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FERNANDO GIORGETTI DE SOUZA
A EDUCAÇÃO BATISTA CONTEMPORÂNEA:
Rompendo com o Tradicionalismo na Escola Bíblica
Araçatuba - SP
2014
FERNANDO GIORGETTI DE SOUZA
A EDUCAÇÃO BATISTA CONTEMPORÂNEA:
Rompendo com o Tradicionalismo na Escola Bíblica
Araçatuba - SP
2014
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Graduação do Curso de Teologia do Centro
Batista de Educação, Serviço e Pesquisas de
Araçatuba como requisito básico para obtenção
da nota final do Curso de Teologia sob a
orientação da Prof.ª Mírian Guerra de Oliveira
Vieira
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 5
CAPÍTULO 1 - A Educação do povo de Deus. ...................................................................................... 6
CAPÍTULO 2 - A EBD e a contribuição dos especialistas da educação: rompendo com a educação
tradicional. ............................................................................................................................................. 10
CAPÍTULO 3 - O Apoio da Convenção Batista Brasileira: Os planos, projetos, programas, diretrizes
educacionais e o eficiente trabalho dos leigos....................................................................................... 15
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................. 19
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................. 22
A EDUCAÇÃO BATISTA CONTEMPORÂNEA:
Rompendo com o Tradicionalismo na Escola Bíblica
Fernando Giorgetti de Souza1
RESUMO
Este artigo visa proporcionar uma reflexão sobre a importância da educação na escola bíblica dominical
objetivando contribuir para a diminuição do analfabetismo bíblico. Parte do pressuposto que assim como na
educação formal, é preciso construir um Projeto Político Pedagógico, voltado para as particularidades e
realidades enfrentada pelas igrejas locais, em especial das Igrejas Batistas da Convenção Brasileira. Na
perspectiva dos filósofos da educação, não perdendo a essência dos princípios bíblicos, o projeto evidenciará a
atuação de cada um de seus atores, tendo como desafio o rompimento com os modelos tradicionais de educação,
almejando o engajamento e aperfeiçoamento dos santos. Ressalta também o trabalho pioneiro dos Batistas
Brasileiros na área educacional e a relevância da capacitação para sua liderança, não apenas nos moldes
clericalistas, mas observando também a necessidade de treinamento para os líderes leigos. Almeja o
fortalecimento do Corpo de Cristo, e crescimento do Reino de Deus, através do seu comprometimento e
colaboração nas práticas evangelísticas.
Palavras chave: Educação Batista, Projeto Político Pedagógico, Escola Bíblica Dominical,
Líderes Leigos.
ABSTRACT
This article aims at providing a reflection on the importance of education in Sunday Bible School aiming to
contribute to the decrease of biblical illiteracy. Assumes that as well as in formal education, you must construct a
Pedagogical political project, geared toward the particularities and realities faced by local churches, especially
Baptist churches of Brazilian Convention. From the perspective of the philosophers of education, not losing the
essence of biblical principles, the project will focus on the performance of each of his actors, with the challenge
to break with traditional models of education, targeting both the engagement and perfecting of the Saints.
Stresses also the pioneering work of Brazilian Baptists in the educational area and the relevance of training for
your leadership, not only in accordance with clericalists, but noting also the need for training for lay leaders.
Aims to strengthen the body of Christ, and growth.
Key words: Baptist Education, Pedagogical Political Project, Bible School Dominical, Lay
Leaders.
1 Referência do aluno: Licenciado em História pela FIG-UNIMESP (2012), Graduando em Teologia pelo Centro de
Educação e Pesquisa-CEBESP, membro da Primeira Igreja Batista do Jardim Jovaia em Guarulhos-SP (2001-2013), atualmente membro da Igreja Presbiteriana Central em Londrina-PR.
5
INTRODUÇÃO
"As Escrituras não foram dadas para aumentar nosso conhecimento, mas para mudar nossa
vida" (D. L. Moody)
Nos últimos anos, um dos temas mais discutidos pelos especialistas em palestras e
seminários sobre a educação, tem sido a necessidade do rompimento com a educação
tradicional nas escolas e embasados nas novas propostas e práxis educacionais, as Igrejas
Batistas, através dos departamentos de educação religiosa, buscam alternativas e novos
métodos de ensino para as classes da Escola Bíblica Dominical-EBD.
Algumas por terem despertados para essa necessidade, renovaram o Projeto-Político-
Pedagógico-PPP, investiram em recursos necessários, formação de professores, envolveram
seus membros e obreiros na participação ativa e por isso, já colhem bons frutos, como
crescimento quantitativo e qualificativo.
Porém, devido a autonomia de cada congregação local, não são todas as igrejas
batistas que tem abraçado essa realidade. Infelizmente, a evasão escolar, a frequência nas
classes de EBD e a capacitação dos professores, são problemas a serem resolvidos.
Foi pensando nisso, que investi nesse tema, pois, acredito ser de suma importância
para a igreja contemporânea posicionar-se em relação às novas tendências, aos novos desafios
e mudanças de paradigmas também para a educação religiosa. Ela precisa enfrentar os
desafios emergentes e se possível for, antecipar as soluções para os futuros problemas.
