
Uma força de adesão insuficiente fatalmente resultará em descolagem
inadvertida do bráquete. A força de adesão de bráquetes colados a estruturas
dentárias ou a restaurações sempre foi de interesse na prática ortodôntica. Desta
forma, estudos laboratoriais têm usado uma variedade de testes e condições para
mensurar a força necessária à descolagem (STANFORD; WOZNIAK; FAN, 1997).
Na Ortodontia contemporânea, diversos tipos de bráquetes encontram-se à
disposição do profissional. Com o objetivo de contribuir e auxiliar o ortodontista
nesta escolha, a presente pesquisa teve como objetivo avaliar a força de adesão de
diferentes tipos de bráquetes, no que se refere ao material componente e ao tipo de
base desses acessórios.
PROPOSIÇÃO
O propósito deste estudo consiste em investigar a efetividade das bases dos
bráquetes Composite® (Morelli®), Edgewise Standart (Morelli®), Edgewise Standart
(Ortho-organizers), Monobloc® (Morelli®), Illusion Plus® (Ortho-organizers) e
35
Discovery® (Dentaurum) em relação à força de adesão ao esmalte dentário, além de
avaliar o Índice de Adesivo Residual (IAR) de todos os grupos testados.
MATERIAL E MÉTODO
O presente trabalho foi um estudo in vitro, utilizando-se dentes bovinos como
substrato para a colagem de seis tipos de bráquetes, que, em seguida, foram
submetidos a teste de cisalhamento em uma máquina de ensaio universal.
A amostra foi composta por 60 incisivos bovinos, obtidos de um único
abatedouro. As unidades dentárias foram extraídas, e todo remanescente de
ligamento periodontal foi removido, além da completa remoção do tecido pulpar.
Foram então cortados no terço cervical da raiz e posteriormente armazenados em
solução aquosa de timol a 0,1%, sob refrigeração a 5°C.
Os dentes selecionados não poderiam ter defeitos em sua face vestibular ou
qualquer fratura que descaracterizasse a amostra. Para uma maior padronização
durante o procedimento de colagem dos bráquetes, tornou-se necessário a
determinação prévia do centro da face vestibular dos incisivos bovinos. Para tal,
diante da face vestibular, foi feita uma marcação a lápis no centro da coroa. Em
seguida, esta área foi pressionada contra uma pequena porção de resina acrílica
(VIPI FLASH, Pirassununga, São Paulo) manipulada em placa de vidro, para, após a
polimerização, o conjunto ser aplainado com lixa de madeira nº 180 (Carborundum,
Vinhedos, São Paulo). Tal procedimento permitiu a remoção da área mais convexa
da superfície de esmalte, resultando em uma superfície plana, apropriada para a
colagem.
Após a realização deste preparo inicial, cada conjunto foi posicionado no
centro de um tubo de PVC (Tigre, Joinville, Santa Catarina) com diâmetro interno de
36
40 mm, espessura de 2 mm e altura aproximada de 20 mm. Foram identificados e
preenchidos com resina acrílica, formando assim o corpo de prova.
O corpo de prova passou ainda por uma última etapa na qual sua superfície
sofreu um polimento com lixas d'água nos 400, 600 e 1.200 (Norton, Guarulhos, São
Paulo), de modo a apresentarem uma textura similar à do esmalte original, porém
plana (Figuras 1a e 1b). Após a polimerização da resina acrílica, os corpos de prova
foram armazenados em recipientes contendo água destilada e guardados em estufa
a 37ºC (BIOMATIC, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro) com controle eletrônico de
temperatura, permanecendo nessas condições por, pelo menos, 72 horas antes do
ensaio (BISHARA et al., 1996; BISHARA; FEHR, 1997).
Os incisivos tiveram bráquetes ortodônticos de incisivos centrais superiores
colados com sistema adesivo em sua superfície vestibular, para a realização do
ensaio de cisalhamento. Os 60 incisivos bovinos foram divididos em seis grupos
iguais, com dez unidades. Cada grupo recebeu um diferente tipo de bráquete, que
foi colado ao esmalte através do sistema adesivo Fill Magic Ortodôntico®/Magic
Bond® (Vigodent® Rio de Janeiro, Rio de Janeiro). A divisão dos grupos está
b
a FIGURA 1- Preparo dos corpos de prova. a) corpo de prova após a
polimerização da resina acrílica; b) corpo de prova concluído.
b
37
evidenciada no Quadro 1. As fotos das bases dos bráquetes utilizados na pesquisa
estão ilustradas na Figura 2.
Cada corpo de prova, escolhido aleatoriamente, foi submetido a uma
profilaxia com água e pedra-pomes (Wilson, Polidental, São Paulo, São Paulo) por
meio de uma taça de borracha (Microdont®, São Paulo, São Paulo), montada em
contra-ângulo (Dabi Atlante, Ribeirão Preto, São Paulo) à baixa rotação, por 10
GRUPO BRÁQUETE COMPOSIÇÃO ÁREA TIPO DE BASE ADESIVO
1 Composite® (Morelli®) Policarbonato 14,68mm²
Policarbonato (retenção mecânica)
Fill Magic Ortodôntico® /Magic
Bond®
2 Edgewise Standart (Morelli®) Aço inox 14,31mm² Tela
Fill Magic Ortodôntico® /Magic
Bond®
3 Edgewise Standart (Ortho-organizers) Aço inox 12,02mm² Modelagem por
injeção de metal Fill Magic
Ortodôntico ®/Magic Bond®
4 Monobloc® (Morelli®)
Aço inox Niquel-free 10,22mm² Modelagem por
injeção de metal Fill Magic
Ortodôntico® /Magic Bond®
5 Illusion Plus® (Ortho-organizers) Porcelana 13,49mm²
Porcelana (retenção mecânica)
Fill Magic Ortodôntico® /Magic
Bond®
6 Discovery® (Dentaurum) Aço inox 13.12mm2
Modelagem por injeção de metal (retenções por
raio laser)
Fill Magic Ortodôntico ®/Magic
Bond®
a b c
d e f FIGURA 2 - Fotografia ampliada das bases dos bráquetes. a) Composite ®(Morelli®); b) Edgewise
(Morelli®); c) Edgewise (Ortho-organizers); d) Monobloc® (Morelli®); e) Illusion Plus®
(Ortho-organizers); f) Discovery® (Dentaurum®).
QUADRO 1 - Divisão e caracterização dos grupos
38
segundos (CACCIAFESTA et al., 2003; BISHARA et al., 2002). Procedeu-se à
lavagem por 10 segundos e secagem suave com seringa tríplice (Dabi Atlante) a fim
de não desidratar a superfície do esmalte. As taças de borracha foram substituídas a
cada 15 dentes.
Seguiu-se o condicionamento da superfície de esmalte com ácido fosfórico
gel a 37% (Magic Acid®,Vigodent®) durante 10 segundos, e lavagem com spray
(ar/água) da seringa tríplice por mais 10 segundos. A secagem foi feita com um
suave jato de ar durante aproximadamente 3 segundos, a uma distância de 15 cm,
para não desidratar o esmalte condicionado.
Neste experimento, foi desenvolvido um dispositivo específico para a colagem
dos bráquetes nos corpos de prova com os seguintes objetivos: reter bráquetes e
corpos de prova, eliminar inclinações e torques de determinados bráquetes durante
a colagem, padronizar a pressão de colagem, permitir uma linha de adesivo com
espessura uniforme e, por fim, auxiliar a remoção dos excessos de adesivo, sem
deslocamento do bráquete (Figura 3).
ba
FIGURA 3 - Dispositivo utilizado para colagem dos bráquetes: a) vista geral do dispositivo; b) vista aproximada.
39
Após condicionamento, lavagem e secagem da superfície do esmalte, foi
aplicado um pequeno volume de adesivo (Magic Bond® Vigodent®) com o auxílio de
um aplicador descartável CAVIBRUSH® (FGM®, Joinville, Santa Catarina). Em
seguida, após um leve jato de ar, procedeu-se à fotopolimerização por 20 segundos,
conforme indicação do fabricante. O compósito bem como o adesivo fluido foram
mantidos sob refrigeração a 5ºC e retirados uma hora antes de sua utilização para
que atingissem a temperatura ambiente.
Após este procedimento, iniciou-se a aplicação de compósito fotolimerizável
(Fill Magic Ortodôntico®,Vigodent®) na base do bráquete, com o auxílio de uma
espátula nº 1 (SS White, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro). O bráquete fixado ao
dispositivo de colagem foi então comprimido contra o corpo de prova. Para se
realizar a remoção do excesso de resina extravasada, que poderia interferir no teste,
foi utilizado extrator nº 34 (SS White), antes da fotopolimerização.
O fotopolimerizador utilizado durante o processo de colagem foi o Demetron
Optilux 400 (Demetron Research Corp. Danbury, Conn), cujo comprimento de onda
foi aferido previamente por um radiômetro da marca Demetron, modelo 100
(Demetron). Constatou-se valores maiores que 600 Milliwatts por centímetro
quadrado (mW/cm²).
A fotopolimerização foi realizada da seguinte maneira: após o assentamento
do bráquete com compósito e remoção dos excessos de resina, procedeu-se à uma
fotopolimerização prévia de 20 segundos, com o intuito de fixar o bráquete. Efetuou-
se, em seguida, o desacoplamento do dispositivo. A fotopolimerização propriamente
dita foi feita por 10 segundos em cada lado, com a ponteira do aparelho justaposta à
base do bráquete.
40
Após a colagem, os dentes foram armazenados em recipiente com água
destilada por 72 horas, em estufa a 37ºC ± 1º, até a realização do ensaio mecânico.
Tal procedimento objetivou simular o ambiente bucal.
O ensaio mecânico foi realizado com auxílio de uma máquina de ensaio
universal, Emic DL 20.000 (Emic®, São José dos Pinhais, Paraná), dotada de uma
ponta ativa (Cinzel). Esta realizava um movimento vertical descendente a uma
velocidade de 1,0 mm/mim (CHUNG; FRIEDMAN; MANTE, 2002). A borda lateral de
todos os bráquetes estava voltada para cima, a fim de evitar o contato do cinzel com
as aletas do bráquete (Figura 4).
A força necessária para descolagem de cada bráquete foi registrada, e os
dados foram computados pelo software TESC, versão 3.01. A resistência ao
cisalhamento, expressa em Newtons (N), foi dividida pela área da base do bráquete
em milímetro quadrado (mm²) e convertida em Megapascal (Mpa).
FIGURA 4 - Ensaio de cisalhamento: a) máquina de ensaio universal; b) vista aproximada do cinzel.
a b
41
Para a avaliação do Índice de Adesivo Residual (IAR), foi utilizado um
estereoscópio modelo STEMI 2000-C (Carl Zeiss, Oberkochen, Baden-
Wuerttemberg, Alemanha) com uma magnificação de 10x, observando-se a
superfície da base do bráquete após a descolagem. Para a leitura dos resultados,
utilizou-se uma modificação do índice proposto por Artun e Bergland (1984), o
Adhesive Remanescent Index (ARI). A única e principal modificação em relação ao
ARI foi referente ao local de leitura. Foi observada a base do bráquete, em vez da
estrutura dentária, por ser a base facilmente visualizada devido ao seu contraste. O
Quadro 2 apresenta os escores utilizados e o seu significado.
RESULTADOS
O Gráfico 1 mostra os resultados de cada grupo em relação à força de
adesão, registrados em Mpa. O bráquete Discovery® (Dentaurum®), grupo 6,
apresentou a maior força média de cisalhamento, 10,12 Mpa, seguido por
Monobloc® (Morelli®), 7,44 Mpa, Edgewise Standart (Ortho-organizers), 5,54 Mpa,
Illusion Plus® (Ortho-organizers), 5,22 Mpa, Composite® (Morelli®), 4,01 Mpa, e, por
último, Edgewise Standart (Morelli®), 3,81 Mpa. Os resultados foram dispostos na
Tabela 1.
