Post on 05-Jun-2020
G r a d u a n d o : e n t r e o s e r e o s a b e r , F e i r a d e S a n t a n a , v . 1 0 , n . 1 3 , p . 4 3 - 6 0 , 2 0 1 9
I S S N 2 2 3 6 - 3 3 3 5
J
A VA R I AÇÃO L I N G U Í S T I CA NA P E R S P ECT I VA
DO S JOGO S D I G I TA I S : UM A A BOR DAG EM DA S
M Ú LT I P LA S L I NGU AG EN S NO E N S I NO D E
L Í N G UA PO R TUGUE SA
Lu c i a n o S a n t o s X a v i e r ( U N EB )
L e t r a s – L í n g u a P o r t u g u e s a e L i t e r a t u r a s
l u . c i a n o 2 0 1 1 @ l i v e . c om
My l e n a C e r q u e i r a d a S i l v a
L e t r a s – L í n g u a P o r t u g u e s a e L i t e r a t u r a s
my l e n a c e r q u e i r a 2 0 1 4 @ gma i l . c om
L u c i a n a d e A r a ú j o P e r e i r a ( O r i e n t a d o r a /UNEB )
Depa r t amen t o de C i ênc i as Humanas e Tecno l og i a s ( DCHT ) - campus XV I , I r ecê/BA
l u c k k _ f s a @ gma i l . c om
S u bm i s s ã o : 3 0 / 0 1 / 2 0 1 9 .
A p r o v a ç ã o : 2 0 / 07 / 2 0 1 9 .
R e s um o : O p r e s e n t e e s t u d o t e m p o r o b j e t i v o c om p r e e n d e r
c o m o o j o g o C a ç a d o r e s d e L e n d a s , n a p e r s p e c t i v a d a s
mú l t i p l a s l i n g u a g e n s , p o d e s e r c o n f i g u r a d o c omo f e r r ame n t a
e f i c i e n t e e p e r t i n e n t e n o e n s i n o d e L í n g u a P o r t u g u e s a ,
e s p e c i f i c am e n t e d o c o n t e ú d o d a s v a r i a ç õ e s l i n g u í s t i c a s n o
B r as i l . P a r a d i s cu t i r o conce i t o de Va r i a ç ão L i n gu í s t i c a e suas
imp ressões , Mu l t i l e t r amen tos , Jogos D i g i t a i s e Ens i no , busca -se
d i a l o ga r com d i ve r sos au to re s e au t o ras , en t re e l e s ( a s ) : B agno
( 2 0 1 1 ) , Le i t e e Ca l l o u ( 2 0 1 0 ) , Ro j o ( 2 0 1 2 ) , Rezende ( 20 14 ) , den t re
ou t ro s . A abo rdagem me t odo l óg i c a u t i l i z ada f o i a qua l i t a t i v a do
t i po es tudo de caso , t endo em v i s t a os es tudos apon t ados po r
Y i n ( 2 0 0 1 ) . N o q u e t a n g e à v a r i a ç ã o l i n g u í s t i c a — a p e s a r d e
t odas as po l í t i c as e es tudos que en to rnam o ens i no de L . P . — ,
t r a t a r es t e t ema em sa l a au l a a i nda é bas t an t e p rob l emá t i co , e
a u t i l i z a ção de f e r r amen tas v i r t u a i s como essa pode con t r i b u i r
pos i t i v amen te pa ra a um p rocesso de ens i no -ap rend i z agem de
L . P . p o r p o s s i b i l i t a r d i r i m i r q u e s t õ e s r e l a c i o n a d a s a o
p reconce i t o l i ngu í s t i c o .
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P a l a v r a s - c h a v e : E n s i n o d e L í n g u a P o r t u g u e s a . V a r i a ç ã o
L i ngu í s t i c a . Mú l t i p l as L inguagens . Tecno l og i as D i g i t a i s .