Espera-se o engajamento das Igrejas Batistas e também de outras denominações em
projetos, em boa formação e atualização dos professores das EBD’s e dos líderes leigos, para
que estes, proporcionem o crescimento espiritual e reflexivo dos cristãos, não apenas
apresentando conteúdos, mas, consolidando o ensino bíblico aos novos decididos, capacitando
e engajando-os no evangelismo.
Neste sentido, a proposta deste artigo bibliográfico, é conscientizar o leitor, da
importância da tomada de novos rumos para uma nova EBD, além da educação tradicional,
servindo-se dos conceitos dos estudiosos da educação, porém, pautados em primeiro plano
nas lentes bíblicas.
Além das práticas bíblicas e do ethos cristão, a pesquisa debruça-se também no
conhecimento dos filósofos da educação contemporânea, pois, além do caráter espiritual da
EBD, esta deve promover saberes práticos e desenvolver a liberdade cristã, aguçar a
curiosidade epistemológica dos alunos e formar cristãos cidadãos para atuarem
conscientemente na sociedade.
6
Para melhor desenvolvimento, o artigo divide-se em três capítulos à saber: O primeiro
Capítulo aborda a educação do povo de Deus, desde sua origem no Jardim do Édem e encerra-
se descrevendo as EBD’s Batistas. À seguir, o segundo Capítulo exalta o trabalho dos
especialistas da educação e o rompimento com os moldes tradicionais da EBD. Por último, o
terceiro Capítulo aponta o apoio da Convenção Batista BrasileIra para as igrejas e a eficiente
colaboração dos cristãos leigos para o crescimento do Reino de Deus.
REFERENCIAL TEÓRICO
CAPÍTULO 1 - A Educação do povo de Deus.
O trabalho realizado na Escola Bíblica Dominical das Igrejas Batistas da Convenção
Brasileira pautado nas Escrituras Sagradas, desde sua origem, tem contribuído não apenas em
seu âmbito denominacional, mas principalmente para o crescimento espiritual dos cristãos e
do Reino de Deus, influenciando de forma positiva gerações da sociedade brasileira.
Por tratar o assunto educação, dentre inúmeras definições, importa a priori, apresentar
algumas considerações.
Segundo aponta o pedagogo, a educação é
A influência intencional e sistemática sobre o ser juvenil, com o propósito de formá-
lo e desenvolvê-lo. Mas significa também a ação genérica, ampla, de uma sociedade
sobre as gerações jovens, com o fim de conservar e transmitir a existência coletiva.
A educação é, assim parte integrante, essencial, da vida do homem e da sociedade, e
existe desde quando há seres humanos sobre a terra. (LUZURIAGA, 1981, p. 1-2)
Vemos aqui algumas palavras importantes a serem analisadas. Em primeiro lugar há
uma influência intencional e sistematizada e o propósito é de formar, desenvolver. Há também
a conotação de conservação e de transmissão.
Paro 2 define a educação na perspectiva da atualização histórico-cultural do homem e
ensina: “Na produção histórica de sua existência, os homens produzem conhecimentos,
instrumentos, técnicas, valores, crenças, comportamentos, tudo enfim que se configura na
cultura humana. A apropriação dessa cultura pelos indivíduos é que constitui a educação.”
2 2003, p.35
7
Examinando etimologicamente a palavra educação origina-se do latim ducare (e seu
cognato ducere), significa “guiar, conduzir”, e o prefixo e, dá o sentido de “para fora” e
portanto, em seu significado básico, educação é a atividade de “conduzir para fora”.
O espanhol Luzuriaga (1981) ao observar a história dos hebreus, afirma que esse povo
nômade tinha uma educação cruel e de severa disciplina e antes do desterro era simplesmente
doméstica e familial, baseada no regime patriarcal de Abraão, Isaque e Jacó.
Entretanto, falando sobre o mandato divino do ensino cristão Lawson apud
Hendricks;Gangel3 ressalta:
O ensino cristão remonta suas raízes aos primeiros dias do homem na Terra. Deus
começou a ensinar quando colocou uma restrição no comportamento do homem no
jardim do Éden. Depois da queda, a necessidade de ensino aumentou. Pais piedosos
passaram de uma geração para outra cruciais informações espirituais até que Deus
formalizou a responsabilidade dos pais ao ordenar-lhes que ensinassem os filhos (Dt
6).
Avançando um pouco nos tempos bíblicos, surge a figura de Moisés e a educação
pauta-se então, no Decálogo e no regime político, no intuito de ensinar e transmitir. Contudo,
é só após o cativeiro Babilônico no tempo do profetismo que desenvolve-se a educação
superior e as escolas rabínicas.
Já as escolas elementares iniciaram-se no primeiro século da era cristã, com José filho
de Gamala e o livro utilizado pelos rabinos para ensinamento da fé e das tradições orais dos
hebreus era o Talmud e os métodos eram baseados na aprendizagem de memória mecânica.
Segundo o dicionário Vine no Antigo Testamento o verbo “lãmad” aparece 85 vezes
significando ensinar, aprender, levar a aprender. O termo em sua forma simples e ativa
significa aprender, mas, também dá o sentido causativo de “ensinar”.
Luzuriaga (1981) sustenta ter a educação cristã, recebido como herança da cultura
hebraica a emoção e da cultura helênica a razão filosófica e a atitude ética, tendo o surgimento
do cristianismo resultado na mudança de rumo para a história ocidental. As influências
recebidas são obvias, porém, as mudanças ocorreram não apenas no ocidente, pois, com o
advento de Jesus, a escrita da humanidade foi mudada, historicamente e espiritualmente.