VALOR REMANESCENTE DE ADESIVO
0 Sem adesivo remanescente no bráquete
1 Menos da metade de remanescente de adesivo no bráquete
2 Mais da metade de adesivo remanescente no bráquete
3 Adesivo cobrindo toda a área do bráquete
QUADRO 2 - Escore do índice de adesivo residual
42
Entretanto, de acordo com a avaliação realizada, não houve diferença
estatística entre os grupos quando submetidos à análise de variança ANOVA, (p =
0,1), com nível de significância de 99%.
grupo
Mpa
654321
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Média e Intervalo de confiança 95% da resistência ao cisalhamento (Mpa) entre grupos
Grupos Média (Mpa) DP 1 (Composite®) 4,01 2,53 2 (Edgewise Morelli®) 3,81 3,56 3 (Edgewise Ortho-Organizers) 5,54 3,60 4 (Monobloc®) 7,44 6,51 5 (Illusion Plus®) 5,22 3,46 6 (Discovery®) 10,12 9,43
Os resultados do estudo das bases dos bráquetes em relação ao Índice de
Adesivo Residual (IAR) estão dispostos na Tabela 2. A análise estatística revelou
que houve concordância intra-examinador, com um valor de Kappa = 0,79. Duas
leituras foram realizadas por um único avaliador, sendo a segunda avaliação feita
uma semana após a primeira.
TABELA 1 - Média e desvio padrão de resistência (em Mpa)
GRÁFICO 1- Média e intervalo de confiança 95% da resistência ao cisalhamento (Mpa) entre grupos.
43
Na determinação do escore (IAR) dos grupos existiu uma diferença
estatísticamente significante, indicado pelo p<0,01, obtida pela análise do Qui-
quadrado de Pearson χ² = 15,85.
0 1 2 3 1 (Composite®) - - 2 8 2 (Edgewise Morelli®) - - 6 4 3 (Edgewise Ortho-organizers) - 1 4 5 4 (Monobloc®) - - 3 7 5 (Illusion Plus®) - 1 7 2 6 (Discovery®) - - 2 8
De acordo com os resultados da Tabela 2, 97% da amostra apresentou fraturas
na interface esmalte/adesivo, com o remanescente de resina cobrindo mais da
metade da área da base do bráquete.
DISCUSSÃO
O bráquete ortodôntico deve possuir uma força adesiva que seja suficiente
para suportar forças mastigatórias, bem como a ativação da mecânica utilizada.
Sabe-se que a média de força transmitida para o bráquete durante a
mastigação está entre 40 e 120 N, sendo desejável que um bráquete possua força
adesiva superior a 120 N (ELIADES; BRANTLEY, 2001). Reynolds (1975), descreveu
que a força de adesão ideal entre esmalte e bráquete está em torno de 5,9 a 7,8 Mpa.
Em estudo laboratorial realizado por Wang et al. (2004), as médias de força de
adesão variaram entre 4,32 Mpa e 9,32 Mpa. Foram utilizados dentes humanos
como substrato, e avaliadas seis diferentes bases bráquetes. Segundo os resultados
TABELA 2 - Distribuição dos resultados do IAR (n=10)
GRUPOS ESCORE
44
encontrados neste trabalho, a variação das médias de força de adesão ficaram entre
3,81 Mpa Edgewise Standart (Morelli®) e 10,12 Mpa Discovery® (Dentaurum®).
Entretanto, esta diferença não foi estatísticamente significante devido à similaridade
dos resultados. Os bráquetes Composite® (policarbonato) com 14,68 mm² e
Monobloc® com área de 10,22 mm², apesar de ambos possuírem bases com
retenções mecânicas por protuberâncias, as médias obtidas foram de 4,01 Mpa a
7,44 Mpa, além de o fato da área do Monobloc® ser menor do que o do bráquete
Composite®. Apesar de vários estudos apontarem que os bráquetes de
policarbonato possuem uma força de adesão inferior aos bráquetes metálicos (LIU et
al., 2005; GUAN et al., 2000), nesta pesquisa não houve diferença estatisticamente
significante entre a força de adesão do bráquete Composite® e os demais bráquetes.
Entretanto, nenhum dos dois trabalhos avaliou a área real (porções internas e
externas das retenções) além dos artifícios utilizados para a elevação da
adesividade, como por exemplo o jateamento, o tipo e a quantidade de carga
utilizada na composição.
Sorel et al. (2002) demonstraram que o bráquete Discovery® apresentou o
dobro da força de adesão quando comparado ao bráquete de tela única (Minitrim®).
Entretanto, esta diferença não foi encontrada neste ensaio. A força de adesão dos
bráquetes de porcelana com retenção mecânica foi similar à dos bráquetes
metálicos encontradas em outros estudos, e o sítio de fratura foi na interface
bráquete/adesivo (OSTERTAG et al.,1991), o que foi confirmado nesta pesquisa,
quando se comparou o bráquete Illusion Plus® (Ortho-organizers) que possui
retenção mecânica, com os bráquetes metálicos, entretando o local de fratura foi na
interface adesivo/esmalte.
45
Em trabalho conduzido por Guan et al. (2000), que utilizou dentes bovinos e
bráquetes de policarbonato, a força de adesão variou entre 3 e 6 Mpa, apresentando
uma concordância com os resultados encontrados neste ensaio, em que se obteve
uma média de 4,01 Mpa.
Os testes in vitro possuem inúmeras diferenças quando comparados com
testes in vivo. A principal está no fato de que as forças que ocorrem durante a
mastigação são abruptas e impõem um risco maior de danos ao esmalte, quando
comparadas com a força aplicada no complexo bráquete-adesivo, durante o teste de
cisalhamento (ELIADES; BRANTLEY, 2001).
Levando-se em consideração que apesar de a força de adesão em esmalte
bovino ser em média 21% a 44% menor que em esmalte humano, estes são
utilizados com sucesso em estudos de força de adesão ao esmalte (OESTERLE;
SHELLHART; BELANGER, 1998).
Com o objetivo de eliminar possíveis inconvenientes durante a colagem dos
bráquetes e uma maior padronização, foi idealizado um disposivo específico com as
seguintes atribuições: reter bráquetes e corpos de prova; eliminar inclinações e
torques de determinados bráquetes durante a colagem; padronizar a pressão de
colagem; permitir uma linha de adesivo com espessura uniforme; e auxiliar a
remoção dos excessos de adesivo sem deslocamento do bráquete. Para
comparações mais legítimas entre produtos, testes de força de adesão de
Ortodontia devem ter uma padronização universal (LITTLEWOOD; REDHEAD,
1998).
Neste trabalho, optou-se pelo condicionamento ácido, com ácido fosfórico
37%, durante 30 segundos, por ser uma prescrição bastante utilizada em vários
trabalhos (MITCHELL; O’ HAGAN; WALKER, 1995; CHUNG; FRIEDMAN; MANTE,
46
2002). A microscopia eletrônica revelou que o condicionamento com ácido fosfórico
a 37% por pelo menos 30 segundos produz um padrão ótico de condicionamento
maior do que durante 15 segundos (ELIADES; BRANTLEY, 2001).
A unidade de fotoativação utilizada neste estudo foi Optilux 400 (Demetron) a
qual possui lâmpada do tipo halógena. Segundo estudo de Dunn e Bush (2002), este
aparelho produziu uma dureza e superfície do compósito maior, quando comparado
com aparelhos fotopolimerizadores que utilizam luz do tipo LED. O comprimento de
onda do aparelho foi aferido por um radiômetro modelo 100 (Demetron) e
apresentou valores maiores que 600 mW/cm² (Milliwatts por centímetro quadrado),
estando em concordância com estudo dirigido por Toledano et al. (2002).
Após a avaliação do Índice de Adesivo Residual, constatou-se que a maioria
das fraturas foi na interface esmalte/adesivo, onde o remanescente de adesivo
permaneceu na base do bráquete, com 97% dos corpos de prova apresentando
escore 2 ou 3. Estes achados estão em concordância com os resultados
encontrados por Sorel et al. (2002), que utilizando bráquetes Discovery® obteve 80%
da amostra com escore 3.
Este sítio de fratura é o mais perigoso, pois existe uma chance maior de
acontecerem fraturas coesivas no esmalte. O sítio de fratura mais favorável para
uma descolagem segura é bráquete/adesivo, com a retenção do adesivo na
superfície do esmalte, pois isso demonstra que a força coesiva do esmalte foi
superior à força de adesão da base do bráquete ao adesivo. Desta forma, a
ocorrência de fraturas de esmalte torna-se praticamente inexistente, e a remoção do
adesivo residual é efetuada com o auxílio de brocas especiais, que não causam
danos ao tecido dentário.
47
CONCLUSÃO
Todos os seis tipos de bráquetes investigados não apresentaram diferença
estatística em relação à força de adesão, quando colados à superfície de esmalte
com o sistema adesivo Fill Magic Ortodôntico®/Magic Bond®, mostrando valores
variando entre 3,81 Mpa, Edgewise Standart (Morelli®) e 10,12 Mpa Discovery®
(Dentaurum®).
A avaliação do Índice de Adesivo Residual (IAR) revelou que 97% dos
bráquetes apresentaram mais da metade das suas bases cobertas por compósito,
evidenciando que o sítio de fratura foi na interface esmalte/adesivo.
AGRADECIMENTO
Ao Centro de Ortodontia e Ortopedia Facial, Prof. José Édimo Martins Soares,
Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia.
48
REFERÊNCIAS
ARTUN, J.; BERGLAND, S. Clinical trials with crystal growth conditioning as an
alternative to acid-etch enamel pretreatment. Am J Orthod. v. 85, n. 4, p.333-340,
Apr. 1984.
BISHARA, S. E. et al. Effect of applying chlorhexidine antibacterial agent on the
shear bond strength of orthodontic brackets. Angle Orthod. v. 66, n. 4, p. 313-316,
1996.
BISHARA, S. E. et al. The effect of saliva contamination on shear bond strength of
orthodontic brackets when using a self-etch primer. Angle Orthod. v. 72, n. 6, p.554-
547, Dec. 2002.
BISHARA, S. E. et al. The effect of variation in mesh-base design on the shear bond
strength of orthodontic brackets. Angle Orthod. n. 74, v. 3, p. 400-404, Jun. 2004.
BISHARA, S. E.; FEHR D. E.; Ceramic brackets: something old, something new, a
review. Semin Orthod. v. 3, n. 3, p.178-188, Sep. 1997.
CACCIAFESTA, V. et al. Effect of water and saliva contamination on shear bond
strength of brackets bonded with conventional, hydrophilic, and self-etching primers.
Am J Orthod Dentofacial Orthop. v. 123, n. 6, p. 633-640, Jun. 2003.
CAL NETO, J. O.; MIGUEL, J. A. Uma análise dos testes in vitro da força de adesão
em Ortodontia. R Dental Press Ortodon Ortop Facial. v. 9, n. 4, p. 44-51, jul./ago.
2004.
CHUNG, C. H.; FRIEDMAN, S. D.; MANTE, F. K.; Shear bond strength of rebounded
mechanically retentive ceramic brackets. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v.122,
n. 3, p. 282-287, Sep. 2002.
49
DUNN, W. J.; BUSH, A. C. A comparison of polymerization by light-emitting diode
and halogen-based light-curing units. J. Am. Dent. Assoc. v. 133, n. 3, p. 335-341,
Mar. 2002.
ELIADES, T.; BRANTLEY, W. A. Orthodontics Materials, Scientific and Clinical
Aspects. 1. ed. Stuttgart: Thieme, 2001.
ELIADES, T.; BRANTLEY, W. A.; The inappropriateness of conventional orthodontic
bond strength assessment protocols. Eur J Orthod. n. 22, v. 1, p. 13-23, Feb. 2000.
GUAN, G. et al. Shear bond strengths of orthodontic plastic brackets. Am J Orthod
Dentofacial Orthop. n. 117, v. 4, p. 438-443, Apr 2000.
KLOCKE, A. et al. Effect of time on bond strength in indirect bonding. Angle Orthod.
n. 74, v. 2, p. 245-250, Apr. 2004.