A b s t r a c t : T h i s s t u d y b a s e s o n t h e p e r s p e c t i v e o f m u l t i p l e
l a n g u a g e s a n d a i m s t o u n d e r s t a n d h o w t h e d i g i t a l g a m e
Caçado re s de Lendas ( L egend Hun te r s ) c an be cons i d e r ed an
e f f i c i e n t a n d r e l e v a n t t o o l i n t h e t e a c h i n g o f P o r t u g u e s e
l a n g u a g e , s p e c i f i c a l l y i n t h e s t u d y o f l i n g u i s t i c v a r i a t i o n i n
B r az i l . I n o rde r t o d i scuss t he concep t s o f L i n gu i s t i c Va r i a t i o n ,
M u l t i l i t e r a c i e s , D i g i t a l G am e s a n d T e a c h i n g w e r e c o n s u l t e d
au tho rs as Bagno ( 20 1 1 ) , Le i t e and Ca l l ou ( 20 10 ) , Ro j o ( 20 1 2 ) and
R e z e nde ( 2 0 1 4 ) , among o t h e r s . T h e q u a l i t a t i v e me t h o do l o g i c a l
app roach used was a case s t udy , based on Y i n ( 200 1 ) . Desp i t e
a l l t h e p o l i c i e s a n d s t u d i e s , l a n g u ag e v a r i a t i o n i s s t i l l a v e r y
p r o b l em a t i c s u b j e c t i n P o r t u g u e se l a n g u ag e c l a s s e s a n d t h e
use o f t h i s k i n d o f v i r t u a l t o o l c an pos i t i v e l y con t r i b u t e t o t h e
p rocess o f t e ach i n g and l e a r n i ng i n Po r t uguese l a nguage s i nce
i t makes poss i b l e t o so l ve i ssues re l a ted t o l i ngu i s t i c p re j ud i ce .
Keywords : Po r t uguese Language Teach i ng . L i n gu i s t i c Va r i a t i on .
Mu l t i p l e Languages . D i g i t a l Techno l og i e s .
1 I N T R O D U Ç Ã O
Os p rocessos de ens ino vêm sendo cada vez ma i s deba -
t i dos , v i sando à adap t ação dos con teúdos às rea l i d ades dos
a l unos . A pa r t i r dos avanços t ecno l óg i cos e das mudanças
soc i a i s , o uso das f e r ramentas d i g i t a i s na sa l a de au l a t ambém
tem s i do a l vo de i númeras d i scussões t an to den t ro quan to f o ra
do amb ien te acadêm ico . Tendo em v i s t a esses novos i ns t ru -
mentos , es t e a r t i go v i sa d i scu t i r como os j ogos d i g i t a i s podem
se r con f i gu rados ma te r i a i s d i dá t i co -me todo l óg i cos no ens i no de
L í ngua Po r t uguesa .
O p resen te t r aba l ho t em como me todo l og i a o es tudo de
caso , e possu i vá r i as ca rac te r í s t i c as como : v i sa r à descobe r t a ,
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en fa t i za r e i n t e rp re t a r um de te rm i nado con tex to , busca r re t r a -
t a r a rea l i d ade de f orma comp l e t a e p ro funda , usa r d i ve rsas
f on tes de i n f o rmações e u t i l i z a r uma l i nguagem ma i s acess íve l .
O es tudo de caso é ca rac te r i zado po r Goode e Ha t t
( 1 973 ) como um p ro fundo es tudo de um de te rm i nado ob j e t o ,
pe rm i t i ndo um conhec imen to de t a l hado sob re e l e . Pa ra Y i n
( 200 1 apud GIL , 2006 , p . 73 ) , “o es tudo de caso é um es tudo
emp í r i co que i nves t i ga um fenômeno a tua l den t ro do seu
con tex to de rea l i d ade , quando as f ron te i r as en t re o f enômeno
e o con tex to não são c l a ramen te de f i n i das e no qua l são u t i l i -
zadas vá r i as fon tes de ev i dênc i as ” .
Ass im , aqu i a d i scussão pe rme i a o j ogo d i g i t a l Caçado res de l endas , desenvo lv i do po r Leona rdo Mede i r os , no qua l o
con teúdo das va r i an tes l i ngu í s t i c as no B ras i l é s i na l i z ado de
modo bas t an te emb l emát i co . Nessa pe rspec t i va , ana l i s a remos o
j ogo em uma ten t a t i v a de descons t rução de es t e reó t i pos e de
p reconce i t os l i ngu í s t i cos , ass im como compreende r a d i ve rs i da -
de da l í ngua po r t uguesa do B ras i l , e en tende r como e l e pode
con t r i bu i r no ens i no de L . P . do ens i no f undamenta l I I .
No p r ime i r o t óp i co , abo rda remos o ens i no de L . P . , com
ên fase em como e se as va r i an tes l i ngu í s t i cas são t r aba l hadas
em sa l a de au l a . E como o l ocus des te t r aba l ho é um j ogo d i g i -
t a l , cons i de ra remos as mú l t i p l as l i nguagens e os mu l t i l e t r amen -
tos na pe rspec t i va de Ro j o ( 20 12 ) , e t r a remos a l guns d i á l ogos
com as Tecno l og i as da I n f o rmação e Comun i cação (T IC ) e os
Jogos D i g i t a i s , enquan to f e r r amen tas d i dá t i c as . Consegu i n t e ,
exp l ana remos ace rca do f unc i onamen to do j ogo , bem como os
seus ob je t i vos e a re l ação com es t a pesqu i sa . É impo r t an t e
f r i sa r que os aspec tos es tudados aqu i são os d i á l ogos en t re
os pe rsonagens do j ogo , uma vez que as va r i an t es l i ngu í s t i c as
es t ão p resen tes nes tes a t os de comun i cação . Po r f im , t r a re -
mos as nossas cons i de rações f i na i s , de modo a ap resen t a r os
resu l t ados ap reend i dos e os cam inhos t r i l h ados no re fe r i do
es tudo .