Os escritores do evangelho registraram os ensinamentos de Cristo aos seus discípulos,
bem como sua praticidade, metodologia, amor ao próximo e exemplo de vida. Para o
3 1999, p. 66
8
especialista a educação cristã deu-se direta e pessoalmente, tendo como educadores Jesus - O
Mestre por excelência, seus apóstolos, evangelistas e discípulos.
Para relembrar, a literatura no primeiro século cristão, constituía-se basicamente dos
evangelhos e das cartas pastorais e circulavam nas igrejas e eram lidas e ensinadas pelos
bispos locais aos cristãos primitivos, que também se reuniam em suas casas, em pequenos
grupos que se aprendiam as Escrituras e se multiplicavam.
Dando sequência aos ensinamentos cristãos, após os apóstolos, vieram os chamados
pais da igreja, também conhecidos por patrísticos, seguidos dos bispos das igrejas, mestres e
catequistas, monges nos monastérios, e na Idade Medieval os teólogos nas universidades.
Entretanto, logo após a Reforma Protestante, o ensino cristão se popularizou tendo a Bíblia
chegado às mãos das pessoas comuns e por conta disso, ocorreu um grande avivamento.
Conta o historiador Nichols (2000) que ao lado de uma igreja, eram organizadas
escolas, pois o desejo de Lutero era educar seus pelos ministros fiéis e instruídos. Sobre
Spener, registra sua atitude em relação ao o sacerdócio universal dos crentes, doutrina
fundamental da Reforma, pois reforça o ensino reformado e incentiva os leigos às práticas
devocionais, em reuniões no seu lar, estudando a Palavra e orando. Lembra também o
relevante trabalho de ensino com as crianças.
Todavia, o ensino cristão semelhante ao que conhecemos em nossos dias, aconteceu na
cidade de Gloucester, com a iniciativa do jornalista inglês Robert Raikes, considerado pelo
presbiteriano Matos como “notável pioneiro”.
Ao perceber a necessidade de tirar as crianças da rua e ensiná-las a Palavra de Deus,
Raikes, inicia a Escola Dominical. Segundo Nichols (2000, p.231) nessas classes ministrava-
se tanto educação secular como religiosa.
Em consequência desse trabalho, notou-se nas gerações futuras, a diminuição do
número dos pequenos delitos e de detentos na cadeia pública, porque as crianças tornaram-se
cristãos valorosos, cidadãos conscientes. Assim, o trabalho da Escola Dominical se
multiplicou pelo mundo afora, chegando ao Novo Mundo.
No Brasil a primeira Escola Dominical ocorreu no dia 19/08/1855 com o casal Robert
e Sarah Kalley precursores da Igreja Congregacional na cidade de Petrópolis e foi realizada
em uma casa alugada, contando com a participação de cinco crianças, recebendo o apoio dos
adultos nos domingos seguintes. Os primeiros frutos foram colhidos um ano após a primeira
EBD, com aquele grupo engrossando a fileira protestante, fundando a Igreja Evangélica
Fluminense.
9
Entretanto, quanto ao ensino formal, em especial, os protestantes Presbiterianos e
Batistas - não desconsiderando o papel relevante de outras denominações menores, como os
metodistas, congregacionais, entre outros - foram os que mais contribuíram com a educação
brasileira, implantando Institutos Educacionais e escolas para atender principalmente seus
filhos e também uma parcela da elite.
Por conseguinte, os batistas marcaram a história da educação brasileira e o portal da
convenção sustenta ser “a educação uma marca visível do povo batista”, motivada pela paixão
do estudo bíblico responsável pelo desenvolvimento do “interesse pela educação religiosa”.
Relata ainda a experiência adquirida “cultivada nas igrejas através das organizações de
treinamento e da EBD. ”
Sobre isso Pereira4 o historiador oficial da CBB declarou: “Desde o princípio da
história batista no Brasil, houve a preocupação em adestrar os membros das igrejas nos
conhecimentos bíblicos e doutrinários.”
Com esse argumento, o escritor não utiliza a palavra adestrar pensando em educação
bancária e reprodutiva, pois, refere-se ao treinamento dos cristãos em manejar e praticar a
Palavra de Deus que é viva e eficaz.
Voltando ao pioneirismo batista, pode-se tomar como exemplo, o desejo do
missionário Ginsburg e de sua esposa a pedagoga Emma Morton em fundar uma escola para
os filhos cristãos e uma classe bíblica para treinamento de pregadores da Palavra de Deus,
tornando-se realidade no Estado de Pernambuco em 1901.
Pereira (2012, p.14) in OJB chama atenção para o fato deles serem os precursores da
Escola Bíblica Dominical Batista, e a irmã Morton a escritora dos primeiros textos para a
EBD. Não obstante, destaca ainda a vida e serviço cristão do casal e a dedicação em implantar
prioritariamente as classes de EBD’s nas igrejas em que serviram ao Senhor.
Logo, as Escolas Dominicais nas Igrejas Batistas ensinavam a educação cristã e os
catecúmenos tinham a oportunidade de aprender os primeiros passos da vida cristã e o
funcionamento e regimento de sua denominação. Além disso, preparavam seus soldados para
a batalha, isto é, para o evangelismo.