LITTLEWOOD, S. J.; REDHEAD, A. Use of jigs to standardize orthodontic bond
testing. J Dent. v. 26, n. 5-6, p. 539-545, Jul-Aug 1998.
LIU, J. K. et al. Bond strength and debonding characteristics of a new ceramic
bracket. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v.128, n. 6, p.761-765, Dec 2005.
MACCOLL, G. A. et al. The relationship between bond strength and orthodontic
bracket base surface area with conventional and microetched foil-mesh bases. Am J
Orthod Dentofacial Orthop. v.113, n. 3, p. 276-281, Mar. 1998.
MITCHELL, C. A.; O’ HAGAN, E.; WALKER, J. M. Probability of failure of
orthodontic brackets bonded with different cementing agents. Dent Mater. v. 11, p.
317-322. Sep. 1995.
NEWMAN, G. V. et al. Adhesion promoters, their effect on the bond strength of metal
brackets. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v. 108, n. 3, p. 237-241, Sep 1995.
50
OESTERLE, L. J.; SHELLHART, W. C.; BELANGER, G. K.; The use of bovine
enamel in bonding studies. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v. 114, n. 5, p. 514-9.
Nov, 1998.
OSTERTAG, A. J. et al. Shear, torsional, and tensile bond strengths of ceramic
brackets using three adhesive filler concentrations. Am J Orthod Dentofacial
Orthop. v. 100, n. 3, p. 251-258, Sep 1991.
POWERS, J. M.; KIM, H. B.; TURNER, D. S.; Orthodontic adhesives and bond
strength testing Review. Semin Orthod. v. 3, n. 3, p.147-156, Sep. 1997.
REYNOLDS, I. R. A review of direct orthodontic bonding. Br. J. Orthod. n. 2. p. 171-
178, 1975.
SOREL, O. et al. Comparison of bond strength between simple foil mesh and laser-
structured base retention brackets. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v. 122, n. 3,
p. 260-266, Sep. 2002.
STANFORD, S. K.; WOZNIAK, W. T.; FAN, P. L. The need for standardization of test
protocols. Review. Semin Orthod. v. 3, n. 3, p. 206-209, Sep 1997.
TOLEDANO, M. et al. Bond strenght of orthodontic brackets using different light and
self-curing cements. Angle Orthod. n. 1, v. 73, p. 56-63, Jul 2002.
WANG, W. N. et al. Bond strength of various bracket base designs. Am J Orthod
Dentofacial Orthop. v. 25, n. 1, p. 65-70, Jan. 2004.
ZACHRISSON, B. J. A posttreatment evaluation of direct bonding in orthodontics.
Am J Orthod. v. 71, n. 2, p.173-189, Feb. 1977.
51
4.2 ARTIGO 2
Artigo a ser enviado para apreciação e publicação no periódico Dental Press de
Ortodontia e Ortopedia Facial, formatado conforme as normas de publicação
determinadas pela revista.
Avaliação comparativa da força de adesão entre dois sistemas adesivos utilizados em Ortodontia
Leonardo de Aquino Fleischmann*, Márcio Costa Sobral**, Gildo Coelho Santos Júnior***.
* Aluno do Curso de Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial da Universidade Federal da Bahia, UFBA
** Mestre em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ. Professor do curso de
Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial da Universidade Federal da Bahia, UFBA. *** Doutor em Reabilitação Oral FOB-USP, Professor adjunto do departamento de clínica odontológica – UFBA, Assitance professor, Schollich Medicin and Dentistry, UWO Canadá.
52
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar, comparativamente, a força de adesão de dois
sistemas adesivo disponíveis para colagem de bráquetes em Ortodontia: Fill Magic
Ortodôntico®/ Magic bond®, com flúor na sua composição, e Transbond XT®/Clearfil
Protect Bond®, com agente antimicrobiano e flúor na composição. Foram
selecionados 30 incisivos bovinos. As unidades dentárias foram extraídas e
devidamente limpas, tendo todo remanescente de ligamento periodontal e polpa
removidos. Em seguida, foram cortados no terço cervical da raiz e posteriormente
armazenados em solução aquosa de timol a 0,1%. Os corpos de prova tiveram sua
face vestibular aplainada e polida, a fim de apresentarem textura similar à do
esmalte original, porém plana. Previamente à colagem foi realizada uma profilaxia
com pedra-pomes e água, seguido por condicionamento com ácido fosfórico 37%
durante 30 segundos. Para a realização do estudo comparativo, utilizou-se o
bráquete Discovery®, que foi colado na superfície do esmalte conforme a indicação
do fabricante. O ensaio mecânico foi executado em uma máquina de ensaio
universal (EMIC®) a uma velocidade de 1,0 mm/mim, e os dados foram computados
pelo software TESC, versão 3.01 (EMIC®). Os dados passaram por uma análise
estatística, sendo realizado o teste t-student, que revelou que a associação
(Transbond XT®/Clearfil Protect Bond®) apresentou uma força de adesão
significativamente maior, quando comparado com o sistema (Fill Magic Ortodôntico®/
Magic bond®). Durante a avaliação do Índice de Adesivo Residual (IAR), tanto no
grupo 1 quanto no 2, os resultados mostraram que as fraturas ocorreram na
interface esmalte/adesivo, com retenção da maior parte do adesivo na base do
bráquete.
Palavras-chave: Cisalhamento, Força de adesão e Sistema adesivo.
53
Avaliação comparativa da força de adesão entre dois sistemas adesivos utilizados em Ortodontia
Leonardo FLEISCHMANN*, Márcio SOBRAL**, Gildo COELHO Jr..***
O objetivo deste trabalho foi avaliar, comparativamente, a força de adesão de dois sistemas adesivos disponíveis para colagem de bráquetes em Ortodontia: Fill Magic Ortodôntico®/ Magic bond®, com flúor na sua composição, e Transbond XT®/Clearfil Protect Bond®, com agente antimicrobiano e flúor na composição. Foram selecionados 30 incisivos bovinos. As unidades dentárias foram extraídas e devidamente limpas, tendo todo remanescente de ligamento periodontal e polpa removidos. Em seguida, foram cortados no terço cervical da raiz e posteriormente armazenados em solução aquosa de timol a 0,1%. Os corpos de prova tiveram sua face vestibular aplainada e polida, de modo a apresentarem textura similar a do esmalte original, porém plana. Previamente à colagem foi realizada uma profilaxia com pedra-pomes e água, seguido por condicionamento com ácido fosfórico 37% durante 30 segundos. Para a realização do estudo comparativo, utilizou-se o bráquete Discovery®, que foi colado na superfície do esmalte conforme a indicação do fabricante. O ensaio mecânico foi executado em uma máquina de ensaio universal (EMIC®) a uma velocidade de 1,0 mm/mim, e os dados foram computados pelo software TESC, versão 3.01 (EMIC®). Os dados passaram por uma análise estatística, sendo realizado o teste t-student, que revelou que a associação (Transbond XT®/Clearfil Protect Bond®) apresentou uma força de adesão significativamente maior, quando comparado com o sistema (Fill Magic Ortodôntico®/ Magic bond®). Durante a avaliação do Índice de Adesivo Residual (IAR), tanto no grupo 1 quanto no 2, os resultados mostraram que as fraturas ocorreram na interface esmalte/adesivo, com retenção da maior parte do adesivo na base do bráquete. Palavras-chave: Cisalhamento, Força de adesão e Sistema adesivo. Leonardo de Aquino Fleischmann, Cirurgião-Dentista, Aluno de Especialização em Ortodontia pela UFBA. Av. Araújo Pinho, nº 62, 7º andar, Canela, Cep: 40110-150, Salvador-Ba, UFBA. lfleischmann@terra.com.br * Aluno do Curso de Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial da Universidade Federal da
Bahia, UFBA ** Mestre em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ. Professor do curso de
Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial da Universidade Federal da Bahia, UFBA. *** Doutor em Reabilitação Oral FOB-USP, Professor adjunto do departamento de clínica odontológica – UFBA, Assitance professor, Schollich Medicin and Dentistry, UWO Canadá.
54
INTRODUÇÃO
A eficiência de um tratamento ortodôntico não está restrita apenas à obtenção
de sucesso no diagnóstico e condução da mecânica ortodôntica, mas também
diretamente relacionada à redução dos efeitos deletérios provenientes da utilização
de aparelhagem ortodôntica fixa. Sabendo-se que a utilização de aparelho
ortodôntico fixo aumenta a retenção de placa bacteriana, torna-se premente a
instituição de procedimentos preventivos, com vistas a impedir a instalação de
problemas relacionados à cárie e doença periodontal (ZACHRISSON,1975).
Deste modo, é cada vez maior a busca por materiais odontológicos que em
sua fórmula tenham componentes antimicrobianos, e que de alguma forma evitem a
formação de placa bacteriana e o aparecimento de lesões brancas de cárie. Dentre
eles, estão os sistemas adesivos que promovem a adesão entre o esmalte dentário
e o bráquete. A descalcificação ao redor do bráquete é reconhecida como a mais
comum complicação do tratamento com aparelhagem fixa. O uso de antimicrobianos
é uma alternativa promissora para melhorar a higiene oral, além da fluoretação e
dieta especial para prevenção da cárie (MERVYN et al., 2005).
A influência negativa das bandas e dos bráquetes ortodônticos na efetividade
da terapia antimicrobiana foi provada por Attin et al. (2005). Daí a importância de
compósitos com ação antimicrobiana. Segundo estudos realizados por Sinha et al.
(1997), a força de adesão das resinas com flúor, tanto as fotoativadas quanto as
autopolimerizáveis, é semelhante a das resinas convencionais, credenciando-as
para uso na prática ortodôntica.
O uso de sistema adesivo com liberação de antimicrobiano e flúor não afeta a
força de adesão de bráquetes ortodônticos nos primeiros 30 minutos após a
55
colagem (BISHARA et al., 2005). A utilização de primer contendo clorexidina não
afeta a força de adesão e nem o sítio de fratura (DAMON; BISHARA; OLSEN, 1997).
Steckel, Rueggeberg e Whiyford (1999) descreveram, em seu estudo, que a
presença de flúor no adesivo não causa redução na força necessária para a
descolagem.
Desta forma, é importante a avaliação dos sistemas adesivos que contenham
flúor e agentes antimicrobianos para utilização na prática ortodôntica.
PROPOSIÇÃO
Este trabalho foi conduzido com o propósito de avaliar, comparativamente, a
força de adesão dos sistemas adesivos Fill Magic Ortodôntico®/Magic bond®
(Vigodent®) e Transbond XT®/Clearfil Protect Bond® (3M®/Kuraray®), além de avaliar
o Índice de Adesivo Residual (IAR).
MATERIAL E MÉTODO
Foi realizado um estudo in vitro utilizando-se dentes bovinos como substrato
para a colagem de bráquetes, para, em seguida, serem testados em uma máquina
de ensaio universal.
A amostra foi composta por 30 incisivos bovinos, obtidos de um único
abatedouro. As unidades dentárias foram extraídas e devidamente limpas, tendo
todo remanescente de ligamento periodontal e polpa removidos. Em seguida, foram
cortados no terço cervical da raiz e posteriormente armazenados em solução aquosa
de timol a 0,1%, sob refrigeração a 5°C.
Os dentes selecionados não poderiam ter defeitos em sua face vestibular ou
qualquer fratura que descaracterizasse a amostra. Para uma maior padronização
56
durante o procedimento de colagem dos bráquetes, tornou-se necessário a
determinação prévia do centro da face vestibular dos incisivos bovinos. Para tal,
diante da face vestibular, foi feita uma marcação a lápis no centro da coroa. Em
seguida, esta área foi pressionada contra uma pequena porção de resina acrílica
(VIPI FLASH, Pirassununga, São Paulo), manipulada em placa de vidro. Após a
polimerização, o conjunto foi aplainado com lixa de madeira nº 180 (Carborundum,
Vinhedos, São Paulo). Tal procedimento permitiu a remoção da área mais convexa
da superfície do esmalte, resultando em uma superfície plana, apropriada para a
colagem.