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2 E N S I N O D E L Í N G U A P O R T U G U E S A E V A R I A Ç Ã O
L I N G U Í S T I C A
O ens i no das va r i ações l i ngu í s t i c as a i nda é um assun to
d i scu t i do acanhadamen te ou sem t an t a p r i o r i dade nas esco l as ,
sob re t udo nas au l as de L í ngua Po r t uguesa . Po r ma i s que es t e
es tudo es te j a es t abe l ec i do — t ambém supe r f i c i a l — nos Pa râme -
t ros Cur r i cu l a res Nac i ona i s ( PCN , 1 998 ) , a ma io r i a dos educado -
res de L íngua Po r t uguesa p r i o r i za o ens i no da no rma pad rão ,
de i xando as va r i ações da l í ngua num segundo p l ano da ap ren -
d i zagem , e , na ma i o r i a das vezes , sem uma d i scussão con tex -
t ua l i z ada e e fe t i va .
A l í ngua é i nd i ssoc i áve l do p rocesso comun ica t i vo , e
sendo a comun i cação um f a to r soc i a l , a l í ngua t ambém deve
se r cons i de rada como t a l . A cu l t u ra t ambém es t á i n t e r l i g ada a
es te f a t o r l í ngua , e nem sempre a esco l a cons i de ra t a i s aspec -
t os nas re l ações de f a l a e exp ressão dos es tudan tes . Pa ra
Bagno ( 20 1 1 , p . 27 ) :
[ . . . ] a o n ã o r e c o n h e c e r a v e r d a d e i r a d i v e r s i d a d e d o
p o r t u g u ê s f a l a d o n o B r a s i l , a e s c o l a t e n t a i m p o r s u a
n o rm a l i n g u í s t i c a c omo s e e l a f o s s e , d e f a t o , a l í n g u a
c om um a t o d o s [ . . . ] , i n d e p e n d e n t e d a s u a i d a d e , d e
s u a o r i g em g e o g r á f i c a , d e s u a s i t u a ç ã o s o c i o e c o n ôm i -
c a , d e s e u g r a u d e e s c o l a r i z a ç ã o e t c . C om i s s o
t am bém s e n e g a o c a r á t e r m u l t i l í n g u e d o n o s s o p a í s ,
o n d e s ã o f a l a d a s m a i s d e d u z e n t a s l í n g u a s d i f e r e n t e s ,
e n t r e l í n g u a s i n d í g e n a s , l í n g u a s t r a z i d a s p e l o s i m i g r a n -
t e s e u r o p e u s e a s i á t i c o s , l í n g u a s s u r g i d a s d a s s i t u a -
ç õ e s d e c o n t a t o n a s e x t e n s a s z o n a s f r o n t e i r i ç a s c om
o s p a í s e s v i z i n h o s , a l ém d e f a l a r e s r em a n e s c e n t e s
d a s d i v e r s a s l í n g u a s a f r i c a n a s t r a z i d a s p e l a s v í t i m a s
d o s i s t em a e s c r a v a g i s t a .
No espaço esco l a r , a f a l t a de uma abo rdagem ma i s e fe t i -
va sob re o t ema acaba po r con t r i bu i r com a d i sc r im i nação
l i ngu í s t i c a , uma vez que a esco l a t r aba l ha a l í ngua de modo
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un ívoco . No en t an to , po r t r ás da apa ren te un i dade l i ngu í s t i c a ,
as va r i ações es t ão mu i t o p resen tes , como apon t am Le i t e e
Ca l l ou ( 20 10 , p . 1 2 ) , ao a f i rma rem que “A cé leb re máx ima ‘ a
un i dade na d i ve rs i dade e d i ve rs i dade na un i dade ’ é o pon to
cen t r a l da ques t ão sob re o po r tuguês do B ras i l ” .