Sobre isso explica o ministro batista Ginsburg5: “Não somente treinamos nelas os
crentes, como há classes especiais para os interessados. Como é na América, assim é nos
4 1985, p. 274 5 1970, p. 227
10
campos estrangeiros: a Escola Bíblica Dominical fornece à igreja a maioria dos seus
candidatos para o batismo.”
Compartilhando essa mesma ótica a educadora religiosa Cathryn Smith (1988) reforça
o interesse da EBD em evangelizar os catecúmenos, convertendo-lhes à Cristo e integrando-os
na igreja como membros ativos.
Tratando o assunto da conversão, o professor Robson Ramos apud Rega (2001) fala
sobre a bagagem cosmovisional dos indivíduos, que são condicionantes sociais e conforme
observa Bordieu denomina-se “habitus”. Eles são adquiridos ao longo da vida, através das
escolhas dos agentes sociais, em seu meio de origem e após a conversão ao evangelho, os
velhos hábitos precisam serem avaliados à Luz das Escrituras e inovadoramente rompidos
através da ação poderosa e transformadora de Cristo.
A propósito, nas EBD’s além do ensino cristão, ressalta-se também, desde sua
implantação a alfabetização, devido à falta de escolas públicas, e a importante contribuição
dos colportores na difusão do conhecimento, distribuindo e comercializando Bíblias,
evangelizando o país.
Como pode-se observar, uma das maiores virtudes do povo batista brasileiro ao longo
do tempo, tem sido o conhecimento bíblico. Desde a implantação de seus primeiros templos,
dedicaram-se a pregação da Palavra de Deus e ficaram conhecidos entre os evangélicos como
homens estudiosos e conhecedores da Bíblia.
Dentro dessa perspectiva, a experiência e qualidade da educação cristã batista, seja nas
classes de EBD’s, seja nos Seminários Batistas, tem servido gerações de obreiros, inclusive de
outras denominações, mitigando o analfabetismo espiritual e formando líderes leigos,
missionários, educadores, músicos, pastores e cristãos preparados para servirem e atuarem e
impactarem a sociedade.
CAPÍTULO 2 - A EBD e a contribuição dos especialistas da educação:
rompendo com a educação tradicional.
A cosmovisão da Igreja baseia-se nos princípios bíblicos e nas doutrinas divinas que
são inegociáveis. Contudo, para obter-se êxito na educação cristã, são necessários métodos,
recursos pedagógicos e didáticos, e devem ser avaliados e revistos continuamente, dado o
dinamismo que o mundo apresenta, alterando constantemente a visão do contexto em que se
vive.
11
Logo, para promover o Reino de Deus, é preciso além do espiritual, servir-se das
estratégicas contribuições dos especialistas da educação para a solução de problemas
pontuais, mesmo ante das diferenças entre a educação formal e a educação espiritual.
É preciso romper com os velhos paradigmas e moldes tradicionais, porque do mesmo
modo que a educação tem sofrido crises, as EBD’s em especial da Convenção Batista
Brasileira, enfrentam problemas similares aos das escolas públicas, como a evasão escolar, a
falta de capacitação dos docentes, o desinteresse dos alunos e dos professores, a falta de
recursos, e até mesmo a gestão que deveria ser democrática, em certas igrejas, ainda existe
ranços de autoritarismo.
A crise não está em todas as igrejas, mas, principalmente naquelas que insistem em
viver o tradicionalismo, se fechando para novos métodos e deixando de experimentar um
avivamento em seus cultos, em suas classes de estudo bíblicos, no evangelismo, etc. E isso
não é apenas uma questão denominacional, porque constitui-se um impedimento para o
crescimento do Reino de Deus.
Por esse motivo, o pastor Rega6 ressalta: “A verdade é que estamos tratando de
educação e nem sempre tratamos deste assunto à luz da ciência da educação. É como se um
médico fosse fazer cirurgia e deixasse de lado toda técnica e conhecimento científico sobre
Medicina.”
Exemplificando, enquanto na sociologia da educação o ser humano relaciona-se com a
sociedade, transformando e sendo transformado por ela, na educação cristã trabalha-se o
caráter moral e espiritual do ser, afim de que o cristão contribua com a sociedade,
transformando-a de maneira positiva, fazendo a diferença, exalando o bom perfume de Cristo.
(II Coríntios 2,15)
A Bíblia é o manual cristão para todas as disciplinas teológicas, e o professor Rega
(2012) aponta-a como o livro texto para a educação na igreja e desafia os cristãos em
transformá-la “não apenas em livro de cabeceira, mas também de constante estudo e
aprendizagem. ”
O especialista em Teologia da Educação, pastor Richards (1996) entende que a
educação cristã deve fugir do esquema escolar e ao introduzir o assunto em sua obra, aponta
que a sala de aula não é o centro da educação cristã como alguns pensam.
6 2001, p. 13
12
Quanto ao melhor ambiente de aprendizagem, Hoffmann7 acredita ser “rico em
oportunidades de convivência, de diálogo, de desafios, de recursos de todas as ordens”.
Entendendo isso, os organizadores da EBD devem promover esse espaço, respeitando
as diferenças de cada aluno, educando-os e não domesticando-os, como fizeram os jesuítas
com os “povos bárbaros”. Deve ser um espaço com discussões interdisciplinares,
proporcionando para o cristão a interação com as ciências sociais e humanas, local onde
aprenda e compartilhe as respostas bíblicas para as questões cotidianas.