Após a realização deste preparo inicial, cada conjunto foi posicionado no
centro de um tubo de PVC (Tigre, Joinville, Santa Catarina) com diâmetro interno de
40 mm, espessura de 2 mm e altura aproximada de 20 mm. Foram identificados e
preenchidos com resina acrílica, formando assim o corpo de prova.
Os corpos de prova passaram ainda por uma última etapa, na qual as
superfícies sofreram um polimento com lixas d’água nos 400, 600 e 1.200 (Norton,
Guarulhos, São Paulo), a fim de apresentarem textura similar a do esmalte original,
porém plana (Figura1).
Após a polimerização da resina acrílica, os corpos de prova foram
armazenados em recipientes contendo água destilada e guardados em estufa a
FIGURA 1 - Preparo dos corpos de prova: a) corpo de prova após a polimerização da resina acrílica; b) corpo de prova concluído.
a b
57
temperatura, eletronicamente controlada, de 37ºC (BIOMATIC, Rio de Janeiro, Rio
de Janeiro). Permaneceram nessas condições por, pelo menos, 72 horas antes do
ensaio (BISHARA et al., 1996; BISHARA; FEHR, 1997).
Para a realização do ensaio, utilizaram-se bráquetes Discovery®
(Dentaurum®) para incisivos centrais superiores do lado direito, colados nas
superfícies preparadas dos respectivos corpos de prova. A caracterização dos
grupos está descrita na tabela 1, e a base do bráquete utilizado pode ser visualisada
na Figura 2.
Cada corpo de prova, escolhido aleatoriamente, foi submetido a uma
profilaxia com água e pedra-pomes (Wilson, Polidental, São Paulo, São Paulo) por
meio de uma taça de borracha (Microdont®, São Paulo, São Paulo), montada em
contra-ângulo (Dabi Atlante, Ribeirão Preto, São Paulo) à baixa rotação, por 10
segundos (CACCIAFESTA et al., 2003; BISHARA et al., 2002). Procedeu-se à
TABELA 1 - Caracterização dos grupos GRUPO BRÁQUETE COMPOSIÇÃO ÁREA TIPO DE BASE ADESIVO
1 Discovery® (Dentaurum®) AÇO INOX 13.12 mm2
Modelagem por injeção de metal (retenções por
raio laser
Fill Magic Ortodôntico®/Magic
Bond®
2 Discovery® (Dentaurum®) AÇO INOX 13.12 mm2
Modelagem por injeção de metal (retenções por
raio laser
Transbond XT® /Clearfill Protect Bond®
FIGURA 2 - Base do bráquete Discovery®.
58
lavagem por 10 segundos e secagem suave com seringa tríplice (Dabi Atlante) a fim
de não desidratar a superfície do esmalte. As taças de borracha foram substituídas a
cada 15 dentes.
Seguiu-se o condicionamento da superfície de esmalte com ácido fosfórico
gel a 37% Magic Acid® (Vigodent®) durante 10 segundos e lavagem com spray
(ar/água) da seringa tríplice por mais 10 segundos. A secagem foi feita com um
suave jato de ar durante aproximadamente 3 segundos, a uma distância de 15 cm,
de modo não desidratar o esmalte condicionado.
Após condicionamento, lavagem e secagem da superfície do esmalte, foi
aplicado um pequeno volume de adesivo Magic Bond® (Figura 3a) com o auxílio de
um aplicador descartável CAVIBRUSH® (FGM®, Joinville, Santa Catarina). Em
seguida, após um leve jato de ar, procedeu-se à fotopolimerização por 20 segundos,
conforme indicação do fabricante. O compósito bem como o adesivo fluido foram
mantidos sob refrigeração a 5ºC e retirados uma hora antes de sua utilização para
que atingissem a temperatura ambiente.
Após esse procedimento, iniciou-se a aplicação de compósito fotolimerizável
Fill Magic Ortodôntico® (Vigodent®) (Figura 3b), na base do bráquete, com o auxílio
de uma espátula nº 1 (SS White, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro). O bráquete foi
então comprimido contra o corpo de prova posicionado no dispositivo. Para se
realizar a remoção do excesso de resina, que poderia interferir no teste, foi utilizado
extrator nº 34 (SS White), antes da fotopolimerização.
59
FIGURA 4 - a) Sistema adesivo Clearfil Protect Bond®; b) Compósito Transbond XT®.
a
No grupo 2, utilizou-se o sistema adesivo Transbond XT® (3M® Unitek,
Monróvia, CA, EUA)/Clearfill Protect Bond® (Kuraray®, Okayama, Japão), ilustrado
nas (Figura 4). Inicialmente, a superfície de esmalte foi condicionada com ácido
fosfórico gel a 37% durante 30 segundos, depois lavada com spray (ar/água) da
seringa tríplice por 10 segundos, e secada com um breve jato de ar. Seguiu-se a
aplicação de Clearfil Protect Primer®, breve jato de ar, e espera de 20 segundos. Em
seguida, a aplicação de Clearfil Protect Bond® (Figura 4a) e suave jato de ar. Na
seqüência, fotopolimerização por 10 segundos, conforme indicação do fabricante.
Após a aplicação de adesivo e fotopolimerização, uma porção do compósito
Transbond XT® (3M®) (Figura 4b) foi comprimida com o auxílio de uma espátula de
inserção sobre a base do bráquete, para que nenhuma área ficasse descoberta após
o posicionamento do bráquete no dente.
®
FIGURA 3 - a) Adesivo líquido; b) Magic Bond® Kit Compósito Fill Magic Ortodôntico.
a b
a b
60
Neste experimento, foi desenvolvido um dispositivo específico para a colagem
dos bráquetes nos corpos de prova com os seguintes objetivos: reter bráquetes e
corpos de prova, eliminar inclinações e torques de determinados bráquetes durante
a colagem, padronizar a pressão de colagem, permitir uma linha de adesivo com
espessura uniforme e, por fim, auxiliar a remoção dos excessos de adesivo, sem
deslocamento do bráquete (Figura 5).
O fotopolimerizador utilizado durante o processo de colagem foi o Demetron
Optilux 400 (Demetron Research Corp. Danbury, Conn), cujo comprimento de onda
foi aferido previamente por um radiômetro da marca Demetron, modelo 100
(Demetron). Constatou-se valores maiores que 600 mW/cm² (Milliwatts por
centímetro quadrado).
A fotopolimerização foi realizada da seguinte maneira: após o assentamento
do bráquete com compósito e remoção dos excessos de resina, procedeu-se à uma
fotopolimerização prévia de 20 segundos, com o intuito de fixar o bráquete. Efetuou-
se, em seguida, o desacoplamento do dispositivo. A fotopolimerização propriamente
a bFIGURA 5 - Dispositivo utilizado para colagem dos bráquetes: a) vista geral do dispositivo; b) vista aproximada.
61
dita foi feita por 10 segundos em cada lado, com a ponteira do aparelho justaposta à
base do bráquete.
Após a colagem, os dentes foram armazenados em recipiente com água
destilada por 72 horas, em estufa a 37ºC ± 1º, até a realização do ensaio mecânico.
Tal procedimento objetivou simular o ambiente bucal.
Para a realização do ensaio mecânico foi utilizada uma máquina de ensaio
universal, Emic DL 20.000 (Emic®, São José dos Pinhais, Paraná), dotada de uma
ponta ativa (Cinzel), realizando um movimento vertical descendente a uma
velocidade de 1,0 mm/mim (CHUNG; FRIEMAN; MANTE, 2002). A borda lateral de
todos os bráquetes estava voltada para cima, a fim de se evitar o contato do cinzel
com as aletas do bráquete (Figura 6).
A força necessária para descolagem de cada bráquete foi registrada e
expressa em Newtons (N), em seguida foi dividida pela área da base do bráquete
em milímetro quadrado (mm²) e convertida em Megapascal (Mpa).
FIGURA 6 - Ensaio de cisalhamento: a) máquina de ensaio universal; b) vista aproximada do cinzel.
a b
62
Para a avaliação do Índice de Adesivo Residual (IAR), foi utilizado um
estereoscópio modelo STEMI 2000-C (Carl Zeiss, Oberkochen, Baden-
Wuerttemberg, Alemanha) com uma magnificação de 10x, observando-se a
superfície da base do bráquete após a descolagem. Para a leitura dos resultados,
utilizou-se uma modificação do índice proposto por Artun e Bergland (1984), o
Adhesive Remanescent Index (ARI). A única modificação em relação ao ARI foi
referente ao local de leitura. Foi observada a base do bráquete, em vez da estrutura
dentária, por ser a base facilmente visualizada devido ao seu contraste. A Tabela 2
apresenta os escores utilizados e o seu significado.
RESULTADOS
O grupo 1 apresentou uma força de adesão média de 132,8 N, enquanto o
grupo 2, uma média de 322,2 N, o que representou uma diferença estatisticamente
significante com p = 0,001. Médias da força de adesão em Newtons (Tabela 3), em
Mpa (Tabela 4).
TABELA 3 - Médias da força de adesão em Newtons
Grupo Adesivo Média (N) DP
1 Fill Magic Ortodôntico®/Magic Bond® 132,8 39,36
2 Transbond XT®/Clearfil Protect Bond® 322,2 28,86
TABELA 2 - Escore do Índice de Adesivo Residual
VALOR REMANESCENTE DE ADESIVO
0 Sem adesivo remanescente no bráquete
1 Menos da metade de remanescente de adesivo no bráquete
2 Mais da metade de adesivo remanescente no bráquete
3 Adesivo cobrindo toda a área do bráquete
63
Os resultados do estudo dos sistemas adesivos em relação ao Índice de
Adesivo Residual (IAR) estão dispostos na Tabela 5. A análise estatística revelou
que houve concordância intra-examinador, com um valor de Kappa = 0,79. Duas
leituras foram realizadas por um único avaliador, sendo a segunda avaliação feita
uma semana após a primeira. Na determinação do escore (IAR) dos grupos existiu
uma diferença estatisticamente significante, indicada pelo p<0,01, obtida pela
análise do Qui-quadrado de Pearson χ² = 15,85.
TABELA 4 - Médias da força de adesão em Mpa Grupo Adesivo Média Mpa DP
1 Fill Magic Ortodôntico®/Magic Bond® 10,12 3,0
2 Transbond XT®/ Clearfil Protect Bond® 24,55 2,2
GRÁFICO 1 - Média e intervalo de confiança 95% da resistência ao cisalhamento (Mpa) entre grupos.
TABELA 5 - Distribuição dos resultados do IAR (n=10)Grupo / Escore 0 1 2 3
Fill Magic Ortodôntico®/Magic
Bond® - - 2 8
Transbond XT®/ Clearfil Protect
Bond® - - 5 5
64
De acordo com os resultados mostrados na Tabela 5, todas as fraturas
ocorreram na interface esmalte/bráquete, com o remanescente de resina cobrindo a
base do bráquete.
DISCUSSÃO
Foram utilizados neste estudo dois sistemas adesivos distintos. Estes foram
submetidos à análise comparativa quanto às suas propriedades adesivas. O primeiro
foi o sistema fotolimerizável Fill Magic Ortodôntico® (Vigodent®); escolha motivada
pela presença de flúor na sua composição e eventual influência nas propriedades
adesivas. Apresenta em sua fórmula BisGMA éter de ácido metacrílico e vidro de
flúor silicato.
O kit do compósito fotolimerizável Fill Magic Ortodôntico não possui adesivo
fluido incluso, entretanto neste trabalho foi utilizado o adesivo Magic Bond®
(Vigodent®), composto por Bisgma e Éster do ácido metacrílico, não apresentando
carga em sua composição. Estudo realizado por Ianni et al. (2004), revelou que o
adesivo fotolimerizável Fill Magic Ortodôntico (Vigodent®) apresentou a menor força
adesiva entre os adesivos estudados provavelmente por apresentar somente a
resina com carga, não possuir um adesivo e possuir um baixo conteúdo de
partículas inorgânicas. De acordo com Newman, Snyder e Jr. Wilson (1968), uma
superfície de esmalte condicionada tem sua adesão aumentada pelo “molhamento”
do esmalte pelo adesivo. Neste caso, os dados sugerem que a ausência do adesivo
comprometeu significantemente os resultados da resistência ao cisalhamento.