As au to ras c i t adas no pa rág ra fo an te r i o r marcam bem o
modo como as d i scussões sob re as va r i an t es são i nc l u í das
nos es tudos l i ngu í s t i cos . Nes t a pe rspec t i va , a l í ngua não deve
se r pos t a com uma marca un i l a t e ra l , a qua l a mu l t i p l i c i dade de
vozes l i ngu í s t i c as é descons i de rada , a f i na l t oda :
A d i v e r s i d a d e q u e e x i s t e em q u a l q u e r p o n t o e s p e l h a
um a p l u r a l i d a d e c u l t u r a l e n ã o s e p o d e p r e s um i r p a r a
a e x p an s ã o d o p o r t u g u ê s n o B r a s i l um a f o rm a l i n g u í s -
t i c a ú n i c a , p o i s a é p o c a em q u e s e d e u a c o l o n i z a ç ã o ,
a o r i g em d o s c o l o n i z a d o r e s e a s c o n s e q u ê n c i a s
l i n g u í s t i c a s d e um c o n t a t o h e t e r o g ê n e o s ã o a s p e c t o s
q u e d e vem s e r c o n s i d e r a d o s . ( L E I T E ; CALLOU , 2 0 1 0 ,
p . 1 2 ) .
Ass im , as d i ve rsas l í nguas ex i s t en tes no B ras i l pe rme i am
uma d i ve rs i dade de cu l t u ras que se es t ab i l i z a ram de mane i r a
s i gn i f i c a t i v a . D i an t e da va r i edade cu l t u ra l b ras i l e i r a , a l í ngua ,
enquan to pa r t e da cu l t u ra , t ambém é va r i áve l . E t oda essa
va r i ação deve se r pos t a na sa l a de au l a de modo con tex tua l i -
zado , e não como um “e r ro ” de po r t uguês , com a f i rma Bagno
( 20 1 1 ) , v i s to que há a necess i dade de ens i nar o a l uno a esc re -
ve r t endo como re f e rênc i a a o r t og ra f i a o f i c i a l , po rém esse
ens i no não deve acon tece r desca rac te r i zado , t r a t ando l í ngua
f a l ada com a r t i f i c i a l i d ade , po i s as va r i adas p ronúnc i as resu l t am
da h i s t ó r i a soc i ocu l t u ra l das pessoas que f a l am o po r t uguês
b ras i l e i r o .
Na p róx ima seção t r a remos a l gumas cons i de rações
ace rca das mú l t i p l as l i nguagens , e das suas con t r i bu i ções no
p rocesso de ens i no -ap rend i zagem no âmb i to esco l a r .
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3 M Ú L T I P L A S L I N G U A G E N S E M U L T I L E T R A M E N T O :
A L G U M A S C O N S I D E R A Ç Õ E S
Ao f a l a rmos de mú l t i p l as l i nguagens e de mu l t i l e t r amen tos
como f e r ramen tas a se rem exp l o radas em sa l a de au l a , deve -
mos p r ime i r o compreende r o que se r i am esses t e rmos e ,
dessa f o rma , ana l i s a r a sua impo r t ânc i a pa ra a p rá t i c a pedagó -
g i ca . Segundo Ro j o ( 20 1 2 , p . 1 3 , g r i f o do au tor ) :
D i f e r e n t eme n t e d o c o n c e i t o d e l e t r ame n t o s (m ú l t i p l o s ) ,
q u e n ã o f a z s e n ã o a p o n t a r p a r a a m u l t i p l i c i d a d e e
v a r i e d a d e d a s p r á t i c a s l e t r a d a s , v a l o r i z a d a s o u n ã o
n a s s o c i e d a d e s em g e r a l , o c o n c e i t o d e mu l t i l e t r ame n -
t o s — é b om e n f a t i z a r — a p o n t a p a r a d o i s t i p o s e s p e -
c í f i c o s e i m p o r t a n t e s d e m u l t i p l i c i d a d e p r e s e n t e s em
n o s s a s s o c i e d a d e s , p r i n c i p a lm e n t e u r b a n a s , n a
c o n t emp o r an e i d ad e : a m u l t i p l i c i d a d e c u l t u r a l d a s p o p u -
l a ç õ e s e m u l t i p l i c i d a d e s em i ó t i c a d e c o n s t i t u i ç ã o d o s
t e x t o s p o r me i o d o s q u a i s e l a s e i n f o rm a e s e c om u -
n i c a .
As mú l t i p l as l i nguagens se re fe rem às d i ve rsas a t i v i dades
que pe rm i t em exp l o ra r e desenvo lve r o conhec imento dos
a l unos a t r avés de d i f e ren tes l i nguagens , den t re e l as podemos
c i t a r as l i nguagens : o ra i s , p l ás t i c as , mus i ca i s , co rpo ra i s e
esc r i t as . Essas a t i v i dades pe rm i t em t r aba l ha r a d i ve rs i dade
cu l t u ra l , va l o r i zando as i n t e l i gênc i as mú l t i p l as .
