Post on 16-Sep-2015
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De Toni, P. M.; Romanelli, E. J.; De Salvo, C. G. (2005) A
evoluo da neuropsicologia: da antiguidade aos tempos
modernos. Psicologia Argumento, Curitiba, 23, (41), 47-55.
14/03/14
A Evoluo da Neuropsicologia:
Da Antiguidade aos Tempos Modernos
Incio da Neuropsicologia
1913, 1949, 1957...
Divulgao cientfica nos anos 60.
Luria
Um ramo novo da cincia cujo objetivo especfico e peculiar
a investigao do papel de sistemas cerebrais individuais em
formas complexas de atividade mental.
Luria (1981)
Cognio: correspondente neurolgico + construo social.
Neuropsicologia Embora a histria da Neuropsicologia seja longa, a prtica da
Neuropsicologia Clnica relativamente recente.
At 1980 nos EUA: programas de Doutorado e estgios clnicos.
Desde 1987, a International Neuropsychological Society (INS) e a
diviso de Neuropsicologia da American Psychological Association
(APA) desenvolvem linhas guias para a educao e treino nos nveis
de Doutorado, Residncia e Ps-doutorado.
Neuropsicologia
Em 1996: A Neuropsicologia Clnica reconhecida
como especialidade do psiclogo pela APA.
Define-se como Neuropsiclogo clnico o
profissional que aplica os princpios de avaliao e
interveno baseadas no estudo cientfico do
comportamento humano e suas relaes com o
funcionamento normal e anormal do Sistema Nervoso
Central".
Neuropsicologia
No Brasil:
O credenciamento da especializao em Neuropsicologia foi
oficializado atravs da Resoluo n 02/04, publicada em
05/03/2004.
Define o neuropsiclogo como o profissional que
atua no diagnstico, no acompanhamento, no tratamento e na
pesquisa da cognio, das emoes, da personalidade e do
comportamento sob o enfoque da relao entre estes
aspectos e o funcionamento cerebral.
Utiliza-se para isso de conhecimentos tericos angariados
pelas neurocincias e pela prtica clnica, com
metodologia estabelecida experimental ou clinicamente.
Utiliza instrumentos especificamente padronizados para
avaliao das funes neuropsicolgicas envolvendo
principalmente habilidades de ateno, percepo,
linguagem, raciocnio, abstrao, memria,
aprendizagem, habilidades acadmicas, processamento da
informao, visuoconstruo, afeto, funes motoras e
executivas.
Neurocincias
O que Neurocincia ?
Estudo, investigao, avaliao ou pesquisa sobre o Sistema
Nervoso (SN);
Anatomia do SN;
Fisiologia do SN
Desenvolvimento do SN;
Funcionamento do SN;
Leso e reabilitao do SN;
Declnio do SN.
Evoluo da Neurocincias Curiosidade pela investigao do crebro:
1. Povos pr-histricos/paleoltico/10.000 TREPANAO
Idade Mdia: busca pela pedra da loucura.
Retirada de maus espritos.
Evoluo da Neurocincias
Egito Antigo: Papiro de Edwin Smith (3.000 anos atrs)
Conhecimento de neuroanatomia e funcionamento cerebral
devido aos rituais de mumificao.
Existncia da relao crebro comportamento.
Exemplos: amnsia, perda de conscincia, hemiplegia e os
correlatos cerebrais.
Evoluo da Neurocincias
Grcia Antiga:
Empdocles e Hipcrates (430-376 a. C.): CREBRO serviria
ao funcionamento cognitivo.
Aristteles (322 a. C.): CORAO como sede da razo;
crebro com funo de refrigerao do corao.
Crebro = razo
Plato (347 a. C.): alma tripartida Corao = emoo
Baixo ventre = desejo
Evoluo da Neurocincias
Idade Mdia: sculo X
Galeno: substitui a teoria de Plato
Suas teorias dominaram e influenciaram a cincia mdica
ocidental por mais de um milnio.
Seus relatos de anatomia mdica eram baseados em macacos,
visto que a dissecao humana no era permitida no seu
tempo.
Teoria Ventricular: acreditava que a sede da alma nos
ventrculos cerebrais.
Evoluo das Neurocincias
Sculo XVII Descartes
Alma representada por uma mente unificada e racional;
Sede: glndula pineal
Glndula como local singular do crebro;
Todos os outros rgos eram duplos;
Habitada por espritos;
Comunicao com todas as cavidades
do crebro.
Regulao dos chamados ciclos circadianos,que so os ciclos vitais
(principalmente o sono) e no controle das atividades sexuais e de reproduo.
Evoluo da NeurocinciasSculo XIX: Franz Joseph Gall
Cranioscopia / FRENOLOGIA
- Protuberncias e depresses
no crebro correspondem
habilidades e dificuldades.
Corrente LOCALIZACIONISTA: as funes mentais sodefinidamente localizveis nas circunvolues do crtexcerebral.
Evoluo da NeurocinciasContinuao Gall:
Tentativa de descobrir tendncias comportamentais e distrbios commedies e palpaes do crnio.
Falhou em supor a correspondncia direta entre crebro e crnio.
Descrdito: dualismo cartesiano
Mas...
Importncia do crtex cerebral substncia branca e substnciacinzenta.
Corpo caloso interligando os hemisfrios.
Posio no-dualista.
Tentativas de localizar no crebro reas especficas para oscomportamentos.
Evoluo das Neurocincias
Sculo XIX: Flourens
Oposio teoria localizacionista; principal opositor
Frenologia;
Incio do movimento que resultaria na teoria holstica;
Afirmava que as funes mentais no dependeriam de partes
particulares do crebro, mas que este funcionava como um
todo.