Sendo assim, o presente estudo foi conduzido com a utilização do adesivo Magic
Bond® (Vigodent®).
O teor reduzido de carga diminui tanto a resistência adesiva, quanto a
coesiva. O conteúdo de partículas inorgânicas influencia diretamente a resistência
65
das resinas compostas, haja vista os resultados obtidos há décadas com materiais
com alto teor de carga, tais como a resina Concise® (3M®), que por muito tempo foi
utilizada como referência nos estudos de força de adesão. O adesivo fluido Magic
Bond® (Vigodent®) não apresenta carga. A força de adesão aumenta com o aumento
da concentração de carga no adesivo (OSTERTAG et al., 1991). O conteúdo de
carga na resina composta afeta a força de adesão in vitro dos bráquetes que
dependem de retenção mecânica. Resinas compostas com alto teor de carga,
quando usadas em bráquetes metálicos, apresentam melhor retenção mecânica do
que resinas com baixos teores de carga (ELIADES; BRANTLEY, 2001).
O segundo sistema adesivo utilizado foi o Clearfil Protect Bond® (Kuraray®)
associado ao compósito Transbond XT® (3M®). Clearfil Protect Bond® (Kuraray®) é
composto por um frasco contendo primer (autocondicionante) com as seguintes
substâncias: 10-Metacriloiloxidecil dihidrogênio fosfato (10-MDP), 12-
Metacriloiloxidodecilpiridinio brometo (MDPB) (ação antimicrobiana), 2-hidroxietil
metacrilato (HEMA), hidrofílico dimetacrilato e água. O segundo frasco contém a
resina fluida (bond), e seus componentes são os seguintes: 10-Metacriloiloxidecil
dihidrogênio fosfato (10-MDP), bisfenol glicidil metacrilato (Bis-GMA), 2-hidroxietil
metacrilato (HEMA), dimetacrilato hidrofóbico, dl-canforoquinona, N,N-Dieatanol-p-
toluidina, sílica coloidal e fluoreto de sódio.
O compósito Transbond XT® (3M®) tem sido amplamente utilizado em vários
estudos (DAMON; BISHARA; OLSEN, 1997; SUNNA; DENT; ORTH, 1999;
MURRAY; HOBSON, 2003; KLOCKE; KAHL-NIEKE, 2005a). Em associação com o
compósito Transbond XT® (3M®) utilizou-se o adesivo fluido Clearfil Protect Bond®
(Kuraray®), que em sua composição apresenta agentes antimicrobianos e flúor,
sendo este um dos motivos para a sua eleição. Esta é uma tendência atual, tendo
66
em vista a manutenção da higidez do componente dentário e das estruturas de
suporte durante o tratamento ortodôntico. O uso do sistema de adesivo com
liberação de antimicrobiano e flúor não afetou a força de adesão de bráquetes
ortodônticos nos primeiros 30 minutos após a colagem (BISHARA et al., 2005). O
uso de primer contendo clorexidina não alterou a força de adesão e nem o sítio de
fratura (DAMON; BISHARA; OLSEN, 1997).
Apesar de o primer Clearfil Protect Bond® (Kuraray®) ser auto condicionante,
foi utilizado um condicionamento ácido prévio; pois, conforme indicação do
fabricante, apenas o autocondicionamento pode ser insuficiente, e em muitos casos
há a necessidade de ataque ácido antes da aplicação do primer. A utilização de
primer acidulado, sem ataque ácido prévio, combinado com compósito adesivo
ortodôntico resulta em uma significante redução da força de adesão quando
comparada ao protocolo adesivo convencional (BISHARA et al., 1999). Desta forma,
no grupo dois, em que foi utilizada a combinação Transbond XT®/Clearfil Protect
Bond® (3M®/Kuraray®), realizou-se o condicionamento ácido.
Em trabalho executado por Bishara et al. (2005), testando Clearfill Protec
Bond® (Kuraray®), realizaram ataque ácido por 15 segundos, previamente à
aplicação do primer autocondicionante. Neste trabalho, optou-se pelo
condicionamento ácido, com ácido fosfórico 37% durante 30 segundos, por ser uma
prescrição bastante utilizada em vários trabalhos (MITCHELL; O’HAGAN; WALKER,
1995; CHUNG; FRIEDMAN; MANTE, 2002). A microscopia eletrônica revelou que o
condicionamento com ácido fosfórico a 37% por pelo menos 30 segundos produz um
padrão ótico de condicionamento maior do que durante 15 segundos (ELIADES;
BRANTLEY, 2001).
67
Quando foi realizada a comparação entre os dois sistemas adesivos, a
associação entre Transbond XT® e Clearfil Protect Bond® (3M®/Kuraray®) mostrou-
se superior ao Fill Magic Ortodôntico®/Magic Bond® (Vigodent®), com uma média de
322,2 N (24,55 Mpa) contra 132,8 N (10,12 Mpa). Este resultado está em
concordância com os achados de Ianni et al. (2004), que encontraram uma força
média de 258,56 N para o grupo Transbond XT® (3M®) e 151,63 N para o grupo Fill
Magic Ortodôntico® (Vigodent®). No estudo realizado por Sorel et al. (2002)
utilizando-se bráquetes Discovery®, foi encontrada uma força de adesão média de
17.1 Mpa, enquanto neste estudo a média foi de 10,12 Mpa para o grupo 1 e de
24,55 Mpa para o grupo 2. Entretanto, o tipo de sistema adesivo utilizado no trabalho
citado foi autopolimerizável No-mix (Dentaurum®), além de terem sido utilizados
dentes humanos. A média de força transmitida para o bráquete durante a
mastigação está entre 40 e 120 N, sendo então desejável que a força de adesão de
um bráquete supere 120 N (ELIADES; BRANTLEY, 2001). Segundo Reynolds
(1975), a força de adesão ideal entre bráquetes e esmalte está situada em uma faixa
que vai de 5,9 até 7,8 Mpa. Ambos os grupos apresentaram uma força de adesão
superior à preconizada pelo autores acima citados, tendo o grupo 1 132,8 N em
média, enquanto o grupo 2 uma média de 322,2 N, além de o fato deste ensaio ter
sido realizado em dentes bovinos, e estes apresentam uma força de adesão de 21%
a 44% menor quando comparados ao esmalte humano (OESTERLE; SHELLHART;
BELANGER, 1998).
Sendo assim, de acordo com o presente estudo, os dois sistemas adesivos
são aplicáveis para a utilização na prática ortodôntica, desde que a técnica de
remoção de bráquetes seja adequada.
68
No presente estudo, 100% da amostra, quando da realização do teste de
cisalhamento, apresentou escore 2 ou 3 para o índice de adesivo residual (ARI),
permanecendo o remanescente de adesivo na base do bráquete, estando em
concordância com os resultados encontrados por Sorel et al. (2002). Este sítio de
fratura é o mais perigoso, pois existe uma chance maior de acontecerem fraturas
coesivas no esmalte. Porém o ensaio de cisalhamento não reproduz perfeitamente o
comportamento in vivo. Quando se realiza a descolagem com esmagamento das
aletas, este risco não é válido; entretanto, se a descolagem é feita com alicate saca-
bandas o risco é bastante aumentado.
Em relação ao sítio de fratura, de acordo com os resultados de Sorel et al.
(2002), existiu uma incidência de 80% de fraturas na interface esmalte/adesivo, além
de cisão coesiva esmalte de fragmentos de esmalte. Isto também ocorreu neste
presente estudo, conforme mostra a Figura 7, em que pode-se observar um
bráquete após o teste de cisalhamento com um fragmento de esmalte.
Em geral, as forças abruptas que ocorrem durante a mastigação impõem um
risco maior de danificar o esmalte, se comparado com força aplicada no complexo
bráquete-adesivo durante a descolagem intencional (ELIADES; BRANTLEY, 2001).
FIGURA 7 - Bráquete descolado, com
fragmento de esmalte.
69
CONCLUSÃO
Os sistemas adesivos Transbond XT®/Clearfil Protect Bond® e Fill Magic
Ortodôntico®/ Magic Bond® se mostraram aplicáveis para a colagem de bráquetes
ortodônticos, sendo que o grupo que utilizou o sistema Transbond XT®/Clearfil
Protect Bond® apresentou uma força de adesão estatisticamente superior ao
sistema Fill Magic Ortodôntico®.
A avaliação do Índice de Adesivo Residual (IAR) mostrou que 100% dos
bráquetes apresentaram mais da metade das suas bases cobertas por compósito,
evidenciando que o sítio de fratura foi na interface esmalte/adesivo.
70
REFERÊNCIAS
ARTUN, J.; BERGLAND. S. Clinical trials with crystal growth conditioning as an
alternative to acid-etch enamel pretreatment. Am J Orthod. v. 85, n. 4, p. 333-
340, Apr. 1984.
ATTIN, R. et al. Recolonization of mutans steptococci on teeth with orthodontic
appliances after antimicrobial therapy. Eur J Orthod. v. 5, n. 27, p. 489-493, Oct
2005.
BISHARA, S. E. et al. Effect of applying chlorhexidine antibacterial agent on the
shear bond strength of orthodontic brackets. Angle Orthod. v. 66, n. 4, p. 313-
316, 1996.
BISHARA, S. E.; FEHR D. E.; Ceramic brackets: something old, something new,
a review. Semin Orthod. v. 3, n. 3, p. 178-188, Sep 1997.
BISHARA, S. E. et al. Shear bond strength of composite, glass ionomer, and
acidic primer adhesive systems. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v. 115, n. 1,
p. 24-28, Jan 1999.
BISHARA, S. E. et al. The effect of saliva contamination on shear bond strength
of orthodontic brackets when using a self-etch primer. Angle Orthod. v. 72, n. 6,
p. 554-557, Dec 2002.
BISHARA, S. E. et al. Effect of antimicrobial monomer-containing adhesive on
shear bond strength of orthodontic brackets. Angle Orthod. v. 75, n. 3, p. 397-
399, May 2005.
CACCIAFESTA, V. et al. Effect of water and saliva contamination on shear bond
strength of brackets bonded with conventional, hydrophilic, and self-etching
primers. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v. 123, n. 6, p. 633-640, Jun 2003.
71
CHUNG, C. H.; FRIEDMAN, S. D.; MANTE, F. K. Shear bond strength of
rebounded mechanically retentive ceramic brackets. Am J Orthod Dentofacial
Orthop. v. 122, n. 3, p. 282-287, Sep 2002.
DAMON, P. L.; BISHARA, S. E.; OLSEN, M. E. Bond strength following the
application of chlorhexidine on etched enamel. Angle Orthod. v. 67, n. 3, p. 169-
172, 1997.
ELIADES, T.; BRANTLEY, W. A. Orthodontics Materials, Scientific and Clinical
Aspects. 1. ed. Stuttgart: Thieme, 2001.
IANNI, D. F.; SILVA, T. B.; SIMPLÍCIO, A. H. Avaliação in vitro da força de
adesão de materiais de colagem em Ortodontia: Ensaios Mecânicos de
Cisalhamento. Rev. Dent. Press. v. 9, n. 1, p. 39-48. jan./fev.2004.
KLOCKE, A.; KAHL-NIEKE, B. Influence of force location in orthodontic shear
bond strength testing. Dent Mater. n. 21,v. 5, p. 391-396, May 2005a.
MERVYN, Y.H. et al. Early boil formation and the effects of antimicrobial agents
on orthodontic bonding materials in a parallel plate flow chamber. Eur J Orthod.
v.10, n. 28, p. 1-7, 2005
MITCHELL, C. A.; O’ HAGAN, E.; WALKER, J. M. Probability of failure of
orthodontic brackets bonded with different cementing agents. Dent Mater. v. 11,
p. 317-322. Sep. 1995.
MURRAY, S. D.; HOBSON, R. S. Comparison of in vivo and in vitro shear bond
strength. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v. 123, n. 1, p. 2-9. Jan 2003.