A propósito, voltando a questão da ruptura com os moldes tradicionais de ensino, o
professor Paulo Freire (1996), especialista da educação brasileira, propõe a ruptura com a
educação tradicional explicando que ensinar não é transferir conhecimento. Ele acredita que
para desenvolver o senso crítico e autonomia do aluno, o docente precisa ensiná-lo a pensar
certo e para isso deve criar as possibilidades para a produção ou construção do saber.
Nessa questão, a Igreja deve empregar seus esforços, discutindo o processo histórico
em que participa e mostrar aos cristãos a importância do engajamento nas políticas
pedagógicas.
Diante dessas premissas, é necessário um projeto bem elaborado, de acordo com a
realidade presente da Igreja, fitando os olhos no futuro. Segundo Thurler (2002) o projeto
deve ancorar-se “dentro de outros fatores, na história e nas representações de atores, bem
como na cultura de estabelecimento escolar.”
Isso significa que a segurança do projeto, depende de envolvimento de toda a igreja,
pois, o seu êxito encontra-se na visão coletiva, por isso, principalmente a liderança deve ser
exemplo aos demais.
Todas as fases do projeto requerem atenção, desde o planejamento e implantação à
execução e a avaliação, etc. Porém através da avaliação é possível identificar pontos fortes e
também negativos, onde falhas poderão ser detectadas e corrigidas. Novos planos poderão ser
implantados e novas propostas elaboradas para mudanças objetivas, afim de melhorar a
qualidade do ensino. Por isso, há necessidade de flexibilidade no projeto para possíveis
ajustes e adaptações eventuais.
Há outro requisito fundamental segundo Luckesi8:
Para que a avaliação seja crítica do percurso, é necessário que todos os envolvidos
num projeto estejam com “a mesma camisa”, como se diz. Estar com a mesma
7 2008, p. 148 8 1998, p. 117-8
13
camisa não significa ser “vaca de presépio”, que bate a cabeça dizendo “sim” a tudo;
significa, sim, estar envolvido na construção de um projeto comum e, para isso,
contribuir, analisando, observando pontos de estrangulamento, sugerindo, se
comprometendo.
Em outras palavras, é preciso a Unidade da Igreja concentrando seus esforços em agir,
planejando bem e executando conscientemente sua tarefa inacabada de ensinar a Palavra de
Deus e a salvação aos perdidos, não perdendo o foco, distanciando-se do seu objetivo.
Na questão do planejamento Luckesi9 adverte: “O ser humano age em função de
construir resultados. Para tanto, pode agir aleatoriamente ou de modo planejado. Agir
aleatoriamente significa “ir fazendo as coisas” sem clareza de onde se quer chegar; agir de
modo planejado significa estabelecer fins e construí-los por meio de uma ação intencional. ”
Não basta a intencionalidade pois, ela pode estar centrada no ativismo religioso que
deve ser combatido, pois, conforme disse Luckesi, há quem aja aleatoriamente, fazendo as
coisas, sem planejamento, gastando energia que poderia ser utilizada em outro tempo-espaço.
Quanto à prática docente segundo Hargreaves e Evans (1997 apud PERRENOUD,
2002) a grande maioria dos professores deverão se atualizarem e desdobrarem para
desaprender as práticas de ensino-aprendizagem obsoletas e posturas vividas em suas carreiras
profissionais.
Sem dúvida, com o surgimento de mídias, recursos e avanços tecnológicos, o docente
deve atualizar-se. Conforme elucida Libâneo, (2009):
O novo professor precisaria, no mínimo, de adquirir sólida cultura geral, capacidade
de aprender a aprender, competência para saber agir na sala de aula, habilidades
comunicativas, domínio da linguagem informacional e dos meios de informação,
habilidade de articular as aulas com as mídias e multimídias.
Para Freire (1996, p.70) o professor é um artífice da formação, isto é, um facilitador
para o aluno, pois, seu papel fundamental é contribuir positivamente mostrando as opções e
orientando o caminho a ser trilhado.
Convém ressaltar que apesar das competências, habilidades, métodos, recursos, etc.,
há diferença entre o professor de escola secular e o professor de EDB.
Dornas 10 ao refletir a questão aponta: “O professor da Escola Dominical tem um
compromisso com a vida dos seus alunos e não apenas com o intelecto deles. Não está
9 1998, p.102
10 2000, p.52-3
14
interessado apenas em passar informações, deseja transmitir-lhes vida e, conhecendo-os bem,
será capaz de aplicar às suas vidas os princípios da Palavra de Deus.”
Soma-se a isso, nas palavras de Freire (1996) algumas características morais
necessárias do professor para coordenar atividades com sua classe, como a seriedade da sua
formação, seu empenho nos estudos, seu esforço e comprometimento.
Ainda segundo Dornas (2000) o professor da Escola Dominical deve ter “a mente
arejada e o coração aberto”, sempre buscando e experimentando novos métodos utilizando a
sala de aula como um laboratório fomentador de descobertas significativas para a vida cristã.
Todavia, é evidente que existem impedimentos de todos os lados para que os
professores inovem. São eles de ordem estruturais, políticas, espirituais, pessoais, materiais,
falta de recursos entre outros.