Já os mu l t i l e t r amen tos , como apon tou Ro j o ( 20 1 2 ) , se
re fe rem à mu l t i p l i c i dade cu l t u ra l e sem ió t i ca . Ao c i t a r Ga rc í a
Canc l i n i ( 2008 ) , a au tora ap resen t a que a mu l t i p l i c i dade cu l t u ra l
pe rm i t i u uma h i b r i d i zação en t re as cu l t u ras t i das como e rud i t a
e popu l a r , o que imp l i c a na necess idade de uma conc i l i a ção
nos t ex tos t r aba l hados em sa l a de au l a , pa ra que dessa f o rma
nenhuma moda l i d ade se sob reponha à ou t r a e pa ra que as
novas moda l i d ades possam se r ap resen t adas e t ambém ap rec i -
adas .
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G r a d u a n d o : e n t r e o s e r e o s a b e r , F e i r a d e S a n t a n a , v . 1 0 , n . 1 3 , p . 4 3 - 6 0 , 2 0 1 9 J
As moda l i d ades sem ió t i c as es t ão re l ac i onadas às novas
f o rmas de cons t ruções t ex tua i s . Com o uso das t ecno l og i as ,
as comun i cações passa ram a ap resen t a r e a p ressupo r conhe -
c imen tos va r i ados , de “uma nova é t i c a e novas es té t i -
cas ” ( ROJO , 20 1 2 , p . 1 6 ) , ou se j a , as p roduções v i sua i s , esc r i -
t as , aud i ov i sua i s e , den t re ou t r as , possuem , na a t ua l i d ade ,
d ive rsas l i nguagens , o que necess i t a da compreensão dos
mu l t i l e t r amentos . Sendo ass im , o uso das t ecno l og i as no ens i no
co r robo ra i números bene f í c i os que devem se r cons i de rados .
Pa ra d i scu t i r esses aspec tos , f a remos uma abo rdagem , em que
as Tecno l og i as da I n f o rmação e Comun icação (T IC ) podem
p ro t agon i za r na re l ação ens i no -ap rend i zagem .
3 . 1 T I C : J O G O S D I G I T A I S
As Tecno l og i as da I n f o rmação e Comun i cação (T IC )
poss i b i l i t am , no âmb i to esco l a r , que os a l unos desenvo lvam o
ca rá te r l úd i co no p rocesso de ap rend i zagem . No en t an to , o
uso das t ecno l og i as em sa l a de au l a a i nda é i nv i ab i l i z ado pe l o
rece i o ( ou pe l a f a l t a de es t ru t u ra de a l gumas esco l as ) de
a l guns p ro fesso res de t r aba l ha rem com as f e r ramen tas d i g i t a i s
em sa l a de au l a . Esse rece i o advém das c r í t i c as em re l ação às
novas t ecno log i as , que são mu i t as vezes apon t adas como v ic i -
an t es ou desnecessá r i as ao ens i no f o rma l .
As f e r ramen tas d i g i t a i s f azem pa r te das p rá t i c as cu l t u ra i s
dos a l unos , como apon t a Rezende ( 20 14 , p . 1 34 ) , e , pa ra t an to ,
“há a necess i dade u rgen te de ap rox imação do un i ve rso e da
cu l t u ra dos a l unos , t o rna -se essenc i a l con tex tua l i z a r os
p rocessos de ens i no e ap rend i zagem ress i gn i f i c ando as poss i -
b i l i d ades educa t i vas e o uso da t ecno l og i a na esco l a e f o ra
de l a ” . Dessa f o rma , j un t o com a ap rox imação en t re as v i vên -
c i as dos a l unos e o amb i en te esco l a r , a u t i l i z ação das f e r ra -
mentas d i g i t a i s pe rm i t i r i a uma p rá t i c a de ens ino ma i s f l e x íve l .
Nesse con tex to , o uso de j ogos d i g i t a i s con t r i bu i pa ra a
abo rdagem do l úd i co e do desenvo lv imen to i n t e rac i ona l e
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cogn i t i vo dos a l unos . Pa ra i sso , bas t a ap l i c a r es tes recu rsos
de f o rma d i r i g i da , pa ra que o a l uno t ambém possa ana l i s á - l os
de mane i r a c r í t i ca .
4 O J O G O C A Ç A D O R E S D E L E N D A S C O M O
I N S T R U M E N T O D E E S T U D O D A V A R I A Ç Ã O
L I N G U Í S T I C A E M S A L A D E A U L A
O j ogo Caçado res de Lendas 1 , pro j e t o vencedo r do
Concu rso I NOVApps 20 15 , r ea l i z ado pe l o M in i s t é r i o da C i ênc i a ,
Tecno l og i a , I novações e Comun i cações (MCT IC ) , f o i desenvo lv i -
do po r Leona rdo Mede i r os , D i ogo Pavan e Caro l i n a Boze l l i pa ra
o gove rno b ras i l e i r o .