NEWMAN, G.V.; SNYDER, W.H.; JR. WILSON, C.E. Acrylic adhesives for
bonding attachments to tooth surfaces. Angle Orthod. v. 38, n. 1, p. 12-8. Jan
1968.
72
OESTERLE, L. J.; SHELLHART, W. C.; BELANGER, G. K. The use of bovine
enamel in bonding studies. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v.114, n. 5, p.
514-519, Nov 1998.
OSTERTAG, A. J. et al. Shear, torsional, and tensile bond strengths of ceramic
brackets using three adhesive filler concentrations. Am J Orthod Dentofacial
Orthop. v.100, n.3, p.251-258, Sep 1991.
REYNOLDS, I. R. A review of direct orthodontic bonding. Br. J. Orthod. n. 2. p.
171-178, 1975.
SINHA, P. K. et al. In vitro evaluation of matrix-bound fluoride-releasing
orthodontic bonding adhesives. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v. 111, n. 3,
p. 276-282, Mar 1997.
SOREL, O. et al. Comparison of bond strength between simple foil mesh and
laser-structured base retention brackets. Am J Orthod Dentofacial Orthop.
v.122, n. 3, p. 260-266, Sep 2002.
STECKEL, S. E.; RUEGGEBERG, F. A.; WHITFORD, G. M. Effect of resin cure
mode and fluoride content on bracket debonding. The Angle Orthodontist. v. 69,
n. 3, p. 282–287, Jun.1999.
SUNNA, S.; DENT, M.; ORTH, M. An ex vivo investigation into the bond strength
of orthodontic brackets and adhesive systems. Br J Orthod. v. 26, n. 1, p. 47-50,
Mar. 1999.
ZACHRISSON, B. Fluoride application procedures in orthodontic practice, current
concepts. Angle Orthod. v. 45, n. 1, p.72–81, Jan.1975.
73
5 DISCUSSÃO
Os estudos clínicos com materiais dentários são caros e demoram bastante
tempo para serem concluídos. O custo é o principal obstáculo, visto que a tecnologia
está se desenvolvendo muito rapidamente, como é o caso dos materiais utilizados
em adesão dentária.
Não existem incentivos financeiros para os fabricantes gastarem milhares de
dólares para testar um sistema que pode eventualmente ser substituído por um
produto novo dentro de poucos anos, antes mesmo de um teste clínico do primeiro
produto estar completo. Em conseqüência, as empresas de materiais dentários
adesivos baseiam-se principalmente em avaliações in vitro para antecipar o
comportamento in vivo dos seus produtos.
Este estudo foi um ensaio laboratorial, em que se utilizou dentes bovinos para
a colagem e realização de teste de cisalhamento, avaliando-se seis diferentes
modelos de bráquetes e dois sistemas adesivos. Optou-se por utilizar dentes
bovinos, devido a diversos fatores, sendo o principal deles a dificuldade de se obter
dentes humanos, além do fato de ser possível uma melhor padronização da amostra
quando se usa este tipo de substrato.
De acordo com Oesterle; Shellhart; Belanger, (1998), o dente mais apropriado
para estudos de colagem é o incisivo central superior humano. Ele possui uma
74
superfície plana para colagem, na qual não há ressalvas quanto ao posicionamento
do bráquete, quando comparada à uma superfície curva. Entretanto, com o aumento
da saúde bucal e Odontologia preventiva, é extremamente difícil adquirir incisivos
centrais superiores humanos hígidos aptos para os estudos. Por esta razão, muitos
trabalhos utilizam incisivos bovinos (MACCOLL et al., 1998; GUAN et al., 2000;
SHARMA-SAYAL et al., 2003).
Outros estudos utilizaram pré-molares (WANG et al., 2004; LIU et al., 2005),
(CHUNG; FRIEDMAN; MANTE, 2002) e até mesmo molares humanos (BISHARA et
al., 2004). Uma das desvantagens da utilização de pré-molares reside na curvatura
da face vestibular. Tal característica faz com que a base do bráquete não
permaneça completamente justaposta durante a colagem, o que pode ser uma
variável importante.
Dentes com grande variação na morfologia apresentam espessura do filme de
adesivo inconstante (LINKLATER; GORDON, 2001), o que foi suprimido neste
estudo com a utilização de corpos de prova com superfícies planas, além de
bráquetes de incisivos centrais superiores que possuem base plana. O preparo dos
corpos de prova consistiu na planificação da superfície de esmalte a fim de
padronizar o sítio de colagem. Apesar de Ianni e Simplício (2004) terem descrito que
planificação da superfície do esmalte altera as características histológicas do
esmalte, isso não correspondeu à realidade clínica.
Estudo de Linklater et al. (2001) confirmou uma significante diferença na
força de adesão entre diferentes tipos de dentes. Para realizar comparações
interestudo adequadas deve-se utilizar o mesmo tipo de dente nos testes de força de
adesão ao esmalte (HOBSON; MCCABE, 2001). Há ainda estudos com substratos
sintéticos, como é o caso do carbonato de hidroxiapatita prensado a quente e
75
sinterizado. Este material mostrou aceitável força de adesão em testes de
cisalhamento, apresentando-se como modelo biomimético viável para testes de
adesão em Ortodontia (KLOCKE et al., 2003). Placas metálicas silanizadas foram
utilizadas nos estudos de Willems, Carels e Verbeke et al. (1997). Incisivos bovinos
são facilmente obtidos, sendo um acessível substituto para incisivos humanos, e têm
sido utilizados em vários estudos.
A idade do animal pode influenciar, sendo uma variável em potencial, daí a
importância da aquisição dos dentes de animais com mesma idade.
No presente estudo, os dentes foram extraídos, limpos e armazenados no
mesmo dia do abate. De acordo com artigo escrito por Williams e Svare (1985), não
existe diferença estatística na força de adesão compósito/esmalte entre dentes
guardados por 24 horas, 3 meses ou 5 anos, antes da colagem. Tal informação pode
ser comprovada por Eliades e Brantley (2000), quando concluíram que o tempo de
extração e o meio de estocagem têm pouca ou nenhuma influência na força de
adesão ao esmalte. Entretanto, Klocke et al. (2003) relataram que as unidades
dentárias utilizadas para estudos in vitro podem sofrer alterações devido à
estocagem, à solução de armazenamento e ao preparo da superfície.
Foram utilizados neste trabalho 10 espécimes por grupo, fora os corpos de
prova usados no teste piloto. De acordo com trabalho de Cal Neto e Miguel (2004),
dos trabalhos avaliados, 22% utilizaram 6-10 corpos de prova, 23,6% 11-15, 26% de
16 a 20 e 28,4% utilizaram mais de 20 corpos de prova.
Segundo Eliades e Brantley (2000), os testes de força de adesão em
Ortodontia podem ter a seguinte classificação, conforme o local de realização:
• testes in vitro são usualmente consumados com o auxílio de uma máquina de
ensaio mecânico, ou pela simulação de procedimentos de descolagem clínica
76
em laboratório, onde o modo e o local da fratura são determinados após
avaliação em microscópio;
• mensurações da incidência de falhas dos bráquetes in vivo, usualmente
durante toda a duração do tratamento, com o tipo de bráquete e o local da
fratura freqüentemente têm sido os parâmetros examinados;
• estudos ex vivo utilizando análise de elementos finitos, avaliando a
distribuição do stress nos componentes do sistema esmalte/adesivo/bráquete.
Em trabalho realizado por Murray e Hobson (2003) constatou-se diferença na
força de adesão entre testes in vivo e in vitro. Uma das desvantagens dos testes in
vivo é que a fratura freqüentemente ocorre em ambas as interfaces, o que torna
difícil isolar o sítio de descolagem (POWERS; KIM; TURNER, 1997).
Os compósitos sofrem mais degradação in vivo do que in vitro, e são
submetidos a forças mecânicas envolvidas na mastigação e ativação ortodôntica.
(MURRAY; HOBSON, 2003). O teste de cisalhamento foi realizado 24 horas após a
colagem dos bráquetes nos corpos de prova. Em trabalho realizado por Klocke et al.
(2004), não houve diferença na força de adesão entre realizar o teste 30 minutos
antes da colagem ou 24 horas após.
Foram utilizados, neste estudo, dois sistemas adesivos distintos, colados em
bráquetes Discovery®. Estes foram submetidos à análise comparativa quanto às
suas propriedades adesivas. O primeiro foi o sistema fotolimerizável Fill Magic
Ortodôntico® (Vigodent®); escolha motivada pela presença de flúor na sua
composição e eventual influência nas propriedades adesivas. Apresenta em sua
fórmula BisGMA, éster de ácido metacrílico e vidro de flúor silicato.
O kit do compósito fotolimerizável Fill Magic Ortodôntico não possui adesivo
fluido incluso; entretanto, neste estudo, foi utilizado o adesivo Magic Bond®
77
(Vigodent®) composto por BisGMA e éster do ácido Metacrílico, não apresentando
carga em sua composição. Estudo realizado por Ianni; Silva; Simplíco, (2004),
revelou que o adesivo fotolimerizável Fill Magic Ortodôntico (Vigodent®) apresentou
a menor força adesiva entre os adesivos estudados, provavelmente por apresentar
somente a resina com carga, não possuir um adesivo e possuir um baixo conteúdo
de partículas inorgânicas. De acordo com Newman; Snyder; Jr. Wilson, (1968), uma
superfície de esmalte condicionada tem sua adesão aumentada pelo “molhamento”
do esmalte pelo adesivo. Neste caso, os dados sugerem que a ausência do adesivo
comprometeu significantemente os resultados da resistência ao cisalhamento; sendo
assim, o presente estudo foi conduzido com a utilização do adesivo Magic Bond®
(Vigodent®).
O teor reduzido de carga diminui tanto a resistência adesiva quanto coesiva.
O conteúdo de partículas inorgânicas influencia diretamente a resistência das
resinas compostas, haja vista os resultados obtidos há décadas com materiais com
alto teor de carga, tais como a resina Concise® (3M®), que por muito tempo foi
utilizada como referência nos estudos de força de adesão. O adesivo fluido Magic
Bond® (Vigodent®) não apresenta carga. A força de adesão aumenta com o aumento
da concentração de carga no adesivo (OSTERTAG et al., 1991). O conteúdo de
carga na resina composta afeta a força de adesão in vitro dos bráquetes, que
dependem de retenção mecânica. Resinas compostas com alto teor de carga,
quando usadas em bráquetes metálicos, apresentam melhor retenção mecânica do
que resinas com baixos teores de carga. (ELIADES; BRANTLEY, 2001).
O segundo sistema adesivo utilizado foi o Clearfil Protect Bond® (Kuraray®)
associado ao compósito Transbond XT® (3M®). Clearfil Protect Bond® (Kuraray®) é
composto por um frasco contendo primer (autocondicionante) com as seguintes
78
substâncias: 10-Metacriloiloxidecil dihidrogênio fosfato (10-MDP), 12-
Metacriloiloxidodecilpiridinio brometo (MDPB) (ação antimicrobiana), 2-hidroxietil-
metacrilato (HEMA), dimetacrilato hidrofílico e água.
O segundo frasco contém a resina fluida (bond), e seus componentes são os
seguintes: 10-Metacriloiloxidecil dihidrogênio fosfato (10-MDP), bisfenol glicidil
metacrilato (Bis-GMA), 2-hidroxietilmetacrilato (HEMA), dimetacrilato hidrofóbico, dl-
canforoquinona, N, N-Dietanol-p-toluidina, sílica coloidal e fluoreto de sódio.