Em vista disso, o especialista Sacristán11 diz sobre a atuação do professor na luta
contra o impedimento político:
A prática do ensino não é, pois, um produto de decisões dos professores, a não ser
unicamente à medida que modelam pessoalmente este campo de determinações, que
é dinâmico, flexível e vulnerável à pressão, mas que exige atuações em níveis
diversos, não o didático, mas sim o político, o administrativo e o jurídico, para lhe
impor rumos distintos.
Como afirma Rios (2000) a qualidade da educação tem sido prejudicada pelo “fazer o
bem” dos “educadores bonzinhos”, que não se comprometem com a sua missão pedagógica
sejam eles professores, orientadores ou supervisores, deixando de acionar os mecanismos, as
políticas transformadoras da escola e da sociedade.
No entanto, não apenas critica, mas exalta o trabalho do educador competente
destacando seu comprometimento “com a construção de uma sociedade justa, democrática, no
qual saber e poder tenham equivalência enquanto elementos de relações de interferência no
real e organização das relações de solidariedade, e não de dominação entre os homens.12
O filósofo da educação Paulo Freire (1996) ensina: “quanto mais criticamente se
exerça a capacidade de aprender tanto mais se constrói e desenvolve o que venho chamando
“curiosidade epistemológica”, sem a qual não alcançaremos o conhecimento cabal do objeto”.
11 2000, p.91 12 RIOS, 2000, p.65
15
Freire considera ainda que a curiosidade epistemológica leva “à crítica e à recusa ao
ensino bancário” e pondera: quanto mais o aluno exercita sua liberdade de expressão, mais vai
se libertando e assumindo a responsabilidade de suas ações.
Então se humanisticamente sabemos que o conhecimento liberta e dá crescimento,
quanto mais o conhecimento espiritual da Palavra de Deus que ensina: “Conhecereis a
Verdade e a Verdade vos libertará” (BÍBLIA, João 8.32)
Sendo assim, nas palavras de Libâneo (2009),
O ensino, mais do que promover a acumulação de conhecimentos, cria modos e
condições de ajudar os alunos a se colocarem ante a realidade para pensá-la e atuar
nela.” Na mesma obra, o professor enfatiza que para aprender é preciso disposição,
isto é, o querer aprender. A escolha fica por conta do aluno “querer ou não aprender.
Considera-se também, importante o investimento em recursos pedagógicos, na
capacitação contínua dos professores, etc. Sendo assim, para não se perder, é necessário em
primeiro lugar identificar as ações e omissões cristãs relativas as práticas educacionais e
promover urgentemente a reestruturação do ensino bíblico tradicional.
Fazendo uma analogia, da mesma forma que é preciso fazer uma manutenção
preventiva e corretiva nos automóveis e equipamentos, é preciso também fazer isso
periodicamente na Igreja. Como um check-up avaliar suas deficiências e seus pontos fortes,
pois a educação é um processo contínuo.
CAPÍTULO 3 - O Apoio da Convenção Batista Brasileira: Os planos,
projetos, programas, diretrizes educacionais e o eficiente trabalho dos
leigos
A Junta de Educação Religiosa da Igreja Batista - JUERP, fundada em 1907 entende
ser a EBD “a organização mater de uma igreja que se diz batista”, por isso, sempre auxiliou
as igrejas, publicando literaturas e revistas. Para se ter uma ideia, a EBD é subordinada aos
departamentos de Educação Religiosa das Igrejas Batistas.
Objetivando implantar nas igrejas locais o Projeto Político Pedagógico (PPP) afim de
atender as diferentes realidades, a Convenção Batista Brasileira (CBB) elaborou o Plano
Diretor de Educação Religiosa (PDER). Essa estratégia descentralizadora dos projetos
educacionais, apoia-se no consenso dos filósofos da educação contemporânea.
Contudo, como tem-se observado, a CBB não tem deixado de trabalhar e recentemente
(2010) apresentou Diretrizes para o PDER defendendo a educação integral, a transversalidade
16
na formação acadêmica, incluindo a prática-ministerial, a vida emocional, a vida relacional e
no caráter.
Consideram neste Plano, o SABER/REFLETIR a vontade de Deus no domínio afetivo,
o CONVIVER demonstrando a missão da Igreja em vida comunitária, o FAZER missão
pessoal e trabalho para o Reino demonstrando o domínio psicomotor e o SER/SENTIR com
vida pessoal equilibrada no domínio ontológico.
O Plano propõe o ensino de transfusão vivencial para a educação nas igrejas, isto é,
informação para transformação orientados por valores cristãos e objetivos educacionais e seus
fundamentos teológicos priorizam temas como a autoridade suprema da Bíblia, o
conhecimento de Deus e do mundo criado por Ele, o ser humano, sua queda e restauração, o
papel do cristão e da igreja no mundo, e o fim dos tempos.
Apesar desses esforços da Convenção, o problema da Educação Religiosa batista
reside nas suas estruturas. Nunes (2005) entende que:
Especificamente no meio batista, várias igrejas sistematicamente abandonaram o
modelo das escolas proposto pela Convenção Batista Brasileira [...] e iniciaram uma
simplificação visando atender suas demandas locais. Um grande número de novas
propostas acabaram surgindo ao longo do tempo voltadas mais para o
gerenciamento, administração e culto à educação.