Caçado res de Lendas é um j ogo i nves t i ga t i vo que t em
como f i na l i d ade a aprend i zagem sob re as l endas f o l c l ó r i c as
b ras i l e i r as de a l gumas reg i ões do pa í s . O pe rsonagem p r i nc ipa l
do j ogo , p ro fesso r Faus to , é um i nves t i gado r espec i a l i s t a em
casos sob rena tu ra i s que v i a j a po r t odo o B ras i l pa ra so l uc i ona r
acon tec imen tos es t r anhos .
Pa ra so l uc i ona r o caso , o j ogado r deve rá procu ra r p i s t as
pe l o cená r i o após obse rva r as i n t e rações comun ica t i vas en t re
os pe rsonagens . Essas p i s t as são ana l i s adas e comparadas
pe l o j ogado r com os re l a t os dos pe rsonagens que es t ão sendo
assombrados . A pa r t i r de en t ão , o j ogador i r á compara r as
ano t ações ob t i das a t ravés das aná l i ses dos re l a t os com as
ca rac te r í s t i c as das c r i a t u ras l endá r i as . Ao comp l e t a r t odos os
casos , o L i v ro Lendá r i o do pro fesso r Faus to es t a rá comp l e to ,
no qua l o j ogado r pode obse rva r t odas as c r i a t u ras que f o ram
encon t radas .
Pa ra a l ém do conhec imen to sob re a cu l t u ra f o l c l ó r i c a
b ras i l e i r a , a t r avés do j ogo , os p ro fesso res de L í ngua Po r t ugue -
sa podem t r aba l ha r o con teúdo re f e ren t e às va r i ações l i ngu í s -
t i c as de a l gumas reg i ões b ras i l e i r as . Nos d i á l ogos en t re os
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pe rsonagens ( F i gu ra 4 ) , d i a l e tos e exp ressões reg i ona i s de f a l a
são des tacados , ev i denc i ando a va r i edade da l í ngua f a l ada no
nosso pa í s , o que pode con t r i bu i r pa ra a ass im i l ação dos
a l unos com re l ação ao con teúdo das var i an t es l i ngu í s t i c as .
Po rém , devemos a ten t a r pa ra não es te reo t i pa r a va r i edade
l i ngu í s t i c a dos f a l an t es , uma vez que , den t ro de cada es t ado
b ras i l e i r o , há uma var i ação da l í ngua que se expande a i nda
ma i s ao chega r às c i dades i n t e r i o r anas ou ba i r r os pe r i f é r i cos .
As exp ressões comuns da c i dade de Sa l vado r , na Bah i a , po r
exemp l o , “meu re i ” , “ enc ruado ” , en t re ou t ra , não são mu i t o
f r equen tes ou u t i l i z adas em ou t ras c i dades do es t ado , ou
a i nda , há aque l as exp ressões que são u t i l i z adas em vár i os
es t ados b ras i l e i r os , como , po r exemp l o , “bade rna ” .
Ou t ras ca rac te r í s t i c as p resen tes no j ogo são de es t ímu l o
à l e i t u ra e compreensão/ i n te rp re t ação t ex tua l , uma vez que
pa ra comp le t a r as m issões , é necessá r i o l e r os d i á l ogos e
ana l i s á - l os . Ve j amos , nas imagens a segu i r , a l gumas ca rac te r í s -
t i c as e i n te r f aces do j ogo :
F i g u r a 1 : T e l a i n i c i a l d o j o g o .
F o n t e : A c e r v o p e s s o a l .
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F i g u r a 2 : M a p a c om a s m i s s õ e s .
F o n t e : A c e r v o p e s s o a l .
Na f i gu ra 2 , é ap resen t ada a i n te r f ace i n i c i a l do j ogo
con tendo o mapa do B ras i l , em que o j ogado r pode se s i t ua r
com re l ação às m i ssões que deve cumpr i r em cada es t ado
b ras i l e i r o , de aco rdo com o ob j e t i vo e desc r i ç ão do j ogo .
F i g u r a 3 : M i s s ã o n o E s t a d o d e M i n a s G e r a i s .
F o n t e : A c e r v o p e s s o a l .
A f i gu ra 3 co r responde à i n t e r face ap resen tada ao c l i c a r
em um dos es tados bras i l e i r os do mapa ; no caso ac ima , o de
M inas Ge ra i s . É na f i gu ra a segu i r ( 4 ) que se encon t ra o ob j e t o
cen t r a l do p resen te es tudo . I den t i f i camos que nos d i á l ogos
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en t re os pe rsonagens de cada reg i ão b ras i l e i r a são ap resen t a -
dos d i a l e t os e exp ressões ca rac te r í s t i cos de cada um desses
t e r r i t ó r i os .
F i g u r a 4 : D e p o i m e n t o d o p e r s o n ag em s e c u n d á r i o .