O compósito Transbond XT® (3M®) tem sido amplamente utilizado em vários
estudos (DAMON; BISHARA; OLSEN, 1997; SUNNA; DENT; ORTH, 1999;
MURRAY; HOBSON, 2003; KLOCKE; KAHL-NIEKE, 2005a). Em associação com o
compósito Transbond XT® (3M®) utilizou-se o adesivo fluído Clearfil Protect Bond®
(Kuraray®), que em sua composição apresenta agentes antimicrobianos e flúor,
sendo este um dos motivos para a sua eleição. Esta é uma tendência atual, tendo
em vista a manutenção da higidez do componente dentário e das estruturas de
suporte durante o tratamento ortodôntico. O uso do sistema de adesivo com
liberação de antimicrobiano e flúor não afetou a força de adesão de bráquetes
ortodônticos nos primeiros 30 minutos após a colagem (BISHARA et al., 2005). O
uso de primer contendo clorexidina não alterou a força de adesão e nem o sítio de
fratura (DAMON, BISHARA; OLSEN, 1997).
Apesar de o primer Clearfil Protect Bond® (Kuraray®) ser autocondicionante,
foi realizado um ataque ácido prévio; pois; conforme indicação do fabricante, apenas
o autocondicionamento pode ser insuficiente, e em muitos casos há a necessidade
de ataque ácido antes da aplicação do primer. Em trabalho executado por Bishara et
al. (2005) testando Clearfill Protec Bond® (Kuraray®), realizou-se ataque ácido por 15
segundos previamente à aplicação do primer autocondicionante.
79
A utilização de primer acidulado combinado com compósito adesivo
ortodôntico resulta em uma significante redução da força de adesão quando
comparada ao sistema adesivo convencional (BISHARA et al., 1999). Entretanto, no
grupo em que foi utilizada a combinação Transbond XT®/Clearfil Protect Bond®
(3M®/Kuraray®), os resultados mostraram valores muito altos, tendo sido a média da
força de adesão de 322,2 N.
Quando foi realizada a comparação entre os dois sistemas adesivos, a
associação entre Transbond XT® e Clearfil Protect Bond® (3M®/Kuraray®) mostrou-
se superior ao Fill Magic Ortodôntico®/Magic Bond® (Vigodent®), com uma média de
322,2 N (24,55 Mpa) contra 132,8 N (10,12 Mpa). Este resultado está em
concordância com os achados de Ianni et al. (2004) que encontraram uma força
média de 258,56 N para o grupo Transbond XT® (3M®) e 151,63 N para o grupo Fill
Magic Ortodôntico® (Vigodent®).
A média de força transmitida para o bráquete durante a mastigação está entre
40 e 120 N, então é desejável que a força de adesão de um bráquete supere 120 N
(ELIADES; BRANTLEY, 2001). Segundo Reynolds (1975), a força de adesão ideal
entre bráquetes e esmalte está situada em uma faixa que vai de 5,9 até 7,8 Mpa.
Ambos os grupos apresentaram uma força de adesão superior à preconizada pelo
autores acima citados, tendo o grupo Fill Magic Ortodôntico®/Magic Bond®
(Vigodent®) 132,8 N em média, enquanto o grupo Transbond XT®/Clearfil Protect
Bond® (3M®/Kuraray®) uma média de 322,2 N, além de o fato deste ensaio ter sido
realizado em dentes bovinos, e estes apresentam uma força de adesão de 21% a
44% menor quando comparados ao esmalte humano (OESTERLE; SHELLHART;
BELANGER et al., 1998).
80
Sendo assim, de acordo com o presente estudo, os dois sistemas adesivos
são aplicáveis para a utilização na prática ortodôntica, desde que a técnica de
remoção de bráquetes seja adequada.
Neste trabalho optou-se pelo condicionamento ácido, com ácido fosfórico 37%
durante 30 segundos, por ser uma prescrição bastante utilizada em vários trabalhos.
(MITCHELL; O’ HAGAN; WALKER, 1995; CHUNG; FRIEDMAN; MANTE, 2002). A
microscopia eletrônica revelou que o condicionamento com ácido fosfórico a 37%
por pelo menos 30 segundos produz um padrão ótico de condicionamento maior do
que durante 15 segundos (ELIADES; BRANTLEY, 2001).
O condicionamento da superfície do esmalte com laser Nd:YAG produz uma
menor força de adesão. Já o laser de CO2, promove força de adesão em torno de 10
Mpa, porém os efeitos térmicos do laser na estrutura dentária requerem mais
estudos (ELIADES; BRANTLEY, 2001).
A unidade de fotoativação utilizada neste estudo foi Optilux 400 (Demetron), o
qual possui lâmpada do tipo halógena. Segundo estudo de Dunn e Bush (2002), este
aparelho produziu uma dureza e superfície do compósito maior, quando comparado
com aparelhos fotopolimerizadores que utilizam luz do tipo LED. O comprimento de
onda do aparelho foi aferido por um radiômetro modelo 100 (Demetron) e
apresentou valores maiores que 600 mW/cm² (Milliwatts por centímetro quadrado),
estando em concordância com estudo dirigido por Toledano et al. (2002).
Quando se avaliou a força de adesão dos seis diferentes bráquetes, os
resultados revelaram que não houve diferença estatisticamente significante (p= 0.1)
na força de adesão. A força de adesão dos bráquetes de porcelana com retenção
mecânica foi similar à dos bráquetes metálicos encontrada em outros estudos, e o
sítio de fratura foi na interface bráquete/adesivo (OSTERTAG et al.,1991), o que foi
81
confirmado nesta pesquisa quando se comparou o bráquete Illusion Plus® (Ortho-
organizers), que possui retenção mecânica, com os bráquetes metálicos; entretanto
o local de fratura foi na interface adesivo/esmalte.
Sorel et al. (2002), demonstraram que o bráquete Discovery® apresentou o
dobro da força de adesão quando comparado ao bráquete de tela única (Minitrim®).
Entretanto, esta diferença não foi encontrada neste ensaio. Confrontando ainda os
dois trabalhos, observou-se coincidência em relação ao sítio de fratura após a
descolagem.
Apesar de vários estudos apontarem que os bráquetes de policarbonato
possuem uma força de adesão inferior aos bráquetes metálicos (LIU et al., 2005;
GUAN et al., 2000), nesta pesquisa não houve diferença estatisticamente
significante entre a força de adesão do bráquete Composite® e os demais bráquetes.
Em trabalho conduzido por Guan et al. (2000), o qual utilizou dentes bovinos
e bráquetes de policarbonato, a força de adesão variou entre 3 e 6 Mpa,
apresentando uma concordância com os resultados encontrados neste ensaio, que
se obteve uma média de 4,01 Mpa.
É comum a utilização da unidade de força de adesão em Newtons (N) e
também megapascal (Mpa), que é a força de adesão dividida pela área do bráquete,
N/mm² (POWERS; KIM; TURNER, 1997). O megapascal foi a unidade mais
freqüentemente utilizada, cerca de 87%, nos trabalhos de força de adesão (CAL
NETO; MIGUEL, 2004).
Klocke et al. (2004) utilizaram velocidade de 5 mm/Min em seu experimento.
Na descolagem in vivo é esperada a ocorrência com maior impacto e velocidade,
não estando o comportamento viscoelástico do adesivo, que é importante em baixas
velocidades, presente (ELIADES; BRANTLEY, 2000).
82
No presente estudo, o teste de cisalhamento foi realizado com a máquina
operando a uma velocidade de 1,0 mm por minuto, conforme trabalho realizado por
Linklater e Gordon. (2001).
Na revisão realizada por Cal Neto e Miguel (2004), 84% dos artigos avaliados
relataram a utilização do ensaio de cisalhamento, sendo a velocidade de operação
da máquina estabelecida para 1,0 mm/mim, a segunda mais utilizada nesses artigos.
Do ponto de vista estritamente técnico, torna-se difícil alcançar apenas a força
de cisalhamento. A maioria dos teste de cisalhamento inclui componentes de tensão,
tração e torção. Tanto a força de tração como o cisalhamento são válidos para
estudos de adesão em Ortodontia (POWERS; KIM; TURNER, 1997). O método de
controle da direção da força é precariamente definido, produzindo resultados com
grande variação (LITTLEWOOD; REDHEAD,1998).
Optou-se por utilizar um cinzel em movimento descendente, promovendo o
cisalhamento em vez de fio ortodôntico tracionando o bráquete, pois com a utilização
do cinzel, a ponta ativa deste poderia facilmente incidir de forma precisa na porção
lateral do bráquete sem, no entanto, tocar no adesivo.
O localização do ponto de contato do cinzel no bráquete durante o ensaio de
cisalhamento tem uma influência significante na mensuração, bem como no padrão
das fraturas, indicando que este parâmetro deve ser considerado em comparações
inter estudos de resultados in vitro (KLOCKE; KAHL-NEIKE, 2005b). Deste modo,
todos os bráquetes utilizados neste trabalho tiveram, durante a realização do ensaio,
a incidência do cinzel de forma padronizada, ou seja, na base, logo após a linha de
cimentação. Para tanto, os bráquetes foram dispostos com a sua porção lateral para
cima, evitando assim o contato do cinzel com as aletas dos bráquetes.
83
Com o objetivo de eliminar possíveis inconvenientes durante a colagem dos
bráquetes e uma maior padronização, foi idealizado um disposivo específico, com as
seguintes atribuições: reter bráquetes e corpos de prova, eliminar inclinações e
torques de determinados bráquetes durante a colagem, padronizar a pressão de
colagem; permitir uma linha de adesivo com espessura uniforme e auxiliar a
remoção dos excessos de adesivo, sem deslocamento do bráquete. Para
comparações mais legítimas entre produtos, testes de força de adesão de
Ortodontia devem ter uma padronização universal (LITTLEWOOD; REDHEAD,
1998).
Littlewood e Redhead (1998) concluíram que o uso de jigs para colagem
produz uma força média maior e reduz a amplitude na distribuição de resultados,
pois uma força quase paralela à interface de descolagem pode ser alcançada,
minimizando imprevisíveis efeitos de torção. Entretanto, neste estudo foram
utilizados apenas bráquetes com torque e inclinações com prescrição 0º. A utilização
de bráquetes pré-torqueados e pré-angulados não seria compatível com esse
dispositivo. No estudo realizado por Arici et al. (2005), a média da força de adesão
do grupo que utilizou compósito fotopolimerizável aumentou progressivamente
quando a espessura de adesivo aumentou de 0 para 0,5 mm.
Os dispositivos idealizados e confeccionados para auxiliar a realização deste
tipo de teste devem ter como principais qualidades precisão, rapidez, versatilidade,
além de ser reutilizáveis (LITTLEWOOD; REDHEAD, 1998).
Os resultados do estudo das bases dos bráquetes em relação ao Índice de
Adesivo Residual (IAR) mostraram que a grande maioria das fraturas foi na interface
adesivo/esmalte, onde o remanescente de adesivo permaneceu na base do
84
bráquete, estando em concordância com os resultados encontrados por Sorel et al.
(2002), utilizando bráquetes Discovery®.
A análise estatística revelou que houve concordância intra-examinador, com
um valor de Kappa = 0,79. Duas leituras foram realizadas, sendo a segunda feita
uma semana após a primeira.
Na determinação do escore (IAR) dos grupos existiu uma diferença
estatisticamente significante, indicada pelo p<0,01 obtido pela análise do Qui-
quadrado de Pearson χ² = 15,85.
Quando se avaliou os dois sistemas adesivos quanto ao Índice de Adesivo
Residual (IAR), observou-se que 100% das fraturas ocorreram na interface
esmalte/bráquete, com o remanescente de resina na base do bráquete.
Em relação ao sítio de fratura, de acordo com os resultados de Sorel et al.
(2002), existiu uma incidência de 80% de fraturas na interface esmalte/adesivo, além
cisão coesiva esmalte de fragmentos de esmalte com uma profundidade menor do
que 1,5 µm, concordando com os resultados do presente estudo, em que também
foram identificadas fraturas coesivas do esmalte.
Em geral, forças abruptas que ocorrem durante a mastigação impõem um
risco maior de danos ao esmalte, comparado com a força aplicada no complexo
bráquete/adesivo/esmalte durante a descolagem (ELIADES; BRANTLEY, 2001). O
sítio de fratura mais favorável para uma descolagem segura é bráquete/adesivo,
com a retenção do adesivo na superfície do esmalte, pois isso demonstra que a
força coesiva do esmalte foi superior à força de adesão da base do bráquete ao
adesivo. Desta forma, a ocorrência de fraturas de esmalte torna-se praticamente
inexistente, e a remoção do adesivo residual é efetuada com o auxílio de brocas
especiais, que não causam danos ao tecido dentário.