O Pastor Rega13 em artigo para “O Jornal Batista” sobre a Educação Religiosa
descreveu o trabalho da EBD nas igrejas Batistas ser “uma estrutura e estratégia até que
recente na história da igreja cristã” e reprova a educação tradicional, pois ela serve como
instrumento ideológico de dominação, domesticação ou reprodução.
Decerto, para que ocorram mudanças significativas no ensino batistas, cada igreja
deve se esforçar em elaborar e implantar seu PPP, voltado para sua própria realidade e como
já ressaltado, a CBB pode ajudar nessa realização.
A conscientização e participação de todos é fundamental para mudanças. Um bom
exemplo disso, foi o combate ao analfabetismo, tema amplamente discutido pelos educadores
brasileiros no final do século XX. Após essa mobilização, as pesquisas indicaram boa queda
nos índices.
13 2012, p.15
17
Pensando nisso, no aspecto espiritual, o analfabetismo bíblico tem assolado as igrejas
contemporâneas. Observa-se a superficialidade e ingenuidade de um grupo de professos
cristãos, que seguem seus gurus e distorcem a Palavra de Deus, propagando heresias. Esse é
um mal que tem durado dois milênios.
Segundo aponta Pereira14 conhecido como o historiador oficial batista: “A grande
massa de cristãos, à proporção que o analfabetismo se alastrava, ia seguindo as opiniões dos
seus doutores, sem dar ao trabalho de consultar os Livros de Deus. Era a atitude anti-bereana
responsável por grande número de males.”
Percebe-se, a necessidade de um avivamento bíblico nas igrejas para suprir essa
carência. Ao refletir sobre o assunto, Nicodemus15 enfatiza: “Há muito show, muita música,
muito louvor, mas pouco ensino bíblico. Nunca os evangélicos louvaram e cantaram tanto a
Deus e nunca foram tão analfabetos de Bíblia. ”
Nichols (2000, p.74) nessa mesma visão, destaca nas missões medievais as grandes
massas introduzidas na igreja e batizadas, apenas aceitando ensino e disciplina. Para ele a
diferença das missões protestantes, está no ensinar a Palavra e receber os membros à
comunhão da igreja com evidências de caráter transformado.
A propósito, se o analfabetismo é um problema para a Igreja, o clericalismo ou
academicismo é apontado por Rega 16 que acentua: “Se de um lado precisamos de líderes que
conheçam bem a teologia, a Bíblia e a exegese, por outro lado também precisamos de líderes
que saibam coisas, mas que também consigam relacionar-se, cuidar de gente.”
A Palavra de Deus ensina que a Igreja é dotada de dons espirituais e que os cristãos
são vocacionados por Deus para diferentes ministérios, e mesmo diante dessa diversidade,
opera o Espírito da Unidade.
É por essa razão que o trabalho da liderança leiga deve ser considerado,
principalmente na educação cristã, nas classes de estudos bíblicos e evangelismo, pois, há
quem faça distinção entre eles e os frequentadores acadêmicos.
Desde a chegada do protestantismo no país, tem se comprovado o trabalho dos leigos
no campo de batalha fazendo a diferença e os supostamente capacitados indisponíveis ou
indiferentes a realidade vivida pela igreja.
14 1994, p.19 15 2008, p.165 16 2001, p.10
18
Pereira (1985) destaca Tomas Costa e Teodoro Teixeira, representantes dos batistas
chamados leigos, também responsáveis pelo progresso batista em solo brasileiro.
Apesar de parecer ter uma conotação negativa, Rega 17 quebra paradigmas ao explicar
o significado do termo leigo oriundo do grego “laikos” derivado de “laos” (povo)
significando alguém do povo. Tendo esse entendimento, o professor conclui: “Se a igreja é o
povo de Deus (1 Pe 2.9,10) todos nós somos leigos, isto é, pertencentes ao povo de Deus. ”
Shelley (1984, p.106) discorre sobre o significado no grego de “kleros” (lote) e
entende que não se restringe a liderança da Igreja, mas, é composto de todo o povo escolhido
de Deus.
O estabelecimento da Igreja Assembleia de Deus em terras brasileiras, ocorreu pouco
tempo depois da Igreja Batista. Sem dúvida, no século passado ela cresceu vertiginosamente,
dentre outros motivos, devido ao trabalho de sua liderança leiga.
O escritor assembleiano Ayres (1994, p. [?]) também apoia a liderança leiga:
“Podemos não ter uma formação acadêmica, conhecimentos aprofundados, como gostaríamos
de possuir. Talvez não nos sintamos um trabalhador de cinco talentos, nem tampouco de dois,
mas devemos trabalhar com esse UM que Deus nos colocou nas mãos. Jamais enterrá-lo.”
Nessa ótica, o pastor Donald Price (2001) após estudar o modelo missionário batista,
contrastando-o com o modelo assembleiano, levanta a hipótese que se os batidstas brasileiros
quiserem experimentar um renovo, um avivamento espiritual, deverá dar mais atenção ao
trabalho dos obreiros leigos, acreditando e investindo neles.
Em sua opinião, é necessário que haja mudança nas estruturas denominacionais, ou
seja, Price defende a desclericalização e a descentralização da liderança, isto é, a igreja
precisa se tornar um movimento popular e treinar líderes mais práticos e menos acadêmicos,
para melhor ajustar-se à sua missão.