Experimentos com pssaros.
Evoluo das Neurocincias
Marcos decisivo para o desenvolvimento da Neuropsicologia:
estudo dos mecanismos cerebrais da linguagem.
Mdicos: Dax ( 1825) e Bouilaud ( 1836).
- Observao clinica de pacientes.
- Freqente associao funes da linguagem e hemisfrio
esquerdo do crebro.
Descrdito at...
Evoluo da NeurocinciasPaul Broca (1861):
Leso nas reas do 3 giro frontal do hemisfrio esquerdoacarretava um quadro de perda de linguagem falada(linguagem expressiva) afemia/afasia.
Consolidou a idia de dominncia cerebral.
Wernicke (1873):
Descobre outra rea relacionada a linguagem.
Pesquisas no-localizacionaistas.
Pioneiro na concepo de que o crebro funcionavaconectando vrias partes do sistema.
A Histria corre paralela
1848
Vtima de acidente de trabalho;
Uma barra perfura seu crnio
Phineas Gage
Capataz da indstria de construo de ferrovias.
25 anos de idade, crnio perfurado por uma barra de ferro.
A barra danifica as regies pr-frontais dos dois hemisfrios cerebrais.
Gage sobreviveu a perfurao.
Phineas Gage
No apresentou sinal de afasia, ou qualquer outro problema que denote perda de 'faculdades mentais'.
No conseguia adequar seu contedo cognitivo com as projees de aes futuras.
Comportamento anti-social.
As emoes e os sentimentos estavam comprometidos.
Evoluo das Neurocincias
Ainda no sculo XIX: H. Jackson
Hierarquia funcional: cada parte do crebro correspondia a
determinado nvel de funcionamento.
Cada uma das funes mentais superiores desempenhada
por todo o crebro, sendo que cada rea contribuiria com
uma determinada parcela para o ideal funcionamento
cognitivo.
Teoria do Sistema Funcional de Vygotsky e Luria.
Neuropsicologia
Cincia que se desenvolveu a partir dos estudos com
crebros-lesados.
Grandes guerras: estudos dos soldados mutilados.
Neuropsicologia
Sculo XIX (Jackson)
Localizacionismo
Psicanlise
Psicofsica
Origem na filosofia
Falta de interesse em achados
biolgicos
Sculo XX (Grandes guerras)
Neuropsicologia Luria (1981)
Amigo de Vygotsky, Pavlov e Freud.
Mdico e psiclogo.
TEORIA DO SISTEMA FUNCIONAL
As funes cognitivas formam sistemas funcionais complexos quenecessitam da ao combinada de todo o crtex cerebral, emboraa sua base esteja situada em grupos de clulas dispersas queatuariam conjuntamente.
Funes mentais superiores dependeriam do crebro como um todo,mas com partes distintas sendo responsveis pelos diferentesaspectos do conjunto.
Mtodo de Investigao
Maior desenvolvimento das neurocincia a partir da anlise
de pacientes crebro-lesados.
Estuda-se a funo por meio da disfuno, o normal pelo
patolgico.
MTODO PATOLGICO-EXPERIMENTAL: eixo
metodolgico principal da neuropsicologia.
Mtodo de Investigao
Tcnicas derivadas deste mtodo: anlise sindrmica e dupla
dissociao.
Anlise Sindrmica: descrio do complexo completo de
sintomas (...) que se manifestam em leses cerebrais locais .
Um mesmo sintoma aparentemente pode aparecer como
decorrncia de leses em diversas localidades do crebro, da
mesma forma que diversos sintomas podem aparecer como
conseqncia de uma leso cerebral especificamente
localizada.
Anlise Sindrmica
Toda funo cognitiva desenvolvida por um sistema
funcional complexo, onde diversas reas cerebrais atuam de
forma a promover tal funo.
Leses em diversos pontos do sistema funcional podem
acarretar a perda da funo por motivos diversos, no
significando, desta forma, que a funo perdida esteja
encerrada na rea acometida pela leso.
Anlise Sindrmica
Tentativa de descrever a estrutura interna de processos
psicolgicos superiores, agrupando numa mesma categoria
processos aparentemente muito distintos.
Exemplo:
Aproxima as funes de orientao espacial, compreenso de
estruturas lgico-gramaticais e operaes de clculo, todas
elas impossibilitadas pelo comprometimento das reas
tercirias do lobo tmporo-parieto-occipital esquerdo,
responsvel pela orientao espacial, caracterstica
fundamental de tais funes
Mtodo de Investigao
Dupla dissociao de funes:
(...) requer que o sintoma A aparea com leses de uma
estrutura, porm no com leses em outra, e que o sintoma
B aparea com leses da segunda estrutura, mas no com a
primeira.
Permite ao neuropsiclogo dizer se os mecanismos
responsveis por dois processos cognitivos divergem
enquanto localizao cerebral ou no.
Caso H. M.
Brenda Milner;
Aos 9 anos de idade, H. M. sofreraum traumatismo craniano em umacidente de bicicleta que o levou ater inmeras e incapacitantes crisesepilpticas, intratveis commedicao.
Em 1953, aos 27 anos, foisubmetido a uma cirurgiaexperimental no crebro, que lheremoveu ambos os hipocampos eregies adjacentes, responsveispela gerao das crises.
Caso H. M.
Aps extrao bilateral de partes do hipocampo, desenvolveu
um quadro de amnsia antergrada, ficando o paciente
impossibilitado de adquirir novas memrias.
No entanto, o funcionamento mnmico para eventos
passados permaneceu intacto.
Pela anlise deste tipo de caso, verificou-se que os
mecanismos cerebrais responsveis pelo processamento
destas duas formas de armazenamento mnmico divergem
quanto localizao.