85
6 CONCLUSÃO
De acordo com os resultados encontrados na pesquisa, pode-se concluir que:
6.1 Todos os seis tipos de bráquetes investigados, quando colados à
superfície de esmalte com o sistema adesivo Fill Magic Ortodôntico®/ Magic Bond®,
apresentaram valores variando de 3,81 Mpa (Edgewise Standart Morelli®) a 10,12
Mpa Discovery® (Dentaurum®), não havendo diferença estatística entre si.
6.2 Os sistemas adesivos Transbond XT®/Clearfil Protect Bond® e Fill Magic
Ortodôntico®/ Magic Bond® se mostraram eficientes para a colagem de bráquetes
ortodônticos, sendo que o grupo que utilizou o sistema Transbond XT®/Clearfil
Protect Bond® apresentou uma força de adesão estatisticamente superior ao sistema
Fill Magic Ortodôntico®/ Magic Bond®.
6.3 A avaliação do Índice de Adesivo Residual (IAR) mostrou que mais 97%
dos bráquetes apresentaram mais da metade das suas bases cobertas por
compósito, evidenciando que o sítio de fratura foi na interface esmalte/adesivo.
86
7 REFERÊNCIAS
ANUSAVICE, K. J. Materiais Dentários. 10. ed. Guanabara Koogan, 1998.
ARICI, S. et al. Adhesive thickness effects on the bond strength of a light-cured
resin-modified glass ionomer cement. Angle Orthod. v. 75, n. 2, p. 254-259, Mar
2005.
ARTUN, J.; BERGLAND, S. Clinical trials with crystal growth conditioning as an
alternative to acid-etch enamel pretreatment. Am J Orthod. v. 85, n. 4, p. 333-
340, Apr. 1984.
ATTIN, R. et al. Recolonization of mutans steptococci on teeth with orthodontic
appliances after antimicrobial therapy. Eur J Orthod. v. 5, n. 27, p. 489-493, Oct
2005.
BISHARA, S. E. et al. Effect of applying chlorhexidine antibacterial agent on the
shear bond strength of orthodontic brackets. Angle Orthod. v. 66, n. 4, p. 313-
316, 1996.
BISHARA, S. E.; FEHR D. E. Ceramic brackets: something old, something new, a
review. Semin Orthod. v. 3, n. 3, p. 178-188, Sep 1997.
87
BISHARA, S. E. et al. Shear bond strength of composite, glass ionomer, and
acidic primer adhesive systems. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v. 115, n. 1,
p. 24-28, Jan 1999.
BISHARA, S. E. et al. The effect of saliva contamination on shear bond strength
of orthodontic brackets when using a self-etch primer. Angle Orthod. v. 72, n. 6,
p. 554-557, Dec 2002.
BISHARA, S. E. et al. Effect of antimicrobial monomer-containing adhesive on
shear bond strength of orthodontic brackets. Angle Orthod. v. 75, n. 3, p. 397-
399, May 2005.
BISHARA, S. E. et al. The effect of variation in mesh-base design on the shear
bond strength of orthodontic brackets. Angle Orthod. n. 74, v. 3, p. 400-404, Jun
2004.
BISHARA, S. E.; VONWALD, L.; LAFFOON, J. F. Effect of a self-etch
primer/adhesive on the shear bond strength of orthodontic brackets. Am J
Orthod Dentofacial Orthop. v. 119, n. 6, p. 621-624, Jun 2001.
CACCIAFESTA, V. et al. Effect of water and saliva contamination on shear bond
strength of brackets bonded with conventional, hydrophilic, and self-etching
primers. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v. 123, n. 6, p. 633-640, Jun 2003.
CAL NETO, J. O.; MIGUEL, J. A. Uma análise dos testes in vitro da força de
adesão em Ortodontia. R Dental Press Ortodon Ortop Facial. v. 9, n. 4, p. 44-
51, jul./ago. 2004.
CHUNG, C. H.; FRIEDMAN, S. D.; MANTE, F. K. Shear bond strength of
rebounded mechanically retentive ceramic brackets. Am J Orthod Dentofacial
Orthop. v. 122, n. 3, p. 282-287, Sep 2002.
88
DAMON, P. L. et al. Effects of fluoride application on shear bond strength of
orthodontic brackets. The Angle Orthodontist. v. 66, n. 1, p. 61–64, 1996a.
DAMON, P. L.; BISHARA, S. E.; OLSEN, M. E. Bond strength following the
application of chlorhexidine on etched enamel. Angle Orthod. v. 67, n. 3, p. 169-
172, 1997.
DAMON, P. L.; BISHARA, S. E.; OLSEN, M. E. Effect of applying chlorhexidine
antibacterial agent on the shear bond strength of orthodontic brackets. Angle
Orthod. v. 66, n. 4, p. 313-316, 1996b.
DUNN, W. J.; BUSH, A. C. A comparison of polymerization by light-emitting diode
and halogen-based light-curing units. J. Am. Dent. Assoc. v. 133, n. 3, p. 335-
341, Mar. 2002.
ELIADES, T.; BRANTLEY, W. A. Orthodontics Materials, Scientific and Clinical
Aspects. 1. ed. Stuttgart: Thieme, 2001.
ELIADES, T.; BRANTLEY, W. A. The inappropriateness of conventional
orthodontic bond strength assessment protocols. Eur J Orthod. n. 22, v. 1, p. 13-
23, Feb 2000.
GUAN, G. et al. Shear bond strengths of orthodontic plastic brackets. Am J
Orthod Dentofacial Orthop. n. 117, v. 4, p. 438-443, Apr 2000.
HOBSON, R. S.; MCCABE, J. F.; HOGG, S. D.; Bond strength to surface enamel
for different tooth types. Dent Mater. n. 17, v. 2, p. 184-189, Mar 2001.
IANNI, D. F.; SILVA, T. B.; SIMPLÍCIO, A. H. Avaliação in vitro da força de
adesão de materiais de colagem em Ortodontia: Ensaios Mecânicos de
Cisalhamento. Rev. Dent. Press. v. 9, n. 1, p. 39-48. jan./fev.2004.
KLOCKE, A.; KAHL-NIEKE, B. Influence of force location in orthodontic shear
bond strength testing. Dent Mater. n. 21, v. 5, p. 391-396, May 2005a.
89
KLOCKE, A.; KAHL-NIEKE, B. Influence of cross-head speed in orthodontic bond
strength testing. Dent Mater. n. 21, v. 2, p. 139-144, Feb 2005b.
KLOCKE, A. et al. Effect of time on bond strength in indirect bonding. Angle
Orthod. n. 74, v. 2, p. 245-250, Apr 2004.
KLOCKE, A. et al. An optimized synthetic substrate for orthodontic bond strength
testing. Dent Mater. v. 19, n. 8, p. 773-778, Dec 2003.
KNOX, J. et al. The influence of bracket base design on the strength of the
bracket-cement interface. J Orthod. v. 27, n. 3, p. 249-254, Sep 2000.
KNOX, J. et al. An evaluation of the quality of orthodontic attachment offered by
single- and double-mesh bracket bases using the finite element method of stress
analysis. Angle Orthod. v. 2, n. 71, p. 149-155, Apr 2001.
LINKLATER, R. A.; GORDON, P. H. An ex vivo study to investigate bond
strengths of different tooth types. J Orthod. v. 28, n. 1, p. 59-65, Mar 2001.
LITTLEWOOD, S. J.; REDHEAD, A. Use of jigs to standardise orthodontic bond
testing. J Dent. v. 26, n. 5-6, p. 539-545, Jul-Aug 1998.
LIU, J. K. et al.. Bond strength and debonding characteristics of a new ceramic
bracket. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v. 128, n. 6, p. 761-765, Dec 2005.
MACCOLL, G. A. et al. The relationship between bond strength and orthodontic
bracket base surface area with conventional and microetched foil-mesh bases.
Am J Orthod Dentofacial Orthop. v. 113, n. 3, p. 276-281, Mar 1998.
MENG, C. L.; LI, C. H.; WANG, W. N.; Bond strength with APF applied after acid
etching. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v. 114, n. 5, p. 510-513, Nov 1998.
MERVYN, Y. H.; CHIN.; HENK, J. et al. Early biofilm formation and the effects of
antimicrobial agents on orthodontic bonding materials in a parallel plate flow
chamber. Eur J Orthod. v. 10, n. 28, p. 1-7, 2005
90
MITCHELL, C. A.; O’ HAGAN, E.; WALKER, J. M. Probability of failure of
orthodontic brackets bonded with different cementing agents. Dent Mater. v. 11,
p. 317-322. Sep. 1995.
MURRAY, S. D.; HOBSON, R. S. Comparison of in vivo and in vitro shear bond
strength. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v. 123, n. 1, p. 2-9. Jan 2003.
NEWMAN, G. V. et al. Adhesion promoters, their effect on the bond strength of
metal brackets. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v. 108, n. 3, p. 237-241, Sep
1995.
NEWMAN, G. V.; SNYDER, W. H.; JR. WILSON, C. E. Acrylic adhesives for
bonding attachments to tooth surfaces. Angle Orthod. v. 38, n. 1, p.12-18. Jan
1968.
OESTERLE, L. J.; SHELLHART, W. C.; BELANGER, G. K.; The use of bovine
enamel in bonding studies. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v. 114, n. 5, p.
514-519, Nov 1998.
OSTERTAG, A. J. et al. Shear, torsional, and tensile bond strengths of ceramic
brackets using three adhesive filler concentrations. Am J Orthod Dentofacial
Orthop. v. 100, n. 3, p. 251-258, Sep 1991.
POWERS, J. M.; KIM, H. B.; TURNER, D. S. Orthodontic adhesives and bond
strength testing Review. Semin Orthod. v. 3, n. 3, p. 147-156, Sep 1997.
REYNOLDS, I. R. A review of direct orthodontic bonding. Br. J. Orthod. n. 2. p.
171-178, 1975.
SHARMA-SAYAL, S. K. et al. The influence of orthodontic bracket base design on
shear bond strength. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v. 124, n. 1, p. 74-82.
Jul 2003.
91
SINHA, P. K. et al. In vitro evaluation of matrix-bound fluoride-releasing
orthodontic bonding adhesives. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v. 111, n. 3,
p. 276-282, Mar 1997.
SOREL, O. et al. Comparison of bond strength between simple foil mesh and
laser-structured base retention brackets. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v.
122, n. 3, p. 260-266, Sep 2002.
STANFORD, S. K.; WOZNIAK, W. T.; FAN, P. L. The need for standardization of
test protocols. Review. Semin Orthod. v. 3, n. 3, p. 206-209, Sep 1997.
STECKEL, S. E.; RUEGGEBERG, F. A.; WHITFORD, G. M. Effect of resin cure
mode and fluoride content on bracket debonding. The Angle Orthodontist. v. 69,
n. 3, p. 282–287, Jun.1999.
SUNNA, S.; DENT, M.; ORTH, M. An ex vivo investigation into the bond strength
of orthodontic brackets and adhesive systems. Br J Orthod. v. 26, n. 1, p. 47-50,
Mar. 1999.
TOLEDANO, M. et al. Bond strenght of orthodontic brackets using different light
and self-curing cements. Angle Orthod. n. 1, v. 73, p. 56-63, Jul 2002.
WANG, W. N. et al. Bond strength of various bracket base designs. Am J Orthod
Dentofacial Orthop. v. 25, n. 1, p. 65-70, Jan 2004.
WILLEMS, G.; CARELS, C. E.; VERBEKE, G. In vitro peel/shear bond strength
evaluation of orthodontic bracket base design. J Dent. v. 25, n. 3-4, p. 271-278,
May-Jul 1997.
WILLIAMS, V. D.; SVARE, C. W. The effect of five-year storage prior to bonding
on enamel/composite bond strength. J Dent Res. v. 64, n. 2, p. 151-154, Feb
1985.