Como deve ser então as indicações para essas lideranças? É indispensável e primordial
a oração da Igreja e a observação de alguns requisitos: o testemunho pessoal, o amor às almas,
o crescimento na vida cristã, aptidões, chamados, disponibilidade, prática, etc. É
importantíssimo reconhecer a potencialidade dos cristãos e investir em sua capacitação.
17 2001, p.23
19
O pastor Akins 18 aponta: “Como podemos ganhar a nação para Cristo e iniciar uma
igreja batista em cada município, cidade e vila se não usarmos leigos maduros que tenham o
dom e exerçam a função de um evangelista? Não há pastores suficientes para alcançar toda a
nação” Acrescenta ainda: “... se os pastores mestres treinarem um grande exército de leigos
que já tenham estes dons, poderemos cumprir o alvo de implantar igrejas em todas as cidades,
bairros e vilas.”
Seu Projeto Evangelismo Pioneiro, tem o crivo da Junta de Missões Nacionais Batista
e propõe o desenvolvimento da liderança leiga através do discipulado e capacitação. Seu foco
é assim descrito:
Para crescer, é necessário que a igreja tenha um ministério para integrar novos
decididos e treinar líderes locais, um a um ou em pequenos grupos. O pioneiro irá
treiná-lo na fé e equipá-lo nas áreas práticas, tais como: oração, dar testemunho,
ganhar almas para Cristo, dirigir os estudos bíblicos nos lares, ensinar na Escola
Bíblica Dominical, etc. (AKINS, 1999, p.36)
Por essa razão, Richards (1994) descreve a relevância da equipe leiga de liderança
apoiando o Corpo, a Igreja a descobrir sua identidade como organismo.
Ela precisa ser treinada e sair ao encontro dos sedentos e onde quer que seja, ensinar a
Verdade e a Vontade de Deus. Neste sentido, o trabalho nas EBD’s continuará sendo o celeiro
para integrar os recém convertidos, prepará-los para o batismo e consequentemente engajá-los
no evangelismo, tarefa suprema da Igreja.
18 1999, p.23
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo, observou-se a discussão sobre a ruptura com os moldes tradicionais da
educação e a necessidade de novas propostas para a educação cristã nas EBD’s da
denominação Batista da Convenção Brasileira.
Foi pautado em abordagens científicas das lentes dos especialistas da educação, tendo
em vista, a necessidade da construção de um Projeto-Político-Pedagógico, mesmo diante da
autonomia de cada igreja batista e de suas opiniões diversificadas, não perdendo o foco
espiritual da Palavra de Deus.
Consequentemente, esse projeto precisa estar ancorado na Unidade da Igreja, tendo o
engajamento dos seus atores, professores, alunos, liderança e pastores, conscientes do papel
de ser pensante e da contribuição para mudanças significativas no ensino-aprendizagem.
Acrescenta-se a isso, a crítica ao professor conteudista e o imperativo de capacitá-los
para despertarem a curiosidade epistemológica de seus educandos, a ação dos pastores
liderando e motivando seus liderados, e a compreensão por parte da igreja de sua visão e
vocação.
Nessa perspectiva, foi evidenciado o papel do professor da EBD promotor de debates,
à luz das Escrituras, com temas cotidianos, pensando no dinamismo da educação e da própria
teologia e nas novas propostas pedagógicas e inovações tecnológicas.
Devido ao constante surgimento de doutrinas heréticas, fruto de distorção dos textos
bíblicos, a Igreja precisa investir em formação contínua para os professores da EDB, tanto
teológica, quanto secular, afim de melhor contribuir para o crescimento quantitativo e
qualificativo do povo de Deus.
Constatou-se ainda, além do trabalho dos acadêmicos, o trabalho evangelístico dos
líderes leigos e seu resultado favorável. Por esse motivo, há de se considerar as novas
perspectivas e investir mais no trabalho de líderes leigos, nos pequenos grupos ou células,
visando o aperfeiçoamento dos santos e o crescimento do Reino de Deus.
A Igreja não deve entender como gastos os treinamentos e capacitação teológica
ministerial para eles, e sim como investimento para O Reino de Deus.
O assunto não se esgota, pois, surgirão novos métodos, novos planos e programas,
revisões, avaliações e atualizações. Como dito, serão empregados novos recursos e novas
abordagens didáticas. Por isso, as estratégias para o ensino na EBD precisam ser reformuladas
constantemente.
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Concluindo, o presente artigo, apresenta a realidade vivida na educação batista, e
aponta em especial a EBD, um dos melhores locais para debater e sanar dúvidas em relação a
fé cristã, pois, suas classes proporcionam o crescimento espiritual à igreja, aos que vão se
achegando e incentiva-os à reflexão na Palavra de Deus conectando-os com as necessidades
da comunidade
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Parabéns irmão Fernando.! Até aqui o Senhor Deus tem o abençoado
Nota Final: 10,0
Estrutura: 10,0
Formatação: 10,0
Tema abordado: 10,0
Problematização: 10,0
Ressalvas: No artigo não utilizamos dedicatórias, agradecemos imensamente pela parte
outorgada a nós do Cebesp, em especial a minha pessoa.
Deus o abençoe grandiosamente, retirei do artigo os agradecimentos, mas deixamos as marcas
da gratidão em nossos corações.
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