F o n t e : A c e r v o p e s s o a l .
Nas na r ra t i v as do j ogo , as exp ressões l i ngu í s t i c as
comuns em cada es tado apa recem des t acadas . E , ao c l i c a r
sob re e l as , o j ogado r ve rá o s i gn i f i c ado da pa l av ra . É , ev i den -
t emente , marcada no d i á l ogo da f i gu ra ac ima a va r i an te l i ngu í s -
t i c a , “ fu rdunço ” , a qua l o j ogo es tá se re f e r i ndo .
F i g u r a 5 : E x p r e s s ã o l i n g u í s t i c a p r e s e n t e n o j o g o .
F o n t e : A c e r v o p e s s o a l .
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É poss í ve l ass i na l a r que essas va r i an t es p resen tes no j ogo podem se r t r az idas pa ra a rea l i d ade do a l uno , a f im de que o ens i no de L . P . se j a con tex tua l i z ado com o co t i d i ano do es tudan te . Pa ra Po r to ( 2003 , p . 97 ) , “os i nd i v í duos buscam i n f o rmações que l hes se j am ú te i s [ . . . ] [ e ] u t i l i z am -se das rep re -sen tações pessoa i s e soc i a i s pa ra c r i a r e/ou rec r i a r va l o res e conce i t os , t o rnando -se ope rado res de mensagens ” . Po r t an to , a r ea l i d ade con tex tua l do co t i d i ano do a l unado é um f a t o r i n t r í n -seco no seu p rocesso de f o rmação ; e deve se r cons i de rada pe l o p ro fesso r . A rea l i d ade l i ngu í s t i c a do a l uno , po r vezes , é v i o l en t ada pe l a esco l a , e quando o p ro fesso r f az com que esse a l uno se reconheça no p rocesso de ens i no da l í ngua mate rna , a ap rend i zagem do es tudan te se dá de mane i r a con tex tua l i z ada .
Nas imagens segu i n t es ( 6 , 7 , 8 , 9 e 10 ) são rep resen t adas a l gumas i ns t ruções do j ogo . Na f i gu ra 6 é mos t rado o “ l i v ro l endá r i o ” , onde f i c am con t i das i n f o rmações sob re as l endas que o j ogado r deva es t a r p rocu rando . Na f i gu ra 7 se encon -t r am as p i s t as que os j ogado res devem segu i r pa ra acha r as l endas f o l c l ó r i c as . Na f i gu ra 8 é rep resen t ado o l uga r de ano t ações , onde o j ogado r pode deduz i r a l gumas opções que venham a se r a l enda que es t á p rocu rando . E nas f i gu ras 9 e 1 0 é ev i denc i ado o espaço em que o j ogado r deve co l e t a r as p i s t as que o l eva rão à l enda p rocu rada no j ogo .
F i g u r a 6 : I n s t r u ç õ e s d o j o g o .
F o n t e : A c e r v o p e s s o a l .
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F i g u r a 7 : I n s t r u ç õ e s d o j o g o .
F o n t e : A c e r v o p e s s o a l .
F i g u r a 8 : I n s t r u ç õ e s d o j o g o .
F o n t e : A c e r v o p e s s o a l .
F i g u r a 9 : I n s t r u ç õ e s d o j o g o .
F o n t e : A c e r v o p e s s o a l .
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F i g u r a 1 0 : C e n á r i o d a p r i m e i r a m i s s ã o
F o n t e : A c e r v o p e s s o a l .
F i g u r a 1 1 : An á l i s e d e d e p o i m e n t o s e p i s t a s c o l e t a d a s .
F o n t e : A c e r v o p e s s o a l .
Na f i gu ra 1 1 , o j ogado r passa pe l o p rocesso de aná l i se
pa ra ob te r êx i t o nas m i ssões p ropos t as . E l e deve ana l i s a r e
re l ac i ona r as p i s t as encon t radas no cená r i o com os depo imen -
tos co le t ados pa ra ob te r as deduções que o l eva rão ao pe rso -
nagem fo l c l ó r i co es t abe l ec i do/p rocu rado na m i ssão .
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F i g u r a 1 2 : D e d u ç õ e s o b t i d a s .
F o n t e : A c e r v o p e s s o a l .
Após ob te r as deduções , o j ogado r i r á compará - l as com
as ca rac t e r í s t i c as dos se res l endá r i os , a t é encon t ra r a que se
enca i xa no pe r f i l . Nessa e t apa — mos t rada na f i gu ra 1 2 — , o
j ogado r co l oca rá em p rá t i c a seu senso c r í t i c o e de aná l i se
pa ra ass im ob te r um bom desempenho na a t i v i dade . Na f i gu ra
1 3 é exemp l i f i c ado o sucesso do j ogado r na m i ssão quando
consegue conc l u í - l a .
F i g u r a 1 3 : S u s p e i t a c o n f i rm a d a
F o n t e : A c e r v o p e s s o a l .
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F i g u r a 1 4 : L i v r o L e n d á r i o
F o n t e : A c e r v o p e s s o a l .
Após encon t ra r o suspe i t o pe l as t r avessu ras , have rá as
ca rac te r í s t i c as de l e na opção L i v ro Lendá r i o ( f i gu ra 14 ) . Nesse
espaço do j ogo , o j ogado r é es t imu l ado não só ao p rocesso de
l e i t u ra como t ambém ao conhec imento das t r ad i ções f o l c l ó r i c as
b ras i l e i r as , o que t o rna o j ogo — pa ra a l ém de educado r e
l úd i co — um apa ra t o i den t i t á r i o da cu l t u ra b ras i l e i r a .
5 C O N S I D E R A Ç Õ E S F I N A I S
Os j ogos d i g i t a i s podem se r uma boa fe r ramen ta d i dá t i co -
me todo l óg i c a no ens ino de L í ngua Po r t uguesa . Pa ra i sso é
necessá r i o que as novas t ecno l og i as e que os mu l t i l e t r amen tos
se j am i nco rpo rados na sa l a de au l a de uma fo rma e fe t i va .
Pe rcebem-se i númeras p rob lemát i c as no processo de ens i no
a t ua l , na g rande ma i o r i a das esco l as , e dep reende -se que os
f r acassos educac i ona i s des t as não es te j am necessa r i amen te
l i g ados ao p ro fesso r ou aos a l unos , mas aos mé todos e
i ns t rumen tos u t i l i z ados pa ra esse p rocesso .
A t i ng i r a ap rend i zagem e fe t i va dos a l unos da con tempo -
rane i dade , em um mundo i n t ensamen te g l oba l i z ado e t ecno l óg i -
co como o que es t amos v i vendo , imp l i c a d i ze r que a me todo l o -
g i a a se r u t i l i z ada pa ra que a ap rend i zagem desse a l uno se
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conc re t i ze deve es t ar con tex tua l i z ada com o seu co t i d i ano .
Não é ob j e t i v ado aqu i nes t e t r aba lho d i ze r que t odo p rocesso
de ens i no deve i nse r i r as t ecno l og i as d i g i t a i s , mas a f i rma r que
es t as são impac t an tes na ass im i l ação de con teúdos po r pa r t e
dos es tudan tes , uma vez que o uso de l as den t ro de sa l a de
au l a d i a l oga d i r e t amen te com o con tex to soc i ocu l t u ra l v i v i do
pe l os es tudan tes fo ra de l a .
No que t ange ao es tudo/ens i no da va r i ação l i ngu í s t i c a em
sa l a de au l a , a abo rdagem desse con teúdo é , ge ra lmen te , f e i t a
de f o rma supe r f i c i a l , po i s a l í ngua é t i da comumen te na soc ie -
dade — e consequen temente na esco l a , enquan to pa r te t ambém
des ta — como uma un i dade , o que acaba po r con t r i bu i r com a
d i sc r im i nação soc i a l .
Po r f im , pe rcebemos que a u t i l i z ação do j ogo Caçado res de Lendas pe rm i t e não só um conhec imen to ace rca da cu l t u ra
popu l a r b ras i l e i r a — no caso , as l endas f o l c l ó r i cas — como
t ambém pode se r u t i l i zado na pe rspec t iva de ens i no da L í ngua
Po r t uguesa , espec i f i c amente do pon to de v i s t a da va r i ação
l i ngu í s t i c a no B ras i l . O j ogo pode es t abe l ece r uma abo rdagem
d i nâm i ca no p rocesso de ens ino -ap rend i zagem e p roduz i r
resu l t ados bené f i cos aos es tudan tes , desde que se j am abo rda -
dos t ambém os ma l e f í c i os dos es te reó t i pos c r i ados ace rca da
var i ação l i ngu í s t i c a , do f a l a r “ce r to ” e f a l a r “e r r ado ” . O seu uso
em sa l a de au l a pode con t r i bu i r com a descons t rução da
d i sc r im i nação l i ngu í s t i ca den t ro do âmb i t o esco l a r e , a l ongo
p razo , da soc iedade .
R E F E R Ê N C I A S
BAGNO, Marcos . P reconce i t o l i ngu í s t i c o : o que é , como se f az .
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G r a d u a n d o : e n t r e o s e r e o s a b e r , F e i r a d e S a n t a n a , v . 1 0 , n . 1 3 , p . 4 3 - 6 0 , 2 0 1 9 J
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N O T A S
1 D i s p o n í v e l n o s e r v i ç o Go o g l e P l a y .